Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 19 de junho de 2010
O governo censura... o governo (vai entender...)
Enfim, são muitas as hipóteses, e eu não saberia dizer qual é a válida.
O governo (ou Governo?) certamente terá a sua, e assim poderemos dispor, nos próximos dias, de informações completas, verossímeis e sobretudo fiáveis.
Por enquanto, infelizmente, já não temos mais os dados à disposição para consultar.
Tentei várias vezes no site do Ministério do Planejamento, mas até mesmo a explicação para o desaparecimento dos dados tinha desaparecido. Que coisa!
Não seja por isso, transcrevo abaixo duas matérias que tem a ver com:
O caso misterioso dos dados governamentais desaparecidos
Como, por dificuldades de internet, estando num país em que esse acesso é limitado e por vezes muito difícil, não tive acesso aos originais, transcrevo a informação a partir das matérias publicadas no blog do jornalista Reinaldo Azevedo, que faz seus próprios comentários a respeito do assunto, sem que eu necessariamente endosse seus argumentos. Limito-me a transcrever informações. No final, tenho minha própria contribuição ao assunto, na parte que me interessa.
Paulo Roberto de Almeida
Um governo que não anda na educação, na reforma agrária, na infraestrutura… E é o próprio governo quem diz
Reportagem de Ribamar Oliveira, no Valor Econômico de hoje (19.06.2010), dá o que pensar. Parece haver ao menos um grupo lúcido no Ministério do Planejamento, que acredita que o país ainda não atingiu o nirvana. Leiam:
Em portal na internet, o Ministério do Planejamento, resgastando sua função de planejamento e avaliação da gestão, apresenta, pela primeira vez, avaliações críticas das diversas políticas públicas em execução pelo governo federal, junto com um conjunto abrangente de informações sobre temas econômicos, sociais e de infra-estrutura. Entre outras críticas, o portal diz que a política de reforma agrária do governo Luiz Inácio Lula da Silva não alterou a estrutura fundiária do país e nem assegurou, aos assentamentos, assistência técnica, qualificação, infraestrutura, crédito e educação. Afirma que, em futuro próximo, a produção de biodiesel não será economicamente viável e contesta a proposta de reconstrução de uma indústria nacional de defesa voltada para o mercado interno, prevista na Estratégia Nacional de Defesa. A situação é dramática também para a área da Educação, onde os problemas permanecem inalterados, com mudanças imperceptíveis.
O “Portal do Planejamento” levou um ano e meio para ser desenvolvido pela Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI), do Ministério do Planejamento, e possui cerca de três mil páginas, abordando 53 temas. Além de destacar o insucesso da política agrária, o texto do portal informa que essa área do governo está, desde 2007, sem plano de voo e sem metas. O diagnóstico, feito pelo Ministério do Planejamento, afirma que a qualidade dos assentamentos é “muito baixa”.
O Planejamento diz que, apesar dos esforços feitos pelo governo por meio de programas como o Pronera e o Crédito-Instalação, além de ações do programa de Desenvolvimento Sustentável de Projetos de Assentamento, a qualidade de vida das populações assentadas “permanece muitas vezes a mesma que era antes” de elas terem sido assentadas. Outra crítica feita é a de que os programas oficiais não conseguiram elevar a renda dos agricultores mais frágeis, hoje beneficiários de políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Na reflexão sobre a política agrícola, o portal diz que o modelo brasileiro se, por um lado, gerou um agronegócio eficiente e produtivo, por outro contribuiu para criar grande concentração de renda e riqueza que, aliada às restrições impostas pela legislação trabalhista ao meio rural, estimularam o fluxo migratório de trabalhadores para os centros urbanos. Segundo a avaliação, além da concentração de terras, “há no setor agropecuário uma concentração de dívidas”. O problema do endividamento, acrescenta, “permanece sem solução”.
Na avaliação da SPI, embora o Ministério da Agricultura tenha várias iniciativas voltadas para a sustentabilidade ambiental e o BNDES disponibilize linhas de financiamento específicas para a recuperação de áreas degradadas e melhor aproveitamento do solo e da água, “não foi possível identificar como essas iniciativas são monitoradas nem quais são os seus efetivos resultados”. O texto diz que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não definiu uma política de curto ou médio prazo para a formação de um estoque estratégico e regulador de produtos agrícolas.
No setor de infraestrutura, os textos do portal oficial criticam, principalmente, a falta de gestão integrada sobre os diferentes temas. Um exemplo é a falta de articulação entre os ministérios de Minas e Energia, Transportes e Meio Ambiente no uso das bacias hidrográficas.
Ganhou destaque, no trabalho do Planejamento, o capítulo da Educação. Não são registrados avanços significativos nesta área, repetindo-se agora, com pouca nuance, os problemas identificados em 2003. Também ontem, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que reúne empresários e governo, a Educação foi tema central, com indicações de que deve merecer das autoridades investimentos prioritários. A educação básica sofre dos mesmos males que sofria em 2003: dificuldades de acesso, notadamente à educação infantil (creches) e ao ensino médio, baixa qualidade da educação oferecida, alta repetência, ainda uma evasão elevada, além de recrudescimento do antigo problema de defasagem idade-série.
Está baixa a frequência a creches, pois, até os 3 anos, apenas 18,1% das crianças as frequentam. No ensino fundamental, onde a escolaridade é quase universal, a ampla cobertura ainda convive com problemas de evasão (6,9%) e repetência (20,1%). No ensino médio, a frequência líquida está em 50,4%, ou seja, apenas a metade dos jovens na faixa etária apropriada estão na escola.
Os técnicos e gestores do Planejamento deixam claro, no seu amplo estudo, que é baixa a qualidade da educação em todos os níveis, os que concluem os cursos não têm o domínio dos conteúdos e as comparações com indicadores internacionais mostram deficiências graves no Brasil.
O analfabetismo funcional, entre jovens e adultos, está em 21% na PNAD de 2008, uma redução pequena com relação à PNAD de 2003, que era de 24,8%. O número absoluto de analfabetos reduziu-se, no mesmo período, de 14,8 para 14,2 milhões, o que aponta a manutenção do problema.
No capítulo sobre Defesa, embora, em sua conclusão, a análise sobre a Estratégia nacional de Defesa afirme ser “positiva” a tentativa de “mudança de paradigma” nas Forças Armadas e no ministério do setor, com maior controle civil, o documento traz uma crítica severa ao classificar de “altamente custosa” a exigência de dinheiro e pessoal prevista pelos responsáveis pelos planos militares do governo Lula. O documento prevê o possível fracasso, por erro de planejamento e falta de verbas públicas, da política de reconstrução da indústria de defesa. Critica também a criação do serviço militar obrigatório que, segundo os analistas do Planejamento, deveriam ter sido discutidas com a sociedade.
Procurado pelo Valor, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse, por meio da assessoria, que não tomou conhecimento antecipado de todo o conteúdo do portal. O ministério sustenta que o objetivo do portal não é fazer críticas, mas instrumentalizar o debate das políticas públicas. (Colaboraram Rosângela Bittar, Sergio Leo, Cristiano Romero e Danilo Fariello)
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GOVERNO LULA CENSURA PORTAL NA INTERNET QUE TRAZIAM DADOS DO PAÍS REAL, NÃO DAQUELE VENDIDO PELA PROPAGANDA
O decálogo de problemas que segue abaixo poderia se um roteiro utilizado pelos candidatos de oposição José Serra (PSDB) ou Marina Silva (PV). Mas não é — ou NÃO ERA. Ribamar Oliveira, do jornal Valor Econômico, colheu essas avaliações num portal oficial, do próprio governo (ver post de ontem). Antes que prossiga, uma síntese:
1 - a política de reforma agrária do governo Lula não alterou a estrutura fundiária do país nem assegurou aos assentamentos assistência técnica, qualificação, infra-estrutura, crédito e educação;
2 - a qualidade dos assentamentos é baixa;
3 - os programas oficiais não elevam a renda dos agricultores, que ficam dependendo do Bolsa Família;
4 - imposições da legislação trabalhista no campo acabam provocando fluxo migratório para as cidades;
5 - a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não definiu uma política de curto ou médio prazo para a formação de um estoque estratégico e regulador de produtos agrícolas.
6 - em futuro próximo, a produção de biodiesel não será economicamente viável;
7 - a reconstrução de uma indústria nacional de defesa voltada para o mercado interno, prevista na Estratégia Nacional de Defesa, não se justifica;
8 - a educação brasileira avançou muito pouco e apresenta os mesmos índices de 2003 em várias áreas:
9 - é baixa a qualidade da educação em todos os níveis; os que concluem os cursos não têm o domínio dos conteúdos, e as comparações com indicadores internacionais mostram deficiências graves no Brasil;
10 - O analfabetismo funcional, entre jovens e adultos, está em 21% na PNAD de 2008, uma redução pequena com relação à PNAD de 2003, que era de 24,8%. O número absoluto de analfabetos reduziu-se, no mesmo período, de 14,8 para 14,2 milhões, o que aponta a manutenção do problema.
Essas informações todas estavam no “Portal do Planejamento”, criado pela Secretaria de Planejamento e Investimento Estratégico (SPI), tarefa que durou um ano e meio. E QUE SUMIU EM UM DIA. Bastaram uma ordem e um clique. É isto mesmo: o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) mandou tirar o site do ar. Eram cerca de 3 mil páginas abordando 52 temas.
Bernardo justificou assim a censura em entrevista à rádio CBN:
“Vários ministros me ligaram para dizer: ‘Olha, estão fazendo críticas às políticas desenvolvidas pelo meu ministério, mas nós não fomos chamados a discutir’. Ficamos numa posição um pouco delicada de explicar que aquilo não era posição fechada do Planejamento; são técnicos fazendo debate.”
Entendo… o ministro convocou uma reunião para segunda-feira com os responsáveis pelo Portal:
“Me parece que um site para discutir políticas de governo deve ter um nível de acesso para quem é gestor, outro para quem é jornalista e outro para o público em geral”.
Deixe-me adivinhar como seria essa gradação e o produto oferecido a cada um:
- ao gestor, a verdade;
- ao jornalista, uma quase verdade;
- ao público, o de sempre…
Vamos compreender
É evidente que nenhum governo gosta de ser criticado pelo… próprio governo. Não me atrevo a dizer que este ou aquele não agiriam assim. Aliás, acho curioso que um portal dessa importância vá ao ar sem o conhecimento do chefe da pasta. A questão aí não é matéria de gosto, não.
O que o portal revela é que existem dois Brasis: aquele real, conhecido pelos técnicos do governo, que veio a público por um breve instante, e o outro, o de propaganda, este de novas auroras permanentemente anunciadas pelo governo, ancorado numa verba bilionária de propaganda.
Como se nota, Paulo Bernardo acha que é preciso trabalhar com “níveis” de acesso, como se aqueles informações não fossem dados sobre políticas públicas, mas matéria de “segurança nacional”. Informações relevantes, pois, para orientar tais políticas passariam a ser privilégio de uma espécie de casta.
Nunca antes na história destepaiz!!!
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Permito-me, ao final, destacar esta parte, um assunto que foi objeto de dois trabalhos meus, em que eu afirmava exatamente isso:
No capítulo sobre Defesa, embora, em sua conclusão, a análise sobre a Estratégia Nacional de Defesa afirme ser “positiva” a tentativa de “mudança de paradigma” nas Forças Armadas e no ministério do setor, com maior controle civil, o documento traz uma crítica severa ao classificar de “altamente custosa” a exigência de dinheiro e pessoal prevista pelos responsáveis pelos planos militares do governo Lula. O documento prevê o possível fracasso, por erro de planejamento e falta de verbas públicas, da política de reconstrução da indústria de defesa. Critica também a criação do serviço militar obrigatório que, segundo os analistas do Planejamento, deveriam ter sido discutidas com a sociedade.
Meus trabalhos vão citados aqui para quem desejar lê-los na íntegra:
895. “Estratégia Nacional de Defesa: comentários dissidentes”, Mundorama (14.03.2009; link: http://mundorama.net/2009/03/14/estrategia-nacional-de-defesa-comentarios-dissidentes-por-paulo-roberto-de-almeida/). Via Política (23.03.2009; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=92). Relação de Originais n. 1984.
972. “A Arte de NÃO Fazer a Guerra: novos comentários à Estratégia Nacional de Defesa”, Mundorama (1.06.2010; link: http://mundorama.net/2010/06/01/a-arte-de-nao-fazer-a-guerra-novos-comentarios-a-estrategia-nacional-de-defesa-por-paulo-roberto-de-almeida/comment-page-1/#comment-1677). Relação de Originais n. 2066.
No primeiro texto eu escrevia que o "problema [da END] ao tratar do planejamento, produção e utilização de “bens” de defesa, quaisquer que sejam eles, (...) [é] que o elemento básico de ‘edifício securitário e dissuasório’ passou a ser o da autonomia absoluta, quaisquer que sejam os custos explícitos e implícitos – ou seja, o custo-oportunidade, em linguagem econômica – dessas opções fundamentais da estratégia ‘nacional’ de defesa...".
Eu também escrevia, no texto publicado em março de 2009, que "o documento em si [ou seja, a END] não foi feito por economistas, não recebeu uma análise de algum ‘espírito econômico’, nem pretende prestar contas de seus custos econômicos para o país e a sociedade. Simplificando ao extremo – mesmo sob o risco de ver o documento transformado em caricatura dele mesmo – eu diria que o documento é completamente anti-econômico, não apenas por propor uma estratégia grandiosa, inalcançável no plano dos recursos disponíveis, mas sobretudo por propor um caminho de realização dessa estratégia que não leva em conta o princípio básico da escassez de recursos..."
Eu acrescentava que a END não podia ser implementada: "Para que isso ocorra, seria provavelmente necessário mais do que um PIB inteiro – sem que um valor preciso possa ser de fato estimado – para que toda a imensa ambição da END seja integralmente implementada."
Dizia mais adiante: "A outra grande deficiência do documento é o fato de que, mesmo sendo a END hipoteticamente implementável – supondo-se que existissem meios infinitos e nenhum constrangimento orçamentário – ela não teria os efeitos que seus propositores pretendem, ou apenas teria ‘certos’ efeitos, característicos, precisamente, de sua concepção fundamental: soberanista, nacionalista, autonomista no mais alto grau, ignorando não apenas a interdependência econômica contemporânea, como também os propósitos maiores da política externa brasileira, seja em sua dimensão regional, seja em seus objetivos multilaterais e internacionais."
Eu terminava esse primeiro texto com uma espécie de gozação: "uma outra END é possível".
No segundo texto, bem mais extenso, eu dizia que "a END, a despeito de seu nome e de seus nobres objetivos, não é bem uma estratégia e tampouco se destina, em sua conformação atual, à defesa do país. Ela é, no máximo, nacional, aqui com toda a ênfase desejada por seus formuladores e à exclusão de suas outras características mais esdrúxulas...".
Acrecentava em seguida: "Se ela não é nem uma estratégia e muito menos de defesa, ela deveria ser, ao menos, um documento minimamente racional, em torno do qual poderiam ser articulados idéias e argumentos favoráveis e desfavoráveis ao seu espírito e objetivos."
Bem, creio que os interessados poderão ler minhas observações nos links já indicados.
Tenho um outro trabalho, mais recente, que trata apenas de um aspecto da END, mas que ainda está em revisão para ser apresentado:
2151. “A Estratégia Nacional de Defesa e a União das Nações Sul-Americanas: uma integração ilusória, uma dispersão de esforços”, Shanghai, 10 junho 2010, 13 p. Paper a ser apresentado no IV ENABED; 19 e 21 de julho de 2010, UnB; Seção Temática 5: A Comunidade Sul-Americana na Área dos Estudos Estratégicos.
Quando estiver pronto, terei prazer em divulgar...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 19.06.2010)
Aventura iraniana deixa o Brasil longe do CSNU - The Economist
Brazil's foreign policy
An Iranian banana skin
The Economist, June 17th, 2010
Lula has little to show for his Tehran adventure
We won’t bow to pressure
BRASÍLIA - ALTHOUGH Brazil has been a member of the UN Security Council on ten separate occasions since 1946, it had never before voted against a resolution backed by a majority of the council’s members. But on June 9th Brazil and Turkey both opposed further sanctions against Iran. In doing so it was out of step not just with its old allies, the United States and the European powers, but also with its new ones, Russia and China, all of which are worried by Iran’s nuclear programme. Why has the government of Luiz Inácio Lula da Silva stuck its neck out so far for Iran?
The short answer is that Lula, a former trade-union leader, fancies himself as the man who can talk Iran into obeying the world’s nuclear rules, and thinks sanctions will bring that effort to nought. Last month he flew to Tehran for talks with Iran’s president, Mahmoud Ahmadinejad, and Turkey’s prime minister, Recep Tayyip Erdogan. The three countries signed an agreement under which Iran would send to Turkey 1,200kg of its low-enriched (under 5%) uranium stocks; in return it would receive within a year more highly enriched (to 20%) fuel rods for its ageing medical-research reactor. Iran’s leaders also agreed to tell the International Atomic Energy Agency (IAEA) in writing of this plan. “We thought this was a gesture by them, a first demonstration of trust,” says Marco Aurélio Garcia, Lula’s foreign-policy adviser.
But to American and European officials, some of whom have negotiated with Iran for years, it looked as if Lula and his advisers had naively walked into Mr Ahmadinejad’s time-wasting trap. The terms of the deal were superficially similar to one reached under IAEA auspices last October (which Iran walked away from). But now Iran has nearly twice as much low-enriched uranium. And whereas the October deal would have robbed Iran of the excuse to enrich to 20% itself (a lot closer to the 90% needed for a bomb), it has since rushed to do just that. No sooner had Lula left Tehran than Iran’s nuclear chief said that enrichment to both the lower and the higher levels would continue. So America pushed forward with sanctions.
America and Brazil are now fuming at each other. Brazilian officials claim that the Tehran deal was in line with what Barack Obama had suggested to Lula in April, in a letter that they leaked to the local press. The Americans retort that this was just one of many communications with Brazil over the issue and has been plucked out of context. Worse than the Tehran deal itself was the leak and Brazil’s rejection of a Turkish proposal that both countries should have joined Lebanon in abstaining rather than voting against the resolution, according to a senior American official.
Under Lula, Brazil’s foreign policy has become more assertive. The government has recruited some 300 extra diplomats (and plans to add a similar number over the next four years). It has strengthened its ties with other emerging powers such as China, India, Russia and South Africa. Brazil now has more diplomatic missions in Africa than Britain has. Lula’s government has claimed leadership in Latin America more forcefully than its predecessors. And it has played a more active role on global issues such as trade, climate change and regulating the international financial system.
Much of this new assertiveness flows naturally from Brazil’s growing power, which stems from stability, a robust democracy, faster economic growth and successful social policies. It has generally been welcomed by the United States and Europe. But in the past couple of years Lula has taken up some more controversial stances. He has offered uncritical backing to Venezuela’s Hugo Chávez and Cuba’s Castro brothers. And he has struck up a friendship with Mr Ahmadinejad. All this goes down well at home with his Workers’ Party. His opponents detect a streak of anachronistic anti-Americanism.
The attempt to negotiate with Iran is part of “assuming our responsibility to promote peace and security” in the world, says Antonio Patriota, a senior diplomat. But it has given ammunition to the domestic critics of Lula’s foreign policy, who include some prominent retired diplomats (and, they say, many serving ones). “The Iranian adventure is incomprehensible, especially since there are various conflicts closer to us in which we haven’t tried, or haven’t managed, to mediate,” wrote Sérgio Amaral, a former ambassador, in O Estado, a São Paulo newspaper. He worries that Lula has gained nothing and succeeded only in drawing attention to Brazil’s refusal to accept enhanced outside inspection of its own peaceful nuclear programme (it says this would force it to divulge technological secrets, and that it allows Argentina to inspect its facilities freely under a bilateral agreement).
Lula’s adventure in Tehran smacks of the overconfidence of a politician who basks in an approval rating of over 70% and who sees the Iraq war and the financial crisis as having irreparably damaged American power and credibility. But the United States is still Brazil’s second-largest trading partner. Although some American and Brazilian officials are keen to prevent ill-will over Iran from spoiling co-operation in other areas, it nevertheless may do so. The United States Congress may be even less willing to support the elimination of a tariff on Brazil’s sugar-based ethanol, for example.
Lula wants the UN reformed to reflect today’s world, with Brazil gaining a permanent seat on the Security Council. But by choosing to apply his views on how the world should be run to an issue of pressing concern to America and Europe, and in which Brazil has no obvious national interest, Lula may only have lessened the chances that he will get his way.
Piratas Somalis: Holanda condena cinco a cinco anos
Paulo R. Almeida
Dutch court sends 5 to jail for piracy
Shanghai Daily, June 18, 2010
FIVE Somali men were sentenced to prison yesterday in Holland for attacking a Dutch-Antilles-flagged cargo ship with automatic weapons and a rocket-propelled grenade, in the first piracy case to come to trial in Europe in modern times.
The five were convicted of assaulting the Samanyulo in the Gulf of Aden in 2009 - an attack that was thwarted by helicopter-borne Danish marines. Each of the attackers was sentenced to five years in prison.
"Piracy is a serious crime that must be powerfully resisted," said presiding judge Klein Wolterink.
But one of the defendants called the decision unfair.
"Netherlands don't like Muslim people," Sayid Ali Garaar, 39, repeated several times in rough English. "This is not legal."
Other defendants shook their lawyers' hands and waved at reporters as they were escorted out of the courtroom.
The case is a landmark in the fight against the escalating incidents of piracy in the Gulf of Aden and the Indian Ocean.
The high-seas hijackings have persisted despite an international armada deployed by China, the United States, the European Union, NATO, Japan and South Korea.
The pirates have sometimes succeeded in collecting multi-million-dollar ransoms.
Maritime experts say the trial is unlikely to deter the piracy, which brings large amounts of money into the impoverished and lawless coastal region of Somalia.
Prosecutors had asked for seven-year sentences, but Wolterink said he took into account the difficult conditions in Somalia that led the men to piracy.
Nonetheless, he said he was swayed by the fact that the pirates "were only out for their own financial gain and didn't let themselves be troubled about damage or suffering caused to victims."
It was only by "lucky coincidence that nobody was killed or wounded," the judge said.
Other Somali piracy suspects are being held in France, Spain, Germany and the US.
Kenya has convicted 18 pirates since 2007. More than 100 accused await trial there.
Hundreds of pirates have been detained and several have been brought to Europe since the international armada was mobilized, but most have been released at sea because of the cost and difficulty of bringing them to trial.
At their trial last month the men sentenced yesterday denied wrongdoing. Most said they had been fishing and approached the container ship for help when their skiff ran out of fuel and food.
Defense lawyers argued that the Danish sailors who rescued the ship were unable to testify. But the judge cited testimony from the ship's crew that the pirates had approached threateningly.
Venezuela: los guardianes de Chavez
Los guardianes de Chávez
O documentário a seguir foi realizado por "Reporteros 4". O material aborda militarização oficial e paralela do governo Chávez na Venezuela.
http://play.cuatro.com/on-line/#/portada/reporteros-cuatro-rec/ver/los-guardianes-de-chavez
Uma mente independente: Thomas Sowell
Paulo Roberto de Almeida
Daniel J. Mahoney
An Independent Mind
Thomas Sowell’s prodigious intellect has long been at odds with intellectuals.
The City Journal, 18 June 2010
Book:
Thomas Sowell
Intellectuals and Society
(Basic Books, 416 pp., $29.95)
Thomas Sowell occupies a unique place in American intellectual life, at the intersection of economics, social science, and public philosophy, even as he writes a lively syndicated column. He is equally at home discoursing on “Say’s Law” (or the Law of Market) and exposing divisive and counterproductive affirmative-action programs. He is also among this nation’s most prominent black conservatives, which suggests a certain independence of mind and spirit. That independence, along with truly prodigious learning, is amply on display in his latest book.
Intellectuals and Society is something of a summa of Sowell’s concerns over the last 40 years. It builds upon the “informal trilogy”—A Conflict of Visions, The Vision of the Anointed, and The Quest for Cosmic Justice—in which he first examined the conflict between a “constrained” vision of politics and social change and a vision of society by which intellectuals (“the anointed”) seek permanent “solutions” to social and national problems. Modern intellectuals, Sowell writes, have a “vision of themselves as a self-appointed vanguard, leading towards a better world.” Unlike advocates of the more conservative, constrained vision, this intellectual vanguard tends to take the “benefits of civilization for granted.” The “vision of the anointed” lacks respect for the wisdom inherent in experience and common opinion. Its practitioners value abstractions—dreams for a peaceful, egalitarian world where conflicts have been overcome—over the “tacit knowledge” available to the parent, the consumer, the entrepreneur, and the citizen.
Sowell vigorously defends wisdom—practical reason—against an abstract rationalism that values ideas over the experience of actual human beings. Intellectuals, he argues, are particularly suspicious of the ties ordinary men and women feel to family, religion, and country. They look down upon “objective reality and objective criteria” in the social sciences, art, music, and philosophy. Their “systems” tend to be self-referential and lack accountability in the external world.
Not surprisingly, Intellectuals and Society has occasioned some virulently hostile reviews. In The Chronicle of Higher Education, Russell Jacoby mocked what he called Sowell’s “Vince Lombardi Interpretation of Ideas”—judging ideas not by their complexity or novelty, but by how they work in “the field.” Strangely, he criticizes Sowell for dodging difficult contemporary issues such as the financial crisis, though Sowell has written a best-selling book on the subject. At the same time, he accuses Sowell of being “simplistic,” a rhetorical tactic that Sowell himself highlights as a particularly disingenuous way of evading ideological disputes. More distressingly, attempting to ridicule Sowell’s practical focus, Jacoby suggests that both Nazism and Stalinism “worked” for a time, too—as if totalitarianism ever created anything like a viable social order.
Alan Wolfe’s critique at “The Book”—the New Republic’s online review section—is even more lamentable. He addresses none of Sowell’s arguments. He accuses Sowell of ignoring a few thinkers whom he in fact cites. He denounces Sowell as a “joyless mind” whose animating impulse is a “hatred of ideas.” But Sowell’s book is precisely a defense of ideas against ideology. Wolfe thus makes a mockery of the book’s central argument.
Sowell, it’s true, denies being an intellectual, and we must take him at his word. He renews the critique of “literary politics” first limned by Edmund Burke in Reflections on the Revolution in France and Alexis de Tocqueville in The Old Regime and the Revolution. Burke and Tocqueville both observed a new intellectual type: thinkers inebriated by revolution and the dream of a radically new social order, and dismissive of the inherited wisdom of the past. Burke and Tocqueville didn’t hesitate to denounce injustice when they saw it, whether British oppression of Indians and the Irish or chattel slavery in America. But their critiques drew on the best traditions of Western civilization. They avoided the “rationalist” illusion that the world could be created anew. In this spirit, Sowell refuses to judge ideas by their supposed good intentions, but rather by their effects on human beings.
Sowell appreciates that some men of intellect do respect traditional wisdom and resist the temptation to put themselves on a higher plane than the rest of humanity. In his preface, he cites intellectual giants such as Milton Friedman and Aleksandr Solzhenitsyn, both atypical of the thinkers of their time. Like James Q. Wilson, the distinguished criminologist and political scientist whom he admires, Sowell “theorizes” in a way that defends sound practice against bad theory. But he never finds a name for the mixture of modesty, empiricism, anti-utopianism, and respect for the “tacit knowledge” of ordinary people that his book so richly embodies. He acknowledges the need to reconnect intellect with practical reason, but he provides no designation for such prudence. He thus leaves himself vulnerable to the charge that he opposes the intellectual life per se. But only an ideologue could confuse Sowell’s social vision, rooted as it is in ideas and respect for the inherent diversity of human experience, with anti-intellectualism.
The power of Sowell’s book owes to its concreteness. Sowell moves deftly back and forth from empirical evidence to a form of social philosophizing rooted in respect for “unforgiving reality,” a reality “to which we must all adjust, because it is not going to adjust to us.” He has an enviable gift for showing that many of our social problems arise from the differences between “the theories of intellectuals and the realities of the world.” When confronted by these differences, many intellectuals conclude that it’s the world that is “wrong and needs changing.”
Among twentieth-century intellectuals, this tendency often led to a shameless indulgence toward the totalitarianisms of Left and Right. This betrayal of intellectual and political liberty, which Sowell depressingly chronicles, often takes more benign forms—like basing political analysis on clichés that misrepresent reality. Sowell shows, for instance, how debates about income distribution in the United States have been distorted by a preoccupation with statistical categories. Journalists and academics alike endlessly repeat that the rich are getting richer while the poor are getting poorer. What these discussions ignore is that people move with some frequency from category to category over time. Only 5 percent of Americans who were in the bottom quintile of income earners in 1975 were still there in 1991. Only 25 percent of the “super-rich” in 1996 (the top 1/100th of 1 percent of income earners) remained in that category in 2005. Over half of the poor earning at or near the minimum wage are between the ages of 16 and 24. As Sowell wryly notes, “these individuals cannot remain from 16 to 24 years of age indefinitely, though that age category can of course continue indefinitely, providing many intellectuals with data to fit their preconceptions.” Abstract talk about “inequities” in income distribution presupposes a social problem, where strictly speaking one may not exist at all. Sowell’s analysis helps us understand why intellectuals so often call for government to promote economic redistribution. When voters in heartland states such as Kansas resist such calls, intellectuals of a certain stripe predictably accuse them of “false consciousness,” of misunderstanding their “class interest,” and of being fixated on guns and religion.
In a splendid chapter, “Optimal Reality in the Media and the Academy,” Sowell chronicles the willingness of journalists and academics to filter reality in ways that make it much harder to distinguish fact from fiction. Sometimes they simply suppress facts. Sowell discusses the infamous example of the New York Times correspondent Walter Duranty, who expressly denied what he knew to be the truth—that millions of people had died in the Ukraine and southern Russia in the early 1930s as a result of a government-created famine. Thankfully, the English journalist Malcolm Muggeridge exposed Duranty’s deceits in his 1933 novel, Winter in Moscow. Sometimes these intellectuals invent fictitious characters out of whole cloth, as in the do-nothing Herbert Hoover of popular legend or the media transformation of Clarence Thomas, a gregarious and public-spirited man who gives dozens of speeches a year, into a “recluse.” Others are all too ready to believe accusations by the Tawana Brawleys of the world (or the accusers in the Duke lacrosse rape case) when the precious ideological categories of “race” and “gender” are at stake. Sowell asks not for superhuman “neutrality” from journalists, but rather for intellectual honesty and an elementary respect for facts.
The book’s highlight may be the two sizeable chapters that Sowell devotes to “Intellectuals and War.” The progressive intellectuals of the first part of the twentieth century initially welcomed war as a source of social cohesion and as a way of overcoming what they saw as the pernicious individualism of American life. But going from one extreme to the other, these disillusioned Wilsonians converted to pacifism and cosmopolitanism in the interwar period. They heaped invective on anyone who was sensitive to the dangers presented by Adolf Hitler. They found enemies in “war” and “arms races” in the abstract, not specific regimes committed to the destruction of a liberal international order. Patriotism and national honor became suspect for many intellectuals long afterward. Sowell’s treatment of intellectuals and war is marred only by his failure to confront an ideological current at work in some conservative circles over the last decade and a half. The Right’s emphasis on “global democratization” owed more to Wilsonian progressivism than to prudent, tough-minded conservatism. As the historian Michael Burleigh has argued, the view that “it is always 1938” is deeply problematic. But Sowell’s Churchillian realism captures the principled middle ground between pacifist illusion and democratic euphoria.
Even sympathetic readers will not agree with all of Sowell’s judgments. But this learned and thoughtful book demonstrates what its author has in mind when he calls for a humane reintegration of intellect, wisdom, and respect for the stubborn realities that constitute our world.
Daniel J. Mahoney is chair and professor of political science at Assumption College in Worcester, Massachusetts. His latest book, The Conservative Foundations of the Liberal Order: Defending Democracy Against Its Modern Enemies and Immoderate Friends, will be published by ISI Books at the end of 2010.
Sobre as "identidades" culturais brasileiras
Tenho insistido em demonstrar que as explicações culturalistas de Freyre -- certamente importantes no plano histórico, etnológico e antropológico -- têm uma importância limitada ao NORDESTE do Brasil e ao PERIODO COLONIAL, não sendo válidas para o Brasil contemporâneo.
Abaixo o que escrevi a meu comentarista ainda recentemente:
Eu não costumo fazer concessões ao politicamente correto e muito menos ao relativismo cultural.
Se voce quiser uma quantificação impressionista da contribuição das grandes vertentes culturais presentes na formação do Brasil contemporâneo, eu poderia arriscar um palpite.
1) Indios: 0,5%
2) Africanos negros: 5%
3) Levantinos: 10%
4) Asiáticos: 10%
5) Europeus: 74,5%
Repare que escrevi africanos negros, o que seria o equivalente de escravos, mas se trata de um termo inexato. NENHUM AFRICANO escravo veio ao Brasil. Foram trazidos indivíduos negros separados, de dezenas de etnias diferentes, falando diferentes línguas e pertencentes a tradições culturais diversas, como os europeus aliás.
Ocorreu apenas que os europeus vieram voluntariamente, se agruparam e preservaram suas tradições, como aconteceu também com japoneses e com sírios e libaneses. O mesmo não ocorreu com os "africanos" (salvo exceções muito pequenas) por razões muito claras: eles vinham totalmente separados, foram retirados violentamente de suas raizes e portanto puderam transmitir muito pouco de suas tradições.
Se trata de uma tragédia mas essa é a história, que certamente não é isenta de grandes tragédias.
Se você consegue citar apenas a rede de dormir como tradição, reconheça que é muito pouco e muito pobre. Aliás, pobres usam redes, gente remediada compra cama assim que pode. Não me venha com invenções de que se trata de um grande aporte que NÃO É.
Se você dorme numa rede, faça uma pesquisa em seu meio para saber quantos dormem como você: se chegar a 1% será muito.
Os negros influenciaram a música? Talvez, mas apenas quando já aculturados e integrados a tradições musicais europeias, e JAMAIS como música "africana", algo que evidentemente NÃO EXISTE, como não existem povos africanos, apenas povos retirados individualmente e separadamente da Africa. Não sei porque as pessoas tem dificuldades em reconhecer esse tipo de realidade.
Educacao brasileira: a tragedia continua
Repetência e aprendizado
Naercio Menezes Filho
Valor Econômico, 18/6/2010
"Pesquisas mostram que a repetência é prejudicial tanto para os alunos como para a sociedade"
Naercio Menezes Filho é coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP. Artigo publicado no "Valor Econômico":
O Conselho Nacional de Educação está votando nesta semana uma proposta para acabar com a reprovação nos três primeiros anos do ensino fundamental nas escolas públicas brasileiras.
O objetivo é evitar que as crianças sejam punidas com a reprovação antes que elas tenham o tempo necessário para completar a primeira parte do seu aprendizado, principalmente agora que a entrada na escola acontece aos seis anos de idade. Essa proposta faz sentido? Será que o fim da repetência iria diminuir mais a qualidade da educação no Brasil?
A discussão sobre reprovação é antiga. Todos nós já ouvimos alguma história sobre a época em que as escolas públicas eram as melhores no Brasil. Na verdade, era mais fácil ter qualidade quando as escolas públicas atendiam apenas a elite da sociedade brasileira.
Em 1940, havia somente 3,5 milhões de alunos no ensino básico, para uma população de 41 milhões de pessoas, em sua maior parte composta de crianças e jovens. Hoje em dia há cerca de 40 milhões de alunos no ensino básico, para uma população de 190 milhões (uma taxa de 21%, para uma população bem mais velha, versus 8,5% em 1940).
Apesar da entrada maciça de novos alunos com nível sócio-econômico mais baixo, as escolas públicas tentaram manter seu nível de exigência. Isso fez a taxa de repetência aumentar fortemente, chegando a atingir 40% na primeira série. Os novos alunos não conseguiam fazer as provas, eram reprovados e tinham que cursar novamente a série. Muitos desistiam e saiam da escola.
Foi assim que, a partir da década de 80, surgiram os ciclos de progressão continuada, em que os alunos não podem ser reprovados por deficiências de aprendizado nas primeiras séries, apenas por faltas. Como resultado desses programas, a taxa de repetência hoje em dia gira torno de 20%, ainda elevada para os padrões mundiais (na Inglaterra, por exemplo, não existe repetência).
Várias pesquisas mostram que a repetência é prejudicial tanto para os alunos como para a sociedade. Altos índices de repetência fazem com que estados e municípios gastem recursos com alunos que cursam a mesma série por vários anos, ao invés de disponibilizar salas para alunos de ensino infantil e médio, que ainda não estão suficientemente atendidos.
Além disso, um estudo recente* comparou as taxas de abandono e de aprendizado nas escolas que adotam o regime de progressão continuada com relação às que mantém o regime seriado, em que os alunos reprovados são obrigados a repetir a série. O abandono é significativamente menor nas primeiras.
Como resultado desses programas, cerca de 800 mil alunos desistem de abandonar a escola todos os anos. A sociedade agradece, pois fora da escola esses jovens poderiam engajar-se em atividades ilícitas que causariam grandes perdas de bem-estar. Não adianta educar somente a elite.
Apesar desses efeitos positivos, o regime de ciclos é questionado em quase todas as eleições estaduais e municipais. Candidatos atribuem ao regime de ciclos a culpa pela péssima qualidade da educação no seu município e prometem abolir o programa. Pais acreditam que seus filhos aprendem pouco por causa da falta de repetência. Professores tampouco gostam do programa, pois perdem autoridade frente aos alunos. Mas será que os programas de ciclo são mesmo responsáveis pela baixa qualidade do ensino no Brasil?
Esse mesmo estudo avaliou o impacto da progressão continuada sobre a qualidade da educação. Os resultados mostram que na 4ª série não há efeitos significativos do programa sobre o aprendizado das crianças, mesmo após levarmos em conta fatores como a escolaridade e a renda dos pais.
Na 8ª série os alunos das escolas que adotam o regime de ciclos têm notas um pouco menores do que os que estudam sob o regime seriado. A diferença, entretanto, é de apenas 2%. O fato é que os alunos das escolas públicas brasileiras aprendem muito pouco, sejam elas seriadas ou de ciclo.
Pesquisas que acompanham alunos repetentes e aprovados ao longo do tempo mostram como uma diferença pequena de proficiência entre eles no ano inicial amplia-se dramaticamente um ano após a reprovação. A reprovação diminui a autoestima e a motivação do aluno, que perde o contato com seus antigos colegas. Além disso, os critérios de reprovação dos professores são bastante discutíveis. Estudos mostram que esses critérios nem sempre são baseados apenas no desempenho dos alunos, medido segundo critérios objetivos.
Assim, os programas de não repetência nas primeiras séries ajustam o fluxo de alunos de acordo com a idade correta, diminuem a evasão escolar e a desigualdade e tem impactos muito reduzidos sobre o aprendizado dos alunos. Qualquer análise de custo-benefício mostraria que a lei proposta seria altamente benéfica para a sociedade.
A culpa pela baixa qualidade da educação pública não é da falta de repetência. Ela é somente o "bode expiatório" de prefeitos e governadores que não conseguem mexer com os interesses corporativos que, esses sim, atrasam a educação brasileira.
* "Avaliando o impacto da progressão continuada sobre as taxas de rendimento e desempenho escolar no Brasil", por Menezes Filho, Vasconcellos, Werlang e Biondi (2009).
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Meritocracia nos sistemas de educação
Maria Alice Setúbal
O Estado de S.Paulo, 18/6/2010
"Um sistema educacional justo, além de garantir bons níveis médios de qualidade, deve também assegurar padrões mínimos de aprendizagem para todos os alunos, independentemente de suas particularidades socioculturais"
Maria Alice Setúbal é presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Artigo publicado em "O Estado de SP":
A ampliação do debate da educação para diferentes setores da sociedade tem trazido à tona interpretações e contribuições diversas, com o mérito de envolver a sociedade na discussão de quais seriam os caminhos para que possamos alcançar uma educação de qualidade para todos.
Dentre essas análises, a ênfase nos baixos resultados educacionais medidos nas avaliações nacionais tem ocupado maior espaço na mídia, trazendo para o cerne da discussão a responsabilização da escola e dos professores pelos resultados da aprendizagem dos alunos e, como consequência, a implementação de políticas de incentivo e de premiação por resultados e pelo cumprimento de metas - a chamada meritocracia.
Como essa é uma questão controversa, é importante termos em conta as diferentes dimensões desse posicionamento. No Brasil, estamos longe de alcançar um patamar básico para todas as escolas, mesmo que estas pertençam a uma mesma rede.
Um sistema educacional justo, além de garantir bons níveis médios de qualidade, deve também assegurar padrões mínimos de aprendizagem para todos os alunos, independentemente de suas particularidades socioculturais.
Em nosso sistema educacional - marcado por desigualdades de partida -, o risco de um plano de incentivos aumentar o hiato educacional é grande. O sistema de bonificação a partir de metas pode gerar uma concorrência entre as escolas capaz de reforçar as diferenças entre elas.
As escolas lidam com realidades distintas, principalmente se considerarmos as localizadas nas regiões mais pobres das periferias dos grandes centros urbanos e que atendem a uma clientela de alta vulnerabilidade. Geralmente, essas escolas têm um corpo docente altamente instável e a própria infraestrutura escolar não oferece condições adequadas para o trabalho dos profissionais da educação.
É importante salientar que o sistema de incentivos - qualquer que seja - diferencia negativamente as escolas, porque provavelmente (a conferir) os professores passarão a procurar e se transferir para as escolas mais bem colocadas nas avaliações, com o objetivo de obter maiores chances de bônus ao final do ano.
Se essa situação vier a se comprovar como verdadeira, as escolas com maiores dificuldades ficarão relegadas, cada vez mais, a um corpo docente instável e com menor preparo, tirando de uma parcela significativa da população condições de acesso a uma educação de qualidade - o que poderá comprometer os nossos indicadores de desenvolvimento e de combate à pobreza.
Obviamente, não quero defender, aqui, o professor despreparado e, principalmente, não comprometido com seus alunos. Minha intenção é colocar as diferentes dimensões de uma questão que me parece central no momento atual do debate educacional brasileiro.
Os resultados do Plano Nacional de Educação que enfatizam o não-cumprimento de metas básicas relativas à qualidade do sistema reforçam a importância de se considerar que a gestão da educação tem sentido apenas em função de um projeto pedagógico que organize as atividades de ensino e de aprendizagem dentro da própria escola.
Responsabilização implica colocar não apenas o diretor da escola, mas também o professor no centro das políticas educacionais, por meio da valorização da profissão, da capacitação continuada e do suporte didático para o seu trabalho na sala de aula. Assim, a responsabilização tem que ver com os resultados da escola e também com as políticas educacionais da rede que deem suporte aos resultados. Deve ser uma via de mão dupla.
A responsabilização e o sistema de premiação pelo cumprimento de metas - quaisquer que sejam - têm de ter como limite e eixo central de implementação as questões de equidade e das desigualdades sociais. Nesse sentido, é fundamental pensar políticas de ação afirmativa que ofereçam condições efetivas para que as escolas de mais baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) possam atuar dentro de suas redes em direção à melhoria da qualidade do ensino.
Não existe uma receita única, mas várias propostas norteadas pela equidade já estão em andamento em algumas redes de educação. Entre elas, incentivos para os professores permanecerem na mesma escola, combate ao absenteísmo, respeito ao tempo escolar, programas de reforço escolar, aceleração da aprendizagem, estagiários e professores auxiliares, etc.
É preciso articular essas diferentes experiências com as propostas de premiação e incentivo, de modo que se criem condições de equidade, para não cairmos no grande equívoco de deixar para trás uma parcela significativa da população, acarretando um alto custo no médio e no longo prazos nas nossas pretensões de desenvolvimento.
O caminho não é simples e exige um esforço de todos, tanto dos governos quanto da sociedade civil e dos pais de alunos, no sentido de buscarmos uma visão de educação mais sistêmica, ajustada às necessidades do mundo moderno.
Precisamos construir uma política de educação que leve em conta as questões de gestão e, portanto, de seus mecanismos institucionais, de forma simultânea aos aspectos pedagógicos - em que o professor ocupa um lugar central. E, finalmente, o esforço nacional pela melhoria da qualidade da educação passa também pela articulação de políticas sociais de forma integrada à escola.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
O Estatuto da (Des)Igualdade Racial - editorial do Estadao
Ainda vou escrever a respeito...
Paulo Roberto de Almeida
Poderia ter sido pior
EDITORIAL O Estado de S.Paulo
Sexta-feira, Junho 18, 2010
Em setembro do ano passado, quando uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Igualdade Racial, o relator da matéria, Antônio Roberto, do PV de Minas Gerais, argumentou que a proposta era "um ponto de partida, como o bico de um arado". Com isso ele respondia aos protestos dos defensores do texto original, de autoria do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, contra a eliminação de dois pontos que consideravam essenciais, na negociação para que o projeto fosse adiante, depois de mais de 6 anos de tramitação na Casa.
Os artigos afinal suprimidos previam a regularização de terras para remanescentes de quilombos e a criação de cotas de 20% de negros em filmes e programas de TV. Na quarta-feira, quando uma terceira versão do estatuto passou em votação simbólica no Senado, foi a vez de outro deputado, Edson Santos, do PT do Rio de Janeiro, acalmar os descontentes com as novas mudanças ? a começar da que excluiu a criação de cotas para negros nas universidades e cursos técnicos federais, substituída pela provisão genérica da adoção, pelo poder público, de "programas de ação afirmativa".
"Fazer um cavalo de batalha em cima das cotas, quando a ação afirmativa está assegurada, é pouco inteligente", rebateu Santos. Ele tem um ponto. Com base no texto que seguirá para a sanção do presidente Lula, o governo poderá instituir por decreto políticas de ação afirmativa em todo o espectro da administração federal. Além disso, depois que o princípio da ação afirmativa for lei, a ação impetrada no Supremo Tribunal Federal pela declaração de inconstitucionalidade das cotas poderá esbarrar no novo marco normativo. Pelo menos é o que espera o ministro da Igualdade Racial, Elói Araújo.
Para os que sustentam, como este jornal, que o estatuto dividirá em duas a sociedade brasileira, mediante a chamada "racialização" do País, o desfecho poderia ter sido pior. Os racialistas tiveram de abrir mão de diversas demandas na negociação entre o governo e o relator Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. O substitutivo final retirou a oferta de incentivos fiscais para que empresas tenham 20% de funcionários negros. Segundo Torres, isso provocaria a demissão de trabalhadores brancos. Também caíram a criação de políticas de saúde especiais para negros e a imposição de cotas raciais às chapas dos partidos políticos.
O relator tornou-se o alvo da hora para os ativistas favoráveis a um estatuto radical. O frei David Raimundo dos Santos, da ONG Educafro, por exemplo, acusa o senador de ter "uma visão equivocada" da sociedade brasileira, o que não deve surpreender vindo de quem acha "ingenuidade" acreditar que os brasileiros são iguais. É dessas simplificações que se nutre o pensamento cotista ? uma "ideia reacionária", no entender do coordenador do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda. Mais do que isso, embora invoque a correção dos efeitos de um crime histórico - o escravismo -, é uma forma de racismo reverso.
Já de si, o termo "igualdade racial" embute uma armadilha por se apoiar num adjetivo sem o menor sentido à luz da ciência. As descobertas genéticas pulverizaram o racismo dito científico do século 19 destinado a provar a inferioridade natural de certos grupos humanos.
Uma das virtudes do substitutivo de Torres foi expurgar do corpo do projeto a palavra "raça", substituída por "etnia". O senador se opôs ainda à expressão "identidade negra". "O que existe é uma identidade brasileira", asseverou. "O preconceito e a discriminação não impediram a formação de uma sociedade miscigenada com valores compartilhados por negros e brancos."
Transposta para o plano institucional, a mentalidade que transforma brasileiros negros em negros brasileiros configura "a criação de um Estado racializado", denuncia a antropóloga Yvonne Maggie, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma das primeiras vozes do meio acadêmico a se levantar contra o projeto, em 2006, ela considera uma aberração - e um precedente inconstitucional - "o Estado estabelecer uma lei que contém em seu título a palavra racial". Equivale, como diz, ao "ovo da serpente".
A Bolivia a caminho do retrocesso juridico
Ministro del Tribunal afirma que no es posible regular la justicia comunitaria
El Diario (Bolivia), 18 junio 2010
CASOS DE LINCHAMIENTO SIGUEN SIN RESOLVERSE EN LOS TRIBUNALES ORDINARIOS DE JUSTICIA.
El magistrado del Tribunal Constitucional, Ernesto Mur, señaló que la justicia comunitaria no está escrita por lo tanto no se puede regular esta práctica que es reconocida por la Constitución Política del Estado. Mientras tanto, el Defensor del Pueblo pide que se respeten los derechos vitales de las personas.
En oportunidad de la visita de tres magistrados del Tribunal Constitucional a la Comisión de Constitución de la Cámara de Diputados Mur, declaró que “la justicia comunitaria es una justicia que no está escrita, no podría entonces una justicia escrita como es la Ley del Tribunal Constitucional resolver algo que no está escrito”.
VIOLACIONES
“La justicia comunitaria no está escrita y la función del Tribunal Constitucional es resolver los problemas de constitucionalidad o no cuando hay una contradicción entre la norma que se va a aplicar y la Constitución Política del Estado, y cuando hay vulneración de garantías está la acción de libertad, de amparo, de cumplimiento a la que todos los bolivianos estamos regidos, pero a nombre de justicia comunitaria no puede existir violaciones de ninguna naturaleza”, dijo.
Explicó que en el país existe un tipo de justicia y reconocer o normar otra derivaría en una división de competencias. “No podemos positivizar o hacer norma legal a la justicia comunitaria, porque en ese momento dejarían de ser parámetros que rigen a la sociedad, por lo tanto el Tribunal no puede pronunciarse sobre aspectos que no hacen a nuestra función, la función del Tribunal Constitucional es eminentemente técnica”.
Consultado sobre los hechos de violencia y linchamiento ocurridos en los últimos meses a nombre de la justicia comunitaria, el magistrado remarcó que “no es nuestra función, solamente damos a conocer aquello que está vinculado esencialmente a la vulneración de derechos, pero en los parámetros establecidos”.
RIESGOS PARA LA CONVIVENCIA
Para el Defensor del Pueblo, Rolando Villena, dejar que la denominada justicia comunitaria sea establecida en el país trae serios riesgos para la paz y la convivencia entre bolivianos.
“La justicia comunitaria no puede seguir campeando en el país, es algo muy peligroso porque nos puede llevar a una escalada de violencia sin control y esos hechos de violencia son delitos que deben ser penados por la ley, es un atentado contra el derecho a la vida y nadie puede hacer justicia por mano propia”, expresó.
Explicó que esta práctica que se realiza en las comunidades rurales no es sinónimo de muerte y que se ha utilizado de una forma negativa estigmatizando a los pobladores, lo que puede generar reacciones que deriven en mayor violencia.
“La justicia comunitaria tiene que ver con el restablecimiento de las normas en la comunidad, con el equilibrio de restablecer la paz y la convivencia y sus sanciones se aplican de forma moral, es otra forma de proceder con al sabiduría de los pueblos”, dijo.
Villena concluyó que “como no hay información sobre este tema y la gente no conoce ni lee, entra al juego y lo único que hace es acogerse a la justicia comunitaria y ese es un flaco favor a la democracia y al estado de Derecho donde debe imperar la ley”.
La justicia comunitaria es reconocida por la Constitución Política del Estado en el capítulo cuarto referido a la jurisdicción indígena originaria campesina, artículos 190 al 192, donde se establece que “los pueblos ejercerán sus funciones jurisdiccionales y competencias a través de sus autoridades y aplicarán sus principios, valores culturales, normas y procedimientos propios”.
Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
Não se trata, portanto, de saber se o que se decidiu ali é legal, ou não, ou válido, do ponto de vista de um país, mas de saber que suas resoluções são normas obrigatórias que os países têm o dever de cumprir, mesmo os que votaram contra, como o Brasil.
O não cumprimento implica em mais sanções, eventualmente até o recurso à força, se tal se revelar necessário, como foi o caso da "expulsão" do Iraque do Kuwait, em 1991, ou do ataque ao Afeganistão, em 2001. São coisas desagradáveis, mas sempre se deve assumir responsabilidade pelos seus atos. O Irã vai tentar escapar ao controle sobre seu programa nuclear: se escapar, teremos mais um proliferador no planeta, o que certamente não tornará o mundo mais seguro ou pacífico. Esse fato a comunidade internacional precisa decidir o que pretende fazer en relação a ele. O Brasil já disse o que quer: mais diálogo, e não sanções. Só precisa ver se isso funciona com o Irã.
Paulo Roberto de Almeida
Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
Estado de S.Paulo, 18/06/2010
O Irã disse nesta sexta-feira, 18, que as sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra seu programa nuclear são ilegais e deveriam ser revogadas.
Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias IRNA, o Conselho de Segurança Nacional do Irã, que coordena a defesa nacional e a política de segurança, disse que “a entrada do Conselho de Segurança da ONU nas atividades nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã é ilegal e inválida.”
As sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 10 de junho, e seguidas logo depois por medidas mais rígidas por parte da União Europeia e dos EUA, violam um artigo da Carta da ONU assim como as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse o comunicado. “O Conselho (de Segurança da ONU) deveria tomar rapidamente medidas para corrigir os erros do passado”, dizia.
As sanções têm como objetivo frear o enriquecimento de urânio pelo Irã, que segundo o país é pacífico, mas o Ocidente suspeita poder levar à produção de armas nucleares.
As sanções da ONU são direcionadas aos bancos iranianos suspeitos de terem ligações com programas nucleares ou de mísseis. Elas também abrangem embargo de armas e um pedido para um regime de inspeção de carga.
O Brasil a caminho da estupidez - exagerada e rapidamente
Um blog, por definição, é um espaço público de discussão, e não apenas um exercício narcisístico de exibição pública. Quem faz um, corre o risco de ouvir o que não quer, e aí pode ficar quieto e deixar passar ou entreter o diálogo e o debate. Faz parte do jogo.
Como sou um debatedor de ideias, me compraz responder aos meus comentaristas, geralmente no espaço próprio, que são como essas notas de final de livro que ninguém lê.
Quando é o caso, pela importância do assunto, tomo a iniciativa de "promover" o comentário a post en bonne et due forme, para continuar a discussão em campo aberto, como se diz.
É precisamente o caso deste meu post:
O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho certeza disso
Um dos meus leitores habituais escreveu o que segue, que transcrevo em itálico, dando a ele a chance de ser bem lido, ouvido, refletido.
Como discordo em 150% do que ele escreveu, retomo mais abaixo para comentar, e agravar o caso, não o dele, pois não ataco pessoas, mas das ideias subjacentes aos seus argumentos, que procuro desmantelar metodicamente, sem qualquer animosidade para com seu autor, pois entendo que ele apenas reflete o estado das "ideias" (!!??), passavelmente estúpidas, que tem curso neste país a caminho da estupidez coletiva (sinto muito ter de ofender as almas sensíveis, mas não tenho por hábito ser tolerante com o que considero serem ideias erradas, e prejudiciais ao nosso desenvolvimento cultural e intelectual.
Segue o que disse o meu interlocutor, cujo nome preferi ocultar neste post, pois não vem ao caso. Ele poderia ser o José Saramago, aliás referido no texto, que eu responderia igual ao que faço.
[Comentarista] deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho ...":
EXAGERADO
É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro. Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo. O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo. Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão.
PS. A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago.
Postado por [Comentarista] no blog Diplomatizzando... em Sexta-feira, Junho 18, 2010 11:58:00 AM
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Bem, agora é comigo, e procedo como Jack o Estripador, como se diz frequentemente.
1) "É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro."
PRA: Não, não é. Basta você olhar em volta. Vive numa taba, sai todo dia para pescar e caçar, tem uma metalurgia primitiva e vive numa sociedade sem escrita? Vivemos, não numa sociedade portuguesa, ainda que eles tenham sido o PRINCIPAL aporte para a nossa formação cultural, mas numa sociedade europeia, com grande contribuição étnica de africanos de diversas origens (que por isso mesmo não constituem uma cultura unificada) e levíssimas tinturas indígenas, tão leves que são imperceptíveis, a não ser na toponímia geográfica e para por aí.
Eu não sei porque certos brasileiros -- mas isso acontece com outros latino-americanos, também, aliás todos perfeitamente europeus -- têm dificuldade em admitir essa realidade tão evidente que nem é preciso reafirmar. VIVEMOS NUMA SOCIEDADE EUROPEIA, e é dela que vem, QUANTITATIVAMENTE, as principais contribuições para o nosso modo de vida, para a nossa cultura, para o que somos como povo e civilização. Não há nada que o contestador possa fazer para negar isso, a menos que ele queira voltar a suas origens indígenas (que ele certamente não tem) ou supostas raízes africanas (que seria impossível ele ter, pois África existe apenas como referência geográfica, e não se encontra presente em NENHUM dos indivíduos que foram para aqui arrastados como escravos).
2) "Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo."
PRA: Não, não é. Racismo é querer negar a presença MAJORITÁRIA da cultura branca em nossa formação e realizações culturais. Me constrange ter de pedir ao meu comentarista que olhe em volta de si e conclua, em plena sanidade, que, de fato, o índio e o africano em pouco ou nada contribuíram para o que somos atualmente. Não há exagero nisso, trata-se de um statement of fact, uma mera constatação, que só não enxerga quem tem enorme preconceito contra a cultura europeia e ocidental de forma geral. Achar que isso é eurocentrismo é o mesmo que achar que o uso do sistema métrico nos torna todos "galocêntricos", já que foi na Revolução Francesa que se aprovou o novo padrão, hoje quase universal (com exceção de alguns "bárbaros" americanos, que ainda não se renderam ao sistema métrico, para seu prejuizo, aliás, mas não se pode pedir aos americanos que sejam racionais o tempo todo). A bobagem anti-eurocêntrica é tão grande que paro este comentário por aqui.
3) "O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo."
PRA: Bem, convido o meu comentarista a dizer isso ao Janer Cristaldo e esperar a resposta desaforada que ele certamente vai receber. Gilberto Freire foi sem dúvida um grande sociólogo e antropólogo, mas transformar a sua obra de interpretação do BRASIL COLONIAL em padrão obrigatório de compreensão do BRASIL ATUAL é de uma cegueira metodológica digna de quem acha que a Bíblia ainda tem a explicação certa para as origens da Terra e da vida na Terra. A sociedade colonial brasileira, mais a nordestina do que as do sul, tinha sim grande influência dos povos indígenas e africanos que estavam sendo incorporados na leve camada de ocupação portuguesa dos séculos 16 a 18. Agora considerar que isso se mantém no Brasil urbanizado, maciçamente penetrado por levas e levas de imigrantes europeus nos últimos 150 anos, é digno daqueles Amish people dos EUA, que pretendem ainda viver como se estivessem no século 18, antes da invenção do mundo moderno, com seus carros e eletricidade. Sinto muito mas isso ofende minha imperfeita condição de cidadão atento para a cronologia do mundo.
4) "Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão."
PRA: "Ele" é ainda o Janer Cristaldo, a quem sugiro que meu interlocutor envie seus comentários para mim incompreensíveis. Ele acha que se pode falar que os índios viviam em harmonia com a natureza, que eles eram ecologicamente corretos avant la lettre, mas que não se pode dizer que eles comiam os inimigos vencidos em batalhas, que eles praticavam o infantícidio e o abandono dos mais velhos na floresta, que os africanos praticavam, sim, a escravidão, muitos séculos antes da chegada dos europeus naquele continente, que os traficantes muçulmanos foram responsáveis por números incomensuravelmente mais elevados de escravização de africanos (e isso até uma data recente, pois a escravidão só foi extinta na Arábia Saudita em 1961, e na Mauritânia em 1975, e isso ainda não se concretizou), enfim que todo mundo era bonzinho na natureza pré-colombiana e africana, e que só os europeus foram malvados e impediram os dois povos de exercerem a sua "verdadeira natureza".
Esse tipo de bobagem é tão grande que eu só posso recomendar ao meu interlocutor que leia mais história e aprenda um pouco sobre a realidade das coisas.
Finalmente: se as crianças podem ouvir que o lobo mau comeu a vovózinha, qual é o problema de dizer que os potiguares comeram o bispo Sardinha?
5) "A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago."
PRA: Pode até ser. Reconheço que ele escreveu algumas obras interessantes, mas seu estilo divergente dos padrões formais a que estamos acostumados tornava sua leitura um exercício um pouco mais complicado do que outras obras mais "normais". Enfim, literatura é uma questão de gosto.
Mas se a literatura portuguesa está de luto, a política contemporânea se libertou de um grande idiota, e a economia mais ainda. Sua adesão às mais abjetas ditaduras comunistas no mundo atual -- como o fez em relação a Cuba até uma data ainda recente, só divergindo, parcialmente, quando Fidel mandou fuzilar alguns balseros que tentavam simplesmente fugir do inferno cubano -- e sua postura anticapitalista e antiglobalizadora, só provam uma coisa: que grandes escritores podem ser também péssimos avaliadores das realidades políticas e econômicas do mundo atual. O apoio que Saramago deu a Cuba durante anos e anos seguidos não era apenas indecente e imoral, mas era também criminoso, pois um grande escritor como ele poderia contribuir para minimizar, que fosse um pouquinho, o sofrimento de todo um povo sob uma das mais abjetas ditaduras que se conhecem. Coloco-o, junto com Garcia Marquez, na categoria de assassinos intelectuais, de cúmplices morais de ditaduras comunistas, de inocentes inúteis na grande causa dos direitos humanos, das liberdades democráticas e da dignidade humana. Pessoas como ele, que poderiam ter se pronunciado sobre esses crimes e não o fizeram, são anões morais e não merecem nenhum respeito da parte dos que se batem pela afirmação desses direitos.
Bem, creio que era o que tinha a comentar sobre o que disse meu interlocutor.
E sinto ter de confirmar, mais uma vez, que vejo o Brasil caminhando rapidamente para a estupidez. Infelizmente, corrigir tudo isso vai levar tempo, pois o tipo de argumento exposto acima pertence à categoria das verdades reveladas que se ouvem todos os dias em nossas escolas e universidades.
A caminho da decadência, Brasil...
(mas sem a minha conivência ou complacência).
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 19.06.2010)
Chavez: montando um pre-exilio na Argentina?
Argentina: New roads for Chávez
Carolina Barros
Buenos Aires Herald (Argentina), June 14, 2010
All roads ultimately lead to the Venezuela of Chávez. But the uproar over the 15 percent commissions, the dollar-laden suitcases and an elastic Argentine-Venezuelan trust holding (which from the original 231 million dollars agreed in 2004 has mushroomed to over two billion with the welter of deals and agreements, leading Government House to now deny its existence) has obliged the latest projects between Caracas and Buenos Aires to seek new short cuts by other financial routes.
Like the Bolivarian plan for the commercial control of the Hidrovía (the waterway connection via the Paraná and Paraguay Rivers between the River Plate estuary, the Argentine Northwest, Uruguay, Paraguay, Bolivia and southern Brazil). How? By creating a huge Argentine-Venezuelan fleet which was originally christened Fluvialba, a combination of the Argentine-Paraguayan Fluviomar and the Venezuelan Albanave, one of the countless divisions or sub-holdings of the Venezuelan state oil company PDVSA. Its funding was initially designed to fall under the vast umbrella of the bilateral trust holding established in 2004 but the uproar over irregularities has prompted the contractual parties to go looking for less shady means since last December.
The original plans for a Bolivarian fleet date from early 2009 but only took on life last December after Hugo Chávez visited the Tandanor shipyards and signed with his local colleague Cristina Fernández de Kirchner a letter of intent for the construction of 50 barges, 10 tugs and six unloading vessels with Tandanor (which depends on the Defence Ministry) acting as the “co-ordinator” of the construction contracts with various shipyards. These vessels serve only one purpose: to monopolize the upstream transport of fossil fuels (Venezuelan, obviously), returning with a freight which could include iron ore and lithium, as well as grain.
Tender. During the last trip of President Kirchner to Caracas on April 20, the two governments signed 25 agreements. Of these, the 14th and the 25th refer to “receipt of the tender to build barges and freighters for river transport between Tandanor and Fluvialba” and the “creation of a mixed capital company between PDVSA Argentina and Fluviomar with the legal denomination of Fluvialba,” respectively.
At the end of April, the Herald was assured by both Tandanor and Caracas sources that the “meeting point” (Chávez jargon for having the strongman’s signature and the corresponding funding already arranged) already existed but the contract (with an estimated value of 100 million dollars) could only be signed at the end of May because a legal framework similar to the 2004 trust holding was being sought.
Nobody talks about that today, as Tandanor director Omar Riveiro confirmed when consulted by the Herald: “We rule out a trust holding and we’re ready to sign but the problem is that we have no shipper or consignee since Fluvialba has yet to be established.”
He might well say so since in shipping circles they say that Fluviomar is virtually broke but was chosen by Chávez because of its CEO Andrés Guzmán’s excellent relationship with both Paraguayan President Fernando Lugo and Chávez himself.
Banco Nación. As for financing the Bolivarian fleet (yet to be designated), this will probably proceed via letters of credit from Banco Nación “always provided that it is legally domiciled in Caracas or Buenos Aires,” according to Tandanor, not without pointing out that first they ruled out tax havens such as the Virgin Islands, Panama and even Uruguay in order to set up the firm.
In the market they assure that the Bolivarian fleet will sail under three flags (Argentina, Paraguay and Venezuela) and that it will flood Mercosur with Venezuelan fuel. They also say that Petropar, the Paraguayan oil company, is trapped by its debts to PDVSA (over 500 million dollars)and that the Argentine-Paraguayan-Venezuelan venture seeks to displace Horamar, the navigation company of the López brothers, which currently dominates fuel oil transport in the Hidrovía.
There is also some hard data: between December and now, the fleet plans have been scaled down to the construction of only 50 barges, to be delivered in three stages over five years. The 30 smaller vessels (2,500 tons, for grain and minerals) will be outsourced among Argentine shipyards (Torresint of Puerto Deseado and Astilleros Corrientes). As for the 20 larger vessels (6,500 tons and double-decker for fuel transport), Tandanor itself could take charge.
“That is, if everything goes according to plan and in 10 days we sign the contract,” says Riveiro.
Chavez segue a lideranca cubana...
Parece que a Venezuela não é um país normal...
Venezuela: Chávez refuerza la presencia de cubanos en su Ejército en plena caída de popularidad
ABC (España), 15 de Junio de 2010
«Somos la misma cosa», dijo el presidente cubano Raúl Castro cuando pasaba revista a los oficiales venezolanos en su última visita a Caracas tras la reunión de la Alianza Bolivariana (ALBA), hace un mes. Sin embargo, su anfitrión, Hugo Chávez, le corrigió: «Somos la misma patria», haciendo valer su afinidad con el lema inmortalizado por Fidel Castro: «Patria o muerte, venceremos».
La frase de identidad y similitud compartida por los dos aliados viene a confirmar la fuerte y sistemática presencia militar cubana y su influencia en el alto mando de la Fuerza Armada de Venezuela, denunciada recientemente por el general Antonio Rivero González, ex director de Protección Nacional de Defensa Civil. Una alianza que se ha acelerado en los últimos meses: hasta 20 altos oficiales -coroneles y generales- son ya cubanos en el Ejército venezolano, ocupando puestos clave.
El matrimonio de conveniencia entre los regímenes es denominado como «el milagro de la Viagra» por la analista venezolana Elizabeth Burgos -ex esposa del escritor y filósofo francés Regis Debrais, amigo íntimo de Fidel Castro-. Burgos señala que los hermanos Castro han encontrado en Chávez «el sostén financiero después del derrumbe de la URSS», no es solo un aliado más.
Ésta no es la primera vez que el régimen castrista intenta acaparar los recursos económicos y energéticos de Venezuela y convertir la patria de Simón Bolívar en su punta de lanza para su proyecto continental. «En los años 60, Fidel Castro intentó tres veces invadir las costas venezolanas», recuerda el vicealmirante Iván Carratú, ex director del Instituto de Altos Estudios de Defensa Nacional.
Lo que Cuba no logró en los años sesenta en Venezuela, ahora lo está consiguiendo sin pegar un solo tiro. Esta vez «el Ejército cubano no nos ha invadido, en el sentido literal de la palabra. La sumisión del chavismo no es consecuencia de una derrota militar, tampoco existen condiciones en el mundo que justifiquen una alianza de esta naturaleza», explica el analista Manuel Felipe Sierra.
La penetración cubana se intensificó en 2007 con la reforma de la Ley Orgánica de las Fuerzas Armadas Nacionales, que politiza el sector militar venezolano e incorpora el concepto de «las milicias populares» con el fin de defender la revolución y a su máximo líder.
Chávez sostiene que la presencia cubana no pasa de 30.000 agentes.
Oficialmente Chávez sostiene que la presencia cubana no pasa de 30.000 agentes. Sin embargo, otras cifras oficiales hablan de 60.000 cubanos distribuidos en áreas claves como seguridad, inteligencia, asesoramiento policial y militar, control de los sistemas de registro de identidad, pasaportes y notarías.
También la importación de alimentos está en manos de los cubanos, incluidas las 70.000 toneladas de comida que ha llegado a los puertos venezolanos. Y el aeropuerto caraqueño de Maiquetía recibe dos vuelos diarios de cubanos como si fueran «fantasmas» por la falta de registro oficial.
Como la KGB o Stasi
Más que ideológica, la relación entre Chávez y los Castro es simbiótica. Nace de las necesidades de ambos regímenes. «El plan de perpetuarse en el poder de Chávez necesita de una estructura de seguridad y espionaje cultivada durante 50 años por la KGB soviética y la Stasi alemana y con sobrada experiencia en actividades contra la CIA. Eso lo tiene Cuba», señala Sierra.
Con el suministro gratuito de 95.000 barriles diarios de petróleo, Chávez le garantiza la prolongación al agónico fidelismo. Además, a medida que baja en los sondeos la popularidad de Chávez -como sucede ahora por la crisis económica: el 66% de los venezolanos afirma estar totalmente insatisfecho con su gestión-, el mandatario venezolano «necesitará cada vez más ayuda de los cubanos para consolidar su proyecto totalitario». Una simbiosis en torno al «Patria o muerte». Y es que Castro y Chávez quieren que Cuba y Venezuela sean la misma «cosa».
A frase do dia: como podemos progredir com professores estáveis?
The Trouble With Teacher Tenure
(ou seja, o problema com a estabilidade dos professores) e sua frase é exatamente esta:
We can't make progress if bad teachers have jobs for life.
Ele se refere a uma lei estadual (escolas e universidades são um assunto puramente local, provincial ou no máximo estadual nos EUA, e o governo federal só intervem em programas de formação e de pesquisa específicos) do Colorado, onde o governador assinou uma lei revisando completamente o sistema de avaliação de professores do estado, prevendo inclusive demissão por performance insuficiente. De fato, não existe progresso com maus professores se mantendo nos mesmos cargos durante anos e anos.
No que se refere ao Brasil, e no que concerne minha posição, se eu tivesse esse poder, terminaria com toda e qualquer estabilidade em qualquer nível, em qualquer função, para qualquer tipo de funcionário público a qualquer momento (OK, manteria para juízes no exercício exclusivo de funções de magistrado durante períodos de 4 anos, renováveis apenas mediante avaliação de desempenho).
Professor universitário do sistema público, voltado para a pesquisa, poderia adquirir a chamada tenure, depois de 12 anos de exercício contínuo da profissão (aulas combinadas com pesquisas) e avaliação por banca externa.
Não existe outra maneira de buscar a excelência senão por meio da avaliação contínua, e sem que se constituam esses quistos de funcionários interessados apenas em suas próprias carreiras e não no serviço público.
O sistema de mandarinato, outrora um excelente mecanismo de recrutamento dos melhores para servir ao Estado, converteu-se, pouco a pouco, num sistema corrupto e sobredimensionado, contribuindo para a decadência da China.
Acredito que com a sanha irresponsável dos nossos mandarins, com as gangues sindicais de professores do sistema público, o Brasil caminha rapidamente para a decadência.
Na educação isso é uma tragédia...
Paulo Roberto de Almeida
Saudades do Brasil. Eu disse saudades? Devo estar maluco...
Aí a gente procura se informar, e vai ver o que anda acontecendo por aquelas paragens.
E se corre o risco de cair sobre este tipo de coisa:
PF encontra R$ 280 mil enterrados no quintal de promotora envolvida no mensalão do DEM
17/06/2010-11h26
A Polícia Federal encontrou cerca de R$ 280 mil enterrados no quintal da promotora Deborah Guerner, acusada de ter recebido propina do mensalão do DEM. O dinheiro foi encontrado durante operação da PF que cumpriu 10 mandados de busca e apreensão na segunda-feira. (...) Também foi apreendido R$ 1 milhão na casa de um empresário.
A operação da PF foi feita a pedido do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região para levantar documentos sobre os contratos de limpeza urbana do Governo do Distrito Federal, mais uma frente de apuração do escândalo do mensalão do DEM.
Os alvos da PF foram Deborah Guerner e empresas com contratos do lixo com o governo, e que envolveriam o chefe do Ministério Público do DF, Leonardo Bandarra. Eles negam participação no esquema.
Segundo o delator do mensalão, Durval Barbosa, Bandarra recebeu mais de R$ 1,6 milhão de propina, além de mesada, para interferir no Ministério Público e impedir investigações sobre os contratos do lixo.
De acordo com Barbosa, a promotora seria a intermediária da negociação. Um das conversas, segundo depoimento de Barbosa, foi feita na sauna da casa da promotora.
Bandarra e Deborah Guerner também são investigados pelo Conselho Nacional do Ministério Público, órgão responsável pela fiscalização do Ministério Público.
Lendo coisas como essa, acabo por me convencer que o Brasil não mudou, e que estando aí, estaria muito mais exposto a notícias devastadoras como essa. Então um chefe de Ministério Público e uma procuradora são vulgares gatunos?
Onde é que vamos parar?
Ou melhor, onde é que já fomos parar...
Acho que vai ser difícil corrigir.
Quando membros da elite agem como vulgares gatunos, larápios de alto coturno como se dizia antigamente, estamos muito perto do que os anglossaxões chamariam de dereliction, a completa erosão dos valores morais e dos princípios de boa conduta de membros de instituições justamente empenhados, supostamente, em defender a legalidade e perseguir os maus-feitos.
Nessas horas eu me lembro de um texto meu, que não toca no nome do Brasil, e que se pretendia um ensaio apenas teórico e generalista.
Acho que vou precisar reescrevê-lo dando nomes aos bois, e às vacas...:
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)
número especial sobre “O Brasil que saiu das urnas”, da revista Digesto Econômico, revista da Associação Comercial de São Paulo (ano 62, nr. 441, jan-fev 2007, p. 38-47; ISSN: 0101-4218; disponível em duas partes no site da revista; links: (a) http://www.dcomercio.com.br/especiais/digesto/digesto_03/05.htm; (b) http://www.dcomercio.com.br/especiais/digesto/digesto_03/05a.htm). Relação de Trabalhos n. 1717.
Se não estiver disponível, podem me pedir pelo número.
Acho que não estou com tanta saudade assim...
Brasil segue a liderança de Chavez...
Acredito que a chancelaria brasileira vai responder a essa inacreditável usurpação de liderança, ou pelo menos de concorrência na área. OK, basta dizer que o Brasil não é liderado por ninguém...
Radar on-line - Lauro Jardim
Internacional
Chávez diz que Brasil segue sua “liderança”
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Em entrevista publicada pelo Financial Times, o falastrão Hugo Chávez diz que “a influência americana deteriorou-se na América do Sul nos último dez anos, período em que vários países seguiram a liderança venezuelana e penderam para a esquerda”. Citou cinco países que seguem sua “liderança”: Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina e… Brasil.
O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho certeza disso
Leiam primeiro o post abaixo, do blog do sempre iconoclasta Janer Cristaldo, que por sua vez se fundamenta em matéria (que não li por inteiro) do Estadão, para ver se não concordam comigo.
Como é que uma professora supostamente bem formada consegue afirmar que, reproduzindo certos gestos cotidianos de índios, numa escola de classe média - "suíço-brasileira" - cuja mensalidade deve ser mais alta do que toda a "renda" anual de uma tribo indígena, os alunos "aprendem até as formas de comer e de sentar dos indígenas" ???
Discordo da professora: eu não preciso sentar como os indígenas para aprender a sentar, aliás não preciso aprender NADA com os indígenas que me sirva para a vida real, inclusive porque não preciso me defender de cobras, piranhas (salvo as do governo), de plantas venenosas, enfim do que quer que seja da vida selvagem. Quando eu preciso sentar, no meu meio habitual, eu uso cadeira, sofá, bancos, e se eu tiver de sentar no chão, sem problemas, não preciso de tecnologia indígena para fazê-lo.
Como é que alguém, supostamente alfabetizado, consegue dizer uma estupidez dessas?
E quanto ao ensino de matérias "afro-brasileiras", sinto muito dizer, mas a estupidez é maior ainda. Uma outra professora, que se supõe também seja minimamente alfabetizada, pretende que as "raízes indígenas e afro-americanas têm [muita importância] em [nossas] vidas (...) Os alunos percebem que nos nossos hábitos há muitas referências culturais, como dormir em rede, comer farinha de mandioca e assar peixe na brasa...".
Sinto muito professora, eu posso fazer isso em restaurantes, num camping e no quintal da minha casa, e têm know-how americano para peixe na brasa tão bom, ou talvez melhor, do que as supostas excelências aborígenes ou africanas. Minhas referências culturais estão mais perto de um gourmet europeu -- OK, sou mais um gourmand, do que um gourmet, mas isso é outra coisa -- do que da caça e pesca de indígenas e africanos. Aliás, eu NÃO preciso disso e não sei porque alunos da classe média paulistana também precisariam, a menos que algum maluco resolva virar eremita no fundo da Amazônia (mas nesse caso ele pode fazer um crash course com índios perfeitamente aculturados em alguma reserva oficial, onde eles vivem de mensalão governamental, não de caça e pesca).
Aliás, a escola mostra as culturas indígenas por meio de vídeos que foram feitos pelos próprios indígenas. Será que esses estúpidos não percebem a imensa contradição que existe entre pretender macacaquear índios na natureza ancestral quando esses índios estão usando equipamento eletrônico japonês (made in China), e contrabandeado ou comprado no free shop da aldeia, e a vida moderna que permite tudo isso sem precisar sentar no chão e comer uma horrível comida que eles tentaram torrar no foguinho improvisado da classe?
Eu não sei porque alguém tem de regredir na escala da civilização e da tecnologia para provar não se sabe bem qual tese estúpida sobre nossas supostas raízes. Suponho que esses professores vão para a escola em barco, a pé, a cavalo, whatever...
Quando deveríamos estar aprendendo ciência e tecnologia de última geração, estamos regredindo para os albores da civilização, culturas do neolítico superior???!!!
Tem sentido tudo isso?
Manifestamente não, isso apenas faz parte de um grande processo de imbecilização do país, uma tendência que nos faz regredir e acrescentar à idiotice já ambiente.
Agora, então, com a tal lei racista, o Estatudo da (Des)Igualdade Racial, essas bobagens afro-brasileiras vão fazer parte do currículo das escolas. Os alemãezinhos de Santa Catarina vão aprender como os seus ancestrais africanos deram enormes contribuições ao progresso do Brasil.
Sinto muito: eu gostaria muito de aprender como vivia na Basilicata a minha avó, que veio ao Brasil no começo do século 20 colher café, na imensa leva migratória que substituía os escravos de vinte ou trinta anos antes. Ela provavelmente se sentiu, mais de uma vez, tratada quase como uma escrava na fazenda de café, mas nunca fez disso um sinal de integração cultural, apenas como uma etapa na construção de sua nova vida no Brasil.
O Brasil caminha rapidamente para a estupidez. E isso vai custar muito para desfazer.
Leiam o texto do Cristaldo e entenderão a minha indignação.
Paulo Roberto de Almeida
(18.06.2010)
QUANDO ENSINO VIRA MENTIRA
Janer Cristaldo
Quinta-feira, Junho 17, 2010
Leio no Estadão que crianças da Escola Suíço-Brasileira fazem lanche comunitário com alimentos ligados à cultura indígena. Cocares, chocalhos, sementes e cantos indígenas estão se misturando aos livros e cadernos dos alunos nas aulas. Tudo isso para cumprir a lei que exige o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, que passou a vigorar em 2008.
Com a proposta de atrair a atenção dos alunos para a importância histórica dos índios e dos negros, as aulas exploram múltiplos recursos. Na Escola Suíço-Brasileira, na zona sul de São Paulo, os alunos do 1.º ano do fundamental vivenciam o dia a dia dos índios em cabanas de pano e um banquete com alimentos típicos. "Eles aprendem até as formas de comer e de sentar dos indígenas", afirma a professora Vera Povoa.
É de perguntar-se se neste magistério, além de cocares, chocalhos, sementes e cantos indígenas, os professores falam nas práticas de canibalismo dos índios brasileiros, relatadas por Hans Staden. Se, ao abordar as formas de comer dos indígenas, os professores citam o bispo Sardinha, que foi degustado pelos caetés.
Para ambientar os alunos – diz a reportagem - algumas escolas utilizam desde vídeos - o que inclui até mesmo uma espécie de reality show do cotidiano de uma aldeia, filmado pelos próprios índios - até excursões para museus e comunidades indígenas, onde as crianças aprendem a usar arco e flecha.
Falta saber se os professores contam que, no cotidiano de uma aldeia, existe o direito de matar filhos de mães solteiras e os recém-nascidos portadores de deficiências físicas ou mentais. Gêmeos também podem ser sacrificados. Algumas etnias acreditam que um representa o bem e o outro o mal e, assim, por não saber quem é quem, eliminam os dois.
Outras crêem que só os bichos podem ter mais de um filho de uma só vez. Há motivos mais fúteis, como casos de índios que mataram os que nasceram com simples manchas na pele – essas crianças, segundo eles, podem trazer maldição à tribo. Os rituais de execução consistem em enterrar vivos, afogar ou enforcar os bebês. Geralmente é a própria mãe quem deve executar a criança, embora haja casos em que pode ser auxiliada pelo pajé.
A prática do infanticídio já foi detectada em pelo menos 13 etnias, como os ianomâmis, os tapirapés e os madihas. Só os ianomâmis, em 2004, mataram 98 crianças. Os kamaiurás matam entre 20 e 30 por ano. Sob o olhar complacente dos antrópologos e indigenistas. A tradição deve ser respeitada. Informarão as escolas aos alunos estas práticas tradicionais dos silvícolas?
“O interesse despertado nas crianças é notável, principalmente quando elas percebem a influência que as raízes indígenas e afro-americanas têm em suas vidas – diz a reportagem -. Os alunos percebem que nos nossos hábitos há muitas referências culturais, como dormir em rede, comer farinha de mandioca e assar peixe na brasa, por exemplo", afirma a coordenadora pedagógica da Escola Cidade Jardim Play Pen, Gabriela Argolo.
Seria interessante saber se os professores contam aos alunos que Zumbi, o novel herói da libertação dos negros, se lutava contra a escravidão, também tinha escravos. Se ensinam que, se os brancos europeus compravam escravos, quem os vendia eram os chefes tribais negros africanos aliados aos portugueses, que enriqueceram com a venda de seus irmãos.
Se os professores não ensinam estas verdades históricas, os estudos afros ficam incompletos. Outra pergunta a se fazer é quando as escolas terão disciplinas que ensinem nossas origens greco-hebraico-romanas e européias. Comentei há alguns anos a história de uma sobrinha, a quem apresentei a estátua do Quixote e Sancho Pança na Plaza España, em Madri. Ela tinha formação universitária e jamais ouvira falar destes dois. As novas gerações, ao que tudo indica, continuarão sem saber quem é Cervantes. Mas saberão como comiam ou dormiam os bugres. Saber que, cá entre nós, não passa de mera curiosidade histórica que nada nos acrescenta.
A organização social do Brasil, nossas instituições, nosso ensino e nossa cultura são européias, antes de serem africanas ou indígenas. Derivamos muito mais de Platão e Aristóteles, Kant ou Descartes, Montesquieu ou Montagne, do que de culturas ágrafas africanas ou nativas. O índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram para formatar o Brasil como hoje é. Não fossem os portugueses, os habitantes de Pindorama ainda hoje viveriam da caça e coleta.
Índio não construiu nada. E negros, muito pouco. A pedagogia oficial, fundamentada em leis de cunho racista, está pretendendo inverter a história do país, atribuindo méritos a quem não os tem. Crianças adoram brincar em cabanas de pano, mas a cultura indígena jamais produziu pano. Pano é coisa de branco, que foi imposto pela Igreja aos índios para cobrirem suas vergonhas. Culinária indígena soa simpático, mas sempre é bom lembrar que esta culinária, entre seus acepipes, incluía carne de brancos.
O ensino está virando uma imensa mentira no Brasil. A serviço das viúvas do Kremlin, que querem negar o legado europeu que formou o país. Não será fácil reverter este embuste.