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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Brasil-Argentina: delongando o inevitável...

A Argentina é ciclotímica: a cada dez anos entra em crise, e no intervalo alterna as políticas, com um resultado previsível: ela sempre fica um pouco pior do que era. O cenário atual lembra o da fase pré-crise, quando o Brasil também se mostrou compreensivo com uma situação que já era inviável desde o início.
Porque dirigentes escolhem ser cegos?
Vai lá saber...
Paulo Roberto de Almeida 


Brasil reduzirá superavit comercial com Argentina
NATUZA NERY, LUCAS FERRAZ
Folha de S.Paulo, 4/07/2012

BRASÍLIA - O governo Dilma Rousseff admite ganhar cerca de R$ 2 bilhões menos no comércio bilateral com a Argentina para ajudar o país vizinho num momento de agravamento de sua situação econômica.
A Argentina vive fuga de capitais, inflação em alta e desaceleração da indústria --e o Brasil sabe que terá de socorrer seu terceiro maior parceiro comercial.
Setores da economia brasileira --como automobilístico, têxtil e de alimentos-- serão prejudicados se a economia argentina se deteriorar mais. E é justamente o temor de contágio em áreas estratégicas que a Esplanada dos Ministérios tenta espantar.
Segundo a Folha apurou, há uma decisão não declarada oficialmente do Brasil de reduzir o superavit com a Argentina de R$ 5,8 bilhões em 2011 para R$ 4 bilhões.
A assessoria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nega, mas a proposta já foi até apresentada ao lado argentino e prevê a fixação de cotas extraoficiais de exportação de produtos brasileiros.
Atualmente, diversos itens vendidos ao vizinho sofrem barreiras protecionistas. A ideia das cotas informais é justamente livrar produtos desse entrave, mesmo que haja um limite de venda.
As dificuldades enfrentadas pela Casa Rosada vêm erodindo a popularidade da presidente Cristina Kirchner.
Em Brasília, o sinal de alerta aparece também nos telegramas confidenciais emitidos por diplomatas brasileiros. A Folha teve acesso a algumas dessas mensagens oficiais. Em telegrama de janeiro deste ano, a embaixada brasileira em Buenos Aires prevê a continuidade da fuga cambial ao longo de 2012.
Dilma Rousseff também já ouviu relatos de assessores de que a taxa de câmbio apreciada na Argentina resultou em perda de competitividade, diminuindo as reservas.
NOVO TOM
A opção de superavit com a Argentina é uma mudança de tom em relação ao início do ano, quando ministros brasileiros falavam em represálias ao país vizinho. Revela, portanto, o nível de preocupação com o parceiro.
Apesar de as economias estarem interligadas, a Fazenda não faz diagnóstico apocalíptico dos efeitos de uma crise cambial sobre o Brasil.
Para Tristán Rodríguez, economista do Cadal (Centro para Abertura e Desenvolvimento da América Latina), o esfriamento da indústria brasileira afeta mais a Argentina do que o contrário.

Editoria de Arte/Folhapress

2 comentários:

Anônimo disse...

A Argentina parece caminhar a passos largos para o abismo, em razão das decisões de sua presidente, a qual parece não ter a mínima vontade de mudar o rumo de sua marcha da insensatez.
O interesse do Brasil com aquele país deveria ser o comércio bilateral. No entanto, este vem perdendo fôlego e, a continuar o rumo das coisas, a tendência é tal comércio diminuir cada vez mais e, pior, em detrimento da economia brasileira.
Será que o caminho correto para o Brasil não seria procurar se afastar do Mercosul e ajustar acordos comerciais unilateralmente com outros países para compensar as perdas com a Argentina?
Concordar em reduzir nosso superavit para dar um fôlego àquele país não seria um contrasenso, se a Argentina não faz nada para mudar e a tendência é a crise por lá piorar?
Ao insistir no Mercosul e na Argentina nossas relações exteriores estariam priorizando aspectos ideológicos/esquerdistas em detrimento de nossos interesses comerciais?
Marcelo

Paulo Roberto de Almeida disse...

Marcelo,
Todas as orientações de política comercial e industrial, tanto do Brasil quanto da Argentina, estão não apenas erradas, como são claramente contrárias aos objetivos de integração, como de simples inserção internacional.
O que os dois países estão fazendo, na verdade, é a política do avestruz, se fechando ao comércio e recorrendo a velhas barreiras defensivas contra a concorrência externa, quando deveriam estar efetuando as reformas necessárias para sua qualificação internacional.
Estão atrasando os países, economicamente, e destruindo o Mercosul.
Essa política de "generosidade" com a Argentina, totalmente equivocada, só prejudica os nossos exportadores, e vicia a Argentina na proteção e no arbítrio.
Lamentável.
Paulo Roberto de Almeida