Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 1 de maio de 2010
2110) Nosso Guia descobriu o Brasil...em 2003
Pessoas que se pretendem salvadoras do mundo, e iniciadoras de um ciclo completamente novo na história do País, estão enganando a si mesmas, e tentando enganar os outros. Como nem todos os brasileiros são idiotas, como certos propagandistas das ideias alheias, esse tipo de demagogia, na verdade mentira deslavada, não cola, embora muita gente desinformada acabe acreditando que, sim, o Nosso Guia salvou a pátria e praticou a bondade universal.
Pobres de espírito, ou gente de má fé, podem, eventualmete, acreditar nesse tipo de bobagem.
Pessoas inteligentes, como aquelas que lêem este blog, sabem separar a verdade da mentira.
Abaixo um artigo de Mailson da Nobrega sobre essa exata questão.
Paulo Roberto de Almeida
Quem descobriu o Brasil?: Lula ou Cabral?
Maílson da Nóbrega
Revista Veja, edição 2163 - 5 de maio de 2010
"A história reconhecerá Lula pelas corajosas decisões de preservar a política econômica – que condenava – e de não buscar o terceiro mandato"
Os menos avisados que escutam Lula podem pensar que fomos descobertos em 2003, e não em 1500. Seus discursos buscam deslustrar seus antecessores e propagandear o que entende como seus feitos. Não exagera a ponto de reivindicar a glória do descobrimento, mas chega perto. Diz que mudou o Brasil.
Lula se gaba de ser o autor das boas transformações do país. É o que disse na Bahia, em março passado: "Este país começou a mudar, e isso incomoda muita gente". Bajuladores não faltam, como o que lhe atribuiu o epíteto de "nosso guia".
No lançamento do PAC 2, Jaques Wagner, governador da Bahia, disse que "Lula está refundando o Brasil". Para a então ministra Dilma Rousseff, "este é o Brasil que o senhor, presidente Lula, recuperou para nós e que os brasileiros não deixarão escapar de suas mãos". Adulado e popular, Lula se imagina o marco zero.
Mudanças como essas não acontecem em curto prazo. A Europa começou a emergir no século XV – suplantando a China e o mundo islâmico, até então centros de inovação e poder –, mas o processo de sua ascensão se iniciara muito antes, com destaque para a Carta Magna inglesa (1215) e para o Renascimento, que começou no fim do século XIII.
Antes, mudanças ocorreram em áreas cruciais: cultura, sociedade, economia, política e religião. Copérnico, Vesálio e Galileu criaram a ciência moderna, abrindo caminho para o avanço tecnológico. Gutenberg revolucionou a imprensa. Depois, a reforma protestante de Lutero (século XVI) e a Revolução Gloriosa inglesa (1688) se tornaram fonte do moderno sistema capitalista e do predomínio econômico e militar do Ocidente.
Indivíduos à frente de seu tempo contribuíram para mudanças ciclópicas. Entre 1776 e 1787, os pais fundadores da nação americana – os que participaram da Declaração de Independência, da Revolução ou da elaboração da Constituição – moldaram os princípios formadores dos alicerces sobre os quais se erigiria seu grande futuro.
Felipe González, o governante socialista espanhol (1982-1996), abandonou velhas ideias e conduziu reformas estruturais, incluindo ampla privatização. Preparou seu país para a integração europeia e para longo ciclo de crescimento. Margaret Thatcher reverteu a trajetória de declínio da Inglaterra. Ronald Reagan renovou o capitalismo americano.
O Brasil tem seus líderes transformadores. Entre outros, José Bonifácio, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. No período militar, sobressaem Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, este em grande parte responsável pelo fim pacífico do autoritarismo.
Ao proclamar-se o início de tudo, o presidente presta um mau serviço à história e aos brasileiros que gostam de ouvi-lo. Despreza o papel de Tancredo Neves na transição para a democracia, sem a qual não teria chegado ao poder. Obscurece a participação de Fernando Henrique Cardoso na construção da plataforma de lançamento da qual decolou.
Lula gostaria de ser lembrado como um Getúlio ou um Juscelino, mas creio que a história – a quem cabe apontar o lugar dos atores políticos – o reconhecerá pelas corajosas decisões de preservar a política econômica – que condenava – e de não buscar o terceiro mandato. Evitou, assim, o retorno da inflação e o abalo das instituições políticas, que precisam de tempo para se consolidar.
A continuidade deu tempo para o amadurecimento de mudanças anteriores. Permitiu-nos colher frutos da expansão da economia mundial e da emergência da China, hoje forte demandante de nossas commodities. Crescemos acima da média dos últimos 25 anos. As exportações triplicaram. Com estabilidade, crescimento e baixa inflação, foi possível alargar políticas sociais e assim reduzir as desigualdades sociais e a pobreza.
Lula é um líder de massas sem paralelo na América Latina. Politicamente populista, não foi desastrado na economia, embora deixe más heranças, como o aparelhamento do estado, a piora da qualidade do regime fiscal e os efeitos da inconsequente política externa.
Lula não descobriu o Brasil nem foi um líder transformador, mas não fez o estrago que se temia. Não é pouco. Não precisava, todavia, desconstruir as realizações do passado para marcar seu lugar na história, que parece garantido.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
2109) Indulging myself with some narcisism...
On May 1, 2010, at 1:41 AM, Exxxx Xxxxxx wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: Exxxx Xxxxxx
Cidade: Xxxxxxxx
Estado: MG
Email: xxxxxxx@uol.com.br
Assunto: Opiniao
Mensagem: Professor,
fiquei feliz por \"passear e percorrer\" pelo seu site. Senti-me menos inadequada e incompetente.
Sua visão do mundo acadêmico é tudo que penso a respeito dele. Um mundo engessado, compressor que limita e impede a criatividade e o livre pensar por nós mesmos. A sensação é que o nosso olhar, o nosso observar o mundo em volta conta pouco na hora de produzir o tal \"artigo científico\" exigido pra formar. Pouco ou quase nada se aproveita da contribuição daqueles alunos que como eu, não aceitam \"uma camisa de força\".
Obrigada por existir e principalmente ter conseguido sair desse \"casulo\" como um doutor que de fato merece assim ser chamado.
Atenciosamente,
Exxxxx Xxxxxx
Minha resposta:
Muito grato por sua mensagem, Exxxx, suponho que em conexao com "minha" Falácia sobre o "Marco Teórico". Ela foi pensada justamente em defesa dos alunos, e contra professores incompetentes para pensar com sua propria cabeça, dependendo sempre de algum guru qualquer para organizar a sua falta de ideias e de argumentos racionais.
Cordialmente, desde Shanghai,
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Paulo Roberto Almeida
PS: O trabalho referido é este aqui:
3) Falácias acadêmicas, 3: o mito do marco teórico
Buenos Aires-Brasília, 30 setembro 2008, 6 p. Da série programada, com algumas criticas a filósofos famosos.
Espaço Acadêmico (n. 89, outubro 2008; arquivo em pdf). Relação de Originais n. 1931
A série toda pode ser lida neste link:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/FalaciasSerie.html
2108) Uma pausa refescante... mas na Bollivia???
Sempre tem quem goste...
2107) O papa nao está acima da lei - Christopher Hitchens
Christopher Hitchens
Newsweek, Apr 23, 2010
Popes and their problems through the centuries
Detain or subpoena the pope for questioning in the child-rape scandal? You must be joking! All right then, try the only alternative formulation: declare the pope to be above and beyond all local and international laws, and immune when it comes to his personal and institutional responsibility for sheltering criminals. The joke there would be on us.
The case for bringing the head of the Catholic hierarchy within the orbit of law is easily enough made. All it involves is the ability to look at a naked emperor and ask the question "Why?" Mentally remove his papal vestments and imagine him in a suit, and Joseph Ratzinger becomes just a Bavarian bureaucrat who has failed in the only task he was ever set-that of damage control. The question started small. In 2002, I happened to be on Hardball With Chris Matthews, discussing what the then attorney general of
Massachusetts, Thomas Reilly, had termed a massive cover-up by the church of crimes against children by more than a thousand priests. I asked, why is the man who is prima facie responsible, Cardinal Bernard Law, not being questioned by the forces of law and order? Why is the church allowed to be judge in its own case and enabled in effect to run private courts where gross and evil offenders end up being "forgiven"? This point must have hung in the air a bit, and perhaps lodged in Cardinal Law's own mind, because in December of that year he left Boston just hours before state troopers
arrived with a subpoena seeking his grand-jury testimony. Where did he go? To Rome, where he later voted in the election of Pope Benedict XVI and now presides over the beautiful church of Santa Maria Maggiore, as well as several Vatican subcommittees.
In my submission, the current scandal passed the point of no return when the Vatican officially became a hideout for a man who was little better than a fugitive from justice. By sheltering such a salient offender at its very heart, the Vatican had invited the metastasis of the horror into its bosom and thence to its very head. It is obvious that Cardinal Law could not have made his escape or been given asylum without the approval of the then pontiff and of his most trusted deputy in the matter of child-rape damage control, then cardinal Joseph Ratzinger.
Developments since that time have appalled even the most diehard papal apologists by their rapidity and scale. Not only do we have the letter that Cardinal Ratzinger sent to all Catholic bishops, enjoining them sternly to refer rape and molestation cases exclusively to his office. That would be bad enough in itself, since any person having knowledge of such a crime is legally obliged to report it to the police. But now, from Munich and Madison, Wis., and Oakland, come reports of the protection or indulgence of
pederasts occurring on the pope's own watch, either during his period as bishop or his time as chief Vatican official for the defusing of the crisis.
His apologists have done their best, but their Holy Father seems consistently to have been lenient or negligent with the criminals while reserving his severity only for those who complained about them.
As this became horribly obvious, I telephoned a distinguished human-rights counsel in London, Geoffrey Robertson, and asked him if the law was powerless to intervene. Not at all, was his calm reply. If His Holiness tries to travel outside his own territory-as he proposes to travel to Britain in the fall-there is no more reason for him to feel safe than there was for the once magnificently uniformed General Pinochet, who had passed a Chilean law that he thought would guarantee his own immunity, but who was visited by British bobbies all the same. As I am writing this, plaintiffs are coming forward and strategies being readied (on both sides, since the Vatican itself scents the danger). In Kentucky, a suit is before the courts seeking the testimony of the pope himself. In Britain, it is being proposed that any one of the numberless possible plaintiffs might privately serve the pope with a writ if he shows his face. Also being considered are two international approaches, one to the European Court of Human Rights and another to the International Criminal Court. The ICC-which has already this year overruled immunity and indicted the gruesome president of Sudan-can be asked to rule on "crimes against humanity"; a legal definition that happens to include any consistent pattern of rape, or exploitation of children, that has been endorsed by any government.
In Kentucky, the pope's lawyers have already signaled their intention to contest any such initiative by invoking "sovereign immunity," since His Holiness is also an alleged head of state. One wonders if sincere Catholics really desire to take refuge in this formulation. The so-called Vatican City, a political nonentity covering about 0.17 square miles of Rome, was created by Benito Mussolini in 1929 as part of his sweetheart deal between fascism and the papacy. It is the last survival of the political architecture of the Axis powers. Its bogus claim to statehood is now being
used to give asylum to men like Cardinal Law.
In this instance the church damns itself both ways. It invites our challenge-this is where the appeal to the European Court of Human Rights becomes relevant-to its standing as a state. And it calls attention to the repellent origins of that same state. Currently the Holy See has it both ways. For example, it is exempt from the annual State Department Human Rights Report precisely because it is not considered a state. (It maintains only observer status at the United Nations.) So, if it now does want to claim full statehood, it follows that it should receive the full attention
of the State Department for its "lay" policies, and, for that matter, the full attention of the Justice Department as well. (First order of business-why on earth are we not demanding the extradition of Cardinal Law?
And why is this grave matter being left to private individuals to pursue?)
It is very difficult to resist the conclusion that this pope does not call for a serious investigation, or demand the removal of those responsible for a consistent pattern of child rape and its concealment, because to do so would be to imply the call for his own indictment. But meanwhile why are we expected to watch passively or wonder idly why the church does not clean its own filthy stable? A case in point: in 2001 Cardinal Castrillón of Colombia wrote from the Vatican to congratulate a French bishop who had risked jail rather than report an especially vicious rapist priest. Castrillón was invited this week to conduct a lavish Latin mass in Washington. The invitation was rightly withdrawn after a storm of outrage, but nobody asked why the cardinal could not be held as an accessory to an official Vatican policy that has exposed thousands of American children to rapists and sadists.
Only this past March did the church shamefacedly and reluctantly agree that all child rapists should now be handed over to the civil authorities. Thanks a lot. That was a clear admission that gross illegality, and of the nastiest kind, has been its practice up until now. Euphemisms about sin and repentance are useless. This is a question of crime-organized crime, by the way-and therefore of punishment. Or perhaps you would rather see the shade of Mussolini thrown protectively over the Vicar of Christ? The ancient Roman symbol of the fish is rotting-and rotting from the head.
Hitchens, a NEWSWEEK contributor, is a columnist for Vanity Fair and the author of God Is Not Great.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
2106) Uma aluna indecisa: alguns conselhos genericos...
Uma consulta "pedagógica"
On Apr 30, 2010, at 1:05 AM, c..... s........ wrote:
Olá! Eu sei que o senhor não me conhece, e talvez ache estranho eu estar lhe enviando este email, mas existem alguns momentos na vida em que nos sentimos bastante perdidos e nos agarramos a tudo que esteja a nosso alcance. Então vou tentar relatar o que está acontecendo comigo.
Eu tenho 17 anos, terminei o ensino médio em dezembro de 2009, já sabendo qual seria o rumo a seguir. Em fevereiro deste ano sai de casa, fui morar em Xxxxxxxx com minhas amigas para fazer um curso pré-vestibular, pois meu objetivo era cursar Relações Internacionais na UFxx. Como sou uma pessoa que sempre busca o melhor pesquisei sobre os melhores cursos de RI do Brasil e descobri que o da UFxx não estava entre os melhores. Então eu larguei o cursinho, voltei para casa e comecei a estudar para o vestibular de invernos da PUC de XXXXX, pois lá o curso é muito bom e o vestibular é mais fácil, portanto não precisaria mais fazer cursinho. Iria tentar entrar na UnB também, sem muitas expectativas, por ser o mais concorrido. A escolha deste curso já era uma certeza para mim, sabia que era isso que eu queria, mas agora parece que tudo mudou, eu não tenho mais certeza de nada. Essa mudança começou quando li uma reportagem sobre o melhor emprego do mundo no [jornal] e aquilo era exatamente o que eu queria para mim, entrei então em contato com o entrevistado e ele me disse que havia feito jornalismo na Xxxx, aqui em Xxxxxxx, pertinho de casa. Bom, ai eu quis fazer jornalismo, mas o problema é que eu não gosto muito de escrever, e na verdade, é isso que um jornalista faz. Mais uma vez fiquei perdida. Existem duas coisas que eu quero depois de formada e eu procuro um curso que me proporcione isso, que são viajar muito, conhecer vários países, várias culturas, ter contato com pessoas diferentes e também ajudar a humanidade, ajudar o meu país e tentar fazer alguma coisa para que esse mundo melhore. Procurei então, cursos que tivessem isso, então minha lista que tinha dois foi para seis. RI, jornalismo, ciências sociais, serviços sociais, geografia e turismo. Não sei mais o que fazer, eu que tinha certeza de tudo, agora não sei mais nada e também não tenho quem me ajude a ver melhor as coisas e saber o que é melhor. Meus pais são maravilhosos e eles vão me apoiar em qualquer decisão, mas ele não me ajudam, eles também não sabem o que dizer para mim. Preciso da ajuda de alguém que tenha uma visão mais ampla do mundo e da vida, porém não conheço nenhuma pessoa que possa me ajudar. Eu estava pesquisando sobre universidade, quando encontrei o teu blog e li algumas coisas, li sobre o senhor também e decidi lhe mandar este email. Sei que você deve ser uma pessoa muito ocupada e não tem tempo para problemas como o meu, já deve ter dor de cabeça suficiente com a suas coisas. Mas mesmo assim resolvi lhe mandar este email, pq não sei mais o que fazer e você foi uma luz para mim. Tenho esperanças que o senhor leia e tenha a bondade de responder. Desculpe o encomodo. Desde já agradeço. Espero que eu não tenha misturado demais e que você entenda o que eu preciso.
Obrigada,
C.... S.......
=============
Minha resposta (improvisada e rapidamente escrita):
C....,
Duas primeiras observacoes sobre sua longa carta, abaixo, bastante explicativa de sua situacao e de suas duvidas de vida, de estudo e de trabalho.
1) "encomodo" se escreve incômodo. Mas isso você já deveria saber, com 17 ou 18 anos.
2) Se voce não gosta de escrever, isso é terrivel, e é um tremendo handicap para qualquer carreira, mas sobretudo para a diplomacia. Passamos metade do tempo, talvez dois tercos do tempo escrevendo: telegramas, oficios, memorandos, position papers, notas, até comunicados presidenciais e declaracoes oficiais de reunioes importantes, em portugues, espanhol, sobretudo ingles, eventualmente outras linguas tambem. Ou seja, se você nao gosta de escrever, e não consegue escrever bem, eu a desaconselho a tentar a diplomacia.
Voce precisa ser realista e traçar seu plano de vida, pois nao é possivel fazer tudo ao mesmo tempo: "viajar muito, conhecer vários países, várias culturas, ter contato com pessoas diferentes e também ajudar a humanidade, ajudar o meu país e tentar fazer alguma coisa para que esse mundo melhore".
Você poderá, eventual e hipoteticamente, fazer tudo isso, mas não ao mesmo tempo, e sobretudo não concentrado em curto espaço de tempo. Esse é um projeto de uma vida inteira, e como se diz, a caminhada começa com o primeiro passo.
Seu primeiro passo, aliás uma obrigação sua, se os seus pais estão lhe pagando os estudos, seria ter uma boa formação, e se quiser ter sucesso na vida, profissional e pessoal, uma excelente formação. Isso, NENHUMA faculdade, nenhum curso vai lhe dar, NENHUM. Todos são mediocres, professores relapsos e incompetentes, colegas desinteressados, aulas chatas, etc.
Ou seja, ou você se forma sozinha, de forma autodidata, ao lado da frequencia formal das aulas na Faculdade, para tirar um certificado e ter um minimo de orientacao de leituras, ou você NUNCA terá uma boa formação.
Eu não vou lhe indicar um curso, pois acho que isso depende de você mesma sondar sua consciência, se informar sobre os MELHORES cursos de Xxxxxxxx, e fazer um deles.
Eu só vou lhe dizer que você precisaria ler o tempo todo, bons livros, e escrever muito, o tempo todo.
Se você quiser ter sucesso, comece pelas coisas mais simples: seja uma grande leitora, uma grande estudiosa, seja em que profissao ou carreira for, e seja uma escritora plena, pois seu sucesso depende do dominio completo da lingua, lida, falada, escrita. Sim, tenha um excelente ingles, também, pois isso vai lhe ajudar bastante, qualquer que seja a profissao.
Tudo isso voce pode, voce deve fazer sozinha, por sua propria iniciativa, e comecando agora.
Abra o computador, selecione os melhores jornais e revistas do mundo para ler: New York Times, Economist, Washington Post, Financial Times, Le Monde, El Pais, e comece a ler. Cada materia interessante que voce ler. faça um resumo em portugues, de preferência num caderno, para você ir verificando aos poucos sua melhoria de escrita.
Faça um programa de leituras, sistematico, se preferir baseado no Guia de Estudos do Rio Branco: comece a ler TODOS os livros indicados, anotando cada um.
Depois de 4 anos de estudos intensos, você poderá ser uma boa diplomata, ou ter sucesso em qualquer outra profissão.
Estes são os meus conselhos...
Cordialmente,
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Paulo Roberto Almeida
(Shanghai, 30.04.2010)
2105) Keynes vs Hayek (ou vice-versa): um rap economico
Uma excelente aula de economia, se você prestar atenção nos conceitos (que deveriam ser objeto de várias visualizações, para melhor compreensão).
A genialidade do rap estrelando Keynes versus Hayek
por Jeffrey A. Tucker
Instituto Mises do Brasil, quarta-feira, 28 de abril de 2010
Rap Hayek Vs Keynes
Nota do IMB: uma alma caridosa e extremamente competente traduziu e legendou o rap da batalha Keynes x Hayek. Não é exagero algum dizer que a letra da música não só é fenomenal, como também apresenta uma descrição extremamente acurada da visão antagônica que ambos tinham da mecânica dos ciclos econômicos. É um vídeo para se ver e rever inúmeras vezes. Por mais que você já o tenha visto, sempre acabará descobrindo detalhes novos.
O debate entre J.M. Keynes e F.A. Hayek, ambos vivendo e lecionando na Grã-Bretanha nos anos 1930, foi um dos grandes debates do século. Desafortunadamente, o charme keynesiano acabou prevalecendo, e Keynes, um homem que estava em frequentes viagens pelo mundo, acabou conquistando o pódio da audiência — a ponto de influenciar a política de todo o mundo até os dias de hoje.
Enquanto isso, o sereno e estudioso Hayek nunca de fato teve uma grande plateia. Assim como seu colega e mentor Mises, Hayek escrevia para jornais acadêmicos e era ouvido apenas por aqueles que tinham uma mente mais cética, pessoas que duvidavam das políticas e teorias convencionais e tinham a vontade intelectual de pesquisar os assuntos mais a fundo.
De um lado, portanto, o debate entre esses dois foi um dos mais decisivos para a modelagem das ideias econômicas que dominariam o mundo ao longo dos 75 anos seguintes. De outro lado, entretanto, esse debate nunca de fato ocorreu, uma vez que o ponto de vista hayekiano foi e tem sido sistematicamente marginalizado e escondido pelo establishment político e acadêmico desde que Keynes foi prematuramente declarado o vencedor no final da década de 30.
A maravilha das novas tecnologias midiáticas é sua capacidade de nos mostrar coisas que de outra forma poderiam passar despercebidas. Fear the Boom and Bust [Tema a Expansão e a Recessão], um vídeo do YouTube feito pelo produtor John Papola e pelo economista Russ Roberts, e apoiado pelo Mercatus Center, que pertence à George Mason University, explora genialmente essa vantagem, contrapondo Keynes e Hayek em um rap que captura uma realidade que poucos haviam compreendido por completo até agora.
Até o momento, o vídeo [o original] já foi visto mais de um milhão e cem mil vezes e virou notícia internacional. Além de ser uma bela e elaborada produção, o que realmente impressiona é sua transparência e acuidade teórica. Ele tirou a teoria austríaca dos ciclos econômicos de um plano secundário e a trouxe para o primeiro plano do debate.
É verdade que em 1974 Hayek recebeu o Prêmio Nobel, o que trouxe atenção para a sua obra que havia há muito sido esquecida. O comitê do Nobel citou especificamente o trabalho de Hayek sobre a teoria dos ciclos econômicos. Mas o renascimento desfrutado por Hayek nos anos seguintes não se centrou nesse aspecto da sua obra. Ao invés disso, toda a atenção foi voltada para elaborações sobre sua evolucionária teoria social, suas concepções sobre a ordem do processo de mercado e seus estudos sobre lei.
Com efeito, seus livros e a maioria de seus artigos sobre ciclos econômicos sequer foram reeditados desde o lançamento de sua primeira edição — até o ano passado, quando o Mises Institute lançou um maciço compêndio de sua obra: Prices and Production and Other Essays (bem como o livro Tiger by the Tail). O vídeo, portanto, vem a público de uma maneira acessível e trazendo a grande contribuição que Hayek deu à literatura econômica, a qual é essencial para se entender os atuais eventos da economia mundial.
Permita-me agora explicar por que esse vídeo é sensacional.
O vídeo começa com Keynes e Hayek chegando à recepção de um hotel. Ambos estão ali para a "Conferência Econômica Mundial". A recepcionista é toda remelexos com Keynes, tratando-o como a estrela que ele é. Keynes arrogantemente anuncia que ele não precisa de uma pauta porque ele é a pauta. Enquanto isso, Hayek humildemente tenta se fazer notar. A recepcionista nunca ouviu falar dele. Isso captura muito bem o espírito que perdurou desde a década de 1930 até hoje: o mundialmente famoso Keynes versus os desconhecidos austríacos.
Algo totalmente fiel à realidade: vários estudantes estão dizendo que mandaram esse vídeo para seus professores de economia, os quais responderam que, antes de verem vídeo, nunca tinham ouvido falar de Hayek. Enfatizo: professores de economia.
Voltando ao vídeo, a caracterização dos personagens é fantástica. Keynes é popular e amado por todos, sempre promovendo um estilo de vida boêmio, com festas e farras intensas — o futuro que se dane. Já a personalidade de Hayek é mais intelectual, sóbria e até mesmo um pouco puritana, com um foco na realidade e no longo prazo.
Hayek chega ao quarto do hotel e, ao abrir a gaveta da mesa de cabeceira encontra, ao invés da Bíblia, a Teoria Geral. O telefone toca e é Keynes anunciando que as festividades no Banco Central já estão quase começando. Hayek fica espantado, pois achava que eles estavam ali para seminários e congressos.
Eles se encontram no lobby do hotel e saem — Hayek com um ticket de metrô na mão. Keynes, sem perder tempo, pede uma limusine, enquanto Hayek balança negativamente a cabeça, indignado.
O tema do 'festeiro vs. economista sóbrio' perpassa toda a história. Os termos da argumentação são expostos bem claramente. Hayek diz que os ciclos econômicos são causados por "juros baixos" resultantes de intervenções do governo, ao passo que Keynes culpa o "espírito animal" que opera livremente em um mercado que necessita urgentemente ser controlado.
Keynes então começa a explicar sua teoria para a depressão. Ela é causada pela rigidez de salários e só pode ser curada se houver um estímulo à demanda agregada por meio do aumento dos gastos governamentais e impressão de dinheiro. Ele defende obras públicas, guerras e janelas quebradas — pois tudo isso estimularia a demanda —, alerta contra a armadilha da liquidez, defende déficits, vangloria-se de ter mudado o modo de se estudar economia, e conclui "Diga bem alto, com orgulho, somos todos keynesianos agora!". Enquanto isso, o espectador vai assistindo a cenas de pessoas embriagadas farreando freneticamente.
Sobra então para Hayek a missão de trazer realismo à discussão. Ele rejeita o argumento de Keynes pelo fato de este esconder muita agregação em suas equações, as quais ignoram toda a motivação e ação humana. Hayek compara estímulos governamentais ao ato de beber mais para tentar curar uma ressaca. Ele chama atenção para o fato de que não é possível haver prosperidade sem poupança e investimento — e em seguida começa a educar Keynes em sua perspectiva austríaca.
Ele começa sua exposição alterando o foco da análise: não é a recessão, mas sim a expansão que deve ser analisada. Pois é durante a expansão que são plantadas as sementes do desastre. A expansão econômica começa com uma expansão do crédito. Esse dinheiro recém-criado passa a ser erroneamente visto como sendo poupança real, que pode ser emprestada e investida em novos projetos, como imóveis e construção.
Porém, há uma escassez de recursos necessários para se finalizar esses projetos. Imprimir dinheiro não faz com que os recursos surjam do nada. Esses projetos, portanto, se transformam em investimentos errôneos. O "anseio por mais recursos revela que não há o bastante". É aí que a expansão se transforma em recessão. Quanto à armadilha da liquidez, ela é apenas uma evidência de um sistema bancário insolvente. A lição: "Você precisa poupar para investir, não use a maquina de imprimir."
Toda essa explicação ocorre enquanto Keynes tenta dormir para curar sua ressaca. Sem sucesso, ele corre para o banheiro para vomitar — os efeitos colaterais da farra da noite anterior.
O que Hayek discute no vídeo é sua própria teoria da estrutura de produção de uma economia. Mas vale notar que há uma estrutura de produção atuando no mundo das ideias também. Os primeiros pedaços da teoria austríaca dos ciclos econômicos foram juntados 100 anos atrás, quando Mises estava trabalhando em seu primeiro livro, que foi publicado em 1912.
Esse foi o primeiro tratado a juntar a teoria dos juros e da produção à teoria da moeda. O principal ponto de Mises era mostrar que os bancos centrais — que estavam sendo criados em sua maioria naquela época — iriam acabar causando mais ciclos econômicos, e não menos. Hayek deu sequência a esse trabalho nos anos 20 e 30, publicando uma série de estudos sobre o assunto. Mais tarde vieram aprimoramentos feitos pelo próprio Mises, que os publicou em sua obra magna de 1949, Ação Humana. Os estudos feitos por Roger Garrison na década de 1990 fornecem alguns dos termos que aparecem no vídeo. Ainda depois, surgiu o livro de Jesus Huerta de Soto sobre ciclos econômicos, o qual explica o papel do sistema bancário de reservas fracionárias na criação das expansões econômicas e das subsequentes recessões — um livro que se baseia em várias constatações feitas por Rothbard na década de 1960.
O que vemos nesse vídeo, portanto, é a culminação de várias sequências de ideias que começaram há um século. Trata-se de uma longa e complexa estrutura de produção de ideias. Mas foi exatamente essa estruturação que possibilitou que uma teoria dessa complexidade pudesse ser construída de modo tão coerente, que é perfeitamente possível apresentá-la em um vídeo de rap num formato que qualquer leigo pode ver e entender.
Sinceras e cordiais congratulações a Russ Roberts e John Papola por terem compilado tudo e apresentado um fantástico exemplo de como a ciência econômica pode ser explicada para qualquer indivíduo. Era justamente essa a visão de Mises: a ciência econômica não deve ser relegada às salas de aula; ela deve fazer parte dos estudos de cada cidadão. Roberts e Papola levaram essa prescrição muito a sério e, com isso, fizeram algo extraordinário para Hayek, para as ideias austríacas, para a ciência econômica em geral e para o progresso intelectual do mundo.
É por isso que o vídeo é fantástico.
Jeffrey A. Tucker
é o editor do Mises.org.
Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque
2104) Rota da Seda, um passeio pelo Oriente (e algo mais...)
Rota da Seda
http://www.carmenlicia.org/
Prato sassânida (entre séculos V e VII); influência grega na temática da decoração.
© carmen lícia palazzo
Rota da Seda
丝绸之路 - Cidades da Rota da Seda
Carmen Lícia Palazzo
Fri, 04/23/2010 - 22:36
Carmen Lícia descendo do "taxi" no deserto de Gobi:
Estamos chegando de uma viagem muito especial pelo interior da China pois fizemos uma pequena parte da Rota da Seda, visitando Dunhuang e as cavernas ou grutas de Mogao, Lanzhou e Xi'an.
Dunhuang é o ponto de partida para visitar Mogao, um oásis no deserto de Gobi onde se encontram centenas de cavernas com magníficas pinturas e estátuas budistas. As cavernas começaram a ser escavadas no século IV quando ali se instalaram as primeiras comunidades de monges budistas. Os monges transformaram o local em um centro de devoção importante e muito frequentado pelos viajantes que percorriam a Rota da Seda. No oásis de Mogao as caravanas encontravam um lugar para descanso e para reabastecimento, sendo frequente também a troca de animais para seguir longos percursos.
A visita às cavernas é bem organizada e é possível apreciar os diversos estilos que foram se sucedendo na arte budista, inclusive as diversas influências indiana, tibetana e mesmo greco-romana, como é o caso dos drapeados inspirados nas esculturas de Gandhara. São excepcionais as imensas estátuas de Buda. Como puderam ser esculpidas com tamanha habilidade ali dentro? As figuras voadoras, "devi" ou apsaras" são fascinates. Comprei um livro muito bom, "Dunhuang & Silk Road", cujos autores pertencem à Universidade de Lanzhou e à Academia Dunhuang, pretendo dar uma boa estudada na história deste lugar que há tanto tempo me fascina...
Em Xi'an, antiga Chang'an, capital da China em diversas dinastias e que teve seu apogeu na época dos Tang, visitamos o Museu de História de Shaanxi que justamente "conta" a história da Rota da Seda. Estivemos também no Grande Pagoda cuja construção se destinava principalmente a abrigar textos budistas que o monge Xuan Zhang trouxe da Índia. A peregrinação de Xuan Zhang, que partiu de Xi'an no ano de 628, é um dos episódios mais importantes do budismo chinês e foi no mosteiro ao lado do Pagoda que ele criou uma escola de tradutores que alcançou grande renome na Ásia. Ainda hoje o enorme mosteiro se encontra em atividade e é bastante prestigiado entre os budistas.
Mas voltando atrás no tempo visitamos, ainda em Xi'an, o que é considerado uma das mais importantes descobertas arqueológicas do século XX: o imenso conjunto de guerreiros em terracota que fazem parte do mausoléu do imperador Qinshihuang. Ele unificou a China em 221 a.C. e ainda muito jovem mandou construir o que viria a ser seu mausoléu. O famoso exército de terracota já é bastante conhecido pois suas imagens são constantemente divulgadas em livros, filmes e revistas. No entanto é inexplicável a sensação de vê-los de perto. Eles estão no próprio sítio arqueológico onde foram encontrados e há inclusive um grupo de arqueólogos trabalhando nas escavações. É possível acompanhar uma parte dos trabalhos. É imensa a extensão da necrópole e certamente outras descobertas importantes se seguirão.
Dunhuang/Mogao e Xi'an dão uma boa idéia do trabalho que a China vem desenvolvendo com apoio de vários outros países para trazer à tona partes importantes da sua história. O Projeto Dunhuang é especialmente interessante pois atualmente está sendo feita a digitalização de todo o acervo de obras de arte das cavernas e há uma equipe internacional com grande participação chinesa trabalhando também na conservação do local.
Estamos começando bem nossa temporada chinesa e esperamos ainda fazer muitas viagens até o início de novembro, quando encerra nosso período aqui.
Algumas fotos de Dunhuang, do deserto de Gobi e de Xi'an estão no item "Minhas fotos."
Atualizações recentes
Mosteiro em Xi’an
04/24/2010 - 03:24
Zhang Qian
04/24/2010 - 03:22
Entrada das cavernas de Mogao
04/24/2010 - 03:16
Cavernas de Mogao
04/24/2010 - 00:20
Deserto de Gobi
04/23/2010 - 23:21
Cidades da Rota da Seda
04/23/2010 - 22:36
Chegada em Shanghai
04/11/2010 - 00:26
Museu de Sharjah
04/07/2010 - 03:22
Museu de Sharjah
04/07/2010 - 03:18
Viagem aos Emirados Árabes
04/07/2010 - 02:52
2103) Continuando o dialogo sobre a (nao)democracia no Brasil
quarta-feira, 28 de abril de 2010
2096) Um dialogo sobre a (nao) democracia no Brasil
Paulo disse...
Caro PRA,
Poderia, por gentileza, se aprofundar um pouco mais sobre essa democracia aborrecida, mas funcional, mencionada no seu texto?
Confesso que fiquei meio no ar.
Os EUA sao muito abertos a "imigracao selvagem" para se tornarem uma democracia aborrecida, mas funcional, como os escandinavos e semelhantes.
Grato,
Paulo
Bem, antes de continuar, talvez os leitores queiram ler primeiro o post em questão, para saber o que eu disse, exatamente, em relação ao que o leitor Paulo levanta, com o pedido de esclarecimentos adicionais.
Quem já leu Norberto Bobbio ou Karl Popper, sabe que a democracia é um sistema muito pouco excitante, a diferença de todas essas ditaduras que ficam mobilizando o povo em grandes marchas e manifestações, discursos de tres horas, etc.
Nada disso: a democracia é feita de pequenas reformas, pequenas adaptações, pequenos ajustes, infinitas conversas e conciliações, tentando melhorar, pela via do consenso, do voto, da discussão, aquilo que os representantes do povo decidem num processo marcado por muitos estudos técnicos, muita burocracia, muito equilíbrio entre vontades opostas.
Os regimes democraticos verdadeiramente consolidados são uma infinita chatice, porque ninguem fica discutindo essas "revoluções" na vida das pessoas que líderes demagogos e outros populistas ficam prometendo a cada vez. Ñão, o que se discute é o que vai ser feito com o lixo reciclado, o menu da merenda escolar, o trajeto da nova linha de metro, essas coisas aborrecidas.
"Democracias populares" é que ficam discutindo se o Estado vai ou não estatizar essa ou aquela propriedade ou atividade econômica, se vai mudar a política cambial, se vão ou não aceitar investimentos estrangeiros "exploradoes" ou "espoliativos", enfim grandes coisas que permitam enormes discursos cheios de acusações aos inimigos da pátria e os burgueses egoistas e banqueiros gananciosos.
Democracias consolidadas são tão aborrecidas que metade da população nem se desloca para votar nas eleições gerais, nacionais, preferindo eleger o xerife de aldeia, o juiz do condado, ou o board da escola e sua associação de pais e mestres. Essas são as chatices das democracias consolidades, nas quais ninguém tem medo de que um líder populista maluco mude as regras do jogo do dia para a noite e altere fundamentalmente o rendimento da poupança, os contratos de alugueis ou o valor da moeda.
Essa é a vida na Suíca ou nos paises escandinavos, uma chatice infinita, sem essas excitações dos grandes comícios e grandes apelos à defesa da pátria.
Quanto aos EUA, eu disse que eles são uma grande democracia, mas pagam o preço de também serem uma grande economia dinâmica e de atrairem uma "imigração selvagem". Esse é um fato, não uma opinião, pois todos os pobres da terra, e também os bandidos, querem ir para os EUA. Como diria um ladrão de bancos, lá é que está o dinheiro.
Nessas condições, os EUA não conseguem ser uma democracia aborrecida, pois a diversidade cultural, a dinâmica populacional, e a própria violência trazida pelo crime organizado que vai conquistar uma parte do dinheiro fazem com que a vida seja um pouco mais movimentada por lá.
E depois tem Hollywood, que não deixa a vida de ninguém ficar aborrecida.
Enfim, tem gente que prefere coisa mais movimentada, como países que decretam aumentos salariais de 40% aos policiais e aos membros das FFAA, como acaba de fazer Hugo Chávez, por certo por generosidade extrema.
Vejamos, como seria uma democracia não aborrecida. Eis aqui um exemplo:
Venezuela expropia instalaciones de Empresas Polar
Por Andrew Cawthorne
28 de abril de 2010, 02:11 PM
CARACAS (Reuters) - El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, decretó la expropiación de unos depósitos de Empresas Polar, la mayor procesadora de alimentos del país, en un nuevo avance del Gobierno contra la propiedad privada.
También ordenó expropiar tres procesadoras de azúcar
El militar retirado firmó el martes en la noche el decreto y le advirtió al dueño del grupo, Lorenzo Mendoza, que se calme.
"No me provoques Mendoza. Quédate tranquilo, no te pongas bravo Mendoza, sabes que tengo razón", dijo Chávez dirigiéndose al jefe de Polar, desde una reunión ministerial que fue transmitida por la televisora estatal.
En marzo, Chávez exigió el desalojo del terreno donde están los depósitos en la ciudad central de Barquisimeto, con el fin de adelantar un plan de construcción de viviendas sociales.
Semanas después el Gobierno regional decretó la expropiación de los activos de la empresa, la que Polar consideró como "arbitraria" y la cual solicitó fuese calificada como "nula" por el Tribunal Supremo de Justicia.
Sin embargo el mandatario, quien afronta una baja en sus niveles de popularidad de cara a una crucial elección legislativa en septiembre, replicó entonces que las objeciones de Polar eran injustificadas.
Chávez ha nacionalizado amplios sectores desde que en 1999 llegó al poder por los votos y ha amenazado varias veces con expropiar operaciones de Polar, acusándola de "sabotaje" en la distribución de alimentos.
La firma, controlada por una acaudalada familia, fabrica alimentos, cervezas, refrescos y bebidas no carbonatadas. Tiene 30 plantas industriales y es fundamental para mantener abastecida a Venezuela, que ha sufrido crisis de escasez en años recientes.
Empresas Polar, que también opera Pepsi-Cola Venezuela, mantiene una participación accionaria en Cativen, unidad de la minorista francesa Casino, con la que el Estado se asociará para manejar los hipermercados Exito y los supermercados Cada.
La empresa ha dicho que podría llegar a pedir por la expropiación una indemnización de unos 95 millones de bolívares, unos 37 millones de dólares calculados al tipo de cambio oficial de 2,60 bolívares para bienes básicos.
Además, la firma ha dicho que el decreto afectará a más de 3.200 trabajadores de los centros de acopio y distribución de Cervecería Polar y Pepsi.
EXPROPIA AZUCARERAS
Chávez también ordenó expropiar los centrales azucareros Agua Blanca y Santa Clara, en los estados occidentales de Portuguesa y Yaracuy, alegando que se encontraban paralizadas.
"Centrales que estaban abandonadas en el peor estado, abandonadas sus instalaciones, los trabajadores mal pagados y explotados", explicó Chávez.
Una tercera procesadora de azúcar, en el estado Táchira, en la frontera con Colombia, también fue afectada por una medida de "adquisición forzosa", según reseñó la Gaceta Oficial que circuló el miércoles.
Según el Departamento de Agricultura de Estados Unidos, Venezuela cuenta con unos 15 centrales azucareros que producen sólo un tercio de su demanda, mientras que importa unas 700.000 toneladas anuales para satisfacer el consumo.
Fedecamaras, el mayor gremio empresarial del país y opositor del Gobierno, condenó la medida en contra de Polar, considerando que perjudica a consumidores y trabajadores.
"El Gobierno se está radicalizando, los empresarios tienen que radicalizar su postura de defensa a la propiedad privada y recurrir a todas las instancias", dijo Noel Alvarez, presidente de la Federación, a la televisora Globovisión.
Alvarez agregó que iniciará acciones legales en contra de Chávez en la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CIDH) y en la Organización de Naciones Unidas (ONU).
(1 dólar= 2,6 bolívares a tipo de cambio preferencial para alimentos y medicinas; y 4,3 bolívares a tipo de cambio para bienes no prioritarios)
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Acho que isso explica tudo...
quarta-feira, 28 de abril de 2010
2102) Facebook, Twitter...: sorry folks, I'm out
Tenho sido solicitado, como muitos de nós, por inúmeros pedidos de adesão a esta ou aquela rede de contatos sociais, de intercâmbio de informações, de troca de e-mails e até, como parece ser normal em nossos tempos de transparência cibernética, de informação simultânea sobre o que estamos fazendo naquele mesmo momento, quando não um convite para expressarmos nossos pensamentos mais recônditos, como diriam antigos escritores...
Eu sei de todas as possibilidades fantásticas dos modernos meios de comunicação, que eles ajudam tremendamente no dia a dia e até permitem, vejam só, aos mais ambiciosos, ganhar eleições, quem sabe até a presidência do país (não, não tenho essa ambição).
Já fiz até uma experiência, ou duas, frustradas devo logo dizer, de me associar a essas engenhocas, e cheguei à conclusão que não vale a pena, pelo menos para meu estilo de vida, e para o que gosto de fazer, que vou repetir aqui, para informação dos menos atentos.
Minha única preocupação -- OK, não é a única, mas é uma das mais importantes -- está em ler, sintetizar o que aprendi e tentar transmitir a outros um pouco desses novos conhecimentos ou informações, numa tarefa didática autoassumida e que me dá prazer de fazer. É isso que faço, o tempo todo, e é isso que pretendo continuar fazendo, utilizando para isso os poucos instrumentos de informação e de comunicação de que disponho: um simples computador, armado de programas triviais, acesso à internet, e interfaces de comunicação, que são apenas duas ou três: e-mails, site e blogs, nada mais.
Todo o resto -- Orkut, Facebook, Twitter, e todos os demais programas de formação de redes e intercâmbio de mensagens e informações -- me custariam tempo (algo extremamente escasso para quem deseja ler muito) e privacidade (algo que cultivo muito, tanto por natural timidez, como por achar que ninguém deve sair por aí se exibindo gratuitamente).
Ou seja, prefiro, e preciso, ficar no meu canto, calado, quieto, silencioso, lendo meus livros, revistas, jornais e sites de informação e, depois, ter tempo de digerir tudo isso, nos momentos e nas formas apropriados, que são, geralmente, posts, mensagens e artigos que libero por diversos meios.
Prefiro fazer ao meu ritmo e ao meu gosto, não ditado por uma buzina que aparece de vez em quando na tela nos incitando a responder imediatamente, a trocar informações com Marte, ou para saber o que comeu fulaninho num restaurante da moda qualquer...
Por isso, me desculpo com os meus "provocadores habituais" de comunicação e intercâmbio, dizendo que não pretendo aderir a nenhum outro sistema a que já não aderi volutnariamente.
Grato pela compreensão e minhas modestas desculpas por não responder a todos os pedidos de intercâmbio e interface que recebo.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 29.04.2010)
2101) Politica Externa Brasileira: limites e possibilidades
Por Luiz Feldman
Valor Econômico, 27/04/2010
Uma afirmação clássica é de que o Brasil não possui excedentes de poder para atuar.
A recente relevância internacional do país tem motivado reflexão da sociedade brasileira sobre sua imagem A maior relevância do Brasil no plano internacional tem suscitado, nos últimos anos, um debate público cada vez mais amplo a respeito dos erros e dos acertos de sua política externa. As análises do desempenho diplomático do país não dispõem, todavia, de um critério inconteste que se sobreponha aos demais. Esse democrático exercício de avaliação é conformado, na verdade, por uma rica pluralidade de opiniões, que oferece ao espectador diferentes perspectivas sobre o interesse nacional.
É oportuno, nesse contexto, mapear as críticas às relações exteriores no governo Lula, administrador de turno dessa nova importância do Brasil no cenário mundial. Compreendê-las ajuda a identificar alguns dos desafios a serem enfrentados pelos futuros programas de política externa no Brasil.
Três vertentes críticas podem ser delineadas. Elas referem-se ora aos limites materiais da projeção exterior do país, ora aos morais, ora a ambos.
A primeira delas, evocada na recente incursão presidencial em temas de alta política no Oriente Médio, diz respeito à clássica afirmação de que o Brasil não possui excedentes de poder. Questiona-se a eficácia do instrumental diplomático brasileiro, que seria materialmente incapaz de alterar a conduta dos atores envolvidos nos conflitos que pretende mediar. O país deveria, argumenta-se, utilizar de modo mais criterioso o capital político (soft power) de que dispõe.
Essa visão, embora censurando um voluntarismo exagerado, é congruente com o discurso oficial de que, justamente por não ser uma potência militar, a contribuição do Brasil estaria na exemplaridade de seus métodos racionais para o equacionamento de conflitos. No entanto, corre paralelo a esse raciocínio pacifista outro tipo de crítica, segundo a qual o país deveria fazer sentir o poderio que já detém ao menos em seu entorno regional, onde empresas brasileiras estariam operando sob hostilidade e sem uma retaguarda diplomática firme. Para além da reversão das assimetrias estruturais em sua
vizinhança, o desafio para o Brasil, que tem um interesse estratégico em uma ordem global regulada pelo direito internacional, reside em assegurar que esse eventual método da robustez (se e quando necessário em alguma de suas arenas de negociação) seja coerente com o da racionalidade.
A segunda vertente, notabilizada pelas polêmicas acerca das relações com Cuba, Honduras e Irã, diz respeito ao diagnóstico de imoral ideologização da diplomacia brasileira. Em alguns casos, a busca de vantagens de ocasião ou de afinidades valorativas junto a regimes autoritários silenciaria a condenação de violações de direitos humanos por eles cometidas. Em outros, a conveniência recomendaria tomar o partido de aliados de esquerda na vida política interna de países amigos. Por um lado, a identidade democrática do Brasil seria manchada; por outro, o princípio de não-intervenção seria desrespeitado.
O chamado por uma advocacia mais clara dos direitos civis e políticos em outros países é pertinente em vista do princípio de prevalência dos direitos humanos, inscrito no art. 4º da Constituição Federal de 1988. A justa reivindicação de que a diplomacia projete valores caros à sociedade brasileira encerra, entretanto, um dilema. Embora a forma democrática de governo do Brasil possa ter um bem-sucedido efeito demonstração na América Latina, assumir essa irradiação democrática como causa política poderia implicar, como já se aventou, fazer do Brasil um fiscal do Estado de Direito na região, o que tornaria necessário ponderar o (igualmente constitucional) princípio da
não-intervenção.
A terceira vertente, que tem sido enunciada em artigos de opinião em língua inglesa, diz respeito aos parâmetros para que o Brasil se qualifique como uma potência responsável. O argumento, assentado no receio de que maiores excedentes de poder dêem alcance e repercussão mundiais a um comportamento autônomo imoral do país, distingue-se da crítica anterior à medida que seu parâmetro de sensatez para a diplomacia brasileira se torna a compatibilidade desta com os interesses globais das potências do Atlântico Norte.
A insinuação de que o Brasil corre o risco de se tornar um pária internacional é descabida. Como se sabe, a política externa da Nova República tem priorizado a credibilidade, pela adesão à ordem político-econômica ocidental.
A bem dizer, recorrendo a Machado de Assis, o que se coloca para as potências emergentes é a liberdade para teimar pela reforma da ordem global e pela redefinição da própria ideia de conduta responsável. De um lado, trata-se da redistribuição do poder decisório em foros internacionais, caso da Organização das Nações Unidas e das instituições de Bretton Woods. De outro, trata-se da construção de novas agendas e da legitimação de velhos direitos na governança global. Pense-se, por exemplo, na criação de um quadro legal que regule as migrações internacionais (dificultada pelas reservas dos países receptores de população, mas justificada pelo imperativo de proteção de nacionais no exterior), e no domínio pleno dos usos pacíficos da energia nuclear (defendido de forma coerente com a obrigação de não desenvolver artefatos atômicos, apesar das reticências das potências centrais).
O aumento da relevância internacional do país em tempos recentes tem motivado reflexão na sociedade brasileira sobre sua imagem. Como observa oprofessor Hans U. Gumbrecht, a própria ideia de um duplo perfil externo do Brasil - ora Terceiro, ora Primeiro Mundo - pode vir a ser colocada em cheque, onde sirva para justificar complacência com as mazelas internas. Isso ilustra a importância do debate público sobre o status do Brasil no mundo, que ao esclarecer as potencialidades do país no cenário internacional mas também os limites inerentes à sua projeção, ajuda a delinear os caminhos que a política externa trilhará na busca do sempre fugidio equilíbrio entre seus vários pesos
e suas muitas medidas.
Luiz Feldman é mestre em Relações Internacionais pela PUC/Rio.
2100) Comeco do fim da Al Qaeda?
Isto não quer dizer que a evolução tenha acontecido no terreno de quem "manipula" ideias, ou seja, os clerigos e autoridades religiosas islâmicas, que NUNCA fizeram o seu dever de condenar, explicitamente, esses atentados bárbaros que matam mais civis inocentes do que os supostos inimigos do Islam.
Não, é a população que deixa de seguir essa ideologia terrorista e suicida, mas instintivamente, não que ela tenha sido instruida a fazê-lo por esses clérigos idiotas.
The Almanac of Al Qaeda
FP's definitive guide to what's left of the terrorist group.
BY PETER BERGEN, KATHERINE TIEDEMANN
Foreign Policy, MAY/JUNE 2010
In December 2007, al Qaeda's No. 2, Ayman al-Zawahiri, made a little-noticed nod to the fact that his organization's popularity was taking a nosedive: He solicited questions from jihadi forum participants in an online question-and-answer session. It looked like a rather desperate gambit to win back al Qaeda’s dwindling support. And it was. Since the September 11 attacks, the terrorist organization and its affiliates had killed thousands of Muslims -- countless in Iraq, and hundreds more in Afghanistan and Pakistan that year alone. For a group claiming to defend the Islamic ummah, these massacres had dealt a devastating blow to its credibility. The faithful, Zawahiri knew, were losing faith in al Qaeda.
Zawahiri's Web session did not go well. Asked how he could justify killing Muslim civilians, he answered defensively in dense, arcane passages that referred readers to other dense, arcane statements he had already made about the matter. A typical question came from geography teacher Mudarris Jughrafiya, who asked: "Excuse me, Mr. Zawahiri, but who is it who is killing with your excellency's blessing the innocents in Baghdad, Morocco, and Algeria? Do you consider the killing of women and children to be jihad?"
Like a snake backed into a corner, however, a weakened al Qaeda isn’t necessarily less dangerous. In the first comprehensive look of its kind, Foreign Policy offers the Almanac of Al Qaeda, a detailed accounting of how al Qaeda's ranks, methods, and strategy have changed over the last decade and how they might evolve from here. What emerges is a picture of a terrorist vanguard that is losing the war of ideas in the Islamic world, even as its violent attacks have grown in frequency.
It's not because the United States is winning -- most Muslims still have extremely negative attitudes toward the United States because of its wars in the Muslim world and history of abuses of detainees. It's because Muslims have largely turned against Osama bin Laden's dark ideology. Favorable ratings of the terrorist leader and the suicide bombings he advocates fell by half in the two most-populous Islamic countries, Indonesia and Pakistan, between 2002 and 2009. In Iraq, Abu Musab al-Zarqawi's ruthless campaign of sectarian violence obliterated the support al Qaeda had enjoyed there, deeply damaging its brand across the Arab world.
The jihad has also dramatically failed to achieve its central aims. Bin Laden's primary goal has always been regime change in the Middle East, sweeping away the governments from Cairo to Riyadh with Taliban-style rule. He wants Western troops and influence out of the region and thinks that attacking the "far enemy," the United States, will cause U.S.-backed Arab regimes -- the "near enemy" -- to crumble. For all his leadership skills and charisma, however, bin Laden has accomplished the opposite of what he intended. Nearly a decade after the 9/11 attacks, his last remaining safe havens in the Hindu Kush are under attack, and U.S. soldiers patrol the streets of Kandahar and Baghdad.
If this looks like victory in the so-called war on terror, it is an incomplete one. The jihadi militants led by bin Laden have proved surprisingly resilient, and al Qaeda continues to pose a substantial threat to Western interests overseas. It could still pull off an attack that would kill hundreds, as the most recent plot to bring down Northwest Airlines Flight 253 on Christmas Day 2009 attests. We know from history that small, determined groups can sustain their bloody work for years with virtually no public support. Al Qaeda's leaders certainly think that their epic struggle against the West in defense of true Islam will last for generations. -- Peter Bergen
2099) Ceci n'est pas une pipe / Isto nao é um cachimbo...
& ainda s/ verdades
E ainda sobre as verdades que muito agradecíamos que os nossos governantes (lato senso) não descurassem.
Em Janeiro, éramos todos mais ou menos iguais, com excepção da Espanha, um pouco a destoar, negativamente. Dinheiro muito democrático. Depois houve o Orçamento do Estado. Depois, houve o PEC. Lá pelo fim de Março, já tínhamos (os nossos bancos) descolado há algum tempo, quando deixámos finalmente a Espanha para trás. Aí por volta de 10 de Abril, o risco associado aos bancos portugueses picou. Como picou o risco da dívida soberana nas últimas semanas. Como de costume, as agências de rating reagem tarde. Ontem, uma delas, desceu o rating soberano e dos bancos. É falso que «as agências de rating» tenham desencadeado um «ataque». Foram atrás dos mercados.
O Governo assistiu impávido a tudo. E os outros actores políticos também. Temo bem que a reacção que esteja a ser pensada seja totalmente inútil. Porquê? Por isto. Mas a verdade não conhece regras de cortesia. E não espera por convite, para nos entrar casa adentro.
Publicada por Jorge Costa em 17:01 1 comentários
Em outro post também cruel, nossos amigo do cachimbo trazem este gráfico eloquente da revista Economist:
Não é preciso comentário nenhum...
2098) Alguns trabalhos mais recentes publicados - PRAlmeida
964. “Duas tradições no campo da filosofia social: liberalismo e marxismo”
Ordem Livre (26.04.2010; Volta ao mundo em 25 ensaios: 9). Relação de Originais n. 2082.
963. “Os dez mandamentos de um novo profeta”
Via Política (19.04.2010).Relação de Originais n. 2132.
962. “Políticas econômicas nacionais estão convergindo?”
Portal de economia do IG (13.04.2010). Relação de Originais n. 2075.
961. “Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?”
Ordem Livre (12.04.2010; da série Volta ao mundo em 25 ensaios, n. 8). Relação de Originais n. 2081.
960. “Elogio da burguesia (com uma deixa para a aristocracia também)”
Via Política (12.04.2010).
Reproduzido no site Dom Total (22.04.2010). Relação de Originais n. 2127.
959. “A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo”
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 107, abril 2010, p. 143-148; ISSN: 1519-6186). Relação de Originais n. 2116.
958. “Guerra e paz no contexto internacional: progressos em vista?”
Ordem Livre (29.03.2010; da série Volta ao mundo em 25 ensaios n. 7). Relação de Originais n. 2080.
2097) MEC podera rebaixar universidades federais
Paulo Roberto de Almeida
MEC PODERÁ "REBAIXAR" UNIVERSIDADES FEDERAIS
Antonio Gois
Folha de São Paulo, 26/04/2010
Proposta que será votada em maio, com o apoio do ministério, prevê que instituições sejam avaliadas pela primeira vez. Para se manter universidade, o que dá maior autonomia, instituição tem de investir em pesquisa; hoje, 15% das federais estão fora da regra.
As universidades federais, pela primeira vez, terão que cumprir metas de qualidade para manterem o título ou poderão ser rebaixadas a centros universitários e ter menor autonomia para abrir cursos, por exemplo. O título de universidade dá liberdade para a instituição se expandir, mas exige dela investimentos em pesquisa como contrapartida. As mudanças constam de resolução que será votada em maio pelo Conselho Nacional de Educação. Há consenso sobre a inclusão das federais no sistema de credenciamento e a exigência, para as atuais universidades, de manterem ao menos três programas de mestrado e um de doutorado. No setor privado, muitas universidades ostentam esse título sem cumprir exigências em vigor, como ter 1/3 dos docentes atuando em dedicação exclusiva -45% desrespeitam essa exigência, segundo o Censo da Educação Superior 2008 (último disponível). O MEC diz que começou a cobrar essas instituições e que pode puni-las.
No caso das novas exigências da resolução que será votada pelo CNE, estudo feito pelo conselheiro Edson Nunes com base em dados da Capes (órgão do MEC) mostra que 59% das particulares e 15% das federais não se enquadrariam hoje na regra de ter ao menos um doutorado e três mestrados. Já em relação às federais, a nova resolução quer limitar a prática de criar instituições e chamá-las de universidades sem que estejam preparadas para isso. A prática foi utilizada por vários governos. No de Lula, das 13 universidades criadas, seis hoje não cumprem a determinação de ter ao menos um doutorado e três mestrados. A resolução faz uma diferenciação entre as universidades já existentes e as que ainda buscam obter este título. Para as novas, a exigência inicial será maior: dois doutorados e quatro mestrados. Entre as já existentes, será dado um prazo, ainda não estipulado, para se adequar a todas as normas.
As novas regras deixarão de fora as universidades estaduais, que respondem a conselhos estaduais de educação, e não ao nacional. Metade delas, segundo Nunes, hoje não estaria adequada às exigências de um doutorado e três mestrados. Mesmo com a resolução, ainda segundo o conselheiro, continuará havendo discrepância entre as universidades no país, sem haver diferenciação das instituições intensivas em pesquisa daquelas cuja prioridade é o ensino de graduação. IRREGULARES: 59% - das universidades particulares não têm mínimo exigido de um doutorado e três mestrados. 15% - é o percentual com esse mesmo tipo de irregularidade entre as instituições federais.
2096) Um dialogo sobre a (nao) democracia no Brasil
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE
On Mar 23, 2010, at 12:05 AM, Jxxxxx (...) Rxxxxxx wrote:
Nome: Jxxxxx (...) Rxxxxxx
Cidade: Brasília
Estado: DF
Email: xxxxxxxxxxxxx@hotmail.com
Assunto: Opiniao
Mensagem: Estive presente em sua palestra na UnB, sou calouro de Xxxxxx e não me considerei apto para embarcar em um debate público com o senhor, por isso venho confrontar sua opinião através da internet!
Em primeiro lugar gostaria de dizer que concordo de sua constatação sobre a inexistência de uma direita clássica o Brasil, mas me atrevo a expandir esse horizonte dizendo que não há na política brasileira caráter ou fidelidade partidária suficiente para que exista qualquer orientação seja ela fascista, marxista, liberalista ou qualquer outra! Existem claro aqueles partidos extremo esquerdistas que são fiéis às suas crenças, entretanto tem uma representação tão ífia que pode ser desconsiderada!
Gostaria de expor minha opinião quanto a erosão da democracia. Para mim a democracia é erodida desde suas bases a não ser que ela seja direta, pois: a representatividade nunca é fiel! E a falta de uma educação cidadã torna impossível que as classes menos abastadas formem uma opinião consistente o suficiente para uma fiscalização pertinente!
Visto que é completamente inviável uma democracia direta nos dias atuais (a não ser em alguns cantões suíços) penso ser correto dizer que a democracia é uma forma de organização política fadada ao fracasso!
Obrigado pela atenção às minhas opiniões, gostei muito de sua palestra e reitero que não me considero ainda preparado para debater com o senhor de forma equivalente!
============
Ele se referia a esta palestra, que foi transformada em artigo e publicada desta forma:
“A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo”
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 107, abril 2010, p. 143-148; ISSN: 1519-6186).
Minha resposta a ele, um tanto apressada, segue abaixo (sem acentos, como sempre escrevo na internet):
Meu caro Jxxxxxxx,
Grato pela sua mensagem e pela atencao a minha palestra (transformada em artigo e publicada na Espaco Academico).
Devo dizer que voce poderia, em qualquer hipotese, debater comigo na palestra, pois sempre seria uma questao intrigante, como essa que voce me colocou, o que teria beneficiado outras pessoas tambem interessadas no mesmo tema.
Concordo quase inteiramente com voce, com as seguintes ressalvas.
Direita classica, ideologica e consistente, tambem acho dificil de haver no Brasil.
Os liberais -- QUE NAO SAO DE DIREITA, DIGA-SE DE PASSAGEM, MAS REFORMISTAS -- tampouco terao muita chance nos anos, e talvez decadas, a frente.
Sobram os sociais democratas -- debeis em materia ideologica ou conceitual -- e os marxistas, de todos os matizes, que a despeito de serem tambem totalmente inconsistentes no plano da formulacao teorica, tem, sim, muito mais sucesso e atuacao efetiva do que todos os outros. Eu vejo toda a nebulosa estatista-socialista como de muito sucesso no Brasil, por mais que o pais e a economia sejam capitalistas, a extracao de recursos por parte do Estado faz parte dessa nebulosa, da qual participam tambem os social-democratas.
O Brasil, infelizmente (porque isso atrasa a prosperidade economica e o bem-estar dos mais pobres) nao é um pais capitalista progressista, e sim um pais estatizante-regressista, anti-reformista, corporativista e sindicalizado. Pagaremos um preco por isso, tenha certeza disso, como alias ja estamos pagando, sob a forma de menor crescimento, mais corrupcao, mais desperdicio de recursos, mais mediocridade geral do pais.
A democracia está sempre sob ataques num sistema como esse, e a democracia direta, como voce registra, é uma ilusao.
Mas, numa fase avancada da educacao geral da populacao, da educacao politica, é possivel sim pensar em democracia direta, quando toda a populacao estiver conectada pela internet.
Isso deve ocorrer antes nos paises escandinavos, em cidades-estados como Cingapura (em Hong Kong, se a China nao atrapalhar), na Coreia, no Japao e depois nos EUA (depois de varios paises europeus). Os EUA sao muito abertos a "imigracao selvagem" para se tornarem uma democracia aborrecida, mas funcional, como os escandinavos e semelhantes.
Nos, estamos a anos-luz dessa perspectiva, e arrastaremos durante decadas politicos mediocres e ladroes que vao continuar estatizando (e atrasando) o pais.
Infelizmente as coisas sao assim.
Um Brasil saudavel, democratico, progressista, talvez seja para os seus filhos ou netos, nao para nos...
O abraco do
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Paulo Roberto Almeida
Shanghai - China
(28.04.2010)
2095) Massacre de Katyn: uma grande mentira (e um grande crime) finalmente revelados
A Rússia encontra sua verdadeira história, alguns de seus demônios mais terriveis: a sanha cruel e assassina do ditador Stalin e seus sabujos amestrados.
Muita coisa ainda precisa ser revelada, inclusive desmantelando as últimas restrições morais ao papel terrorista de Lênin.
Paulo Roberto de Almeida
Russia publishes Katyn massacre archives
BBC news, 28 April 2010
Grab of letter from Russian state archives
A letter from Soviet secret police chief Beria was among the files published
Russia has published online once-secret files on the 1940 Katyn massacre, in which some 22,000 members of the Polish elite were killed by Soviet forces.
The state archive said the "Packet No. 1" original files had until now only been available to researchers.
The Soviet Union denied its role in the massacre for decades.
But relations between Russia and Poland have warmed since the Polish president and others were killed in a plane crash on their way to a Katyn commemoration.
The six documents that were published on the state archive website were declassified in 1992 on the order of the then-Russian president, Boris Yeltsin.
Current President Dmitry Medvedev had now ordered their publication online, the state archive said.
'Symbolic gesture'
One of the documents is a 5 March, 1940 letter from the then-head of the Soviet secret police or NKVD, Lavrenty Beria, to Soviet leader Joseph Stalin, recommending the execution of Polish prisoners of war.
Beria refers to them as "steadfast, incorrigible enemies of Soviet power".
"Each of them is just waiting for liberation so as to actively join the struggle against Soviet power," it says.
The letter bears Stalin's signature in blue pencil, with the comment "In favour".
Given that historians have already had access to the files for some time, correspondents say the decision to put them on the state archive website is likely to be seen as a symbolic gesture, rather than shedding new light on what happened at Katyn.
"We on the Russian side are showing absolute openness in telling what happened in Katyn and other places with Polish prisoners of war," Russian state archive chief Andrei Artyzov was quoted as saying by Russian news agencies.
"All the basic documents about these events have been published."
Among the files that remain secret are documents relating to a Russian investigation into the massacre that began in the 1990s.
Russian human rights campaigners have appealed for those documents to be declassified.
Joint commemoration
Poland has repeatedly demanded that Russia open all its files on Katyn, and the issue has soured relations between the two countries in the past.
Recently though, tension over Katyn has eased.
Russian Prime Minister Vladimir Putin (r) walks with Poland"s Prime Minister Donald Tusk at the memorial museum to the Katyn massacre, 7 April 2010
Russian and Polish leaders marked Katyn together for the first time in April
Earlier this month leaders from both states marked the massacre together for the first time, in a joint ceremony attended by Russian Prime Minister Vladimir Putin and his Polish counterpart Donald Tusk.
It was the first Russian ceremony to commemorate Katyn.
Days later, Polish President Lech Kaczynski and more than 90 others were killed when their plane crashed as it was trying to land in western Russia ahead of a separate event to mark the killings.
Moscow's handling of the aftermath of the crash was well received by Poles.
The April 1940 killings were carried out by the NKVD on Stalin's orders.
Members of the Polish elite, including officers, politicians and artists, were shot in the back of the head and their bodies dumped in mass graves.
The killings took place at various sites, but the western Russian forest of Katyn has become their chief symbol.
The Soviet Union blamed the massacre on Nazi Germany before acknowledging responsibility in 1990.
One of the documents now posted online was a March 1959 letter marked "Top Secret" from the former head of the KGB, Alexander Shelepin, to then-Soviet leader Nikita Khrushchev, proposing that all dossiers concerning the Katyn killings be destroyed.
He said the authorities should just keep a few documents - the minutes of meetings of the NKVD troika that condemned the prisoners and some papers on the fulfilment of the troika's instructions.
Shelepin wrote that the official Soviet version - that Nazi Germany had carried out the killings - had been "firmly implanted in international opinion".
ANALYSIS
Adam Easton, BBC News, Warsaw
The publication of the Katyn documents on Russia's state archive website has been warmly welcomed by Polish authorities.
"It's yet another symbolic step testifying to the fact that we are witnessing an obvious change in the Russian attitude and handling of the Katyn issue," Polish foreign ministry spokesman Piotr Paszkowski told the BBC.
Polish historians said the Russian president's decision was an attempt to end persistent speculation in Russia that the massacre was in fact committed by Nazi Germany. German troops uncovered the first mass grave in Katyn in 1943.
It's certainly another gesture from the Russian authorities which began in earnest with Vladimir Putin's invitation to his Polish counterpart, Donald Tusk, to jointly commemorate the massacre for the first time earlier this month. The plane crash which killed the Polish president, Lech Kaczynski, three days later has accelerated that process.
Excerpts: Beria letter to Stalin
The state archive shows a March 1940 letter to Stalin from his secret police chief Beria ordering the killings
Russia's state archive has published formerly top secret Soviet-era documents on the April 1940 Katyn massacre on its website.
They include a key letter to then Soviet leader Joseph Stalin from secret police (NKVD) chief Lavrenty Beria, dated 5 March 1940 and marked "Top Secret".
Some 22,000 members of the Polish elite were killed by Soviet forces, and for decades the USSR claimed that it was the work of Nazi Germany. Russia gave the documents to Poland in 1992.
Here are excerpts from the Beria letter:
"To Comrade Stalin:
In prisoner-of-war camps run by the USSR NKVD and in prisons in western Ukraine and Belorussia there is currently a large number of former Polish army officers, former officials of the Polish police and intelligence services, members of Polish nationalist counter-revolutionary parties, members of unmasked rebel counter-revolutionary organisations, defectors and others. They are all sworn enemies of Soviet power, filled with hatred towards the Soviet system.
The POW officers and police in the camps are trying to continue counter-revolutionary work and are engaged in anti-Soviet agitation. Each of them is just waiting for liberation so as to actively join the struggle against Soviet power….
In total in the prisoner-of-war camps (not counting soldiers and non-commissioned officers) there are 14,736 former officers, government officials, landowners, policemen, military police, jailers, settlers and spies. More than 97% are of Polish nationality…
In total the prisons of western Ukraine and Belorussia contain 18,632 detainees (of whom 10,685 are Poles)...
Based on the fact that all of them are steadfast incorrigible enemies of Soviet power, the USSR NKVD deems it essential:
I. To propose that the USSR NKVD: [underlined - ed]
Give special consideration to
1) the cases of 14,700 people remaining in the prisoner-of-war camps - former Polish army officers, government officials, landowners, policemen, intelligence agents, military policemen, settlers and jailers,
2) and also the cases of those arrested and remaining in prisons in the western districts of Ukraine and Belorussia, totalling 11,000 - members of various counter-revolutionary spy and sabotage organisations, former landowners, factory owners, former Polish army officers, government officials and defectors -
Imposing on them the sentence of capital punishment - execution by shooting.
II. The cases are to be handled without the convicts being summoned and without revealing the charges; with no statements concerning the conclusion of the investigation and the bills of indictment given to them…."
[The letter is signed "L. Beria" in blue pencil, under the title USSR People's Commissar for Internal Affairs.
The first page of the letter bears the word Za - "in favour" - scrawled in blue pencil with the signatures of then Soviet leader Joseph Stalin and of Politburo members K. Voroshilov and A. Mikoyan, along with V. Molotov in ordinary pencil. In the margin are the names Kalinin and Kaganovich - also aides to Stalin - added in blue ink, and also with the word za.]
2094) Coloquio do Instituto Millenium (infelizmente, pago)
Em todo caso, fica a informação:
4o. Colóquio do Instituto Millenium
É com muito prazer que enviamos o convite para o 4o. Colóquio do Instituto Millenium.
O evento será realizado no dia 04 de maio, das 08h30mim às 13h30min, no Hotel Marina Palace, Leblon, Rio de Janeiro.
Instituto Millenium
Praça Floriano, 55 / sala 1001, Centro-RJ
Cep: 20031-050
Tels.: (21) 2220-4466 / (21) 2220-4687
(21) 3472-6474
secretaria@institutomillenium.org
http://www.imil.org.br/
2093) Ultimas noticias do Paraiso (via Agencia Piaui...)
Lula negociará o fim do pecado original
Da revista Piauí. Certamente um plágio que meus leitores compreenderão - e me perdoarão por ele:
PARAÍSO – Depois da bem sucedida missão ao Oriente Médio, onde conseguiu estabelecer uma paz duradoura entre judeus e palestinos, Lula declarou que intercederá junto a Deus Pai para que Ele nos perdoe de uma vez por todas pelo pecado original.
A caminho da Espanha, onde pretende resolver a questão basca, Lula disse que é preciso chamar o Misericordioso para o diálogo. “Chega de tratar o Supremo Arquiteto como um ente distante e poderoso. Durante muito tempo vivemos com esse complexo de vira-lata em relação a Ele. Está na hora de acabar com isso e conversar de homem para Deus”, disse Lula, enquanto negociava um acordo entre os armênios e os turcos.
Segundo os termos da proposta, em troca do perdão o Verbo Encarnado receberá três bolsas-família pelo resto da eternidade. “Não faz sentido a gente discutir se é verdade ou não essa história da Santíssima Trindade. Perdoou, recebeu por três”, explicou o presidente. Lula deixou claro que não negociará com o Arcanjo Gabriel nem com São Pedro, como sugeriram algumas agências de notícia. “Só falo com o Bem Absoluto. É uma questão de protocolo.”
Para o presidente, o Arcanjo Gabriel não passa de um sub do sub, e São Pedro, apesar de simpático, no fundo seria apenas um porteiro qualificado. “Não tenho tempo a perder”, explicou Lula, que até o fim da tarde pretende anunciar um armistício entre Suzana Vieira e todos os seus ex-maridos. Aproveitando a ocasião, a ministra Dilma Rousseff confirmou que proporá a criação de uma estatal para explorar o mel e o maná que emanam do céu.
Rousseff acrescentou que não procedem as notícias de que José Dirceu fará a indicação do diretor responsável pelo fundo de pensão da nova empresa.
Em notícia paralela, após longas conversas com a serpente, o assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia concluiu que o réptil não passa de uma vítima da imprensa burguesa.
2092) Quando o inimigo é um... PowerPoint
Pode-se legitimamente perguntar quando os militares americanos vão sair de seus ambientes protegidos para tratar do real world...
We Have Met the Enemy and He Is PowerPoint
A PowerPoint diagram meant to portray the complexity of American strategy in Afghanistan certainly succeeded in that aim.
By ELISABETH BUMILLER
The Washington Post, April 26, 2010
WASHINGTON — Gen. Stanley A. McChrystal, the leader of American and NATO forces in Afghanistan, was shown a PowerPoint slide in Kabul last summer that was meant to portray the complexity of American military strategy, but looked more like a bowl of spaghetti.
“When we understand that slide, we’ll have won the war,” General McChrystal dryly remarked, one of his advisers recalled, as the room erupted in laughter.
The slide has since bounced around the Internet as an example of a military tool that has spun out of control. Like an insurgency, PowerPoint has crept into the daily lives of military commanders and reached the level of near obsession. The amount of time expended on PowerPoint, the Microsoft presentation program of computer-generated charts, graphs and bullet points, has made it a running joke in the Pentagon and in Iraq and Afghanistan.
“PowerPoint makes us stupid,” Gen. James N. Mattis of the Marine Corps, the Joint Forces commander, said this month at a military conference in North Carolina. (He spoke without PowerPoint.) Brig. Gen. H. R. McMaster, who banned PowerPoint presentations when he led the successful effort to secure the northern Iraqi city of Tal Afar in 2005, followed up at the same conference by likening PowerPoint to an internal threat.
“It’s dangerous because it can create the illusion of understanding and the illusion of control,” General McMaster said in a telephone interview afterward. “Some problems in the world are not bullet-izable.”
In General McMaster’s view, PowerPoint’s worst offense is not a chart like the spaghetti graphic, which was first uncovered by NBC’s Richard Engel, but rigid lists of bullet points (in, say, a presentation on a conflict’s causes) that take no account of interconnected political, economic and ethnic forces. “If you divorce war from all of that, it becomes a targeting exercise,” General McMaster said.
Commanders say that behind all the PowerPoint jokes are serious concerns that the program stifles discussion, critical thinking and thoughtful decision-making. Not least, it ties up junior officers — referred to as PowerPoint Rangers — in the daily preparation of slides, be it for a Joint Staff meeting in Washington or for a platoon leader’s pre-mission combat briefing in a remote pocket of Afghanistan.
Last year when a military Web site, Company Command, asked an Army platoon leader in Iraq, Lt. Sam Nuxoll, how he spent most of his time, he responded, “Making PowerPoint slides.” When pressed, he said he was serious.
“I have to make a storyboard complete with digital pictures, diagrams and text summaries on just about anything that happens,” Lieutenant Nuxoll told the Web site. “Conduct a key leader engagement? Make a storyboard. Award a microgrant? Make a storyboard.”
Despite such tales, “death by PowerPoint,” the phrase used to described the numbing sensation that accompanies a 30-slide briefing, seems here to stay. The program, which first went on sale in 1987 and was acquired by Microsoft soon afterward, is deeply embedded in a military culture that has come to rely on PowerPoint’s hierarchical ordering of a confused world.
“There’s a lot of PowerPoint backlash, but I don’t see it going away anytime soon,” said Capt. Crispin Burke, an Army operations officer at Fort Drum, N.Y., who under the name Starbuck wrote an essay about PowerPoint on the Web site Small Wars Journal that cited Lieutenant Nuxoll’s comment.
In a daytime telephone conversation, he estimated that he spent an hour each day making PowerPoint slides. In an initial e-mail message responding to the request for an interview, he wrote, “I would be free tonight, but unfortunately, I work kind of late (sadly enough, making PPT slides).”
Defense Secretary Robert M. Gates reviews printed-out PowerPoint slides at his morning staff meeting, although he insists on getting them the night before so he can read ahead and cut back the briefing time.
Gen. David H. Petraeus, who oversees the wars in Iraq and Afghanistan and says that sitting through some PowerPoint briefings is “just agony,” nonetheless likes the program for the display of maps and statistics showing trends. He has also conducted more than a few PowerPoint presentations himself.
General McChrystal gets two PowerPoint briefings in Kabul per day, plus three more during the week. General Mattis, despite his dim view of the program, said a third of his briefings are by PowerPoint.
Richard C. Holbrooke, the Obama administration’s special representative for Afghanistan and Pakistan, was given PowerPoint briefings during a trip to Afghanistan last summer at each of three stops — Kandahar, Mazar-i-Sharif and Bagram Air Base. At a fourth stop, Herat, the Italian forces there not only provided Mr. Holbrooke with a PowerPoint briefing, but accompanied it with swelling orchestral music.
President Obama was shown PowerPoint slides, mostly maps and charts, in the White House Situation Room during the Afghan strategy review last fall.
Commanders say that the slides impart less information than a five-page paper can hold, and that they relieve the briefer of the need to polish writing to convey an analytic, persuasive point. Imagine lawyers presenting arguments before the Supreme Court in slides instead of legal briefs.
Captain Burke’s essay in the Small Wars Journal also cited a widely read attack on PowerPoint in Armed Forces Journal last summer by Thomas X. Hammes, a retired Marine colonel, whose title, “Dumb-Dumb Bullets,” underscored criticism of fuzzy bullet points; “accelerate the introduction of new weapons,” for instance, does not actually say who should do so.
No one is suggesting that PowerPoint is to blame for mistakes in the current wars, but the program did become notorious during the prelude to the invasion of Iraq. As recounted in the book “Fiasco” by Thomas E. Ricks (Penguin Press, 2006), Lt. Gen. David D. McKiernan, who led the allied ground forces in the 2003 invasion of Iraq, grew frustrated when he could not get Gen. Tommy R. Franks, the commander at the time of American forces in the Persian Gulf region, to issue orders that stated explicitly how he wanted the invasion conducted, and why. Instead, General Franks just passed on to General McKiernan the vague PowerPoint slides that he had already shown to Donald H. Rumsfeld, the defense secretary at the time.
Senior officers say the program does come in handy when the goal is not imparting information, as in briefings for reporters.
The news media sessions often last 25 minutes, with 5 minutes left at the end for questions from anyone still awake. Those types of PowerPoint presentations, Dr. Hammes said, are known as “hypnotizing chickens.”
Helene Cooper contributed reporting.
2091) Bye bye Mercosul (pelo menos em Sciences Po, Paris...)
De Genebra, 27.04.2010
A cátedra Mercosul, da reputada faculdade Sciences Po, de Paris, vai acabar no dia 1º de julho, depois de 11 anos estudando as relações comerciais entre a Europa-Brasil-Mercosul e questões de segurança e defesa Europa-América do Sul.
Essa cátedra sobre o bloco do Cone Sul, única no mundo, era um ponto incontornável para discutir as relações birregionais. Fez todos os estudos possíveis sobre a negociação de um acordo comercial UE-Mercosul, sempre apontando ganhos significativos para os dois lados, em meio ao impasse na negociação que se arrasta há anos.
O professor Alfredo Valladão, diretor da cátedra, diz que cansou. Conta que passava a maior parte do tempo buscando financiamento para pagar as despesas de pesquisas e seminários, estimados em € 300 mil por ano. A Comissão Europeia e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) contribuíam com regularidade, empresas brasileiras raramente, e a Argentina nunca. "Acho que fizemos um bom trabalho", diz Valladão. "A cátedra ajudou a juntar as pessoas, a criar um ambiente de confiança e de diálogo entre os dois blocos."
Curiosamente, o fim da cátedra ocorre justamente quando o interesse europeu é cada vez mais pronunciado em relação ao Brasil. Certas fontes em Bruxelas estimam que a política da Comissão Europeia é de efetivamente se aproximar mais do Brasil especificamente, evitando causar problemas na relação do país com seus vizinhos.
Valladão confirma que, de seu lado, é cada vez mais solicitado na Europa a falar sobre oportunidades no Brasil, mas não mais sobre o Mercosul ou mesmo a América do Sul. "Há uma consciência no setor privado sobre essa imensa assimetria que existe entre o Brasil e o resto. O Brasil virou a bola da vez e é isso que interessa para os industriais e para o setor financeiro."
Segundo ele, o setor empresarial europeu acha que, mesmo se não houver um acordo estrito com o bloco do Cone Sul, há muitas áreas onde a UE pode se aproximar mais rapidamente do Brasil, incluindo regulação, investimentos e serviços.
Sua constatação também é de que o Mercosul virou muito mais um objetivo político para o Brasil do que propriamente de economia. "Já se chegou ao máximo em termos de intercambio. Discutir cadeias transnacionais é interessante, mas nem os europeus conseguiram chegar a isso", diz.
Ele considera da maior importância para o Brasil manter o Mercosul para uma relação política estável com a Argentina, "porque se tiver uma relação de competição com Buenos Aires, se criará problemas horríveis com a estabilidade da região."(AM)