O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 3 de agosto de 2013

Eu coordeno a coordenacao, tu coordenas os coordenadores, elesdesccordenam o Brasil dos companheiros

Dilma cria esotérico cargo de Coordenador da Coordenação da Coordenação-Geral de Produtividade e Inovação"

Da coluna Painel, Folha de S. Paulo desta sexta-feira, 2/08/2013

A lista de cargos prolixos do governo federal foi engrossada nesta semana pelo de:
 “coordenador na Coordenação da Coordenação-Geral de Produtividade do Departamento de Produtividade e Inovação da Secretaria de Competitividade e Gestão da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República”

E agora, eu pergunto (PRA):

Pode dar certo o Brasil dos companheiros?

IDHM: o que o governo promove, o que o governo esconde (sempre desonestamente) - Roberto Rachewsky

A falácia da igualdade

ROBERTO RACHEWSKY *
O IDHM, Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios, é uma expressão estatística tabulada pelo IPEA, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, com base em dados coletados pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sob a supervisão do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, encarregado também de estabelecer os indicadores a serem apurados.
O IDHM é um interessante instrumento de diagnóstico para a averiguação de resultados das políticas implementadas pelos governos, ou pela iniciativa privada, nos campos da saúde, da educação, da economia, entre outros que constituem o universo das ações com a intenção de promover o bem estar social.
Qualquer governo bem intencionado faria uma análise das informações consolidadas nesse estudo, com o propósito crítico de avaliar, de forma profissional e isenta, os resultados ali apresentados para compreender os problemas existentes e aferir o alcance das soluções implementadas.
Pois o governo do PT, Partido dos Trabalhadores, gestor das ações coletivas que influenciam diretamente os resultados do IDHM, faz o oposto.
Numa ação coordenada para mistificar, integrantes do governo apresentaram, com estardalhaço ímpar, um relatório baseado nos estudos que envolvem o índice para perverter a compreensão dos problemas e manipular a opinião pública dando destaque a pontos irrelevantes do mesmo. Quando não, para distorcer sem pudor o retrato capturado da situação.
A Estatística sempre foi um instrumento a serviço da Matemática, da Geografia, ou da Economia. Neste caso presente, foi utilizada como um instrumento da política, da pior política, aquela que visa apenas fins eleitoreiros.
O governo prova, mais uma vez, que torturando-se os dados capturados, se obtém as informações que se quer ouvir.
Ao editar e propagar um press release na forma de fato relevante, repercutido pela mídia ostensivamente servil, ou intimidada, o governo divulga como notícia importante, sob manchetes ufanistas e tendenciosas que fazem até um crente inveterado virar cético, factoides que expõem suas segundas intenções de maneira nada camuflada.
Qualquer clipping com as notícias publicadas sobre a matéria mostra, invariavelmente, que duas manchetes destacavam os pontos considerados interessantes pelo governo, a saber:
- Manchete 1: “IDHM cresce vertiginosamente de 1991 para 2010, alcançando a histórica marca de crescimento absoluto de 47% no período.”
Ora, qual o significado deste dado aparentemente extraordinário? Nenhum.
Comparar um valor absoluto atual com um de 20 anos atrás não faz sentido, é um detalhe estatístico imprestável.
Serve apenas para a confrontação político partidária, como se viu logo após sua divulgação quando o partido que governou o Brasil de 1991 a 2002 explicou ter sido responsável por 24% daquele crescimento, restando ao atual, 18%.
Dado fundamental seria, contextualizar a informação, permitindo uma análise referencial que considerasse a posição do Brasil entre todas as nações em 1991, comparando-a com a registrada atualmente. Poderíamos aí sim, apurar de forma consistente, qual teria sido o desempenho das políticas executadas em nosso país perante a comunidade internacional.
Mais revelador do que os dados informados pelo governo, foi o fato de ele ter omitido a informação mais importante para compreendermos efetivamente a nossa situação.
Eis o que o governo sonegou:
A posição do Brasil no ranking das nações, considerada a ordem decrescente do valor absoluto do IDH, desprezando-se os países que em alguma daquelas datas não forneceram dados para avaliação, foi a seguinte:
Em 1990, 74⁰ lugar; em 2000, 59º lugar; e, em 2012, 60⁰ lugar.
Ou seja, o Brasil, ao longo dos governo Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, marcados por políticas mais liberalizantes do que os governos Lula e Dilma, principalmente no que se refere à austeridade fiscal e monetária, fizeram com que o Brasil melhorasse nitidamente sua posição no ranking global do IDH. Já os governos liderados pelo PT, fizeram com que o Brasil perdesse o ritmo, inclusive caindo uma posição da corrida por uma sociedade melhor.
Este rearranjo se deve ao fato de que inúmeras nações tiveram melhor aproveitamento nas suas políticas para oferecer às suas sociedades a possibilidade de melhorarem de vida. No Brasil, essa possibilidade, de 2000 para cá, ficou apenas nas intenções e na retórica, uma vez que os resultados têm sido desoladores.
Entre 1990 e 2000, 22 países tiveram crescimento mais significativo do que o nosso do IDH; entre 2000 e 2012, esse número subiu para 61; e entre 1990 e 2012, o número de países com crescimento do IDH maiores do que o do Brasil foi de 38.
Assim, o que foi qualificado como uma melhora, é na realidade um retardo, uma deterioração, um decréscimo efetivo se for considerado o crescimento de outras dezenas de países que avançaram muito mais do nós e a perda de posição no ranking aferido.
E a explicação para tal atraso se dá por uma razão simples.
Se analisarmos outra informação importante, também desconsiderada pelo governo atual por motivos óbvios, veremos que de acordo com a publicação realizada pela Heritage Foundation, que mede o grau de civilidade das nações, conforme o respeito que dedica ao Estado de Direito (Direito de Propriedade e Combate à corrupção ), aos limites do governo (Controle dos gastos públicos e Liberdade fiscal), à eficiência regulatória (Liberdade empresarial, Liberdade trabalhista e Liberdade monetária) e ao Livre-Mercado (Liberdade de comércio, Liberdade de investir e Liberdade financeira), veremos que a posição do Brasil é a seguinte:
Em 1995, quando os estudos se iniciaram, estávamos em 73⁰ lugar; em 2000, 71º lugar; e, em 2012, 100⁰ lugar.
Assim, fica mais claro entendermos porque estamos perdendo em civilidade para avançarmos em mistificações, incompetência, anarquia, hipertrofia governamental e desdém pelos direitos individuais.
- Manchete 2: “Apesar da redução da desigualdade social e econômica da população ela ainda é enorme.”
O foco no combate à desigualdade para esse governo que se arroga o monopólio da virtude, tem sido obsessivo e antes de qualquer outra coisa, equivocado e falacioso.
Todos os países, qualquer um dos países, mesmo os mais desenvolvidos, mesmo aqueles que vem liderando as listas do IDH por décadas, assim como os paupérrimos, apresentam desigualdade social e econômica e expõem, uns mais e outros menos, concentração de renda.
Por que isso ocorre? Porque a desigualdade é um resultado indissociável da ação humana. Ela permeia todas as sociedades, todos os estratos, castas, classes, ou qualquer agrupamento formado por seres humanos.
A realidade nos impõe que aceitemos essa verdade absoluta. Uns criam, trabalham, produzem, transacionam, poupam ou consomem de maneira mais interessante para os demais e esses retribuem pagando-lhes o que merecem. Quanto mais satisfação levam para os demais, mais recursos acumulam para si. Isso é da vida e nada pode modificar, nem mesmo a coerção consegue acaba com a desigualdade, ainda que acabe com a riqueza.
A igualdade de resultados é um mito, jamais será um bem a ser buscado, muito menos um valor a ser descoberto e defendido com ardor heróico. É um objetivo inatingível, irreal e contraproducente.
A igualdade de resultados somente pode ser tentada através de ações impositivas. A busca pela isonomia requer coerção, censura, castração, o que levará a resultados invariavelmente diversos das intenções originais.
Sempre que o homem age para compensar diferenças naturais, cria-se um efeito colateral que degrada os reais valores que nos movem para o progresso, para o enriquecimento da sociedade, para a mobilidade social e econômica e, acima de tudo, para a constante e imediata redistribuição justa da riqueza, proporcionada exclusivamente pelas forças de mercado com suas trocas voluntárias e valores éticos.
Enaltecer a igualdade, é desdenhar dos reais valores necessários para a promoção da vida plena.
É desconhecer que o propósito da vida é a vida per se e que a falta desses valores tornam a própria vida um tormento, um sacrifício.
Os valores que tornam a vida profícua, não pertencem ao governo, nem às religiões, nem a grupos específicos, nem foram criados nem inventados por alguém.
São valores universais, de domínio público, ninguém os possui. Temos apenas que reconhecê-los, compreendê-los, segui-los e protegê-los. A Realidade, a Vida e seus corolários, a Liberdade, a Propriedade e a busca da Felicidade são valores inegociáveis para que a Humanidade prospere, interaja pacificamente, cooperando para a satisfação individual que oportunizará o bem estar de todos.
Lidar com a existência como ela é, considerar a Vida o valor ético maior, reconhecer que a Racionalidade é o melhor instrumento que a sustenta, eleger a Liberdade como o caminho para a superação das dificuldades, onde o Estado, limitado ao combate da violência, associado ao Livre-Mercado, criam o ambiente fecundo para que a Felicidade possa ser buscada com legitimidade inquestionável.
Qualquer outro ingrediente adicionado a essa receita não funcionará.
Os elementos necessários para uma vida gloriosa estão à disposição de todos, estão aqui, estão ali, estão em todos os lugares. Eles pertencem à Natureza, à Realidade, eles existem. Temos que percebê-los, temos que respeitá-los, temos que protegê-los.
Eles não são frutos criados pela Humanidade, como a violência, como a religião, como a igualdade, como a coerção. Não são atributos construídos pela consciência.
Os valores fundamentais que promovem o Bem não podem ser inventados por ninguém, são descobertas e por isso, ninguém pode reclamar sua propriedade.
A Realidade, a Vida, a Liberdade, a Propriedade e a Felicidade somente podem ser reconhecidas através do uso da Razão, qualquer outro argumento é dogmático, é niilista, é subjetivo.
Esse conjunto de elementos vitais é objetivo, é secular e liberta filosoficamente a Humanidade de sua própria ignorância, de seu pendor ao coletivismo e sua indesejável tendência de se insurgir contra os seus semelhantes, perenizando o primitivismo e a busca pela igualdade através da coerção.
Infelizmente, a sociedade brasileira tem demorado a perceber a raiz e a solução de seus problemas, ainda mais quando o caminho para o conhecimento e a independência intelectual tem sido obstruído por quem deveria promovê-lo.
* EMPRESÁRIO

Cultura e liberdade - uma entrevista com Hans-Hermann Hoppe (Dicta&Contradicta)

Cultura e liberdade - uma entrevista com Hans-Hermann Hoppe
Instituto Mises Brasil, terça-feira, 16 de julho de 2013

 

hoppe2.jpgEntrevista concedida a Joel Pinheiro da Fonseca para a revista Dicta&Contradicta

Um bom termo para descrever o pensamento de Hans-Hermann Hoppe é radical. Um pensamento que afirma, sem medo, todas as consequências a que uma ideia originária leva, e que, para resolver qualquer problema social ou filosófico que se impõe, retorna àraiz das questões discutidas para dela extrair — dedutivamente se possível — uma solução universal.
Passando da forma ao conteúdo, Hoppe se insere, via seu mentor Murray Rothbard, em uma linhagem muito particular da chamada escola austríaca de economia. Essa "escola" (no sentido de uma tradição de pesquisa com certos pressupostos básicos comuns) de pensamento econômico ficou, a partir de meados do século 20, fortemente associada à defesa do liberalismo econômico. Rothbard foi herdeiro da forma austríaca de se entender o funcionamento do mercado e a integrou a uma outra matriz de pensamento: a tradição libertária dos direitos naturais, segundo a qual todo homem tem direito absoluto e irrestrito sobre seu próprio corpo e sua propriedade; qualquer agressão contra ele, vinda de onde vier (inclusive do estado), é ilegítima. Foi ele quem originou, assim, a síntese conhecida como austro-libertarianismo. Hoppe foi ainda mais longe que seu mentor, ao apresentar uma demonstração a priori da existência dos direitos naturais no ensaio "A ética e a economia da propriedade privada", demonstração que — não pela conclusão mas pela forma — remete à ética do discurso proposta por outra influência sua: seu orientador de doutorado, Jürgen Habermas.
Sua contribuição mais notória — e polêmica —, contudo, é outra: Hoppe é um ferrenho oponente daquele sistema político comumente considerado o melhor: a democracia. Em seu livro Democracia - o deus que falhou , ele aplica o princípio da tragédia dos comuns ao próprio estado. Na monarquia absoluta, argumenta, o estado é propriedade privada: tem um dono que, via de regra, zelará por manter seu valor de longo prazo. Já na democracia, o estado torna-se propriedade pública: todos têm acesso a seus (muitos) benefícios e cargos; e então todos quererão para si quantas dessas benesses puderem pegar no menor prazo possível (pois quem não o fizer pagará a conta dos benefícios alheios).
Assim, sob a democracia, o estado sempre tende a crescer, as liberdades individuais a diminuir, e a cultura a refletir a disciplina aprendida pela dinâmica da tragédia dos comuns: o aumento da taxa de desconto intertemporal, isto é, a priorização do curto prazo sobre o longo. Desta forma, a monarquia deveria ser preferida à democracia. Hoppe, no entanto, é o primeiro a lembrar que a monarquia já é, ela própria, pior do que — e historicamente uma degeneração da — anarquia, ou seja, da ausência de estado. Longe de se pautar pelos valores democráticos hoje em voga, a sociedade genuinamente anárquica seria, segundo Hoppe, desigual, elitista e hierárquica. E isso, para ele, é um grande mérito.
Nesta breve entrevista concedida à Dicta&Contradicta, nosso interesse centrou-se em dois temas: (1) a intersecção entre o libertarianismo conservador de Hoppe e a cultura e as artes; e (2) o papel do intelectual e das ideias na sociedade atual.
I. Libertarianismo e Cultura
A mudança de uma sociedade estatista para uma sociedade libertária promoveria ou dificultaria a produção de alta cultura?
Uma sociedade libertária seria significativamente mais próspera e rica e isso certamente ajudaria tanto a alta quanto a baixa cultura. Mas uma sociedade livre — uma sociedade sem impostos e subsídios e sem os assim chamados "direitos de propriedade intelectual" — produziria uma cultura muito diferente, com uma gama também muito diferente de produtos, produtores, estrelas e fracassos.
Em seus escritos, o senhor identifica uma ligação causal entre a forma de governo de uma sociedade e seus valores morais e desenvolvimento social. O senhor vê uma ligação similar entre a forma de governo e os critérios estéticos e a qualidade da arte e do entretenimento?
Sim. O governo de um estado democrático promove sistematicamente o igualitarismo e o relativismo. No campo da interação humana, leva à subversão e, em última análise, ao desaparecimento da ideia de princípios eternos e universais da justiça. A lei é soterrada e submersa pela legislação. No campo das artes e do juízo estético, a democracia leva à subversão e ao desaparecimento da noção de beleza e dos critérios universais de beleza. A beleza é soterrada e submersa pela chamada "arte moderna".
As posições éticas e políticas libertárias têm alguma relação com juízos estéticos e artísticos determinados? Há alguma incoerência em um libertário que seja, digamos, apreciador do realismo soviético?
De um ponto de vista puramente lógico, o libertarianismo é compatível com todo e qualquer juízo ou estilo artístico e estético. Não sou o primeiro a notar, por exemplo, que a obra literária da célebre libertária Ayn Rand tem uma clara semelhança estilística com o realismo soviético socialista. Similarmente, constato que é possível ser um libertário "perfeito", que nunca agride nenhuma pessoa ou propriedade, e ainda assim ser um sujeito plenamente inútil, desagradável ou mesmo podre.
Psicologicamente, contudo, as coisas são diferentes. Aqui, no campo da psicologia, sentimos que o estilo de vida de um vagabundo pacífico ou de um apreciador do realismo soviético é de alguma maneira incompatível e oposta ao estilo de vida de um libertário consciente. Quando vemos tal conduta ou gosto manifestos em alguém que se diz libertário, isso nos causa um desconforto e a sensação de uma dissonância emocional ou estética. E com razão, penso eu. Pois a experiência humana é caracterizada pela integração de três habilidades: a capacidade de se reconhecer a verdade, a justiça e a beleza. Podemos distinguir o verdadeiro do falso, o certo do errado, e podemos distinguir o belo (e o perfeito) do feio (e do imperfeito); podemos refletir e falar sobre as três noções e suas antíteses. Uma vida humana integral e completa deveria, então, ser não apenas veraz e justa; deveria ser também uma vida boa. Talvez não bela e perfeita, mas uma vida que almejasse a beleza e a perfeição. Uma vida exemplar, moral e esteticamente edificante, inspiradora. É nisso que o vagabundo pacífico e o amante do realismo soviético pecam.
Alternativamente, tem a arte um papel a desempenhar na formação de ideias políticas e filosóficas? É possível que isso se dê sem que seja como propaganda para uma dada ideologia?
O propósito das artes visuais e da música é a criação da beleza em todas as suas manifestações. Ainda assim, a beleza visual e musical e o libertarianismo têm algo importante em comum. O libertarianismo também é belo. Não esteticamente, é claro, mas logicamente, por ser uma teoria social simples e elegante.
Quanto às artes total ou parcialmente discursivas — narrativas —, sim, elas podem servir como veículo para a promoção de ideias políticas e filosóficas. Você pode chamar isso de propaganda. Mas essas ideias podem ser verdadeiras e boas ou falsas e más. E embora eu não seja muito chegado em arte, prefiro que haja mais artistas propagandeando as ideias boas e verdadeiras da propriedade privada e do capitalismo, como Ayn Rand, e menos artistas propagandeando as ideias falsas e más da propriedade pública e do socialismo, como, digamos, Bertolt Brecht. Uma agenda filosófica, por sua vez, tampouco é necessária para que haja arte – pode-se contar uma história como um fim em si. Para que haja arte uma narrativa tem de se caracterizar pela veracidade (no sentido mais amplo do termo), pela inteligibilidade, coerência lógica, domínio da língua, expressão e estilo, e por um sentido de humanidade e de justiça humana: de agência, do que há de intencional e não intencional na vida, do certo e do errado, do bom e do mau.
Vale a pena ler literatura? Qual é seu livro literário favorito?
Isso é algo que cada um tem de decidir por si. Pessoalmente, nunca li muita literatura. Se quero uma leitura mais "leve", em geral leio História, incluindo romances históricos, biografias ou crítica literária e cultural à la H. L. Mencken ou Tom Wolfe.
II. Intelectuais
As ideias discutidas pelos intelectuais têm algum efeito prático na história da humanidade?
Não sou fã de John Maynard Keynes. Mas creio que ele estava certo quando disse que "as ideias dos economistas e filósofos políticos, estejam elas certas ou erradas, são mais poderosas do que comumente se percebe. Com efeito, elas governam o mundo quase sozinhas. Homens práticos, que se acreditam isentos de qualquer influências intelectual, costumam ser escravos de algum economista defunto". Ironicamente, ele mesmo, Keynes, é o economista defunto por excelência — emitindo, por sinal, ideias falsas —; aquele por quem os homens práticos de hoje são escravizados intelectualmente.
Dado que comunidades libertárias poderiam banir livremente qualquer um que discordasse de alguma opinião, num mundo libertário haveria mais ou menos liberdade de discussão intelectual em comparação ao nosso? E em comparação a um mundo composto de monarquias tradicionais?
A propriedade privada dá a seu dono o direito de discriminar: de excluir ou incluir outros em sua propriedade e de determinar as condições de entrada e inclusão. Tanto a inclusão quanto a exclusão têm seus custos e benefícios para o proprietário, os quais ele pesa na hora de tomar uma decisão. De qualquer maneira, a decisão do proprietário é motivada por sua razão e pelo seu interesse por sua propriedade. Seu pensamento pode calhar de estar certo, e ele atinge seu objetivo, ou pode calhar de estar errado, mas de qualquer modo, sua decisão é uma decisão pensada.
Assim, alguém que fundasse e desenvolvesse uma comunidade privada, provavelmente não discriminaria e excluiria com base numa mera diferença de opinião. Se o fizesse, provavelmente não atrairia mais inquilinos do que o séquito de um guru. Usualmente, a discriminação é baseada em diferenças de conduta, expressão e aparência, no que as pessoas fazem e como agem em público, na língua, religião, etnia, costumes, classe social etc. O proprietário discrimina para atingir um alto grau de homogeneidade de conduta em sua comunidade e assim evitar ou reduzir tensões e conflitos intracomunitários — no jargão econômico: para reduzir os custos de transação. E ele o faz na expectativa de que sua decisão seja boa para sua propriedade e sua comunidade.
Em todo o caso, num mundo libertário haveria de fato muito mais discriminação do que no atual mundo estatista, que é caracterizado por inúmeras leis antidiscriminação e, consequentemente, por uma integração forçada e onipresente. Em particular, quaisquer que fossem os outros critérios usados para inclusão ou exclusão, em um mundo libertário nenhum dono de comunidade privada iria tolerar – e deixar de discriminar — ativistas comunistas ou socialistas em sua propriedade. Como inimigos da própria instituição em que a comunidade se funda, eles seriam excluídos ou expulsos — mas seriam, é claro, livres para estabelecer sua própria comuna comunista, kibbutzim ou qualquer outro "estilo de vida experimental" que imaginassem.
Em suma, e para responder finalmente à sua pergunta, um mundo libertário seria caracterizado por uma variedade muito maior de comunidades diferentes, mas que, internamente, seriam relativamente homogêneas. Consequentemente, o espectro, a diversidade e o vigor da discussão intelectual provavelmente ultrapassariam de longe qualquer experiência presente ou passada.
A vida acadêmica em seu estado atual é um ambiente saudável para um intelectual? É possível que ele sobreviva em qualquer outro meio?
Depende do intelectual. A vida acadêmica pode ser muito confortável para quem vomita platitudes politicamente corretas de esquerda por anos a fio. Por outro lado, para um austro-libertário — e ainda mais para um austro-libertário que seja culturalmente conservador — a vida acadêmica é difícil e não raro enlouquecedora. Com persistência e alguma sorte você pode sobreviver, mas se você não se vender ou ao menos calar a boca, prepare-se para pagar um preço.
Hoje em dia, no entanto, graças à Internet, você também pode sobreviver como um intelectual fora da academia oficial. Com custos de entrada mínimos, a competição é feroz, mas as oportunidades parecem ilimitadas. Felizmente, há já um bom número de intelectuais austro-libertários que conquistaram preeminência e dinheiro por essa via.
Habermas exerceu influência positiva sobre seu pensamento? Houve também influências negativas?
Habermas foi meu principal professor de filosofia e meu orientador de Ph.D durante meus estudos na Universidade Goethe em Frankfurt, de 68 a 74. Por meio de seus seminários eu travei contato com a filosofia analítica britânica e americana. Li Karl Popper, Paul Feyerabend, Ludwig Wittgenstein, Gilbert Ryle, J. L. Austin, John Searle, W. O. Quine, Hillary Putnam, Noam Chomsky, Jean Piaget. Descobri Paul Lorenzen, a Escola de Erlangen e a obra de Karl-Otto Apel. Ainda acredito que tenha sido um treino intelectual muito bom.
TSC.jpgPessoalmente, portanto, não tenho arrependimentos. Já no tocante à influência de Habermas na Alemanha e sobre a opinião pública alemã, ela tem sido um desastre absoluto, ao menos do ponto de vista libertário. Habermas é hoje o intelectual público mais celebrado da Alemanha e o Sumo Sacerdote do "Politicamente Correto": da social-democracia, do estado de bem-estar social, do multiculturalismo, da antidiscriminação (ação afirmativa) e da centralização política, temperada — especialmente para o consumo alemão — com uma dose pesada de retórica "antifascista" e de "culpa coletiva".
Se o senhor pudesse, magicamente, mudar uma crença nas mentes de todas as pessoas do mundo, qual seria ela?
Nesse ponto, estou com meu principal professor, mentor e mestre, Murray Rothbard. Eu iria querer apenas que as pessoas reconhecessem as coisas como elas são: que elas reconhecessem os impostos como roubo, os políticos como ladrões e todo o aparato e burocracia estatais como uma quadrilha de proteção, uma instituição como a Máfia, só que muito maior e mais perigosa. Em suma, eu desejaria que eles odiassem o estado. Se todo mundo o fizesse, então, como mostrou Étienne de la Boétie, o poder do estado desapareceria quase que instantaneamente.

Hans-Hermann Hoppe é um membro sênior do Ludwig von Mises Institute, fundador e presidente da Property and Freedom Society e co-editor do periódico Review of Austrian Economics. Ele recebeu seu Ph.D e fez seu pós-doutorado na Goethe University em Frankfurt, Alemanha. Ele é o autor, entre outros trabalhos, de Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo e The Economics and Ethics of Private Property.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pornografia eleitoral sendo montada no Congresso, pelo partido hegemonico - Editorial Estadao

Certas pessoas não se avexam, como dizem em certas partes do Brasil.
Mesmo com a sociedade recusando os partidos, os políticos, suas pequenas e grandes trapaças, eles continuam fazendo pequenas, médias, grandes, enormes trapaças, como revela este editorial do venerável jornal conservador, ou da direita, como diriam os companheiros fraudadores...
Paulo Roberto de Almeida

Convite ao protesto

02 de agosto de 2013 | 2h 07 Editorial O Estado de S.Paulo
A Câmara dos Deputados está chamando a população a voltar em massa às ruas para se manifestar contra a desfaçatez dos políticos - a sua prontidão para agir em causa própria e dar de ombros ao desgosto dos brasileiros com o que fazem em seu nome e com o seu dinheiro. A Casa sugere ainda que os manifestantes não se esqueçam de trazer consigo o cartaz que mais bem define o que milhões de eleitores pensam de seus representantes: "Eles não me representam".
Claro que a Câmara não fez nada disso. Mas a tanto equivale a decisão dos seus líderes de confeccionar um projeto que afrouxa desavergonhadamente as responsabilidades de partidos e candidatos na disputa pelo voto. A chamada "minirreforma eleitoral", descrita ontem pela Folha de S. Paulo, é capitaneada pelo deputado Cândido Vaccarezza, do PT de São Paulo. Ele foi nomeado pelo peemedebista Eduardo Henrique Alves, que preside a Casa, coordenador da comissão incumbida de formular em até 90 dias uma proposta de reforma política.
Se e quando for aprovada em plenário, ela começará a produzir efeitos, na melhor das hipóteses, nos pleitos municipais de 2016. Já o desfiguramento da legislação eleitoral deverá valer já em 2014. Para garantir que assim seja, o projeto poderá ser votado logo na próxima semana, quando o Congresso retoma as suas atividades depois do recesso.
Um dos capítulos mais escabrosos da lambança é o que "flexibiliza", para usar o eufemismo em moda, as normas sobre prestação de contas dos candidatos e suas legendas. Hoje em dia, a Justiça Eleitoral confere se os dados contábeis que os partidos têm a obrigação de apresentar batem com a sua movimentação financeira declarada. Além disso, os candidatos devem informar o que entrou e saiu do caixa da campanha - valores arrecadados e despendidos. Mesmo assim, como se sabe, o sistema não é à prova de fraude.
"Imagine na Copa", é o caso de dizer, se a esbórnia se confirmar nos termos divulgados. No caso dos partidos, os tribunais eleitorais ficarão limitados a examinar apenas os aspectos formais dos documentos recebidos - ou seja, praticamente aceitá-los pelo valor de face. Os juízes estarão proibidos de tomar, com base nesse exame, qualquer providência que possa ser interpretada pelas agremiações políticas como "interferência" na sua autonomia.
Por sua vez, os candidatos ficam livres de demonstrar no que gastaram o dinheiro que azeitou as suas campanhas. Os dispêndios que não conseguirem documentar - "gastos não passíveis de comprovação", segundo o indecoroso projeto - terão apenas de ser declarados na internet. Como se fala em português corrente, estamos conversados. As regras do financiamento eleitoral também mudarão para beneficiar os culpados.
Doações a partidos e candidatos estão limitadas, no caso de empresas, a 2% do faturamento bruto do ano anterior, e a 10% dos rendimentos brutos auferidos no mesmo período, no caso de pessoas físicas. Os doadores que furarem o teto ficam sujeitos à multa de até 10 vezes o valor desembolsado. Pela proposta, a multa equivalerá, no máximo, a esse montante. O facilitário vai além.
Autoridades, associações privadas sem fins lucrativos e concessionárias de serviços públicos não podem financiar campanhas. A proibição cairá para as entidades que não recebam aportes oficiais. E as doações das concessionárias serão canalizadas para o Fundo Partidário, mantido pelo contribuinte. A propósito, a aplicação da pena de suspensão do acesso dos partidos aos seus cofres, em casos de transgressão, ficará drasticamente restrita. Também serão eliminadas as restrições à publicidade eleitoral na mídia impressa - instituídas para combater o abuso do poder econômico, portanto, a desigualdade de oportunidades eleitorais. Completando o relaxamento, será admitida a propaganda paga na internet, para infernizar a vida dos usuários.
A cereja no bolo é a extinção da responsabilidade dos candidatos pelas violações da legislação eleitoral cometidas em seu favor no curso das campanhas. Doravante, será preciso provar que participaram pessoalmente do malfeito. E o deputado Vaccarezza ainda vem dizer que a intenção é "coibir a malandragem" e tornar as eleições "menos burocráticas"!

Sobre Israel e o Iran: quem nao conhece historia, costuma falar bobagens

Comentários recebidos de um ignorante sobre a questão do programa nuclear iraniano, sobre a postura da teocracia iraniana em relação a Israel, seguida de minha resposta ao comentarista:

[Fulano] deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Iran: destruir Israel continua a ser politica de E...": 

Sim , eu entendo que o regime do Irã é uma puta de uma loucura opressiva , mas deixemos as consideraçoes sobre o regime iraniano de lado e partamos para analisar o interesses do Estado Iraniano . Sim , eles têm motivo valido para recorrer ao armamento nuclear por um motivo bem simples ...Israel é inimigo ...não do Brasil ou de qualquer outro pais ocidental , mas sim para o Irã ..Israel É UM INIMIGO , um inimigo bem armado e que POSSUI ARMAS NUCLEARES . Ai vale a velha logica humana , se seu inimigo tem pedaço de pau você tem de logo tratar de achar um pedaço de pau maior , não é uma logica bonita ..mas é a logica que impera entre os estados desde que o mundo é mundo. Além disso , o Irã é um grande produtor de petroleo ..e depois do Iraque ficou claro que os Estado Unidos da America não se importam de inventar qualquer desculpa para invandir um país ...sim , o Irã é um potencial alvo ...não sei se da administração Obama ...mas se dependesse da boa vontade republicana já estaria chovendo misséis em alguns lugares . Os ocidentais tendem a ver os iranianos como causadores de briga e os "vilões" ...porém não existe vilões quando se fala em países , o que existe são "interesses" . É por interesses que ocorrem guerras , não porque uma parte é "má" e outra é "boa" . O Irã nada mais esta fazendo do que ser esperto e se armar, duvido que quando ele estiver de posse de armas atomicas ..o discurso de Israel vai ser tão grosso e prepotente ...porém fica a grande duvida , o que o Irã vai fazer com essas bombas ? vai começar uma guerra de extinção mutua com Israel ???...

Deixo bem claro que não apoio nenhum tipo de exterminio contra o "povo de israel " que não tem nada a ver com a ação prepotente e genocida praticada pelo governo israelita contra os palestinos . Que a Israel foi o maior erro de todos que a ONU , eu da minha parte considero mais que provado . Criar um pais do nada num lugar que A BIBLIA ( oh !! a unica fonte de verdade ...) diz que é dos judeus , porém é fato que este mesmo territorio vem sendo habitado por dezenas de povos durante o tempo ...se formos seguir o mesmo raciocinio ..deveriamos dar a "terra historica do curdos " ....o Brasil deveria ser devolvido aos Indios e um monte de outros casos . Porém , isso é impraticavél e a prova maior disso é Israel . Um estado insustentavel que não acredito que vá sobreviver até o final deste seculo ( fala serio , eu nao sei nem se o mundo aguenta até o final deste seculo ) . Resumindo , Irã está fazendo o que ele tem de fazer , Israel defendera-se ...e podemos ter uma guerra .Uma guerra com G MAIUSCULO , pois Irã não é presa fácil e os Estado Unidos dificilmente fariam uso de força nuclear ...Israel , já nao sei ...seria uma guera dura com repercussões severas , e com a possibilidade perigosa de envolvimento tanto da China quanto da Russia , o que levaria a um clima propicio para a eclosão da nossa querida WWIII...serio meu , o mundo hoje esta tão ferrado que até um conflito num pais como o Irã, que não nenhum Grande pais ocidental ou mesmo uma potencia ...pode causar um provavel apocalipse para a raça humana ( não extinção ...muito dificil extinção ) . Parece piada , mas o mundo está tão desenvolvido que as guerras tornaram-se coisas que ja não se pode se dar ao luxo de fazer .

Minha resposta ao comentarista ignorante:

[Fulano,]
Lamento dizer, mas suas teses são, não apenas viciadas, mas viciosas, erradas, equivocadas, deformadas, deturpadas e absolutamente inaceitáveis.
Vc nao tem nenhum conhecimento histórico para dizer o que diz, e aliás, não tem nenhuma lógica no que você diz.
Lamento dizer, mas você sabe muito pouco, ou nada, das relações entre Israel e o Irã.
Os dois países eram amigos, aliados, cordiais companheiros na balança de poder do Oriente Medio aos tempos do Xa Rheza Pahlevi, e estavam em ótimas relações, com troca de informações, venda de armas e consultas de inteligência sobre os árabes.
Ou seja, Israel NUNCA foi inimigo do Irã.
Quem é inimigo de Israel é a teocracia iraniana.
Aprenda um pouco de história, rapaz, vai lhe fazer bem.
Quando não sabe uma coisa, evite falar bobagem.
Paulo Roberto de Almeida

Comercio exterior, noticias ruins em todas as frentes...

Argentina y Brasil aislados en acuerdo contra protecionismo
El Observador (Uruguai), 2/07/2013

Rechazan extender hasta 2016 compromiso del G-20 para de no afectar comercio e inversiones

Brasil y Argentina están aislados en el G-20, grupo de las economías desarrolladas y emergentes, en su rechazo de extender hasta 2016 un compromiso para que los países no adopten medidas que afecten el comercio y las inversiones.

Desde 2008, en cada cumbre de líderes del G-20, el grupo de naciones que representan el 90% de la producción mundial se compromete a rechazar el proteccionismo. Ese pacto se renovó en Los Cabos (México), el año pasado, hasta final de 2014, incluyendo la promesa de retroceder en caso de cualquier nueva medida proteccionista adoptada con anterioridad.

Para la cumbre de septiembre en San Petersburgo, Rusia, en la mesa de negociaciones está la propuesta de extender el compromiso por otros dos años, en medio del reconocimiento de que la economía global no salió de la crisis, continúa debilitada y el comercio internacional se expande lentamente.

El compromiso es importante desde el punto de vista político, a pesar de que siempre fue un fracaso. La Organización Mundial de Comercio (OMC) muestra que en los países del G-20 se implementaron más de cien medidas restrictivas al comercio en los últimos siete meses. Brasil siempre resistió al compromiso de “standstill”, conforme el vocabulario de la OMC. Esta vez la posición brasileño sorprendió a los negociadores al menos por dos razones. Por un lado, Brasil se aísla con Argentina en una situación que se ve como desnecesaria y que alimenta fricciones, cuando el propio ministro de Economía brasileño, Guido Mantega, anunció recientemente que ahora, con el real desvalorizándose, planea reducir algunos aranceles de importación para aliviar el costo de sectores industriales.

Además, el brasileño Roberto Azevedo, nuevo director general de la OMC, deberá ser uno de los mayores defensores del entendimiento anti-proteccionismo. Azevedo participará en San Petersburgo de su primer G-20 con el mismo discurso de cualquier jefe de la OMC, de que el comercio puede ser un motor de crecimiento y una fuente de fuerza para la economía global, y no ser visto como una fuente de inestabilidad y tensión.

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Argentina cai no ranking de exportadores para o Brasil
Clarín (Argentina), 2/07/2013

Segundo os dados de julho, a Argentina foi superada pela Nigéria entre os principais exportadores para o mercado brasileiro. Agora, a Argentina está no quarto posto. Em julho, o País registrou déficit com o vizinho, apesar das barreiras comerciais que afetam também produtos brasileiros.

O ranking dos principais vendedores para o Brasil agora é assim: China, Estados Unidos, Nigéria e Argentina.

Em julho, enquanto a China e os Estados Unidos exportaram mais de US$ 3 bilhões para o Brasil, a Nigéria marcou US$ 1,8 bilhões e a Argentina quase US$ 1,5 bilhões. 

O aumento da compra de petróleo nigeriano, por parte do Brasil, foi um dos principais motivos para este novo quadro.

As exportações argentinas para o Brasil representaram, em julho, 6,5% do total importado pelo Brasil - principal sócio comercial argentino.

São dados da consultoria Abeceb, de Buenos Aires, com base nos números do Ministério brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de primeiro de agosto.

Por sua vez, o déficit comercial argentino, de quase US$ 400 milhões com o Brasil corresponde a seu já histórico resultado na relação bilateral, de acordo com análise da Abeceb.

Em termos gerais, o comércio bilateral registrou aumento de 18,7% em julho em relação ao mesmo mês de 2012, com um total de US$ 3.3 bilhões.

O resultado foi, porém, deficitário para a Argentina porque as importações feitas pelo País, do Brasil, aumentaram, mas suas exportações para o mercado brasileiro não responderam o mesmo ritmo.

De acordo com o estudo da Abeceb, o déficit de julho corresponde a uma questão “estrutural do comércio”.

Vale recordar que a moeda brasileira, o real, está valorizada na comparação com o peso argentino - o que tradicionalmente foi preocupação do setor industrial argentino que temia e teme que um real desvalorizado tire a competitividae dos produtos nacionais.

Em julho, as compras argentinas do Brasil subiram 25,2% em relação ao mesmo mês de 2012 – sendo de cerca de US$ 1,8 bilhões.

Já as exportações argentinas para o mercado vizinho foram de pouco mais de US$ 1,4 bilhões –  11,3% acima do que foi registrado em julho de 2012.  As duas economias estão em processo de menor crescimento, segundo dados oficiais do Brasil e de acordo com previsões do setor privado argentino.

Entre os principais produtos desta balança comercial destacam-se os que compõem o setor automotivo.

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Brésil : Le commerce extérieur se dégrade, baisse des exportations
Les Échos (França), 2/07/2013

Le Brésil a accusé en juillet un déficit commercial pour le quatrième mois depuis le début de l'année, selon des statistiques publiées jeudi qui laissent craindre un solde négatif pour l'ensemble de 2013 - une situation que le pays n'a plus connue depuis plus d'une décennie.

Le déficit des échanges extérieurs s'est monté à 1,897 milliard de dollars (1,44 milliard d'euros) le mois dernier, alors que huit économistes interrogés par Reuters tablaient en moyenne sur un excédent de 480 millions.

Le Brésil, gros exportateur de matières premières comme le soja ou minerai de fer, avait enregistré un excédent de 2,39 milliards en juin.

Depuis le début de l'année, le pays a accumulé un déficit commercial de 4,989 milliards de dollars, à comparer à un excédent de 9,9 milliards sur les sept premiers mois de 2012.


Les exportations pâtissent à la fois de la baisse de valeur des produits brésiliens et d'une demande plus faible à l'étranger. Les importations, à l'inverse, sont restées robustes malgré la dépréciation de la monnaie brésilienne face au dollar.

O novo mapa mundial da energia - Financial Times, The Economist

Shale potential could alter global trade, says US official 
By Anna Fifield in Washington
Financial Times, August 2, 2013

The development of all the shale gas and oil resources in China and Europe would change the nature of the international energy trade, Ernest Moniz, the new US energy secretary, has said.

His comments came days after a billionaire Saudi Arabian investor gave warning of the threat the US shale boom posed to his country.

Mr Moniz, a Massachusetts Institute of Technology physicist who was confirmed as President Barack Obama’s energy secretary in May, said there would be “geopolitical consequences” if the shale oil and gas resources around the world were developed.

“Clearly, if all of the shale resources that have been talked about globally – the 1,200tn cubic feet in China, the significant hundreds of trillions of cubic feet in Europe and eastern Europe – if those were all developed, obviously it would affect trade flows,” he said at a breakfast briefing organised by the Christian Science Monitor.

“We’ve seen that in microcosm in this country, where what used to be almost purely south-to-north flows have gotten much more complex as different geographies come in,” said Mr Moniz. “Clearly the same thing would happen internationally. There would obviously be geopolitical consequences in terms of where gas is flowing.”

The US has been enjoying a shale boom triggered by technological advances that have made it possible to extract gas and oil from previously unproductive rocks – notably in North Dakota.

As a result, the International Energy Agency projects that the US will overtake Saudi Arabia and Russia to become the world’s largest global oil producer by 2020 and could be almost self-sufficient in energy by 2035.

Prince Alwaleed bin Talal, a Saudi Arabian investor, said on Sunday that his country’s oil-dependent economy was increasingly vulnerable to competition from the US shale revolution.

In an open letter addressed to Ali al-Naimi, the Saudi oil minister, and copied to his uncle, King Abdullah, the prince called on the government to accelerate plans to diversify the economy.

“Our country is facing continuous threat because of its almost total dependency on oil,” he wrote in the letter, which set him at odds with his country’s oil ministry and Opec officials.

Mr Moniz said he had not read the letter, but was familiar with its premise.

He said that logistical challenges could stymie efforts to export gas.

“It’s always going to be the case that the cost of moving gas relative to its intrinsic value is high, whereas for oil, it’s extremely small,” he said. “So there’s a fundamental difference when it comes to physics as to why the markets will never be the same in my view.”
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Yesterday’s fuel
Editorial The Economist, August 2, 2013

The world’s thirst for oil could be nearing a peak. That is bad news for producers, excellent for everyone else

THE dawn of the oil age was fairly recent. Although the stuff was used to waterproof boats in the Middle East 6,000 years ago, extracting it in earnest began only in 1859 after an oil strike in Pennsylvania. The first barrels of crude fetched $18 (around $450 at today’s prices). It was used to make kerosene, the main fuel for artificial lighting after overfishing led to a shortage of whale blubber. Other liquids produced in the refining process, too unstable or smoky for lamplight, were burned or dumped. But the unwanted petrol and diesel did not go to waste for long, thanks to the development of the internal-combustion engine a few years later.

Since then demand for oil has, with a couple of blips in the 1970s and 1980s, risen steadily alongside ever-increasing travel by car, plane and ship. Three-fifths of it ends up in fuel tanks. With billions of Chinese and Indians growing richer and itching to get behind the wheel of a car, the big oil companies, the International Energy Agency (IEA) and America’s Energy Information Administration all predict that demand will keep on rising. One of the oil giants, Britain’s BP, reckons it will grow from 89m b/d now to 104m b/d by 2030.

Scraping the barrel 
We believe that they are wrong, and that oil is close to a peak. This is not the “peak oil” widely discussed several years ago, when several theorists, who have since gone strangely quiet, reckoned that supply would flatten and then fall. We believe that demand, not supply, could decline. In the rich world oil demand has already peaked: it has fallen since 2005. Even allowing for all those new drivers in Beijing and Delhi, two revolutions in technology will dampen the world’s thirst for the black stuff.

The first revolution was led by a Texan who has just died (seearticle). George Mitchell championed “fracking” as a way to release huge supplies of “unconventional” gas from shale beds. This, along with vast new discoveries of conventional gas, has recently helped increase the world’s reserves from 50 to 200 years. In America, where thanks to Mr Mitchell shale gas already billows from the ground, liquefied or compressed gas is finding its way into the tanks of lorries, buses and local-delivery vehicles. Gas could also replace oil in ships, power stations, petrochemical plants and domestic and industrial heating systems, and thus displace a few million barrels of oil a day by 2020.

The other great change is in automotive technology. Rapid advances in engine and vehicle design also threaten oil’s dominance. Foremost is the efficiency of the internal-combustion engine itself. Petrol and diesel engines are becoming ever more frugal. The materials used to make cars are getting lighter and stronger. The growing popularity of electric and hybrid cars, as well as vehicles powered by natural gas or hydrogen fuel cells, will also have an effect on demand for oil. Analysts at Citi, a bank, calculate that if the fuel-efficiency of cars and trucks improves by an average of 2.5% a year it will be enough to constrain oil demand; they predict that a peak of less than 92m b/d will come in the next few years. Ricardo, a big automotive engineer, has come to a similar conclusion.

Not surprisingly, the oil “supermajors” and the IEA disagree. They point out that most of the emerging world has a long way to go before it owns as many cars, or drives as many miles per head, as America.

But it would be foolish to extrapolate from the rich world’s past to booming Asia’s future. The sort of environmental policies that are reducing the thirst for fuel in Europe and America by imposing ever-tougher fuel-efficiency standards on vehicles are also being adopted in the emerging economies. China recently introduced its own set of fuel-economy measures. If, as a result of its determination to reduce its dependence on imported oil, the regime imposes policies designed to “leapfrog” the country’s transport system to hybrids, oil demand will come under even more pressure.

A fit of peak
A couple of countervailing factors could kick in to increase consumption. First, the Saudis, who control 11% of output and have the most spare capacity, may decide to push out more, lowering prices and thus increasing demand. Then again, they might cut production to try to raise prices, thereby lowering demand further. Second, if declining demand pushes down the oil price, drivers may turn back to gas-guzzling cars, as they did when oil was cheap in the 1990s. But tightening emissions standards should make that harder in future.

If the demand for oil merely stabilises, it will have important consequences. The environment should fare a little better. Gas vehicles emit less carbon dioxide than equivalent petrol-powered ones.

The corporate pecking order will change, too. Currently, Exxon Mobil vies with Apple as the world’s biggest listed company. Yet Exxon and the other oil supermajors are more vulnerable than they look (see article). Bernstein, a research firm, reckons that new barrels of oil from the Arctic or other technologically (or politically) demanding environments now cost $100 to extract. Big Oil can still have a decent future as Big Gas, but that will not prove as profitable.


The biggest impact of declining demand could be geopolitical. Oil underpins Vladimir Putin’s kleptocracy. The Kremlin will find it more difficult to impose its will on the country if its main source of patronage is diminished. The Saudi princes have relied on a high oil price to balance their budgets while paying for lavish social programmes to placate the restless young generation that has taken to the streets elsewhere. Their huge financial reserves can plug the gap for a while; but if the oil flows into the kingdom’s coffers less readily, buying off the opposition will be harder and the chances of upheaval greater. And if America is heading towards shale-powered energy self-sufficiency, it is unlikely to be as indulgent in future towards the Arab allies it propped up in the past. In its rise, oil has fuelled many conflicts. It may continue to do so as it falls. For all that, most people will welcome the change.

Hayek, Mao e o grande salto para a fome que eliminou 30 milhoes de chineses - Yang Jisheng

Não preciso acrescentar absolutamente nada ao que já escreveu esse autor chinês, autor de um dos mais recentes estudos sobre a mortandade inimaginável causada por Mao Tsé-tung na China, com o seu "grande salto para a frente", entre 1958 e 1962. Foi, na verdade, um enorme salto para trás, pior: um salto no precipício da fome, do canibalismo, do morticínio sistemático de milhões de chineses.

Yang Jisheng — How Hayek Helped Me Understand China’s Tragedy

By Greg Ransom
Hayek Center, on May 29th, 2013
Yang Jisheng’s 2013 Manhattan Institute Hayek Prize lecture:
In the space of four years, from 1958 to 1962, China experienced a disaster of historic proportions – the death by starvation of more than 30 million people. This occurred in a time of peace, without epidemic or abnormal climatic conditions. A confluence of historical factors caused China’s leadership clique to follow the path of the Soviet Union, which was supposed to make China strong and prosperous. Instead, it brought inconceivable misery, bearing witness to what Friedrich Hayek wrote in The Road to Serfdom: “Is there a greater tragedy imaginable than that, in our endeavor consciously to shape our future in accordance with high ideals, we should in fact unwittingly produce the very opposite of what we have been striving for?”
Why did Mao Zedong’s great ideals create such great tragedy? The answer can be found in Hayek’s writings. China’s revolutionaries built a system based on what Hayek called “the Great Utopia,” which required “central direction and organization of all our activities according to some consciously constructed ‘blueprint’” and for a “unitary end” while “refusing to recognize autonomous spheres in which the ends of the individuals are supreme.” In China’s case, this “unitary end” was the “Great Utopia” of communism.
In order to bring about this Great Utopia, China’s leaders constructed an all-encompassing and omnipotent state, eliminating private ownership, the market and competition. The state controlled the vast majority of social resources and monopolized production and distribution, making every individual completely dependent on it. The government decided the type and density of crops planted in each location, and yields were taken and distributed by the state. The result was massive food shortages, as the state’s inability to ration food successfully doomed tens of millions of rural Chinese to a lingering death.
The designers of this system expected an economy organized under unified planning to result in efficiency. Instead, it brought shortage. Government monopoly blunted the basic impetus for economic function – personal enthusiasm, creativity and initiative – and eliminated the opportunity and space for free personal choice. Economic development ground to a halt. The extreme poverty of Mao’s China was the inevitable result.
An economy with “everything being directed from a single center” requires totalitarianism as its political system. And since absolute power corrupts absolutely, the result was not the egalitarianism anticipated by the designers of this system, but an officialdom that oppressed the Chinese people.
Hayek championed classical liberalism based on the principle that “in the ordering of our affairs we should make as much use as possible of the spontaneous forces of society, and resort as little as possible to coercion.” In today’s China, such liberals are found either among the very old or the very young, skipping a generation in between. I happen to belong to the skipped generation that had little exposure to liberalism under Mao. Up until I was 40 years old, I still believed in collectivism, which fettered my thinking and confined my insight. Reading The Road to Serfdom gave me a new perspective on economics, politics, the state and society. Hayek helped me understand China’s tragedy; my research into the disasters China suffered helped me understand Hayek.
Whether or not Beijing will admit it, China is beholden to Hayek’s thinking in relinquishing the highly centralized planning of its economy in favor of competitive markets and private enterprise. This choice is making China prosperous and has elevated it to the world’s second largest economy.
Yet, while China has accepted some of Hayek’s thinking on markets, it continues to insist on “socialism with Chinese characteristics.” The powerful run and control the market in a system I call the “power market economy.” The greatest problem with a power market economy is its inequity. Hayek noted that “a world in which the wealthy are powerful is still a better world than one in which only the already powerful can acquire wealth.” In today’s China, only the well-connected can acquire great wealth; society’s riches are concentrated among those in power. This is the source of the current popular resentment against officialdom and the wealthy elite. A power market economy cannot possibly meet the Chinese government’s vaunted objective of a stable and harmonious society.
China’s path to harmony and stability is to reject this system and instead to heed Hayek’s call to avoid government coercion, respect individual freedom and allow further economic and political liberalization. Will it? Li Shenzhi, one of China’s great proponents of liberalism, voiced a generally held pessimism to me in 2001, two years before his death: “We’ve entered a new century, and liberals face a hard winter. Even so,” he continued, quoting the poet Shelley, “if winter comes, can spring be far behind?”
The fate of liberalism in China is the fate of Hayek’s teachings, which must endure a harsh and bitter winter but could yet see a resplendent spring.
Yang Jisheng is the author of Tombstone, an account of the Great Famine in China during the Great Leap Forward.  Yang and his book were awarded The Manhattan Institute’s 2012 Hayek Prize, honoring the book published within the last two years that best reflects F.A. Hayek’s vision of economic and individual liberty.
- See more at: http://hayekcenter.org/#sthash.fz6mla0b.dpuf

Brasil: adivinhe quem produz volatilidade?; o proprio Governo - Celso Ming

Conhece aquela história dos capitais especulativos, de motel (como gostava de dizer um dos gênios econômicos deste governo) e que produziriam volatilidade na economia?
Pois bem: esqueça.
O principal responsável pelo caráter errático da economia brasileira é o próprio governo, com suas políticas econômicas esquizofrênicas, desencontradas, contraditórias...
Só não vê quem não quer...
Paulo Roberto de Almeida

Montanha-russa

CELSO MING - O Estado de S.Paulo, 02 de agosto de 2013
O desempenho da produção industrial medido pelo IBGE se transformou em montanha-russa. Junho apontou para um crescimento aparentemente forte, de 1,9% sobre o mês anterior que, no entanto, mostrara recuo de 1,8%. Os dados de julho não estão disponíveis, mas as indicações são de novo tombo (veja o gráfico).
Essa volatilidade sugere que se comparem estatísticas de prazo mais longo. E, no entanto, também elas não autorizam comemorações. Em todo o primeiro semestre, a produção industrial cresceu apenas 1,9% e, em 12 meses, 0,2%.
Difícil de discordar do pessimismo do diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini: "Não conseguimos enxergar sinais de recuperação", disse quarta-feira.
O único atenuante para o quadro pouco animador é o surpreendente desempenho da indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos) que avançou 6,3% no semestre e 18% em 12 meses. Indica que os investimentos não pararam, o que se confirma com as estatísticas de importação (veja o Confira).
Os problemas de fundo são conhecidos e quase nada mudaram. Concentram-se na baixa competitividade do setor produtivo que, por sua vez, tem a ver com os custos altos demais, sobretudo dos impostos e dos juros; com a infraestrutura precária e cara; e com falta de abertura de novos mercados externos.
Em tese, a desvalorização cambial, de 15% nos últimos três meses, deveria devolver competitividade ao setor. Mas isso não está acontecendo, aparentemente pela forte dependência da indústria de fornecimentos externos: matérias-primas, componentes, máquinas e capital de giro (empréstimos externos).
Foi a razão pela qual ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou medida que reduz a alíquota do Imposto de Importação (tarifa alfandegária) de cerca de cem produtos. O objetivo declarado é compensar com menos imposto o aumento dos preços provocado pela alta do dólar no câmbio interno.
Em princípio, esta não é uma prática adequada. O Imposto de Importação tem funções regulatórias. Serve para calibrar o comércio exterior. Quando usado ou para arrecadar ou para fazer política de preços tende a provocar distorções. Se as tarifas estavam no tamanho adequado, uma redução leva a desequilíbrios no fluxo de mercadorias ou imediatos ou de médio prazo. Se não estavam, então teria sido necessário contemplar mais produtos. Além disso, como não podem alcançar todo o universo da pauta de importações, cortes pontuais causam desalinhamento de preços relativos. O barateamento de matérias-primas importadas para plásticos, por exemplo, pode prejudicar outros tipos de embalagem, como as de vidro ou de cerâmica.
No entanto, pouca coisa trava mais o desempenho da indústria do que a falta de confiança na economia. Quando pairam dúvidas, como hoje, sobre a solidez dos fundamentos; quando se vê que o governo não consegue levar adiante o que começa, como o processo de desoneração tributária; e quando o governo reage aos problemas com soluções improvisadas (puxadinhos) a recuperação fica mais difícil.