O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Acordo Mercosul-UE: Debate entre um protecionista e um cidadao normal (CBN)

Ouvi o debate e lamento que o Embaixador Samuel tergiverse sobre a abertura comercial. Na verdade, ele não quer abertura nenhuma, mas a continuidade da proteção e das tarifas altas.
Ele define o Mercosul como união aduaneira, o que é parcialmente verdadeiro, mas amplamente equivocado, pois ele não funciona como UA. Mas ele diz também que o Mercosul NÃO É uma zona de livre comércio (ZLC) o que é inteiramente falso, pois uma UA implica necessariamente uma ZLC, para dentro. E não deveria existir nenhuma objeção a que essa ZLC+UA parcial negocie um acordo de liberalização comercial com outra UA+ZLC.
O diferencial de tarifas para ele é algo congelado, e que deve permanecer aqui, pois se não tiver tarifa as empresas multinacionais desaparecerão, asi no más...
Nunca ouvi tantos equívocos juntos, e tanta obsessão protecionista.
Se dependesse dele, o Brasil continuaria fechado e eternamente protecionista. sem mencionar os equívocosde fundamentação ou de simples concepção de organização econômica: ele pretende que o governo oriente, comande e até obrigue as empresas a fazerem desta ou daquela forma: o viés fascista e corporativo é nítido. Samuel não acredita na autonomia das empresas: ele quer que o Estado diga a elas o que fazer, como fazer, por quanto vender...
Paulo Roberto de Almeida

Debate CBN, Segunda, 07/07/2014, 23:41

'União Europeia quer acordo com o Mercosul por causa da crise econômica'

O embaixador e professor do Instituto Rio Branco Samuel Pinheiro Guimarães participa da discussão com o professor de RI e membro do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da USP Alberto Pfeifer.
As discussões entre os dois mercados já se arrastam há 14 anos. Quais os motivos para tanta demora e que benefícios essa união traria para o país?
Segundo o diplomata, os europeus exportariam mais aos países do acordo aduaneiro sul americano do que ao contrário, o que não caracterizaria uma via de mão dupla.
Alberto Pfeifer, afirma que o Mercosul vem perdendo seu dinamismo econômico. Para o Brasil, a grande oportunidade está fora da Europa, em países com alto crescimento, como a China.



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Venezuela: solo malas noticias (InfoLatam)


Das três matérias que se pode ler sobre a Venezuela, no informe diário (10/09/2014) de InfoLatam, todas elas são negativas.
O que se pode fazer?
A realidade do país é muito triste, trágica mesmo, e não se pode fazer muito coisa, pois o Estado mafioso ali implantado dispõe de muitos recursos e de todo o apoio dos companheiros no continente, a começar dos cubanos (de inteligência, de espionagem, de dominação), da Unasul (uma entidade que já nasceu falida) e dos seus outros companheiros espalhados aqui e ali.
Justamente, a principal matéria trata desse Estado mafioso já plenamente vigente.
No Brasil temos uma associação mafiosa tentado fazer o mesmo, e só não faz porque (ainda) não pode, não porque não queira.
Paulo Roberto de Almeida

El legado de Chávez

El Universal, 10/09/2014

Por Maria Teresa Romero
 
(El Universal. Venezuela)-. “Todo mandatario pasa por la evaluación popular. Ninguno escapa al escrutinio histórico; más aún si el líder fallece y si se trata de uno que ha fungido de héroe político, militar, religioso o ideológico. Aunque no siempre la historia sobre una persona o hecho que sobresale entre otros -para bien o para mal- dice la verdad, casi siempre termina por imponerse la historia que más se acerca a la verdad.
Sobre Hugo Chávez y su gestión se ha escrito mucho nacional e internacionalmente. Valdría la pena hacer un registro de los textos a favor y en contra, cuántos se fundamentan en estudios serios  y analíticos, cuántos desechan las investigaciones y se nutren de lisonjas.
En esa cuenta no debería faltar el trabajo del historiador estadounidense Ari Chaplin:
 El legado de Chávez: la transformación de una democracia a un Estado mafioso (2013).
No es un libro que lo favorece. Para nada. Es un estudio crítico, agudo, que demuestra cómo y porqué el legado chavista es nefasto.  Pero lo importante es que se basa en una investigación profunda y sistemática, con argumentos sólidos, y llevada a cabo desde la perspectiva de un catedrático que analiza la realidad del Socialismo del Siglo XXI con la distancia necesaria para ser bien evaluada.
Fernando Mires, uno de los pensadores latinoamericanos más importantes de la actualidad, resume el libro con estas palabras: “Partiendo de la excelente denominación acuñada por Moisés Naím, la de “Estados mafiosos”, Chaplin demuestra, combinando la narración historiográfica con el análisis sociológico, cómo detrás de la fachada ideológica del chavismo se esconde un proceso que tiende a la demolición de los valores y de las instituciones políticas los cuales a pesar de algunos deficientes gobiernos que lo precedieron, pervivían en Venezuela. En otras palabras: de acuerdo a Chaplin la contradicción fundamental ya no es en Venezuela entre democracia y totalitarismo, sino entre democracia y Estado mafioso”.
Este estudio deja asentada una triste verdad de nuestra historia patria”.

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Venezuela economía
Inflación venezolana llega a 63,4 % interanual
El Banco Central de Venezuela (BCV) informó que la inflación de agosto cerró en 3,9 % y alcanzó el 63,4 % interanual, y sumó 39 % en los 8 primeros meses de 2014.

Venezuela prensa
El diario más antiguo de Venezuela dejará de circular por falta de papel
El diario más antiguo de Venezuela, El Impulso, suspenderá su edición impresa a partir de la próxima semana por la falta de papel e insumos como consecuencia del control de cambios que limita las divisas.
[ver artículo completo...]

Economia do Brasil, transacoes ilicitas e fuga de capital - Relatório da Global Financial Integrity

Foi publicado um relatório sobre o Brasil no site da Global Financial  Integrity, e cuja matéria é fluxo internacional de capital especulativo:

https://www.facebook.com/GlobalFinancialIntegrity

Segundo o diretor da instituição:
"Illicit financial outflows averaged US$14.7 billion per year for the period from 2000 to 2009. For the period from 2010 to 2012, illicit financial outflows increased to an average of US$33.7 billion per year. These outflows constitute about 1.5 percent of Brazil’s growing GDP for both of these periods. In terms of total magnitude, the country is seventh among developing countries, all of which suffer
from this phenomenon."

Ou seja, sob o reino companheiro, os fluxos de capitais ilíticitos e outras operações especulativas representaram um maior montante de capitais fugindo do Brasil, do que nas épocas anteriores.
Eles vão dizer que é porque o Brasil ficou mais rico.

A íntegra do relatório em inglês está aqui: http://www.gfintegrity.org/wp-content/uploads/2014/08/Brazil-Capital-Flight-Illicit-Flows-and-Macroeconomic-Crises-1960-2012.pdf

Em português pode ser baixado aqui: http://www.gfintegrity.org/wp-content/uploads/2014/09/Brasil-Fuga-de-Capitais-os-Fluxos-Il%C3%ADcitos-e-as-Crises-Macroecon%C3%B4micas-1960-2012.pdf

Primary Findings

The Brazilian economy lost at least US$401.6 billion in illicit financial outflows from 1960 to 2012.
These outflows represent the proceeds of crime, corruption, and tax evasion, and have serious negative consequences for Brazil. Outflows were found to drain resources from the Brazilian economy, to drive the underground economy, and to exacerbate inequality.
Furthermore, the report found that illicit outflows are growing.  Annual average illicit outflows increased from US$310 million in the 1960s to US$14.7 billion in the first decade of the twenty first century before jumping to US$33.7 billion over the last three years of the study, 2010-2012.  On average, Brazil’s illicit outflows are equivalent to 1.5% of the country’s official GDP.
Trade misinvoicing is the major conduit of illicit financial flows from Brazil.  The report reveals that the vast majority of Brazil’s illicit outflows—92.7%, or US$372.3 billion of the US$401.6 billion in total outflows—were channeled through the misinvoicing of trade transactions.  The remaining US$29.4 billion in the illicit outflows detected by GFI occurred via hot money outflows, such as unrecorded wire transfers.

Policy Recommendations

GFI recommends a number of steps the Brazilian government can take to ameliorate the problem of illicit financial flows from the country revolving around two principles:
  1. Greater transparency in domestic and international financial transactions, and
  2. Greater cooperation between governments to shut down the channels through which illicit money flows.
These steps include taking stronger legal measures against trade misinvoicing, instituting transparency of company ownership, and building the technical and human capacity needed to effectively utilize the data that will be shared under emerging tax information exchange arrangements.  GFI notes that the most important ingredient to curbing illicit financial flows from Brazil is generating the political will necessary to implement and enforce these measures.

Broad Capital Flight

In addition to estimating illicit outflows of capital from Brazil, the study also estimates that broad capital flight—a combination consisting of both licit and illicit outflows—amounted to US$590.2 billion between 1960 and 2012.  Broad capital flight was found to average roughly 2.2% of Brazil’s official GDP over the study period.
Illicit outflows constituted 68% of total capital flight, and they were shown to drive broad capital flight from Brazil.

Underground Economy

The report estimated that the size of Brazil’s underground economy averaged 38.9% of official GDP over the 53-year period, increasing from an average of 45.8% in the 1960s to 55.1% in the 1970s before slowly falling to an average of 21.8% from 2010 through 2012, as a result of faster economic growth.

Methodology

This report utilizes the same methodology to calculate illicit flows as was used in GFI’s 2014 case study on the Philippines and in GFI’s 2013 global update on illicit financial flows.  GFI cautions that the methodology is very conservative and that there are likely to be more illicit flows from Brazil that are not captured by the models.  For example, a large amount of the proceeds of abusive transfer pricing between arms of the same multinational corporation as well as much of the earnings from drug trafficking, human smuggling, and other criminal activities—which are often settled in cash—are not included in these estimates.
Moreover, this report uses the largest Structural and Behavioral Equations Model developed by Dr. Kar to analyze the drivers and dynamics of Brazil’s illicit flows.

Acknowledgements

About the Author
Dev Kar is Global Financial Integrity’s Chief Economist, having formerly served as a Senior Economist at the International Monetary Fund.
Contributions
Brian LeBlanc assisted with the data analysis, and Joshua Simmons contributed to the policy analysis.
Raymond Baker, Christine Clough, Clark Gascoigne, Taylor Le, Channing May, and Melissa O’Brien also supported this project.
Funding
Funding for this report was generously provided by the Ford Foundation.

Cuba: por falar na ilha-prisao, mais uma analise da situacao real - Carlos Pozzobon

Trancrevo aqui (o que desconfio já ter feito alguns meses atrás, várias análises realistas, e muito bem informadas, sobre a situação da ilha miserável, a mais velha ditadura do continente, reunidas por um acadêmico brasileiro que não partilha do besteirol universitário.
Paulo Roberto de Almeida 

Cuba para neófitos

Carlos U Pozzobon

Ensaios, blog com temas de interesse intelectual

25 de outubro de 2012

Índice

A Revolução Cubana
O Suicídio em Cuba
Produção de açúcar
Fuga de Havana
A Vida Secreta de Fidel
 
Tenho ouvido muitos jovens desiludidos com a atuação do PT. A esperança com que depositaram sua confiança em um partido que pretendia mudar “tudo o que está aí” é um fato recorrente em nossa história e nossa vida política. Mas ao mesmo tempo, toda a geração tem aqueles que não abandonam suas convicções nem que seu mundo desabe sobre a própria cabeça. Aliás, parece que quanto mais errada possa ter sido a orientação, mais se agarram aos dogmas e pressupostos factuais que eternizam seu modo de pensar e terminam servindo de estrume para a germinação de novos ideais políticos desastrados nas gerações posteriores. A geração petista foi forjada pelos que nunca abandonaram sua confiança na revolução cubana e na figura pseudo-clarividente de Fidel Castro. Árvore que nasce torta não pode crescer senão com as deformações de origem e, ao fim, revelar sua própria natureza.
Como as abordagens sobre Cuba em geral falam no extraordinário fracasso econômico da ilha, acobertado pelo bode expiatório do bloqueio dos EUA, resolvi publicar diversos artigos, começando pelo jornalista Fernando Pedreira, falando sobre o entusiasmo provocado pela revolução e outro de Guilherme Cabrera Infante sobre o Suicídio em Cuba, os dois publicados em 1975 e 1983, respectivamente; depois seguem-se artigos que vou publicando a medida que acho relevante, como os acontecimentos da frustrada tentativa de colher 10 milhões de toneladas de cana de açúcar nos anos 70, utilizando — acreditem — trabalho forçado. Enquanto para os simpatizantes distantes a desilusão com a revolução cubana não passa de um incômodo gerado pela percepção da fraude moral, para os envolvidos com a própria construção da nova sociedade cubana, não ultrapassa um ato de desespero e, por fim, de suicídio. O artigo seguinte é uma resenha do livro de Juan Reinaldo Arenas, um guarda-costas de Fidel que caído em desgraça, foge da ilha e publica A VIDA SECRETA DE FIDEL
Antes porém, um link para um documentário de Nestor Almendros sobre a repressão não só aos "homossexuais" cubanos, os famosos campos de concentração onde eram considerados "maricons" todos os poetas e escritores. Como vivemos sob o estigma da homofobia, alardeado aos quatro cantos pela ascensão do PT ao poder, com a criminalização até mesmo do repertório de piadas brasileiro, vale a pena ver o documentário pelo seu inverso, isto é, de perseguição aos homossexuais através de rituais de depuração, praticados por um regime que é apoiado pelo partido que se diz o defensor dos gays. A importância do documentário serve para desmistificar qualquer pretensão de liberalidade do petismo com relação ao comportamento humano.

Ler a íntegra neste link.

Cuba, a triste realidade da miseria de um povo, pelo nuncio apostolico

Tanto a Igreja Católica, quanto a União Europeia, e todos os companheiros do continente, não querem ver a situação econômica catastrófica na qual sobrevivem os cubanos, condenados a aguentar mais algum tempo da mais velha ditadura no hemisfério.
Paulo Roberto de Almeida

Cuba: el nuncio y el "notición"
Por Armando F. Valladares. E-mail: armandovalladares2012@gmail.com
Miami (Fla.), 08 de septiembre de 2014

El 25 de agosto pp. el periódico "Lecce News", de la ciudad de Lecce, al sureste de la península italiana, publicaba impresionantes declaraciones sobre la realidad cubana del nuncio de la Santa Sede en Cuba, monseñor Bruno Musarò, que se encontraba en visita a la región de la cual es oriundo.

El nuncio Musarò diagnosticó en pocas palabras "las condiciones de pobreza absoluta y de degradación humana y civil en la que se encuentran los ciudadanos cubanos, que son víctimas de una dictadura socialista que los tiene subyugados desde hace 56 años".

"El Estado controla todo", y "la única esperanza de vida para la gente es huir de la isla", explicó el nuncio Musarò, describiendo la situación de degradación, penuria y opresión de los cubanos. Y concluyó diciendo que, inexplicablemente, "hasta hoy, transcurrido más de medio siglo, se continúa hablando de la Revolución y se la alaba, mientras las personas no tienen trabajo y no saben cómo hacer para dar de comer a sus propios hijos".

Tres días después, el jueves 28 de agosto pp., en los jardines vaticanos, se entronizaba una réplica de la Virgen de la Caridad, patrona de Cuba, con la presencia de seis obispos cubanos que habrían viajado especialmente de la isla-cárcel para esa ocasión, y del ex secretario de Estado de la Santa Sede, cardenal Tarcisio Bertone.

Llamó la atención el hecho de que el nuncio Musarò, representante diplomático de la Santa Sede en Cuba, que estaba en Italia, no hubiera comparecido. La periodista María García, corresponsal en Europa de Martí Noticias, preguntó al cardenal Bertone su opinión sobre las palabras del nuncio, a lo que el cardenal, conocido por sus posiciones favorables al régimen cubano, respondió en tono contrariado: "No conozco esta declaración. Me parece que los periodistas han exagerado sobre esta declaración. Pero no la conozco, no la conozco". El obispo de Santa Clara, monseñor Arturo González Amador, trató de restar trascendencia al análisis del nuncio Musarò, diciendo que "lo hemos comentado con el embajador del Estado cubano ante la Santa Sede y, bueno, pues ha quedado así, sin mayor importancia". Por su parte, monseñor Emilio Aranguren, también entrevistado en los jardines vaticanos por la periodista María García, dijo en tono apaciguador: "Las que el nuncio ha manifestado son realidades del pueblo cubano, pero creo que no es para hacer de eso un notición".  

En realidad,  el diagnóstico del nuncio Musarò sobre la Revolución comunista y sobre el drama del pueblo cubano subyugado parece constituir un "notición" de no poca envergadura, si se considera la colaboración eclesiástica con el comunismo cubano en las últimas décadas. Aún existen muchas interrogaciones en torno del episodio, y podrían levantarse diversas hipótesis. La nunciatura en La Habana informó que el nuncio retornaría a la isla después de pasar tres semanas en Italia. Aguardemos indicios que eventualmente sirvan para responder a las interrogaciones que han quedado flotando en el aire.

Armando Valladares, escritor, pintor y poeta. Pasó 22 años en las cárceles políticas de Cuba. Es autor del best-seller "Contra toda esperanza", donde narra el horror de las prisiones castristas. Fue embajador de los Estados Unidos ante la Comisión de Derechos Humanos de la ONU bajo las administraciones Reagan y Bush. Recibió la Medalla Presidencial del Ciudadano y el Superior Award del Departamento de Estado. Ha escrito numerosos artículos sobre la colaboración eclesiástica con el comunismo cubano y sobre la "ostpolitik" vaticana hacia Cuba.  

Links relacionados:
Jóvenes cubanos lamentan colaboracionismo del cardenal Ortega
http://www.cubdest.org/1406/c1409jovenesav.htm

Francisco, pro-castristas y confusión
http://www.cubdest.org/1406/c1408vallfrancisco.htm

El pontífice Francisco y el test cubano
http://www.cubdest.org/1306/c1304franciscoav.html

El cardenal Bertone y la fraudulenta "política religiosa" castrista
http://www.cubdest.org/0806/c0803av2.html

Empiricus (um terrorista de mercado) e as dez mentiras do governo (e candidata) Dilma

Os autores são os mesmos que escreveram sobre o "Fim do Brasil", e foram perseguidos pelos censores totalitários, como "terroristas de mercado".
Bem, nesse caso, eu sou um terrorista blogueiro: sempre achei, continuo achando que os companheiros levam o Brasil ao desastre. E lamentarei profundamente, não por mim, mas pelo Brasil, se eles continuarem no poder.
Pronto: sou um terrorista...
Paulo Roberto de Almeida

Dez mentiras do governo Dilma
Empiricus, 10/09/2014

Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Se George Orwell estivesse por ai, seria prontamente acusado de terrorismo eleitoral.

Enquanto insistirem em falar mentiras sobre os “neoliberais”, cumprirei o compromisso de falar verdades sobre o governo.

Há dois elementos constrangedores envolvendo o governo Dilma: a incompetência e a desonestidade intelectual - essa última conhecida popularmente como hábito da mentira.

Inventam o que querem para evitarem a mudança de endereço. Abaixo listo as dez mentiras que mais me incomodam, cujas implicações ao seu patrimônio podem ser substanciais.

Restrinjo-me a questões de economia e finanças. Não imagino que a mitomania limite-se a essa área, mas prefiro manter-me no escopo, por uma questão de pertinência desta newsletter.

Ao não reconhecer os erros, mantém-se a rota errada da política econômica. Bateremos de frente com uma crise financeira em 2015.

1. “A crise vem de fora.”

Esse é o discurso oficial para justificar a recessão técnica em curso no Brasil. O que os dados podem nos dizer sobre isso? Comecemos do mais simples: o crescimento econômico do Governo Dilma será, na média, dois pontos percentuais menor àquele apresentado pela América Latina. Nos governos Lula e FHC, avançamos na mesma velocidade dos vizinhos.

Indo além, há de se lembrar que a economia mundial cresceu 3,9% em 2011, 3% ao ano entre 2012 e 2013, e deve emplacar mais 3,6% em 2014. Nada mal.

Comparando com o pessoal mais aqui ao lado especificamente, Chile, Colômbia e Peru, exatamente aqueles que adotaram políticas econômicas ortodoxas e perseguiram uma agenda de reformas na América Latina, cresceram 4,1%, 4,0% e 5,6% ao ano, entre 2008 e 2013.

Enquanto isso, a evolução média do PIB brasileiro na administração Dilma deve ser de 1,7% ao ano.

A retórica oficial, desprovida de qualquer embasamento empírico, continua ser de que a crise vem de fora. Aquela marolinha identificada pelo presidente Lula, lá em 2008, seis anos atrás, ainda deixando suas mazelas.


2. “A política neoliberal vai aumentar o desemprego.”

Não há como desafiar o óbvio de que o produto agregado (PIB) depende dos fatores de produção, capital e trabalho. Ora, com o PIB desabando por conta da política econômica heterodoxa, cedo ou tarde bateremos no emprego.

Podemos não conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como o PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a existência de relação entre as variáveis.

O crescimento econômico da era Dilma é o menor desde Floriano Peixoto, governo terminado em 1894, subsequente à crise do encilhamento. Há uma transmissão óbvia desse comportamento para o emprego.

Os dados do Caged de maio apontaram a menor geração de postos de trabalho desde 1992. Em sequência, junho foi o pior desde 1998. E julho, o pior desde 1999.

Quem vai gerar desemprego é a nova matriz econômica - não o fez ainda simplesmente porque essa é a última variável a reagir (e a única que ainda não foi destruída).

3. “A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo.”

Essa é uma mentira escabrosa por vários motivos. O primeiro é trivial: os dois candidatos da oposição já se comprometeram, em dezenas de oportunidades, em manter a política de reajuste de salário mínimo.

Ademais, quando Dilma se coloca como a protetora do salário mínimo, está simplesmente contrariando as estatísticas. O aumento real do salário mínimo foi de 4,7% ao ano entre 1994 e 2002, de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010, e de 3,5% ao ano entre 2011 e 2013.

Ou seja, o reajuste do mínimo na era Dilma é inferior àquele implementado por Lula e também ao observado no período FHC. Ainda assim, Dilma se coloca como o bastião em favor do salário mínimo.


4. “A política neoliberal proposta pela oposição vai promover arrocho salarial.”

Esse ponto, obviamente, guarda relação com o anterior. Destaquei-o mesmo assim porque denota a doença de ilusão monetária ou uma tentativa descarada de enganar a população.

Arrocho salarial já vem sendo promovido pela atual política econômica, por meio da disparada da inflação. O salário nominal, o quanto o sujeito recebe em reais no final do mês, não interessa per se. O relevante é como e quanto esse numerário pode ser transformado em poder de compra - isso, evidentemente, tem sido maltratado pela leniência no combate à inflação.

Precisamos dar profundidade mínima ao debate. Se você consegue aumentos sistemáticos de salário acima da produtividade do trabalhador, a contrapartida óbvia no longo prazo é a inflação, que acaba reduzindo o próprio salário real.

O que os “neoliberais” querem é perseguir aumentos de produtividade maiores e duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário substanciais, sem impactar a inflação.

Caso contrário, aumentos do salário nominal serão corroídos pela inflação

5. “Programa de Marina reduz a pó política industrial.”

A presidente Dilma realmente não precisa ter essa preocupação, pois ela mesma já fez o serviço. O Plano Brasil Maior, lançado em 2010 com metas para 2014, não conseguiu entregar sequer um de seus vários objetivos.

Dilma oferece simplesmente o maior processo de desindustrialização da história brasileira, fazendo o presidente da Fiesp afirmar categoricamente que somente louco investe hoje no Brasil.

Seria pertinente preocupar-se com a própria política industrial antes de amedrontar-se com o programa alheio.

Quem defende uma política de campeões nacionais, em que se escolhem a priori os vencedores da prática concorrencial desafiando a lógica de mercado, não entende absolutamente nada de empreendedorismo e política industrial.

O maior elogio que Marina poderia receber à sua política industrial é a desconfiança de Dilma.

6. “A política monetária foi exitosa.”

A frase foi proferida por Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em seminário nos EUA sobre política monetária. A inflação brasileira tem sistematicamente namorado o teto da meta, de 6,50% em 12 meses, ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o centro do intervalo deve ser perseguido. A banda de tolerância de dois pontos existe apenas para abarcar choques exógenos.

A rigor, a inflação em 12 meses está até acima do teto. O IPCA de agosto aponta variação de 6,51% em 12 meses, estourando o limite superior do intervalo.

Transformamos o teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois pontos de inflação através do controle de preços de combustíveis, energia e câmbio.

Esse é o tipo de êxito que esperamos da política econômica.

7. “Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos.”

Para ser justo, a frase, ao menos que seja de meu conhecimento, não foi dita ipsis verbis por nenhum membro do Governo. Entretanto, a julgar pelas decisões e diretrizes de política monetária, parece permanecer o racional da administração petista.

O velho trade-off entre inflação e crescimento, em pleno século XXI?

Bom, antes de entrar no debate acadêmico, pondero que poderia até ser verdade se houvesse, de fato, crescimento. Conforme supracitado, não é o caso.

Ignorando esse fato e fingindo que vivemos crescimento econômico pujante, a questão sobre o trade-off entre inflação e crescimento parece apoiar-se numa discussão tacanha sobre a Curva de Phillips.

O debate até faria sentido se estivéssemos nos idos de 1970. Dai em diante, Friedman, Phelps e outros destruíram o argumento de mais inflação, mais emprego.

A partir da síntese de 1976, naquilo que ficou batizado de crítica de Lucas, com trabalhos posteriores sobretudo de Kydland e Prescott, a fronteira do conhecimento passou a incorporar a ideia de que o trade-off entre inflação e desemprego existe apenas a curtíssimo prazo.

Ao trabalhar com uma inflação sistematicamente mais alta, rapidamente voltamos a um novo equilíbrio, com nível de preços maior e o mesmo nível de emprego original.

E, sim, o espaço aqui está aberto para o pessoal da Unicamp rebater o argumento de Lucas (professor Belluzzo incluindo, sem nenhum tipo de enfrentamento aqui; convite educada e genuinamente a um derbi das ideias). Criticam-nos por ouvir apenas a oposição e ignoram que eles declinam nosso convites - só pode haver vozes governistas e/ou heterodoxas em nossos eventos se elas aceitarem participar, certo? Lembre-se: fizemos o convite ao competente Nelson Barbosa, que, infelizmente, não pode comparecer por incompatibilidade de agenda.


8. “As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer que há uma desorganização fiscal é um absurdo.”

A preciosidade foi dita pelo ministro Guido Mantega em entrevista ao jornal Valor. O superávit primário do setor público não é somente menor àquele de 2008. No primeiro semestre, foi o menor da história, em R$ 29,4 bilhões.

Nos últimos 12 meses, a variável marca 1,4% do PIB, sendo metade derivado de receitas extraordinárias, como Refis e leilão de libra. E se considerarmos o atraso em pagamentos em subsídios, precatórios e repasses aos bancos públicos para benefícios sociais, provavelmente não passamos de 0,5% do PIB.

O déficit nominal bate 4% do PIB, flertando com aumento de dívida, maiores impostos e/ou mais inflação à frente. Essa é a herança que a “absoluta organização das contas públicas está nos deixando.”


9. “Nunca foi feito tanto pelo pobre neste país.”

Intuitivamente, você já poderia desconfiar da afirmação quando pensa na inflação, que é um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas. Os abastados têm um estoque de riqueza aplicada em ativos que remuneram acima da inflação. Logo, estão em grande parte protegidos. A inflação é um instrumento clássico de concentração de riqueza.

Mas há de ser além da simples intuição, evidentemente. Aqui, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, última disponível, é emblemática.

A constatação principal é de que, depois de 10 anos ininterruptos de melhora, a desigualdade de renda para de evoluir em 2012. O coeficiente de Gini, medida clássica de equidade, para de cair e as curvas de Lorenz de 2011 e 2012 são sobrepostas.

Em adição, a relação existente entre a renda apropriada pelo 1% mais rico da população e os 50% mais pobres aumenta de 0,66 para 0,69. Ou seja, o resultado é simples: quebramos uma sequência de 10 anos de avanço da distribuição de renda no Brasil.

A política econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não o distribui de forma mais equitativa.


10. “A oposição faz terrorismo eleitoral.”

Se você compactua com um dos nove pontos anteriores, você é um terrorista eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é financiado por um dos candidatos de oposição.

Enquanto isso, a situação acusa a candidata oposicionista de homofóbica e de semelhanças com Fernando Collor. Sim, ele mesmo, parte da base de apoio da....situação.

Seríamos nós, analistas e economistas, os terroristas?

San Tiago Dantas: um brasileiro incomum - Pedro Dutra (biografia)

Em setembro de 1964 faleceu precocemente um dos mais importantes intelectuais do Brasil contemporâneo - o professor San Tiago Dantas. Pergunte a qualquer estudante universitário brasileiro hoje quem foi San Tiago Dantas e talvez dois ou três saberão dizer quem foi este homem extraordinário. Talvez só tenha tido um par na história intelectual recente do Brasil - o economista Celso Furtado ( Celso e San Tiago foram os autores do Plano Trienal, tentativa frustrada de salvar o Governo Jango já em sua fase pré-agônica). Como se sabe, o Plano Trienal frustrou-se graças à incompreensão de jovens como José Serra e Betinho - então líderes da AP (Ação Popular) no comando da UNE, conjugada com lideranças sindicais e políticas fora de sintonia com a realidade - Brizola, Arraes e tantos outros. San Tiago chamou-os de "esquerda negativa", em contraposição à "esquerda positiva" de Celso Furtado e do próprio San Tiago.
Este é o primeiro volume da biografia preparada por Pedro Dutra (o segundo volume deve sair posteriormente).
Há anos ouço falar do trabalho de preparação desta biografia do grande brasileiro. O primeiro de quem ouvi falar sobre esta obra foi o meu amigo Hélio Jaguaribe, hoje na Academia Brasileira de Letras, grande amigo e admirador do San Tiago, que também aguardava ansiosamente que este trabalho fosse concluído. Do Hélio escutei o relato de um episódio que retrata magnificamente a biografia do chanceler que idealizou e pós em execução a Política Externa Independente. Certa vez o professor San Tiago foi homenageado pela Universidade de Cracóvia, na Polonia, com o título de Doutor Honoris Causa. Na cerimônia de recebimento do título, era e é usual um discurso do homenageado. Ao chegar para a cerimônia - e minutos antes que ela começasse- San Tiago foi comunicado (para sua total surpresa) que a tradição era de que o homenageado teria obrigatoriamente que ler a sua oração. Esta era a regra inflexível. San Tiago pediu alguns minutos e trancou-se na Sala da Congregação. Ao sair, tinha um molho de papéis em mãos (supostamente o texto que leria). Passando uma a uma as folhas do maço de papéis, o professor San Tiago deu prosseguimento à cerimônia, proferindo uma das mais brilhantes conferencias de toda a secular tradição da Universidade de Cracóvia. Ao final, foi aplaudido de pé. E prometeu que enviaria posteriormente o texto corrigido da sua Aula Magna.
Por suposto, os papéis que manuseara durante a Aula Magna estavam em branco, eis que o ilustre professor havia pronunciado de improviso a sua conferencia, apenas fingindo que estava lendo um texto anteriormente preparado. Que figura intelectual extraordinária !
Em um país em que temos que conviver com Paulo Coelhos, Guido Mantegas e Dilma Roussefs, que esperança no futuro me dá que nos anos 50/60, em um Brasil pré-industrializado, pudesse ter brotado do nosso solo universitário inteligência tão singular quanto a de San Tiago Dantas...

Mauricio David

 SAN TIAGO DANTAS - a razão vencida
Autor :Pedro Dutra
Páginas: 768
Editora Singular
ISBN: 978-85-86626-71-5
Ano: 2014

APRESENTAÇÃO
O homem, que muitos dizem ser o mais inteligente do Brasil, tem pressa.
Assim uma reportagem na revista O Cruzeiro, a maior do País, se referia a San Tiago Dantas em 1960. Mas quem foi, ou melhor, quem é San Tiago Dantas?
Brilhante e precoce, sem dúvida. Líder estudantil aos dezessete anos, aos vinte editor de jornal e teórico fascista, um ano depois professor de Direito, a seguir prócer integralista e crítico do nazismo; catedrático aos vinte e cinco, fundador de duas faculdades e titular de três cátedras antes dos trinta anos e ainda diretor da Faculdade de Filosofia, no Rio de Janeiro. Um ano depois, em 1942, repudia publicamente o Integralismo, defende a declaração de guerra ao Eixo, propõe a união nacional das forças políticas, reunindo os comunistas inclusive, para afirmação de um regime democrático, e em 1945 elabora parecer firmado por seus colegas professores que nega fundamento jurídico à proposta continuísta do ditador Getúlio Vargas. E, explicitamente, defende substituir a propriedade privada pelo trabalho como núcleo de uma ampla reforma social.
A acusação de oportunista não demorou a lhe ser lançada, e será renovada e ampliada dez anos depois. Então, o alvo será o jovem jurisconsulto procurado por grandes empresas nacionais e estrangeiras convertido em banqueiro, que se alia aos trabalhadores ao ingressar no partido que Getúlio criara para abrigá-los; e, no início da década de 1960, ministro do Exterior, recusa-se a sancionar o novo regime cubano e reata relações diplomáticas com a União Soviética. No começo de 1964, depois de no ano anterior tentar controlar, sem êxito, a espiral inflacionária à frente do Ministério da Fazenda, já mortalmente doente, e agônica a República de 1946, tenta sensibilizar as forças partidárias e articulá-las em uma frente ampla de apoio às reformas democráticas para resgatá-las da polarização que já engolfara a política nacional. Em vão: a direita o vê como um trânsfuga, os conservadores como um ingênuo, e a esquerda desacredita os seus propósitos.
E quase todos o veem como o manipulador, senão o malversador de seus dotes intelectuais, que, diziam seus críticos, derramavam uma luz fria, que iluminava mas não aquecia, e justificavam todas as capitulações necessárias a satisfazer a sua premente ambição política. Entre essas capitulações, servir o seu talento à causa populista de líderes sindicais cevados nos cofres públicos e a um vice-presidente, depois presidente da República, cuja inépcia e tolerância com a agitação promovida pelo seu próprio partido teriam precipitado o País no descalabro administrativo e na convulsão política que teriam fermentado o golpe militar de abril de 1964.
Mas a trajetória política de San Tiago, que ele confundiu com a sua vida, autoriza ou desmente essa afirmação? Não teria ele senão buscado imprimir racionalidade e consistência ideológica ao debate político de seu tempo, nele intervindo e empenhando desassombradamente o vigor de sua inteligência, dos dezoito anos até a véspera da sua morte, há exatos cinquenta anos?
A resposta a essa questão está na história de sua vida, encerrada, precocemente também, aos cinquenta e três anos incompletos, em plena maturidade intelectual, quando já descera, em abril daquele ano de 1964, uma vez mais, a noite das liberdades públicas no País.
Este primeiro volume da biografia de Francisco Clementino de San Tiago Dantas, nascido no Rio de Janeiro em 1911, estende-se até 1945, um ano divisor em sua trajetória e também no curto século XX. Então, o jovem ideólogo da direita radical, nutrido pela reação ao legado da Revolução Francesa acrescido pela Igreja Católica e reafirmada pelo fascismo italiano, cedera lugar ao defensor de uma social-democracia nascida da dramática experiência da Segunda Guerra Mundial. O “catedrático menino” tornara-se o mestre consumado que desprezava os títulos professorais e amava os alunos e era por eles amado. E o jurisconsulto notável, que via na ciência jurídica nativa o maior entrave à realização do Direito entre nós, já encontrara na advocacia a retribuição material ao seu tenaz aprendizado, em medida raramente alcançada
entre os seus pares.
Saber, ter e poder. Dessa tríade que San Tiago tomou para si como metro de sua trajetória, apenas o último elemento – o poder político – ele não alcançaria plenamente. Mas nesses primeiros trinta e quatro anos de vida ele se habilitou, como poucos antes ou depois, a buscar o fugidio poder político que o fascinara já ao pisar no pátio da Faculdade de Direito, aos dezesseis anos.
O aprendizado que lhe permitisse formular um projeto político consistente de reformas estruturais para o País – o saber; e o ter – a conquista dos meios que lhe possibilitassem cursar uma carreira política desembaraçada de sujeições materiais: reviver para o leitor de hoje essa saga invulgar na história da inteligência brasileira é o propósito e o desafio desta biografia que o Autor procura cumprir, com o lançamento deste primeiro de seus dois volumes.

San Tiago Dantas – A RAZÃO VENCIDA
Dar voz a San Tiago inscrevendo seus textos elegantes e precisos na narrative e situando-o em seu contexto histórico mostrou-se o método indicado a descrever, com a fidelidade possível, a sua espantosa atividade intelectual.
Nesse sentido, o recuo no tempo se impôs para identificar as suas origens familiares, cujo exemplo ele exaltava, e para mapear as matrizes ideológicas que cedo San Tiago se esforçou por dominar e o inspiraram a primeiro defender a “moderna obra da reação”: a Revolução Francesa e a reação às suas conquistas; o surgimento da nova direita no começo do século XX, precedendo as revoluções bolchevista, fascista e nazista; e, no rastro sangrento da Primeira Guerra Mundial, o embate ideológico que levaria à Segunda em 1939.
Ao jovem ideólogo somou-se o “catedrático menino” que não frequentou regularmente o ginásio e pouco frequentou a Faculdade de Direito, porém desde cedo acumulou espantosos e sucessivos “tempos de estudo” mais tarde desdobrados inclusive em aulas célebres transcritas em apostilas e ainda hoje, oito décadas depois, editadas em livro.
E sobre essas qualidades inegáveis, sobre a admiração e as controvérsias que se acenderam à sua trajetória, esse homem naturalmente grave e professoral difundia um afeto generoso e franco pela família, vendo nos sobrinhos, sempre próximos, os filhos que não pôde ter, e tendo nos amigos da escola os companheiros inseparáveis de toda a vida.
“De muitos, um”, dizia o sinete que San Tiago estampava em seus livros.
Essa síntese ele procurou retirar das ideias e viveu plenamente essa busca, aprendendo para ensinar, ensinando para esclarecer, esclarecendo para transformar.
E, no entanto, o poder político não foi alcançado. Mas San Tiago deixou a sua saga intelectual a crédito da história de seu País.

Educacao: corrupcao companheira minimiza um desastre pavoroso na educacao

A corrupção companheira na Petrobras, e em todas as outras esferas, abafa e minimiza uma notícia como esta.
No entanto, ela é "muito mais pior", como diria o chefe dos corruptos, do que qualquer roubalheira que aconteceu e vem acontecendo em TODAS, repito TODAS, as esferas da vida pública sob a república sindicalista e corrupta dos companheiros.
Essa roubalheira ataca o estoque acumulado de riquezas já produzidas pelo povo brasileiro, ou seja, algo como um acidente, um tufão, um terremoto que pode ocorrer em qualquer país.
Já o desastre educacional ROUBA O FUTURO do país, destrói as condições para que ele possa crescer próspero e acumular novas riquezas.
Os crimes cometidos pelos companheiros contra a educação são muito mais desastrosos do que todos os outros roubos que eles fizeram contra o país.
Paulo Roberto de Almeida

Ideb volta a mostrar quadro decepcionante na educação
Editorial - Valor Econômico, 10/09/2014

Os resultados mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ajudam a entender a queda do Brasil no ranking de competitividade do World Economic Forum (WEF) e o elevado percentual de 18% de analfabetos funcionais na população do país.
O Ideb de 2013 mostrou pela primeira vez desde 2005, quando o índice foi criado, que a nota do ensino médio ficou estagnada e não atingiu a meta nos anos finais do ensino fundamental (do quinto ao nono ano). Já os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (do primeiro ao quinto ano) até superaram a meta.
Fica cada vez mais distante o objetivo do governo de atingir, em 2021, o padrão das nações desenvolvidas calculado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No caso dos alunos do ensino médio, a nota ficou estagnada em 3,7 pontos, em uma escala que vai de zero a 10, ponto em que está desde 2009. O padrão da OCDE é 5,2 pontos.
No caso dos alunos dos anos finais do fundamental houve avanço de 4,1 para 4,2, abaixo da meta de 4,4 do governo e dos 5,5 da OCDE. Apenas os anos iniciais do ensino fundamental mostraram progresso, com a nota subindo de 5 para 5,2, acima da meta de 4,9 pontos e distante dos 6 da OCDE.
No levantamento anterior o quadro era o mesmo. Há alguns anos o governo aposta que o bom desempenho nos anos iniciais do ensino iria causar um efeito positivo nos períodos posteriores. O ensino médio parece ser a etapa mais problemática. Apenas sete dos 27 Estados da União atingiram as metas dessa fase; seis melhoraram, mas ficaram abaixo das metas. Em 16 Estados as notas do ensino médio pioraram, até nas escolas particulares.
O governo já prometeu rever o currículo muito carregado e pouco atraente, que estimula um conhecimento enciclopédico e superficial para os alunos. Mas até agora não houve avanços.
A intenção foi lembrada pelo ministro da Educação, Henrique Paim, sem um prazo para ser convertida em realidade. Como lembrou a doutora em educação pela PUC do Rio, Andrea Ramal, em entrevista a "O Globo" (6/9), houve cinco ministros da Educação nos últimos dez anos e essa alta rotatividade certamente tem relação com os problemas do ensino.
Há quem diga que a questão é dinheiro. Relatório da OCDE divulgado ontem informa que o Brasil canalizou para a educação 19% do total de gastos públicos em 2011, acima dos 13% médios dos países da organização. O valor de gasto por aluno, no entanto, foi de US$ 2.985, um terço da média dos 34 países integrantes da OCDE, que é de US$ 8.952. É o segundo valor mais baixo entre todos os países da organização, depois da Indonésia. Nos EUA o investimento por aluno é de mais de US$ 15 mil.
As taxas de matrículas vêm crescendo no Brasil, mas abaixo da média dos países desenvolvidos; e as instituições públicas gastam quatro vezes mais por aluno do ensino superior do que do ensino fundamental, o que também é parte da explicação do estágio da educação no país.
O governo vende a promessa de que tudo vai melhorar quando o pré-sal estiver em produção e puder destinar os royalties de sua exploração para a educação, como está previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), que foi aprovado há pouco pelo governo e prevê o investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação em 2020, em comparação com 6,4% em 2012. Em artigo publicado no Valor (18/7), o professor Naércio Menezes Filho calculou em R$ 180 bilhões o valor.
O professor acha, porém, que dinheiro não é garantia de melhora do aprendizado, lembrando que os royalties do petróleo aumentaram a arrecadação de muitos municípios, que ampliaram o investimento em educação sem que isso resultasse em melhor desempenho dos alunos no Ideb. Por isso, elogiou a estratégia do PNE de estimular as escolas que aumentarem as notas na avaliação.
Os dados do Ideb passaram quase desapercebidos porque foram divulgados no momento em que o noticiário sobre as denúncias do esquema de corrupção na Petrobras causava grandes ondas de turbulência. A verdade é que o tema pouco é lembrado na campanha eleitoral e competiu também com a notícia da professora esfaqueada pelo aluno em Curitiba, enquanto escrevia no quadro-negro, e a das crianças sitiadas em hotéis da Cracolândia, em São Paulo, que mostram outras facetas do mesmo problema da educação.

A frase da semana: corrupcao companheira (so podia ser...)

Corrupção  no  PT é quase uma regra.
Fernando Henrique Cardoso, O Estado de S.Paulo, 10/09/2014​

Certo, certíssimo, mas por que "quase"?​
Não tem quase.
Com todo o respeito pelos companheiros, eles são competentíssimos nessa matéria.
Eles só são incompetentes para administrar a política econômica, e todo o resto, mas em matéria de corrupção, eles já superaram há muito a fase doutoral.
Depois de se tornarem Ph.Ds em corrupção, eles já fizeram vários pós-docs nessa área...
Paulo Roberto de Almeida

Crimes economicos do lulo-petismo, e o gancho Mantega para o colunista Alexandre Schwartsman

Já prometi aqui escrever sobre os crimes econômicos do lulo-petismo, e na verdade já comecei por um dos maiores, quando a ocasião se ofereceu, ao lere uma matéria sobre o desastre que foi, e está sendo, o Fundo Soberano do Brasil, com imensas perdas para o país.
Prometo voltar ao assunto, pois tenho documentação sobre cada um, e eles são muitos e variados, dos crimes que desviaram bilhões do PIB brasileiro.
Atenção: não estou falando em crimes comuns, tipo fraude, roubo, desvio de dinheiro por métodos criminosos, enfim, tudo aquilo que se enquadra no Código Penal, e eles são incontáveis. Não sendo criminalista, nem penalista, sequer formado em direito, não tenho competência para me ocupar de crimes comuns, embora reconheça a existência de infinitos, na gestão companheira. Esses crimes comuns, por perversos que seja, por mais recursos que tenham desviado das contas nacionais -- na verdade, dos nossos bolsos -- devem ficar na esfera criminal, e não vou me ocupar deles.
Quando falo de crimes econômicos, quero me referir a todas as ações de políticas econômicas, conscientes ou não, voluntárias ou não -- e devemos também considerar que os companheiros são sumamente incompetentes, em qualquer coisa que empreendem -- estou falando de decisões perfeitamente legais (embora algumas estejam no limite da constitucionalidade, como o próprio Fundo Soberano, por exemplo) mas que causaram imensas perdas para o país.
E quando falo de PERDAS, não estou falando só do dinheiro atirado fora, em ações inconsequentes, mas estou falando também daquilo que os economistas chamam de custo-oportunidade, ou seja, todo o rendimento de um investimento alternativo que poderia ter sido feito com a decisão certa.
Mas, o artigo abaixo do meu colega Alexandre Schwartsman me permite relembrar alguns desses crimes econômicos. Onde ele vê sugestões para artigos, eu vejo lembranças para a minha série de crimes econômicos. Já tenho uma lista, e vou conferir para ver se esqueci algum.
Por enquanto fiquem com este artigo do Schwartsman, que também é um agradecimento aos que o apoiaram no caso insano da queixa-crime do bolivariano BC do Brasil.
Só num país fascista essas coisas poderiam acontecer: processo por opinião...
Paulo Roberto de Almeida

Fica, Guido!
Coluna: Alexandre Schwartsman
 Folha de S. Paulo, 10/09/2014

Para colunistas econômicos à busca de temas, presença de Mantega é uma garantia contra bloqueios criativos.

Alexandre Schwartsman, 51, é doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica e professor do Insper. Escreve às quartas nesta coluna.

Passei o fim de semana desnorteado. A presidente antecipou a demissão do ministro da Fazenda, que agora que desfruta da inédita condição de ex-ministro em atividade, com consequências funestas para a temperatura de seu cafezinho (pelo que me lembro, o café da Fazenda já era particularmente abominável; frio então...), assim como para qualquer iniciativa que ainda pretenda tomar no campo da política econômica.
Funestas serão também as implicações para minha vida de colunista. Desde que aceitei o convite para escrever uma vez por semana neste espaço, sempre me angustiei com o tema da coluna. Suores frios, insônia, o tique-taque implacável, o cursor piscando na tela em branco... Nestas horas, porém, sempre pude contar com a contribuição inestimável de Guido Mantega: quase toda semana ele me ofereceu, de forma mais que graciosa, ideias para meus artigos, ideias que, francamente, minha parca imaginação jamais atingiria.
O desmantelamento do tripé macroeconômico, por exemplo, rendeu dezenas de colunas. A possibilidade de avaliar a tal da "nova matriz macroeconômica", em particular prever seu fracasso com anos de antecedência (não estou me gabando: qualquer bom aluno de graduação chegaria às mesmas conclusões), foi imprescindível para o enorme sucesso desta coluna entre todos os meus 18 leitores.
Não foram poucas também as chances de detalhar as várias instâncias de contabilidade criativa: o fundo soberano, os empréstimos para o BNDES, a contabilização da venda de ações da Petrobras em troca de direitos de exploração de petróleo como receita da União e, mais recentemente, a "pedalada", entre tantos outros. Cada uma destas foi objeto de mais de um artigo e, para ser sincero, este veio ainda não se esgotou.
Isso sem contar as oportunidades únicas de comparação de declarações ministeriais prestadas em momentos distintos e geralmente contraditórias. No dia 30 de maio deste ano, por exemplo, ao comentar o pibículo do primeiro trimestre, o ministro disse que "a Copa do Mundo deve ajudar a melhorar a economia do país, e que o resultado do PIB no segundo trimestre provavelmente será melhor que no primeiro".
Confrontado, porém, com a queda do PIB no segundo trimestre e a revisão para baixo do desempenho no primeiro, "o ministro culpou o cenário internacional, a seca (...) e a redução de dias úteis em razão da Copa pelo resultado negativo da economia brasileira". Por outro lado, segundo ele, não devemos nos preocupar, pois "provavelmente vai chover muito em 2015"...
Desconfio ter me empolgado, mas, pelos exemplos acima deve ficar claro que a presença de Guido Mantega no Ministério da Fazenda é garantia contra bloqueios criativos, pelo menos no caso de colunistas econômicos à busca de temas. Não é outro o motivo da minha preocupação com a crônica da demissão anunciada.
Ao contrário da revista " The Economist", que tempos atrás pediu de forma irônica a permanência do ministro, apelando à psicologia reversa, eu sou franco em meu apelo, ainda mais porque se trata, como se viu, de matéria do meu mais profundo interesse.
Acredito, inclusive, que seria caso de mantê-lo como ministro qualquer que seja o resultado da eleição. Não é que eu deseje o mal do país, mas poderíamos deixá-lo na mesma posição que hoje ocupa, isto é, sem qualquer relevância para a formulação ou execução da política econômica; apenas para nosso entretenimento.
Agradecimento
Aproveito o espaço para agradecer às muitas expressões de apoio e solidariedade referentes à tentativa frustrada do Banco Central em abrir queixa-crime contra mim por críticas à política adotada pela instituição, refletida na taxa de inflação acima da meta bem como acima do intervalo de dois pontos percentuais ao seu redor.
Tivesse mais do que os cerca de 3.800 caracteres desta coluna, agradeceria a cada um pessoalmente; na impossibilidade, manifesto aqui minha gratidão a todos.

Petrobras: acionistas minoritarios acionam Dilma e Mantega na CVM

Não creio que possa dar qualquer resultado antes, ou mesmo depois, das eleições. Mas é um gesto necessário e mesmo importante, em face do conjunto de fraudes companheiras.
A tendência da CVM seria colocar panos quentes no assunto.
Paulo Roberto de Almeida

Investidores denunciam à CVM que Dilma, Mantega e fundos apoiavam atos de Paulo Roberto na Petrobras
Por Jorge Serrão
Edição do Alerta Total, 10 de setembro de 2014
(www.alertatotal.net)

Documentos e atas apresentados por investidores à Comissão de Valores Mobiliários confirmam que Dilma Rousseff, quando ministra e conselheira-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva e, depois, Presidenta da República, tinha pleno conhecimento e respaldava todas as ações de diretores executivos e membros dos conselhos de Administração e Fiscal da Petrobras.
Por isso, vai falhar a manobra do Palácio do Planalto de desvincular Dilma por responsabilidade direta ou indireta nos problemas gerados por Paulo Roberto Costa que, sem ser diretor financeiro, mas apenas de abastecimento, controlava 1.832 contas correntes do sistema Petrobras (a maioria no Banco do Brasil, que é alvo dos investigadores da Operação Lava Jato).
Acionistas minoritários da empresa comprovaram à CVM que Dilma apoiava as decisões de gestão na Petrobras junto com Guido Mantega (seu ministro desafeto, demitido tecnicamente da Fazenda). Tudo acontecia em parceria com o BNDES, BNDESpar e os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, que elegiam conselheiros ao arrepio da Lei das Sociedades Anônimas e das normas da CVM.
Os investidores denunciaram Dilma, Mantega, conselheiros da Petrobras, BNDES e fundos de pensão pelos delitos de conflito de interesses e abuso de poder controlador por parte da União Federal. Se o caso avançar para a esfera jurídica e legislativa, Dilma pode acabar enquadrada por crime de responsabilidade – que a torna passível de impeachment.
Detentores de ações ordinárias e preferenciais da Petrobras representaram à CVM para que “fixe o entendimento de que acionistas que forem vinculados ao controlador da companhia (União Federal) não podem participar das votações em separado nas assembleias em que são eleitos os representantes dos minoritários nos Conselhos de Administração e Fiscal”. Os investidores reclamaram que essa prática irregular é comum há pelo menos 10 anos, ferindo o artigo 9º, parágrafo 1º, IV, da Lei 6.385/1976, além de contrariar as normas da CVM, xerife do mercado de capitais no Brasil.
Além de pedir que o BNDES, BNDESpar, Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal) fiquem impedidos de interferir na escolha de conselheiros da Petrobras, os investidores pedem que a União, seu banco de fomento e os fundos de pensão sejam condenados ao pagamento de multa pelos atos que configuraram conflito de interesses e abuso de poder de controle acionário. Se a CVM cumprir suas próprias normas, permitindo aos acionistas minoritários
escolherem representantes para fiscalizar e tomar decisões gerenciais em favor da empresa, poderiam ser evitados escândalos como a Lava Jato e outros evidentes crimes, também investigados por auditorias do Tribunal de Contas da União.
Dilma já sabe que, se perder a eleição (o que é bem provável), todas as broncas da Petrobras cairão em seu colo. Este é o mesmo drama de Guido Mantega, que só não deixa o cargo de ministro para não ficar sem o “foro privilegiado” contra as ações movidas contra ele na Petrobras (onde preside o conselho que respaldou ações ou se omitiu em manobras erradas de Paulo Roberto Costa).
Mantega também é alvo de broncas judiciais na esfera da Eletrobras e na área leonina da Receita Federal. O ministro caído da Fazenda é questionado porque o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o COAF, vinculado ao Ministério, não foi eficiente em “prevenir a utilização dos setores econômicos para a lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo” – conforme crimes que se comprovam nas investigações da Operação Lava Jato.
Quem fica em situação mais embaraçosa que Mantega é sua desafeta Dilma Rousseff. Se a Presidenta sabia do que se passava na Petrobras, fica passível de conivência com os crimes. Se de nada sabia, como sempre tenta alegar em defesa própria, Dilma se concede um atestado de incompetência para gerir o Brasil.
Agradecimentos...
Ministros do TCU, com certeza, não leram as três linhas finais do Extrato de Ata do Conselho de Administração da Petrobras, datada de 3 de maio de 2012, onde ficou escrito aquilo que seria hoje uma piada: “O presidente do Conselho de Administração Guido Mantega, em face da renúncia do diretor Paulo Roberto Costa (...) Outrossim, determinou o registro dos agradecimentos do colegiado ao Diretor que deixa o cargo, pelos relevantes serviços prestados à companhia, no desempenho de
suas funções”.
 O documento é assinado por Hélio Shiguenobu Fujikawa, Secretário-Geral da Petrobras, sendo registrado na Junta Comercial do Rio de Janeiro com o número 00002327390, em 16 de maio de 2012.

Brasil-Paraguai: um sequestro na politica externa - Carlos Brickmann

Atenção: sequestro NA política externa, não DA política externa, mas também poderia ser...
Paulo Roberto de Almeida

Sequestro é notícia?
Carlos Brickmann, 10/09/2014

Se sequestro de um adolescente brasileiro no Exterior é notícia, não parece.

Arlan Flick, 16 anos, foi sequestrado pelo EPP, Ejército del Pueblo Paraguayo, no dia 2 de abril, em Paso Tuyá, no Paraguai. O EPP pediu resgate, que foi pago em 10 de abril: 500 mil dólares. O EPP exigiu então que a família doasse também US$ 50 mil em alimentos para dois assentamentos. Essa quantia também foi paga. O rapaz continuou sequestrado, e sequestrado continua até agora.

Uma curiosidade: três líderes do Ejército del Pueblo Paraguayo estão asilados no Brasil desde o Governo Lula. São eles Juan Arron, Victor Colman e Anuncio Marti. Não, o Governo brasileiro não censurou severamente os cavalheiros que desfrutam do nosso asilo por ajudarem a manter sequestrado um adolescente brasileiro. Não, o Governo brasileiro não ameaçou suspender o asilo a menos que o EPP liberte o sequestrado. O Governo brasileiro mantém, diante do EPP, uma postura humilde, obsequiosa, de diplomático nanismo.

E a imprensa brasileira? Houve há meses uma boa matéria em O Globo, há menções em colunas (normalmente as publicadas no Paraná), mas nada que se pareça com uma campanha para mostrar que, encostada à fronteira do Brasil, há uma organização criminosa realizando sequestros e usando nosso território para fugir à Polícia do país vizinho. As melhores fontes sobre o sequestro de Arlan Flick, que já dura seis meses, são jornais paraguaios. Dois links:

http://www.ultimahora.com/cinco-meses-rastros-arlan-n826011.html

http://www.abc.com.py/abc-tv/locales/arlan-cumple-5-meses-secuestrado-1281923.html

A propósito, a família do rapaz sequestrado não tem participação política nenhuma nem no Paraguai nem no Brasil. São fazendeiros prósperos e compraram suas terras legalmente, de acordo com as leis paraguaias.

Eleicoes 2014: companheiros investem em mensagens mentirosas e sordidas

Juntar independência do Banco Central com a falta de comida na mesa dos brasileiros é uma das coisas mais canalhas, sórdidas e mentirosas que se pode conceber, mas combina com o espírito companheiro, sempre disposto a investir na fraude e na desinformação como forma de fazer política.
Pode ser que eles ganhem assim, e vamos passar a viver num país ainda mais degradado moralmente do que já é.
Paulo Roberto de Almeida 

ELEIÇÕES 2014

Valor Econômico – "Não tenho banqueiro me sustentando", diz Dilma / Capa

 10/09/2014
Por Letícia Casado, Raphael Di Cunto e Fernando Taquari | De São Paulo

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, disse ontem não ser sustentada por banqueiro, em referência a Neca Setubal, coordenadora do programa de governo de sua adversária Marina Silva (PSB), herdeira do banco Itaú e irmã do presidente da instituição, Roberto Setubal.
"Não adianta falar que eu fiz bolsa-banqueiro", disse Dilma a jornalistas em coletiva de imprensa. "Não tenho banqueiro me apoiando. Não tenho banqueiro, você sabe, me sustentando."
A fala de Dilma foi uma resposta a Marina Silva, que, em evento em Minas Gerais, disse que o governo federal beneficiou banqueiros e empresários, e criou "a bolsa empresário, a bolsa banqueiro, a bolsa juros altos".
A presidente se recusou a comentar a revisão de nota que a agência de rating Moody's fez sobre o risco de crédito do Brasil. Ela foi questionada se iria implementar alguma medida imediata para evitar o rebaixamento do rating pela Moody's. A agência de risco revisou de "estável" para "negativa" a perspectiva da nota de crédito soberana do Brasil e reafirmou em "Bba2", alegando crescimento baixo, piora nos indicadores da dívida e deterioração no sentimento dos investidores.
"Eu vou discutir isso que eu estou discutindo", disse Dilma, para em seguida afirmar que a banda larga é o maior desafio de infra-estrutura do país. Ela concedeu a entrevista antes de participar de evento sobre a internet de banda larga, no centro de São Paulo.
Jornalistas continuaram gritando para a presidente comentar sobre a Moody's, mas ela seguiu falando sobre banda larga.
Em outro momento da entrevista, Dilma voltou a alfinetar, sem citar nomes, a adversária Marina Silva. Disse que proposta de dar autonomia ao Banco Central, uma das principais medidas da parte econômica do programa de governo da candidata do PSB, vai tirar do Congresso Nacional a prerrogativa de fiscalizar a instituição.
"O Banco Central, como qualquer outra instituição, não é eleito por tecnocrata ou banqueiro. O Banco Central é indicado, sua diretoria, por quem tem o voto direto. E o que o Congresso faz com o Banco Central? Chama e manda prestar contas. Eu não digo isso porque sonhei com isso, está escrito no programa [de Marina Silva]: autonomia do Banco Central e todo mundo sabe que o que é autonomia do Banco Central. Todo mundo sabe", disse a presidente.
Dilma, que é criticada por analistas por ter pressionado o BC a reduzir a taxa básica de juros, sempre se manifestou contra a proposta de dar autonomia à instituição, embora a ideia tenha rondado seu governo impulsionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que imaginava que isso mudaria a percepção que o mercado e os empresários têm deDilma.
A autonomia permitiria ao BC definir as condições de política de crédito, taxa de juros e câmbio sem prestar contas aos poderes Executivo e Legislativo, disse Dilma durante a entrevista. A afirmação seguiu a mesma linha do material apresentado no programa eleitoral gratuito exibido ontem.
O vídeo transmitido no horário eleitoral mostra uma mesa com executivos conversando; o cenário remete ao mercado financeiro, com um gráfico que indica volatilidade ao fundo. Enquanto os executivos, de terno, gravata e laptop sobre a mesa dão risadas, o narrador diz: "Marina tem dito que, se eleita vai fazer a autonomia do Banco Central. Parece algo distante da vida da gente, né? Parece, mas não é".
A cena corta para uma família na mesa de jantar. "Isso significaria entregar aos banqueiros um grande poder de decisão sobre a sua vida e de sua família. Os juros que você paga, seu emprego, preços e até salários", afirma o locutor. Aos poucos a comida some da mesa da família. "Ou seja, os bancos assumem um poder que é do presidente e do Congresso, eleito pelo povo. Você quer dar a eles esse poder?", diz o narrador.
Dilma não aparece na propaganda, e o vídeo não faz referência à amizade de Marina com Neca Setubal. A relação entre elas é explorada pelo PT nas redes sociais e na internet como um ponto negativo da candidata, que "governaria para os bancos".
Marina era contra a autonomia do Banco Central, mas foi convencida a apoiar a proposta pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), então candidato à Presidência da coligação até morrer em um acidente de avião no dia 13.
A presidente também foi questionada sobre qual seria o perfil de sua nova equipe econômica, caso vença a eleição, mas evitou fazer comentários; disse que sua equipe tem o compromisso de garantir que o Brasil tenha redução da desigualdade, seja país moderno, competitivo e inclusivo socialmente.
"Todo governo novo terá pessoas novas", afirmou. Em duas ocasiões na última semana, a presidente disse que vai trocar a equipe econômica em um eventual segundo mandato.Dilma disse que "tem coisas que o governo não muda", independentemente de mudar a equipe econômica. "Se porventura eu for eleita o segundo mandato terá conjectura melhor."
Pela manhã, Dilma visitou um centro de reabilitação para deficientes físicos em M' Boi Mirim que contou com recursos do governo federal. Na visita, feita na condição de presidente, Dilma estava acompanhada do prefeito Fernando Haddad (PT). De acordo com o secretário de Saúde do município, José de Filippi, que também acompanhou a visita, a presidente aproveitou para gravar imagens para seu programa de TV. A unidade recebeu recursos do governo federal.
Dilma deixou o local sem falar com a imprensa e a militantes que aguardavam sua passagem com bandeiras do PT acenou de dentro do carro baixando a janela. A visita durou cerca de 40 minutos.

Escocia: o que está em causa no plebiscito de separacao - Mike Peacock

Excelente artigo explicativo que deve ser lido com atenção.
Paulo Roberto de Almeida 

 Por que uma Escócia independente preocupa


Por Mike Peacock | Reuters, de Londres

Valor Econômico, 10/09/2014


Uma pesquisa que indica que a independência da Escócia pode ser aprovada em plebiscito daque a nove dias realçou as razões pelas quais o mundo em geral, e os investidores, deveriam prestar atenção ao voto em 18 de setembro, que poderá fazer o Reino Unido perder 5,3 milhões de escoceses.
Governos estrangeiros e mercados financeiros há muito previam que os escoceses rejeitariam independência em relação ao Reino Unido, mas a súbita guinada, confirmada por outra pesquisa que mostra os dois campos cabeça a cabeça, explodiu tal complacência.
Perder a Escócia provavelmente enfraquecerá o Reino Unido como potência, minará sua autoconfiança e o tornará mais introvertido, elevando as dúvidas sobre seu futuro na Europa. Muita energia foi gasta discutindo se uma Escócia independente poderia aderir à União Europeia. A Comissão Europeia afirmou na segunda-feira que mantém sua posição, segundo a qual a Escócia teria de sair da UE e recandidatar-se a uma adesão.
Ainda mais importante seria a ausência da Escócia no debate sobre se o Reino Unido deve continuar na UE. O premiê britânico, David Cameron prometeu um plebiscito sobre isso caso seja reeleito no ano que vem. No geral, os escoceses são muito mais pró-UE do que os ingleses. Se se separarem em 2016, não terão direito a opinar no referendo previsto para 2017 sobre continuar na UE.
Sem a Escócia, as chances de Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte votarem por sair da UE serão maiores. Os escoceses podem ter só cerca de 4 milhões dos 45 milhões de eleitores do Reino Unido, mas, com a opinião dividida ao meio, podem ser o fiel da balança.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse em junho que o Reino Unido seria mais forte e mais robusto se a união fosse mantida, e Washington deixou claro que quer que o Reino Unido fique na UE.
Alex Salmond, líder nacionalista escocês, que lidera o Partido Nacional Escocês (SNP), diz que a maior ameaça à permanência da Escócia na UE é a promessa de Cameron de fazer um plebiscito sobre a permanência ou não na UE.
Instabilidade política
Uma independência da Escócia também modificaria o cálculo político nacional no restante do país.
O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, hoje na oposição, tem 41 membros no Parlamento britânico vindos da Escócia, ao passo que os conservadores, de centro-direita, têm apenas um. Se esses forem excluídos da equação, os trabalhistas terão muita dificuldade de chegar ao poder no país.
"No Reino Unido, isso significará o fim de qualquer chance de os trabalhistas assumirem o poder", escreveu o ex-ministro do Trabalho europeu, Denis Macshane, no site "The Globalist", nesta semana.
Independentemente do resultado do plebiscito, os escoceses ainda participarão de uma eleição geral britânica, no ano que vem, o que cria outra incerteza. Se os trabalhistas ganharem, seu governo poderá perder a maioria parlamentar e cair depois que seus deputados escoceses se forem.
Isso levaria de volta à questão da permanência na UE, já que os conservadores estão comprometidos com a realização de um plebiscito, ao passo que os trabalhistas, não.
A ironia é que os conservadores têm sido tradicionalmente os mais vigorosos defensores da união britânica e muitos ficariam consternados com a independência, a despeito de ela dar ao partido uma vantagem eleitoral permanente no que restar do Reino Unido.
O futuro de Cameron
O premiê Cameron deverá enfrentar pressões para deixar o cargo, caso perca a Escócia. O nome completo de seu partido é Partido Conservador e Unionista.
Para agravar seus problemas, uma eleição parlamentar complementar (para preencher vagas abertas de deputados) em outubro poderia proporcionar ao Independence Party (Ukip), anti-EU, a sua primeiro cadeira no Parlamento britânico, após uma defecção do parlamentar conservador.
Se for forçado a deixar o cargo (Cameron já disse que não renunciará) haveria um clamor entre muitos eurocéticos em seu partido, e entre aqueles que temem perder sua cadeira para o Ukip, no sentido de escolher um premiê mais claramente anti-UE.
Isso, por sua vez, poderia aumentar as chances de uma saída britânica da UE, caso um novo líder conservador não se empenhar numa campanha em defesa de permanência no bloco.
Salmond pressionou pela inclusão de uma terceira pergunta no plebiscito, pela devolução de mais poderes do Reino Unido para a Escócia. A rejeição dessa alternativa por Cameron agora parece ter sido um erro de cálculo, já que os principais partidos tentam desesperadamente prometer aos escoceses mais autonomia se votarem "não".
Questões constitucionais
Mesmo que os escoceses votem pela permanência no Reino Unido, o gênio constitucional escapou da garrafa. A Escócia provavelmente terá maior autonomia se ficar.
O País de Gales quase inevitavelmente exigirá mais poderes para si próprio, e a chamada "questão West Lothian" - por que deveriam os parlamentares escoceses e galeses ter direito a votar leis que afetam apenas a Inglaterra, quando os parlamentares ingleses não podem fazer o inverso - chegaria a um ponto de intensidade crítica.
O nacionalismo inglês, até então confinado à periferia de direita, poderia decolar, o que exigiria uma revisão total do acordo constitucional do Reino Unido.
Incerteza para os investidores
Para os investidores, há muitas incógnitas a ponderar.
Que percentual da dívida do Reino Unido a Escócia assumiria? Será que manteria a libra como moeda nacional? Quanto a Escócia passaria a receber das receitas petrolíferas do Mar do Norte, cujas estimativas são extremamente variadas? Será que implementaria uma política fiscal distinta? Pode aderir à UE? A libra caiu mais de 3% em relação ao dólar na última semana, à medida que as pesquisas mostravam um dramático estreitamento nas diferenças de intenção de voto no plebiscito.
O SNP quer manter a libra como moeda, mas todos os principais partidos políticos britânicos se opõem a isso, criando incertezas que podem persistir durante os 18 meses reservados para negociar os detalhes de um divórcio amigável.
O que é certo é que, subtraída a Escócia, o Reino Unido cairia para a posição de sexta maior economia no mundo. Poderiam surgir até questões de longo prazo sobre se o país deveria manter o assento no Conselho de Segurança da ONU e permanecer no G-7, grupo das sete maiores economias ricas do mundo, num momento em que o poder está se deslocando para as grandes economias emergentes.
A economia do Reino Unido é o maior destino, na Europa, de investimento estrangeiro direto. Sem a Escócia, esse fluxo cairia, e o resto do déficit em conta corrente britânico poderia subir para um nível que deixaria os investidores desconfortáveis.
O Tesouro britânico disse que honrará todas as dívidas do governo, independentemente de os escoceses votarem pela independência, decisão que visa prevenir volatilidade no mercado de títulos.
Mas Salmond disse que uma Escócia independente pode ignorar sua parte na dívida do Reino Unido, se não for autorizada a usar a libra. Isso poderia tornar a Escócia um pária no mercado de títulos.
A Moody's, empresa de classificação de crédito, disse que uma Escócia independente poderia esperar uma nota de crédito de "grau de investimento", mas teria de arcar com custos de tomada de empréstimos mais altos do que o resto do Reino Unido. Se as negociações sobre como efetivar a separação revelarem-se ásperas, sua nota poderia ser inferior. A Fitch, empresa rival, disse que o Reino Unido necessitaria mais tempo para recuperar a nota AAA para sua dívida, caso a Escócia se separe.
Política monetária
O Banco da Inglaterra (BoE, o BC britânico) não foi além de dizer que tem planos de contingência para o caso de o "sim" vencer.
Mas os investidores começaram a jogar mais para o futuro suas expectativas de quando o Banco da Inglaterra começará a elevar os juros, dada a incerteza que poderá vir na esteira do plebiscito.
A média para empréstimos interbancários em libra no overnight mostra que o mercado estendeu sua previsão de um aumento dos juros para sete meses, em comparação com a expectativa de seis meses na semana passada.
"As implicações de maior incerteza econômica, volatilidade financeira e risco fiscal pós-separação resultariam provavelmente em adiamento de juros pelo BoE e em regulação bancária mais rigorosa para controlar o risco sistêmico numa união fragmentada", diz Lena Komileva, na G+ Economics.
Dilema para as empresas
Embora reticentes quanto a abrir sua preferência, alguns grandes grupos financeiros com sede na Escócia poderiam migrar para o sul, caso os escoceses optem pela independência. O Royal Bank of Scotland disse em junho estar avaliando opções para o caso de independência da Escócia, acrescentando que o plebiscito criou uma grande dose de incerteza.
Fontes do setor bancário disseram que o Lloyds Banking Group está considerando registrar sua sede em Londres, em vez de Edimburgo, caso a Escócia se isole.
Poderá também ocorrer uma fuga mais indisciplinada de capital. "No caso de uma vitória do "sim" há um risco significativo de depósitos bancários fugirem abruptamente da Escócia", disse o UBS.
A Standard Life, um peso-pesado no setor de aposentadorias e pensões, alertou que poderia, em parte, deixar a Escócia, e as gigantes petrolíferas Royal Dutch Shell e BP disseram que desejam que a Escócia permaneça no Reino Unido.
O Reino Unido tem quatro submarinos Trident equipados com ogivas nucleares na base naval de Faslane, na Escócia. O partido SNP quer que armas nucleares sejam removidas de uma Escócia independente tão logo seja possível.
Ex-chefes da defesa britânica advertiram contra isso no início deste ano, dizendo que a medida custaria bilhões de libras, eliminaria milhares de empregos e criaria ressentimento internacional.
Num momento de grande tensão com a Rússia, aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental) ficariam preocupados, embora provavelmente viesse a levar anos para mudar a base naval.
O futuro dos submarinos nucleares são considerados por alguns observadores como uma das principais moedas de troca da Escócia para conseguir o que quer nos 18 meses de negociações que se seguiriam a um voto "sim" nos quais acertaria os detalhes de como abandonar o Reino Unido.
Separatismo europeu
A Europa observa atentamente, principalmente a Espanha.
O governo de Madrid recusou-se a permitir que a Catalunha realizasse uma votação sobre sua independência em novembro, mas, apesar disso, a região prometeu seguir em frente e realizar um plebiscito, mesmo com um resultado sem força legal. Se isso não for permitido, disse Artur Mas, o governador catalão, ele convocará uma eleição local como uma votação indireta pela independência.
Uma secessão escocesa encorajaria os catalães e alguns bascos, bem como, potencialmente, nacionalistas flamencos na Bélgica. Essa pode ser uma razão pela qual as autoridades europeias disseram aos escoceses que seria difícil a sua admissão imediata à UE. Novos candidatos precisam receber aprovação unânime dos países-membros existentes.
A independência da Escócia também poderia desestabilizar a Irlanda do Norte.
Apesar de um acordo de paz de 1998 ter, em larga medida, posto fim a décadas de violência sectária, a Irlanda do Norte continua profundamente dividida entre protestantes que, predominantemente, querem continuar a fazer parte do Reino Unido, e católicos que tendem a preferir uma unificação com a Irlanda.
Os unionistas têm laços particularmente estreitos com a Escócia, ao passo que os que são a favor da união com a Irlanda poderiam aproveitar-se de um voto "sim" dos escoceses para defender mais vigorosamente as suas reivindicações. (Tradução de Sergio Blum)