Para Brasil sair do Tribunal Penal Internacional, como quer Lula, é preciso mudar a Constituição
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 15 de setembro de 2023
Para Brasil sair do Tribunal Penal Internacional, como quer Lula, é preciso mudar a Constituição - Daniel Gateno (Estadão)
Pensando com a minha falta de botões: a Rússia ainda pertence à família da ONU? - Paulo Roberto de Almeida
Pensando com a minha falta de botões: a Rússia ainda pertence à família da ONU?
Paulo Roberto de Almeida
Uma sugestão para Lula incluir no discurso da AGNU: que a Assembleia Geral adote medidas para expulsar a Rússia do CSNU por violar as suas resoluções, ao comerciar com a RPDC, um país submetido a sanções pelo próprio CSNU.
Aliás, quem estava no CS era a URSS, não a Rússia. Não é?
Quando foi da substituição da República da China (Taiwan) pela República Popular da China, em 1972, o caso teve de ser submetido à AGNU, e a RC foi completamente ignorada no CSNU.
Se der, a Rússia deveria até ser expulsa da ONU, por violar sistematicamente a sua Carta e muitas outras convenções humanitárias e protocolos sobre as leis de guerra. Putin é um criminoso de guerra e suas forças armadas vêm cometendo continuados crimes de guerra.
Nada mais lógico, portanto.
Anotado, Mister Lula?
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata e acadêmico.
Brasília, 15/09/2023
Lula-Putin, vidas paralelas? A miséria moral do socialismo — Paulo Roberto de Almeida
Lula-Putin, vidas paralelas, e a miséria moral do socialismo
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre certas incongruências do lulopetismo.
Lula teve de parar com sua ofensiva sobre temas que não consegue mais impor ao Congresso e se rendeu ao Centrão. Putin não consegue mais derrotar o país invadido e só avança para a retaguarda. Ambos perderam credibilidade no plano internacional. Quais convite para visitas ou perspectivas de viagens eles mantêm na agenda?
A Putin só restou o tirano mais desprezado e isolado do mundo como opção; nem a China pretende mais atar sua diplomacia a serviço de uma causa já notoriamente perdida. Lula teve de aceitar uma ampliação chinesa do Brics, outrora o seu maior projeto diplomático. O que sobrou a Putin no plano diplomático regional ou global? Pouquíssimas opções. O que resta a Lula como novas iniciativas internacionais? Apoiar o candidato peronista na Argentina? Ser líder de um fragmentado Sul Global? Apoiar Putin e Xi no quimérico projeto de uma “nova ordem global”?
Manterem-se no poder, com os meios que tiverem à disposição, parece ser o caminho mais previsível para cada um. Mas Lula vai continuar insistindo em apoiar seu amigo Putin, um ditador notoriamente de direita, inimigo de certas causas defendidas pelos companheiros?
Dito de outra forma: Lula vai insistir em continuar objetivamente apoiando Putin, independentemente do que isso significa para as relações do Brasil com parceiros ocidentais? A verdade é que, matematicamente, paralelas não se encontram nem no infinito!
Antes de ser uma questão geopolítica, diplomática ou econômica, a guerra de agressão da Rússia à Ucrânia é sobretudo uma questão MORAL, pela dimensão dos desastres humanos e sociais inéditos na Europa nos últimos 80 anos, talvez no mundo. O Brasil de Lula, infelizmente para todos nós e para a diplomacia brasileira, ficou do lado i-amoral!
A longa marcha da Rússia para o declínio, parcialmente contida pela China, que também perpetra um erro estratégico ao lançar-se na aventura da “nova ordem global”.
Lula, que não tem visão de estadista e tem raiva dos EUA, juntou-se, infelizmente para o Brasil, às duas autocracias. Antes de se dirigir a Nova York, passou por Havana, para uma reunião do G77 e encontros bilaterais com dirigentes comunistas de Cuba.
Cabe aqui minha avaliação dos regimes socialistas que conheci, que visitei, onde morei. As grandes lembranças que tenho de todos os países socialistas que visitei (conheci quase todos, e morei em um) são de estantes vazias de supermercados, uma total carência de itens básicos (supérfluos nem se cogita).
Na verdade, o que mais me impressionou, em todos os socialismos que visitei, conheci e até vivi, não foi nem a miséria material, comum a todos, mas a MISÉRIA MORAL, do Estado policial, do regime de delação, da decrepitude ética e da mediocridade intelectual. Um clima pesadíssimo!
A Rússia ainda vive num semi-stalinismo: pode não ter mais o Arquipélago do Gulag, mas sob Putin tem assassinatos, prisões arbitrárias, repressão total aos opositores, de fato a TODOS os democratas. O atual tirano pretenderia ser um Pedro o Grande e de fato é um Ivan o Terrível, eliminando todos os que possam lhe fazer sombra.
A China libertou-se da miséria típica dos socialismos graças à adoção do sistema capitalista, ainda que com muita intervenção estatal (ou melhor, do partido, que manda em tudo). Não é mais o totalitarismo arbitrário que já foi, mas virou uma autocracia pesada, com um novo imperador à frente do Partido e do Estado.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4479, 14 setembro 2023, 2 p.
Joe Biden deveria renunciar à reeleição - The New York Times
Joe Biden é um presidente impopular e sem alguma recuperação ele poderia facilmente perder para Donald Trump em 2024.
A novela do TPI, desde o G20 da Índia, até 14/09/2023 - revista Veja, FSP, Hoje no Mundo Militar
Much ado about nothing?
O Itamaraty e o discurso de Lula sobre o Tribunal Penal Internacional
- Na Índia, o presidente disse que estudaria por que o Brasil aderiu ao TPI; já Flávio Dino comentou que "a diplomacia brasileira pode rever essa adesão"
- Por Gustavo MaiaRevista Veja, 14 set 2023, 18h52
Até o momento, pelo menos, ficou só no discurso do presidente Lula e na defesa do ministro Flávio Dino a ideia de rever a adesão ao Tribunal Penal Internacional. No Itamaraty, não houve nenhuma instrução nesse sentido.
Durante sua passagem pela Índia, onde participou da Cúpula do G20, Lula causou polêmica ao defender, em uma entrevista, a visita do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao Brasil na reunião do grupo que acontecerá no Rio de Janeiro em 2024 e dizer que ele não será preso no país se ele for presidente.
A questão é que o Brasil é signatário do chamado Tribunal de Haia, que emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusado de ter deportado forçadamente crianças ucranianas, e seria obrigado a cumprir a ordem.
“O que eu posso dizer para você é que se eu for presidente do Brasil e ele for para o Brasil não há por que ele ser preso, ele não será preso”, disse o petista ao jornal “Firstpost”, da Índia.
Após a repercussão das declarações, ele foi questionado sobre o assunto e tentou recuar, afirmando que a eventual decisão seria da Justiça brasileira. Disse ainda que desconhecia o TPI e questionou por que países como os Estados Unidos e a própria Rússia não aderiram ao tribunal.
“É importante, eu, inclusive, quero estudar muito essa questão desse Tribunal Penal porque os Estados Unidos não é signatário dele. A Rússia não é signatário dele. Então eu quero saber por que o Brasil virou signatário de um tribunal que os Estados Unidos não aceita. Por que nós somos inferiores e temos que aceitar uma coisa, sabe? Agora, quem toma decisão é a Justiça, o Brasil tem um Poder Judiciário que funciona, e funciona perfeitamente bem”, comentou.
Indagado se tiraria o Brasil do tribunal, Lula disse não saber e que iria estudar o tema. “Eu quero saber por que que nós entramos. A Índia não entrou, a China não entrou, a Índia não entrou, os Estados Unidos não entrou, a Rússia não entrou e eu vou saber por que o Brasil entrou”, declarou.
Nesta quarta-feira, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, também foi questionado sobre as falas do chefe e comentou que “muitos países do mundo, inclusive os mais poderosos”, não aderiram ao Tribunal de Haia.
“Então, o que o presidente Lula alertou, alertou corretamente, é que há um desbalanceamento, em que alguns países aderiram à jurisdição do Tribunal Penal Internacional e outros, não, como os Estados Unidos, a China e outros países importantes do mundo. Isso sugere que, em algum momento, a diplomacia brasileira pode rever essa adesão a esse acordo, uma vez que não houve essa igualdade entre as nações na aplicação desse instrumento”, declarou.
“É um alerta que o presidente fez. É claro que a diplomacia brasileira vai saber avaliar isso em outro momento”, acrescentou Dino.
Na sequência, o ministro usou suas redes sociais para esclarecer que “não há nenhuma proposta, nesse momento, de saída do Brasil do Tribunal Penal Internacional”.
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Dino diz que Tribunal Penal Internacional é desequilibrado e endossa críticas de Lula Ministro afirma que Itamaraty pode debater participação do Brasil no Estatuto de Roma
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Hoje no Mundo Militar, 14/09/2023
O Tribunal Penal Internacional (TPI) inaugurou um escritório em Kiev com o objetivo de facilitar a investigação em curso sobre os supostos crimes de guerra ocorridos durante a invasão russa da Ucrânia.
As investigações preliminares resultaram em dois mandados de prisão: um contra Vladimir Putin e outro contra Maria Alekseyevna Lvova-Belova, ambos acusados de crimes de guerra que envolvem a deportação forçada de crianças ucranianas para a Rússia.
Recentemente, o presidente Lula afirmou que não cumprirá o mandado de prisão caso Putin vá ao Brasil, apesar de o país ser signatário do TPI. Em resposta, o Ministro da Justiça, Flávio Dino, criticou o TPI como "desequilibrado" e indicou que o Brasil está reavaliando sua participação no único tribunal internacional habilitado para investigar e julgar crimes como genocídio e crimes contra a humanidade em contextos de guerra.
Se o Brasil sair do TPI, Lula poderá então receber Putin de braços abertos.
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
Uma aposta sobre o futuro do G20 na gestão do Brasil - Paulo Roberto de Almeida
Uma aposta sobre o futuro do G20 na gestão do Brasil
Creio que Lula ainda não se deu conta que está diante do mais crucial desafio à paz e à segurança internacionais desde a IIGM, justo ao começar a sua presidência do G20 em 2024.
Ou seja, ele vai tentar presidir esse foro de debates focando sua atenção sobre questões totalmente secundárias em relação aos temas tradicionais do G20, mas deixando a guerra de agressão à Ucrânia completamente de lado?
E ainda aderindo ao lado errado?
Ele tem certeza de que quer continuar do lado da China e da Rússia?
Ele pensa ter algum sucesso com seus dotes de retórica grandiloquente em torno apenas de questões sociais?
Tenho a impressão de que a diplomacia profissional terá de fazer enormes esforços de convencimento de parceiros externos para conseguir algum consenso em torno dos seus temas preferenciais numa deterioração constante das relações internacionais.
Não gostaria de parecer pessimista, mas vou registrar esta postagem no meu calendário justo na cúpula do G20 no segundo semestre de 2024, para verificar se acertei ou errei redondamente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 8/09/2023
Ampliação do Brics - artigo do chanceler de Lula 3 (FSP)
O chanceler de Lula 3 tem certeza de que os “tubarões” do Brics+ querem um mundo mais justo e equilibrado?
Paulo Roberto de Almeida
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