O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nova presidenta: velhas e novas amizades...

Nem sempre se pode escolher os amigos. Mas curioso que os mais apressadinhos são justamente aqueles que mais necessitam de amigos. É ou não é verdade?
Paulo Roberto de Almeida

Ahmadinejad parabeniza Dilma por vitória e pede apoio; Chávez diz que petista saudou venezuelanos
O Globo, 01/11/2010
 
BRASÍLIA - No dia seguinte da eleição presidencial, os presidentes do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e da Venezuela, Hugo Chávez, felicitaram a presidente eleita, Dilma Rousseff, pela vitória. Ahmadinejad enviou uma carta em que pediu o apoio do Brasil no cenário internacional. Já Chávez falou com a petista por telefone, e disse ela prometeu manter a cooperação entre os países. 

"Estou confiante de que o Brasil vai progredir e desenvolver durante seu mandato presidencial"

Segundo informações da Presidência do Irã, Ahmadinejad disse estar confiante no progresso e desenvolvimento do Brasil "em velocidade máxima" durante o governo de Dilma. Ahmadinejad afirmou ainda que confia que as relações entre o Irã e o Brasil serão intensificadas no próximo governo.
"Estou confiante de que o Brasil vai progredir e desenvolver, em velocidade máxima, durante seu mandato presidencial", afirmou Ahmadinejad na carta.
A notícia ganhou destaque na agência estatal de notícias do Irã, a Irna. Uma fotografia de Dilma ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ilustra a principal reportagem do site em inglês.
Na correspondência enviada à Dilma, o presidente iraniano afirmou estar confiante na ampliação das relações entre o Brasil e o Irã, assim como nos esforços pelo respeito às normas internacionais de Justiça, segurança e estabilidade. 

"Falei com a presidenta Dilma. Me encarregou de cumprimentar todo o povo venezuelano"
 Ahmadinejad não menciona os Estados Unidos, mas reclama dos "padrões duplos" utilizados por parte da comunidade internacional para analisar questões específicas. Ele se referiu ao programa nuclear iraniano, que é alvo de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e unilateralmente de vários países. O tom da carta é de pedido de apoio ao Irã.
Hugo Chávez, por sua vez, usou seu Twitter para afirmar que, por telefone, a presidente eleita garantiu que vai continuar com a parceria entre Venezuela e Brasil.
- Falei com a presidenta Dilma. Encarregou-me de cumprimentar a todo o povo venezuelano. "Seguiremos construindo a Unidade Brasil-Venezuela", disse (Dilma) - relatou Chávez.

Nova presidenta: a analise sobria dos banqueiros do Citi

Na verdade, de alguns economistas brasileiros, mas a serviço dos mesmos banqueiros, que antigamente os aliados da nova presidenta (estou esperando a designação oficial, mas parece que ela já se declarou favorável a essa horrível designação) chamariam de especuladores de Wall Street. Hoje, eles já não acham mais isso: são aliados, e como...
Paulo Roberto de Almeida

Brazil Macro Flash: Outcome of Presidential Elections Reflects Desire for Continuity
Marcelo Kfoury
Stephan Kautz
Leonardo Porto

Bottom Line
As expected, Ms. Dilma Rousseff won the presidential race and will replace President Lula on January 1st. This result represents the overall desire to continue with current policies, meaning strong economic growth and social programs. Overall, the PT and its alliance had a strong showing in Congress, granting a majority at both houses while the opposition, especially the PSDB, managed to come out strong at gubernatorial elections. Therefore, the next administration shouldn’t have much difficulty dealing with Congress, but the opposition might start breeding the future leaders for upcoming elections. The focus of market attentions now should be on the cabinet formation and potential reforms agenda.

Key Points
Ms. Rousseff had 55 million votes while Mr. Serra received 43 million, the tightest presidential election since 1989. Ms. Rousseff had 10 million votes less than President Lula had back in 2006. In spite of a holiday tomorrow, attendance was not much different from previous elections, with absenteeism just slightly higher. Ms. Rousseff won in 15 states, mostly focused on the Northeastern region, while Mr. Serra led in 11 states, with stronger showings in the Southern regions.

Regarding gubernatorial elections, the PSDB consolidated as the main opposition party, winning eight states, which represent over 46% of the total population. In the second round, the PSDB won four of five state elections in dispute and governs two states more than in 2006. The PT and PMDB elected five states’ governors each, while the PSB won in six states.

At Ms. Rousseff’s first press conference, she was accompanied by the former Minister of Finance Antonio Palocci, in a signal that he might have a key post in her administration, likely the Chief of Staff. The economic policy team was also present, including current Minister Mantega and BCB chairman Meirelles. Both are likely to be around in the transition until the end of the year and even in the beginning of Ms. Rousseff’s administration. Finally, she mentioned little about the future, highlighting to keep campaign promises and keep inflation low.

We believe markets will focus now on FX and fiscal policies, namely whether there will be any change coming. So far, until the end of the year we expect no meaningful changes in both. Yet, the Congress needs to finish voting on the 2011 Budget Law, which could provide an opportunity to check whether more conservative spending estimates could be included, opening room for taming the current expenses growth.

A ilusao do Bric - Oliver Stuenkel

OPINIÃO

A ilusão do Bric

OLIVER STUENKEL

 O Globo, 27/10/2010


O principal legado do presidente Lula no campo da política externa é o fortalecimento das parcerias do Brasil com outras potências emergentes, sobretudo os países do Bric. O comércio com a China está em expansão. Entrou em vigor um acordo de isenção de vistos entre Brasil e Rússia. As relações com a Índia nunca estiveram melhor. O Brasil está certo de querer forjar vínculos bilaterais mais estreitos com os gigantes asiáticos emergentes.
Mas, embora o Brasil deva fortalecer os vínculos individualmente, o próximo presidente brasileiro deve tomar cuidado para não levar a aliança Bric demais a sério. A marca melhorou a imagem do Brasil, mas juntar forças e apostar na importância estratégica da aliança não pode senão resultar em decepção. A marca Bric, criada pelo banqueiro Jim O'Neill, não vai sobreviver a longo prazo.
Que o acrônimo Bric tenha deixado de ser mero termo de investimento para se tornar uma realidade política não é sinal de presciência de O'Neill. O triunfo da marca Bric e sua aceitação entusiástica até por parte de seus "membros", apesar de suas inadequações, indicam o anseio não satisfeito das potências emergentes de compreenderem um mundo cada vez mais complexo, e que lugar nele lhes cabe.
O desafio de encontrar maneiras categóricas de entender o mundo tem precedentes. Historicamente, acadêmicos buscaram estabelecer distinções entre países ao classificá-los por categorias e blocos organizados de acordo com diferentes variáveis. Em 1946, Winston Churchill estabeleceu tal conceito quando introduziu a ideia da Cortina de Ferro. Pouco depois, Alfred Sauvy cunhou o termo Terceiro Mundo, ajudando seres humanos a entenderem o sistema internacional.
Atualmente, esses modelos já não têm significado, e há muitas propostas para novas maneiras de se repensar a realidade geopolítica. Quando criou os Brics, O'Neill estava apenas considerando aspectos econômicos; sendo assim, os países que ele escolheu eram muito heterogêneos. O Brasil e a Índia são duas democracias que ainda não estão plenamente estabelecidas na atual ordem mundial, enquanto a China e a Rússia, dois regimes não democráticos, são poderes estabelecidos desde 1945. Os quatro discordam sobre quase tudo, incluindo mudança climática, direitos humanos e a reforma da governança global.
Apesar de todos estes fatores, o termo Brics virou um conceito chave entre analistas. Os líderes do Brasil, da Índia, da Rússia e da China começaram a se referir a eles mesmos como "membros do Bric". Em 2009, os presidentes Lula e Hu Jintao e os primeiros-ministros Medvedev e Singh encontraram-se em São Petersburgo para uma cúpula do Bric.
Por que os quatro líderes decidiram juntar-se e transformar a categoria de investimentos de O'Neill em realidade política? O que mais os unia parecia ser seu interesse comum em mudar a maneira como o mundo era conduzido. Após o otimismo inicial e os grandes anúncios de uma "nova ordem mundial", no entanto, os membros do Bric deram-se conta de que suas posições eram demasiadamente divergentes para concordarem sobre quaisquer medidas específicas. A categoria de O'Neill é ampla demais para ser significativa.
O que o sucesso da marca Bric realmente mostrou é que os acadêmicos e investidores não são os únicos a buscar uma categoria que possa capturar a realidade. Chefes de Estado anseiam, igualmente, por uma maneira significativa de compreender o mundo. Os quatro líderes encontraram-se em São Petersburgo essencialmente para "experimentar" a categoria que O'Neill tinha inventado para eles. Em vez de apontar para as semelhanças, seu comportamento refletia o forte desejo de entender a que categoria eles pertenciam. Em um mundo de rápidas mudanças, onde parâmetros tradicionais tais como ocidente e oriente, norte e sul e rico e pobre já não orientam as potências emergentes, colocar o "chapéu Bric" foi apenas outro episódio, embora certamente não o último, na busca complexa de sua identidade e de seu lugar em um mundo que vão, em breve, dominar.

OLIVER STUENKEL é cientista político.

Treze promessas da candidata, agora presidente: meus comentarios (Paulo R. Almeida)


As promessas da candidata eleita: breve avaliação

Paulo Roberto Almeida

Assim como fiz brevemente em relação ao candidato da oposição, vou examinar, ainda que brevemente, os compromissos assumidos pela candidata oficial, agora eleita, que deveriam funcionar como uma série de engajamentos genéricos a serem cumpridos nos próximos quatro anos. Justamente, em virtude de seu caráter por demais genérico, certos “compromissos” não representam quase nada.

OS 13 COMPROMISSOS

1. Expandir e fortalecer a democracia política, econômica e social. Garantia irrestrita de liberdade religiosa, de imprensa e de expressão
PRA: Tendo em conta as barbaridades que foram sendo ditas, ao longo dos últimos oito anos, sobre a “grande mídia”, sobre essa alucinação coletiva chamada “Partido da Imprensa Golpista”, mais carinhosamente chamada de PIG, e todas as obsessões de petistas e aliados contra uma coisa chamada “monopólio das comunicações nas mãos de grandes grupos”, é realmente bem-vindo que a candidata se tenha comprometido a “expandir e fortalecer” tudo isso que vai acima.
Na verdade, tudo isso nem precisaria ser dito, sequer mencionado, se não subsistissem desconfianças de que, entre seus colegas de partido e outros apoiadores dotados de vocação totalitária, se apresentassem novamente as mesmas propostas dessas “conferências nacionais” manipuladas por partidos e grupelhos anti-democráticos, empenhados em construir uma imprensa à imagem e semelhança de outras que existem em países justamente anti-democráticos e totalitários.
Nada disso precisaria existir, se não fosse esse comichão de restringir as ditas liberdades. Aliás, a candidata não precisa garantir nada. A Constituição já garante. Ela não precisa fazer nada, basta ficar quieta e não mexer com a imprensa, que dispensa totalmente suas “garantias” para continuar existindo e funcionando normalmente. Quem precisa de garantias é a sociedade, de que dinheiro público não vá para uma imprensa amestrada, para órgãos de informação escravos do poder e coisas do gênero.
Uma boa coisa seria a presidente eleita – sorry, mas não consigo chamá-la de presidenta, coisa horrível de se dizer, sem qualquer sentido aliás – prometer acabar com o ministério da propaganda (vulgarmente conhecido como Secom) e suas imensas verbas, gastas inutilmente em fazer publicidade do governo. Quando o governo tem algo a dizer para a sociedade, se for relevante, não se preocupe que a imprensa repercutirá, de graça para o governo. Todo o resto é propaganda, e portanto dispensável.

2. Construir mais. Crescimento com distribuição de renda
PRA: ??!!! So what? Alguém é contra o crescimento, contra “construir mais”? Bem, talvez os ecologistas, mas esses a candidata sabe como tratar. Alguém seria a favor do crescimento com concentração de renda? Mesmo sendo, ninguém vai dizer.
Na verdade, são os governos que concentram renda, ao dar bolsa-banqueiro (juros altos dos títulos da dívida pública), bolsa-industrial (dinheiro barato do BNDES, para certos projetos ditos “estratégicos”), altos salários para os mandarins da República, a começar pelo Judiciário e Legislativo, pensões e aposentadorias generosas para os mesmos, universidade pública gratuita para os filhos dos ricos, enfim, toda uma série de mecanismos concentradores – a começar pela inflação, que muitos economistas da tropa da presidente favorecem, em troca de “mais emprego” – que governos ditos populares costumam praticar sem mesmo ter consciência do que estão fazendo.

3. Projeto Nacional de Desenvolvimento que assegure a transformação produtiva
PRA: Essa conversa de “projeto nacional” sempre aparece naqueles grupos que tem essa vocação de praticar “engenharia social”. Alguém já viu algum país hoje rico e avançado que tenha alcançado esse estágio de desenvolvimento através de um “projeto nacional”? Acho que essas nações simplesmente trabalharam duro até ficarem ricas e prósperas. Se em vez de perder tempo com essas bobagens que nunca foram implementadas, o novo governo simplesmente estimular a atividade empresarial privada, parar de fazer “despoupança” com o dinheiro da sociedade já seria uma ótima coisa. Os melhores projetos costumam ser os mais simples: produzir, criar empregos, distribuir riqueza pela via do mercado, etc. Se projeto nacional de desenvolvimento fosse receita milagre de desenvolvimento, os países socialistas, com todos os seus planos quinquenais e o planejamento centralizado, teriam conseguido se tornar potências avançadíssimas, não a miséria e o desastre social, humano e material que foram, até soçobrarem na irrelevância econômica total.

4. Defender o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável
PRA: Muito bem. Lá vai a presidente, que já afirmou em Copenhagen que o meio ambiente era uma ameaça ao desenvolvimento, agora sai para defendê-lo bravamente. Não sei por que, mas tenho uma bronca desse tal de “desenvolvimento sustentável”; acho a maior bobagem politicamente correta já criada nos últimos 30 anos. Ponto.

5. Erradicar a pobreza
PRA: Uau! Excusez du peu, como diriam os franceses. Não se trata nem de diminuir a miséria ou eliminar a pobreza extrema, mas simplesmente "erradicar a pobreza". E isso em 4 anos! Bem, quem sou para contestar a presidente? Acho que os EUA, uma das nações mais avançadas do planeta, mas que ainda tem muitos pobres, vão pedir a receita da solução milagre...

6. Governo para todos com atenção especial ao direito dos trabalhadores
PRA: Xiii! Acho que vem mais engessamento da legislação trabalhista por aí, o que não seria nada estranho, em se tratando de um governo eleito com o apoio dos sindicatos de trabalhadores, alguns até verdadeiras máfias sindicais. Trata-se da melhor garantia de que o desemprego vai continuar alto nos próximos anos.
Mas se eu falar em reforma da legislação trabalhista, no sentido da empregabilidade, vão me chamar de "neoliberal". Acho que eles vão conseguir aprovar a lei das “40 horas”, sem redução de salário, o que deve aumentar um pouco mais o desemprego, como aliás ocorreu na França e suas 35 horas, frustradas. Veremos...

7. Educação para igualdade social
PRA: ??? Não imaginaria ninguém prometendo educação para a desigualdade. Agora, o que isso quer dizer, exatamente, eu não sei. Acho que nem a candidata eleita...

8. Trabalhar o Brasil em políticas científica e tecnológica
PRA: “Trabalhar” o Brasil? É com esse tipo de linguagem que se pretende trabalhar no governo? Acho melhor eles fazerem um curso de Português antes...
Aguardo maiores esclarecimento, pois a frase não quer dizer rigorosamente nada. Enquanto isso vou “trabalhar” a massa do pão de queijo.

9. Universalizar a saúde e garantir a qualidade de atendimento do SUS
PRA: Curioso: o presidente atual já tinha dito que a saúde no Brasil estava quase perfeita! Será que aconteceu alguma coisa no caminho que atrapalhou? Será que foi a “extinção perversa” da CPMF? Mas não pode ser: a arrecadação continuou a subir depois disso, ultrapassando, aliás, os volumes previstos para a CPMF. Tenho por mim que o problema da saúde não é tanto a necessidade de mais dinheiro e sim de gestão e de boa administração. Coisas que um Estado organizado pode fazer em quatro anos...
Pode até universalizar, mas acho que vai sair um pouco mais caro do que meio PIB. Aí, vão vir novamente com aquela história da CPMF. Alguém acredita?

10. Vida nas cidades. Habitação, Saneamento e Transportes
PRA: So what?, como diriam os ingleses. Aguardaremos nossa vida... E o pessoal do campo, não leva nada?

11. Valorizar a cultura nacional e dialogar com as outras
PRA: Vamos colocar a nossa cultura a "dialogar" com as outras. Bom programa. Se parar de dar dinheiro para artista incompetente para ganhar o seu próprio dinheiro no mercado, já estaria muito bom. Esses filminhos oficialescos costumam ser horríveis.

12.Combater o crime e garantir a segurança dos cidadãos
PRA: Muito bem. Acho que é isso. Faltou só dizer como...

13. Presença ativa e altiva do Brasil no mundo.
PRA: OK, não precisamos mais nos preocupar com a nossa soberania. Ainda bem que ela está assegurada. Eu me sinto tão mais tranqüilo assim: poder dizer não ao império, poder dizer sim aos países pobres... Tão melhor...

Dilma Roussef
            PRA: Presidente ou presidenta?
Shanghai, 1 de novembro de 2010

A primeira bomba de hidrogenio: 1/11/1952

Das páginas da História (mas relatado apenas diversos dias depois). Ela foi tão poderosa, que os presidentes não mais quiseram fazer testes com ela.

On Nov. 1, 1952, the United States exploded the first hydrogen bomb, in a test at Eniwetok in the Marshall Islands.
The New York Times, November 1st, 1952

EXPERIMENTS FOR HYDROGEN BOMB HELD SUCCESSFULLY AT ENIWETOK; LEAKS ABOUT BLAST UNDER INQUIRY



DEAN BARES TESTS
HAILS 'REMARKABLE FEAT'
A.E.C. Head Says Eyewitnesses Who Wrote Letters About Blast May Be Disciplined
By JAY WALZ
Special to The New York Times
RELATED HEADLINES Flash Is Described: Letter From Task Force Navigator Says Light Equaled 'Ten Suns': 3 Assert Atoll VanisheD
OTHER HEADLINES Papagos Bloc Wins Election in Greece in Landslide Vote: Rally Group Appears to Have at Least 235 of 300 Seats in the New Parliament: Plastiras Is Defeated: New Regime, Favored by U.S., Said to Have Good Chance to Bring Stability to Nation
Korea Raid Razes Red Power Plant: Marine Fliers Bomb Facilities in East - Action on Ground Ebbs in Snow and Cold
Eisenhower Sets Up Bureau to Handle G.O.P. Job Appeals: Applications Are Pouring In - List of Federal Openings Not Yet Fully Compiled: Lane Slated for Ouster: General Is Coming Here After Seeing Truman - Talks With Congress Chiefs Scheduled
British and French Annoyed By Rising Friction With G.I.'s
Italians Sight End Of Overpopulation
Governors Doubt 'Two Party' South: Eleven at Annual Area Parley Discount High G.O.P. Poll- McKeldin in Dissent
2 Boys Find Forgiveness at Home After Accidental Slaying of Sister
Report By Murray Asks Pay Curb End: Late C.I.O. President's Annual Resume Finds Price Controls Now Virtually Abandoned
Crime Study Shifts To Political Reigns: Hearings Resuming Today Will Bare Means of Gaining Power and Perpetuating Regimes
West End Ave. to get New Light Plan Today
Washington, Nov. 16--The Atomic Energy Commission announced tonight "satisfactory" experiments in hydrogen weapon research amid informed speculation that this meant a super-atomic bomb had been exploded in recent United States tests.
In a three-paragraph announcement, the Commission did not go so far as to state that a full-scale hydrogen bomb had been detonated, but it did say "experiments contributing" to hydrogen bomb research had been completed recently during tests in Eniwetok atoll in the mid-Pacific.
Sources close to the commission said they interpreted the commission's announcement as meaning "something new has happened at Eniwetok." In Chicago, Dr. Harold C. Urey, Nobel Prize winner and a key figure in the wartime development of the atom bomb, said he believed the A.E.C. announcement meant that the United States had successfully exploded its first hydrogen bomb.
"It sounds like official language for a successful H-bomb," Dr. Urey responded, when the announcement was read to him.
The Atomic Energy Commission, speaking cautiously for the record, said only that test officials had expressed "satisfaction" over the results as a whole.
Disciplinary Action Weighed
The announcement, issued at the unusual hour of 5:30 o'clock on a Sunday afternoon, broke the silence that the commission had maintained for a week over unofficial reports that the first hydrogen bomb in history--a super-atomic weapon--had been exploded in the recent Eniwetok tests.
The reports emanated from letters that began arriving in the United States from writers who said they had seen at first hand an explosion far more powerful than those resulting from previous atomic detonations.
Gordon Dean, chairman of the commission, said tonight his agency was looking into the question of whether the letters, presumably from Government personnel, had violated regulations or Federal law relating to security information.
Answering reporters' questions, Mr. Dean said the commission was investigating these letters to find out whether disciplinary action and possibly prosecution were called for.
Mr. Dean, who came to his office this evening to read the announcement for the benefit of radio and newsreel representatives, also said the commission, in the public interest, would have nothing further to say on the subject, at least now.
'Productive' Uses Sought
What his announcement did say was this:
"Joint Task Force 132, operating for the Department of Defense and the United States Atomic Energy Commission, has concluded the third series of weapons development tests at Eniwetok atoll in the Marshall Islands.
"Like the Greenhouse series of 1951, it was designed to further the development of various types of weapons. In furtherance of the President's announcement of Jan. 31, 1950, the test program included experiments contributing to thermonuclear weapons research.
"Scientific executives for the tests have expressed satisfaction with the results. The leaders and members of the military and civilian components of the task force have accomplished a remarkable feat of precision in planning and operations and have the commendation of the Department of Defense and the Atomic Energy Commission.
"In the presence of threats to the peace of the world and in the absence of effective and enforcement arrangements for the control of armaments, the United States Government must continue its studies looking toward the development of these vast energies for the defense of the free world.
"At the same time, this Government is pushing with wide and growing success its studies directed toward utilizing these energies for the productive purposes of mankind."
The reference, in the first paragraph of the statement to President Truman's announcement of Jan. 31, 1950, was to a directive ordering the commission to get busy on thermonuclear weapons research, or the "so-called hydrogen or super-bomb."
There had been considerable discussion in Congress of the prospects of a weapon far more powerful than the atomic bomb and from some quarters there was pressure that the President direct the Atomic Energy Commission specifically to begin research and development of this weapon.
Mr. Truman, when he made his announcement, noted it was his responsibility "to see to it that our country is able to defend itself against any possible aggressor." Since 1950 there has been tremendous expansion in the field of hydrogen weapons, notably in plants built in Aiken and Barnwell Counties along the Savannah River in South Carolina.
'Various' Weapons Tested
At the end of the spring test series in 1951, the commission reported that it was working on "thermonuclear weapons research," without leaving any inference as to the stage of the "work."
Today's announcement noted that the most recent tests had been designed to "further the development of various types of weapons." This left the clear impression in some quarters that both the standard nuclear fission and hydrogen weapons had been involved.
There had been no word officially, however, that research had developed to the "experiment" stage, and when the Defense Department and the commission announced on Sept. 9 that there would be new tests on Eniwetok, no mention was made of the hydrogen bomb. The announcement said merely that the tests, the third in a series, were "looking toward the development of atomic weapons."
There was no official expansion on this announcement. But a little more than a week ago letters that began to appear in the press described an event far more terrifying to the spectators than previous atomic explosions. The writers, including junior officers and crew members of ships near the scene, told of a weapon that seemed to be, indeed, a "hell bomb," and one writer reported seeing a mile-wide island disappearing.
Some of the letters reported an exact time for the explosion they said had taken place-- 7:15 A.M. Eniwetok time, Nov. 1.

Dean Issues Statement
Mr. Dean did not submit himself to a question-and-answer period before reporters, but he gave out a written reply to an earlier question about the letters of the last week.
It follows:
"Information issued by the Atomic Energy Commission on Eniwetok test series 1952 is limited to today's statement because any amplification might give aid to potential enemies.
"Our objectives of protecting the security of information about the tests have in general been attained. The commission is concerned, however, over the letters purporting to describe some events in connection with the tests. Investigations are under way leading to possible disciplinary action or prosecution for violation of task force regulations or the law.
"Making public further information as to the nature and results of these tests might injure the interests of the United States. We will make no further announcements."

Treze promessas da candidata, agora eleita presidente (ou presidenta, ugh, se preferir...)

Não custa nada lembrar, ainda que o alto grau de generalidade das promessas seja uma promessa, justamente, de restrições a uma avaliação precisa quanto aos resultados a serem obtidos nos próximos quatro anos.


OS 13 COMPROMISSOS

1. Expandir e fortalecer a democracia política, econômica e social. Garantia irrestrita de liberdade religiosa, de imprensa e de expressão

2. Construir mais. Crescimento com distribuição de renda

3. Projeto Nacional de Desenvolvimento que assegure a transformação produtiva

4. Defender o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável

5. Erradicar a pobreza

6. Governo para todos com atenção especial ao direito dos trabalhadores

7. Educação para igualdade social

8. Trabalhar o Brasil em políticas científica e tecnológica

9. Universalizar a saúde e garantir a qualidade de atendimento do SUS

10. Vida nas cidades. Habitação, Saneamento e Transportes

11. Valorizar a cultura nacional e dialogar com as outras


12.Combater o crime e garantir a segurança dos cidadãos

13. Presença ativa e altiva do Brasil no mundo.

Dilma Roussef

 Permitirei-me comentar, oportunamente, cada uma das promessas de campanha...
Paulo Roberto de Almeida

Chavez propoe integracao de presidentas...

Fusão? Não seria melhor fissão?
Mais um capítulo para os "fusions and mergers" da integração sul-americana: Alba com Mercosul?
Bem, ele deve saber do que está falando...
Paulo Roberto de Almeida

Fusión entre Dilma Rousseff y Cristina Fernández consolidará integración suramericana
Agencia Venezolana de Noticias (AVN), 31/10/2010

Una vez que Dilma Rousseff, candidata del Partido de los Trabajadores (PT), consiga el triunfo en las elecciones presidenciales de Brasil de este domingo, el próximo paso será la consolidación de una alianza estratégica de esta patriota con la presidenta de Argentina, Cristina Fernández para continuar promoviendo la unión suramericana.

Así lo manifestó el Primer Mandatario Nacional Hugo Chávez desde Caucagua, estado Miranda, desde donde se realiza el programa Aló Presidente número 366.

Chávez pronosticó que la candidata brasileña podría obtener una victoria con el apoyo de más del 60% de los votos.

Recordó que en un año serán las elecciones en Argentina y en dos años más en Venezuela, en este sentido, instó a la población de ambos países a estar alerta para evitar que los Estados Unidos intente empañar los triunfos de presidentes progresistas en la región.

“Lo sabemos, el imperio y su burguesía con sus medios de comunicación y su dinero van hacer todo lo posible para impedir este impulso y el curso de esta historia que está por escribirse”, afirmó Chávez.

Advirtió que los medios de comunicación la derecha internacional insistirán en la manipulación “sin límite y sin ética”, para intentar dividir a los que defienden los intereses de los más pobres y necesitados en los pueblos del sur.

En este sentido, aprovechó la oportunidad para hacer un llamado a los militantes del Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) para garantizar el triunfo de la Revolución en el año 2012.

“No dejemos para mañana lo que debemos hacer desde hoy, la batalla por el triunfo en el 2012 ya comenzó, será larga y dura y nosotros venceremos también en esa batalla”, puntualizó Chávez.

Novos tempos que virao: das palavras aos atos

Nunca se deve deixar levar apenas por palavras. Cabe aguardar as ações.
Em função disso, se saberá a agenda a ser cumprida.
Ou existem espaços de atuação independente, ou se vai para o quilombo da resistência intelectual.
Aliás, nada de muito diferente do que vinha sendo feito até aqui.

Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 1 de novembro de 2010)

A frase do dia (para nossos tempos politicamente corretos)

Frase do dia

O politicamente correto continua sendo o melhor disfarce para o intelectualmente estúpido.

Guilherme Fiuza

domingo, 31 de outubro de 2010

Grandes amizades sao duradouras (e ate recebem "douraduras"...)

Chávez diz ter certeza que Dilma vencerá eleições brasileiras

Em artigo publicado neste domingo, presidente venezuelano dá 'boas-vindas' à candidata

Agencia Efe, 31 de outubro de 2010 


CARACAS - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse neste domingo, 31, ter certeza que Dilma Rousseff vencerá as eleições brasileiras para suceder Luiz Inácio Lula da Silva.
O líder venezuelano expôs o ponto de vista em seu artigo "Las líneas de Chávez", que sai na imprensa do país aos domingos.
"Hoje o povo irmão do Brasil escreverá outra página desta nova história", manifestou.
"Quando cair o sol além do Amazonas, quando as estrelas começarem a iluminar a imensa terra de Abreu e Lima, a massa popular de Lula, esse outro grande companheiro, terá eleito outra mulher patriota para dirigir o novo destino do Brasil", acrescentou Chávez.
Para finalizar, Chávez escreveu mensagem direta à Dilma: "Bem-vinda, camarada!".

==============

Que bonito: nada como confiar nos amigos (e nos amigos dos amigos, também). Caracas e La Havana devem estar satisfeitos...
Não é para menos...

Mateo Ricci - Palestra no Museu do Oriente, em Lisboa

Perderemos por pouco...

MATEUS RICCI - INTRODUTOR DO CRISTIANISMO NA CHINA

MATEUS RICCI - INTRODUTOR DO CRISTIANISMO NA CHINA 

MATEUS RICCI - INTRODUTOR DO CRISTIANISMO NA CHINA 12 Novembro
Mateus Ricci - Introdutor do cristianismo na China
Conferência no Museu do Oriente, Lisboa, Portugal
Orador: Padre João Caniço, sj
18.00 - Entrada livre - Piso 4

Mateus Ricci foi um sacerdote jesuíta, filósofo, cartógrafo, astrónomo e matemático. Conhecido pelo nome chinês “Lì Mǎdòu, sobressaiu pela sua actividade missionária, fundada no diálogo, na China da dinastia Ming. É considerado o introdutor do cristianismo na China.
Mateus Ricci nasceu em Macerata, Itália, a 6 de Outubro de 1552 e morreu em Pequim, China, a 11 de Maio de 1610

Mafia Participacoes, SRL (sociedade a responsabilidade limitada)...

Limitada apenas aos companheiros, claro.
Alguns exemplos desse novo empreendimento capitalista, embora em escala restrita (e não seguindo exatamente aquela contabilidade que tinha sido inventada por um monge medieval), figuram nas duas matérias abaixo.
Talvez seja o prenúncio de um novo reino: o dos espertos. Vamos ter de conviver com isso por um bom tempo, ao que parece...
Paulo Roberto de Almeida

Telebrás, para comparsas
ETHEVALDO SIQUEIRA
O Estado de S.Paulo, 31 de outubro de 2010

"A Telebrás não está sendo recriada para servir à sociedade brasileira. Sua reativação tem o claro objetivo de atender a comparsas políticos. Exatamente como tem ocorrido na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isso nos conduzirá, inevitavelmente, à degradação dos serviços, como, aliás, já ocorre no setor postal."

Essas palavras são do comandante Euclides Quandt de Oliveira, ex-ministro das Comunicações, de 1974-79, ao avaliar a recriação da Telebrás.

Quandt foi o primeiro presidente daquela estatal que retirou o País da situação de profundo atraso em suas telecomunicações em que vivia até o começo dos anos 1970.

Lúcido e franco aos 91 anos de idade, Quandt se preocupa com o futuro do País e relembra que cabe ao Estado fixar políticas públicas e mesmo prestar serviços, diretamente ou por intermédio de concessionárias.

"A prestação de serviços públicos é uma responsabilidade do Estado. Cabe-lhe, no entanto, fiscalizar a prestação de serviços com o máximo rigor", afirma Quandt.

Defensor histórico e convicto do modelo estatal, Quandt mudou de opinião no começo dos anos 1990.

Ele explica: "Depois de passar pela Telebrás e pelo Ministério das Comunicações, continuei a defender o modelo estatal, pois acreditava que ele seria capaz de cumprir sua missão de atender aos brasileiros em qualquer ponto do País. Fui, porém, forçado a reconhecer que, a partir de 1985, a escolha de dirigentes no Sistema Telebrás passou a ser feita com o claro propósito de atender a amigos e comparsas políticos, gente que, em sua maioria, não tem a qualificação profissional para o exercício do cargo. A partir daí, passei a ser defensor da privatização".

Loteamento. Por volta de 1990, Quandt já havia perdido sua esperança na possibilidade de a Telebrás atender a todos os brasileiros.

Hoje, o modelo estatal volta a ser desfigurado em vários setores governamentais pelo loteamento político, inclusive com a reativação da Telebrás, como acaba de ser feita.

Conheço Quandt há mais de 30 anos e fui testemunha de seu trabalho excepcional em favor das comunicações brasileiras, ao lado do segundo presidente da Telebrás, o general José Antonio de Alencastro e Silva.

Aquela Telebrás, nascida em 1972, funcionou de forma exemplar até 1985 e nada tinha de parecido com a "nova Telebrás", ressuscitada por Dilma Rousseff e por Erenice Guerra - e entregue, como um feudo, ao petista gaúcho Rogerio Santanna.

Heterodoxia petista. A volta da Telebrás tem sido justificada como estratégia para levar a banda larga a todo o povo brasileiro, "com a melhor qualidade e o menor preço".

Algo comovente, não? Os caminhos para alcançar esse nobre propósito, entretanto, não são nada republicanos. Confira, leitor:

Holding das antigas teles, a Telebrás foi privatizada em 1998, mas não foi extinta, por diversos problemas legais. Por ter sido criada por lei, não poderia ter sido reativada por decreto, com a mudança de suas finalidades. No entanto, esse decreto mudou sua condição de empresa holding transformando-a em uma operadora de serviços. Só uma lei específica, debatida e votada pelo Congresso poderia mudar sua atividade-fim.

Nenhuma concessionária ou outra parte legítima teve coragem de contestar, perante o Supremo Tribunal Federal (STF), essa inconstitucionalidade. Por isso, o País teve que engolir tudo em seco. Será que o Ministério Público não seria essa parte legítima para provocar o STF a se pronunciar sobre a constitucionalidade ou não desse decreto?

Além de recriar a Telebrás, o governo Lula aprovou, num só decreto, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que, "a rigor, como plano, não existe", segundo Otávio Marques de Azevedo, diretor da Andrade Gutierrez, acionista da Oi.

O PNBL divulgado com o decreto não passa de uma breve carta de intenções, acompanhado agora por uma lista das primeiras 100 cidades a serem atendidas, 50% delas com população superior a 350 mil habitantes, nas quais já atuam pelo menos três operadoras com oferta de banda larga.

Um plano de banda larga de verdade deveria incluir metas específicas, fontes de financiamento, orçamento confiável, cronograma de investimentos, áreas prioritárias, população a ser atendida, evolução dos serviços e suas características técnicas.

Por sua importância, a questão da banda larga deveria ter sido debatida pelo Congresso Nacional há mais de 5 anos e com a participação de toda a sociedade. Só foi anunciada, entretanto, por um grupo palaciano ávido de poder, no sétimo ano do governo Lula, como um filão eleitoral.

O pior da heterodoxia e da ousadia petista na recriação da Telebrás foi alijar e marginalizar as duas áreas mais qualificadas e legalmente capacitadas a estudar e a propor modificações setoriais: o Ministério das Comunicações, ao qual a Telebrás sempre esteve legalmente vinculada, e a Anatel, que detém o maior número de especialistas em telecomunicações do governo.

Depois de tantas manobras, tudo acabou sendo decidido por Dilma Rousseff e sua sucessora, Erenice Guerra, sem o apoio do Ministério das Comunicações, que elaborou estudo de mais de 200 páginas sobre as linhas do PNBL - totalmente ignorado pela ministra Dilma.

Eis aí um pequeno retrato das comunicações brasileiras na era Lula.

==================

E por falar em Oi, "Oi internautas"...
Nunca uma saudação foi tão profética:
Da coluna "Holofote", de Felipe Patury, na VEJA desta semana, com três impressionantes flagrantes, como indica o jornalista Reinaldo Azevedo, "evidenciando como funciona a República dos Companheiros. Nos três casos, como vocês verão, o interesse público é apenas a alavanca ou o instrumento de ambições privadas. Esse é o modelo que, segundo as pesquisas, está recebendo hoje o endosso da maioria dos que decidiram votar."
Leiam:

Alô, é do BNDES? Não, é da Oi

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, convidou poucos profissionais do setor privado para acompanhá-lo na carreira pública. O economista Rafael Oliva foi um deles. Braço direito de Coutinho na sua empresa de consultoria, a LCA, Oliva se tornou assessor da presidência do banco. No cargo, participou das maiores operações feitas pela instituição, entre elas o empréstimo de 4,4 bilhões de reais concedido à Oi. Oliva deixou o BNDES. Agora, é diretor de planeja-mento regulatório da Oi. Oi?

Um tempero pra lá de oleoso

Um dos pedidos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez à presidenciável petista Dilma Rousseff foi que mantivesse por um ou dois anos o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Lula acredita que, propagandeando o pré-sal, Gabrielli construirá sua candidatura à sucessão do governador baiano Jaques Wagner. Até 2012, Wagner convidaria Gabrielli para seu governo - e, então, o presidente da Petrobras começaria a tocar sua campanha ainda mais à vontade

As exigências de Erenice à Anatel
O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ronaldo Sardenberg, recebeu em 5 de abril deste ano uma carta confidencial da então secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra. Em duas páginas, a futura ministra Erenice exigiu mudanças no projeto do Plano Nacional de Banda Larga, anunciado no mês seguinte. Anexado à carta, seguiu um texto de doze páginas com o que Erenice queria ver encampado pela Anatel. O documento era assinado por Artur Coimbra de Oliveira, assessor da Presidência, e Gabriel Laender, da Casa Civil. O texto sugeria duas medidas que beneficiariam a empresa Unicel: novas regras para as licitações de bandas largas em freqüências de 450-470 mega-hertz e facilidades para novas operadoras móveis com rede virtual. O marido de Erenice, José Roberto Camargo Campos, trabalhou para a Unicel. O assessor Gabriel Laender também. Sardenberg fez as alterações cobradas por Erenice.

==============

Comento: Eu me pergunto por que certos personagens, que não precisariam dobrar a espinha, resolvem ser tão condescentes com o crime, e acabam manchando assim a sua própria biografia de servidores públicos? Não tenho respostas, mas talvez alguns leitores as tenham.

O Dia em que Adiaram o Carnaval: Barao do Rio Branco - livro de Luiz Claudio Villafane Gomes Santos


 Não por ser meu amigo, mas por ser um grande historiador, recomendo vivamente, ainda antes de conhecer, este livro que acaba de sair no Brasil.
Como posso recomendar um livro sem tê-lo lido ainda?
Simples: prefaciei o primeiro livro de Luiz Claudio, que já conhecia desde a dissertação de Mestrado, e ali mesmo disse que deveria ser publicado, o que finalmente foi feito pela Editora da Universidade do Paraná. Trata-se de uma história das relações do Brasil com as repúblicas do Pacífico, especialmente através da figura especialíssima de Duarte da Ponte Ribeiro, o grande promotor do uti possidetis na definição das fronteiras do Brasil e um diplomata excepcional.
Depois conheci e acompanhei a edição de seu segundo livro, sobre as relações interamericanas no século 19, derivado de sua tese de doutoramento, que foi publicado pela Unesp. Finalmente, já conheço o novo livro parcialmente, por meio de artigos preparados para revistas especializadas.
Agora posso fazer um reparo: também estive associado ao trabalho de elaboração da capa, e fui eu quem forneci a foto do Barão (não fui eu quem fiz, mas eu possuía o clichê), que vem da Catedral de Washington, num vitral que tem outras figuras da América Latina, Bolívar, San Martin, esses "founding fathers" dos países da região, aos quais o Barão se encontra, assim (tardiamente), associado.
Agora, se vocês repararem bem, pela imagem do Barão, quase moçoilo, apesar da calvície já adentrando na cabeça, constataram que "esse barão" não poderia ser "o Barão", status que obteve já de cabelos brancos. Se trata de um barão back to the future. Mais passons sur cette bevue
O que importa é que o Juca Paranhos, barão ou não, é um dos "santos protetores" na catedral ecumênica de Washington. Grande figura, sem dúvida, ainda que eu seja totalmente contrário a esse culto mítico, quse litúrgico, que existe na diplomacia brasileira. O que não diminui em nada, diga-se de passagem, o valor do Barão como historiador, negociador, diplomata e ministro. Um grande homem e um grande estudioso, o que para mim é o que importa. Como ministro, era um realista e não um ideólogo, e não ficava fazendo bravatas entre os impérios daquela conjuntura. Tinha uma percepção aguda do interesse nacional, que colocava acima dos partidos e das lutas políticas da sua época.
Bem, está feita a recomendação
Paulo Roberto de Almeida
PS: Vou receber o livro proximamente, diretamente das mãos do autor...

O DIA EM QUE ADIARAM O CARNAVAL: POLÍTICA EXTERNA E A CONSTRUÇÃO DO BRASIL
LUÍS CLÁUDIO VILLAFAÑE G. SANTOS
(São Paulo: Editora Unesp, 2010, 278 p.; ISBN-13: 978-85-393-0060-0; ISBN-10:
85-393-0060-5)

SINOPSE:
Tido como o responsável pela consolidação do território brasileiro, o Barão do Rio  Branco conquistou em vida a aura de herói nacional. Sua morte, em 1912, levou o governo  a declarar luto oficial e a adiar o Carnaval de fevereiro para abril. Esse episódio  ímpar, que mistura política externa e festa popular, é o ponto de partida de Luís  Cláudio Villafañe G. Santos que, nesta inteligente obra, discorre sobre as complexas  relações entre Estado, território e poder político no Brasil. 
 
A transcendência da morte de Rio Branco não escapou a seus contemporâneos. Uma rápida consulta aos jornais da época deixa clara essa percepção. Na edição vespertina daquele mesmo 10 de fevereiro de 1912, o diário A República assinalou: "Nenhum brasileiro atingiu mais alto o culto da veneração popular. O Barão do Rio Branco era verdadeiramente um patrimônio nacional. A nação que o amou em vida há de idolatrar-lhe reverentemente a sua venerada memória". A Gazeta de Notícias (11/02/1912), por sua vez, comentou que "Dizer doBarão do Rio Branco uma rápida impressão de dor, de luto, de lágrimas, quando o país inteiro soluça é bem difícil. E sua obra foi enorme e grandiosa".
 
Nem os festejos de Momo escapariam do choque trazido pela perda de quem já em vida era considerado um herói nacional. O sábado seguinte ao passamento do Barão, dia 17 de fevereiro, seria carnaval. Seria, porque o carnaval em 1912 acabou adiado para abril. O governo determinou que, em virtude do luto nacional, os festejos fossem transferidos para o período de 6 a 10 de abril. A força do mito criado em torno de José Maria da Silva Paranhos Júnior como construtor na nacionalidade, sua identificação com "uma certa idéia de Brasil", merece reflexão. Trata-se de um caso único, de um diplomata que surge como referência para a construção da nação, um "fundador"da nacionalidade deslocado no tempo. Quando de sua morte, o Brasil já contava com quase noventa anos de vida independente. Já havia sido governado por imperadores, regentes e presidentes. Ainda assim, Rio Branco passou a disputar espaço importante na memória e no imaginário como um dos formadores da nação brasileira.
 
O fato de Juca Paranhos estar indubitavelmente no panteão dos santos do nosso nacionalismo certamente revelará algo do processo de construção da identidade brasileira, uma discussão que já conta com uma longa e respeitável tradição intelectual. São muitas as perspectivas e premissas que animam esse debate. A nação brasileira foi construída pela literatura, pela historiografia, pelas ciências sociais e pelas grandes explicações multidisciplinares dos "intérpretes do Brasil". Vários são os enfoques e os recortes possíveis. Aqui, trilharemos um caminho ainda pouco explorado: a construção da idéia de Brasil, da nação e da nacionalidade brasileiras a partir da política externa do país.
  
Apresentação do Autor: 
Tomando como ponto de partida a tentativa de adiar o carnaval de 1912 por luto pela morte do Barão do Rio Branco, busco problematizar essa mistificação da política externa brasileira como uma continuidade inescapável das ideias e políticas de Paranhos, mas, principalmente, busco reconstruir o caminho trilhado na consolidação do sentimento de identidade brasileira e de nacionalidade e explorar o papel da ação do Estado nessa “invenção”. Mais especificamente, busco ligar a política externa e a construção da identidade/nacionalidade brasileira.
A utilização da figura do Barão como gancho retórico para isso pareceu-me extremamente adequada, pois nós temos um caso único de um “founding father” da nacionalidade deslocado no tempo. Enfim, espero que possa despertar sua curiosidade para um livro que, quem tiver o tempo e paciência, verá que, ainda por cima, acaba em samba…
   A Profa. Doutora Maria Lígia Coelho Prado teve a gentileza de escrever uma belíssima apresentação que conclui, com generosidade, com o seguinte parágrafo:
“Concordando ou discordando das premissas e das teses esposadas – muitas delas controversas – não há dúvidas sobre a competência e sofisticação do autor.  Este livro, sem dúvida, se constitui em leitura fundamental para todos aqueles  que desejam entender as intrincadas mediações entre relações exteriores, identidade e nacionalismo no Brasil contemporâneo”.
O livro já está disponível na Editora e no site da Livraria Cultura (ver aqui).

Sumário:
Apresentação – Maria Lígia Coelho Prado
O Barão, santo no altar da nacionalidade
Brasil ou Brasis?
Um Império tropical
Somos da América e queremos ser americanos
O Barão e outros santos
A consciência do atraso
Rompendo com o Barão?
Conclusão

Faltou combinar com os russos...

Em matéria de privatizações, os russos também já tiveram sua cota de bobagens. Agora tentam consertar um pouco a reestatização feita por Putin, quando o preço do petróleo estava nas alturas.
Resta ver como serão conduzidas as novas privatizações...
Paulo Roberto de Almeida
Eleições 2010

Entre Cuba e a Rússia

Dilma e Lula sonham com a continuidade e um Estado cada vez maior porque não enxergam os erros de Vladimir Putin, que re-estatizou parte das companhias. 

Luiz Leitão

Opinião e Notícia, 27/10/2010
A candidata favorita do presidente Lula para sucedê-lo, Dilma Rousseff, diz na televisão que não irá permitir a privatização da Petrobrás nem de outras empresas nacionais – o que seu adversário José Serra jamais cogitou fazer.
Afinal, sempre se disse no Brasil que “O petróleo é nosso”, embora tenhamos, ainda, gasolina e diesel caríssimos, com teores de enxofre inaceitáveis nos países do outrora chamado Primeiro Mundo, termo usado mais ou menos quando se deu início às privatizações na Rússia, aquelas sim merecedoras do termo pejorativo, “Privataria”, criado pelos petistas, que até hoje amaldiçoam o ex-presidente Fernando Henrique pela venda da Vale do Rio Doce e da Telebrás, cujo esqueleto planejam exumar.
Dilma e Lula sonham com a continuidade e um Estado cada vez maior porque não enxergam os erros de Vladimir Putin, que re-estatizou parte das companhias – entregando sua direção a gente de alta confiança e escassa competência – e permitiu o inchaço do Estado na onda de crescimento que arrefeceu com a crise financeira mundial.
É a economia, estúpido! Seria o caso de bradar-lhes a famosa frase dos tempos de Bill Clinton, que o presidente Dmitri Medvedev talvez tenha recordado ao resolver retomar as privatizações e ordenar a outrora inimaginável demissão de mais de cem mil funcionários públicos.
Estamos falando de um país com 140 milhões de habitantes, o maior exportador de gás natural e o segundo de petróleo, com a terceira maior reserva de dólares, que viu o vigoroso sinal de 8% de crescimento do seu PIB se inverter, numa queda de 7,9% em 2009.
Com reservas provadas de 47,5 trilhões de m² de gás natural e 79 bilhões de barris, empresas de alta tecnologia, um variado parque industrial e agricultura desenvolvida, a Rússia convive com estatais ineficientes e muita corrupção. Como o enfraquecimento da economia fala mais alto, cresce a oposição ao até aqui líder de facto, o primeiro-ministro Vladimir Putin, que já teve níveis de aprovação comparáveis aos de Lula, e fez seu sucessor como o brasileiro pretende fazer a sua.
Enquanto Dilma entoa o discurso do passado, a Rússia privatiza e planeja o corte de um bom naco do funcionalismo e, para azar dos que tanto o admiram, Fidel Castro anuncia a falência do modelo cubano, com a inacreditável demissão de até um milhão de funcionários.
O pacote russo de privatizações é de arrepiar os lulistas, englobando vacas sagradas como os bancos  VTB e o Sviazinvest, a Aeroflot, as ferrovias RZD, a petrolífera Yukos, a Gazprom, a Russian Railways, Russian Technologies, a Transneft.
A privatização russa e o enxugamento do Estado cubano se tornaram o pesadelo de Hugo Chávez, Evo Morales, e até mesmo do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que há pouco acusou falsamente Fernando Henrique de ter pretendido privatizar a Petrobrás.
Parafraseando o velho Mané Garrincha, falta combinar com os russos; no caso, o eleitorado. Será que eles estão preocupados com o Banco do Brasil, a Petrobrás, a Eletrobrás? Se perguntarem à população de Manaus, que sofre constantes apagões, poderão se surpreender.

China vota em Serra...

Ops, seria quase um bilhão de eleitores...
Mas não é o caso, infelizmente para o candidato, que teve magros 215 votos.

Na China, Serra tem 81,4% dos votos; Dilma tem 18,6%  

FABIANO MAISONNAVE, DE PEQUIM

Folha online,  31/10/2010 - 08h45


Sem nenhum incidente, 278 brasileiros compareceram às três urnas instaladas na China para votar no segundo turno presidencial.


O tucano José Serra venceu com folga: 215 votos, contra apenas 49 para a petista Dilma Rousseff. Fecham a conta 14 votos brancos e anulados. Em porcentagem de votos válidos, a vitória tucana foi de 81,4%, contra 18,6% para a candidata governista.
Por causa do fuso horário, a votação na China terminou antes de a votação começar no Brasil: 17h em Pequim, 7h em Brasília.
A votação teve uma abstenção alta. Apenas 55,1% dos 504 eleitores inscritos na China saíram de casa para votar.
O maior "colégio eleitoral" fica em Xangai, com 330 eleitores inscritos, seguido por Pequim (131) e Dongguan (37).

Reestatizacao da Vale: alguns simples numeros

Existem pessoas, e eu não preciso dizer em quais partidos, que acham que a privatização da então Companhia Vale do Rio Doce, hoje Vale, foi um escândalo; eles gostariam de reestatizá-la.
Um projeto nesse sentido chegou a ser apresentado por um deputado de um desses partidos da chamada esquerda radical, que eu apenas chamo de bancada burra.
 O relator, um deputado do PT, apresentou números como os que figuram no video abaixo, do economista Daniel Fraga, para rebater a ideia e dizer que seria melhor deixar a Vale privada.
Assista você também:

http://www.youtube.com/watch?v=vCWn_3Au7qA&NR=1&feature=fvwp

Tragedias politicas brasileiras: reeleicao, regimes politicos e sistemas eleitorais

Recebi, a propósito de um outro post neste blog -- que não vem ao caso, agora, retomar --, um comentário interessante do leitor Thiago Quintella de Mattos, sobre a questão dúbia, ambígua, da "alternância democrática", cujo argumento central transcrevo aqui:

Thiago Quintella de Mattos disse...
Alternância democrática, Paulo, é a maior falácia que existe sobre um discurso democrático. Se existe isso é o próprio processo eleitoral. Se assim fosse, todas as constituições, num Estado Democrático de Direito, viriam com um artigo, quem sabe até um preâmbulo: 'É expressamente proibida a eleição de um candidato ou candidata que pertença ao partido do atual presidente, fazendo valer assim a lei da descontinuidade ou renovação democrática".
Quem está contra isso, durante nosso período republicano, é (são) o(s) partido(s) ou a classe que sempre esteve com o poder no Brasil; com a exceção, talvez, da Era Vargas e do último governo, o do Lula, eleito por duas vezes, democrática e constituicionalmente, de acordo a emenda 16 , do art. 84 da nossa Carta Magna, obra do governo FHC.


Respondi o que segue:

Caro Thiago,
Grato pelos comentários, que comento do meu lado.
Concordo com você em que o termo "alternância democrática" é uma falácia, pois é o processo eleitoral que determina quem vai continuar, ou não, no poder político.
A questão, entretanto, é mais complexa, pois ela envolve, além do regime político -- parlamentar ou presidencialista -- também o sistema eleitoral.
Infelizmente, no Brasil, as coisas se confundem um pouco.
A Constituição tinha sido concebida para um regime parlamentar, e acabamos ficando no presidencial, um pouco por inércia e tradição, outro tanto por pressões do presidente da vez (Sarney). Por outro lado, a questão da reeleição, em princípio saudável, talvez tenha sido prematura. Sou a favor, mas assim como para o voto livre, ou não obrigatório, ela implica um grau de educação política, para políticos e eleitores, que talvez ainda não tenhamos alcançado.
Em 1998, o projeto social-democrata tinha chances de continuidade, sem a reeleição do presidente narcisista e egocêntrico. Vindo pessoas com educação autoritária, só poderiamos ter o uso da máquina como vimos agora e nisso as regras eleitorais da alternância são deformadas pelo uso maciço da máquina pública em favor de um projeto de poder tendencialmente autoritário (e sem escrúpulos com a corrupção, como vimos).
Resumindo: sou por um regime parlamentarista, embora sabendo que no início ele representará a exacerbação de todos os vícios, das piores coisas que temos na vida política brasileira atualmente. Mas se trata de um sistema que educa políticos e eleitores, que disciplina o sistema, que reduz a anarquia partidária e induz à responsabilidade congressual.
Uma outra das tragédias políticas brasileiras é o abismo entre a maioria presidencial, de base popular (pelo voto direto), e a maioria congressual, de base partidária, e não coincidente com a primeira, o que induz a todos esses maus comportamentos que observamos.
Paulo Roberto de Almeida.

Complemento, dizendo que esse descompasso ente a maioria presidencial, tirada popularmente nas urnas, e a maioria parlamentar, construída por diferentes mecanismos oligárquicos e corruptores, leva a que o presidente seja obrigado a "comprar", literalmente, sua maioria no Congresso, por todos os tipos de meios, inclusive os mais escandalosos.
Por isso mesmo sou por um regime parlamentar: a maioria saída das urnas é a que governa, sem contradição com o chefe do Estado (que nem precisaria existir, mas coloquemos uma "rainha da Inglaterra" em seu lugar), pois é o chefe de governo quem comanda, sendo que o governo pode cair a qualquer momento, sem maiores crises políticas (ou com crises absorvidas pelo próprio parlamento ou fazendo-se apelo a novas eleições).
No Brasil ainda precisariamos de varios "test drives" antes de aperfeicoar o sistema, mas acredito que este seja o caminho.
Infelizmente, ele não será testado, pois cada candidato quer ser, ao mesmo tempo, rainha da Inglaterra e líder de governo.
Paulo Roberto de Almenda

(Shanghai, 31.10.2010)

Programa de governo de Serra: um comentario (Paulo R. Almeida)

Durante toda a campanha, o "programa" de campanha de José Serra limitou-se a dois discursos que ele tinha feito em reuniões do PSDB, o que é lamentável.
Apenas agora, nas vésperas das eleições em segundo turno, ele comparece com um programa digno desse nome, uma análise sistemática do que o candidato acredita serem os principais problemas do Brasil e suas propostas e diretivas de ação para cada um das áreas selecionadas como prioritárias.
Como sempre acontece com os candidatos, TUDO é prioritário, e parece que eles vão revolucionar o Brasil no dia seguinte, com base, provavelmente, numa infinidade de recursos que vão brotar do nada.
Mas, vou limitar-me a transcrever aqui o que considero ser a parte central da mensagem de Serra ao público votante, aquela na qual ele diz o que o Brasil e os brasileiros pretendem ser e qual seria o principal obstáculo a isso:

O povo brasileiro aspira a coisas simples e concretas. Quer viver num país mais próspero e decente, respeitado lá fora, justo dentro de suas fronteiras. Um país onde não falte a seus filhos condições básicas de saúde e educação. Que ofereça oportunidades de trabalho aos jovens. Que permita a seus cidadãos que andem pelas ruas sem medo da violência. Um país que vença a desigualdade e respeite as diferenças, que proteja os necessitados. Os brasileiros querem progredir, melhorar a qualidade de vida, garantir um futuro melhor às gerações seguintes. E querem fazê-lo com plena liberdade de escolha e expressão política, sem paternalismos nem mandonismos. Querem ser donos do seu destino.

O maior obstáculo à construção do país com que sonhamos é a desigualdade. O Brasil não é mais um país subdesenvolvido. É, isso sim, um país injusto. Sua economia se coloca entre as maiores do mundo, com pujante agropecuária, indústria de base e de manufaturados, próspero comércio. Mas a distribuição da riqueza continua concentrada, separando a imensa massa de pobres de uma elite riquíssima. Essa distância somente poderá ser reduzida com o engajamento crescente da sociedade e a definida participação do Estado, executando políticas verdadeiramente eficazes de crescimento econômico e promoção social e humana.
Fonte: Programa de Governo José Serra, p. 17.

Agora comento (PRA):
Concordo inteiramente com o primeiro parágrafo. Os brasileiros, na verdade, querem viver num país "normal", como tantos outros que existem no mundo. Mas preferencialmente isso deveria ser alcançado pelos próprios brasileiros, através de seu trabalho e dos mecanismos de mercado, sem qualquer paternalismo ou assistencialismo exagerado por parte do Estado, como parece implícito na proposta do candidato, que pretende também ser um gestor de um Estado ativo, não necessariamente um estimulador da atividade empresarial privada, que deve e pode atender à maior parte das reivindicações dos brasileiros.

Mas discordo frontalmente do segundo parágrafo, o que pretende que o maior obstáculo a tudo isso é a desigualdade. Não, não é, nem no plano lógico-conceitual, nem no plano material-conceitual, ainda que o final do parágrafo aponte o caminho correto na superação da desigualdade.

Explicito meu pensamento. A falta de igualdade, ou se quisermos a "desigualdade" não explica a falta de prosperidade, as más condições de saúde, a violência e a delinquência generalizadas e diversos outros problemas não diretamente abordados, mas implícitos, no parágrafo anterior: o desemprego, o mau funcionamento do Estado, a corrupção, a ausência de infra-estrutura, os preços absurdamente elevados que pagamos por bens e serviços cartelizados, etc. Nada disso, nenhum desses problemas, se deve à suposta desigualdade que caracterizaria o Brasil, que é um fato, mas que não é a causa primária da maior parte de seus problemas.

O fato de colocar a "desigualdade" como elemento central dos problemas brasileiros apenas revela que o PSDB, de acordo com sua verdadeira natureza social-democrática, ainda pretende resolver os problemas do Brasil pela via do distributivismo social, não pela via do produtivismo econômico, o único meio, mais rápido e eficiente de promover o crescimento e a elevação da renda das camadas mais pobres, junto com o adequado funcionamento das instituições públicas e uma melhoria revolucionária na qualidade da educação da população brasileira.

O que, na verdade, impede o Brasil de ser mais próspero, de ter maior nível de crescimento, maior rapidez na criação de empregos, de dispor de melhores estradas, hospitais, escolas, menor violência nas ruas, é a falta de investimentos, que se traduz, portanto, em menor taxa de crescimento e em um aumento lentíssimo da prosperidade (que existe, por certo, mas é tão reduzida que se perde no longo prazo).
E o que impede o Brasil de ter uma taxa mais elevada de investimentos não é a falta de investimentos estatais, como pretendem muitos, e sim a falta de investimentos privados, que existiriam, pelo menos em parte, se não fosse a tremenda "despoupança" estatal que caracteriza o Brasil.
Que isso seja verdade, é simplesmente comprovado pelo nível de carga fiscal existente no Brasil, praticamente no patamar dos países da OCDE -- de cerca de 38% do PIB -- para um PIB per capita cinco ou seis vezes menor. Ou seja, o Brasil é uma anomalia absoluta na economia mundial: o Estado absorve dois quintos do PIB e mantem uma taxa de investimento pública ridiculamente baixa, de 1% do PIB aproximadamente, consumido todo o restante em despesas correntes e transferências obrigatórias.

Se o PSDB, e a população brasileira, o que é mais importante, não perceberem isso, vamos continuar a patinar indefinidamente na mesma situação em que estamos vivendo pelos últimos 50 ou 60 anos, pelo menos. A desigualdade, volto a repetir, não é a causa dos problemas brasileiros, ela é apenas o reflexo das disfunções do funcionamento do sistema público no Brasil, que concentrou nas mãos do Estado a responsabilidade principal pelos mecanismos da vida econômica e, justamente, converteu o Estado na mais poderosa máquina de concentração de renda e de criação de desigualdades que poderíamos ter.

Foi o Estado quem produziu inflação, o mais perverso imposto contra os pobres e o mais poderoso mecanismo de transferência de renda de quem é pobre para as mãos e os bolsos dos ricos. Foi o Estado quem produziu descontrole fiscal, que explica o primeiro fenômeno e contribui para premiar quem já é rico, com recursos subsidiados. Foi o Estado que continua privilegiando os ricos, ao manter um sistema de ensino que concentra verbas no superior, em lugar de se ocupar da educação obrigatória universal. Foi e é o Estado que impede a concorrência e a competição saudáveis, ao manter um protecionismo exagerado e ao alimentar cartéis e monopólios, públicos e privados, que extraem renda do conjunto da população para entregar a industriais protegidos e os cartéis dos principais setores. É o Estado que garante salários duas a três vezes superiores no setor público do que no privado, uma aberração completa e absoluta, ademais da estabilidade total nos cargos público, outro absurdo anti-produtivo; é também o Estado que garante pensões acintosas para os funcionários públicos, contra magros rendimentos para os que são contemplados no sistema geral.
Basicamente é o Estado que cria a desigualdade que o documento do PSDB aponta como o "principal problema" do Brasil, quando não é; ela é apenas o reflexo desse mau funcionamento do Estado, com instituições deformadas, funcionando apenas a serviço dos privilegiados e dos próprios funcionários públicos, gastando em primeiro lugar consigo mesmo, não com a população (mas observo que o Estado não "deveria gastar" com a população, bastaria que ele não arrecadasse recursos que a própria população ou os empresários poderiam consumir, com seu bem-estar, ou investir, para fornecer serviços e bens, o que o Estado pretende  fazer e faz mal, como sempre.

Que o Brasil seja um país injusto, disso ninguém duvida. Que as fontes dessa injustiça estejam na "desigualdade" já é duvidoso, pois a desigualdade pode ser gradualmente absorvida com crescimento econômico -- a ser feito basicamente por investimentos privados, e não públicos --, com uma estrutura tributária menos iníqua, que retire menos dinheiro do trabalho e dos lucros e mais do consumo, da renda e do patrimônio, com uma repartição de despesas que incida sobre serviços universais, não para transferir mais renda para os ricos -- como ocorre agora com o bolsa-empresário do BNDES, com o bolsa-classe média das universidades gratuitas, etc. -- e sobretudo com a melhoria brutal dos padrões educacionais nos dois primeiros níveis de ensino e na educação técnico-profissional de qualidade.

Este é único caminho pelo qual o Brasil poderá ser tudo aquilo que os brasileiros pretendem que ele seja, como colocado no primeiro parágrafo aqui selecionado do programa do PSDB.
Ou seja, errando no diagnóstico e errando nas prescrições é muito provável, que mesmo com a vitória do candidato do PSDB neste dia de eleições, o Brasil continue patinando penosamente em direção ao futuro nos próximos anos (ou décadas).

Boas escolhas a todos.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 31 de outubro de 2010)

sábado, 30 de outubro de 2010

As propostas economicas dos candidatos - Reuters

Economic proposals of Brazil candidates
By Raymond Colitt
Reuters, October 28, 2010

BRASILIA, Oct 28 (Reuters) - Ruling party candidate Dilma Rousseff heads into this Sunday's runoff vote in Brazil's presidential race as the clear favorite against opposition rival Jose Serra.
Rousseff, who has benefited from a booming economy and the huge popularity of President Luiz Inacio Lula da Silva, fell just short of the 50 percent she had needed to win a first round vote on Oct. 3, sending the election to a runoff.
Both of the leading candidates broadly endorse the pillars of current economic policy that have made Brazil one of the world's hottest emerging markets.
Still, there are important differences between former Sao Paulo state governor Serra and Rousseff, Lula's former chief of staff. Here are some of their positions on key issues:

ECONOMIC STABILITY
Both Serra and Rousseff would maintain the mostly market-friendly policies that have provided economic stability over the past decade: a free-floating currency, inflation control and fiscal discipline. Serra says he would make some changes but has given few details.

FISCAL DISCIPLINE
Serra of the Brazilian Social Democracy Party is perceived by some to be the tougher of the two on fiscal discipline, though he has not announced detailed budget targets.
He pledged to cut government fat to allow for more public investment but also proposed measures that would increase current expenditures. These include increasing the minimum monthly salary to 600 reais ($349) from the current 510 reais, expanding the social welfare program Bolsa Familia, and boosting pension pay by 10 percent. Together the measures could cost the government 1 percent of gross domestic product, according to private sector estimates. Serra says the cost is closer to 1 percent of the federal budget and could be offset by projected revenue increases and cutting government waste.
Rousseff, whose Workers' Party has strong ties to public sector unions, proposes maintaining fiscal discipline with gradual adjustments but has ruled out the kind of drastic austerity measures that marked the first year of Lula's administration in 2003. She has said Brazil does not need to rein in public spending for the economy to keep growing at a robust pace.
Rousseff says she would keep a primary budget surplus target of 3.3 percent of gross domestic product until net debt falls to 30 percent of GDP in late 2014. It was 41.4 percent in August.

The government still expects to hit its primary budget target in 2010, but a ramp-up in government spending this year means it may only be able to achieve that by excluding spending on its infrastructure program or adopting other innovative accounting methods.

STATE ROLE IN ECONOMY
Rousseff favors a strong state role in strategic areas, such as banking, petroleum and energy, but she insists private companies in those sectors would not be crowded out.
She also pledges to promote government efficiency and a meritocracy while cutting red tape.
Rousseff may also increase state intervention in the mining sector, which could create risks for iron-ore giant Vale (VALE5.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz).  Lula's government has put pressure on the world's biggest iron-ore producer to create more jobs in Brazil by investing in steel production.
Rousseff is likely to push on with efforts to boost access to broadband Internet services among low-income households through the revived state-run Telebras (TELB3.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz), whose assets had been privatized in the 1990s. Some private industry leaders have said they could be harmed by the plan.
The Workers' Party candidate would also make it easier to establish small businesses.
Serra favors a strong and active government and applauded Lula's fiscal stimulus measures during the 2008-2009 global financial crisis. But Serra, who authorized the sale of a Sao Paulo state bank when he was governor there to state-controlled Banco do Brasil (BBAS3.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz), is seen as more open to selective privatization and says he would not use state funds or push state-owned banks to promote mergers and acquisitions between private companies. Under his model more airports, roads, and railways would be operated under concessions by private companies.
He would strengthen the role of industry regulators and the state's capacity to police and control by reducing political interference and heightening meritocracy. He proposes policies to develop national industry and would step up trade safeguards against cheap, mostly Chinese, imports.