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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
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Os médicos andavam muito silenciosos, tanto que muitos de nós os consideramos bolsonaristas de carteirinha. É até possível que a maior parte dos médicos tenha, sim, votado por monstro que ocupa a presidência, talvez ou provavelmente em razão do mais médicos e também da mega-super-hiper-giga corrupção petista. Na medida em que "seu" eleito revelou-se a besta que sempre foi, e que os mortos foram se acumulando, alguns dos conselhos regionais de Medicina começaram a se manifestar, mas isso depende, obviamente, de quem ocupa a presidência de turno desses conselhos, pois ainda tem muito bolsonarista idiota espalhado por aí, mesmo entre médicos, supostamente pessoas bem informadas e esclarecidas (o que não é exatamente o caso).
Esta Nota Pública AO Conselho Regional de Medicina, não DO CRM-MG, os médicos abaixo assinados fizeram um dos manifestos MAIS FORTES CONTRA o degenerado dirigente, só faltando chamá-lo do título que ele merece: GENOCIDA.
Paulo Roberto de Almeida
NOTA PÚBLICA
À sociedade, aos médicos, ao CRMMG e CFM
Uma tragédia se abate sobre o Brasil.
Uma tragédia humanitária sem precedentes na nossa história.
Já superamos 200.000 mortos. Milhões de infectados.
UTI’s e leitos hospitalares no limite de suas capacidades, chegando ao absurdo do que está ocorrendo em Manaus, com a falta de oxigênio.
A este quadro dramático, soma-se o aumento da miséria e do desemprego. O aumento de famílias vivendo nas ruas é visível a todos.
A fome é um espectro que ronda milhões de brasileiros.
E qual a resposta deste governo a esta calamidade?
Frente a essa situação dantesca, o governo acaba com o auxílio emergencial, o que levará ao desespero àqueles que o têm como única fonte de renda para a sobrevivência.
E, no enfrentamento da pandemia da COVID-19, oferece tratamentos sem eficácia clínica comprovada.
Nós, médicos mineiros, que já estivemos à frente de entidades médicas ou que estamos na linha de frente do atendimento à saúde da população ou no ensino médico, resolvemos dar nosso grito de alerta.
Não podemos nos calar frente a omissão das nossas principais entidades, Conselhos, Associações e Sindicatos Médicos.
A Medicina é uma profissão a serviço da vida e da sociedade.
Tem uma história de 2.500 anos, como Ciência e Arte.
Como Ciência, a Medicina deve se ater às medicações comprovadamente eficazes.
Ciência é a defesa de vacinação a todos, para controlar a circulação do vírus.
Afirmar, como faz o CFM, o caráter não obrigatório da vacina, não é ciência. Reforça a política negacionista deste desgoverno.
E como Arte, os Médicos devem cumprir seu papel em saber informar aos pacientes que, infelizmente, ainda não há medicamentos com comprovação científica para o tratamento da Covid-19.
A aceitação de nossas lideranças do uso de medicamentos que, comprovadamente, não trazem benefícios, nem preventivo e nem curativo, é uma afronta a estes princípios.
Chega!
Temos de dizer em alto e bom tom: a prescrição de ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina, nitazoxanida, azitromicina, doxiciclina, e outros não traz NENHUM benefício aos pacientes.
Ao contrário, leva a uma falsa sensação de segurança à população, com o consequente relaxamento nas medidas preventivas, estas sim, eficazes.
A aceitação deste papel de meros prescritores de placebos nos nivela a charlatães.
E nos tornam cúmplices de um governo de incompetentes, genocida.
Basta!
Toda literatura médica atual demonstra de maneira cabal a ineficácia destas drogas, além dos seus riscos.
Médicos, não aceitem este papel a nós reservado por este desgoverno! Entidades médicas, se posicionem claramente ao lado da Ciência e da Vida!
Os Médicos, por meio do CFM e dos CRM, devem ser orientados a não prescreverem medicamentos que não têm comprovação científica.
Tal orientação e inibição dessas prescrições se sobrepõem a autonomia do profissional médico. A autonomia médica não é um aval para a antimedicina.
A prescrição destes medicamentos não é uso off-label: é anti-ciência; é charlatanismo.
Esse cenário nos coloca como partícipes de uma política cruel, que finge que trata, enquanto
deixa as pessoas morrerem.
Conclamamos que as Entidades Médicas busquem atuar junto às outras entidades de saúde, em defesa de uma política que verdadeiramente enfrente esta barbárie:
- isolamento social; auxílio aos vulneráveis;
- investimentos maciços no Sistema Único de Saúde, para recuperação imediata de sua capacidade de atendimento;
- e investimentos maciços na capacidade brasileira de produção de vacinas.
Esta é a resposta a se esperar de quem tem compromissos com a Medicina e com a Vida.
Belo Horizonte, Minas Gerais, 15 de janeiro de 2021
Afrânio Donato de Freitas - Ex-vice-presidente da AMM, Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão
Alamanda Kfoury Pereira- Professora Departamento de GOB da FM/UFMG e vice-diretora da FM/UFMG, CRMMG-19222
Alzira de Oliveira Jorge - CRM MG 21539, Ex-Diretora da ANMR, Professora UFMG e Diretora Geral do Hospital Risoleta Tolentino Neves
Ana Maria Medes - CRM MG 20692
Arnoldo de Souza – Ex-Presidente do Sinmed GV e da AMGV
Carlos Roberto de Souza – CRM 22183, Anestesiologista Itabira
Celeste de Souza Rodrigues – CRM 17197
Celso Paoliello Pimenta - CRMMG 8153
Cláudia Ribeiro de Andrade - CRM 29.351, Professora de Pediatria da UFMG
Cristiano da Mata Machado - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos
Cristina Alvim - Professora Pediatria UFMG
Darlan Corrêa Dias – Ex-Presidente do Sindicato dos Médicos de Governador Valadares e da Sociedade Mineira de Pediatria do Vale do Rio Doce
Deborah Carvalho Malta – Ex-Vice Presidente da AMINER, Professora da Escola de Enfermagem da UFMG
Dirceu Bartolomeu Greco – Ex-Conselheiro CRMMG
Eglea Maria da Cunha Melo – Pediatra, CRM 10026
Elson Violante - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos
Enid Terezinha Freire de Moraes - CRMMG 8404
Evilázio Teubner Ferreira - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM Everaldo Crispim - Ex-Diretor da AMMG e Sindicato dos Médicos
Fausto Pereira dos Santos – Ex-Vice presidente ANMR, Pesquisador da Fiocruz Fernando Antônio Botoni - CRM 20989
Geraldo Luiz Moreira Guedes - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM
Gilberto Antônio Reis - Professor do Departamento de Medicina da PUC Minas
Gilson Salomão - CRMMG 14944, Presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fiora
Giovana da Costa César - CRM MG 38958
Helvécio Miranda Magalhães Júnior – Ex-Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte e Ex- Secretário de Atenção à Saúde do MS
Ismael Teixeira Antuna – CRM 18661, Médico FHEMIG
Jader Bernardo Campomizzi - Ex-Secretário CRMMG
João Batista Duarte Vieira - Ex-Presidente Sociedade de Medicina e Cirurgia de juiz de Fora João Paulo Baccara - CRMMG 17.563
José Luiz dos Santos Nogueira – CRM 20760, Médico PBH
José Luiz Moreira Guedes - CRMMG 16196
José Roberto Batista – Médico Intensivista, Ipatinga, CRM 23071
Jubel Barreto - CRM MG 7553
Kleber Neves da Rocha - ex-diretor do Sindicato dos Médicos de MG e da AMMG, CRM 8347
Lucas Benício dos Santos – CRM 81949
Luiz Oswaldo Rodrigues - LOR, CRMMG 6725, Presidente da Associação Mineira de Apoio aos Portadores de Neurofibromatoses
Luzia Toyoko Hanashiro e Silva - CRM MG 8591
Márcia Lourenço Lima - CRM 9048, Médica efetiva do SUS-BH
Márcia Rejane Soares Campos - CRMMG 21416, Ex-Diretora da ASMNR e AMINER
Márcia Rovena de Oliveira - CRMMG 8590
Mariangela Cherchiglia – CRM 16754, Professora Faculdade de Medicina UFMG
Maria Angélica de Salles Dias - Médica Sanitarista – Ex-Diretora da AMIMER
Maria Angélica Silva Vaccarini - CRMMG 14.826
Maria Aparecida Martins – Pediatra, CRM 9638
Maria Cristina Veiga Aranha Nascimento Pediatra - Professora Universitária/ UFOP
Maria das Graças Rodrigues de Oliveira - Médica do Hospital das Clínicas da UFMG, CRM 7721
Maria do Carmo – CRM 16499, Ex Associação Médicos Residentes ES, Médica as SMSA/BH
Maria do Rosário Nogueira Rivelli – CRMMG 14545
Maria Teresa Paletta Crespo - Pediatra, CRMMG 10184
Martha Maria Neves Cotta - Ginecologia/Obstetrícia, CRMMG 13.954
Miriam Nadim Abou-Yd – CRM 14659
Mônica Aparecida Costa – CRM 18254, Ex-AMER HC, Médica da SMSA/BH
Paulo Augusto Camargos - Professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Ex-Vice-Presidente do APUBH
Paulo César Machado Pereira - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos
Raimundo Marques do Nascimento Neto – Prof. UFOP coordenador da Residência de Clínica Médica
Renato Viana Bahia - Ex-Presidente AMIMER
Roberto de Assis Ferreira - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos Roberto Marini Ladeira - Ex-Secretário CRMMG
Rodolfo de Braga Almeida – Professor Adjunto FM UFMG, CRM 9505 Rosângela Carrusca Alvim - Pediatra e Professora Universitária
Roseli da Costa Oliveira - CRM 14.640
Rubens Campos – Ex-Diretor do Sindicato dos Médicos
Sandino Mendes de Almeida – Ex-Presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Teófilo Otoni
Sandra de Oliveira Sapori Avelar - Cardiologia - CRM MG 15 737 Sandra Lagos Motta - CRMMG 17028
Silvana Spindola de Miranda - Professora DCLM- UFMG, CRM 32020 Sonia Maria Rodrigues de Almeida CRM. 11215
Stella Araújo – Médica PBH, CRM 18554 Tatiane Miranda - Pediatra FHEMIG
Unaí Tupinambás – CRMMG 19208, Professor da UFMG, membro dos Comitês enfrentamento ao Covid de BH e UFMG
Valéria Guerra Mendes – CRM 13336
Vera Maria Velloso Prates – CRMMG 23246, Psiquiatra da rede SUS de Belo Horizonte
Antidiplomacia bolsonarista deve ser responsabilizada pelo atraso nas vacinas, avalia embaixador
Com Índia, a questão é diplomática. E com a China, política. Em ambos os casos, o governo Bolsonaro deve ser considerado culpado
Giovanna Galvani
Carta Capital, 20/01/2021
A viabilidade de uma ampla campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil passou a depender de uma das mais problemáticas agendas do governo de Jair Bolsonaro: as relações exteriores.
China e a Índia, duas potências orientais com relacionamentos diferentes com o governo brasileiro, mantêm sob custódia, respectivamente, os insumos para a produção das duas vacinas aprovadas para uso emergencial no Brasil e 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, que já deveriam estar em solo nacional se não fosse o fracasso da operação coordenada pelo chanceler Ernesto Araújo.
Na análise do diplomata Paulo Roberto de Almeida, os dois países devem colaborar, em breve, para que o prosseguimento da vacinação seja viável no Brasil. No entanto, fica um recado vindo especialmente da China, alvo preferido da bravata ideológica de Araújo em seus alinhamentos com a extrema-direita mundial: as relações estão estremecidas, e os chineses sabem bem qual é o lado mais forte da balança.
Almeida, que se considera um “dissidente” do Itamaraty, foi demitido, em 2019, da diretoria do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), integrado ao Ministério, por publicar textos críticos em seu blog pessoal. Hoje, atua também como professor de Economia Política na pós-graduação de Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).
Na terça-feira 19, a Índia indicou países vizinhos prioritários para a exportação de vacinas produzidas em seu território – uma das maiores plantas farmacêuticas do mundo – e não citou o Brasil. Na lista, estão países vizinhos e aliados estratégicos do país.
Almeida afirma que a diplomacia indiana foi educada no trato com o Brasil, e que quaisquer ilusões de Bolsonaro com o primeiro-ministro Narendra Modi, também de direita, deveriam considerar o nacionalismo indiano. A vacinação no país asiático – que tem mais de 1,3 bilhão de habitantes – acabou de começar. Exportar doses para o Brasil, portanto, não seria bem visto entre os indianos.
“O chanceler indiano sinalizou por três vezes que havia dificuldades em exportar a vacina. Ele foi muito diplomático, pois isso causaria um enorme problema para Modi no plano interno. O Modi recebeu Bolsonaro no dia da Independência indiana com todas as honras, mas ele é um nacionalista ao velho estilo. Não tem nada a ver com ‘anti-globalismo’ de Araújo”, afirma o diplomata.
Com a China, o buraco é mais embaixo. Almeida lembra que, desde a campanha presidencial de 2018, ao visitar Taiwan – uma “província rebelde” aos olhos do Partido Comunista Chinês -, o presidente manda mensagens de afronta ao maior parceiro comercial do País.
“O caso da China é mais político, e o da Índia é uma inconveniência diplomática cometida pelo chanceler e pelo Bolsonaro. Com certeza, isso causou um imenso mal-estar na Índia que não se manifestou porque eles são grandes diplomatas e não cometeriam uma grosseria.”, diz Almeida. “Eles não são o Bolsonaro, que já brigou com o Macron, a mulher do Macron, o [presidente da Argentina] Alberto Fernández, o Evo Morales, Deus e o mundo”, analisa.
Nas ofensas a China, tem protagonismo Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que já brigou publicamente com o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, pelas redes sociais.
Eduardo repetiu que o coronavírus era um “vírus chinês” e fez campanha contra o leilão do 5G com a participação da Huawei, empresa chinesa estratégica no setor. Em ambos os casos, Ernesto Araújo endossou o discurso do filho do presidente.
“A China atua politicamente em resposta. Até agora, foi muito leniente com o Brasil até pelas brigas comerciais que estava travando com os Estados Unidos”, diz o diplomata. A China separa a questão política da comercial, mas eles estão fazendo corpo mole para sinalizar ao Brasil que, se continuar assim, o País talvez sofra.”
Para ele, o grande divisor de águas” nas relações sino-brasileiras seria a proibição à participação da Huawei no leilão do 5G. Mas as críticas preconceituosas de Bolsonaro à “vacina chinesa” também provocaram forte repúdio das autoridades chinesas, afirma.
Almeida avalia ainda que, caso haja caos pela falta das doses da vacina contra a Covid, a “antidiplomacia” bolsonarista será diretamente responsável.
“Todo mundo importa ou toma remédio da Índia e da China. Precisou um inepto total como o Bolsonaro para causar um enorme preconceito contra os produtos chineses”, ressalta.
“A China vai acabar fornecendo [os insumos], mas talvez demore mais um pouco para deixar os Bolsonaro desesperados. Quando acabar o estoque, pode haver cenas dramáticas dos hospitais. Houve um enorme fracasso diplomático que não é limitado ao contexto atual da pandemia, da vacina, é um fracasso diplomático desde o começo.”
Além das relações bilaterais estremecidas, há ainda a falta de coordenação com outros órgãos multilaterais que poderiam ter ajudado o Brasil em “inteligência sanitária e de saúde”, diz o ex-embaixador, referindo-se ao atraso do Ministério da Saúde em adquirir insumos como seringas e agulhas à tempo da vacinação.
Correção de rumos
Para corrigir os problemas, Bolsonaro aposta nas boas relações que o vice-presidente Hamilton Mourão tem com autoridades chinesas, afirmaram aliados do governo à jornalista Andreia Sadi, da Rede Globo.
O general faz parte da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, a Cosban, e deve ser encarregado de “salvar a pátria” porque os “chineses não falam com o Araújo”, analisa o diplomata. “O governo de Bolsonaro faz tudo errado e, então, apela para soluções de expediente”.
Com a pandemia ainda crescente e uma longa campanha de vacinação pela frente, Paulo Roberto sugere que o Brasil reavalie suas posições com a China – apesar do novo governo dos Estados Unidos, comandado agora pelo democrata Joe Biden, que deve tentar conter a influência da China sobre as Américas.
“O que vai sobrar para o Biden da política externa de Trump é o mercantilismo americano, que responde a uma frustração dos órfãos da globalização, dos desempregados, ao sentimento de que a China não joga conforme as regras”, analisa. “O Biden foi acusado pelo Trump de ser aliado da China, e ele tem que provar que não é soft com eles.”
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Mini-reflexão sobre a infelicidade
De todos os ministérios disfuncionais, esquizofrênicos e ineficientes do excepcional desgoverno do capitão degenerado — existem vários—, creio que o Itamaraty é o mais infeliz de todos, o mais acabrunhado por sentimentos depressivos, o mais coberto de vergonha, quando não (entre os mais antigos, que são também os mais conscientes da ruptura com padrões do passado) agitado por uma sensação de desesperança por parte daqueles tomados por certo pessimismo de desespero, após dois repletos de caos destruidor.
A razão é muito simples: todos os ministérios dos demais ministros aloprados — e o da Saúde é o exemplo mais evidente, mas também tem o do Meio Ambiente, o dos Direitos Humanos e o da Educação — foram tomados de assalto por ineptos de fora, pessoas completamente estranhas e inexperientes nas áreas que lhes foram atribuídas, figuras equivalentes a um pró-cônsul colonial, um capataz do seu senhor feudal, uma espécie de interventor nomeado por um desses déspotas pouco esclarecido.
Não é o caso do Itamaraty, o único ministério a ter como interventor autoritário um membro da carreira, ainda que muito apagado até sua nomeação, o que muitos duvidaram que fosse sério.
Para maior vergonha dos diplomatas, é justamente um mandarim da mesma classe de funcionários o encarregado de fazer o trabalho sujo que lhe é ordenado pelos ineptos donos do poder e de aplicar caninamente as consignas estapafúrdias de seus donos, mestres, amos e chefes, tanto da família de insanos e despreparados, quanto um fraudulento guru presidencial e outros aspones do círculo mais chegado.
A vergonha que o inacreditável chanceler acidental tem imposto ao Itamaraty, à diplomacia e à política externa não tem limites, e revela todo o desequilíbrio transparente num infeliz indivíduo que foi levado, no turbilhão alucinado e alucinante em que se meteu, a desempenhar um papel totalmente artificial, falso como uma nota de 3 dólares, que mantém com evidente desconforto e grande angústia, pois que sabedor da falsidade desse papel e com um enorme desconforto psicológico.
Acredito que o torturado chanceler acidental se sinta cada vez mais inseguro nesse papel de pura hipocrisia que foi chamado a jogar, pois que vê com clareza a mediocridade do ambiente em que foi se meter, com ineptos e ignorantes que lhe dizem o que deve fazer a cada passo. Mas não tenho pena do desequilibrado interventor no Itamaraty, e, sim, lamento que meus colegas de carreira tenham de passar pela excepcional e gigantesca vergonha de verem seu ministério demolido em seus fundamentos mais sensíveis.
Um dia passa essa ocupação ilegítima de uma das mais brilhantes instituições de pensamento e ação do Brasil em sua projeção externa. Todavia, o cristal se quebrou e a vergonha acumulada até aqui permanecerá como uma nódoa por largo tempo ainda. O desequilibrado chanceler acidental entrará numa categoria especial de interventores, a dos traidores de sua própria classe.
Essa vergonha é indelével.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de janeiro de 2021
CRIME DE RESPONSABILIDADE éo que incorrem tanto o capitão cloroquina, o insano, inepto e degenerado dirigente do país e “comandante supremo” das FFAA (que decidem sozinhas se há democracia ou ditadura no Brasil), quanto seu capacho da Saúde, um general incompetente e MENTIROSO, que não deveria ter passado de sargento. São os dois os maiores responsáveis por metade da mortandade atual no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
Do que mais têm medo Bolsonaro e Pazuello
Ricardo Noblat, 19/01/2021
Crime de responsabilidade
Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello têm em comum a formação militar e o fato de serem no momento as duas figuras públicas de maior relevo em meio a uma pandemia que colheu até ontem no Brasil mais de 210 mil vidas. E que poderá colher muito mais, uma vez que mal começou, a vacinação poderá ser suspensa em breve devido à falta de doses suficientes para imunizar tanta gente.
Faltam insumos para que o Instituto Butantan possa fabricar a Coronavac no volume necessário. A Fundação Oswaldo Cruz também não tem para fabricar a AstraZeneca. Os insumos para as duas vacinas dependem da China que os produz, e, por lá, menos de 1% da população foi imunizada. Fracassou a operação de compra da AstraZeneca à Índia. Era fake. Um golpe.
Apesar do uso da farda, seria uma injustiça com Pazuello comparar sua trajetória nos quartéis com a de Bolsonaro. Pazuello é um general ainda na ativa, para constrangimento dos seus pares que preferiam vê-lo na reserva dada às circunstâncias que ele enfrenta. Bolsonaro ganhou o título de capitão quando foi afastado do Exército por ter planejado atentados à bomba a quartéis.
Mas o general aceitou servir ao ex-capitão depois que dois médicos deixaram o Ministério da Saúde ao se recusarem a fazer o que Bolsonaro mandava – entre outras coisas, recomendar o tratamento precoce de casos da Covid-19 com drogas ineficazes. Sabe-se lá porque Bolsonaro ordenou ao Exército a fabricação em massa de cloroquina. Sabia-se que era uma fraude.
Bolsonaro acostumou-se à fama de mentiroso e não liga mais. Nada mais fácil do que provar que ele mente. Mente sempre. Mente descaradamente. Mente displicentemente. Mente naturalmente. Mente irresponsavelmente. E de tanto enxovalhar a verdade, tornou-se incapaz de reconhecer quando encontra uma pela frente por mais robusta que ela seja.
Isso obriga ao restabelecimento de certas verdades. Em abril último, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que governadores e prefeitos TAMBÉM poderiam adotar medidas contra a pandemia, NÃO APENAS o governo federal. Como Bolsonaro insiste em dizer que o tribunal esvaziou seu poder de combater o vírus, o Supremo voltou a desmenti-lo em nota oficial.
Chamar Pazuello de mentiroso o incomoda muito. Pega muito mal para um militar, mais ainda quando ele é detentor da mais alta patente de sua Arma. É uma ofensa que nenhum deles engole calado. Infelizmente para ele, está provado que o general mentiu ao afirmar que nunca receitou o tratamento precoce com cloroquina para pacientes com sintomas da doença.
Que Pazuello queira culpar o clima da Amazônia pela falta de oxigênio que matou dezenas de pessoas em Manaus e começa a matar também em cidades do Pará, não é propriamente uma mentira. Seria um exagero, digamos com boa vontade, ou ignorância. Que ele culpe o fuso horário pela demora em importar vacina da Índia pode ser entendido como uma desculpa.
Porém, o general mente ao negar que patrocinou o que agora batiza de “atendimento precoce” com remédios rejeitados pelo mundo inteiro. No final de maio passado, o Ministério da Saúde incluiu nos seus protocolos a sugestão de uso da cloroquina em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta. E remeteu aos Estados pelo menos 3,4 milhões de doses da droga.
Não lembra? Leia aqui (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-05/governo-inclui-cloroquina-para-tratamento-de-casos-leves-de-covid-19) a notícia publicada pela Agência Brasil, um órgão de informação do governo. Isso aconteceu depois que o médico Nelson Teich cedeu a Pazuello a vaga de ministro da Saúde. Quer mais? Na madrugada de hoje, no site do ministério, ainda poderia ser encontrado um manual de orientação sobre o uso da cloroquina para tratamento precoce.(http://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2020/August/12/COVID-11ago2020-17h16.pdf)
A troca de “tratamento precoce” por “atendimento precoce” tem a ver com o medo de Pazuello de ser denunciado por crime de responsabilidade. O mesmo medo passou a ser compartilhado por Bolsonaro. Crime de responsabilidade pode abreviar seu mandato porque a Constituição considera inviolável o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança.
Mais uma derrota para os aloprados do governo, sobretudo para o patético chanceler acidental.
A visitor checks out a Huawei device at the Huawei Campus in Dongguan, Guangdong Province on August 10, 2019. Photo: VCG
por José Eduardo Faria
O Estado da Arte, O Estado de S. Paulo, …………………..
em memória dos mortos por asfixia em Manaus.
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Quando o presidente Jair Bolsonaro usou a expressão “as minhas forças armadas”, na época em que semanalmente insuflava apoiadores contra o Congresso e o Judiciário, observadores do cenário político interpretaram de dois modos o sentido por ele dado àquela expressão.
Alguns afirmaram que, por ser intelectualmente tosco e não se expressar com inteligibilidade, ele apenas teria tentado repetir o artigo 142 da Constituição, cujo caput classifica o presidente da República como “autoridade suprema do país”. Outros afirmaram que, depois de não ter conseguido subir na hierarquia militar e sido afastado por mau comportamento no Exército, onde jamais galgou os postos do oficialato que exigem maior estudo e preparo, ele recorreu à expressão “as minhas Forças Armadas” como exercício de auto afirmação. Teria sido um modo de se impor a colegas que chegaram ao generalato, enquanto ele ficou para trás como simples capitão reformado.
As duas interpretações não são excludentes e ensejam uma reflexão sobre que Forças Armadas são essas, quem a integra e qual é o nível de sua formação cultural. Se forem levadas em conta apenas as falas de seus membros encastelados no Planalto, a começar por Bolsonaro, as conclusões dessa reflexão não são abonadoras. Afinal, o que se ouve diuturnamente do presidente e de seu entorno militar são bobagens e grosserias. O que expressam não traduz qualquer visão minimamente refinada de mundo. Apesar de terem passado por escolas militares, talvez sequer tenham a ideia de um projeto de poder para o país. A distância entre eles e os militares que lutaram na Itália, na década de 1940, ou mesmo o generalato atualmente na ativa, em diferentes postos de comando, parece infinita no campo intelectual. Destrói e devasta os esforços de construção da imagem de militares modernos, democráticos e com boa formação.
A falta de aprimoramento intelectual de Bolsonaro e dos fardados por ele abrigados em cargos de confiança fica ainda mais evidente quando cotejada com um militar francês que, a partir da patente de capitão — obtida por mérito, não por acordo — transitou com sucesso do Exército para a política. Trata-se de Charles de Gaulle, cuja melhor e mais completa biografia, de autoria de Julian Jackson, acaba de ser lançada no país pela Editora Zahar. Destaco o período de 1932 a 1939, quando, após ter sido prisioneiro por 32 meses na primeira guerra mundial e servido mais tarde no Líbano e na Polônia, enfrentou vários desafios. Foram os anos em que se preparou para os exames de admissão à Escola de Guerra. Assumiu o posto de palestrante de história militar na Academia de Saint-Cyr. Integrou — como capitão — a equipe do Marechal Pétain no Estado-Maior do Exército francês. E acabou removido para um cargo na Secretaria do Conselho Superior da Defesa Nacional. Além de ser o fórum onde o planejamento de defesa era discutido no mais alto nível, esse órgão fazia a ponte entre os militares e os burocratas profissionais e os políticos do governo.
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Este é o ponto de referência que me permite comparar o que dizia sobre o papel das Forças Armadas aquele então capitão francês com o que fala Bolsonaro. Tanto um quanto outro têm em comum o fato de que saíram dos quartéis para a vida política, convertendo-se em presidentes da República. Também têm em comum a egolatria, o conservadorismo, a opção pela direita, a vocação autoritária e a ideia de que as Forças Armadas são a corporação que melhor incorporaria os valores de seus países.
O que me interessa, nesta resenha, é justamente a distância entre um e outro, com base na noção de tipo ideal formulada pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920). Tipos ideais são uma espécie de parâmetros que orientam as investigações a partir de um determinado número de características reunidas teoricamente pelos cientistas sociais. Ao observar a realidade eles a contrastam com esses parâmetros. No caso da democracia, por exemplo, selecionam um conjunto de características com base no qual define um todo idealizado. Ao observar um sistema político concreto, classificam o quanto esse sistema é democrático — ou seja, o quanto ele se aproxima dessa idealização, desse parâmetro.
O que tenho em mente assim é uma métrica de dois tipos ideais. Por um lado, o tipo ideal do militar profissional, refinado, capaz de liderar corporações e com profundo conhecimento da história militar. Por outro, o inverso — o militar despreparado, inculto, impulsivo, insensato, mentiroso, fanfarrão e covarde. Em suas anotações, por exemplo, De Gaulle reconheceu que em tempos difíceis, de guerra e entreguerras, políticos e burocratas agiam muitas vezes de modo confuso e apaixonado, mas tinham seu valor. Era uma forma nada sutil de dizer que os militares tinham foco, frieza e capacidade de decisão. Também afirmava que, se a reconstrução da França após a primeira guerra mundial tivesse de começar pelo Exército, isso estaria de acordo com a ordem natural das coisas, pois “os militares são a expressão mais completa do espírito de uma sociedade”.
A afirmação é refutável em diferentes sentidos, mas, para sustentá-la, De Gaulle tinha uma enorme base histórica, da qual Bolsonaro carece. Ao contrário deste, De Gaulle respeitava a liturgia do cargo, relacionava-se com intelectuais, dominava um vocabulário extenso e primava pelo raciocínio lógico e pela capacidade de formar quadros competentes por onde passou, na vida civil e na vida militar. Era um oficial pretensioso e arrogante — características que, segundo Julian Jackson, decorriam de sua percepção de que a sociedade francesa não valorizava seus soldados e entendia que o Exército não deveria imiscuir-se em questões políticas.
De Gaulle pensava de modo oposto, lamentando essa desvalorização. Dizia que um Exército profissional era mais confiável do que um Exército de recrutas e tropas coloniais para manter a ordem pública. Não escondia o temor da politização e instrumentalização das corporações militares, o que, a seu ver, levaria ao rompimento do princípio da hierarquia das Forças Armadas e, por consequência, à subversão da ordem institucional. Aliás, entre nós esse mesmo temor ficou registrado em manifestações de alguns generais nos períodos mais turbulentos do ano passado.
Ao contrário do iletrado inquilino do Planalto, que não pensa no que fala, cerca-se de pessoas ainda mais despreparadas do que ele e faz digressões bizarras, insuflando apoiadores contra o Congresso e o Judiciário, De Gaulle lia, estudava e refletia. Tinha uma visão sistêmica das tensas relações entre o poder armado e o poder civil e consciência dos riscos inerentes aos riscos de perversão da relação entre a burocracia profissional na máquina administrativa francesa e os órgãos responsáveis pela manutenção da segurança pública. Competente na discussão de ideias abstratas e obstinado na busca de seus fins, era flexível e realista quando preciso. Defendia um Estado racionalmente organizado, uma ideia compartilhada no espectro político nos anos pré-guerra, especialmente pelos insatisfeitos com as inadequações do funcionamento de uma República parlamentar. Cartesiano, entendia que, uma vez tomada uma decisão e definido um rumo a partir de uma negociação entre os lados político e militar na administração pública, a ação seria desenvolvida “por meio de uma “organização racional”, o que implica método, ordem, ciência e eficiência.
Essas ideias entreabrem o autoritarismo de De Gaulle. Nos livros e anotações que fez naquele período, as palavras democracia e liberdade aparecem pouco, lembra seu biógrafo, que o classifica como um militar com cabeça de tecnocrata e um autoritário ilustrado. Na busca de uma métrica ideal-típico weberiana, o inverso de De Gaulle é Bolsonaro. A partir do contraste entre ambos fica mais fácil entender o sentido da expressão “as minhas Forças Armadas”, usada por este último, que é um presidente sem plano de voo, sem grandeza e sem coragem, quando comparado com seu par militar e político francês.
A discrepância entre os polos da métrica ideal-típica entre ambos é assustadora. A distância entre o horizonte de Xiririca da Serra e Paris/Colombey-les-Deux-Églises fez diferença na formação dos dois. O mesmo ocorre com os tempos que viveram e as culturas em que foram forjados. Por isso, De Gaulle tinha estatura e sentido de elevação. Pode-se discordar — e o faço com veemência, pois pertenço à geração de maio de 1968 — de suas ideias e métodos. Sabia onde queria chegar. O que não acontece com o capitão reformado, cuja grande obra política foi criar uma holding parlamentar para que seus filhos tivessem a vida custeadas pelos contribuintes e minar órgãos de fiscalização para evitar que sejam condenados judicialmente. Foi defender torturadores e assassinos da ditadura militar. Foi se envolver com liberação do uso de armas e desenvolver uma promíscua e assustadora relação com as Polícias Militares. Foi assumir posturas genocidas em tempos de pandemia.
Desse modo, quando fala nas “minhas Forças Armadas”, Bolsonaro mostra o despreparo de um militar disfuncional que, pelos acasos da vida, hoje ocupa um posto que lhe permite cobrar continências de generais. Revela a torpeza e a inconsequência de um demagogo que tenta usar politicamente a corporação da qual não teve competência para atingir os postos mais altos da carreira. Despreza militares do Exército, Marinha e Aeronáutica preparados e conscientes de seu papel constitucional. Parece não levar em conta os profissionais bem formados e treinados das três armas, dando preferência ao baixo clero, aos áulicos e àqueles que não hesitam em interagir com policiais militares e mecanismos de força paraestatais.
Enfim, ele escancara uma vocação de ditador de república bananeira, que não sabe o que fazer com o poder, a não ser reproduzi-lo cotidianamente em seu sentido mais bruto. Ou seja, e mais uma vez recorrendo a Weber, o poder fundado na violência, na mentira eletrônica, na polaridade amigo/ inimigo — e não o poder legítimo, baseado na representação parlamentar, na democracia representativa e no Estado de Direito.
Neste momento em que sua gestão desastrosa chega ao auge com a morte por asfixia centenas de milhares de amazonenses, decorrente do fato de não ter feito o que deveria após a eclosão da pandemia, resta saber se as Forças Armadas continuarão, pelo silêncio, permitindo a Bolsonaro que as chame de “minhas”. Caso oficiais sérios e preparados continuem tolerando o povoamento da máquina administrativa por militares despreparados, como o caso do Ministério da Saude, é um triste exemplo, não evitando que colegas continuem aceitando trabalhar para um governante que sistematicamente afronta a Constituição, as Forças Armadas, enquanto instituição, poderão ter graves problemas de credibilidade e legitimidade quando esse crime de genocídio for um dia julgado por algum tribunal internacional. Por causa das antigas feridas ainda não suturadas da ditadura militar de 64 e pelo fato de mais de 6 mil militares estarem atuando hoje na condução do governo, blindando o presidente no caso de um impeachment, se voltarem a insistir em conduzir o país elas correm o risco de sentar no banco dos réus amanhã, ao lado de um antigo tenente hoje convertido em pária internacional. Por contingência e absurdo, estariam assim reduzidas a tropas “dele” aquelas que o artigo 142 da Constituição Federal diz serem “instituições permanentes e regulares da Nação”.
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José Eduardo Faria é Professor Titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). É professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-Direito) e um dos ganhadores do Prêmio Jabuti (Direito) em 2012, além de Prêmios Esso de Jornalismo (1974 e 1976).
Mensagem pessoal a meus colegas de carreira no Itamaraty
Paulo Roberto de Almeida
Um alerta fraternal a meus colegas do Itamaraty que estão colaborando, eu sei que em alguns casos involuntariamente (em outros com aquele gosto indecente de promoção e cargos de prestígio), com o projeto alucinado e alucinante do chanceler acidental, um capacho insano dos seus mestres (incluindo um mentecapto estrangeiro agora afastado do poder), ao introduzir essa fantasia antidiplomática do antiglobalismo no currículo do IRBr: vocês, um dia (quando a loucura for afastada), vão ser chamados de “colaboracionistas”, o que deve ser uma pecha terrível a levar em suas biografias pessoais (o resumo do CV do Itamaraty não trará esse detalhe).
Colaboracionista, como vocês devem saber, era o nome que os franceses deram àqueles que serviram ao ocupante nazista, alguns até por gosto, outros de forma relutante ou resignada.
Os resistentes, como sempre, foram muito poucos, a maioria quando o fim do nefando regime já se prenunciava.
Teremos esse cenário também no MRE, mas cabe sempre lembrar que certos episódios carregam marcas, deixam cicatrizes, lembranças amargas.
No meu quilombo de resistência intelectual estou empenhado, como muitos sabem, em escrever uma história sincera do Itamaraty (que aliás é o título do prefácio de meu próximo livro da série sobre a diplomacia bolsolavista), e terei considerações a fazer sobre a miséria dos tempos atuais.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18/01/2021
A fantasia delirante do globalismo entra no currículo do Instituto Rio Branco: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/a-fantasia-delirante-do-globalismo.html - O que pode levar um diplomata tido como “normal” a derivar para a loucura? 1) ambição de poder; 2) a loucura já existia antes, apenas encoberta. Isto é EA, a Era dos Absurdos!