Diplomacia brasileira precisa voltar ao pragmatismo
Editorial O Globo, 28.04.2013
Ações motivadas por afinidades ideológicas fazem país patinar, perder oportunidades e espaço no comércio internacional
EUA e União Europeia anunciaram negociações para um formidável acordo comercial. Na América Latina - O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, é favorável ao rápido regresso do país ao Mercosul, do qual foi suspenso por Brasil, Argentina e Uruguai em 29 de junho de 2012, como sanção pelo impeachment do presidente Fernando Lugo, no que foi considerado pelos três países um golpe parlamentar. Em manobra polêmica, Brasília, Buenos Aires e Montevidéu puniram o Paraguai para abrir caminho à entrada da Venezuela como membro pleno do bloco comercial. O Congresso paraguaio era o único Legislativo dos integrantes do Mercosul a bloquear o ingresso de Caracas. O obstáculo foi superado com a suspensão.
Isto foi confirmado já com o país suspenso. Em sessão de 23 de agosto, o Senado paraguaio rejeitou a entrada do novo sócio. É provável que Cartes tenha sucesso em reverter a decisão após sua posse, em agosto, pois seu Partido Colorado obteve maioria simples na Câmara dos Deputados (44 das 80 cadeiras) e uma bancada de 19 parlamentares no Senado de 45. Mas não são favas contadas.
Imprevistos poderão significar nova saia justa para a política externa brasileira, que adota dois pesos e duas medidas por conta da "diplomacia companheira", de fundo ideológico. Para permitir o ingresso da Venezuela chavista no Mercosul, Brasília comandou o boicote ao Paraguai após o impeachment do "companheiro" Lugo.
O bloco comercial agora reúne a Venezuela, inimiga número um dos Estados Unidos na América Latina; a Argentina, que não tem boas relações com Washington e se isola; o Brasil, que caiu num antiamericanismo pueril pela retrógrada visão Norte-Sul dos governos do PT; e o Uruguai. O problema é que os EUA ainda são a única potência e o maior mercado consumidor do mundo. Não se pode fingir que não existe.
México, Peru, Colômbia e Chile, países com economias dinâmicas, se lançam na Aliança do Pacífico. Há enorme efervescência na Ásia. Segundo disse ao "Estado de S. Paulo" Ana Paula Zacarias, embaixadora da UE no Brasil, "ao todo, no mundo, estão sendo negociados cerca de 300 acordos comerciais". Enquanto isso, o Brasil fica preso a um Mercosul em crise e decadente, que não consegue avançar nas negociações iniciadas em 2010 para um acordo com a UE.
A relação comercial com a Venezuela é importante, desde que não atrapalhe os demais interesses do Brasil. Este não pode abrir mão de seu papel de líder na América Latina em função de companheirismos ideológicos. A política externa brasileira precisa deixar de lado os dois pesos e duas medidas e voltar a refletir essa liderança, retomando o pragmatismo responsável.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 29 de abril de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
A semente do totalitarismo: o PT e seus projetos ditatoriais - Mary Zaidan
Blog do Noblat, 28/04/2013
Se o Ministério Público desagrada, reduza-se o poder do MP. Se o STF causa dissabores, cortem-se as asas do Supremo.
Se a imprensa critica e denuncia, controle-a. Essa é a lógica que impera no PT, partido que não se satisfaz com a maioria, nem mesmo acachapante.
Quer tanto a hegemonia plena que golpeia qualquer um que ouse discordar da ordem unida, cassando a palavra e o voto.
Que o digam os senadores Jorge Viana (AC) e Wellington Dias (PI), este último líder do PT, impedidos de discordar do prazo de vigência para as novas regras ditadas pelo governo para a criação de novos partidos.
Direta ou indiretamente, a mão e a mente do PT estão em todos os atos que castram os poderes daqueles que o perturbam.
Chegou ao cúmulo de fazer aprovar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara um revide ao Supremo, que impôs reveses irrecuperáveis à imagem do PT.
Com votos dos mensaleiros José Genoíno e João Paulo Cunha, ambos do PT-SP, o projeto do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) retira prerrogativas constitucionais pétreas do STF, transferindo-as para o Parlamento.
A afronta foi tão assustadora que o aliado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Casa, antecipou-se em suspender a tramitação da matéria.
Pôs panos quentes, mas não conseguiu evitar o acirramento da crise com o STF, que o PT não se cansa de atiçar desde o julgamento do mensalão.
Na outra ponta, por meio do aliado Fernando Collor (PTB-AL), o PT tentou intimidar o procurador-geral da República Roberto Gurgel, inimigo número 1 do partido, com a ameaça de uma CPI.
A ideia não prosperou, mas o partido estimula o projeto que limita as possibilidades de investigação do MP. Ainda que o PT tergiverse e diga que nada tem com isso, a PEC de autoria do ex-delegado Lourival Mendes (PT do B-BA) dificilmente chegaria onde chegou sem o aval do partido.
Quanto à imprensa, repete sempre que pode: não vai abandonar o projeto de controle, que, sem pudor algum, chama de democratização.
O PT tem poder legítimo e popularidade recorde. Mas parece invejar o conforto totalitário do governo da Venezuela, nação com democracia de mentirinha, que acaba de receber, assim como a derrapante Argentina de Cristina Kirchner, mais afagos da presidente Dilma Rousseff.
Não se chegou ao absurdo da ditadura bolivariana que quer encarcerar o líder oposicionista e mandou cortar salários e vozes de parlamentares que não reconhecem a vitória de Nicolás Maduro, arremedo mal acabado de Hugo Chávez.
Mas o PT está se empenhando em aproximar-se de tais descalabros. Move-se para sufocar a oposição, anular o Judiciário e pôr rédeas na imprensa.
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve aqui aos domingos. @maryzaidan
(Des)Integracao Regional: como se isolar do mundo e ficar menor... - Sergio Fausto
SERGIO FAUSTO
O Estado de S.Paulo, 28 de abril de 2013 | 2h 03
Quando, em 2005, Hugo Chávez, Néstor Kirchner e Diego
Maradona encenaram a morte da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em
comício paralelo à 4.ª Cúpula das Américas, em Mar del Plata, o Brasil observou
a distância, mas satisfeito. Era o que o governo brasileiro queria. Na ótica da
política Sul-Sul, a Alca era anátema. Representaria um projeto de anexação à
economia americana. A integração que corresponderia aos interesses nacionais brasileiros
seria essencialmente sul-americana, assentada no eixo Brasil, Argentina e
Venezuela, nessa ordem.
Essa premissa levou o governo brasileiro a estabelecer
relações especiais com Buenos Aires e Caracas. Na longa controvérsia
diplomática entre Argentina e Uruguai em torno da instalação de indústrias de
papel e celulose na margem uruguaia do rio que divide os dois países, o Brasil
lavou as mãos. Nem o bloqueio sistemático de pontes sobre o Rio Uruguai por
manifestantes argentinos nem as solicitações do então presidente Tabaré
Vázquez, temeroso de uma escalada do conflito, convenceram Brasília a assumir a
mediação da discórdia, que acabou resolvida na Corte Internacional de Haia, em
favor do Uruguai, em 2010.
Em relação à Venezuela, o governo brasileiro
esmerou-se na política de dois pesos e duas medidas. Foi brando com Chávez
diante de evidências do apoio de seu governo às Farc e duro com a Colômbia,
como deveria ser, quando aviões colombianos bombardearam um acampamento da
guerrilha no Equador, em 2008. Não disse uma palavra sobre o crescente
autoritarismo do "socialismo do século 21", mas, invocando a cláusula
democrática do Mercosul, foi implacável no apoio à punição ao Paraguai quando,
em 2012, o Senado desse país votou o impeachment de Fernando Lugo. Seguiu-se a
incorporação da Venezuela ao Mercosul, que se processou de maneira atípica e se
consumou de modo arbitrário.
Em sua forma atual, o Mercosul reflete a preferência
do governo brasileiro, desde Lula, e sobretudo com Dilma, por uma integração externa
limitada, pouco exigente em matéria de abertura comercial e estabilidade das
regras do jogo e altamente dependente da mediação governamental e do
protagonismo do Estado, de suas empresas e de poucas grandes empresas
nacionais. Prevalece em Brasília a visão de que o jogo assim armado é favorável
ao País. Afinal, o Brasil entra em campo com gigantes como Vale e Petrobrás,
companhias privadas brasileiras globais e um banco de investimento, o BNDES,
sem igual no Hemisfério Sul. O objetivo comum de evitar a
"subordinação" econômica da região aos Estados Unidos, as afinidades
políticas entre governos e a suposta capacidade do Brasil de enquadrar o
chavismo e o kirchnerismo dentro de certos limites de racionalidade econômica e
prudência política assegurariam a convergência, sob a liderança do Brasil, dos
interesses nacionais dos três países.
A realidade encarregou-se de mostrar que o
"interesse nacional" assim definido tende a misturar negócios
privados com políticas de Estado e políticas de Estado com preferências
político-ideológicas, e que a propalada liderança brasileira é em grande parte
ilusória. Nestes últimos anos, Venezuela e Argentina avançaram
ininterruptamente na destruição das instituições formais e informais que
assegurariam um funcionamento razoavelmente normal e previsível de suas
economias e sociedades. E não hesitaram em contrariar os interesses do Brasil
quando assim decidiram fazê-lo. Livres do "imperialismo americano",
ambos os países foram submetidos à vontade de um poder nacional estatal exercido
de forma personalista e arbitrária. Só isso pode explicar por que a Venezuela,
com sua riqueza petroleira, num período de duradoura e exuberante alta dos
preços internacionais do petróleo, vive hoje uma crise crônica de escassez de
divisas e energia, com desabastecimento de vários produtos e apagões
constantes. O mesmo se pode dizer, com diferença de grau apenas, em relação à
Argentina, um país que dispõe de amplas reservas de gás natural e petróleo e
oferta exportável de bens agropecuários, também favorecidos pelos preços
internacionais. E que parece à beira de uma crise cambial.
Empresas brasileiras estão fechando as portas na
Argentina. A Vale e a Petrobrás descobriram que o apoio do governo brasileiro
não é suficiente para proteger os seus interesses no país vizinho. Na
Venezuela, grandes empreiteiras brasileiras têm uma carteira de projetos
estimada em US$ 20 bilhões. Só o incerto futuro dirá o retorno que terão esses
investimentos. De alguma maneira, o setor privado se ajustará às novas realidades.
Empresas desse porte têm capacidade de absorver perdas e redirecionar seus
investimentos para lugares mais promissores. Não nos deveríamos preocupar com
seus eventuais problemas, a não ser pelo fato de que recursos públicos foram
empregados para tornar viável parte significativa de seus investimentos.
Mais importante é reorientar a política externa
brasileira para a região, sem jogar fora o bebê com a água do banho. Ela não
pode estar dissociada de uma visão mais realista do mundo. O Brasil não precisa
reproduzir o modelo de inserção externa adotado por países como Chile, Peru,
Colômbia e México. Mas não pode ignorar o fato de que a opção por um modelo
Alca plus Ásia, com múltiplos tratados de livre comércio, maior abertura das
economias, maior protagonismo do setor privado e menor discricionariedade
governamental, vem produzindo resultados consistentemente superiores aos
obtidos pela opção por um modelo Mercosul minus Alca. O que está em jogo não
são siglas, mas uma revisão dos pressupostos que têm orientado a agenda de
desenvolvimento e inserção externa do País nos últimos dez anos. Não é fazer
mais do mesmo um pouco melhor. É fazer diferente. E isso requer uma nova visão
e uma nova liderança política em Brasília.
SERGIO FAUSTO, DIRETOR EXECUTIVO DO iFHC, É
MEMBRO DO GACINT-USP. E-MAIL:SFAUSTO40@HOTMAIL.COM
Fraude eleitoral na Venezuela: agora os procedimentos ficaram claros
Parece que as coisas estão ficando mais evidentes, agora.
Vamos ver como se pronunciam a OEA, o Centro Carter para a Democracia (que tem sido um fiel aliado de Chávez pelos últimos 13 anos) e, enfim, a Unasul (que não vai abrir a sua boca grande neste caso).
A fraude continua, venceremos! (ops, o slogan é outro...)
Paulo Roberto de Almeida
Do Blog Venezuela, Views and News, mantido por Daniel...
http://daniel-venezuela.blogspot.com.br/2013/04/electoral-fraud-mode-confirmed-it-is-in.html#more
It came as no surprise a few minutes ago: the CNE has announced that the audit it will allow DOES NOT include the books where voters must sign after they vote. Nor apparently the system that gets your fingerprints. In other words it is a useless audit because it indeed will count the votes that were cast but does not account for those that were allowed to cast proper votes.
What are the implications?
First, we must note the combative and bitter tone of Tibisay Lucena cadena whose words are not those of an objective umpire whatsoever. She extended in some explanations which had as sole objective to disparage Capriles and dismiss his claims Whether Lucena is allowed to think so does not give her the right to say it aloud: she is supposed to be an umpire. The only explanation is that she is sending a message from the regime to the opposition: screw you! For those of you that read Spanish I am linking the transcript, which of course was made available to state TV beforehand but not to others I understand.
The second implication is graver: by refusing to visit the voter registry and to check the digital prints Lucena simply admits that any irregularities in the voting process are indeed there. Thus the only way for the opposition is to demand annulment of the election where indeed they can expose the arguments of undue pressure on voters that the CNE claims it cannot receive. In short: an amiable arrangement is now impossible, show of force are becoming and almost unavoidable outcome.
The third implication is even worse: by stonewalling for so long, by trying to dismiss clumsily the opposition reasonable petition, by offering an audit that she cannot possibly lose, by refusing to examine anything where indeed irregularities could be found, Tibisay Lucena is finishing her tenure at the head of the CNE casting a serious doubt about ALL the electoral processes that she presided over. The damage she has done to the CNE in the last two weeks may well be irreparable.
Now on for the "impugnacion".
Vamos ver como se pronunciam a OEA, o Centro Carter para a Democracia (que tem sido um fiel aliado de Chávez pelos últimos 13 anos) e, enfim, a Unasul (que não vai abrir a sua boca grande neste caso).
A fraude continua, venceremos! (ops, o slogan é outro...)
Paulo Roberto de Almeida
Do Blog Venezuela, Views and News, mantido por Daniel...
http://daniel-venezuela.blogspot.com.br/2013/04/electoral-fraud-mode-confirmed-it-is-in.html#more
Saturday, April 27, 2013
Electoral fraud mode confirmed: it is in who voted, how many times they voted, where they voted
| Wrecking her life work at the very end, and in pink innocent girl! |
What are the implications?
First, we must note the combative and bitter tone of Tibisay Lucena cadena whose words are not those of an objective umpire whatsoever. She extended in some explanations which had as sole objective to disparage Capriles and dismiss his claims Whether Lucena is allowed to think so does not give her the right to say it aloud: she is supposed to be an umpire. The only explanation is that she is sending a message from the regime to the opposition: screw you! For those of you that read Spanish I am linking the transcript, which of course was made available to state TV beforehand but not to others I understand.
The second implication is graver: by refusing to visit the voter registry and to check the digital prints Lucena simply admits that any irregularities in the voting process are indeed there. Thus the only way for the opposition is to demand annulment of the election where indeed they can expose the arguments of undue pressure on voters that the CNE claims it cannot receive. In short: an amiable arrangement is now impossible, show of force are becoming and almost unavoidable outcome.
The third implication is even worse: by stonewalling for so long, by trying to dismiss clumsily the opposition reasonable petition, by offering an audit that she cannot possibly lose, by refusing to examine anything where indeed irregularities could be found, Tibisay Lucena is finishing her tenure at the head of the CNE casting a serious doubt about ALL the electoral processes that she presided over. The damage she has done to the CNE in the last two weeks may well be irreparable.
Now on for the "impugnacion".
| Reminder: Tibisay Lucena at Chavez funeral wearing the fascist armband that chavismo has adopted |
Assedio no Itamaraty: uma das novelas mais longas da historia do kitsch nacional...
“Isso não vai dar em nada”.
Será mesmo? Excesso de esperteza costuma cair mal...
Paulo Roberto de Almeida
28/04/2013 | 00:00
Itamaraty mantém cônsul acusado de assédio
Em novo abaixo-assinado ao chanceler Antonio Patriota e a Heraldo Povoa, corregedor do Itamaraty, os funcionários do consulado-geral do Brasil em Sidney (Austrália) pedem o afastamento preventivo do embaixador Américo Fontenelle e do adjunto César Cidade, acusados de assédio moral e sexual há mais de três meses. Dizem eles que Fontenelle circula no consulado avisando: “Isso não vai dar em nada”.
28/04/2013 | 00:00
Ética de pelica
O processo administrativo já deveria ter sido aberto com o imediato afastamento dos dois, mas o Itamaraty só abriu processo ético.
28/04/2013 | 00:00
‘Ficha limpa’
O embaixador poderá sofrer apenas sanções, mantendo a “ficha limpa” na carreira. A crise já prejudica o funcionamento do consulado.
28/04/2013 | 00:00
Forno aceso
Acabou em pizza a primeira investigação no Canadá contra Fontenelle, que alardeia sua amizade com José Dirceu e figurões do Itamaraty.
Neopopulismo na América Latina - um ensaio de Ricardo Velez-Rodriguez
Um excelente texto, longo, mas rico e denso em sua abrangência analítica, disponibilizado aqui apenas em sua introdução.
Leiam a íntegra em: http://pensadordelamancha.blogspot.com/2013/04/consideracoes-acerca-do-conceito-de.html
Leiam a íntegra em: http://pensadordelamancha.blogspot.com/2013/04/consideracoes-acerca-do-conceito-de.html
Ricardo Vélez-Rodríguez
Blog Rocinante, 24 de Abril de 2013
O fenômeno do populismo está na crista da onda, não apenas na América Latina, mas pelo mundo afora também. As incertezas geradas pela globalização do mercado de trabalho nos países desenvolvidos (pondo em risco a antiga política do welfare state); a inclusão na economia de mercado de nações até há pouco tempo dependentes de regimes totalitários (como no Leste europeu); a onda de regimes democráticos surgidos na América Latina nos últimos vinte anos e que não conseguiram responder a contento aos reptos crescentes das suas sociedades; as reformas de inspiração liberal, feitas nas economias dos países sub-desenvolvidos, ao longo das últimas décadas, à luz do “Consenso de Washington”, reformas que, se bem reduziram a inflação de modo geral, no entanto não tiveram os resultados esperados do ângulo da produtividade, ainda muito sufocada pelas tradições estatizantes e familísticas na gestão da coisa pública; a democratização sui generis (com forte presença de uma liderança tradicional e carismática), em países do mundo islâmico (Síria, Líbia, Irã); a entrada das nações africanas no período pós-colonial (ao longo da segunda metade do século passado) no caminho da regularização da vida democrática, (num contexto ainda marcado fortemente pelo tribalismo); a desaceleração da economia estadunidense e os freios que esse fenômeno está a produzir em outras economias, particularmente no nosso Continente, essas seriam algumas das variáveis que têm contribuído para o surgimento do populismo, que pode ser considerado como uma espécie de doença que afeta às democracias no momento em que se encontram em crise (de crescimento ou de desgaste).
Nações desenvolvidas, como a França, viram surgir, nos pleitos eleitorais dos últimos dez anos, sucessivamente, figuras de caráter populista, situadas em vários parâmetros do espectro ideológico, como Jean-Marie Le-Pen, Michel Bové ou Ségolène Royal. Na Itália, às voltas com a dramática redução do crescimento econômico nos últimos dez anos e com a endêmica instabilidade parlamentar, vemos ressurgir o populista Berlusconi como novo chefe do governo. A própria campanha para indicação dos candidatos democratas à sucessão estadunidense não tem estado vazia de aspectos de coloração populista, presentes nos discursos dos dois aspirantes desse segmento político, na disputa por um eleitorado insatisfeito com os rumos tomados pela superpotência americana. Na América Latina, é rica a plêiade de líderes populistas que chegaram ao poder nos últimos anos: o casal Kirschner na Argentina, o coronel Chávez na Venezuela, o presidente Correa no Equador, Evo Morales na Bolívia e, nas últimas semanas, o bispo Lugo no Paraguai. No Brasil, o populismo carismático de Lula, já está na sua segunda rodada e ameaça com se prolongar num messiânico “terceiro mandato”, que é insinuado ao ensejo de pesquisas de opinião favoráveis ao governo e encomendadas por sindicatos com forte presença estatal.
Fenômeno tão amplo merece ser estudado com detalhe. Não me deterei numa caracterização do Populismo, nas suas várias manifestações ao longo do século XX. Isso exigiria um trabalho de mais fôlego, só para dar conta de populismos tradicionais como o varguista, no Brasil, o peronista, na Argentina, o gaitanista (seguido, depois, pelo rojas-pinillista ou anapista), na Colômbia, ou o encarnado por ditadores militares como Juan Vicente Gómez ou Pérez Jiménez, na Venezuela. Fixarei a atenção no denominado neopopulismo, que acompanha as reações das sociedades hodiernas perante a globalização econômica. Tratarei, portanto, de fenômeno atual, que se circunscreve às duas últimas décadas do século passado e que abarca, obviamente, os anos transcorridos do presente século XXI. Pretendo, neste artigo, desenvolver dois aspectos: I) o conceito de neopopulismo; II) de que forma esse fenômeno afeta a vida democrática da América do Sul, atualmente e no futuro próximo?
Continuar a leitura neste link: http://pensadordelamancha.blogspot.com/2013/04/consideracoes-acerca-do-conceito-de.html
Afeganistao: um diplomata (parcialmente) sincero
Uma avaliação sóbria do atual desastre afegão, que vai continuar, até que suas elites assumam suas responsabilidades.
Paulo Roberto de Almeida
DIPLOMATIC MEMO
Departing French Envoy Has Frank Words on Afghanistan
By ALISSA J. RUBIN
The New York Times, April 28, 2013
KABUL, Afghanistan — It is always hard to gauge what diplomats really think unless one of their cables ends up on WikiLeaks, but every once in a while, the barriers fall and a bit of truth slips into public view.
That is especially true in Afghanistan, where diplomats painstakingly weigh every word against political goals back home.
The positive spin from the Americans has been running especially hard the last few weeks, as Congressional committees in Washington focus on spending bills and the Obama administration, trying to secure money for a few more years here, talks up the country’s progress. The same is going on at the European Union, where the tone has been sterner than in the past, but still glosses predictions of Afghanistan’s future with upbeat words like “promise” and “potential.”
Despite that, one of those rare truth-telling moments came at a farewell cocktail party last week hosted by the departing French ambassador to Kabul: Bernard Bajolet, who is leaving to head France’s Direction Génerale de la Sécurité Extérieure, its foreign intelligence service.
After the white-coated staff passed the third round of hors d’oeuvres, Mr. Bajolet took the lectern and laid out a picture of how France — a country plagued by a slow economy, waning public support for the Afghan endeavor and demands from other foreign conflicts, including Syria and North Africa — looked at Afghanistan.
While it is certainly easier for France to be a critic from the sidelines than countries whose troops are still fighting in Afghanistan, the country can claim to have done its part. It lost more troops than all but three other countries before withdrawing its last combat forces in the fall.
The room, filled with diplomats, some senior soldiers and a number of Afghan dignitaries, went deadly quiet. When Mr. Bajolet finished, there was restrained applause — and sober expressions. One diplomat raised his eyebrows and nodded slightly; another said, “No holding back there.”
So what did he say?
That the Afghan project is on thin ice and that, collectively, the West was responsible for a chunk of what went wrong, though much of the rest the Afghans were responsible for. That the West had done a good job of fighting terrorism, but that most of that was done on Pakistani soil, not on the Afghan side of the border. And that without fundamental changes in how Afghanistan did business, the Afghan government, and by extension the West’s investment in it, would come to little.
His tone was neither shrill nor reproachful. It was matter-of-fact.
“I still cannot understand how we, the international community, and the Afghan government have managed to arrive at a situation in which everything is coming together in 2014 — elections, new president, economic transition, military transition and all this — whereas the negotiations for the peace process have not really started,” Mr. Bajolet said in his opening comments.
He was echoing a point shared privately by other diplomats, that 2014 was likely to be “a perfect storm” of political and military upheaval coinciding with the formal close of the NATO combat mission in Afghanistan.
As for the success of the fight on the ground, which American leaders routinely describe now as being “Afghan-led,” Mr. Bajolet sounded dubious. “We do not have enough distance to make an objective assessment,” he said, “but in any case, I think it crucial that the Afghan highest leadership take more visible and obvious ownership for their army.”
His tone — the sober, troubled observations of a diplomat closing a chapter — could hardly have been more different from that taken by the new shift of American officials charged with making it work in Afghanistan: in particular, with that of Gen. Joseph F. Dunford Jr., the new American commanding general here. This week, General Dunford sent out a news release cheering on Afghanistan’s progress, noting some positive-leaning statistics and praising the Afghan Army’s abilities.
“Very soon, the A.N.S.F. will be responsible for security nationwide” General Dunford said, referring to the Afghan National Security Forces. “They are steadily gaining in confidence, competence, and commitment.”
At his farewell party, Mr. Bajolet wound up his realpolitik with a brisk analysis of what Afghanistan’s government needed to do: cut corruption, which discourages investment, deal with drugs and become fiscally self-reliant. It must increase its revenues instead of letting politicians divert them, he said.
Several diplomats in the room could be seen nodding as he said that drugs caused “more casualties than terrorism” in Russia, Europe and the Balkans and that Western governments would be hard-put to make the case for continued spending on Afghanistan if it remains the world’s largest heroin supplier.
The biggest contrast with the American and British line was Mr. Bajolet’s riff on sovereignty, which has become the political watchword of the moment. The Americans and the international community are giving sovereignty back to Afghanistan. Afghanistan argues frequently that it is a sovereign nation. President Hamid Karzai, in the debate over taking charge of the Bagram prison, repeatedly said that Afghanistan had a sovereign responsibility to its prisoners.
His implicit question was, what does that really mean?
“We should be lucid: a country that depends almost entirely on the international community for the salaries of its soldiers and policemen, for most of its investments and partly on it for its current civil expenditure, cannot be really independent.”
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Paulo Roberto de Almeida
DIPLOMATIC MEMO
Departing French Envoy Has Frank Words on Afghanistan
By ALISSA J. RUBIN
The New York Times, April 28, 2013
KABUL, Afghanistan — It is always hard to gauge what diplomats really think unless one of their cables ends up on WikiLeaks, but every once in a while, the barriers fall and a bit of truth slips into public view.
That is especially true in Afghanistan, where diplomats painstakingly weigh every word against political goals back home.
The positive spin from the Americans has been running especially hard the last few weeks, as Congressional committees in Washington focus on spending bills and the Obama administration, trying to secure money for a few more years here, talks up the country’s progress. The same is going on at the European Union, where the tone has been sterner than in the past, but still glosses predictions of Afghanistan’s future with upbeat words like “promise” and “potential.”
Despite that, one of those rare truth-telling moments came at a farewell cocktail party last week hosted by the departing French ambassador to Kabul: Bernard Bajolet, who is leaving to head France’s Direction Génerale de la Sécurité Extérieure, its foreign intelligence service.
After the white-coated staff passed the third round of hors d’oeuvres, Mr. Bajolet took the lectern and laid out a picture of how France — a country plagued by a slow economy, waning public support for the Afghan endeavor and demands from other foreign conflicts, including Syria and North Africa — looked at Afghanistan.
While it is certainly easier for France to be a critic from the sidelines than countries whose troops are still fighting in Afghanistan, the country can claim to have done its part. It lost more troops than all but three other countries before withdrawing its last combat forces in the fall.
The room, filled with diplomats, some senior soldiers and a number of Afghan dignitaries, went deadly quiet. When Mr. Bajolet finished, there was restrained applause — and sober expressions. One diplomat raised his eyebrows and nodded slightly; another said, “No holding back there.”
So what did he say?
That the Afghan project is on thin ice and that, collectively, the West was responsible for a chunk of what went wrong, though much of the rest the Afghans were responsible for. That the West had done a good job of fighting terrorism, but that most of that was done on Pakistani soil, not on the Afghan side of the border. And that without fundamental changes in how Afghanistan did business, the Afghan government, and by extension the West’s investment in it, would come to little.
His tone was neither shrill nor reproachful. It was matter-of-fact.
“I still cannot understand how we, the international community, and the Afghan government have managed to arrive at a situation in which everything is coming together in 2014 — elections, new president, economic transition, military transition and all this — whereas the negotiations for the peace process have not really started,” Mr. Bajolet said in his opening comments.
He was echoing a point shared privately by other diplomats, that 2014 was likely to be “a perfect storm” of political and military upheaval coinciding with the formal close of the NATO combat mission in Afghanistan.
As for the success of the fight on the ground, which American leaders routinely describe now as being “Afghan-led,” Mr. Bajolet sounded dubious. “We do not have enough distance to make an objective assessment,” he said, “but in any case, I think it crucial that the Afghan highest leadership take more visible and obvious ownership for their army.”
His tone — the sober, troubled observations of a diplomat closing a chapter — could hardly have been more different from that taken by the new shift of American officials charged with making it work in Afghanistan: in particular, with that of Gen. Joseph F. Dunford Jr., the new American commanding general here. This week, General Dunford sent out a news release cheering on Afghanistan’s progress, noting some positive-leaning statistics and praising the Afghan Army’s abilities.
“Very soon, the A.N.S.F. will be responsible for security nationwide” General Dunford said, referring to the Afghan National Security Forces. “They are steadily gaining in confidence, competence, and commitment.”
At his farewell party, Mr. Bajolet wound up his realpolitik with a brisk analysis of what Afghanistan’s government needed to do: cut corruption, which discourages investment, deal with drugs and become fiscally self-reliant. It must increase its revenues instead of letting politicians divert them, he said.
Several diplomats in the room could be seen nodding as he said that drugs caused “more casualties than terrorism” in Russia, Europe and the Balkans and that Western governments would be hard-put to make the case for continued spending on Afghanistan if it remains the world’s largest heroin supplier.
The biggest contrast with the American and British line was Mr. Bajolet’s riff on sovereignty, which has become the political watchword of the moment. The Americans and the international community are giving sovereignty back to Afghanistan. Afghanistan argues frequently that it is a sovereign nation. President Hamid Karzai, in the debate over taking charge of the Bagram prison, repeatedly said that Afghanistan had a sovereign responsibility to its prisoners.
His implicit question was, what does that really mean?
“We should be lucid: a country that depends almost entirely on the international community for the salaries of its soldiers and policemen, for most of its investments and partly on it for its current civil expenditure, cannot be really independent.”
MORE IN TOP NEWS
A VULNERABLE AGE
Loans Borrowed Against Pensions Squeeze Retirees
Pension advances, federal and state authorities say, are carefully disguised loans that carry interest rates that are often many times higher than those on credit cards.
Many Openings at State Agency Go to Those With Ties to Cuomo
Gov. Andrew M. Cuomo has pledged to curb patronage, but many of his allies have found jobs at New York’s economic development agency, including some with little experience.
How Big Data Is Playing Recruiter for Specialized Workers
In industries where good talent can be hard to find, companies are using algorithms to scour the Web for recruits, and in the process, they are challenging some traditional notions of hiring.
Alice Mantega no Pais das Maravilhas: editorial do Estadao sobre a economia brasileira
Tudo combina: até a Rainha que manda cortar cabeças e vários chapeleiros loucos...
O Brasil pintado de rosa
Editorial O Estado de S.Paulo, 28.04.2013
Com produção em alta, inflação em queda, finanças públicas em ordem e contas externas bem sólidas, o Brasil vai bem, no mundo imaginário do Ministério da Fazenda, retratado na edição de março do boletim Economia Brasileira em Perspectiva. Nesse universo de fantasia, o único fator de perturbação é a crise internacional.
Sem ela, a situação do País seria ainda mais brilhante. Mas essa história feliz se desfaz quando se examinam com alguma atenção os números divulgados pelas próprias fontes oficiais. Exemplo: com um buraco de US$ 67 bilhões, o Brasil exibiu nos 12 meses terminados em março o pior resultado das contas externas desde 2002. O rombo acumulado nas transações correntes com o exterior chegou a 2,93% do PIB. As transações correntes englobam a balança comercial, a conta de serviços e as transferências unilaterais. No boletim da vida cor-de-rosa, os resultados são "estáveis" e facilmente financiáveis com investimentos estrangeiros diretos.
Os fatos desmentiram essa última afirmação nos 12 meses terminados em março, quando aqueles investimentos somaram US$ 63,6 bilhões. Foi necessário, portanto, completar com outros recursos, provavelmente mais especulativos, a cobertura do buraco.
A realidade conflita com a avaliação do Ministério da Fazenda em muitos outros pontos. O comércio vai mal, as importações têm crescido bem mais que as exportações e o País continua muito dependente das exportações de commodities para a China e outros mercados emergentes - uma tendência resultante dos erros cometidos pela diplomacia comercial petista a partir de 2003.
No mundo imaginário do Ministério da Fazenda, a economia brasileira retomou com firmeza o crescimento, depois de dois anos de fiasco. O fracasso de 2011 e 2012 é atribuído, naturalmente, às más condições internacionais. Como de costume, evita-se um tema delicado e incômodo: o desempenho muito melhor de outras economias em desenvolvimento. A nova fase de prosperidade brasileira, segundo o boletim, será sustentada por investimentos crescentes. Em 2012, o governo e o setor privado investiram o equivalente a 18,1% do PIB. A proporção havia chegado a 19,5% em 2010.
Para 2013 o Ministério projeta um número maior que o de 2012, sem bater, no entanto, em 20% do valor do produto interno. A projeção indica uma trajetória de alta contínua até 24% do PIB em 2018. Nesse momento, o País estará investindo, talvez, o necessário para um crescimento sustentável de uns 5% ao ano ou pouco mais. A aplicação de recursos em máquinas, equipamentos, construções privadas e infraestrutura continuará, portanto, muito abaixo do volume necessário por vários anos. Isso é uma confissão de impotência feita com palavras de otimismo e de confiança.
A embromação fica mais evidente quando se apresentam detalhes das grandes vitórias da política econômica. Segundo o relatório, já se aplicaram R$ 328,2 bilhões nos projetos do PAC 2, tendo sido concluídos 46,4% das ações previstas. Como de costume, a realização mais vistosa foi a destinação de dinheiro ao programa Minha Casa, Minha Vida - R$ 188,1 bilhões, ou 57,3% do total empregado.
Estimular a construção habitacional pode ser muito bom, mas investimentos planejados para aumentar a produtividade e a competitividade da economia nacional pertencem a categorias muito diferentes. Em energia, por exemplo, foram gastos apenas R$ 108,1 bilhões. Em transportes, míseros R$ 27,7 bilhões, apenas 8,4% dos R$ 328,2 bilhões aplicados no PAC 2. Nada mais natural, portanto, que as dificuldades para levar aos portos a soja destinada à exportação.
Quanto às contas públicas, aparecem no boletim como em ótimas condições. Não há uma palavra, é claro, sobre a contabilidade criativa para o fechamento das contas fiscais nem sobre o mal disfarçado endividamento do Tesouro para apoiar os bancos públicos. Muito menos uma palavra sobre o uso desse dinheiro para financiar empresas escolhidas para ser campeãs nacionais nem sobre a quebra de várias dessas favoritas da corte.
O Brasil pintado de rosa
Editorial O Estado de S.Paulo, 28.04.2013
Com produção em alta, inflação em queda, finanças públicas em ordem e contas externas bem sólidas, o Brasil vai bem, no mundo imaginário do Ministério da Fazenda, retratado na edição de março do boletim Economia Brasileira em Perspectiva. Nesse universo de fantasia, o único fator de perturbação é a crise internacional.
Sem ela, a situação do País seria ainda mais brilhante. Mas essa história feliz se desfaz quando se examinam com alguma atenção os números divulgados pelas próprias fontes oficiais. Exemplo: com um buraco de US$ 67 bilhões, o Brasil exibiu nos 12 meses terminados em março o pior resultado das contas externas desde 2002. O rombo acumulado nas transações correntes com o exterior chegou a 2,93% do PIB. As transações correntes englobam a balança comercial, a conta de serviços e as transferências unilaterais. No boletim da vida cor-de-rosa, os resultados são "estáveis" e facilmente financiáveis com investimentos estrangeiros diretos.
Os fatos desmentiram essa última afirmação nos 12 meses terminados em março, quando aqueles investimentos somaram US$ 63,6 bilhões. Foi necessário, portanto, completar com outros recursos, provavelmente mais especulativos, a cobertura do buraco.
A realidade conflita com a avaliação do Ministério da Fazenda em muitos outros pontos. O comércio vai mal, as importações têm crescido bem mais que as exportações e o País continua muito dependente das exportações de commodities para a China e outros mercados emergentes - uma tendência resultante dos erros cometidos pela diplomacia comercial petista a partir de 2003.
No mundo imaginário do Ministério da Fazenda, a economia brasileira retomou com firmeza o crescimento, depois de dois anos de fiasco. O fracasso de 2011 e 2012 é atribuído, naturalmente, às más condições internacionais. Como de costume, evita-se um tema delicado e incômodo: o desempenho muito melhor de outras economias em desenvolvimento. A nova fase de prosperidade brasileira, segundo o boletim, será sustentada por investimentos crescentes. Em 2012, o governo e o setor privado investiram o equivalente a 18,1% do PIB. A proporção havia chegado a 19,5% em 2010.
Para 2013 o Ministério projeta um número maior que o de 2012, sem bater, no entanto, em 20% do valor do produto interno. A projeção indica uma trajetória de alta contínua até 24% do PIB em 2018. Nesse momento, o País estará investindo, talvez, o necessário para um crescimento sustentável de uns 5% ao ano ou pouco mais. A aplicação de recursos em máquinas, equipamentos, construções privadas e infraestrutura continuará, portanto, muito abaixo do volume necessário por vários anos. Isso é uma confissão de impotência feita com palavras de otimismo e de confiança.
A embromação fica mais evidente quando se apresentam detalhes das grandes vitórias da política econômica. Segundo o relatório, já se aplicaram R$ 328,2 bilhões nos projetos do PAC 2, tendo sido concluídos 46,4% das ações previstas. Como de costume, a realização mais vistosa foi a destinação de dinheiro ao programa Minha Casa, Minha Vida - R$ 188,1 bilhões, ou 57,3% do total empregado.
Estimular a construção habitacional pode ser muito bom, mas investimentos planejados para aumentar a produtividade e a competitividade da economia nacional pertencem a categorias muito diferentes. Em energia, por exemplo, foram gastos apenas R$ 108,1 bilhões. Em transportes, míseros R$ 27,7 bilhões, apenas 8,4% dos R$ 328,2 bilhões aplicados no PAC 2. Nada mais natural, portanto, que as dificuldades para levar aos portos a soja destinada à exportação.
Quanto às contas públicas, aparecem no boletim como em ótimas condições. Não há uma palavra, é claro, sobre a contabilidade criativa para o fechamento das contas fiscais nem sobre o mal disfarçado endividamento do Tesouro para apoiar os bancos públicos. Muito menos uma palavra sobre o uso desse dinheiro para financiar empresas escolhidas para ser campeãs nacionais nem sobre a quebra de várias dessas favoritas da corte.
Deterioracao na frente externa por razoes eminentemente internas
Exportação ameaçada pela má qualidade dos serviços
Editorial econômico O Estado de S.Paulo, 28 de abril de 2013
Duas notícias recentes deram um sinal de alarme sobre as exportações brasileiras: a recusa do governo chinês ao desembarque da soja de um navio proveniente do Brasil, por considerar excessivo o custo do transporte; e a forte queda das exportações de bens manufaturados.
O governo chinês considera que o frete, incluindo o ferroviário, as despesas rodoviárias e portuárias, mais o custo do transporte marítimo tornam o preço da soja brasileira mais alto que o dos concorrentes. E queixa-se dos atrasos constantes na chegada dos navios. Como o Brasil tornou-se o maior fornecedor de soja para a China, é possível que os chineses busquem um pretexto para reduzir os contratos de importação, numa fase em que sua economia cresce menos. Mas é essencialmente a soja brasileira que recusam.
Por ora, o problema é pontual, mas pode se generalizar. Diante disso, o governo brasileiro pôs em marcha um grande número de novos projetos, o que não nos parece uma abordagem feliz do problema. Melhor seria concentrar esforços numa só ferrovia e num só frete, escolhendo os meios que melhor respondam às necessidades geográficas e aos clientes mais importantes - no caso, a China, que importa soja e minério de ferro. Caberia, também, estimular importações provenientes, por exemplo, do Japão, aproveitando o frete de retorno, a custos reduzidos.
O problema da queda das exportações de manufaturados não é novo. Decorre da política de estímulo ao consumo doméstico, ao qual se acrescentou uma taxa de câmbio até há pouco muito valorizada. Não estamos seguros de que a taxa de câmbio tenha encontrado o seu valor real, dada a deterioração das perspectivas das contas correntes. Os dois fatores estimularam os produtores locais a recorrer às importações de componentes, mais baratos que os produzidos no Brasil, iniciando um processo de desindustrialização que nos afasta do comércio internacional.
Reconquistar o mercado externo não será fácil. A indústria terá de oferecer produtos com grande carga inovadora. O governo teria de assumir um papel mais importante no financiamento da pesquisa e da inovação, para que não predomine a exportação de commodities, cujos preços estão fora da nossa alçada, dependem do mercado internacional e de São Pedro, que pode oferecer chuva ou seca para a produção agrícola.
Será, ainda, indispensável um grande e rápido esforço para recuperar e melhorar a infraestrutura logística.
Editorial econômico O Estado de S.Paulo, 28 de abril de 2013
Duas notícias recentes deram um sinal de alarme sobre as exportações brasileiras: a recusa do governo chinês ao desembarque da soja de um navio proveniente do Brasil, por considerar excessivo o custo do transporte; e a forte queda das exportações de bens manufaturados.
O governo chinês considera que o frete, incluindo o ferroviário, as despesas rodoviárias e portuárias, mais o custo do transporte marítimo tornam o preço da soja brasileira mais alto que o dos concorrentes. E queixa-se dos atrasos constantes na chegada dos navios. Como o Brasil tornou-se o maior fornecedor de soja para a China, é possível que os chineses busquem um pretexto para reduzir os contratos de importação, numa fase em que sua economia cresce menos. Mas é essencialmente a soja brasileira que recusam.
Por ora, o problema é pontual, mas pode se generalizar. Diante disso, o governo brasileiro pôs em marcha um grande número de novos projetos, o que não nos parece uma abordagem feliz do problema. Melhor seria concentrar esforços numa só ferrovia e num só frete, escolhendo os meios que melhor respondam às necessidades geográficas e aos clientes mais importantes - no caso, a China, que importa soja e minério de ferro. Caberia, também, estimular importações provenientes, por exemplo, do Japão, aproveitando o frete de retorno, a custos reduzidos.
O problema da queda das exportações de manufaturados não é novo. Decorre da política de estímulo ao consumo doméstico, ao qual se acrescentou uma taxa de câmbio até há pouco muito valorizada. Não estamos seguros de que a taxa de câmbio tenha encontrado o seu valor real, dada a deterioração das perspectivas das contas correntes. Os dois fatores estimularam os produtores locais a recorrer às importações de componentes, mais baratos que os produzidos no Brasil, iniciando um processo de desindustrialização que nos afasta do comércio internacional.
Reconquistar o mercado externo não será fácil. A indústria terá de oferecer produtos com grande carga inovadora. O governo teria de assumir um papel mais importante no financiamento da pesquisa e da inovação, para que não predomine a exportação de commodities, cujos preços estão fora da nossa alçada, dependem do mercado internacional e de São Pedro, que pode oferecer chuva ou seca para a produção agrícola.
Será, ainda, indispensável um grande e rápido esforço para recuperar e melhorar a infraestrutura logística.
Ajuda alimentar dos EUA: uma hipocrisia parcialmente corrigida
Não elimina o viés assistencialista, mas é menos distorcivo que o esquema anterior.
EDITORIAL
Food Aid Reform
By THE EDITORIAL BOARD
The New York Times, April 27, 2013
Food aid is one of the most important tools of American foreign policy. Since the mid-1950s, the United States has spent nearly $2 billion annually to feed the world’s poor, saving millions of lives. But the process is so rigid and outdated that many more people who could be helped still go hungry. Reforms proposed by President Obama will go a long way toward fixing that problem and should be promptly enacted by Congress.
Under current law, a vast majority of international food aid must be purchased from American farmers through the Department of Agriculture and shipped overseas in American-flagged vessels. This has been a boon for domestic farmers and shippers, but more than 30 studies in the last decade have concluded that the system is inefficient, costly and even harmful to the very communities in Africa, the Middle East and elsewhere that Washington purports to help.
The United States is the only donor that still gives food rather than cash, including to some humanitarian groups who sell the food in overseas markets and use the proceeds for development projects. Some experts say the sale of American commodities in developing countries often drives down local market prices and discourages local food production, which runs counter to the goal of encouraging self-sufficiency.
Under a proposal in Mr. Obama’s new budget, nearly half the $1.5 billion requested for food aid in 2014 could instead be used to buy food in bulk in countries in need or to provide individual recipients with vouchers or debit cards for local food purchases. Food bought locally is cheaper — 50 percent less in some cases — and saves shipping costs that consume as much as 16 percent of the food aid budget. American officials say the reforms could hasten the delivery of lifesaving aid by as much as 14 weeks and feed many more people.
Although international aid groups have endorsed the changes, there is opposition from the farm and shipping lobbies that have scuttled previous reforms. The food aid budget should not be a backdoor subsidy for domestic producers; and even under the new approach, 55 percent of food aid dollars would still be used to purchase and ship American commodities. When budgets are tight, every program must be scrutinized for maximum return. Mr. Obama’s proposed reforms will feed more people for the same amount the United States spends now. There is no excuse for not putting them into effect.
Meet The New York Times’s Editorial Board »
P
EDITORIAL
Food Aid Reform
By THE EDITORIAL BOARD
The New York Times, April 27, 2013
Food aid is one of the most important tools of American foreign policy. Since the mid-1950s, the United States has spent nearly $2 billion annually to feed the world’s poor, saving millions of lives. But the process is so rigid and outdated that many more people who could be helped still go hungry. Reforms proposed by President Obama will go a long way toward fixing that problem and should be promptly enacted by Congress.
Under current law, a vast majority of international food aid must be purchased from American farmers through the Department of Agriculture and shipped overseas in American-flagged vessels. This has been a boon for domestic farmers and shippers, but more than 30 studies in the last decade have concluded that the system is inefficient, costly and even harmful to the very communities in Africa, the Middle East and elsewhere that Washington purports to help.
The United States is the only donor that still gives food rather than cash, including to some humanitarian groups who sell the food in overseas markets and use the proceeds for development projects. Some experts say the sale of American commodities in developing countries often drives down local market prices and discourages local food production, which runs counter to the goal of encouraging self-sufficiency.
Under a proposal in Mr. Obama’s new budget, nearly half the $1.5 billion requested for food aid in 2014 could instead be used to buy food in bulk in countries in need or to provide individual recipients with vouchers or debit cards for local food purchases. Food bought locally is cheaper — 50 percent less in some cases — and saves shipping costs that consume as much as 16 percent of the food aid budget. American officials say the reforms could hasten the delivery of lifesaving aid by as much as 14 weeks and feed many more people.
Although international aid groups have endorsed the changes, there is opposition from the farm and shipping lobbies that have scuttled previous reforms. The food aid budget should not be a backdoor subsidy for domestic producers; and even under the new approach, 55 percent of food aid dollars would still be used to purchase and ship American commodities. When budgets are tight, every program must be scrutinized for maximum return. Mr. Obama’s proposed reforms will feed more people for the same amount the United States spends now. There is no excuse for not putting them into effect.
Meet The New York Times’s Editorial Board »
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The End of Affirmative Action? - The Economist
Time to scrap affirmative action
Governments should be colour-blind
ABOVE the entrance to America’s Supreme Court four words are carved: “Equal justice under law”. The court is pondering whether affirmative action breaks that promise. The justices recently accepted a case concerning a vote in Michigan that banned it, and will soon rule on whether the University of Texas’s race-conscious admissions policies are lawful. The question in both cases is as simple as it is divisive: should government be colour-blind?
America is one of many countries where the state gives a leg-up to members of certain racial, ethnic, or other groups by holding them to different standards. The details vary. In some countries, the policy applies only to areas under direct state control, such as public-works contracts or admission to public universities. In others, private firms are also obliged to take account of the race of their employees, contractors and even owners. But the effects are strikingly similar around the world (see article).
The burden of history
Many of these policies were put in place with the best of intentions: to atone for past injustices and ameliorate their legacy. No one can deny that, for example, blacks in America or dalits in India (members of the caste once branded “untouchable”) have suffered grievous wrongs, and continue to suffer discrimination. Favouring members of these groups seems like a quick and effective way of making society fairer.
Most of these groups have made great progress. But establishing how much credit affirmative action can take is hard, when growth also brings progress and some of the good—for example the confidence-boosting effect of creating prominent role models for a benighted group—is intangible. And it is impossible to know how a targeted group would have got on without this special treatment. Malays are three times richer in Singapore, where they do not get preferences, than in next-door Malaysia, where they do. At the same time, the downside of affirmative action has become all too apparent.
Awarding university places to black students with lower test scores than whites sounds reasonable, given the legacy of segregation. But a study found that at some American universities, black applicants who scored 450 points (out of 1,600) worse than Asians on entrance tests were equally likely to win a place. That is neither fair on Asians, nor an incentive to blacks to study in high school. In their book “Mismatch”, Richard Sander and Stuart Taylor produce evidence that suggests affirmative action reduces the number of blacks who qualify as lawyers by placing black students in law schools for which they are ill-prepared, causing many to drop out. Had they attended less demanding schools, they might have graduated.
Although the groups covered by affirmative action tend to be poorer than their neighbours, the individuals who benefit are often not. One American federal-contracting programme favours businesses owned by “socially and economically disadvantaged” people. Such people can be 87 times richer than the average American family and still be deemed “disadvantaged” if their skin is the right colour. One beneficiary of South Africa’s programme of “Black Economic Empowerment” is worth an estimated $675m; he is also the deputy president of the ruling party. Letting members of certain groups charge more and still win public contracts is nice for the few who own construction firms; less so for the many who rely on public services. The same goes for civil-service quotas. When jobs are dished out for reasons other than competence, the state grows less competent, as anyone who has wrestled with Indian or Nigerian officialdom can attest. Moreover, rules favouring businesses owned by members of particular groups are easy to game. Malaysians talk of “Ali-Baba” firms, where Ali (an ethnic Malay) lends his name, for a fee, to Baba (a Chinese businessman) to win a government contract.
Although these policies tend to start with the intention of favouring narrow groups, they spread as others clamour to be included. That American federal programme began by awarding no-bid contracts to firms owned by blacks, Hispanics and Native Americans; now it covers people with ancestry from at least 33 countries. In India 60% of the population are eligible for privileges as members of scheduled castes, tribes or “other backward classes”. Such policies poison democracy by encouraging divisions along lines drawn by discriminatory rules. The anger thus stoked has helped stir bloody conflicts in India, Rwanda and Sri Lanka. And such rules, once in place, are almost impossible to get rid of. In 1949 India’s constitution said quotas should be phased out in ten years, but they are now more widespread than ever. America’s policies have survived decades of legal pushback, though not unscathed.
The content of their character
The University of Texas (UT) justifies discriminating in favour of black people not on the ground that society owes it to them, but because, it claims, a diverse university offers a better education to all its students. That is a reasonable argument—some companies benefit from understanding a variety of customers, for instance, and the police probably keep order better if enough of them share a culture with the neighbourhood they patrol—but it does not wash for most institutions. In UT’s case, although colleges benefit from a diversity of ideas, to use skin colour as a proxy for this implies that all black people and all Chinese people view the world in a similar way. That suggests a bleak view of the human imagination.
Universities that want to improve their selection procedures by identifying talented people (of any colour or creed) from disadvantaged backgrounds should be encouraged. But selection on the basis of race is neither a fair nor an efficient way of doing so. Affirmative action replaced old injustices with new ones: it divides society rather than unites it. Governments should tackle disadvantage directly, without reference to race. If a school is bad, fix it. If there are barriers to opportunity, remove them. And if Barack Obama’s daughters apply to a university, judge them on their academic prowess, not the colour of their skin.
Confusao Sem Fronteiras, sem coordenacao, sem direcao, sem visao - Assim e' se lhe parece...
Parece que as improvisações do governo começam a causar problemas. Afinal de contas, não é fácil mandar milhares de estudantes para o exterior, e depois deixá-los sem condições de estudar...
Paulo Roberto de Almeida
Notícias de 24/04/2013
O Estado
de S. Paulo - País ainda envia poucos estudantes a
melhor do mundo
Paulo Roberto de Almeida
Notícias de 24/04/2013
PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS
Folha de S. Paulo – Mercadante nega problemas em programa de bolsas
Ministro da
Educação criticou 'pessimismo' sobre o Ciência sem Fronteiras e anunciou que
programa atingiu 41.133 bolsas no exterior
DE BRASÍLIA
O ministro
Aloizio Mercadante (Educação) disse ontem que os bolsistas no exterior que
estão sendo migrados para o programa Ciência sem Fronteiras abrirão espaço
orçamentário para alunos de ciências humanas, que hoje não são contemplados
pelo programa.
Ele negou que
haja maquiagem de dados e afirmou que os estudantes migrados "sempre
estiveram" no programa, mas não explicou como se dava esse processo.
A Folha revelou
anteontem que o governo vinha computando no Ciência sem Fronteiras os bolsistas
regulares da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), que não tinham se inscrito ou passado no programa, há pelo menos um
mês e meio --o MEC depois confirmou que a prática acontecia desde 2011.
Na sexta-feira
(19), a Capes informou os bolsistas de seus programas regulares que eles seriam
migrados se estivessem dentro de certos critérios.
Segundo
Mercadante, as condições do Ciência sem Fronteiras são "muito
melhores" por concederem benefícios como subsídio para cursos de idiomas e
compra de computadores.
Questionado por
que apenas na semana passada os alunos foram informados da migração, disse que
somente os estudantes de pós-doutorado foram comunicados.
"Era uma
resposta a ações judiciais de alunos de pós-doutorado, que também queriam
direito à verba para laptop e curso de inglês", disse.
Ocorre que, como
a Folha mostrou, foram alunos de doutorado que receberam o comunicado.
Questionado novamente, Mercadante só negou o fato e passou a criticar o que
chama de "certo problema de pessimismo no país" sobre o programa.
Mercadante disse
ainda que "não há possibilidade de dupla contagem" nos programas.
"Nós temos os CPFs e GPSs de onde eles estão."
Ele anunciou
também novas 17.282 bolsas de estudos no exterior e disse que o programa chegou
a 41.133 bolsas concedidas desde 2011.
Afirmou ainda que
o governo limitará neste semestre a ida de estudantes a Portugal para
incentivar os bolsistas a aprimorar o inglês.
O Globo – Portugal deixa de ser destino do Ciência Sem Fronteiras
Objetivo é estimular estudantes brasileiros
a aprenderem novo idioma
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
anunciou ontem que as universidades portuguesas não estarão mais entre as
instituições de graduação do programa Ciência Sem Fronteiras. Segundo o
ministro, a mudança é temporária, para estimular o aprendizado de outras
línguas pelos estudantes, e vale para os editais abertos neste semestre.
- Nós não consideramos neste momento bolsas
para Portugal para estimular os alunos na proficiência de outras línguas. Eles
têm que enfrentar o desafio da segunda língua - afirmou Mercadante.
De acordo com o ministro, a língua inglesa
é uma das prioridades do programa, por isso o MEC pretende aumentar as relações
com instituições de ensino dos EUA.
Cerca de 600 estudantes que escolheram
Portugal como destino e ainda não optaram por outro país não foram contemplados
com a bolsa. Segundo o ministério, esses estudantes farão parte de próximos
editais do Ciência Sem Fronteiras, mas ainda não existe data para que o aluno
informe sua nova escolha. ( Do G1 )
O Estado de S. Paulo - Sobram bolsas para brasileiros em Harvard e MIT
As Universidades
Harvard, Stanford, Columbia, da Califórnia, o Instituto de Tecnologia de
Massacfausetts (MIT) e outras instituições americanas de ponta vão reservar 1,5
mil bolsas de. estudo integral até 2015 para estudantes brasileiros cursarem
doutorado completo. As bolsas serão financiadas pelo governo federal, por meio
do programa Ciência Sem Fronteiras (CsF).
Apesar do
convênio com as universidades ter sido firmado no ano passado - motivado pela
ida da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos em abril de
2012 -, a falta de divulgação da oportunidade levou a Laspau (entidade
vinculada à Harvard), que administra a concessão das bolsas, a realizar ontem
uma visita ao País.
Trata-se de um
acordo histórico, sem precedentes. Os estudantes brasileiros precisam saber que
eles podem estudar nas melhores universidades norte-
americanas",
disse Angélica Natera, diretora adjunta da Laspau, durante agénda de reuniões
comparceiros institucionais em São Paulo.
Mesmo exigindo
que os estudantes tenham apenas diploma de graduação nas áreas prioritárias do
CsF - Engenharia, Tecnologias e Saúde -, além de bom nível de inglês, pouco
mais de cem candidatos foram pré-selecionados até o momento. É prevista neste
primeiro ano de acordo a seleção de outros 400 estudantes. As inscrições para
início dos estudos em 2014 vão até setembro e podem ser feitas pelo site da
Laspau (www.laspau.harvard.edu).
Abaixa demanda
pelas bolsas pode ser justificada pelo desconhecimento de muitos estudantes,
que tendo apenas diploma de graduação podem se candidatar diretamente para o
curso de doutorado. Ou seja, não precisam cursar primeiramente o mestrado.
"Geralmente, quem sabe desse detalhe é aquele estudante que teve maior
aproximação com pesquisa na graduação, com projetos de iniciação científica,
por exemplo. Mas quem não teve muito esse contato desconhece , disse Luana
Bonone, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos.
A falta de
domínio de inglês é outro entrave às candidaturas. "Até o pós-graduado tem
inglês ruim, mas essa deficiência é curável", disse o economista Cláudio
Moura Castro, ex-diretor-geral da Capes, uma das agências de fomento federal
que administram o CsF.
Solução. E a
"cura" pode ser até mensurada, afirma André Marques, diretor da EF
Englishtown, especialista em certificação. "Para alcançar o patamar que é
exigido pela seleção, o pós-intermediário, o estudante que tem nível básico de
inglês, precisaria estudar diariamente por um ano e meio", afirmou.
O esforço para
preencher as vagas disponíveis pode aumentar a presença de pesquisadores
brasileiros nas melhores universidades do mundo. Isso deve fazer avançar áreas
da ciência estratégicas para o País, afirmou Luiz Felipe d"Avila,
diretor-presidente do Centro de Liderança Pública (CLP). "Podemos nos
desenvolver ainda mais na agroindústria e aviação", disse d"Avila. O
CPL pretende implementar uma incubadora nos Estados Unidos para identificar
boas ideias dos doutorandos.
"Esperamos
com o convênio retomar o envio de pesquisadores brasileiros para fazer o
doutorado pleno nos Estados Unidos, algo que ocorria mais intensamente nos anos
1960 e 1970", afirmou o presidente da Capes, Jorge Guimarães.
Alta
312% foi o
crescimento do número de mestres e doutores formados em instituições brasileiras,
entre 1996 e 2011, segundo centro ligado ao Ministério da Ciência.
O Estado
de S. Paulo - País ainda envia poucos estudantes a
melhor do mundo
Considerada uma
das melhores instituições de ensino do mundo e também a de maior reputação
pelos principais rankings internacionais, a Universidade Harvard tinha apenas
75 alunos brasileiros em 2011, segundo registros oficiais da própria
instituição.
O número de
estudantes do País é infinitamente menor do que a quantidade de alunos
chineses, por exemplo. No período, a China tinha mais de 550 estudantes -
número próximo à quantidade de canadenses, que concentravam pouco mais de 540
vagas de estrangeiros.
Ao analisar a
listagem completa divulgada pela instituição com os 15 países estrangeiros de
maior presença na universidade, o Brasil ficou na 14- posição, atrás de
Cingapura e México. Desde 2007, a evolução de estudantes brasileiros em Harvard
é tímida. Até 2010, foi sempre inferior a 70 alunos. / D.L.
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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
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Rewriting the Rules of Foreign Aid: Geopolitics, Power, and the New Diplomacy In the world of international relations, foreign aid is not si...
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A Europa do Iluminismo, dos Direitos Humanos, da Democracia está renascendo a partir da terrivel guerra de agressão da Rússia contra a Ucrâ...
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Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
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Nota preliminar PRA : gostaria de conhecer os nomes dos autores que elaboraram este discurso para leitura do chanceler, na abertura deste se...
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Delegação brasileira no Conselho de Direitos Humanos se abstém de votar sobre sequestro de crianças ucranianas pela Rússia, uma quebra de ...