Parece que os socialistas somos nós...
Paulo Roberto de Almeida
China cobra do governo melhora do ambiente de negócios no país
Carga tributária
elevada e complexa dificulta a entrada e a ampliação dos investimentos chineses
no Brasil
Simone
Cavalcanti, de Pequim
Brasil Econômico, 13/06/2012
A subdiretora do
Departamento de Américas do Ministério do Comércio chinês, Xu Yingzhen, fez duras
críticas ao ambiente de negócios no Brasil e às investidas antidumping do
governo brasileiro contra seu país. Para ela, muito embora esteja
havendoumaperspectiva positiva a respeito de futuros investimentos e da
instalação de empresas chinesas no país, a complexidade do sistema tributário e
a elevada carga de impostos são problemas muito reportados ao governo local
pelas companhias que buscam o solo verdeamarelo como mais um lugar de sua estratégia
de internacionalização. Além disso, afirmou, o processo de obtenção de vistos
de trabalho para chineses têm demorado muito, o afeta o funcionamento de muitas
empresas.
“Esperamos que o
ambiente de investimentos do Brasil seja mais transparente, estável e mais
aberto”, disse. “Há o problema do sistema tributário complexo, pois muitas de
nossas empresas enfrentam a questão de que em todos os estados a lei para os
tributos é diferente e isso geralmente afeta a operação”, disse, ressaltando
que as autoridades chinesas estão em negociação com o governo federal brasileiro,
além dos governos estaduais para tentar solucionar esse tipo de dificuldade.
No entanto,
mostrou-se otimista afirmando que os investimentos chineses devem seguir a tendência
de alta pelos próximos anos. Não apenas porque seus parceiros tradicionais,
como Estados Unidos e países da União Europeia, estão em dificuldades para
reanimar sua atividade, mas porque as companhias chinesas estão vendo a economia
brasileira com muita vitalidade e tem acreditado nos esforços do governo de que
manterá um nível de crescimento mais alto que a média mundial.
Porém, a
subdiretora afirmou que não poderia quantificar o volume a ser investido porque
essa decisão cabe somente às empresas. Para ter uma ideia, em 2011, o
investimento chinês na América Latina foi em torno de US$ 10 bilhões, o que
equivaleu a 16,8% do total da China no mundo. “Sempre incentivamos que as
empresas chinesas invistam no Brasil gerando emprego. Ao mesmo tempo, temos
interesse que venham empresas brasileiras para China.”
Comércio
Xu Yingzhen
mostrou-se insatisfeita também com o crescimento de ações antidumping do Brasil
contra a China. Afirmou que o país fica apenas atrás da Argentina no número de
casos dentro da América Latina. Nos últimos dois anos, o governo brasileiro de
fato intensificou a defesa comercial cercando, inclusive, triangulações de
produtos chineses que entravam ilegalmente pelo Uruguai. A elevação pode ser
explicada porque, cada vez mais, as relações comerciais têm se intensificado. No
ano passado, segundo ela, o volume de trocas entre seu país e a região cresceu
31,5%, chegando a US$ 241,5 bilhões e, em sua maior parte justamente para o
Brasil e a Argentina.
A subdiretora fez
questão de ressaltar o incômodo do governo chinês com relação às medidas protecionistas
argentinas para barrar as importações. Assim como reclama o Brasil, a China também
tem visto suas mercadorias paradas nos portos sem permissão para ingressar
naquele mercado. “Temos recebido muitas queixas de prejuízos às empresas. Essas
medidas aumentarama instabilidade dos negócios e cremos que violam as regras da
Organização Mundial do Comércio (OMC)”, afirmou.
A representante
do governo chinês disse ainda que espera ver o compromisso assumido pelo então
presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e pelo argentino Néstor
Kirchner de reconhecer a China como economia de mercado, o que não ocorreu formalmente
até hoje.
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