sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Uma nova história econômica e social pós-weberiana? - Paulo Roberto de Almeida

Uma nova história econômica e social pós-weberiana?

Paulo Roberto de Almeida 

        “O Oriente é vermelho”, disse Mao uma vez, repetindo Potenkim, ou seja, totalmente falso. 
        A China era de uma miséria ancestral e Mao piorou muito a situação, com seu Grande Salto Para a Frente e a Revolução Cultural”, ambas com milhões de vítimas. 
        Não mais, depois de Deng.
        Um daqueles intelectuais franceses dos anos 1930 visitou a URSS a convite de Stalin e voltou dizendo: “Eu vi o futuro: ele funciona!”. 
        Totalmente falso, como uma aldeia Potenkim. 
        No caso da China, o futuro já existe. Estive lá em 2010 e tive de usar VPN para acessar minhas redes. 
        Hoje já não precisaria mais: a China passou à frente, começando pela eliminação da miséria absoluta, transformada primeiro em pobreza aceitável, depois em uma situação de classe média razoável e agora a caminho da sociedade afluente, com o segundo maior volume de bilionários do mundo. 
        Como diria Deng, ao contrário dos Pikettys da vida, “enriquecer é glorioso”. 
Piketty pretende criar a igualdade socialista fazendo o contrário do que recomendam os economistas: em lugar de enriquecer os mais pobres, como empreendeu Deng, ele pretende empobrecer os mais ricos. Não conseguirá, mas consegue iludir os incautos.
        A China não é o caminho, pois se trata de um Estado autoritário, mas pela primeira vez conheceu alguns “déspotas iluminados” que transformaram a vida social de centenas de milhões de pobres, abrindo o caminho para a prosperidade pela via da economia de mercado bem administrada. Por enquanto está funcionando, mas precisamos de um novo Max Weber para escrever uma nova história econômica, social e política.
        Talvez o futuro seja vermelho, mas num sentido totalmente diferente do que pretenderam Lênin, Stalin e Mao.
        O capitalismo com características chinesas até agora funcionou, mas não é modelo para qualquer outro país no mundo. Uma nova tipologia weberiana precisa ser construída.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28/11/2025

As Forças Armadas e a política no Brasil - Rubens Barbosa

Editorial do embaixador Rubens Barbosa, no portal Interesse Nacional:

As Forças Armadas e a política no Brasil

        A prisão de militares de alto ranking, inclusive ex-presidente, ministro da Defesa e comandantes das forças singulares, marca um ponto de inflexão na história da política e no relacionamento entre civis e militares no Brasil. Foram 27 militares que participaram de uma tentativa de golpe, de acordo com o julgamento do STF, todos tornados réus e condenados.  

        Depois de 14 intervenções militares na política brasileira, desde a deposição do imperador Pedro II em 1889 até o golpe de estado de 1964, pela primeira vez, os articuladores e líderes desses movimentos contrários à democracia foram indiciados, julgados e condenados. A anistia que sempre foi concedida a todos os participantes das insurreições anteriores, pela primeira vez, não será aplicada.

        O julgamento, que transcorreu de forma transparente com o cumprimento do devido processo legal, mereceu análises comparativas positivas, com situação similar ocorrido nos EUA em janeiro de 2023 e com o fato de o presidente norte-americano ter sancionado o Brasil pelo cumprimento da legislação e pela independência do Judiciário nacional. 

        Por Rubens Barbosa, presidente do Grupo Interesse Nacional

https://interessenacional.us17.list-manage.com/track/click?u=b838fc839fc674ae04ae9e142&id=26ca0d3dd6&e=42320605d3


Meu comentário (PRA):

Altamente relevante: depois de mais de 130 anos, o Brasil conseguiu encerrar um ciclo histórico de intervenções militares na política, em grande medida em função da estupidez de um dos militares mais mediocres de toda a história.


Uma parábola geopolítica mal sucedida? - Paulo Roberto de Almeida

Uma parábola geopolítica mal sucedida?

Paulo Roberto de Almeida 

    O BRIC diplomático já era totalmente artificial em sua origem forçada a partir de uma assemblagem arbitrária de quatro economias totalmente divergentes e interesses nacionais contraditórios. 
    Tornou-se ainda mais artificial como BRICS, construido à força pela China.
    Já sua conformação como BRICS+, desde o comando de suas duas autocracias, contra o desejo de seus dois outros membros originais, razoavelmente democráticos, deformou ainda mais sua arquitetura diplomática, parodiando o velho adágio segundo o qual “um camelo deveria ser um cavalo, mas foi desenhado por economistas”. 
    Parece ser o destino desse grupo disforme, num desenho que fica entre o Picasso cubista e o Dali surrealista.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28/11/2025

Uma nova “lei dos efeitos contrários ao pretendido”, criada pelo neoczar - Paulo Roberto de Almeida

Uma nova “lei dos efeitos contrários ao pretendido”, criada pelo neoczar

Paulo Roberto de Almeida

Napoleão conseguiu unificar a França, aimda que de modo altamente autoritário: substituiu as antigas regiões em favor de quase uma centena de departamentos e impôs o francês como única língua nacional. 

Putin pretende russificar a ferro e a fogo e controlar totalmente as regiões ucranianas conquistadas por ele, como fez na Chechenia, matando e arrasando. Putin vai provalmente conseguir destruir a economia russa e tornar o seu país um Estado vassalo do novo Império do Meio. É o contrário de um Ivan o Terrível, com o qual se parece apenas na sanha assassina.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 28/11/2025


quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Rumo à Nova Ordem Global?: entrevista-debate de Pedro Costa Jr (O Mundo é um Moinho) com Paulo Roberto de Almeida e Daniel Afonso da Silva


O cientista político Pedro Costa Jr recebe o diplomata Paulo Roberto de Almeida e o Pesquisador no Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais da USP, Daniel Afonso da Silva, para debater a nova ordem global.

O Mundo é um Moinho (27/11/25) AO VIVO às 21h de 27/11/2025🔗


terça-feira, 25 de novembro de 2025

Política externa e diplomacia do Brasil: como são, como podem ser (1/2) - Paulo Roberto de Almeida (revista Será?)

Política externa e diplomacia do Brasil: como são, como podem ser (1/2)
Paulo Roberto de Almeida
Revista Será? (ano xiv, n. 684, Recife, 21 de novembro de 2025)

O artigo “Política externa e diplomacia do Brasil: como são, como podem ser”, de Paulo Roberto de Almeida, oferece uma análise rigorosa sobre a perda de consenso histórico que sustentou a diplomacia brasileira.
O autor alerta para desvios ideológicos recentes, riscos à credibilidade internacional e a necessidade urgente de uma política externa pragmática, aberta ao comércio, integrada ao mundo e ancorada no interesse nacional. Um chamado decisivo para recolocar o Brasil no eixo da autonomia, profissionalismo e inserção global qualificada.
#PoliticaExterna

Seque o link para o artigo.
https://bit.ly/4o6CUpD

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Do que o chanceler acidental escapou: vai agradecer à sua salvadora? - Paulo Roberto de Almeida

Do que o chanceler acidental escapou: vai agradecer à sua salvadora?

Paulo Roberto de Almeida 

        Vamos reconhecer: o patético e bizarro chanceler acidental, EA, teve sorte. Depois de dois anos cumprindo fielmente as orientações olavistas e se submetendo bovinamente às instruções do Bananinha 03 e do Robespirralho, seus verdadeiros chefes, tropeçou com uma senadora do agronegócio, que ficou furiosa com suas diatribes anti-China (grande compradora das commodities brasileiras), o que provocou sua ejeção do governo bolsolavista.

        Foi o que o salvou: ele poderia estar comprometido com os planos mais tacanhos dos golpista, como seu segundo chefe, e teria sido incluído num dos processos em curso no STF, mas foi salvo por sua defenestração no tempo certo, antes que os projetos de golpe se concreetizasssem.

        Ele, que tinha até virado monarquista, estaria hoje, talvez, indo para a prisão, mas saudando o fim aparente do poder tutelar fardado no mesmo dia em que militares de alta patente, que outrora deram um golpe contra um velho imperador, também enfrentam uma justa pena.

        O chanceler acidental foi patético, mas nessa tramoia do golpe ele teve sorte. Lembrou da senadora?

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 25/11/2025 (136 anos depois do primeiro golpe militar, sem mais chances aparentemente).

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...