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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Eleicoes 2014: um cenario novo para outubro - Andres Oppnheimer

Rousseff na corda bamba

Em uma recente reunião com importantes analistas econômicos e políticos de toda a América Latina, fiquei surpreso com a ousada previsão do economista brasileiro Paulo Rabello de Castro, de que a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, não ganhará as eleições de outubro.
Quando ouvi o que me dizia, eu sorri e disse que, se Dilma perder mesmo a reeleição, ele se tornará o analista político mais famoso do Brasil, porque praticamente todas as pesquisas apontam que a presidenta será reeleita, provavelmente no segundo turno marcado para 26 de outubro.
Mas, quando li uma pesquisa intitulada O Descontentamento no Brasil Antes da Copa do Mundo, publicada pelo Pew Research Center, eu me perguntei se deveria levar mais a sério a previsão Rabello de Castro.
A pesquisa conclui que “o clima nacional no Brasil é sombrio”, depois de um ano em que mais de um milhão de pessoas saíram às ruas em todo o país para protestar contra a corrupção, a inflação e os enormes gastos do governo em obras públicas para a Copa, muitas das quais permanecem inacabadas.
O clima nacional no Brasil é sombrio”, diz uma pesquisa recente sobre o país
Muitos manifestantes dizem que o Brasil deveria ter gastado mais com educação de qualidade, saúde e transporte público, e menos com futebol. Alguns dos resultados da pesquisa são:
»72% dos brasileiros estão insatisfeitos com o rumo das coisas em seu país, em comparação com 55% pouco antes do início das manifestações contra a Copa em junho de 2013, e 49% em 2010.
»67% dos brasileiros acham que a economia não vai bem, em comparação com 41% no ano passado e 36% em 2010.
»61% dos brasileiros acham que sediar a Copa do Mundo é ruim, porque retira dinheiro da educação, da saúde e de outros serviços públicos. Só 34% acham que a Copa ajudará a melhorar a economia.
»52% dos brasileiros acham que Dilma exerce uma má influência sobre os assuntos do país, enquanto 48% pensam que a sua influência é boa.
72% dos brasileiros estão insatisfeitos com o rumo das coisas; em 2010 eram 49%
A única boa notícia da pesquisa para Dilma Rousseff é que, apesar de tudo, 51% dos brasileiros dizem ter uma opinião favorável da presidenta, enquanto apenas 27% dizem o mesmo do candidato do PSDB, Aécio Neves, e 24% têm opinião semelhante sobre o candidato do PSB, Eduardo Campos.
Depois de ler a pesquisa, liguei para Rabello de Castro e perguntei se ele mantém a sua previsão de que o Brasil ganhará a Copa do Mundo. Ele disse que sim.
“Se o Brasil ganhar será um empate para Dilma. Não vai influenciar o voto”, disse-me. “A maioria dos brasileiros está mostrando grande maturidade e não vai mudar de opinião pelo fato de o Brasil fazer um gol.” Acrescentou: “Se o Brasil não ganhar, por outro lado, isso se somará ao mau humor reinante e fortalecerá a ideia de que gastamos bilhões de dólares para nada. O povo vai ficar ainda mais furioso”.
O Brasil é o único país que eximiu a FIFA de pagar impostos por suas operações e lucros, algo que fará deste torneio um negócio “indecentemente rentável” para os organizadores, contou-me Rabello de Castro.
Além disso, há denúncias diárias sobre corrupção e custos excessivos, como no caso do estádio Mané Garrincha, de Brasília, cujo orçamento foi triplicado para dois bilhões de reais, em parte por causa daquilo que uma auditoria descreveu como “sobrepreços” pagos por materiais de construção, acrescentou.
Minha opinião: as coisas não estão indo muito bem para Rousseff, que não aproveitou os anos de vacas gordas – quando o boom dos preços das matérias-primas ajudou o Brasil a crescer a 5% ao ano durante a última década – para tornar a economia do país mais competitiva. Este ano, projeta-se que o Brasil crescerá 1,8%.
Contudo, ainda não acredito que Rousseff vá perder no segundo turno. Os subsídios sociais governamentais do programa Bolsa Família chegam a 15 milhões de famílias que certamente votarão nela, e o Partido dos Trabalhadores terá o dobro de tempo gratuito na televisão e no rádio em comparação a seus concorrentes.
O que me faz duvidar um pouco sobre sua vitória são as últimas pesquisas e a possibilidade de que, se o Brasil não ganhar a Copa do Mundo, os brasileiros se perguntem, ainda mais do que agora, onde seu dinheiro foi parar. Ou seja, continuo pensando que Rousseff ganhará, mas não me animo em apostar um real nisso.
Fonte: El País, 15/06/2014.
Considerado uma das 100 pessoas mais influentes da América Latina em 2002 e 2008, pela “Poder Magazine", Andres Oppnheimer é autor dos best-sellers "¡Basta de historias!" e "Cuentos chinos", e vencedor do prêmio Pulitzer de 1987, junto com a equipe do “Miami Herald”, pela reportagem que desvendou o escândalo Irã-Contras. Oppnheimer cursou Direito na Universidade de Buenos Aires e fez mestrado em Jornalismo pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque. É editor de América Latina e colunista de relações exteriores do "The Miami Herald". Sua coluna é publicada em mais de 60 jornais dos Estados Unidos e do mundo. O jornalista tem seu próprio programa de TV, o "Oppenheimer Presenta", que vai ao ar nos Estados Unidos e em 19 países. Site: http://www.andresoppenheimer.com/

Agronegocio pujante insiste em atrapalhar o negocio declinante dos terroristas do MST

No país quebrado por 12 anos de incompetência petista, o odiado agronegócio é o único setor a mostrar vitalidade econômica. Isto deve incomodar a banda podre da Igreja - a Comissão Pastoral da Terra - e o retrógrado braço armado do lulopetismo, o MST. Não à toa, o símbolo deles é uma enxada. Editorial do Estadão:


No país do pibinho, mais uma vez o sinal mais forte de vitalidade econômica vem do campo, com uma safra de grãos e oleaginosas - algodão, amendoim, arroz, feijão, milho, soja, sorgo e trigo - estimada em 193,57 milhões de toneladas. Se confirmada, a produção será 2,6% maior que a da temporada 2012-13, quando se colheram 188,66 milhões de toneladas. O novo recorde vem acompanhado, mais uma vez, de exportações suficientes para compensar a maior parte do déficit acumulado no comércio de manufaturados. Neste ano, os exportadores têm encontrado no mercado internacional preços em queda para alguns produtos importantes, como a soja, mas, ainda assim, o agronegócio acumulou de janeiro a maio um superávit de US$ 32,38 bilhões. Nesse período, o resultado geral do comércio exterior foi um déficit de US$ 4,85 bilhões.

A nova estimativa da safra 2013-14 foi divulgada na terça-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura. O levantamento anterior, publicado em maio, apontava um total de 191,25 milhões de toneladas. Em cada ano agrícola os números são atualizados mensalmente, desde as primeiras previsões de plantio até o fim das colheitas, passando pela evolução de cada tipo de lavoura, em cada região. A atualização é necessária porque vários fatores, como as condições do tempo, a incidência de pragas e doenças e, naturalmente, os tratos culturais, afetam o desenvolvimento das plantas e o rendimento final das culturas.

Neste ano, o rendimento geral das lavouras caiu. A área plantada aumentou 6,2%, mas o aumento da produção deve ficar, segundo a avaliação mais recente, em 2,6%. A produção por hectare deve crescer 17,7% no Norte-Nordeste e diminuir 4,9% no Centro-Sul, principalmente por causa do tempo desfavorável. Os dados finais serão conhecidos dentro de alguns meses. O padrão característico das últimas duas décadas tem sido um aumento muito maior da produção que da área cultivada. A agricultura vem sendo, há mais de uma década, o setor mais dinâmico, mais produtivo e mais competitivo da economia brasileira. O mesmo padrão tem sido observado na pecuária comercial.

Essas qualidades estão refletidas no comércio exterior do agronegócio. Neste ano, até maio, o setor exportou produtos no valor de US$ 39,5 bilhões e acumulou um superávit de US$ 32,38 bilhões. A receita foi 2,2% menor que a obtida nos mesmos meses do ano passado, principalmente por causa da queda de preços. O comércio foi liderado, como em anos anteriores, pelos exportadores do complexo soja, com aumento de 18,6% no valor faturado (US$ 15,58 bilhões) e de 23,1% no volume vendido (30,29 milhões de toneladas). A diferença entre a expansão do volume e a da receita indica a diminuição do preço médio. Também caíram os preços das carnes, a segunda maior fonte de receita, e do complexo sucroalcooleiro.

As vendas acumuladas em 12 meses, no valor de US$ 99,08 bilhões, foram 0,4% menores que as do período encerrado em maio do ano passado, de US$ 99,5 bilhões. O saldo diminuiu 1,3% e ficou em US$ 81,94 bilhões. No mesmo período, o saldo total do comércio exterior ficou em apenas US$ 3,09 bilhões, por causa do mau desempenho da maior parte da indústria.

Boa parte dos ganhos de produtividade conseguidos pelo setor industrial nos anos 90, a partir da abertura do mercado e de esforços de modernização, já foi consumida. Os investimentos empresariais foram insuficientes na última década. Faltou inovação, a mão de obra encareceu muito e o setor continuou prejudicado pela má tributação, pela burocracia e pelas deficiências da infraestrutura. O intervencionismo e os erros de foco da política industrial também pesaram. O protecionismo e a limitação dos mercados, por falta de acordos com países desenvolvidos, contribuíram para a acomodação e o enfraquecimento da indústria. Alguns desses problemas, como os de logística, também afetam seriamente o agronegócio.

Esses erros produzem, entre outras consequências, uma excessiva dependência comercial do agronegócio - um desnecessário fator de risco.

A farsa bolivariana do partido totalitario: o decreto dos sovietes tupiniquins vai para o lixo da historia

Petismo: a farsa como método
Perdendo apoio no Congresso, inclusive com a debandada de aliados, o governo tenta trocar a democracia representativa pela "democracia direta". É o velho assembleísmo petista, herança de uma tradição autoritária típica do esquerdismo. Artigo de Paulo Rabello de Castro no Estadão:

Menos pela ameaça que poderia representar, se chance tivesse de sobreviver ao Congresso, o decreto presidencial que cria os conselhos populares merece o alarde e a resistência que provocou por representar mais uma tentativa do PT de governar à revelia da sociedade organizada.

Com os movimentos sociais fugindo ao controle em meio a uma campanha eleitoral que devolve o partido ao patamar histórico de 30% das intenções de voto - insuficiente para a reeleição de sua candidata -, e com uma base parlamentar cada dia mais hostil, o PT investe na chamada democracia direta.

A defesa do decreto pelos ministros Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho, a quem ficariam subordinados os tais conselhos, não resiste a uma simples constatação: se boa fé política os movesse, o Congresso seria incluído na iniciativa com uma proposta em forma de projeto de lei, ainda que isso não corrigisse a inconsistência da iniciativa.

Mas como a ideia é exatamente substituir o Poder Legislativo por conselhos de composição ideológica afinada com o PT, a opção pelo decreto é autoexplicativa. O assembleísmo, do qual são retrato fiel as chamadas conferências nacionais do PT, representaria a "sociedade civil", no ideal petista de governo, onde o Congresso seria melhor se decorativo.

Se votado hoje o projeto de Decreto Legislativo da oposição, que revoga o presidencial, o Congresso imporia nova derrota à presidente Dilma, agora na véspera da eleição, razão pela qual o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), preferiu adiá-la, a pedido do vice- presidente Michel Temer.

Mas a conta continuará a mesma após a eleição: para aprovar o decreto legislativo que revoga o presidencial são necessários 257 votos - 19 a menos que os 238 dos dez partidos que o apresentaram. Como o PMDB já se manifestou contrário e o espírito de autodefesa do Congresso o rejeita, não há futuro para os conselhos do PT.

O que resta do episódio é a indigência de conteúdos do governo petista, incapaz de produzir propostas que respondam aos anseios reais da população.

O partido insiste na opção da farsa como método, como demonstrou mais uma vez ao assumir a desfiliação do deputado André Vargas (PR), flagrado em corrupção.

Na vida real, o PT fez um acordo com Vargas, a quem interessava a desfiliação, como forma de evitar sua cassação e viabilizar seu retorno na próxima eleição, escapando à consequente perda dos direitos políticos por oito anos.

Não falta razão, por isso, ao ex-presidente Lula, quando manifesta preocupação com a imagem de corrupção que passou a selo do partido, líder hoje nesse quesito.

Copa do Mundo: Companheiros: 35; Brasil: 0 (mas sempre pode ser mais...)

Copa do Mundo vai custar R$ 3,5 bi a mais ao governo
Considerando obras transferidas para o PAC, despesa total chega a R$ 35 bi
Nas primeiras projeções União já alertava que outras intervenções seriam incluídas no custo total do evento
DIMMI AMORA, FILIPE COUTINHO, DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 16/06/2014

A Copa do Mundo vai custar cerca de R$ 3,5 bilhões a mais do que o estimado oficialmente pelo governo.
Levantamento feito pela Folha revela que as planilhas de custos oficiais estão com valores defasados e não incluem gastos já realizados ou que terão que ser executados até o final do evento.
O governo avalia que o Mundial custará R$ 25,8 bilhões, mas não atualiza esse valor desde setembro e não inclui gastos no PAC e outras despesas. Com tudo considerado, os gastos oficiais chegam a R$ 35 bilhões.
Até agora, o governo gastou R$ 2 bilhões a mais em obras de transporte, estádios e aeroportos e R$ 1,5 bilhão em renúncia fiscal e juros subsidiados.
O gasto oficial também não inclui obras de R$ 6 bilhões tiradas da lista de investimentos para a Copa e transferidas para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Além dessas despesas, o governo também não incluiu na contabilidade outros gastos como as estruturas provisórias, em que os Estados gastaram quase R$ 500 milhões.
Entre os exemplos de obras de aeroportos que estão defasadas nas contas está Guarulhos, na Grande São Paulo. A estimativa inicial indicava gasto de R$ 2 bilhões com o aeroporto, mas o orçamento já atingiu R$ 3,2 bilhões.
Ao todo, as obras em estádios, aeroportos e transporte consumirão R$ 25 bilhões --R$ 2 bilhões a mais do que o governo divulga. E os valores ainda deverão ser ajustados.
O governo ainda não incluiu as renúncias fiscais e juros subsidiados nos empréstimos da Copa. Segundo o Tribunal de Contas da União, esses valores representavam R$ 1,5 bilhão em 2013.
TRANSFERÊNCIA
Ao lançar a Copa, o governo federal dizia que as obras da matriz que acabaram sendo excluídas da lista eram importantes para o Mundial. Mas, como não ficariam prontas a tempo do torneio, o discurso oficial foi adaptado: o objetivo é atender a população e o evento seria um caminho para antecipar as obras.
Em 2012, o TCU determinou que obras que não fossem ficar prontas para o Mundial saíssem da lista.
Essas 11 intervenções estão sendo feitas ou projetadas com recursos do PAC e custarão pelo menos R$ 6 bilhões.

As primeiras projeções feitas pelo governo para os gastos com a Copa indicavam uma despesa da ordem de R$ 33 bilhões. Mas o próprio governo alertava que faltavam intervenções que seriam incluídas posteriormente na contabilidade final.

O nazismo em construcao no Brasil: pelo partido neobolchevique totalitario, obviamente...

O partido dos companheiros neobolcheviques já ultrapassou a simples condição de fascista. Ele se prepara para o estágio nazista de tentativa de dominação, começando por intimidar aqueles que considera não simples adversários políticos, mas verdadeiros inimigos da sua causa totalitária -- entre os quais eu me incluo -- e propondo palavras de ordem para a sua militância organizada de mercenários ao serviço da hegemonia completa.
Não se contentam em aparelhar o Estado e se apropriar dos recursos públicos, também pretendem afastar, se possível eliminar, qualquer oposição.
Esta é apenas uma amostra. Coisas piores devem acontecer sem que saibamos.
Não hesito absolutamente em dizer: partido neobolchevique já ultrapassou a sua condição de fascista, para alcançar o estado mental do nazismo ascendente, aliás, aquele mesmo que fez um pacto com o stalinismo criminoso, para depois atacar seus inimigos-aliados...
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 16/06/2014
 às 22:09

AJUDEM A ESPALHAR: CHEFÃO DO PT PEDE ABERTAMENTE A CABEÇA DE JORNALISTAS NA PÁGINA DO PARTIDO. ESTOU NA LISTA. NÃO SEI O QUE FARÃO OS OUTROS. ESTOU ANUNCIANDO AQUI QUE VOU PROCESSAR O SR. ALBERTO CANTALICE POR CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. CABE INDAGAR SE CHEFÃO PETISTA NÃO ESTÁ DANDO UMA ORDEM PARA QUE ESSAS PESSOAS SEJAM AGREDIDAS NAS RUAS. É PRECISO CUIDADO! ELE É DO PARTIDO A QUE PERTENCIA CELSO DANIEL!

Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, divulga no site do partido lista negra de jornalistas. Um assunto para a Justiça e para a Polícia Federal
Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, divulga no site do partido lista negra de jornalistas. Um assunto para a Justiça e para a Polícia Federal
O PT, saibam os senhores, pedem a cabeça de jornalistas para seus respectivos patrões. O partido tem nas mãos instrumentos para fazê-los: anúncios da administração direta e propaganda de estatais. Alguns cedem, outros não! Denunciei aqui a fala fala de um certo José Trajano na ESPN e AFIRMEI QUE ELE NÃO ESTAVA PENSANDO APENAS POR SUA CABEÇA. DEIXEI CLARO QUE ELE VOCALIZAVA PALAVRAS DE ORDEM DO PT. Muitos não acreditaram. Pois é…
A opinião do sr., Trajano sobre mim e sobre os demais que ele atacou (Augusto Nunes, Diogo Mainardi e Demetrio Magnoli) pode ser moralmente criminosa, mas não vai além do crime moral. Ele tem o direito de achar a respeito dos meus textos o que bem entender. E eu tenho o direito de responder. Se ele se sente bem com o seu oficialismo de contestação, aí é problema dele.
É diferente, no entanto, quando um político acusa jornalistas de cometer um crime. Aí a coisa pega. O sr. Alberto Cantalice, vice-presidente do PT e “coordenador das Redes Sociais do partido” escreveu um artigo no site do PT em que se pode ler esta pérola.
 Cantalice acusação
Observem que os quatro da lista de Trajano estão também na de Cantalice, que vem ampliada. Não sei o que farão os outros. Sei o que eu farei. Estou anunciando aqui que vou processá-lo. E a razão é claríssima. Ele está me acusando se estimular a que outros “maldigam os pobres” e os discriminem em ambientes públicos. Se eu faço isso, então eu sou um criminoso. Violo um artigo da Constituição e da lei 7.716, alterada pela lei 9.459. Vale dizer: transgrido a Carta Magna do meu país e cometo um crime previsto em lei. ENTÃO O SR. CANTALICE VAI TER DE PROVAR O QUE DIZ. ELE VAI TER DE DIZER EM QUE ARTIGO E EM QUE MOMENTO EU PREGUEI A DISCRIMINAÇÃO CONTRA OS POBRES.
Para esclarecer a questão constitucional e legal. Estabelece o Inciso XLI da Constituição:
“XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”.
Define a Lei 7.716, depois de alterada pela 9.459:
“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Como sabem os advogados, a discriminação por condição econômica tem sido considerada pelos juízes da mesma natureza das categorias acima previstas. Assim, o sr. Cantalice acusa esse grupo de jornalistas de cometer crimes que rendem até três anos de prisão. Vai ter de provar. Se não provar, incorre no crime de calúnia e difamação.
Atenção! Este senhor é o  “coordenador da redes sociais DO partido”, entenderam? Não é que ele seja o coordenador do partido para as redes sociais. Não!!! Levadas as palavras ao pé da letra os petistas julgam já ter privatizado as redes sociais. Não deixa de ser verdade.
O sr. Cantalice vai mais longe, Ele descobriu que esse grupo de jornalistas — e vejam quanto poder ele nos confere — é responsável pela vaia que Dilma levou nos estádios. Também ele recorre à metáfora canina para nos designar. Leiam:
Cantalice acusação 2
Muito bem! Vocês sabem o que isso significa: quando o maior partido político do país, que tem, de fato, milhares de seguidores — alguns deles podem estar dispostos ao tudo ou nada — nomeia um grupo restrito de jornalistas como propagador do ódio, acusando-o, adicionalmente, de responsável por vaiais e xingamentos de que foi alvo a presidente Dilma, isso corresponde, me parece, a um convite a uma ação direta.
Não é segredo para ninguém que certo tipo de militância não precisa de palavras explícitas para agir. O sr. Cantalice está pondo em risco a segurança de profissionais da imprensa. Talvez queria isto mesmo: calar a divergência por intermédio da inimidação e do terror. Que este post sirva de alerta à Polícia Federal e ao Ministério Público. Evidentemente, nenhum de nós deve esperar a solidariedade e o protesto de entidades de defesa da categoria. Sabem por quê? Porque os respectivos comandos da maioria delas pensam a mesma coisa. Também elas acham que deveríamos ser proibidos de escrever o que escrevemos, de falar o que falamos, de pensar o que pensamos. IMAGINEM O QUE ACONTECERIA SE UM GRUPO OU UMA ENTIDADE CONSIDERADOS DE DIREITA TORNASSE PÚBLICA UMA LISTA DE DESAFETOS. O MUNDO VIRIA ABAIXO. O PT repete a tática da ditadura militar e resolveu espalhar no mural da rede os nomes e as fotografias dos “Procurados”. 
Bando de fascistas!O petismo é a mais perfeita definição do que muitos chamam nos EUA de “fascismo de esquerda”. Qualquer pessoa que tenha lido o que escrevemos ou ouvido o que falamos sabe que pensamos coisas distintas sobre um monte de assunto. Nunca nem mesmo conversei com Guilherme Fiuza, por exemplo. Duvido que Arnaldo Jabor queira papo comigo.
Com isso, estou deixando claro que não formamos um grupo. Pode ser que os petistas estejam acostumados a conversar com quadrilheiros disfarçados de jornalistas. Não é o caso.
Eu, sim, acuso o governo do seu partido, sr. Cantalice, de financiar com dinheiro público páginas na Internet e blogs cujo propósito é difamar a imprensa independente, as lideranças da oposição e membros do Poder Judiciário que não fazem as vontades do PT. E o senhor certamente não vai contestar porque é autodemonstrável.
O PT começou a sua trajetória no poder hostilizando a imprensa que não se limitava a prestar assessoria ao partido. Depois, passou a financiar o subjornalismo “livre como um táxi”. Aí tentou (e tenta ainda) criar mecanismos de censura. Agora, já chega ao ponto de estimular, ainda que de modo oblíquo, a agressão aos profissionais que não rezam segundo a sua cartilha. A esmagadora maioria da categoria vai silenciar — até porque alguns fazem esse mesmo trabalho em suas respectivas colunas, não é mesmo? Ok. Hoje, somos nós. Amanhã, chegará a vez de vocês. É simples assim. E é sempre assim.
Vaias
Eu sou responsável pelas vaias? Eu não! Quem estimulou as manifestações de rua em junho foi o PT. Eu sempre as critiquei. Ademais, sabem o que motiva vaia em estádio, meu senhor? Eu conto: roubalheira, safadeza, associação com o PCC.
Sem contar que quero encontrar cara a cara com esse sujeito num tribunal. Quero perguntar quais são as suas credenciais e sua origem para falar em nome do povo. Quero opor as minhas às suas. Quero lhe dizer que o governo que ele representa financiou, por exemplo, a ação de sem-terra e índios que resultou em policiais feridos em Brasília. Quero lhe dizer que seus aliados deram suporte a coisas como a “Mídia Ninja” na esperança de que os alvos seriam os adversários. O tiro saiu pela culatra, a despeito das intenções da turma.
O sr. Cantalice quer saber onde estão os responsáveis pela hostilidade a Dilma nos estádios? Comece por se olhar no espelho. O PT estimula a desordem. O PT estimula o desrespeito às leis. O PT estimula o desrespeito a qualquer hierarquia. O PT estimula o desrespeito até mesmo à organização familiar. O partido esperava escapar do clima que ele próprio criou?
De resto, se as hostilidades a Dilma foram um “gol contra” dos que não gostam dela e se a maioria “abominam” (sic) aquele comportamento, o sr. Cantalice deveria estar contente, não é mesmo? O PT está empenhado em fazer do limão uma limonada. Ao isolar o grupo dos “jornalistas do mal”, ameaça, na prática, todos os outros. É como se dissesse: “Comportem-se, ou vocês vão entrar na lista negra”. E, claro!, muita gente vai se comportar e ainda achar pouco!
É claro que fico preocupado quando lembro que o sr. Cantalice pertence ao partido de Celso Daniel. Terei, é certo, de tomar as devidas providências para a minha segurança. E acho que os outros devem fazer a mesma coisa.

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Argentina: 10; Brasil: 0, mas pode ser por mais...

Não, não é da Copa do Mundo que estou falando, caso no qual eu apostaria no resultado inverso, o que infelizmente não vai acontecer. Estou falando do Mercosul, ou mais exatamente do comércio bilateral, regido por um mercantilismo canhestro e unilateral, que os companheiros vem tolerando, com imensos prejuízos para o Brasil, desde o primeiro dia em que puseram as patas no cerrado central, determinando todos os aspectos de nossa política comercial e de "desintegração".
Inacreditável que a rendição continue, mesmo depois de mais de DEZ episódios de renúncia de soberania e de completa alienação em relação aos interesses nacionais. Mais um dos crimes econômicos cometidos pelos companheiros contra o Brasil.
Leiam o editorial do venerável jornal reacionário, um integrante do PIG, segundo os companheiros
Paulo Roberto de Almeida

Nova rendição à Argentina
Editorial O ESTADO DE S.PAULO
16 Junho 2014 | 02h 04

Celebrada pelas duas partes como um passo para a liberalização do comércio bilateral, a renovação do acordo automotivo entre Brasil e Argentina, com novas vantagens para a indústria argentina, representa mais uma rendição do governo do PT aos interesses e objetivos político-econômicos do governo Kirchner. O Brasil passará a exportar proporcionalmente menos do que exportava.
O fato de, depois de tantos anos - o primeiro acordo começou a vigorar em 2001 e deveria durar até 2006 -, os dois países ainda não terem estabelecido o livre comércio para veículos e seus componentes é mais uma demonstração da fragilidade do Mercosul. Passados 20 anos da assinatura do Protocolo de Ouro Preto, que em tese transformou o bloco em uma união aduaneira - na qual é livre a circulação de mercadorias e serviços entre seus membros, os quais aplicam uma tarifa externa comum a produtos de terceiros países -, o Mercosul não conseguiu
nem mesmo tornar mais fluido o comércio dentro do bloco.
A constante renovação de um acordo que é por si mesmo a negação da essência de uma união aduaneira é um exemplo perfeito de como, por meio de chantagens econômicas, o governo argentino vem submetendo o brasileiro a seus interesses.
Isso vem ocorrendo desde 2003, ano em que o PT e a família Kirchner chegaram ao poder. Numa clara afronta às regras que deveriam vigorar no Mercosul, o governo Kirchner criou diferentes barreiras à entrada de produtos brasileiros no mercado argentino - que, a despeito da truculência de política kirchnerista, continuou a importar, mas de outros países, sobretudo da China. 
A assinatura, na quarta-feira, do novo acordo automotivo bilateral é uma espécie de coonestação, pelo governo brasileiro, dessa prática danosa aos interesses do País. Basicamente, o acordo, que vigorará a partir de 1.º de julho, estabelece o fator 1,5 para as exportações e importações de automóveis e componentes. Para cada US$ 100 que importar da Argentina, o Brasil poderá exportar US$ 150. O fator anterior, de 1,95, era bem mais favorável ao Brasil.
Como concessão, o governo argentino concordou em suspender, durante a vigência do acordo, o sistema de controle de entrada de produtos importados que vem impondo a todos os bens produzidos no exterior, medida que prejudica fortemente todas as exportações brasileiras. Isso quer dizer que o governo Kirchner se comprometeu a não fazer o que, pelos acordos que regem o Mercosul, nunca poderia ter feito. Ressalve-se que deixará de praticar a ilegalidade danosa aos interesses brasileiros apenas pelo tempo de vigência do acordo e apenas para os produtos por ele abrangidos.
Ainda assim, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, que representou o governo brasileiro nas negociações e na assinatura do acordo, disse ter ficado satisfeito. "O acordo garante que não vai ter qualquer tipo de restrição do comércio bilateral da cadeia produtiva" (isto é, de veículos e componentes), afirmou. Sem coragem ou determinação política para defender com vigor os interesses do País feridos pelo governo Kirchner, o governo brasileiro parece contentar-se com a redução parcial e temporária dessas ilegalidades. Para os setores empresariais fortemente prejudicados por elas, a tolerância do governo brasileiro precisa ter limites.
Talvez para tentar dar um certo caráter estrutural a um acordo que na essência deveria vigorar temporariamente para superar um problema conjuntural inesperado, os dois governos agora estão dizendo que o acordo automotivo deverá servir de base para uma política industrial conjunta do Mercosul. A ideia é tão velha quanto a da união aduaneira e, como esta, até agora de total inutilidade.
Ambas estão na base do Protocolo de Ouro Preto, de 1994. No documento, fala-se no aprofundamento da "integração produtiva" entre as economias que fazem parte do bloco do Cone Sul. Nada indica que a simples reafirmação dessa ideia seja suficiente para tirá-la do papel, se é que um dia isso seja possível.

Eleicoes 2014: o PT e a campanha do odio de classes

O partido totalitário está tentando, mais uma vez, dividir o país, incentivando uma falsa luta de classes e mentindo sobre seus adversários políticos, que os neobolcheviques vêem como inimigos, bão como opositores políticos.
Essa campanha odiosa precisa ser barrada. Ela o será nas eleições, como afirma a nota do PSDB, transcrita no blog de Orlando Tambosi. 
Paulo Roberto de Almeida 
Diante da gravidade da situação, reproduzo na íntegra a nota da Executiva Nacional do PSDB divulgada agora à noite. O vociferante tiranete Lula já deu o tom da campanha terrorista que pretende dividir o país. Vem com a velha conversa da "zelite" conservadora - quando elite, hoje, no Brasil, é o lulopetismo, que se apropriou do Estado como coisa sua. Faz bem a executiva. O Partido Totalitário tentará botar fogo no país, seguindo o receituário bolivariano:

A perspectiva de perder o poder está levando o PT a aumentar a agressividade e intolerância do seu discurso, apostando cada vez mais na divisão do país.
Tentam atribuir a uma “elite conservadora” o desejo de mudança, ignorando que cerca de 70% dos brasileiros ouvidos pelas pesquisas de opinião exigem uma nova maneira de governar o país.
Primeiro, tentaram a tática do medo. Deu errado. A presidente caiu ainda mais nas pesquisas. Agora, estimulam o ódio. Mais uma vez, fracassarão. O Brasil é melhor e maior do que isso.
Convocamos nossos militantes a não responder a esse tipo de agressão e ameaça.
Vamos continuar firmes na nossa caminhada com a alegria, unidade e convicção presentes na nossa Convenção Nacional, no último sábado.
Nossa caminhada tem a missão não de dividir, e sim de unir os brasileiros em torno de um futuro que seja ético, generoso e solidário.
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Economia brasileira: Arminio Fraga analisa os problemas atuais

"O arrocho já está sendo feito pela inflação"
Entrevista Armínio FragaPor Claudia Safatle | Do Rio
Valor Pro, 
16/06/2014

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, alerta que "a semente do desemprego já está aí, pois infelizmente a economia não está crescendo". Para reduzir a inflação e evitar o desemprego será preciso, através de compromissos e ações críveis na área econômica, afetar as expectativas. "Faltam hoje transparência nas contas públicas e compromissos com a responsabilidade fiscal e com inflação na meta", disse ele em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Armínio, que está assessorando o candidato do PSDB, Aécio Neves (PSDB), à presidência da República, não é adepto do "tratamento de choque", seja para derrubar a inflação ou para recolocar a política fiscal no rumo de um superávit primário maior e melhor. O ritmo de queda da inflação em direção à meta de 4,5% terá que ser avaliado "à medida que fique claro o tamanho do atraso que existe em alguns preços". Na política fiscal, a primeira providência deve ser dar transparência aos dados. Acredita que hoje, se bem medido, o superávit primário é próximo a zero. "Temos que cair na real: as coisas não estão dando certo. O país não está crescendo e, se não crescer, as frustrações vão aumentar", diz. Pois é o crescimento, mais do que as transferências de renda aos mais pobres, que vem reduzindo as desigualdades no país. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: Como o sr. vê a performance da economia até o fim do ano?

Armínio Fraga: A economia está fraca, assustada e muito defensiva, com pouco investimento e pouca ousadia. A incerteza tem uma dimensão macroeconômica ligada ao baixo crescimento, à inflação alta e ao déficit em conta corrente; e uma dimensão mais micro, que afeta cada setor de uma maneira diferente. Mas, no geral, assusta, com raízes importantes no setor elétrico, de petróleo, que não são os únicos, mas são os principais. Esse quadro precisa ser abordado de maneira clara e isso não está acontecendo.

Valor: A ausência de investimentos decorre principalmente da queda da confiança do setor privado?

Armínio: Em última instância parte da conta acaba batendo sempre no governo. Há o lado mais macro e um outro que diz respeito às regras do jogo e à capacidade de execução do governo. Não é só um certo receio em relação à qualidade da regulação. O que a gente mais ouve é que tem verba, mas não tem projeto, ou o projeto é ruim ou está atrasado. São projetos muito grandes, complexos, que exigem ações paralelas e basta um tema ficar para trás que para tudo.

Valor: O Estado perdeu a capacidade de investir?

Armínio: Perdeu ou sei lá se tinha. O fato é que no momento não demonstra ter. O Brasil não investe não é de hoje. Só que na infraestrutura hoje as necessidades são gritantes. Talvez há 10 ou 20 anos, não fossem. O quadro foi se agravando. O governo, quem quer que seja o próximo presidente, terá que dar uma virada caprichada nessa área.

Valor: Fazendo o quê? Ampliando e melhorando as concessões?

Armínio : Em cada setor as regras, e como estão sendo aplicadas, vão ter que ser examinadas e, além disso, será preciso um esforço de coordenação no governo para que as coisas possam acontecer. O Brasil como um todo vai ter que mobilizar mais capital. Nossa taxa de poupança está quase tão baixa quanto os níveis dos nossos reservatórios. O Brasil já saiu de uma situação de fornecedor de poupança no exterior - com superávit em conta corrente - para a de usuário, importador de poupança, com déficit em conta corrente.

Valor: Um déficit em transações correntes de quase 4% do PIB é perigoso?

Armínio : Eu diria que não. Acredito que o país se arrumando vai haver aumento do investimento.

Valor: O ex-presidente Lula disse que é o caso de incentivar mais o consumo para estimular o crescimento. É possível ou esse é um processo que já se esgotou?

Armínio: A fase de crescimento acelerado do consumo pode ter ficado para trás porque o PIB não está crescendo, as famílias se endividaram bastante e os juros estão subindo. Mas há um espaço enorme para o consumo crescer. Só que a renda tem que crescer junto, o custo do capital tem que cair e os prazos têm que se alongar.

Valor: Como sair de um quadro de pessimismo, com a economia patinando, e retomar o crescimento?

Armínio: Na área fiscal, por exemplo, primeiro com esforço de transparência para que não fiquem na dúvida sobre se há um truque novo, uma nova pedalada.

Valor: E, se ao dar transparência, a situação das contas públicas for mais complicada?

Armínio: A realidade é o que é. É preciso, para início de conversa, mostrá-la e discutir a resposta que se quer dar. Tem que trazer esse grau de segurança e trazer a inflação para a meta - não da noite para o dia, mas colocá-la em uma trajetória crível de queda. A inflação está há muitos anos lá em cima, apesar de reprimida.

Valor: Quando o candidato Eduardo Campos (PSB) falou em reduzir a meta de inflação para 3,5% em 2019, a presidente Dilma Rousseff reagiu dizendo que isso implicaria em aumento do desemprego para mais de 8%. O desemprego é inexorável nesse quadro?

Armínio: A semente do desemprego já está aí, pois infelizmente a economia não está crescendo. Para reduzir a inflação e evitar o desemprego será necessário afetar as expectativas. Falta hoje transparência nas contas públicas e compromissos com a responsabilidade fiscal e com inflação na meta. O ritmo de queda terá que ser avaliado à medida que fique claro o tamanho do atraso em alguns preços.

Valor: Há projeções de 7,5% de inflação para 2015. Mas isso vai depender de como vão ser as correções de preços represados, não?

Armínio: O mercado está com um número de consenso por aí, acima de 7%. Se fizer uma correção parcial evita-se esse primeiro choque, mas fica uma conta a ser paga ao longo do tempo. Atrasar não significa resolver. Eu ainda não tenho opinião formada. Apesar de eu estar assessorando o senador Aécio Neves (PSDB-MG), não estou pensando nisso agora. Acho que não está na hora.


Valor: Em entrevista a jornalistas estrangeiros, a presidente Dilma, perguntada sobre por que o país cresce tão pouco, respondeu: "Não sei". O senhor sabe?

Armínio: Olhando de maneira quase que contábil, o país está investindo muito pouco. Para crescer tem que investir e tem que investir bem. E para investir tem que ter poupança. Você pode até crescer durante um tempo usando poupança externa.

Valor: E essa poupança externa de R$ 85 bilhões, que é o déficit em transações correntes, não foi para investimento?

Armínio: Pelo visto, não.

Valor: E os mais de R$ 400 bilhões que o Tesouro Nacional repassou ao BNDES para financiar a expansão dos investimentos?

Armínio: Idem. Talvez, sem ele, o investimento tivesse sido mais baixo. O resultado final é uma taxa de investimento muito baixa em um país onde as necessidades são visíveis. A nossa educação não está melhorando na velocidade adequada. Esse é um investimento de longo prazo, mas é o melhor.

Valor: Isso ocorre porque a educação padece da falta de recursos?

Armínio: O Brasil investir 6% do PIB em educação não é igual à Alemanha investir 6% do PIB, pois lá o produto per capita é muito maior. Mas os especialistas acreditam que há problema também de gestão. Uma explicação sobre o baixo crescimento tem que incluir a educação. É verdade que a taxa de escolaridade aumentou nos últimos 25 anos. Há mais crianças na escola, mas muitos não terminam a escola primária ou saem analfabetos funcionais, o que é outra coisa chocante, e menos ainda terminam a escola secundária.

Valor: O economista francês Thomas Piketty, no livro "O capital no século XXI", trouxe o aumento da desigualdade para o centro do debate econômico internacional.

Armínio: O tema da pobreza e da desigualdade é antigo entre nós e levado a sério.

Valor: Como se faz crescimento mais distributivo? Com mais transferência de renda e mais educação?

Armínio: Sim. Há duas frentes de trabalho que deveriam ser não ideológicas. Uma diz respeito ao lado da igualdade de oportunidade. Mesmo o mais liberal dos liberais tende a defender a igualdade de oportunidade. Claro que muitos liberais veem um papel para o governo na provisão da educação e da saúde pública e não necessariamente na produção. Vi isso em uma entrevista recente do Ricardo Paes de Barros [subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos], por exemplo. A provisão cabe ao governo na educação, saúde, segurança, um Judiciário decente, transporte público de qualidade. Essa é a base para uma sociedade onde as pessoas têm chances, onde o filho de uma pessoa pobre não está condenado a ser pobre. Isso é um desejo do Brasil, está na Constituição e o governo deveria estar entregando mais nessas áreas. Esse é um canal de resposta muito poderoso à questão colocada por Piketty.

Valor: Qual é a outra frente?

Armínio: Está na outra ponta, que é coibir o enriquecimento ilícito que vem da captura do Estado, da corrupção. Vi outro dia um dado muito interessante num texto da professora Rozane Siqueira, da UFPE. Ela calculou o coeficiente de Gini para o Brasil e para o Reino Unido, antes e depois de impostos e transferências. Normalmente, quando se faz essa conta, se usa a renda bruta das pessoas. Quando se calcula o coeficiente de Gini baseado na renda líquida, a melhora no Brasil é mínima e no Reino Unido é bem grande. Isso indica que, mesmo com todo o esforço do Estado, os resultados em termos distributivos são ainda modestos.

Valor: É possível aumentar o gasto social?

Armínio: Acredito que há bastante espaço para melhorar pela via do gasto limitando, por exemplo, o que o Gustavo Franco chama de 'bolsa empresário' e focando nas áreas que dão mais resultado, como educação e saúde pública. Resumindo, o uso do dinheiro público carece de mais justificativa. Está mal alocado e não é só má alocação produtiva, mas distributiva.

Valor: Empréstimos subsidiados são forma de concentrar riqueza?

Armínio: Sim, mas não acho que o BNDES não deva subsidiar. Não é disso que se trata. Recentemente fiz um artigo em parceria com o Marcos Lisboa defendendo transparência e critério. Acho que há espaço para subsídios, mas é preciso enxergar direito onde está a externalidade e a diferença entre o retorno social e o retorno privado. Tem que ser justificado, ter transparência e uma forma de se medir os resultados. Por alguns anos fui do conselho consultivo do Banco Mundial. Tudo o que o Banco Mundial faz tem que ser desenhado com objetivos claros e de forma que se possa medir os resultados.

Valor: A política industrial vem dando resultado?

Armínio: Não sei, não há dados disponíveis. Mas pelo crescimento baixo, suspeito que não.

Valor: Haveria algum problema mais estrutural que condene o país a crescer pouco?

Armínio: Ao contrário. O Brasil tem uma renda per capita de 20% da renda dos países mais ricos. É totalmente factível crescer 4%, 5% ao ano. Depende do mundo também, mas não há nada que se possa dizer que não, que isso é estrutural do Brasil. O que é estrutural? Você acha que as crianças do Brasil não são capazes de aprender?

Valor: Há anos os juros aqui são maiores que no resto do mundo...

Armínio: Isso vem desde o regime militar. A remuneração da caderneta de poupança pela inflação mais 6%, líquido de imposto, vem de lá. Alguém pensou que 6% real de juros era bom. Uma economia arrumada vai ter juros caindo para uma taxa mais normal. O juro é o que é. Não é fruto da vontade direta de ninguém, mas pode-se construir as condições para o país ter juros normais.

Valor: Para isso seria preciso ter um superávit primário maior?

Armínio: O superávit arrumado, bem medido, hoje está próximo de zero. Tem que ter superávit para estabilizar a dinâmica da dívida e tirar isso da cabeça das pessoas.

Valor: O superávit teria que voltar ao nível de 3% do PIB?

Armínio: Não sei. Depende de quanto o país tiver crescendo. Em um momento de populismo exacerbado, que está sendo a marca deste início de campanha, a política fiscal é uma tema bem delicado.

Valor: O governo tentou trabalhar com uma inflação de 6% ou um pouco mais..

Armínio: Os preços dos alimentos crescem a dois dígitos. As pessoas sabem que há preços congelados e que isso não dura muito. Esse filme todo mundo conhece e quem é novo e não conhece fala com os pais, com os avós. Quando vem o aumento é com juros e correção. Não adianta nada.

Valor: É possível retomar um processo de desinflação?

Armínio: Tem que ter uma sequência. Primeiro, chegar a uma situação de preços normais, não tabelados, não reprimidos, levar essa inflação para a meta e, depois, decidir o que fazer. Acho que a meta deveria cair um pouco e lentamente...

Valor: Então, primeiro vai piorar para depois melhorar?

Armínio: Vamos ter que tirar o remédio do paciente, que está dopado.

Valor: No Brasil períodos eleitorais ainda costumam ter algum estresse nos mercados. O sr. acha que desta vez vai se repetir especulação com taxa de câmbio, juros, algo como o senhor viveu no Banco Central na eleição de 2002?

Armínio: Torço para que não, mas acho que sim.

Valor: Em 2002 o dólar chegou a R$ 4 e a inflação subiu às alturas. Seria algo semelhante?

Armínio: Não tanto. Ali foi um caso mais extremo onde a incerteza era imensa porque tinha uma versão escrita do que se pretendia fazer, que era o programa do PT. O PT evoluiu e o Lula rasgou o programa.

Valor: O PT diz que a campanha de Aécio Neves (PSDB) está cometendo 'sincericídio' ao apontar os problemas da economia e indicar que pode haver medidas amargas. Isso não assusta o eleitor?

Armínio: 'Sincericídio', acho que não. É um pouco de 'honesticídio', isso sim. Temos que cair na real: as coisas não estão dando certo. O país não está crescendo e, se não crescer, as frustrações vão aumentar. Estudiosos como o Ricardo Paes de Barros e o Marcelo Neri [ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos] têm escrito e dito ao longo dos anos que um percentual alto da queda da pobreza e da redução da desigualdade veio do crescimento. Do crescimento. Não é do programa distributivo, do Bolsa Família. Você está falando com alguém que não tem vergonha de dizer que é um liberal com coração. É importante o país crescer e é importante gastar melhor, sim.

Valor: O governo sempre gasta mal?

Armínio: Acho que o Brasil teria que gastar muito melhor do que gasta. E isso não é questionado porque tudo que o PT fala vira dogma da esquerda. Falta honestidade, isso é o que falta. Vamos lá olhar. Faz essa conta do índice de Gini e veja o que está acontecendo. Alguma coisa não está dando certo, com todos os esforços do Fernando Henrique, do Lula e de todo mundo, e isso os próprios pesquisadores do país nessa área têm dito, antes de irem para o governo. Há menos de seis meses, na apresentação que o Marcelo Neri fez com a ministra Tereza Campello, estava lá: o crescimento é importante e acho que o governo deveria gastar melhor, muito melhor, o precioso dinheiro público. Uma parte desse dinheiro vai para os pobres sim, mas não é tão grande.

"A nossa educação não está melhorando na velocidade adequada. Esse é um investimento de longo prazo, mas é o melhor"

Valor: O sr. acha que gastar mal o dinheiro público tem a ver com a estrutura de governabilidade que se montou, em que cada pedaço da administração pública tem que ir para cada partido da base aliada?

Armínio: Acho que sim. O Marcos Mendes aborda isso no livro "Por que o Brasil Cresce Pouco". A resposta direta é que o Brasil não está investindo o suficiente e o que investe não parece ser de boa qualidade. Isso tem a ver com capital físico, capital intelectual, capital humano mais básico. Aí é que nós somos devedores. Porque o Estado não gera essa resposta? Acho que é uma combinação de ideologia com incompetência. Uma parte disso vem de uma certa falta de transparência, por que as pessoas não enxergam direito para onde o dinheiro está indo. A proposta da transparência é a base e daí vêm as respostas. Quer fazer subsídio? Dê transparência, ponha no orçamento e explique. O orçamento existe para forçar essa discussão. Quando se começa a ter orçamentos paralelos, fica difícil obter as respostas corretas.

Valor: Como reduzir os aportes de recursos do Tesouro ao BNDES, que de 2009 para cá triplicaram?

Armínio: Gradualmente. Não sei para que nível ele deve voltar e acho que essa é uma discussão mais ampla sobre o que o país precisa, quanto custa etc. Não acredito em tratamento de choque, a não ser de transparência para poder respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, buscar com segurança uma taxa de inflação mais baixa. Eu começaria por aí. O resto é guerra de guerrilha. Vai ter que ter um número de frentes de trabalho, pessoas buscando soluções, manter a capacidade do Estado de exercer seu papel de fiscalizador, regulador, e que não iniba e abra mão de trazer capital interno e externo, mais interno até. A poupança interna vai ter que aumentar com o tempo.

Valor: Há quem defenda aumento dos impostos? O país suportaria?

Armínio: Um número crescente de pessoas acredita que um país de renda média com carga de 36% a 37% do PIB é suficiente para o Estado cumprir bem suas funções em um modelo de social-democracia que temos aqui. Essa é uma discussão de primeira grandeza e não para um tecnocrata resolver. O país deveria procurar um limite de crescimento para o gasto público, para que ele pare de crescer mais do que o PIB, e essa carga poder ficar por aí por um bom tempo. O governo investe pouco e quase todo seu gasto são transferências e despesa corrente, mas parte da responsabilidade pelo aumento do investimento deveria ser do governo. Quando você olha o orçamento, há limitações. Essa é uma discussão política. Há sinais de que a carga tributaria hoje é alta o suficiente para transformar o Brasil em um país menos competitivo.

Valor: O sr. acha que o aumento do salário mínimo foi excessivo?

Armínio: Acho os salários no Brasil ridiculamente baixos porque o Brasil é um povo pouco educado e pouco produtivo. Por isso é que os salários aqui correspondem a 20% dos salários dos países ricos. Há algumas áreas que ganham salários parecidos, mas o salário médio aqui é muito baixo porque somos um país pobre. E por que somos pobres? Porque o país não está crescendo. O salário tem que guardar alguma relação com a produtividade. Isso está nas atas do Copom e nas melhores cabeças que estão no governo. O país não está crescendo, caia na real! Qualquer coisa que eu diga vão interpretar como arrocho enquanto o arrocho já está aí, está sendo feito pela inflação.

Valor: Comenta-se no mercado financeiro que um número crescente de brasileiros está remetendo dinheiro para fora do país. O sr vê esse movimento?

Armínio: O brasileiro gosta do seu país, gosta de morar aqui, de investir aqui. Mas o grau de incerteza hoje é tal que as pessoas estão pensando em investir fora do Brasil, estão pensando até em sair do Brasil. Há um medo que vai além da economia, é medo político também. Há uma sensação de medo que as pessoas não têm coragem de manifestar abertamente. Medo de uma atitude contra a liberdade de imprensa, contra a democracia.

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Proibicao de importacao de publicacoes estrangeiras: ABC e SBPC pedem retirada de projeto

A Academia Brasileira de Ciências e a SBPC enviaram carta ao deputado Vicentinho contra o seu famigerado projeto protecionista e obscurantista. Do site da ABC:

SBPC e ABC se manifestam contra projeto que proíbe órgãos públicos de comprar publicações estrangeiras

ABC, 11/06/2014
No último dia 9, a SBPC e ABC enviaram carta ao deputado Vicentinho (PT-SP) protestando contra o Projeto de Lei 7299/2014, de autoria do deputado, que proíbe a aquisição de publicações gráficas de procedência estrangeira pelos órgãos públicos das esferas federal, estaduais e municipais, para utilização de qualquer espécie e natureza da administração pública. Diante das críticas sobretudo da comunidade científica, ontem (10/06) o projeto foi retirado da Câmara dos Deputados.
Na carta, as entidades ressaltaram que têm atuado para promover o desenvolvimento científico e tecnológico no País, de modo a aumentar a produtividade e a qualidade da ciência brasileira com impacto no bem estar social. Segundo o documento enviado ao deputado, no mundo globalizado a geração de conhecimento é cada vez mais internacionalizada.

Leiam a carta compketa neste link:

Heranca maldita dos companheiros: a febre do Haiti

Não precisava, mas faz parte da lei das consequências involuntárias.
Paulo Roberto de Almeida 

A febre que vem do Haiti

IstoÉ, 16/06/2014


Militares que voltaram do país caribenho com a infecção viral reacendem o temor de que a doença se espalhe no Brasil
Na semana passada, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo confirmou seis casos de infecção pelo vírus CHIVK, causador da febre conhecida por chikungunya. Os testes foram realizados pelo laboratório do Instituto Adolfo Lutz. Os pacientes são soldados brasileiros que regressaram de uma missão de paz no Haiti, onde há um surto da doença.
Não é a primeira vez que a chikungunya é detectada no Brasil. Em 2010, houve dois casos em São Paulo e um no Rio. Todos contraíram a doença em outros países. Atualmente, o vírus se alastra também pela Ásia e África. Foram registrados episódios na Guiana Francesa, no Canadá e até agora 25 casos na Flórida (EUA).
Transmitida pelos mesmos mosquitos que disseminam a dengue, o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, a chikungunya provoca sintomas parecidos: febre alta, dores articulares e de cabeça, náusea, inchaço e manchas vermelhas na pele. O mal-estar dura de três a dez dias e sua letalidade, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, é menor do que a da dengue. O aspecto positivo é que não existe uma forma hemorrágica da doença, considerada a mais perigosa. Mas as fortes dores articulares dessa febre podem persistir por meses ou anos.
Para o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcellos, a presença da doença no País é iminente. "O Brasil possui as condições ideais: uma ocupação urbana caótica, cidades com grande quantidade de mosquitos da dengue e estrangeiros chegando todos os dias de regiões de risco", diz o médico. Basta que um mosquito Aedes pique uma pessoa infectada para adquirir o micro-organismo e iniciar a transmissão. "Porém há tempo de reduzir o impacto que essa doença terá se ocorrer um recrudescimento das ações de combate ao mosquito", alerta Timerman.
O Ministério da Saúde informou, em nota, que a partir do aumento dos casos no Caribe, em 2013, intensificou a vigilância, iniciou o treinamento de profissionais para o atendimento na rede de saúde e a preparação de laboratórios de referência

Eleicoes 2014: sinal amarelo no Planalto (novas pesquisas eleitoraisnegativas)


Ponto Final

Octávio Costa

Sinal amarelo no Planalto
Brasil Econômico, 16/06/2014

A receita de Dilma, que deu certo em outros tempos, perdeu a eficácia. Prova disso são os baixos índices de aprovação do seu governo

Octávio Costa: ocosta@brasileconomico.com.br
Nova pesquisa de opinião saiu do forno no fim de semana e confirmou a tendência dos resultados recentes apontados pelo Ibope e pelo Datafolha. Segundo levantamento do Instituto Sensus feito para a revista IstoÉ, as intenções de voto na presidente Dilma Rousseff caíram de 34% em abril para 32,2% em junho. Em trajetória oposta, o tucano Aécio Neves subiu de 19,9% para 21,5%, enquanto o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos perdeu terreno, de 8,3% para 7,5%. Em quarto lugar, aparece o surpreendente pastor Everaldo Pereira, do PSC, com 2,3%. A margem a favor de Dilma também ficou mais estreita na hipótese de segundo turno. Ela derrotaria Aécio, mas por apenas 5,1 pontos percentuais. Teria 37,8% dos votos contra 32,7% do neto de Tancredo, que oficializou a candidatura em convenção no sábado.
O momento, de fato, não é nada bom para Dilma. Sirva de exemplo o episódio das vaias e xingamento no jogo de abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão. Por mais que tenham partido de grupos minoritários formados por gente que tem dinheiro para pagar os ingressos cobrados pela Fifa, é mais do que sabido que São Paulo hoje é ambiente hostil para a presidente. A insatisfação ali é crescente, tanto assim que Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo do Estado, está empacado com modestíssimos 3% nas pesquisas. Dilma sequer foi à festa de lançamento da candidatura de seu ex-ministro ontem, alegando que tinha de se preparar para jantar com a chanceler alemã Angela Merkel.
Comenta-se que acendeu um sinal amarelo no staff da campanha de reeleição. Ainda se acredita piamente que os 12 minutos na propaganda obrigatória na TV em horário nobre, a partir de agosto, será arma poderosa para restabelecer a zona de conforto e o favoritismo da atual ocupante do Palácio do Planalto. Mesmo com a economia fazendo água, FHC foi reeleito em 1998, e Lula também foi reconduzido, apesar do escândalo do mensalão. Com a caneta na mão, Dilma tem tudo para manter a regra. Mas há divergência sobre a pegada da campanha. Dizem que o jornalista Franklin Martins, responsável pela comunicação, defende um tom mais agressivo contra os adversários, no estilo bateu/levou. Já o experiente marqueteiro João Santana quer evitar o confronto. Ele prefere campanha mais propositiva, com ênfase nas realizações do período Lula/Dilma.
Porém, diante da tendência das pesquisas, com o paulatino crescimento de Aécio Neves, fica claro que Dilma Rousseff vai ter de mudar a estratégia atual. Apesar dos problemas na economia e na Petrobras, a presidente se mantém fiel à equipe de colaboradores. Nas peças publicitárias do governo e nos programas obrigatórios do PT, ela procura vender o peixe de sua gestão, tentando convencer a opinião pública a partir de uma agenda positiva, baseada nas grandes obras públicas e no êxito dos programas sociais. Mas essa receita, que deu certo em outros tempos, perdeu a eficácia. Prova disso são os baixos índices de aprovação do governo e o desejo de mudança cada vez mais forte.
Tudo indica que os eleitores cobram ações efetivas. Não adianta a presidente da Petrobras, Graça Foster, chorar em depoimento na CPI do Congresso. A pergunta é simples: como o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa conseguiu acumular a fortuna de US$ 28 milhões na Suíça? Onde e como os controles da estatal falharam? Os eleitores exigem respostas. Agora.

Haiti: um Estado falido, dependente eterno da ajuda internacional? -debate em Zero Hora

O caso do Haiti não é apenas de State governance, mas de Nation building, um caso único na América Latina no qual as elites falharam, e continuam falhando, miseravelmente.
Paulo Roberto de Almeida 

No Haiti, após uma década

Zero Hora, 15/06/2014


Com saída prevista para se iniciar em 2016,missão da ONU deixa dúvidas sobre seu mérito. Chefiada pelo Brasil, é vista por uns como orgulho nacional e, por outros, como fracasso
Dez anos depois de o Conselho de Segurança da ONU ter implementado a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), em 1º de junho de 2004, poucos lembram que a iniciativa havia sido aprovada, em 30 de abril do mesmo ano, para durar seis meses.
A possibilidade de renovação existia. Mas, passados o terremoto devastador, a implacável epidemia do cólera e o agravamento da miséria, a missão completa uma década sob a polêmica entre quem vê avanços na segurança interna de um dos países mais pobres do mundo e quem critica a intromissão militar que inibiria a autonomia institucional.
A longevidade da missão, com seus 30 mil militares no período, provoca protestos de alguns haitianos. Parte deles quer tomar conta do próprio destino. Mas entre 65% e 80% da população planeja se mudar para o Brasil, conforme Ricardo Seitenfus, representante no Haiti da Organização dos Estados Americanos (OEA) entre 2009 e 2011.
Em setembro de 2011 e em maio de 2013, o senado haitiano aprovou resoluções exigindo o fim da Minustah. A ONU, porém, pretende manter as tropas no país até 2016, algo que, na definição do senador haitiano Jean-Charles Moise, equivale já a uma "ocupação", que deveria ser encerrada pela "substituição dos tanques de guerra por tratores agrícolas".
Seitenfus, que está lançando o livro Haiti: Dilemas e Fracassos Internacionais (Editora da Unijuí), define a Minustah como "uma das piores missões de paz da história".
– Foram enviados soldados para onde não havia e não há guerra. Portanto, o desafio haitiano é socioeconômico e institucional. Não há como estabilizar um país com 80% de desemprego, com 50% de analfabetismo – critica Seitenfus.
Além da situação socioeconômica e da necessidade de tomar conta do próprio destino, os haitianos se amparam em estudos para reclamar que a bactéria do cólera foi levada por militares nepaleses da Minustah.
É algo que a ONU jamais reconheceu, rejeitando indenizações. Mas não fica nisso. Haitianos relatam casos de abuso sexual e excessos na repressão por integrantes da missão. E fazem coro com Seitenfus: criticam a instituição da Minustah, sob o capítulo 7 da Carta da ONU, que sustenta o uso da força em caso de "ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão". Por que a crítica? Porque dizem não haver justificativa para a intervenção internacional, nem antes nem depois da queda do presidente esquerdista Jean-Bertrand Aristide.

Governo viu chance de ser referência regional
Seitenfus ainda vê um vício de origem. Refere-se ao acordo de 9 de julho de 2004 entre a ONU e o governo haitiano. O documento foi assinado pelo então premier, Gérard Latortue, e não pelo presidente, como previa o artigo 139 da Constituição.
Pelo Brasil, a Minustah foi vista como oportunidade. Era a chance de projetar o país como líder regional, numa missão de estabilização depois da frustração em relação à do Timor Leste, que não prosperou em razão da crise econômica de 1999. O país foi ao Haiti de olho na cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Antônio Jorge Ramalho, assessor do governo e professor de Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB), considera positiva a participação brasileira.
– O Brasil projetou sua imagem e sua bandeira. Mostrou capacidade de ação, o que é muito relevante. Conteve uma violência disseminada sem danos colaterais. Isso o coloca como um país respeitado quando se cita operações das Nações Unidas – diz.
Quando os militares brasileiros chegaram ao Haiti, a vulnerabilidade era tal que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, cogitou ser uma missão com data para começar, mas não para terminar. Hoje, mesmo reconhecendo a importância da Minustah, os analistas coincidem quanto à necessidade de criar um planejamento para deixar o país, dando a suas instituições a tão sonhada autonomia.

Entrevista com Antônio Jorge Ramalho, especialista em Relações Internacionais

Antônio Jorge Ramalho, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), foi diretor de cooperação do Ministério da Defesa e implantou o Centro de Estudos Brasileiros em Porto Príncipe. Vê a Minustah como positiva.

Como o senhor avalia a participação brasileira?
O Brasil deu uma contribuição positiva e projetou sua imagem. Mostrou capacidade de ação, o que é muito relevante. Conteve uma violência disseminada sem danos colaterais. Isso coloca o Brasil como um país respeitado quando se citam operações das Nações Unidas. O país deixou uma imagem de profissionalismo. Não por acaso, a ONU escolheu o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz (que, inclusive, comandou as tropas da Minustah entre 2006 e 2009) para comandar a brigada de intervenção na República Democrática do Congo, com autorização de usar a força para impor a paz. Claro que isso se deve ao bom desempenho do Brasil no Haiti.

Como será a saída?
É um fim pausado, cauteloso, com parcimônia. Há transferência para a polícia nacional do Haiti. No ano que vem, haverá eleições. O trabalho não termina. Há já uma mudança de foco, da ajuda militar de combate para a de engenharia, além de ajuda na saúde, na agricultura e outros setores. Ações vão continuar.

O que se pode esperar que ocorra no Haiti a partir da retirada da missão?
Vamos ver como o Haiti absorve essa retirada gradual, com a redução da missão internacional. Kofi Annan (ex-secretário-geral da ONU) chegou a dizer que havia ali uma tarefa para duas décadas. Por essa perspectiva, estamos, em tese, no meio do caminho. O objetivo da missão é de que haja autonomia de gestão por parte dos haitianos. Muitos dos empreendendores, dos profissionais mais capacitados, deixaram o país, naquilo que chamamos de fuga de cérebros. Trata-se de um problema e de um desafio. Tenho dúvidas sobre o real interesse da elite haitiana em promover a estabilidade do país.

Qual é o problema envolvendo a elite do Haiti?
É uma elite dividida, parte dela vive às custas da ajuda internacional. Há muito ceticismo quanto a ela, até porque é uma elite que domina o país desde a ditadura de Duvalier (François Duvalier, conhecido como Papa Doc, apoiado pelos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, instaurou uma ditadura feroz, sendo substituído pelo filho, Jean-Claude Duvalier – o Baby Doc). É possível que a saída da missão brasileira ocorra gradualmente a partir de 2016, mas precisávamos já ter um plano de saída claro, porque se trata de um trabalho continuado.

Entrevista com Ricardo Seitenfus, especialista em Relações Internacionais

Ricardo Seitenfus, doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), representou a Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti entre 2009 e 2011. É um crítico da Minustah.

Como o senhor vê a perspectiva de saída em 2016?
O desenvolvimento do Haiti tem de ser feito pelos haitianos. Ser solidário não é substituir, é acompanhar. É bom que se acene com a restauração da soberania haitiana e se ponha termo à presença militar estrangeira da Minustah. Deve-se respeitar a autodeterminação do povo e do Estado haitiano com o processo de apropriação de seu país.

Quando deve ser a retirada?
Discutíamos um modelo de saída quando o terremoto de 12 de janeiro de 2010 jogou o debate para as calendas gregas. Agora se retorna a ele, felizmente. Mais do que uma data-limite, o que importa são as condições da saída, como sair. O desafio haitiano é socioeconômico e institucional. Não há como estabilizar um país com 80% de desemprego e com um Estado que é muito mais uma ficção do que uma realidade. É importante a ONU deixar o Haiti. O país precisa ter tempo para construir a democracia deles. Querem democracia perfeita em um país onde há 50% de analfabetismo?

Como o senhor vê a missão?
A missão no Haiti é uma das piores missões de paz da história da ONU. Se saírem em 2016, deixarão um país pior do que encontraram em 2004. Saí do Haiti porque me opunha à intervenção na política interna do país, me desentendi por causa disso. Até o cólera foi levado para lá. Essa intervenção foi triste e pesarosa. Nada melhorou.

O que o Brasil deve fazer?
Deve liderar o debate com seus parceiros por uma solução rápida. Se isso não ocorrer, o Brasil deve renunciar ao comando da Minustah e retirar seu contingente. Cada dia que passa nos desgasta mais. Gasta-se um capital imenso de reconhecimento e respeitabilidade.

O que deve fazer o Haiti?
Uma reforma constitucional, para desincompatibilizar as funções de presidente e primeiro-ministro (nomeado pelo presidente). O presidente acaba precisando de uma maioria parlamentar, e o parlamento considera o premier um contrapoder. A ONU deve garantir um pacto de governabilidade.