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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Diplomacia alienada de Ernesto Araújo fecha-se em gueto ideológico - Matheus Leitão (Veja)

Uma matéria antiga, mas que eu ainda não havia lido, e por isto reproduzo. O conceito de alienação tem a ver com o jovem Marx, que a usou como todos os jovens hegelianos o faziam na primeira metade do século XIX. Fazia tempo que eu não mais via esse conceito. Usei muito, em meus tempos de colegial e de universidade. Para mim, todo mundo que não era marxista era alienado.
Paulo Roberto de Almeida

Diplomacia alienada de Ernesto Araújo fecha-se em gueto ideológico

Matheus Leitão
Revista Veja, 22/05/2020

https://veja.abril.com.br/blog/matheus-leitao/diplomacia-alienada-de-ernesto-araujo-fecha-se-em-gueto-ideologico/

A diplomacia do governo Jair Bolsonaro tem colecionado derrotas. O fato de os Estados Unidos estarem estudando a suspensão dos voos provenientes do Brasil é apenas o mais claro sinal desse isolamento. Os países vizinhos querem reforçar fronteiras para se protegerem da escalada de casos de coronavírus no país. O Le Monde publicou nesta semana um forte editorial contra o presidente Jair Bolsonaro. Enquanto isso, em seminários virtuais o Itamaraty mostra a dimensão da sua alienação da realidade.
A Fundação Alexandre Gusmão já foi um importante centro de pensamento de política exterior, com discussões de grande pluralidade, mas tem abrigado seminários com convidados irrelevantes e que repetem a mesma ladainha ideológica do chanceler Ernesto Araújo.
A série de palestras, que já chegou à sua terceira edição e caminha para uma quarta, traz, entre os convidados, seguidores de Olavo de Carvalho, um dos gurus da gestão Bolsonaro, além de juristas e blogueiros, entre outras subcelebridades.
O último ciclo de palestras aconteceu nesta segunda-feira, 19, e contou com a participação da juíza de Direito Ludmila Lins Grilo; do diretor de opinião do site Brasil Sem Medo, Bernardo Küster; e do analista político e escritor Flavio Morgenstern.
Eles fizeram duras críticas ao isolamento social para conter a pandemia; condenaram o fato de as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) interferirem nos atos dos administradores públicos; alimentaram teorias conspiratórias sobre o comunismo, ataques cibernéticos, espionagens e sobre a China – país onde começaram os primeiros casos de contaminação do novo coronavírus. Não faltaram, claro, ataques à imprensa.
Ludmila Grilo, em seu perfil no Twitter, se define com uma frase de Olavo de Carvalho (“A coragem nasce do amor ao próximo”). Bernardo Küster incentiva o cancelamento das assinaturas dos veículos de comunicação tradicionais; e Morgenstern já foi condenado a pagar uma indenização de R$ 120 mil ao cantor Caetano Veloso por ter criado a hashtag #CaetanoPedófilo, em 2017, fazendo uma referência à relação de Caetano com a ex-mulher Paula Lavigne, 27 anos mais nova. Ou seja, eles escolhem a dedo para ouvir apenas quem reforças suas idiossincrasias.
Seria só mais um fato bizarro dos muitos do ministro Ernesto Araújo, mas a Fundação sempre teve um papel importante na formação do pensamento dos jovens diplomatas e na formulação da própria política externa.
Em entrevista à coluna, o diplomata Rubens Ricupero destacou um risco que, nesta semana, outros articulistas reforçaram. O país está virando um pária, e a política externa tem excluído o Brasil dos eixos relevantes no mundo. Internamente tem se fechado mais no seu gueto ideológico. Até no regime militar não foi assim. Pelo contrário, chanceleres como Azeredo da Silveira, do período Ernesto Geisel, e Ramiro Saraiva Guerreiro, do período João Figueiredo, ampliaram a influência do Brasil no mundo através da política externa do “pragmatismo responsável”.

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