sexta-feira, 21 de junho de 2013

Transacoes correntes deterioradas: Brasil caminha para uma crise?

Brazil Macro Flash: Current Account Continues to Deteriorate in May
    Citigroup, 21/06/2013

  • In May, the current account amounted -US$6.4 billion, in line with consensus and close to our expectations. The monthly results continue to show significant deficits in profits and dividends and international travel spending. Overall, thecurrent account deficit widened further to US$73 billion in the last 12 months, representing 3.2% of GDP. Looking forward, the likely deceleration in economic growth (due to interest rate hikes) together with the more depreciated level of BRL point to some accommodation in current account deficit widening in coming months. Finally, FDI inflows amounted US$3.9 billion in May (US$64.2 billion in the last 12 months), financing a great part of the current account deficit in the same period.
  • In May, the trade balance amounted US$0.8 billion, services and income balance posted a deficit of US$7.3 billion, while current transfers reached US$0.2 billion.
  • Focusing on services and income accounts, the profits and dividends balance reached -US$2.4 billion, while international travel deficit amounted to US$1.7 billion, with net interest payments posting -US$0.6 billion.
  • FDI inflows came in at US$3.9 billion in May, slightly better than our and market expectations. In the last 12 months, FDI inflows amounted to US$64.2 billion, therefore lower than the current account deficit in the same period.
  • It’s worth noting the significant downward revision in CB’s current account deficit estimate to US$75 billion (3.2% of GDP) this year from US$67 billion previously, with FDI amounting US$65 billion in the same period. Considering our call that economic growth will likely decelerate in 2H13 and thereafter, together with the recent BRL depreciation we see fundamentals pointing to some stabilization in current account deficit widening. All in all, we expect current account deficit to reach US$73.3 billion (3.1% of GDP) this year.

A percepcao geral e' a de que a política fiscal do governo Dilma e' uma bagunca - Celso Ming

Essa é a consequência da ideologia aplicada à política econômica: excesso de "furtadismo" -- o economista que achava que um pouco de inflação não fazia mal, e que era melhor isso do que desemprego -- e de keynesianismo de botequim (por vezes de hospício) redundaram nisso que estamos vendo: baixo crescimento, alta inflação, queda do equilíbrio fiscal e de transações correntes, enfim, ameaça de descontrole econômico grave, gerando aceleração da inflação, fuga de capitais, mais inflação, e depois crise generalizada.
Não que estejamos prevendo tudo isso, mas já vimos esse filme antes, e ele não termina bem.
Tudo isso em função da incompetência do governo -- e dos seus dirigentes máximos em matéria de economia -- em lidar com a dinâmica do jogo econômico, que eles não percebem e não sabem administrar.
Primeiro, não sabem nem fazer um diagnóstico correto da situação.
Segundo, aplicam o remédio errado para o diagnóstico errado.
Parece que estão colocando mais gasolina no fogo.
Gente brilhante...
Paulo Roberto de Almeida

Hora de mudar

CELSO MING

O Estado de S.Paulo, 20 de junho de 2013

Se foi mesmo sincera quando, ao elogiar as manifestações e suas reivindicações por mudanças, garantiu que fará essas mudanças, a presidente Dilma tem de começar a mudar o diagnóstico e o tratamento que vinha dando à inflação.
Embora não se saiba onde e como vão desembocar, os protestos começaram com a revolta com o reajuste de R$ 0,20 nas tarifas da condução cobradas em São Paulo.
Ora, o problema não é o reajuste, ontem revogado. É a inflação, que exigiu o reajuste. Ela vem corroendo o poder aquisitivo e em algum lugar do bolso do consumidor teve mesmo de começar a pressionar.
Um eventual recuo dos administradores na cobrança desse reajuste, como já aconteceu em São Paulo e em outras sete capitais, não resolve o problema central. Vai continuar faltando salário antes de chegar o fim do mês.
Até agora, o governo Dilma fez uma avaliação arrogante da inflação. Ignorou sua importância e seus estragos. Atribuiu o problema a causas externas (choques de oferta produzidos pelas secas nos Estados Unidos em 2012) ou a fenômenos temporários internos. A partir desse diagnóstico, não havia o que fazer. Era esperar pelo refluxo espontâneo da inflação. Durante meses, o Banco Central fez o mesmo jogo. Mas, desde abril, passou a admitir que a inflação tem causas internas relevantes. Entre elas, os gastos excessivos do setor público (política fiscal expansionista), consumo acima da capacidade de oferta da economia e mercado de trabalho excessivamente aquecido, que vinha proporcionando pagamento de salários acima da expansão da produtividade do trabalho.
Traído no compromisso quebrado pelo governo de manter uma política orçamentária responsável, a partir de abril o Banco Central se sentiu liberado para acionar sua política monetária (alta dos juros) até então teimosamente mantida a serviço do arranjo voluntarista de política econômica que vem produzindo as conhecidas distorções. Já se vê que uma política de juros mais restritiva desacompanhada de uma política fiscal responsável pode pouco contra a inflação.
Depois de muita vacilação e uma tentativa de sacramentar a adoção de uma política fiscal que denominou de anticíclica (que implica mais despesas agora), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que entregará ao final deste ano um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) correspondente a 2,3% do PIB. Mas ninguém sabe, provavelmente nem ele, como conseguirá esse resultado nem se será suficiente.
A percepção geral é a de que a política fiscal do governo Dilma é uma bagunça. E este é um fator adicional que tira a credibilidade da política econômica e trabalha contra a virada.
A inflação sofre agora os ataques de outro fator: o da disparada das cotações do dólar no câmbio interno. É o que vai encarecer ainda mais os produtos importados e as dívidas em moeda estrangeira, numa proporção incerta, mas que provavelmente não será inferior a 0,5 ponto porcentual de inflação ao ano para cada alta de 10% na cotação do dólar.
Enfim, falta saber o que mudará na condução da política econômica do governo Dilma. E se de fato mudará.

Da' pra' trocar de governo? Por enquanto não... - Carlos Alberto Sardenberg

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 20/06/2013

A gerente de uma pequena farmácia do bairro de Pinheiros, em São Paulo, me conta, animada, que fechara a loja na última terça, às 21 horas, e fora direto para a manifestação na Avenida Paulista. Protestar contra o quê? — pergunto, sabendo que ela tem carro. E ela: “Bom, contra tudo, né? A gente trabalha tanto e não tem dinheiro para passear, aproveitar a vida”.
Uma reclamação rara, valia a pena especular. A moça elaborou mais um pouco. “A gente paga IPTU, tanto imposto, e o governo fica dando dinheiro para quem não trabalha. Dar emprego, tudo bem, mas dar bolsa não é justo, o senhor não acha?”
Resumindo a bronca: muito trabalho, salário suficiente para viver, mas não para aproveitar a vida; o governo toma muito imposto e não devolve serviços justos para quem trabalha tanto.
Tarifas de ônibus, trens e metrô cabem aí. O passageiro paga caro por um serviço ineficiente e desconfortável.
Generalizando, o governo é caro, mas não presta. Pelo e-mail da CBN, um ouvinte de Petrópolis conta que foi ontem à Secretaria municipal de Saúde tirar a carteira para atendimento no SUS. Não deu, o sistema estava fora do ar. Na fila, comentaram que estava assim havia quatro dias. Cidadão zeloso, nosso ouvinte ligou para o 136, ouvidoria do SUS, onde obteve a informação de que... o sistema estava fora do ar.
Na pesquisa CNI-Ibope divulgada ontem, a área de saúde apareceu, junto com segurança, como a de pior avaliação: 66% dos entrevistados desaprovam os serviços. Esse resultado negativo tem se repetido e vale para os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) já que todos têm alguma coisa a fazer nesse setor.
Entende-se por que os protestos parecem, digamos, genéricos. É difícil mesmo para o cidadão saber que o posto é municipal ou estadual, mas o remédio é federal.
Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, um intelectual sempre interessado em entender a cena brasileira, costuma perguntar a todo mundo que encontra: “Me diga o que você acha que funciona no Brasil.”
As três respostas mais citadas, amplamente dominantes: o sistema de apuração de eleição, as campanhas de vacinação e a Receita Federal. Elaborando aqui e ali, o pessoal aprecia a rapidez da apuração, mas não os políticos eleitos. Com as vacinações, tudo bem. Já quanto à Receita, seria uma admiração ao revés — como os caras sabem cobrar!
E assim voltamos ao ponto de partida: o governo cobra caro, sabe cobrar, e não entrega. Trata-se de um sentimento, um mal-estar que, entretanto, não resulta em propostas políticas determinadas.
É curioso. Bronca generalizada com o governo e com os impostos — bem, isso parece uma atitude liberal. Lembram-se? Governo não é a solução, é o problema, repetia Ronald Reagan.
Mas, por aqui, muita gente que reclama do governo pede mais governo. Por exemplo: as reivindicações para a estatização completa dos transportes públicos, de modo a eliminar o “lucro predatório” das empresas privadas que operam o setor.
Não faz sentido. Se as prefeituras e os governos estaduais não conseguem gerenciar nem fiscalizar, como conseguiriam fazer isso e ainda operar todo o sistema? Tanto é assim que governadores e prefeitos das maiores cidades têm deixado o tema de lado. Eles sabem que não teriam dinheiro nem capacidade de assumir todo o transporte público.
O governo Dilma, ainda que constrangido, também admite essas dificuldades do setor público. Tanto que está aplicando um programa de privatização de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Mas é uma espécie de privatização envergonhada, com muitas restrições à atuação das empresas privadas. Isso resulta de uma ideologia de esquerda bastante disseminada no país, mas também de uma prática velha, fisiológica, dos políticos que vivem de ocupar espaço nos governos para atender não o povo, mas a seus interesses e aos de seus correligionários.
Caímos, assim, nesse impasse: o pessoal tem bronca do governo e, por falta de outra proposta, acaba achando que a solução está no governo.
Fica difícil. Como pedir menos impostos — e todo mundo pede isso — e mais serviços oferecidos pelo governo?
Já os governantes, pressionados pelas manifestações, dizem que não têm dinheiro para fazer o que pedem. De certo modo, é verdade: as demandas são infinitas. Mas a principal política do governante é exatamente escolher as prioridades, decidir onde e com quem vai gastar o dinheiro público.
É nisso que falha nosso sistema político. Não aparecem as diferenças de orientação programática. Por isso os governos ficam parecidos, e tão parecidos que as pessoas reclamam “contra tudo”.
A questão política nacional é: como sair da bronca para uma doutrina e respectiva ação que consertem as coisas?


Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

Po! Catedral nao! Mas eu sei de outra obra de Niemeyer que, se destruir, nao vai fazer falta...

Indigno de uma turba civilizada (isso existe?).
Vândalos quebraram vitrais da Catedral de Brasília, que apesar de ter sido desenhada por um comunista idiota, é uma bela peça de arte (mas só por fora; por dentro, a despeito dos vitrais bonitos, que não são do arquiteto idiota, ela é pouco funcional, e terrivelmente desconfortável para quem frequenta missas ali dentro).
Sem dúvida, a Catedral precisa ser preservada dos novos bárbaros do cerrado central.
Mas se o pessoal anda descontente com a capital federal, eu poderia indicar, por exemplo, uma outra obra do mesmo arquiteto idiota, que, se destruíssem, melhoraria tremendamente o visual de Brasília.
Ali mesmo em frente à Catedral, do outro lado da rua, se ergue, ou melhor, se enterra no chão, um horrível, horroroso, tenebroso meio ovo de concreto, uma coisa disforme que atende pelo nome de Museu Nacional. Não é museu e não é nacional: é apenas um bolinho vagabundo de concreto, pesando algumas milhares de toneladas, que é a coisa mais feia, mais horrenda que já me foi dado contemplar na capital da República.
Aquela coisa, os vândalos poderiam destruir tranquilamente, que ajudaria a recompor, justamente, a vista da Catedral, hoje esmagada pelo ovo comunista do outro lado da rua.
Vândalos, por favor, voltai, mas com tratores, britadeiras, alguns bastões de dinamite, quem sabe uma bomba-arrasa quarteirão? (falem com o Pentágono, ele pode emprestar), pois vai ser difícil acabar com aquela porcaria.
Paulo Roberto de Almeida

Vândalos depredam a Catedral de Brasília
20/06/2013; 21:00
Depois de tentarem invadir o Itamaraty, manifestantes promovem um rastro de depredação na Esplanada dos Ministérios nesta quinta-feira (20). Nem mesmo a Catedral de Brasília, um dos principais cartões postais da capital federal reformada recentemente, foi poupada dos ataques.
Manifestantes jogaram pedras na Catedral trincando uma dos vitrais coloridos, picharam ministérios e placas, atearam fogo em diferentes pontos do gramado central e quebram vidros do Banco Central e do Itamaraty. Também enfrentaram a Polícia Militar com rojões. Os policiais reagiram com spray de pimenta, balas de borracha e bombas de gás.
Em Brasília cerca de 40 pessoas foram atendidas pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) entre manifestantes e policiais. Onze pessoas foram levadas para diferentes hospitais. Três estão em estado grave.

A Secretaria de Saúde do DF, em coletiva de imprensa, informou que um homem morreu. Ele caiu de um viaduto próximo à rodoviária central de Brasília. O homem exalava álcool, mas ele não estava na manifestação, segundo o secretário-adjunto de Saúde do DF, Elias Fernando.

O "poste" esta' calado; e isso e' muito ruim para a democracia, ou para a simples paz social...

Quem usou esse nome de poste não fui eu, nem o autor do desrespeitoso editorial desse legítimo representante do PIG (o Partido da Imprensa Golpista), o jornalão conservador que todos conhecem.
Foi o próprio construtor do poste, que ainda se vangloria, a cada viagem internacional, a cada conversa com interlocutores selecionados, aos quais continua a entoar suas gabolices, que é ele quem dá as ordens:
"Eu já falei, eu já telefonei, eu disse para fazer assim, eu vou pedir para providenciar, deixa comigo que eu falo..." e outras coisas do mesmo gênero.
Sendo assim, claro que ao primeiro clarão de um coquetel molotov um pouco mais perto, bata aquela sensação de insegurança, e sem saber o que fazer, o poste (que se movimenta) vai bater à porta do seu criador.
Vai ser difícil manter esse turismo postal de lá prá cá, de cá prá lá, inclusive porque postes não passam assim despercebidos. Eles incomodam muita gente...
Vão ter de arranjar algum disfarce. Vai ser difícil...
Paulo Roberto de Almeida

Sem violência’ e sem controle
Editorial O Estado de S.Paulo, 20/06/2013

Bem que o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, invocou os velhos tempos em que os protestos de rua tinham carros de som para guiar as ações dos participantes e lideranças claramente identificadas que as autoridades poderiam chamar para uma conversa. Nos velhos tempos, aqui e no exterior, tampouco havia marchas organizadas pelo Partido Comunista (PC) ou por centrais sindicais sob o seu mando que não exibissem, além da clássica comissão de frente com os braços entrelaçados, um adestrado aparato de segurança pronto a reprimir, não raro a porretadas, os companheiros de viagem que, por palavras ou atos, se desgarrassem do roteiro político traçado para a ocasião pela autodeclarada vanguarda do proletariado. Os meganhas do PC também expulsavam do cortejo os militantes expurgados que, ainda assim, se achavam no direito de desfilar em meio à massa.
Os velhos tempos já se foram tarde. E a última coisa a esperar de passeatas “horizontais”, sem estrutura hierárquica preestabelecida, como as que se propagam pelo País – e que outrora a ortodoxia do Partidão rotularia com desdém de “espontaneístas” -, seria uma falange capaz de impor o respeito às cláusulas pétreas do movimento: nada de partidos, nada de violência. No primeiro caso, o controle tem funcionado. Sumiram por bem, pelo menos em São Paulo, as bandeiras das agremiações ultrarradicais, como PSTU e PCO. Ou sumiram por mal, quando, numa cena sem precedentes, um manifestante na Praça da Sé, cansado de argumentar, arrancou de seu portador – e pisoteou – a rubra bandeira engalanada com a foice e o martelo do Partido Comunista Revolucionário (PCR), que ainda reverencia o camarada Stalin. A multidão encorajou o revolucionário a deixar o local.
Já o caráter pacífico dos protestos não havia como defender. Assim como tinha ocorrido na véspera, no ataque à Assembleia Legislativa do Rio, na terça-feira a exortação “sem violência” foi impotente para impedir a tentativa de invasão e a depredação da entrada da Prefeitura paulistana e a queima de um posto da PM e de uma van da Rede Record, a pouca distância dali. Os arruaceiros berravam “sem moralismo”, e “sem burguesia”. A ampla maioria civilizada não conseguiria, tampouco, enfrentar os grupos que se puseram a vandalizar ou a saquear as lojas de departamentos das proximidades. A polícia, que na segunda-feira atirou em quem não devia, porque não fizera nada de errado ou nem sequer participava do protesto, dessa vez só apareceu com três horas de atraso, quando o pior já ocorrera. Se antes faltou policiar os PMs, depois sobrou desorientação – a começar do governador Geraldo Alckmin.
Pelo menos ele não deixou às pressas o Palácio dos Bandeirantes para pedir socorro a alguém presumivelmente mais apto a lidar com a incomum situação destes dias. Foi o que fez, apequenando-se perante aliados, adversários e a opinião pública, a presidente Dilma Rousseff. Ela, que tanto intimida a sua equipe com seus modos autoritários e a certeza de ser a dona da verdade, tornou a demonstrar que, na hora H, não é ninguém sem dois conselheiros. Um é o marqueteiro-residente do Planalto, João Santana. O outro, claro, é o seu progenitor político Luiz Inácio Lula da Silva. Foi Santana quem a instou finalmente a se pronunciar, após mais de uma semana em que os jovens, às dezenas de milhares, tomaram as ruas do País. Na terça-feira, antes de um bate-volta a São Paulo para perguntar ao seu mentor o que fazer agora, ela encaixou elogios à moçada numa fala sobre mineração.
Quem os escreveu é do ramo. Quem os leu, se também fosse, saberia infundir de sentimento pelo menos este enunciado: “A grandeza das manifestações comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo de nossa população”. Mas, ao vivo, nada consegue derreter a frieza da presidente e a sua robótica entonação. A campanha de 2010 colou nela o depreciativo “poste”, que o próprio Lula viria a repetir para se gabar de sua eleição. (Fez o mesmo quando Fernando Haddad se elegeu em São Paulo.) O pior é que Dilma, depois de 2 anos e meio no Planalto, continua a precisar dele para ligar a luz.

Deu (de novo) no New York Times: "Despertar social no Brasil" (não seria o adormecer da razao?)

Esse tal de despertar social no Brasil, segundo o editorial do New York Times, pode ser um adormecer da democracia, pois está claro que os grupelhos organizados que provocaram a onda de manifestações não estão interessados num processo de reformas gradual, para tirar o Brasil do brejo corrupto e corruptor no qual ele se encontra hoje. Nem o governo, acuado como se vê, vai deixar de recorrer a forças policiais, e até às Forças Armadas, para restabelecer uma aparência de ordem, que foi perdida muito tempo atrás, quando o próprio governo sancionou, tolerou, foi até conivente com todas as violações da legalidade, com a violência de meliantes organizados politicamente, com todas as barbaridades cometidas pelos seus próprios "aliados".
Ou seja, temos e teremos tempos sombrios pela frente, até que o vigor da tropa acalme as tribos bárbaras que andam depredando e queimando um pouco em todas as partes.
Talvez o próprio governo se convença do bem fundamentado que é o velho adágio popular: cacete não é santo, mas de vez em quando faz milagres...
Paulo Roberto de Almeida

The New York Times, June 20, 2013

Social Awakening in Brazil



The huge street protests sweeping across Brazil this week caught almost everyone by surprise. But maybe they shouldn’t have.
For all of Brazil’s achievements over the past few decades — a stronger economy, democratic elections, more money and attention directed toward the needs of the poor — there is still a huge gap between the promises of Brazil’s ruling leftist politicians and the harsh realities of day-to-day life outside the political and business elite.
The World Bank lists Brazil as the world’s seventh-largest economy, but puts it in the bottom 10 percent on income equality. Its 15-year-olds rank near the bottom in global rankings of reading and math skills. A succession of its top politicians have been implicated in flagrant payoff schemes and other misuse of public funds.
No wonder that public-transit fare increases provoked outrage from the poor and middle class, who are burdened by a regressive tax system. No wonder that lavish spending on World Cup soccer stadiums while public education remains grievously underfinanced became a rallying cry. To her credit, President Dilma Rousseff has tried to be responsive to the demonstrators. She declared that she welcomes the desire for change, and will respond to it. Local authorities have rolled back the transit fare increases that triggered the protests.
But this week’s marches and demonstrations have revealed public anger at skewed spending priorities and failures in education and other social services as well as a broad constituency for change. In the northeastern city of Fortaleza Wednesday, soccer fans in the newly built stadium and star players on the field signaled their support for the protesters outside.
Brazil’s long silent majority seems to be finding its political voice. Ms. Rousseff, who is up for re-election next year, will have to address new demands with substance as well as sympathy.

Reporter deste blog relata o que viu na Avenida Paulista, SP - a nomear...

Este blog já tem correspondentes internacionais, no caso, eu mesmo, quando viajo.
Mas tem também aqueles que colaboram ao vivo, se ouso dizer, presencialmente pelo menos.
Abaixo um relato de um reporter ponderado sobre a manifestação na Avenida Paulista em São Paulo.
Seu autor?
Se ele desejar, acrescento o nome dele...
Por enquanto seu relato, preciso, sintético, realista.
Paulo Roberto de Almeida

Reflexões pós manifestação: cada dia é bem diferente do outro, a julgar pelos depoimentos e análises publicados até agora. Falava-se no perigo de faltar uma linha reivindicativa clara e consistente num meio termo entre os extremos generalista ("abaixo a corrupção") e personalista ("fora Dilma"). Falava-se ora que o conflito com a polícia era insuflado por infiltrados para desmoralizar o movimento, ora que ele era um efeito colateral inevitável. Falava-se que a direita havia cooptado o movimento, ou então que o Haddad tinha conseguido esvaziá-lo. 

Hoje na Avenida Paulista vi algo diferente de tudo isso. Em vez de uma massa indecisa pronta para ser manobrada à direita ou à esquerda, vi blocos ideológicos claramente definidos. Os coturnos noturnos do "todos contra a corrupção" andavam lá na frente sem conseguir angariar massa crítica. O bloco de bateria do Movimento Passe Livre puxava de fato a fila, com a sua reivindicação claríssima. Logo atrás vinha a ala das baianas (muitos de branco) cujo mote básico era "PT VTNC". Imediatamente depois, os disciplinadíssimos blocos da esquerda — UJS, anarquistas, PCO, e PT misturado ao MST — pedindo nada menos que o fim do capitalismo. Um grupo com faixas em amarelo e preto (cores do movimento Libertário) pedia menos impostos e reforma tributária. Depois deles, um grupo anti-Feliciano. 

Além dessas escolas organizadas, havia uma multidão de grupos menores e mesmo pessoas isoladas com suas demandas setoriais ou idéias mais ambiciosas. Apesar dessa diversidade, alguns cartazes se repetiam em todos os grupos, grandes ou pequenos: "não à PEC37", "fora Renan", "não à Copa", "não é só [ou mais] 20 centavos. Em todos à exceção da disciplinada esquerda. 

Nada, portanto, de falta de idéias claras nem incompatibilidade entre as diferentes demandas, como alguns simpatizantes do MPL andaram se alarmando. 

Outro fato que desmente os alarmistas é que as bandeiras do Brasil não eram mais numerosas nos grupos "de direita" do que nos "de esquerda" (só os anarquistas, coerentemente, não tinham nenhuma). Não vi motivo para temermos um golpe da extrema-direita, se as relações numéricas entre os grupos se mantiverem. Nem vejo massa crítica petista para aclamar um eventual retorno do barbudo. 


Agora, é claro que com tantas pautas e ideologias diversas manifestando juntas — juntas MESMO, salvo as ocasionais farpas trocadas entre petistas e antipetistas — fica difícil prever onde isso tudo vai dar e quanto tempo vai durar. Por ora, adelante!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Seguranca Publica e Luta de Classes - Percival Puggina


SEGURANÇA PÚBLICA E LUTA DE CLASSES
            Percival Puggina
 20 de maio de 2013

            Em dezembro, a ministra Maria do Rosário, como presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, editou uma Resolução cuja principal finalidade era coibir o uso de arma de fogo pelos policiais. Você sabe como é. Policiais são aquelas pessoas treinadas para enfrentar, em encrencas mais ou menos grossas, até mesmo indivíduos apetrechados com armas de guerra e explosivos. A Resolução da ministra informava aos bravos profissionais, escassos, mal pagos e em desvantagem no equipamento, que, se puxassem o gatilho no exercício de sua atividade - ai deles! Sairiam da encrenca com o crime para um rolo com os inquéritos e com a Justiça.

            A criminalidade - tenho como coisa óbvia - venceu a guerra que empreendeu contra nós. Hoje, em todo o país, o crime controla a sociedade e impõe regras. Nós as acolhemos por medo e os governos por motivos ideológicos. "Como assim?", indagará o leitor. Ora, ora, nossos governantes acreditam em luta de classes. Para eles, a ação dos criminosos contra os cidadãos é uma expressão inevitável dessa luta. Ao fim e ao cabo, os bandidos realizam tarefa política compatível com o que, dominantemente, pensam as autoridades. Não esqueça que muitos dos nossos atuais governantes legitimavam, com esse mesmo entendimento, os crimes que cometiam ao tempo da luta armada, nos anos 70 e 80 do século passado. Assaltavam bancos, supermercados, roubavam automóveis e sequestravam aviões para abastecerem de recursos sua belicosa atividade. Agora, a identificação com os métodos e objetivos de então levou à complacência e à solidariedade que se derrama da Resolução nº 8 do tal Conselho. O agente policial que porta arma continua sendo visto, pelos nossos governantes, como inimigo de classe. Não se requer muitas luzes para perceber isso. Ou você já os viu expressando preocupação, manifestando condolência ou prestando apoio às vítimas da bandidagem?

            Quem não gostar vá chorar deitado. É mais confortável.
A realidade que descrevi só vai mudar com uma política que se expresse em outra forma de lidar com o problema, coisa que tão cedo não acontecerá. Segundo todas as pesquisas de opinião, a sociedade está muito satisfeita com o grupo que hegemoniza a política nacional. Crê, sob fé cega, que sua insegurança é causada pelos bandidos e não pela omissão/conivência dos governos que fazem absolutamente nada - mas nada mesmo! - do que deveriam fazer, na proporção exigida, para reverter a situação. Ou seja: novas e mais rigorosas leis penais; maiores contingentes policiais mais bem apetrechados de recursos materiais e financeiros; aumento significativo das vagas em estabelecimentos prisionais; respeito aos direitos humanos dos cidadãos e das vítimas da criminalidade.

            Quando a polícia do Rio de Janeiro empreendeu caçada a um dos maiores traficantes do país e o matou durante tiroteio, ouriçaram-se as autoridades contra a violência da ação. Encrenca prá cima dos responsáveis pela operação. Pior para nós, os derrotados, os desarmados, os desassistidos, os expropriados. Enquanto isso, nos Estados Unidos, poucas horas depois do atentado praticado durante a maratona de Boston, um dos terroristas estava morto e o outro preso. Sim e daí? Daí que em vez de recriminar o FBI pela "violência da operação", o presidente Obama foi para a tevê registrar o sucesso da ação e afirmar que "o mundo testemunhou uma segura e firme verdade: os EUA se recusam a ser aterrorizados". Nós afirmamos o oposto.

Zero Hora, 19 de maio de 2013.

Venezuela: maravilhas do socialismo do seculo 18: desabastecimento...

Sem comentários, pois já são muitos os abaixo transcritos...
Paulo Roberto de Almeida

Revista América Economia, Dom, 16/06/2013 - 18:56

 El desabastecimiento se ha convertido en parte de la vida de las personas en Venezuela.

AméricaEconomía.com habló con venezolanas y venezolanos de distintas profesiones que diariamente deben hacer grandes esfuerzos para conseguir los productos que necesitan.
El desabastecimiento es un problema que golpea a los venezolanos en la actualidad. El gobierno de Nicolás Maduro ha hecho varios anuncios para combatirlo y denunciado que la oposición estaría detrás de estos hechos. Mientras, la gente continúa haciendo esfuerzos por conseguir los bienes que requiere y muchos critican al Ejecutivo por la situación.
AméricaEconomía.com conversó con venezolanas y venezolanos de distintas profesiones que se enfrentan a diario con esta realidad. Conozca aquí sus testimonios:

Nombre: Roxana Alicia Carrasquel Moreno
Edad: 42
Ocupación: Gerente Comercial de una Clínica en la Ciudad de Maturín
Lugar de residencia: Maturín. Estado Monagas. Venezuela
"Si consigues un producto debes realizar una mega cola de dos a tres horas, y obvio que no todos tenemos tiempo para eso, por eso compramos los productos a un precio triple para ahorrarnos esa situación, y si conseguimos el mismo producto en el supermercado lo volvemos a comprar y lo almacenamos"
“Lo que está viviendo actualmente mi país es tan triste y lamentable en todos los aspectos, ya sea económico, social, cultural, político; y lo más grave es el desabastecimiento. Esto viene sucediendo desde hace tres años, aproximadamente, donde algunos artículos como la leche, el café y la azúcar desaparecían del mercado -cuando no había café aparecía la leche- y así sucesivamente fue ocurriendo hasta que el año pasado, como en agosto, empezaron a desaparecer más productos como la harina pan y harína de trigo, aceite, papel sanitario, carnes, toallas sanitarias, pasta de dientes, mantequilla, huevos, etc. Esto ha provocado que los vendedores informales vendan estos productos de primera necesidad a un alto costo. Estos vendedores consiguen la mercancía en otras ciudades y también con fuertes contactos con los distribuidores del gobierno, los cuales distribuyen a los Mercados Socialistas donde venden por persona una cantidad limitada. Las veces que viajo a la capital, Caracas, que me queda a ocho horas, hago mis compras de harina, azúcar, papel sanitario, leche, aceite, mantequilla y café. Estos y más productos se consiguen en la capital, ya que el desabastecimiento es en todos los Estados de Venezuela, menos en Caracas, o aparentan que no lo hay. Para realizar un mercado familiar debo recorrer todos los supermercados y eso no garantiza que consiga los productos. Además, si consigues un producto debes realizar una mega cola de dos a tres horas, y obvio que no todos tenemos tiempo para eso, por eso compramos los productos a un precio triple para ahorrarnos esa situación, y si conseguimos el mismo producto en el supermercado lo volvemos a comprar y lo almacenamos. Es deprimente la situación cuando observas a las personas realizando mega colas, desde las 4:00 am en los Mercados Socialistas para que les vendan productos limitados y a veces salen con solo dos o tres productos. Es humillante e impresionante. Hasta en nuestros hogares racionamos los alimentos por la escasez. Cada 30 días los precios suben. Esto ha ido agudizando y realmente esperamos lo peor. Se ha formado una redes de comunicación por las redes sociales, amigos y familiares, donde nos mantienen informados dónde podemos encontrar los productos en el momento que llegan. Narrar esta situación me llena de cólera y tristeza, nunca pensé que mi país llegaría a una situación así; muchos decían que Venezuela iba vía a una Cuba y en los actuales momentos estamos viviendo una situación igual. La mala política aplicada por este gobierno chavista nos está llevando a la ruina: no existe calidad de vida, la inseguridad aumenta cada día, malos servicios hospitalarios, de luz, agua, vialidad, transporte. Venezuela está viviendo una de sus peores crisis, el país se está cayendo a pedazos”.

Nombre: Miguel Guzman Porras.
Edad: 30 años
Ocupación: Abogado con Magister en Gerencia Internacional de Recursos Humanos.
Lugar de residencia: Maturín. Estado Monagas.
“Dejé Venezuela en 2011 luego de residenciarme un año y medio en Londres, Inglaterra, mientras realizaba mis estudios de postgrado y regresé en febrero de 2013 encontrando una gran diferencia no sólo en el incremento del costo de la vida diaria, sino del aumento de los niveles de criminalidad y la sensación de inseguridad, muchos vivimos casi paranoicos. Recién llegando, el gobierno implementó una devaluación de nuestra moneda y no soy economista, pero se dice que es de 46%; y en menos de un mes, todos los productos (consumibles y no consumibles) aumentaron su valor en casi 50%, sin que se realizará un aumento salarial adecuado y frente a un país donde no existen oportunidades de empleo y reina el comercio informal. En casa a todos nos afecta el desabastecimiento. ¿Cómo se vive? Mi madre como buena jefa de la casa, se encarga de comprar los alimentos, sin embargo, todos tenemos una regla: ninguno hace fila para comprar nada. Mientras no se consigue algo, se utiliza algún producto que lo sustituya, es decir, se come otra cosa. Con respecto a productos digamos “necesarios”, todos hacemos rondas por la ciudad, y si alguien no está de ronda y por casualidad está en un supermercado y encuentra algún producto “necesario”, se compra la cantidad que el establecimiento permita, aunque en la casa ya tengamos. Esto es para tener reservas. Así básicamente funcionan las cosas para nosotros en casa y pienso que es así en muchos hogares. Por supuesto, un punto clave para que las cosas rindan, es usar solo lo necesario y siempre darle prioridad de consumo a productos que no se encuentren en escasez. Los alimentos más afectados son, principalmente, harina pan (el precio de este producto se mantiene estático porque está regulado), pollo, carne, margarina-mantequilla, azúcar, leche en polvo y aceite de maíz. Sin embargo, lo más deprimente es la escasez de papel sanitario. Una práctica muy común es que las personas se envían mutuamente mensajes de texto, cadenas de blackberry Messenger o de whatsapp, avisando dónde hay productos, y tenemos que correr para ver si llegamos antes de que se forme la fila. Otras personas están pendientes del camión de suministros o simplemente tienen algún informante interno en el supermercado, que avisa cuando viene algún producto. Otra opción son las bodegas en zonas más pobres de la ciudad, donde los productos se venden con un precio más alto, independientemente de que sean productos regulados. Por tratarse de este tipo de establecimientos, asumimos que no se les aplica sanción. La cosa funciona así, ellos los compran en supermercados a precios regulados y los revenden al doble o triple. Hay que destacar que el problema del desabastecimiento no es el único de los problemas en Venezuela”.

Nombre: Alejandro Mauricio Godoy Céspedes
Edad: 28 años
Ocupación: estudiante de Ingeniería Civil en la Universidad Central de Venezuela y trabaja en una compañía aseguradora
Lugar de residencia: Caracas
“Para ser sincero, el desabastecimiento en los últimos siete años es generalizado en el país, sin embargo, es luego del proceso electoral del 14A que se acrecenta esta dificultad para abastecer de alimentos en el pais. En particular, últimamente me ha resultado complicado encontrar mantequilla y pollo. Dependiendo del supermercado o local, también desaparecen otros productos, sin embargo, los antes mencionados no se consiguen en la mayoría. Los productos que actualmente se encuentran más escasos son el pollo, la carne tipo A y productos lacteos. El problema con respecto al aumento de los precios es que estos se encuentran "regulados" desde hace bastantes años, con variaciones interanuales por el gobierno central y aún así los negocios no toman en cuenta esto y aumentan precios de forma unilateral, así que me resulta difícil especificar un tiempo preciso; ya se ha vuelto rutina de mercado el tener que ir sorteando los mercados en busca de productos más "baratos", en vista del cambio de precios. Algunos locales ya se han visto en la necesidad de limitar la venta de ciertos rubros con el fin de aligerar el desabastecimiento. Todos los que me rodean concuerdan que la situacion de alimentos se encuentra complicada. Algunos factores que originaron esta crisis a lo largo de 14 años es la ineptitud en las politicas públicas, la incapacidad del gobierno de producir bienes y servicios, las asfixia por parte de este al sector privado de la economía. Al no ver motivación al cambio de parte del gobierno, dudo mucho que esta situación tenga alguna solución a corto o mediano plazo”.

Nombre: Emitza Arrechedera Torrealba
Edad: 43
Ocupación: técnica en informática, dedicada actualmente a las labores del hogar.
Lugar de residencia: Maracay
“He vivido el problema del desabastecimiento con asombro, por ser Venezuela un país rico y aprovisionado de todo recurso, para mí ha sido terrible e inconcebible. Esta situación la percibo desde hace algunos años, desde que el proyecto del gobierno (chavista) se ha empeñado en acabar con la empresa privada y la produccion nacional; pero todo se agravó desde el 2012. La escases es generalizada. Ya existían problemas con medicamentos, algunos alimentos, productos de aseo personal, etc., pero todo colapsó a mediados del año pasado a tal punto de no conseguir leche, azúcar, café, papel higiénico, servilletas, crema dental, jabón de tocador, shampoo, pollo, etc. Usted entra a un automercado y observa los anaqueles llenos, pero al observar bien colocan el mismo producto en casi todos los estantes. En lo que respecta a la cantidad de alimentos que se pueden comprar, en su mayoría puede llevar dos a lo más, tres unidades por persona. Los aumentos sobrepasan la inflación registrada, insólitamente unas de las más altas del mundo. Tengo familiares en Chile y me ha tocado traer productos de ese país; los chilenos vivieron algo similar y todo se resumía a una cola y desplazamientos grandes buscando productos. Esta situación no es ocasional, no se salva nadie en ningún estado. El modelo económico que impera en el país (chavista), el modelo económico tradicional se ha fracturado y/o estatizado. Todo lo que toque el gobierno es “del pueblo”, no le duele a nadie, no tiene cara responsable. Se trata de un panfleto ideológico. Indudablemente temo que se pueda agudizar, depende del monopolio estatal, sin producción nacional y, por tanto, de importación indiscriminada”.

Nombre: Aníbal Estaba
Edad: 28
Ocupación: ingeniero industrial
Lugar de residencia: Maturín, Estado Monagas.
“El problema de abastecimiento ha impactado a todos los estratos sociales y cada día es más difícil conseguir productos que son de primera necesidad y que pertenecen a la cesta básica de los hogares venezolanos. El problema de la escasez se ha percibido desde hace unos años atrás, siempre ha existido la deficiencia de abastecer todo el mercado así como la permanencia de los productos. La escasez ha estado constante, no siempre ha sido el mismo producto, pero es hoy en día en que se percibe con más fuerza por la falta de muchos productos de consumo diario. Dentro de los productos más afectados se encuentran los pollos, la harina pan, harina de trigo, papel higiénico, mantequilla, azúcar, café, jabones de baño, lavaplatos, entre otros. Los precios han subido considerablemente desde principios de año, cuando el gobierno anunció la devaluación del bolívar, conjuntamente con el alza del precio del dolar oficial que se encuentra con un control de cambio. El dolar paralelo hoy en día llega a los 28 bsf por cada dolar. He tenido que trasladarme a otros lugares para comprar, los productos normalmente se pueden conseguir en la capital del país, donde el gobierno trata de abastecer primeramente, y por la cercanía de las principales empresas que producen estos productos, aunque no es un secreto que Venezuela importa grandes toneladas de alimentos mensualmente. Los productos que están escaseados en los supermercados están restringidos la cantidad de productos al consumidor, la cantidad varia de cuatro a dos productos por personas, quienes deben hacer colas que parecen ser interminables para adquirir el producto. Mis familiares y amigos día a día se ven afectados, constantemente se avisan en qué supermercado han llegado los productos para ir corriendo a hacer la cola para poder comprarlos antes de que se acaben. Hay mucho temor de que se agudice la situación, a pesar del esfuerzo que hace el gobierno en solventarla, realizando acuerdos con otros países y aumentando la producción de las pocas industrias productoras, no parece mejorar, o así lo percibimos muchos venezolanos”.

Nombre: Leonor Jorquera
Edad: No revelada
Ocupación: profesora de Educación especial. Actualmente jubilada, ejerce particularmente para subsistir
Lugar de residencia: San Antonio, Estado de Miranda
Si bien Leonor relata que el desabastecimiento era un problema que se viene arrastrando desde el gobierno de Chávez, la situación hoy es más severa. La escasez no se limita a los alimentos, sino que también a otros productos como los de aseo personal y medicina. En este sentido, el comprar es una actividad que empieza a consumir gran parte del tiempo de los venezolanos y se está haciendo una práctica común.
Otro dato interesante que aporta es el hecho de que cada miembro de su grupo familiar compra los productos donde los encuentre, mientras desempeña sus labores, pues una vez en casa, es más difícil encontrar todo.
Ella agrega: “Efectivamente, tenemos restringidos en la compra algunos productos. La semana pasada solo nos vendían 2 paquetes de papel toillet por persona.(cada paquete tiene 4 rollos pequeños). Como consecuencia, sucede que la gente entra y sale del supermercado hasta tres veces para conseguir la cantidad deseada”.
Otro grave problema que se origina al respecto es el precio de estos escasos productos. Pues, según comenta Leonor: “Muchas veces el no conseguir un producto ocasiona el abuso y la especulación pues los comerciantes de la economía no formal, conocidos como "buhoneros" los tienen y elevan los precios hasta el cuádruple de su valor. Y hay gente que los compra”.
”Creo que aún no hemos tocado fondo, este es un gobierno poco efectivo, ocupado de tapar sus propios intereses personales y haciendo creer a la gente que están haciendo lo que ellos llaman un gobierno de calle para resolverle los problemas a la población”.
Productos más afectados: “Papel toillet, harina de maiz, harina de trigo, cera de pisos, aceite vegetal, carnes y pollo, huevos(han subido en 100% su valor en tan solo tres meses) medicamentos muchos”.

Nombre: María Maduro
Edad: 57 años
Ocupación: médico veterinario
Lugar de residencia: Estado Mérida
María Maduro Concuerda con los comentarios de los otros entrevistados. El problema del desabastecimiento se fue dando desde hace un tiempo gradualmente hasta su crisis actual. Primero comenzó a disminuir la variedad de los productos hasta ahora que resulta “casi imposible conseguir muchos de ellos”.
Además otro punto en que concuerda es en la focalización de esta escasez, la cual se incrementa en los estados alejados de la capital, como en el de Mérida, donde reside actualmente.
“Desde siempre he realizado mis compras en un supermercado muy cercano a mi casa, poco a poco pude ver como empezaban a escasear productos básicos y de primera necesidad en la vida del venezolano común, llevándome esto a recorrer varios supermercados de toda la ciudad donde por redes sociales se difundía que habían llegado algunos productos que ya estaban inexistentes”.
“Al trabajar con público es muy fácil escuchar las quejas diarias de todos los ciudadanos de lo difícil que es conseguir muchos productos en la actualidad. También en ocasiones es posible conseguirlos con revendedores informales pero por el doble y hasta el triple de su precio original”.

Nombre: Emilia Coronado
Edad: 53 años
Ocupación: oficinista
Lugar de residencia: Punto Fijo, Estado Falcón
“Hemos vivido momentos y situaciones muy terribles, pero ésta, la del desabastecimiento ha sido la peor. Primero comenzaron con la restricción de los productos, ejemplo: si comprabas harina pan te vendían sólo una o dos por personas. Supongo que era para que nos fuésemos acostumbrando. Luego comenzamos a notar que ni siquiera eso podíamos hacer porque sencillamente no estaban en los anaqueles de los supermercados y si informaban (por radio pasillo) que los buhoneros tenían, salíamos volando a buscar el producto y nos encontrábamos que teníamos que pagar el doble o el triple de lo que costaba en realidad. Y no teníamos otra alternativa que comprarlo al precio que fuese con tal de obtener el producto que necesitábamos”
Las complicaciones para Emilia son tales, que según relata, debe dedicar un día entero para las compras. Por su trabajo, le es imposible hacerlo durante la semana, por lo que ocupa el sábado. Pero con esto, las dificultades no disminuyen, pues no le basta un solo lugar para comprar, sino que requiere ir cada vez más lejos de la ciudad para conseguir algo, y hasta comenta “Una tiene que volverse amiga de las cajeras para que le guarden algo de los productos que escasean cuando éstos lleguen al mercado.”.
Respecto a los precios, Emilia Coronado aporta otro detalle interesante, más allá del aumento lógico cuando estos escasean. Se trata del componente emocional en situaciones de crisis como estas. Ella relata que “esto impacta en el presupuesto familiar porque cuando llega algún producto y uno tiene la oportunidad de comprar más de lo que se necesita en ese momento, por el temor de no conseguirlo de nuevo, debe disponer de lo que no estaba presupuestado”.
“El desabastecimiento es para todos. Aquí las peleas de las amas de casa es a "cuchillo limpio" cuando llega el pollo, que es el alimento mas apreciado por los ciudadanos”.
“Ni siquiera nos podemos fabricar nuestro propio papel "toilet".Aunque usted no lo crea, ya se está importando y dicen, no me consta, que el de China viene con bacterias. Ahora será un problema aún mayor porque si nos enfermamos, ahora si que viene lo bueno pues no se consiguen las medicinas".

Nombre: Saúl Rondón Jorquera
Edad: 26 años
Ocupación: médico Veterinario
Lugar de residencia: Estado de Miranda
Saúl confirma que existe restricción en la compra de productos. Generalmente, comenta, el máximo de lo que te puedes llevar es dos unidades. Además, en su trabajo como veterinario también ha constatado que el problema se extiende a este tipo de alimentos, especialmente respecto al precio de los mismos.
“El desabastecimiento parece ser por temporadas hay veces que falta aceite, margarina, harina pan y harina de trigo, ahorita lo que esta faltando es el papel higiénico, el pan, la harina de maíz y próximamente la harina de trigo me han dicho porque la empresa que la producía se retiro del país”.
A juicio de Saúl, las razones de esta crisis está en “todos los productos que tengan que ver con importaciones, el problema es el control cambiario y la falta de divisas. Los precios regulados son un problema si hay una inflación tan grande como la que hay acá y la falta de producción nacional”
Finalmente, el veterinario termina por confirmar su temor respecto al futuro y agrega: “no sé qué más se puede agudizar. ¡Esto es lo más agudo que he visto en mi vida!”

Nombre: Igor Hernández
Ocupación: licenciado en Cienicas Industriales
Lugar de residencia: Valencia Carabobo.
Que hay de cierto respecto del tema del desabastecimiento?
Es cierto, y un tema principal es el control de divisas que existe sobre la mayoría de las empresas privadas, que son el motor principal de la economía. Por otro lado sin dólares no pueden comprar sus productos en los mercados internacionales. Ese es un punto central, lo cual provoca que no hayan productos básicos, como papel higiénico, cosméticos, medicinas, alimentos básicos, como harina de maíz.
En muchos casos es por la falta de divisas, y en otros es por el control del gobierno dice Hernández, quien afirma que por algunas razones, el gobierno controla los medios para hacer llegar los alimentos a los ciudadanos. Esto, ya que el gobierno en algunas ocasiones deriva los alimentos para abastacer el Mercal, que es la red gubernamental de abastecimiento.
De hecho, hace pocos días Empresas Polar y el gobierno llegaron a un acuerdo para permitir la producción y distribución de alimentos. (Polar produce casi el 51% de la harina de maiz a nivel nacional), el resto de las empresas son propiedad del gobierno, y no están funcionando a plena capacidad.
El desabastecimiento...?
Según el Hernández, quien es Licienciado en Cienicas Industriales, es cierto que hay escasez de algunos productos. Por ejemplo el papel higiénico, hasta hace un par de semanas había variedad de marcas, ayer (martes) fuí a tres supermercados y solo había una marca y en pocas cantidades.
Otra de las cosas que escasean es el pollo. De pronto sacan stock del mercado y la gente debe hacer filas para comprar ese tipo de alimentos. Entonces, uno dice, somos un país petrolero y tenemos que vivir este tipo de cosas.
Qué otros elementos faltan...
Harina de trigo, leche en polvo. La leche que hay es toda importada, lo cual indica que la empresas que antes producian ya no lo hacen.
Existen topes para efectuar compras...
En algunos casos puede ser. Depende del supermercado, pero son casos puntuales.
Redes sociales...
Así es, a través de las redes sociales como el twitter, la gente se está informando sobre dónde hay productos para comprar.

Nombre: Edwin Gómez
Ocupación: abogado
Lugar de residencia: Valencia, Estado de Carabobo.
Para el abogado y activista del movimiento Voluntad Popular, la situación es caótica es un desastre total. Es más, los buboneros (comerciantes ambulantes) tienen más mercancías que el propio gobierno. Entonces cuando se revisa cómo reciben los productos, se aprecia que hay una mafia desde el propio gobierno afirma enfático, ya que a los negocios no les interesa el tema del abastecimiento, sino el ganar dinero, y solo, luego de esto los alimentos aparecen.
En la calle, la gente está sufriendo como nunca lo hizo en los últimos 20 años, ya que deben recorrer casi todos los municipios de Valencia para encontrar lo que necesitan, enfatizó con rabia.
De quien es la culpa...
Respecto de las responsabilidad, Gómez en categórico, la culpa sin lugar a dudas es del gobierno. No han implementado políticas de Estado, ya que no las tienen. No han podido implementar un plan para palear el problema de las divisas que necesitan la empresas para recibir y comprar sus materias primas.
Por tanto, como no están las divisas necesarias para la compra de insumos, el gobierno se ha visto obligado a importar comida desde los países de la región. Un ejemplo es el caso del pollo, que se trae de Brasil, el café que se importa desde los países centroamericanos (Nicaragua y Colombia), el café ya casi no es venezolano.
Esta situación se dio en los gobiernos de Chávez...
No es que la situación fuera mejor, pero cuando se llegaba a puntos muy críticos, Chávez emitía una orden a las empresas para que suplieran los requerimientos de la ciudadanía.
Maduro está tratando de volver a implementar el Sistema Complementario de Administración de Divisas (Sicad), en donde no se conoce el precio de entrada ni da salida del dólar. Entonces, con este sistema se han producido las devaluaciones por todos conocidas en el país. Todo esto apunta a que el precio de la comida seguirá subiendo, el precio del dólar también subirá, lo que redundará en que las empresas para poder producir y comprar materia prima, van a tener más problemas y terminarán cerrando.
Entonces, el principal problema que se vive en el país es la falta de dólares, y el mal trabajo que están realizando las oficinas fiscalizadoras de empleo, donde no se están resolviendo de buena manera los problemas laborales. Esto quiere decir que aquellos empleados que deberían ser despedidos de sus trabajos, por estar cometiendo faltas, la autoridad está fiscalizando a las empresas, pese a que existan empleados "saboteadores".
Cuales son los principales materias que faltan...
La mitad de la cesta básica: azucar, aceites, café, leche, harina de trigo, algunas hortalizas, carnes, pollo, atún, mayonesa etc.
Cuando el ministro Osorio (Ministro de Alimentos) dice que la escasez es falsa...
Ese ministro es uno de los principales beneficiarios de las cadenas de comida que tiene el gobierno. De eso hay pruebas que no las tengo yo, pero que si han sido presentadas.

Nombre: Ruby Bastista
Ocupación: publicista
Lugar de residencia: Carabobo
Si, hay desabastecimiento en todos los rubros o áreas del comercio. Falta papel sanitario, harina, aceite. En todos los aspectos hay desabastecimiento de mercancías. Lo poco que hay, son frutas y verduras, pero a precios muy elevados. Seis manzanas cuestam 100 bolivares (US$16) por ejemplo.
En mi caso, una semana compro lechosa (papaya) y la otra bananos (plátanos), y mucho mango ya son las frutas más baratas.
Hay topes para acceder a algunos productos...
Sí. Eso sucede con la harina pre cocida, de ese tipo de productos te dejan llevar nada más que 4 paquetes por persona, y en ocasiones solo dos.
De quién es la responsabilidad de esta situación...
Todo es culpa del gobierno, ya que está tratando de crear crisis en las empresas para poder tomar el control del poder, ya que lo que nosotros estamos viviendo es una dictadura, que está disfrazada de democracia. Entonces el gobierno necesita crear escasez. De hecho, se han visto contenedores con alimentos que se han podrido, ya que el gobierno no quiere sacarlos al mercado, para luego culpar a los empresarios.
Otro motivo sería la falta de dólares...
Sí. Aunque hay cosas que se producen en el país, hay tantas limitaciones que los empresarios no pueden producir por las faltas de divisas. Con Chávez también sucedía, pero ahora se agravó, ya que los que están encargados no conocen ni papa de esta vaina, dice Ruby.
Cómo ves el futuro...
El desabastecimiento va a continuar y se va a agravar. Para poder conseguir algo, hay que recorrer 6 o 7 supermercados, y luego hacer filas para conseguir los productos. La cadena distributiva se vé afectada.
Los buboneros son otro problema, ya que de hecho ellos tienen más productos que los propios establecimientos.
Futuro social y político...

Lo veo crítico y vamos hacia una situación peor.

Argumentos para e dos Anonimos Adesistas e Mercenarios a Soldo (5): Educacao com 10pc do orcamento?

Já digo logo de cara: sou contra.
Não porque eu ache que a educação não precise de dinheiro, ou que os professores já ganhem bem (embora eles não ganhem tão mal assim, para o seu nível de produtividade).
Mas porque eu acho que mais dinheiro não vai resolver a péssima qualidade da educação no Brasil: será a mesma porcaria apenas que consumindo mais recursos de toda a sociedade.

Tenho dezenas de argumentos sobre a educação, sua organização e as formas de remuneração, mas sobretudo sobre a qualificação dos professores. Também acho que o MEC é o principal problema da educação brasileira, hoje, mas isso podemos discutir depois.

O desafio para os AAs e MSs é este aqui:

Sabendo que a maior parte dos países (inclusive aqueles que exibem alta qualidade no ensino) gasta aproximadamente, na média, entre 5 e 6% nos orçamentos educacionais, por que o Brasil precisaria colocar 10% do PIB no dispendio educacional?

Tem a ver também com quanto se gasta em cada nível, como se gasta (nos meios e nos fins, etc.), mas a pergunta básica está colocada acima.
Fico esperando argumentos a favor dos 10%. Eu sou contra.
Paulo Roberto de Almeida
20/06/2013

Argumentos para e dos Anonimos Adesistas e Mercenarios a Soldo (4): Fundo Soberano, precisamos dessa estrovenga?

Já me perguntaram diversas vezes sobre o tal de Fundo Soberano, orgulhosamente chamado de FSB, do Brasil (não é do Brasil, é do governo, já que controlado por apenas 3 burocratas públicos).
Também acho que já dei minha opinião: sou contra, simples assim.

Mas explico.
Fundos Soberanos, quando existem (e não são todos os países que os têm, só os mais esquizofrênicos), são formados, obviamente, a partir de um excesso, excedente, surplus, superávit, seja lá o que for a mais, basicamente de duas coisas: excesso de receitas sobre despesas (superávit fiscal), saldos excedentários no balanço de pagamentos (muitas exportações, muita renda do exterior, muitos investimentos, etc.).
Ou seja, o país tem um governo muito responsável (por vezes mesquinho, também), que arrecada mais do que gasta, ou ou país em si é extraordinariamente bem sucedido na sua competitividade externa.
Mas, geralmente, os países que exibem essas características, e são muitos, geralmente desenvolvidos, não têm fundo soberano, porque não precisam disso. As transações correntes ocorrem naturalmente, e a moeda geralmente é livremente conversível, havendo também liberdade de movimento de capitais.
Quem tem FS (e aí eu volto aos esquizofrênicos mencionados acima)?
Os países anormais...
Estou brincando claro, mas grande parte são esses exportadores de petróleo, ou de alguma outra commodity rentável (o que aliás desenvolve nefastos comportamentos rent-seeking; procurem na Wikipedia, curiosos), enfim, países que possuem excedentes de exportação estruturais, constantes, abundantes.
Outros países, mas são poucos, que também podem fazer um FS são os que dispõem de um resultado fiscal também favorável, por arrecadarem muito e gastarem pouco. A Noruega, por exemplo, está na mesma situação, dupla, aliás: descobriu petróleo, e a Statoil alimenta um fundo estatal que vai servir ao futuro do país, seja para educar os seus filhos, seja para cuidar dos seus velhos, quando esses recursos acabarem, e o peso da demografia for mais forte.

O que eu quero dizer com tudo isso?
Apenas isto: o Brasil é um país que não dispõe de excedentes estruturais de nenhum tipo, nem fiscal, nem de transações correntes.
O Brasil, portanto reúne todas as condições para NÃO ter Fundo Soberano.

E por que o Brasil tem um Fundo Soberano?
Sei lá, perguntem ao ministro da Fazenda.
O mais incrível, é que já tendo um orçamento todo comprometido com despesas correntes, miseráveis investimentos e um grande pagamento da dívida pública, ele escolheu retirar dinheiro do orçamento para colocar no FSB.
Faz sentido isso?
Para mim não faz nenhum.

Portanto, aqui vai o meu quarto desafio aos Adesistas Anônimos e aos Mercenários a Soldo:

Quais são os argumentos a favor do Fundo Soberano do Brasil?

Paulo Roberto de Almeida
20/06/2013



Argumentos para e dos Anonimos Adesistas e Mercenarios a Soldo (3): televisao publica, propaganda governamental

Terceiro da série.

O Brasil, ou melhor, o governo, por qualquer critério que se meça, gasta um bocado com propaganda governamental, e dispõe para isso de milhares de funcionários, que teoricamente trabalham com "informação".

É sabido -- pois isso é público -- que esses canais governamentais exibem um índice baixíssimo de audiência, não importa quanto dinheiro se gaste com esses veículos.

Meu argumento é muito simples: acabar com tudo isso, eliminar, por completo, toda e qualquer informação governamental -- que não seja aquela absolutamente necessária, como avisos sobre: vacinações, catástrofes, defesa civil, avisos relevantes, etc, mas que também podem ser facilmente veiculados pelos meios privados, em redes nacionais, ou até de graça, pelos mesmos meios -- e liquidar toda essa estrutura cara, custosa, inútil, que não serve para nada, a não ser para dar emprego aos companheiros.

A pergunta também é simples?

O Brasil precisa de rádios, TVs, jornais públicos, ou pagos com o dinheiro público?

Eu já esclareci a minha posição, e apenas aguardo argumentos a favor da posição contrária à minha...

Paulo Roberto de Almeida
20/06/2013

Argumentos para e dos Anonimos Adesistas e Mercenarios a Soldo (2): poupança e investimento

Continuando a minha série de desafios aos Anonimos Adesistas e aos Mercenarios a Soldo, coloco aqui o problema.

O Brasil tem uma taxa de poupança voluntária notoriamente e estavelmente baixa (já foi maior), na faixa de 17 a 18 por cento do PIB. Ora, isso é reconhecidamente insuficiente, se quisermos crescer mais de 4 ou 5 % ao ano. Teríamos de estar investindo cerca de 25% do PIB, por exemplo, o que não é extraordinário.

Mas, se formos atentar para todos os recolhimentos compulsórios em vigor no Brasil, de tipo laboral, previdenciário, ou outro, chegaríamos à conclusão de que a nossa poupança potencial é muito maior do que isso.
É sabido, também, que o nível de recolhimentos públicos -- receitas, ou carga fiscal -- se aproxima de 36 ou 37% do PIB, e que todo ano temos um déficit nominal de aproximadamente 3% do PIB, o que se traduz, portanto, num dispêndio final de cerca de 40% (ou dois quintos) do PIB (bem mais do que a derrama do Tiradentes, não é?).
Sabemos também que o investimento público, do Estado, se situa em torno de 1% do PIB.

Pois bem: a pergunta, e espero argumentos em resposta, para os AAs e MSs é a seguinte:

Por que nossa taxa de poupança voluntária é tão baixa, e por que o investimento público é inacreditavelmente baixo, o que impede que tenhamos taxas mais robustas de crescimento?

Eu já tenho os meus argumentos e as minhas respostas, mas caberia esperar para ver os argumentos daqueles que acham que eu só tenho ofensas, e não propostas e argumentos...

Paulo Roberto de Almeida
20/06/2013

Argumentos para e dos Anonimos Adesistas e Mercenarios a Soldo (1): ministerios governamentais

Este blog já foi acusado, diversas vezes, de não ter argumentos, apenas ofensas.
Várias dessas críticas, algumas até ofensivas, foram por mim postadas devidamente, mesmo quando covardemente anônimas, ou notoriamente daquele exército de mercenários a soldo, que estão aí para isso mesmo, para intimidar os que não concordam com o pensamento único dos companheiros, e que ousam contestar as maravilhas da propaganda enganosa distilada todos os dias, todas as horas nos veículos pagos com o nosso dinheiro, sejam eles públicos, sejam eles "privados", ou ongueiros... (sigh, não sic).

Falta de argumentos?
Uau! Basta olhar a coluna da direita (não por isso, mas por disposição do blog), para ver todos os assuntos postados neste blog, não apenas em número, mas em diversidade e qualidade.
Desde já alerto: 90%, talvez até mais, das postagens não é material "made by PRA", e sim matérias de imprensa, colunas selecionadas, relatórios de institutos (sérios), e até besteirol, ou mesmo estupidezes, aqui colocadas justamente para debate, contra-argumentos, novas informações, enfim, esclarecimento público pelo velho método socrático (não inventaram nada melhor nos últimos 2.500 anos) da afirmação, prova, contra-prova, análise lógica, empírica, experiência e conclusão.
Este tem sido o procedimento invariável aqui seguido.

Xingamentos, ódio, ofensas?
Pode até ser, eventualmente. Tenho certa alergia à burrice (não a dos ingênuos, a dos que não puderam estudar), mas a dos que puderam estudar e escolheram não fazer, por preguiça ou pelo próprio cultivo (geralmente demagógico) da ignorância, da falta de diplomas (não dou nenhuma importância a eles, por sinal), ou da falta de estudo, ou até de ser contra leituras. Isso é verdade e devo ser intolerante por isso, mas certas coisas são assim: quando se valoriza o estudo, pois é apenas pelo estudo que as pessoas se fazem (e eu me fiz assim), não se consegue entender porque as pessoas ficam vendo programas debilóides na TV em lugar de estudar para melhorar de vida.
Mais do que alergia à burrice, tenho certo desprezo pela estupidez deliberada, e ela é evidente, em vários meios: ou seja, havendo tantas fontes de informação disponíveis para um bom preparo intelectual, para um bom debate técnico em torno de um problema concreto, não entendo, e não admito, que uma pessoa recorra a slogans -- tipo: "Ah, mas isso é neoliberal" -- em lugar de discutir honesta e abertamente um problema qualquer.
Isso tem a ver com a minha terceira "má" característica, em relação à qual confesso, sem qualquer vergonha, minha intolerância: tenho horror à má-fé, ou seja, uma pessoa recorrer a expedientes mentirosos, ou desprovidos de qualquer lógica, apenas para não ser vencida num argumento racional, de tipo socrático.
E, finalmente, tenho um horror ainda maior, e esse é o quarto elemento, à desonestidade, não intelectual, mas subintelequitual, como costumo dizer, ou seja, acadêmicos até preeminentes, e alguns famosos, indo contra todas as evidências fáticas, contra todos os princípios da moral, dos bons costumes, da ética (pois é, isso existe), apenas por conveniências políticas e cegueira ideológica. Tenho horror disso, repito.
Esses são os meus xingamentos, portanto.

Agora, para que os Adesistas Anônimos, e os Mercenários a Soldo, não continuem repetindo que este blog só distila xingamentos, e não tem argumentos a oferecer, vou abrir estas páginas aos mesmos Adesistas Anônimos e Mercenários a Soldo, para que eles possam, democrática e livremente, oferecer os seus argumentos, CONTRAo que eu escrevo, obviamente.
Tudo o que eles apresentarem como argumentos, anonimamente ou não, desde que não seja slogan e xingamento, eu vou postar aqui, atendendo a algumas regras simples.

Todo debate tem de ter balizas:
1) precisamos falar das mesmas coisas, se possível com os mesmos conceitos;
2) oferecer argumentos contra ou a favor de certas coisas;
3) oferecer evidências e tirar conclusões.
Simples assim.

Começo pelo que está escrito acima, neste primeiro post da série (espero que sejam muitos), que tem a ver com os ministérios governamentais no Brasil.
Todo mundo sabe, que temos quase 40 ministérios (e muitas outras agências públicas).

Eu teria dezenas de argumentos, próprios ao Brasil (mas também comparativos com outros países), para demonstrar que o Brasil não precisa desse número exagerado de ministérios, e acho que eles poderiam FACILMENTE ser reduzidos à metade,
Não vou alinhá-los agora, e apenas dar oportunidade aos Adesistas Anônimos e aos Mercenários à Soldo de provar que eu estou errado, argumentando que o Brasil precisa, sim, de todos esses ministérios.

Com a palavra os Adesistas Anônimos e os Mercenários a Soldo.
Pergunta: o Brasil precisa de 40 ministérios?

Paulo Roberto de Almeida
20/06/2013

A frase da semana: o individuo e o Estado - Herbert Spencer

A frase desta semana não é desta semana, tampouco deste mês, sequer deste ano.
É de 1884, e está no livro The Man versus the State, de Herbert Spencer, o filósofo evolucionista, darwiniano, cientificista, e liberal...


It is not to the State that we owe the multitudinous useful inventions from the spade to the telephone; it is not the State which made possible extended navigation by a developed astronomy; it was not the State which made the discoveries in physics, chemistry, and the rest, which guide modern manufacturers; it was not the State which devised the machinery for producing fabrics of every kind, for transferring men and things from place to place, and for ministering in a thousand ways to our comforts. The worldwide transactions conducted in merchants' offices, the rush of traffic filling our streets, the retail distributing system which brings everything within easy reach and delivers the necessaries of life daily at our doors, are not of governmental origin. All these are results of the spontaneous activities of citizens, separate or grouped.

A incompetencia da politica economica brasileira - Roberto Macedo (OESP)

Nada a acrescentar a esta excelente análise do economista Roberto Macedo.
Ou talvez sim: o governo sofre de transtorno bipolar.
Um dia diz uma coisa, mas no dia seguinte faz exatamente o inverso.
De manhã anuncia que não vai tolerar a inflação, de tarde joga mais bilhões de reais no consumo subsidiado.
O governo pensa?
Funciona?
Calcula? Raciocina?
O governo é coerente?
O governo está cuidando do futuro?
Se alguém me provar que qualquer das perguntas acima merece um SIM, ganha um livro...
Paulo Roberto de Almeida

A queda e a recaída de Dilma
Roberto Macedo
O Estado de S. Paulo, 20/06/2013 

A queda foi a da aprovação do seu governo, conforme aferida por pesquisa do Datafolha, publicada no dia 9 deste mês. Antes, 65% dos pesquisados consideravam seu governo ótimo ou bom, número que caiu para 57%. Os que o achavam ruim ou péssimo eram apenas 7% do total, e passaram a 9%. O aumento maior ocorreu entre os que o consideravam regular, que passaram de 27% para 33%. Ontem veio pesquisa Ibope/CNI apontando queda similar.
Pertenço ao segundo grupo, mas não me entusiasmei com a queda do primeiro número. A presidente ainda está lá em cima na escada do prestígio popular e teria de rolar vários degraus abaixo para ter uma queda capaz de levá-la à saída do cargo, se candidata em 2014. Mas, como cidadão e economista, minha preocupação voltou-se para a perspectiva de que a essa queda se seguisse uma recaída da disposição que a presidente vinha demonstrando de reduzir a ênfase que a política econômica petista dá ao consumo, relativamente à necessidade de investir. Embora crítico, havia encontrado aí um sinal de melhora, que também vi em outros aspectos, como na nova Lei dos Portos.
Essa ênfase no consumo tem preocupação político-eleitoral e suas raízes foram plantadas por Lula. Conforme dados apresentados por Mansueto Almeida, reconhecido especialista em finanças públicas, em evento recente da Ordem dos Economistas, desde o fim do governo FHC, em 2002, e até 2012, o gasto não financeiro do governo federal teve aumento de 2,5% do PIB. Essa porcentagem pode parecer pequena, mas o PIB é enorme e ela significa um dinheirão. O PIB fechou 2012 em R$ 4,4 trilhões, e esse cálculo levaria, então, a R$ 110 bilhões.
Esse aumento, sustentado com maior carga tributária, foi impulsionado principalmente por mais 1,2% do PIB nos gastos do INSS e 1,1% do PIB noutros gastos sociais, como seguro-desemprego, abono salarial, Bolsa Família e benefícios devidos a idosos e inválidos. Com isso, 92% do aumento dos gastos não financeiros dos governos Lula e Dilma são explicados por esses gastos, impulsionados principalmente por sucessivas elevações do salário mínimo, que guarda relação com eles.
Quanto aos investimentos federais, eles representavam apenas 1% (!) do PIB em 2002 e alcançaram somente 1,1% (!) em 2012. Tratando seus próprios investimentos dessa forma, o governo federal deu enorme contribuição a essas taxinhas que o PIB vem mostrando depois que deixou de contar com o forte impulso da economia internacional, que o levou a melhores taxas na década passada.
Quando a presidente acordou para a necessidade de fazer mais investimentos públicos, já sem dinheiro para tanto, teve de engolir um enorme sapo recorrendo a formas de privatização - um termo abominado pelo ideário petista -, rotuladas com outros nomes, como concessão de serviços públicos e parcerias público-privadas. Entre outros casos, foram concedidos à administração privada os Aeroportos de Guarulhos e Viracopos, e em agosto de 2012 foi anunciado um grande programa de concessão de ferrovias e rodovias. Antes tarde do que nunca, pensei, e até me entusiasmei com esse redirecionamento.
E mais: quando vieram os dados do PIB do 1.º trimestre deste ano, de novo revelando outra taxinha, vieram declarações reafirmando o compromisso de ampliar os investimentos, com destaque para uma do ministro Mantega. Em entrevista publicada pela agência Reuters-Brasil em 29/5, ele disse: "O governo não pretende implementar novas medidas de estímulo. (...) Não pretendemos fazer estímulo ao consumo, que tem de se recuperar a partir do estímulo ao investimento. (...) Consumo não deve ser o carro-chefe do crescimento da economia. Queremos que seja o investimento".
Em cena, a recaída. No dia 12/6, a presidente Dilma anunciou nova medida de estímulo ao consumo, o programa Minha Casa Melhor, na forma de nova linha de crédito de até 48 meses, a juros subsidiados, para aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos pelos beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida. A linha poderá alcançar R$ 18,7 bilhões (!), perto do que custa anualmente todo o Bolsa Família.
Ou seja, ações desmentem declarações. Fatos como esse estão entre os que levaram ao descrédito a gestão fiscal da presidente e de sua equipe econômica, a ponto de já pairar no ar a ameaça de o País perder as boas notas que recebeu das agências internacionais de classificação de risco. De fato, como explicar, exceto pela preocupação eleitoral, nova e robusta medida de estímulo ao consumo num cenário em que a inflação bate no teto da meta do Banco Central, este aumenta os juros e a esperança de taxas mais baixas está também ameaçada pela subida do dólar?
Declarações oficiais são ainda comprometidas pela falta de ações. O citado programa de investimentos em rodovias não andou conforme anunciado, com licitações previstas para começarem no final do ano passado e que até agora não vieram. Mas surgem estádios, pois a atividade circense é prioritária.
Acabo de ler artigo que atribui os protestos que eclodem pelo País à insensibilidade dos governantes e da classe política diante de problemas crônicos enfrentados pela população, como o do transporte coletivo nas grandes cidades. E não me refiro à tarifa em si, mas à precariedade dos meios desse transporte, tanto em quantidade como em qualidade. Os governos estaduais e municipais não têm recursos capazes de aliviar esse quadro, enquanto o governo federal não os socorre, como deveria fazer, pois esbanja seus recursos só de olho nas urnas, sem dar a devida atenção a investimentos dignos do nome.
Experimente o leitor tocar sua vida financeira ou empresarial com ênfase no consumo pessoal ou familiar. E imagine o resultado. O do Brasil são essas taxinhas do PIB, também um ingrediente do que leva o povo às ruas.

ROBERTO MACEDO É ECONOMISTA (UFMG, USP, HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR, E PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP.

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Editorial econômico do Estadão:

Tesouro combate efeitos da política econômica

O Estado de S.Paulo, 20 de junho de 2013

Não apenas as ações registraram grandes quedas e o dólar, forte alta. Os operadores do Tesouro Nacional e do Banco Central (BC) enfrentam agora dificuldades para manter a confiança dos investidores em títulos públicos e na capacidade das autoridades de administrar o câmbio. O impacto crescente da desconfiança sobre os ativos põe em risco não apenas sua rentabilidade, como o patrimônio das famílias e das empresas.
Neste mês, o Tesouro promoveu leilões de recompra de papéis de prazo longo (2017, 2021 e 2023) para evitar um desequilíbrio entre oferta e demanda de títulos públicos, com a desvalorização das carteiras, revelou reportagem do Estado, ontem. Os leilões tiveram um êxito relativo: os preços dos papéis continuaram pressionados. O efeito da desconfiança é provocar oscilações no valor das carteiras, inclusive dos investidores institucionais que aplicam a longo prazo. As carteiras são marcadas a preço de mercado, com reflexos imediatos no patrimônio e no valor das cotas.
A dívida do governo em papéis é da ordem de R$ 2 trilhões. Os compradores são as empresas, os bancos nacionais e estrangeiros, os fundos de pensão, as seguradoras e até as pessoas físicas. Há aplicadores de longo, mas também de curto prazo, ou seja, se o aplicador precisar de recursos, poderá ter prejuízo, algo incomum, até há pouco tempo, para as aplicações em títulos federais.
Como explicou o ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall, "o Tesouro entra para estancar a volatilidade do mercado de juros, sob pena de perder seu cliente (o investidor)". O que não resolve o "problema fundamental" - a desconfiança na política fiscal. A análise é correta; a questão é como recuperar a confiança.
As causas do sobe e desce nas cotações são internas e externas. O banco central norte-americano (Fed) deu sinais de aperto na política monetária, hoje muito frouxa. Os papéis do Tesouro americano valorizaram, arrastaram o dólar que se tornou mais atraente para investidores de todo o mundo, inclusive do Brasil. Internamente, o aumento do juro básico para combater a inflação estimula a venda de prefixados ou corrigidos pela inflação. Parecem aumentar as posições em dólar.
O Tesouro e o BC tentam evitar grandes oscilações nos papéis públicos e no câmbio. Não há melhor alternativa, no curtíssimo prazo. A questão-chave, agora, é restaurar a credibilidade da política econômica. O melhor momento para preservá-la já se foi. Agora, o custo será maior.

Os industriais domesticados da FIESP - Editorial Estadao

Empresários, via de regra, são pessoas focadas exclusivamente nos seus negócios, procurando extrair o máximo de lucros para suas contas privadas ou para a distribuição aos acionistas. Todo o mais deveria ser secundário: políticas públicas, balanço de pagamentos, preocupações sociais, nada disso deveria interferir na busca compulsiva de negócios lucrativos, que sempre podem ser facilitados por um bom ambiente de negócios, estabilidade econômica, câmbio favorável, etc.
Mas persiste a impressão de que o mundo microeconômico pode conviver em bons termos com o mundo macroeconômico, desde que este não atrapalhe a boa marcha do primeiro. E quando atrapalha?
Bem, aí os empresários, se possível unidos, devem pedir aos poderes públicos que consertem o que está errado, do contrário terá de despedir empregados, o setor recolherá menos impostos, etc.
Curioso é quando os empresários não conseguem fazer um diagnóstico correto da situação e se unir para pedir rumos adequados aos poderes públicos.
Esse tipo de cegueira parece caracterizar a FIESP atual, o que talvez se explique por razões eleitorais. Afinal de contas, seu líder máximo, que já foi discretamente social-democrata, depois virou socialista (!!!???), voltou a ser de direita, mas o que lhe interessa mesmo é uma carreira política, o que pode estar em choque com suas funções empresariais (se é que tem alguma).
O editorial do Estadão tenta entender por que a FIESP destoa das outras duas entidades empresariais do setor industrial que menciona. Acaba chamando a FIESP de "bolivariana". Será?
Acho que é só confusão mental, a mesma que está presente nas manifestações de rua.
Paulo Roberto de Almeida

Uma Fiesp bolivariana?
 Editorial O Estado de S. Paulo, 20/06/2013

Ou o Brasil busca novos acordos comerciais ou ficará isolado, alertaram recentemente duas das mais importantes entidades empresariais, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi). O País é membro do Mercosul, um bloco marcado pelo protecionismo interno, por uma tarifa externa cheia de furos e por acordos preferenciais com parceiros em geral pouco significativos. O Mercosul é hoje muito mais um empecilho do que uma estrutura capaz de ter peso nas decisões internacionais, disse na terça-feira o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade. Opinião muito diferente aparece em estudo recém-lançado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Segundo o documento, entender a participação do Brasil no Mercosul como um impeditivo a acordos preferenciais de comércio é apontar um falso problema. Além disso, os vizinhos do Cone Sul são apontados como "a prioridade da política comercial brasileira".
A frase do presidente da CNI é muito mais realista que a avaliação oposta. A opinião da Fiesp é mais alinhada com a do governo e mais adequada às boas relações com o ministro Guillermo Moreno, chefe do protecionismo argentino. Para justificar a prioridade atribuída ao Mercosul, os autores do estudo apontam a expansão do intercâmbio do Brasil com os membros do bloco. Desde o lançamento do Mercosul até 2011, essa corrente de comércio aumentou de US$ 4,5 bilhões para o valor recorde de US$ 47 bilhões, "com uma pauta altamente concentrada em produtos manufaturados". Faltou mostrar se o crescimento teria sido muito menor, se o bloco tivesse permanecido como área de livre comércio, sem os compromissos e amarras de uma união aduaneira.
Essas amarras limitam, sim, as possibilidades de acordos internacionais mais variados e comercialmente mais vantajosos. As limitações teriam sido mais evidentes se o governo brasileiro tivesse buscado esses acordos mais ativamente, em vez de se restringir a uma política terceiro-mundista. "O Brasil", segundo nota recente da CNI, "tem 22 acordos preferenciais, a maioria pouco relevante." Chile, Colômbia, México e Peru têm, cada um, mais de 50, muitos deles com parceiros de grande importância.
Segundo o estudo da Fiesp, o Brasil poderia "estruturar acordos-quadro amplos, com listas e cronogramas de desgravação diferenciados" para permitir a adesão gradual dos outros membros do Mercosul. Em outras palavras: pode-se contornar os limites da união aduaneira, por meio de compromissos menos ambiciosos que os acordos de livre comércio e sempre levando em conta a incorporação progressiva dos demais sócios do bloco. O principal problema continuaria sendo a resistência argentina, um dos principais obstáculos, por exemplo, à conclusão das negociações com a União Europeia.
Ainda segundo o estudo, o Brasil, com seu peso, "tem plenas condições de liderar o Mercosul" em negociações com países ou regiões de fora do bloco. Se tem essas condições, por que deixou de usá-las até hoje? Em termos práticos bem claros, o documento da Fiesp é mais um estímulo à manutenção da desastrosa diplomacia comercial dos últimos dez anos.
Mas o documento contém algo mais grave que argumentos discutíveis e propostas irrealistas. "Não apenas as regras do Mercosul são suficientemente flexíveis para acomodar as prioridades dos membros - vide a suspensão do Paraguai do bloco -, como há formas construtivas para acomodar as circunstâncias individuais de cada Estado." Mais que discutível, essa frase parece uma confissão: a Fiesp considera um exemplo de flexibilidade o golpe vibrado contra o Paraguai para que se pudesse admitir a Venezuela pela porta dos fundos?

Se é esse o caso, o alinhamento vai muito além da sujeição aos padrões de uma diplomacia econômica de quinta categoria. Envolve também o aplauso a uma política de apoio aos governos mais perigosos para a democracia na região. Será a Fiesp bolivariana?

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...