...mas, pensando bem, o Brasil ganhou alguma?
Paulo Roberto de Almeida
Brasileiro perde disputa por cargo da UIT
Valor Economico, 14/10/2010
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu mais uma disputa por um cargo na burocracia internacional. Agora foi o posto estratégico de diretor do Departamento de Radiodifusão, da União Internacional de Telecomunicações (UIT), numa votação que mobilizou 157 países membros da entidade, numa conferência no México.
O candidato brasileiro Fábio Leite obteve 67 votos, diante de 90 do francês François Rancy. E, apesar do crescente engajamento do governo brasileiro na África, foram justamente os países africanos que deram os votos que foram decisivos para a vitória do candidato francês na segunda rodada da votação.
Essa diretoria da UIT gerencia a atribuição de frequências radioelétricas e de órbitas de satélites e da qual depende a indústria de "wireless", que fatura quase US$ 50 bilhões por ano em todo o mundo.
Caberá agora ao francês organizar a grande conferência mundial de radiocomunicações prevista para 2012. Ele será peça-chave na passagem à televisão digital e sistemas de telefonia celular da próxima geração, dois desafios técnicos, mas sobretudo socioeconômicos.
Antes dessa, o governo Lula já havia perdido disputas para as direções da Organização Mundial do Comércio (OMC), da União Internacional de Telecomunicações (UIT), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de votações emblemáticas, como a presidência da Conferência Internacional do Trabalho, quando Ricardo Berzoini era o ministro do Trabalho, e a vaga de juiz do Órgão de Apelação da OMC.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Politica Externa de fantasia: o Estadao ataca outra vez...
O Estadão pode demorar um pouco, mas acho que não passa três semanas sem lançar um editorial criticando causticamente a política externa do governo do PT, essa mesma que é apresentada como "ativa e altiva", como defensora da soberania nacional, como aquela que tem a capacidade de dizer não, como aquela que tem um outro olhar sobre as coisas, enfim, tudo aquilo que já foi argumentado a favor da nossa diplomacia.
O Estadão não tem nenhum respeito por essas realizações...
Que jornal!
Aliás, se eu bem me lembro da história dessa refinaria, a Petrobras discutiu durante muito tempo onde fazer uma nova, no Nordeste. Ela tinha várias opções, segundo propostas dos estados: no Ceará, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco e na Bahia, e se supõe que a empresa estivesse fazendo consideracoes de ordem estritamente técnica e comercial, ou seja, ver, do ponto de vista do abastecimento em matéria prima, das conexões em transportes, proximidade dos mercados consumidores, etc. Enfim, tudo isso estava sendo debatido pela Petrobras, que em principio estava levando o empreendimento sozinho, em bases puramente comerciais.
Ai chegou o Hugo Chávez, que tinha ouvido dizer que o voluntário brasileiro que tinha combatido no exército de Bolivar, Abreu e Lima, era de Pernambuco: ele então disse que queria fazer junto mas que tinha de ser em Pernambuco.
Lembro-me perfeitamente da ministra Dilma Roussef, não sei se ainda de Minas e Energia ou se já na Casa Civil, respondendo a um jornalista, quando questionada sobre onde seria construída a nova refinaria da Petrobras, respondeu, do alto da sua defesa da soberania nacional, algo assim: "Isso o Hugo Chávez já decidiu: vai ser em Pernambuco!"
Nunca vi tamanha defesa da soberania como essa.
Vivendo e aprendendo...
Paulo Roberto de Almeida
A PDVSA e a fantasia petista
Editorial- O Estado de S. Paulo, 14/10/2010
Nem sequer um centavo foi investido até agora pela estatal venezuelana PDVSA na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra é tocada só com recursos da Petrobrás, embora tenha sido planejada e anunciada como empreendimento conjunto. A pedra fundamental foi lançada em dezembro de 2005 pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez. Esse projeto seria a primeira grande realização da Aliança Estratégica formalizada em fevereiro daquele ano, em Caracas, com a presença da ministra de Minas e Energia do Brasil, Dilma Rousseff. Passados cinco anos, o balanço de realizações conjuntas é irrisório. A PDVSA deveria custear 40% da refinaria. Sem cumprir sua parte, pode ser forçada a renunciar ao projeto. Outras tentativas de cooperação também fracassaram. Uma delas, já abandonada, foi o plano de atuação da Petrobrás na área petrolífera do Orinoco.
A Aliança Estratégica formalizada pelos presidentes Chávez e Lula foi uma tentativa de combinar duas bandeiras do atraso - o bolivarianismo do caudilho venezuelano e o terceiro-mundismo requentado da diplomacia petista. Nada útil poderia resultar desse acasalamento.
Atribuir a expansão do comércio bilateral a essa iniciativa é um disparate evidente. O intercâmbio do Brasil com toda a América do Sul cresceu nos últimos dez anos, como consequência da prosperidade regional e de um esforço de integração intensificado a partir dos anos 90. Empresas brasileiras já tinham interesses na Venezuela bem antes da aproximação Chávez-Lula.
A “aliança” formalizada em 2005 e reafirmada em 2009 apenas acrescentou ingredientes ideológicos à cooperação bilateral. Foi mais uma aposta errada do presidente Lula - uma entre várias escolhas estratégicas baseadas na fantasia e não no cálculo de interesses concretos.
A ampliação do comércio bilateral foi muito mais acidentada do que teria sido, certamente, se a Venezuela estivesse sob um governo democrático, sem delírios expansionistas e livre da retórica anticapitalista. Atrasos de pagamentos foram um problema frequente para exportadores brasileiros, assim como a discriminação cambial a favor de produtores de outros países.
O governo petista não só aceitou essas distorções, como ainda se esforçou para incluir no Mercosul a Venezuela do presidente Chávez. A inclusão ainda não se consumou porque não foi aprovada pelo Congresso paraguaio. Se for consumada, o bloco regional, já emperrado e com enormes dificuldades para negociar com grandes parceiros como União Europeia e Estados Unidos, ainda passará a depender dos humores e das ambições de um caudilho fanfarrão.
Esse caudilho, é bom não esquecer, não tem prazo para deixar o governo de seu país nem está sujeito a limitações de tipo democrático. A diplomacia petista notabilizou-se pela frequência de suas apostas erradas. Ao enterrar a Alca, deixou espaço para uma série de acordos bilaterais dos Estados Unidos com outros países latino-americanos. Além disso, jogou fora a chance de negociar condições preferenciais de acesso a vários mercados antes da grande invasão chinesa.
Produtores brasileiros têm perdido competitividade tanto nos Estados Unidos como na América Latina. Se o Mercosul quiser iniciar um novo entendimento com Washington, terá de negociar levando em conta regras de investimento e de propriedade intelectual já acertadas naqueles acordos.
A diplomacia petista errou também - por esquecer os interesses nacionais - ao eleger a maioria dos “parceiros estratégicos”. Estados Unidos e Europa continuam sendo muito mais importantes que o Brasil para russos e chineses. Nenhum desses parceiros se afastou de seus interesses para favorecer o comércio com o Brasil. Ao contrário: as conveniências brasileiras foram preteridas, quase sempre (como, por exemplo, na atribuição, pelo governo russo, de cotas para exportadores de carne). Os africanos nunca deixaram de se aliar aos europeus nas questões comerciais. Se a coerência no erro é uma virtude, então a diplomacia petista tem pelo menos essa qualidade. A aliança com Hugo Chávez comprova esse fato.
=============
Addendum: da coluna do jornalista Carlos Brickman:
Los hermanos no telhado
A parceria entre Brasil e Venezuela para construir a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, está morrendo. Até o momento, passado um ano da assinatura do contrato, só a Petrobras pôs dinheiro no projeto. A venezuelana PDVSA, que deu até o nome à refinaria (Abreu e Lima foi um general brasileiro, nascido em Pernambuco, que lutou ao lado de Simon Bolívar nas guerras de independência da América espanhola), não investiu nada. O presidente venezuelano Hugo Chávez começou se responsabilizando por metade dos investimentos; depois, a metade passou a 40%, desde que o BNDES financiasse também a sua parte. Entretanto, até agora não apresentou ao BNDES nenhuma garantia do financiamento.
O Estadão não tem nenhum respeito por essas realizações...
Que jornal!
Aliás, se eu bem me lembro da história dessa refinaria, a Petrobras discutiu durante muito tempo onde fazer uma nova, no Nordeste. Ela tinha várias opções, segundo propostas dos estados: no Ceará, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco e na Bahia, e se supõe que a empresa estivesse fazendo consideracoes de ordem estritamente técnica e comercial, ou seja, ver, do ponto de vista do abastecimento em matéria prima, das conexões em transportes, proximidade dos mercados consumidores, etc. Enfim, tudo isso estava sendo debatido pela Petrobras, que em principio estava levando o empreendimento sozinho, em bases puramente comerciais.
Ai chegou o Hugo Chávez, que tinha ouvido dizer que o voluntário brasileiro que tinha combatido no exército de Bolivar, Abreu e Lima, era de Pernambuco: ele então disse que queria fazer junto mas que tinha de ser em Pernambuco.
Lembro-me perfeitamente da ministra Dilma Roussef, não sei se ainda de Minas e Energia ou se já na Casa Civil, respondendo a um jornalista, quando questionada sobre onde seria construída a nova refinaria da Petrobras, respondeu, do alto da sua defesa da soberania nacional, algo assim: "Isso o Hugo Chávez já decidiu: vai ser em Pernambuco!"
Nunca vi tamanha defesa da soberania como essa.
Vivendo e aprendendo...
Paulo Roberto de Almeida
A PDVSA e a fantasia petista
Editorial- O Estado de S. Paulo, 14/10/2010
Nem sequer um centavo foi investido até agora pela estatal venezuelana PDVSA na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra é tocada só com recursos da Petrobrás, embora tenha sido planejada e anunciada como empreendimento conjunto. A pedra fundamental foi lançada em dezembro de 2005 pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez. Esse projeto seria a primeira grande realização da Aliança Estratégica formalizada em fevereiro daquele ano, em Caracas, com a presença da ministra de Minas e Energia do Brasil, Dilma Rousseff. Passados cinco anos, o balanço de realizações conjuntas é irrisório. A PDVSA deveria custear 40% da refinaria. Sem cumprir sua parte, pode ser forçada a renunciar ao projeto. Outras tentativas de cooperação também fracassaram. Uma delas, já abandonada, foi o plano de atuação da Petrobrás na área petrolífera do Orinoco.
A Aliança Estratégica formalizada pelos presidentes Chávez e Lula foi uma tentativa de combinar duas bandeiras do atraso - o bolivarianismo do caudilho venezuelano e o terceiro-mundismo requentado da diplomacia petista. Nada útil poderia resultar desse acasalamento.
Atribuir a expansão do comércio bilateral a essa iniciativa é um disparate evidente. O intercâmbio do Brasil com toda a América do Sul cresceu nos últimos dez anos, como consequência da prosperidade regional e de um esforço de integração intensificado a partir dos anos 90. Empresas brasileiras já tinham interesses na Venezuela bem antes da aproximação Chávez-Lula.
A “aliança” formalizada em 2005 e reafirmada em 2009 apenas acrescentou ingredientes ideológicos à cooperação bilateral. Foi mais uma aposta errada do presidente Lula - uma entre várias escolhas estratégicas baseadas na fantasia e não no cálculo de interesses concretos.
A ampliação do comércio bilateral foi muito mais acidentada do que teria sido, certamente, se a Venezuela estivesse sob um governo democrático, sem delírios expansionistas e livre da retórica anticapitalista. Atrasos de pagamentos foram um problema frequente para exportadores brasileiros, assim como a discriminação cambial a favor de produtores de outros países.
O governo petista não só aceitou essas distorções, como ainda se esforçou para incluir no Mercosul a Venezuela do presidente Chávez. A inclusão ainda não se consumou porque não foi aprovada pelo Congresso paraguaio. Se for consumada, o bloco regional, já emperrado e com enormes dificuldades para negociar com grandes parceiros como União Europeia e Estados Unidos, ainda passará a depender dos humores e das ambições de um caudilho fanfarrão.
Esse caudilho, é bom não esquecer, não tem prazo para deixar o governo de seu país nem está sujeito a limitações de tipo democrático. A diplomacia petista notabilizou-se pela frequência de suas apostas erradas. Ao enterrar a Alca, deixou espaço para uma série de acordos bilaterais dos Estados Unidos com outros países latino-americanos. Além disso, jogou fora a chance de negociar condições preferenciais de acesso a vários mercados antes da grande invasão chinesa.
Produtores brasileiros têm perdido competitividade tanto nos Estados Unidos como na América Latina. Se o Mercosul quiser iniciar um novo entendimento com Washington, terá de negociar levando em conta regras de investimento e de propriedade intelectual já acertadas naqueles acordos.
A diplomacia petista errou também - por esquecer os interesses nacionais - ao eleger a maioria dos “parceiros estratégicos”. Estados Unidos e Europa continuam sendo muito mais importantes que o Brasil para russos e chineses. Nenhum desses parceiros se afastou de seus interesses para favorecer o comércio com o Brasil. Ao contrário: as conveniências brasileiras foram preteridas, quase sempre (como, por exemplo, na atribuição, pelo governo russo, de cotas para exportadores de carne). Os africanos nunca deixaram de se aliar aos europeus nas questões comerciais. Se a coerência no erro é uma virtude, então a diplomacia petista tem pelo menos essa qualidade. A aliança com Hugo Chávez comprova esse fato.
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Addendum: da coluna do jornalista Carlos Brickman:
Los hermanos no telhado
A parceria entre Brasil e Venezuela para construir a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, está morrendo. Até o momento, passado um ano da assinatura do contrato, só a Petrobras pôs dinheiro no projeto. A venezuelana PDVSA, que deu até o nome à refinaria (Abreu e Lima foi um general brasileiro, nascido em Pernambuco, que lutou ao lado de Simon Bolívar nas guerras de independência da América espanhola), não investiu nada. O presidente venezuelano Hugo Chávez começou se responsabilizando por metade dos investimentos; depois, a metade passou a 40%, desde que o BNDES financiasse também a sua parte. Entretanto, até agora não apresentou ao BNDES nenhuma garantia do financiamento.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Religiao e desenvolvimento: um questionario e minhas respostas
Fui consultado por uma jornalista que esclareceu sua afiliação evangélica: "jornalista de publicação informativa do segmento evangélico e de circulação nacional". Ela mandou-me uma pesquisa Gallup sobre relações entre religião e desenvolvimento, ou nível de prosperidade material, e formulou uma série de perguntas, todas elas muito interessantes e inteligentes.
Como sei que minhas respostas serão aproveitadas apenas parcialmente, e como sei que este tema sempre desperta curiosidade nos estudiosos de ciências humanas em geral, permito-me transcrever aqui minhas respostas, não como religioso, mas como simples estudioso das religiões e, sobretudo, do desenvolvimento econômico e social em escala comparada.
Acredito que o tema é relevante, mas desde já me posiciono contra a posição fundamentalista que está vinculada a certas confissões evangélicas, no sentido de apoiar o criacionismo e se posicionar contra o evolucionismo. Aqui não é uma questão de fé ou de postura anti-religiosa. Acredito que essa posição é errada, e é profundamente danosa para o desenvolvimento do espírito científico, em qualquer país, em qualquer época, com qualquer religião.
Como disse em uma das minhas respostas: esses fundamentalistas serão, eventualmente salvos, pelo avanço da pesquisa científica em matéria de doenças e procedimentos terapêuticos, mas dificilmente, ou JAMAIS, poderão colaborar para a descoberta da cura ou de inovações levando a melhor condição de vida enquanto ficarem presos a essas concepções ingênuas e no fundo anti-racionalistas.
Paulo Roberto de Almeida
Pesquisa sobre Religião e Desenvolvimento
Paulo Roberto de Almeida
Respondendo a perguntas colocadas por repórter de confissão evangélica.
Perguntas:
1) Que relação pode haver entre a religiosidade de um povo e seu nível de renda?
PRA: Não existe um padrão universal e uma correlação unívoca – ou seja, de causa a efeito, numa só direção – entre religião e prosperidade, ou entre religião e nível de vida de um povo, pois as situações são as mais diversas possíveis e têm mais a ver com a formação histórica e cultural de um povo do que propriamente com o seu nível de vida. Todos os povos têm, naturalmente, religiões, alguma emergindo naturalmente, como o antigo paganismo ou politeísmo, outras surgindo com base em profetas ou figuras carismáticas (Cristo, ou Maomé, por exemplo). Alguns povos “importam” suas religiões – como o budismo na China e no Japão, por exemplo, propagado a partir da Índia, a partir de monges missionários, mercadores, viajantes, etc. Outros povos são levados à conversão por colonização ou dominação externa, como a maior parte dos povos autóctones da América Latina. Ou seja, as situações são muito diversas, pois entre todos esses povos encontramos nações extremamente desenvolvidas (como Europa e Estados Unidos, onde o cristianismo se propagou por evangelização ao longo dos séculos) e outras totalmente miseráveis (como a índia secular, por exemplo, basicamente hinduísta, mas também muçulmana e dotada de dezenas de outras religiões, inclusive o próprio budismo, no qual existem povos hoje desenvolvidos, como os japoneses, e outros ainda “atrasados”, como no Nepal, Butão, o próprio Tibete, etc.
A nação mais avançada do mundo, que é indiscutivelmente os EUA, pelo menos em termos científicos e tecnológicos, é, também, a mais religiosa, ou parece ser, com uma profusão de cultos, sobretudo evangélicos e protestantes (mas aberta a todas as confissões, num sistema tão livre quanto anárquico, de religiões, de opiniões, de iniciativas individuais, enfim, de ampla liberdade). Ao lado, temos o México e os países da América Central, todos uniformemente católicos e relativamente atrasados, com um nível de renda per capita 5 ou 6 vezes menor do que nos EUA.
Em resumo, não há um padrão, e muita tinta já se gastou, desde Max Weber, em tentativas de correlação entre uma coisa e outra, sem muito sucesso aparente.
2) Em sua opinião, há uma influência recíproca entre religião e economia?
PRA: Sim e não, dependendo do que se pretende como fatores causais. Essa influência pode ser positiva, ou seja, levar um povo a prosperar com base em suas habilidades próprias. Mas as relações reais são muito complexas. Acredito, por exemplo, que uma religião que coloca a mulher em papel subordinado, como ocorre no islamismo em grande medida, atua num sentido negativo para fins de desenvolvimento social e prosperidade. Religiões que atribuem forte papel à mulher, como mãe e responsável pela educação dos filhos – como ocorre na tradição judaica, e parcialmente no cristianismo – podem ser extremamente positivas na inovação e na prosperidade. Os judeus, por exemplo, constituem menos de 1% da população mundial, mas contribuíram de maneira absolutamente “desproporcional” para o progresso da humanidade, nos mais diversos campos do saber, da ciência, da cultura. Basta ver a proporção de Prêmios Nobel ganhos por pessoas de origem judia. Creio que o grande papel, aqui, é o da mãe e da família judia, extremamente focadas no desenvolvimento dos filhos, na sua educação, numa vida digna e voltada para o benefício da comunidade. Não se encontra esse tipo de motivação e de vocação entre todas as religiões. Mas fatores causais podem ser mais de origem cultural, ou costumeira, do que propriamente religiosa, pois o patriarcado, ou dominação masculina, e a conseqüente opressão da mulher, existem em várias religiões.
3) De acordo com a pesquisa, quanto mais religiosos são os habitantes de um país, mais pobre ele tende a ser. O senhor concorda com essa conclusão?
PRA: Não concordo, absolutamente, e o exemplo já citado dos EUA nega esse tipo de afirmação. Mas, mais uma vez, essa relação é complexa, e não se pode, sem ser leviano, estabelecer uma correlação entre o grau de “religiosidade” – o que isto quer dizer?; trata-se aqui de conceito essencialmente subjetivo – de um povo e o nível de sua prosperidade material. Certas religiões podem contribuir para certa estagnação – ou falta de inovação de certos povos, como determinadas variantes do islamismo, a partir de certa fase – e outras permitirem o desenvolvimento.
Tudo depende, em minha opinião, da capacidade de ser exercido o chamado “espírito criativo”, algo que, como a religião, parece ser inato no homem (ou nos seres humanos). As religiões que “congelam” determinados conceitos sociais e impedem o avanço da pesquisa e da inovação – em matérias científicas, como biologia, história, etc. – contribuem para o atraso de seus povos. Aquelas que permitem a chamada “exegese”, ou seja, a interpretação dos “livros sagrados”, para adaptar as mensagens religiosas à dinâmica econômica e científica, contribuem para o desenvolvimento dos povos, e isso ocorreu no cristianismo. Mas esse itinerário ainda não foi conhecido no islamismo, pelo menos em várias de suas interpretações literais; pode ser que o islamismo evolua para esse mesmo tipo de secularização que permita uma interpretação alusiva, e não literal, da palavra escrita, ou seja, que permita a exegese (algo mais ligado à tolerância do que ao dogmatismo). Não devemos esquecer, por outro lado, que a Europa conheceu terríveis guerras de religião, responsáveis por morticínios inacreditáveis na concepção moderna dos direitos humanos.
Acredito que o fanatismo, a intolerância, o dogmatismo e o exclusivismo religiosos podem ser, sim, fatores de atraso, ao passo que a tolerância, o espírito aberto, a capacidade de absorver e integrar novas descobertas na cultura religiosa dominante são, ou podem ser, fatores de progresso e de prosperidade.
4) A pesquisa aborda a questão de forma genérica, no entanto, não deveriam ter levado em consideração as diferenças doutrinárias de uma religião para outra, já que essas diferenças poderiam ter apontado outro resultado, a exemplo de Max Weber que considerou o Protestantismo melhor para o desenvolvimento econômico do que o Catolicismo?
PRA: A tese de Max Weber é extremamente controversa, sempre foi aliás. Ele escreveu numa época – começo do século 20 – quando os povos protestantes pareciam ser a vanguarda do desenvolvimento econômico mundial, e de fato a Europa e os EUA estavam na dominação indisputada do mundo, exercendo uma extraordinária hegemonia econômica, tecnológica e cientifica. Mas, o capitalismo – que esteve na base desse excepcional desenvolvimento – nasceu na Itália católica, e não nos povos setentrionais protestantes. É certo que o comportamento mais aberto às inovações financeiras levaram protestantes a se desenvolverem mais rapidamente, e que o preconceito cristão, ou católico, contra o lucro e a usura pode ter contribuído para um desenvolvimento capitalista mais lento, mas mesmo essa tese é sujeita a caução. Se dizia, algumas décadas atrás, que os povos asiáticos, que possuem dezenas de religiões, mas poucos são cristãos ou protestantes, estavam condenadas ao atraso e à miséria, mas nas ultimas três décadas são os que mais avançaram no mundo em termos de prosperidade material, deixando para trás a América Latina quase toda ela católica, que décadas atrás aparecia como mais promissora para fins de crescimento e riqueza. Tudo isso NÃO TEM a ver com religião, e sim com as políticas econômicas corretas e, sobretudo, com a educação do povo. Mais do que as religiões, são as instituições sociais que podem ser “colaborativas” ou “impeditivas” do progresso.
5) A seu ver, é a religião que leva uma população à pobreza ou é a riqueza que tende a afastar as pessoas da religiosidade?
PRA: De modo algum; todas as situações são encontradas nos mais diferentes povos, locais e épocas históricas. Existe, aparentemente, uma correlação entre prosperidade material e uma atitude menos “religiosa”, ou seja, mais laica, ou secularizada, como ocorre entre os povos nórdicos, por exemplo, onde se pode notar uma forte diminuição da assistência a cultos religiosos, do pagamento de contribuições às Igrejas e do ensino religioso, de forma geral. Mas, acredito que a religião é um traço civilizacional que vai acompanhar as comunidades humanas sempre, independentemente do grau de seu desenvolvimento (ou ausência de) prosperidade material.
6) A religião desempenha um papel importante no desenvolvimento econômico de um país?
PRA: Eu diria que esse papel é em geral neutro e não depende da religião em si, ou seja, da “mensagem sagrada”, e sim das instituições que determinam a criação de riqueza. Certas instituições são mais favoráveis a isso, como o instituto da propriedade, o respeito aos contratos, o chamado rule of Law, ou seja, o respeito à lei e à legalidade jurídica num pais, etc. Tudo isso pode ser, e é, positivo para fins de desenvolvimento, independentemente da religião específica de um povo. Mas, se uma religião se atém, por exemplo, a uma leitura literal e obrigatória sobre determinados fenômenos naturais, e recusa a abertura à pesquisa e à inovação, ela pode, sim, ser fator de atraso. Por exemplo, não se pode ter carreira cientifica em biologia, ou nas ciências de modo geral, sem aderir a alguns pressupostos da teoria da seleção natural, de origem darwiniana (mas a evolução é um fato, que independe de teorias). Quem não aceita esses pressupostos simplesmente não consegue fazer biologia, ou até geologia ou, no limite, a história e a arqueologia. Tudo isso pode representar fatores de atraso absoluto no desenvolvimento material, pois a tecnologia só pode avançar com plena utilização do espírito cientifico. Todas as pessoas podem ser salvas pela medicina avançada, mesmo recusando seus pressupostos básicos, e negando a teoria evolucionista, por exemplo. Mas essas pessoas JAMAIS contribuirão para aquela solução cientifica que salva as suas vidas se elas não aderirem a certas metodologias científicas que uma determinada vertente religiosa, intolerante e dogmática, pretende banir do ensino laico (que deve ser aberto a todo e qualquer desenvolvimento científico, pois isso é importante e crucial para a humanidade).
Eu me proclamo, apenas para fins de honestidade intelectual, como uma pessoa irreligiosa – ou seja, não me posiciono quanto às religiões, embora as respeite historicamente – e essencialmente como um racionalista. Sou, sim, um grande estudioso das religiões, como deveria ser todo espírito aberto e propenso ao progresso material e espiritual da humanidade.
Paulo Roberto de Almeida (Beijing, 14.10.2010)
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Agora a pesquisa que motivou a consulta:
Pesquisa: 80% da população mundial vê a religião como importante .
Qui, 02 de Setembro de 2010
Fonte: Christian Post – Link: http://www.christianpost.com/article/20100901/over-8-in-10-worldwide-see-religion-as-important/
Mais de oito em cada dez adultos em todo o mundo dizem que a religião é uma parte importante de suas vidas diárias, de acordo com pesquisas do Gallup realizada em 114 países.
E, como pesquisas anteriores encontraram, ainda há uma forte correlação entre o nível socio-econômico do país e a religiosidade de seus moradores.
Nos países mais pobres do mundo - aquelas com renda média per capita de 2000 dólares ou menos - a proporção mediana que dizem que a religião é importante em suas vidas diárias é de 95 por cento, informou nesta terça-feira Gallup.
Em contraste, a mediana para os países mais ricos - aqueles com renda média per capita acima de USD $ 25.000 - é de 47 por cento
"Os cientistas sociais têm colocado diante inúmeras explicações possíveis para a relação entre a religiosidade de uma população e o seu nível de renda média," observou o editor Steve Gallup Crabtree.
"Uma teoria é que a religião desempenha um papel mais funcional nos países mais pobres do mundo, ajudando muitos moradores a lidarem com uma luta diária para prover a eles e suas famílias. A análise anterior Gallup apoia esta idéia," acrescentou.
Na análise da Gallup de 2009, inquéritos realizados em 143 países, nos três anos anteriores, a organização concluiu que a relação entre religiosidade e bem-estar emocional é mais forte entre aqueles nos países pobres do que entre aqueles no mundo desenvolvido.
Em seu último relatório, Gallup disseram que a religião era considerada importante por 95 por cento das pessoas em países com 2.000 dólares ou menos renda per capita. E para os países com renda per capita acima de USD $ 2.000, mas menos de USD $ 5.000, 92 por cento das pessoas disseram que a religião é uma parte importante da sua vida quotidiana.
Depois de 5.000 dólares, os números declinaram mais, com 82 por cento considerando a religião como importante para os países dentro do grupo USD $ 5.001-12,500. Para renda de USD $ 12.501-25.000, 70 por cento disseram o mesmo. E para os países com renda per capita mais USD $25.001, apenas 47 por cento disseram que a religião é uma parte importante da sua vida quotidiana.
Tal como em inquéritos anteriores, no entanto, os Estados Unidos estão entre os países ricos, que vêm escapando à tendência.
Segundo a última pesquisa Gallup, 65 por cento dos americanos dizem que a religião é importante em suas vidas diárias. Outros países de alta renda mais propensos a enfatizar a importância da religião incluem Itália, Grécia, Singapura e países do Golfo Pérsico.
Os seis principais países com maior porcentagem de pessoas colocando importância da religião foram Bangladesh, Nigéria, Iêmen, Indonésia, Malawi, e Sri Lanka - com pelo menos 99 por cento em cada comunicação a religião como importante em suas vidas diárias.
Os seis países com os menores percentuais foram a Estónia (16 por cento), Suécia (17 por cento), Dinamarca (19 por cento), Japão (24 por cento) e Hong Kong (24 por cento).
Resultados de pesquisas Gallup são baseados em entrevistas telefônicas e presenciais, realizadas em 2009 com cerca de 1.000 adultos em cada país.
Fonte: Folha Gospel
Como sei que minhas respostas serão aproveitadas apenas parcialmente, e como sei que este tema sempre desperta curiosidade nos estudiosos de ciências humanas em geral, permito-me transcrever aqui minhas respostas, não como religioso, mas como simples estudioso das religiões e, sobretudo, do desenvolvimento econômico e social em escala comparada.
Acredito que o tema é relevante, mas desde já me posiciono contra a posição fundamentalista que está vinculada a certas confissões evangélicas, no sentido de apoiar o criacionismo e se posicionar contra o evolucionismo. Aqui não é uma questão de fé ou de postura anti-religiosa. Acredito que essa posição é errada, e é profundamente danosa para o desenvolvimento do espírito científico, em qualquer país, em qualquer época, com qualquer religião.
Como disse em uma das minhas respostas: esses fundamentalistas serão, eventualmente salvos, pelo avanço da pesquisa científica em matéria de doenças e procedimentos terapêuticos, mas dificilmente, ou JAMAIS, poderão colaborar para a descoberta da cura ou de inovações levando a melhor condição de vida enquanto ficarem presos a essas concepções ingênuas e no fundo anti-racionalistas.
Paulo Roberto de Almeida
Pesquisa sobre Religião e Desenvolvimento
Paulo Roberto de Almeida
Respondendo a perguntas colocadas por repórter de confissão evangélica.
Perguntas:
1) Que relação pode haver entre a religiosidade de um povo e seu nível de renda?
PRA: Não existe um padrão universal e uma correlação unívoca – ou seja, de causa a efeito, numa só direção – entre religião e prosperidade, ou entre religião e nível de vida de um povo, pois as situações são as mais diversas possíveis e têm mais a ver com a formação histórica e cultural de um povo do que propriamente com o seu nível de vida. Todos os povos têm, naturalmente, religiões, alguma emergindo naturalmente, como o antigo paganismo ou politeísmo, outras surgindo com base em profetas ou figuras carismáticas (Cristo, ou Maomé, por exemplo). Alguns povos “importam” suas religiões – como o budismo na China e no Japão, por exemplo, propagado a partir da Índia, a partir de monges missionários, mercadores, viajantes, etc. Outros povos são levados à conversão por colonização ou dominação externa, como a maior parte dos povos autóctones da América Latina. Ou seja, as situações são muito diversas, pois entre todos esses povos encontramos nações extremamente desenvolvidas (como Europa e Estados Unidos, onde o cristianismo se propagou por evangelização ao longo dos séculos) e outras totalmente miseráveis (como a índia secular, por exemplo, basicamente hinduísta, mas também muçulmana e dotada de dezenas de outras religiões, inclusive o próprio budismo, no qual existem povos hoje desenvolvidos, como os japoneses, e outros ainda “atrasados”, como no Nepal, Butão, o próprio Tibete, etc.
A nação mais avançada do mundo, que é indiscutivelmente os EUA, pelo menos em termos científicos e tecnológicos, é, também, a mais religiosa, ou parece ser, com uma profusão de cultos, sobretudo evangélicos e protestantes (mas aberta a todas as confissões, num sistema tão livre quanto anárquico, de religiões, de opiniões, de iniciativas individuais, enfim, de ampla liberdade). Ao lado, temos o México e os países da América Central, todos uniformemente católicos e relativamente atrasados, com um nível de renda per capita 5 ou 6 vezes menor do que nos EUA.
Em resumo, não há um padrão, e muita tinta já se gastou, desde Max Weber, em tentativas de correlação entre uma coisa e outra, sem muito sucesso aparente.
2) Em sua opinião, há uma influência recíproca entre religião e economia?
PRA: Sim e não, dependendo do que se pretende como fatores causais. Essa influência pode ser positiva, ou seja, levar um povo a prosperar com base em suas habilidades próprias. Mas as relações reais são muito complexas. Acredito, por exemplo, que uma religião que coloca a mulher em papel subordinado, como ocorre no islamismo em grande medida, atua num sentido negativo para fins de desenvolvimento social e prosperidade. Religiões que atribuem forte papel à mulher, como mãe e responsável pela educação dos filhos – como ocorre na tradição judaica, e parcialmente no cristianismo – podem ser extremamente positivas na inovação e na prosperidade. Os judeus, por exemplo, constituem menos de 1% da população mundial, mas contribuíram de maneira absolutamente “desproporcional” para o progresso da humanidade, nos mais diversos campos do saber, da ciência, da cultura. Basta ver a proporção de Prêmios Nobel ganhos por pessoas de origem judia. Creio que o grande papel, aqui, é o da mãe e da família judia, extremamente focadas no desenvolvimento dos filhos, na sua educação, numa vida digna e voltada para o benefício da comunidade. Não se encontra esse tipo de motivação e de vocação entre todas as religiões. Mas fatores causais podem ser mais de origem cultural, ou costumeira, do que propriamente religiosa, pois o patriarcado, ou dominação masculina, e a conseqüente opressão da mulher, existem em várias religiões.
3) De acordo com a pesquisa, quanto mais religiosos são os habitantes de um país, mais pobre ele tende a ser. O senhor concorda com essa conclusão?
PRA: Não concordo, absolutamente, e o exemplo já citado dos EUA nega esse tipo de afirmação. Mas, mais uma vez, essa relação é complexa, e não se pode, sem ser leviano, estabelecer uma correlação entre o grau de “religiosidade” – o que isto quer dizer?; trata-se aqui de conceito essencialmente subjetivo – de um povo e o nível de sua prosperidade material. Certas religiões podem contribuir para certa estagnação – ou falta de inovação de certos povos, como determinadas variantes do islamismo, a partir de certa fase – e outras permitirem o desenvolvimento.
Tudo depende, em minha opinião, da capacidade de ser exercido o chamado “espírito criativo”, algo que, como a religião, parece ser inato no homem (ou nos seres humanos). As religiões que “congelam” determinados conceitos sociais e impedem o avanço da pesquisa e da inovação – em matérias científicas, como biologia, história, etc. – contribuem para o atraso de seus povos. Aquelas que permitem a chamada “exegese”, ou seja, a interpretação dos “livros sagrados”, para adaptar as mensagens religiosas à dinâmica econômica e científica, contribuem para o desenvolvimento dos povos, e isso ocorreu no cristianismo. Mas esse itinerário ainda não foi conhecido no islamismo, pelo menos em várias de suas interpretações literais; pode ser que o islamismo evolua para esse mesmo tipo de secularização que permita uma interpretação alusiva, e não literal, da palavra escrita, ou seja, que permita a exegese (algo mais ligado à tolerância do que ao dogmatismo). Não devemos esquecer, por outro lado, que a Europa conheceu terríveis guerras de religião, responsáveis por morticínios inacreditáveis na concepção moderna dos direitos humanos.
Acredito que o fanatismo, a intolerância, o dogmatismo e o exclusivismo religiosos podem ser, sim, fatores de atraso, ao passo que a tolerância, o espírito aberto, a capacidade de absorver e integrar novas descobertas na cultura religiosa dominante são, ou podem ser, fatores de progresso e de prosperidade.
4) A pesquisa aborda a questão de forma genérica, no entanto, não deveriam ter levado em consideração as diferenças doutrinárias de uma religião para outra, já que essas diferenças poderiam ter apontado outro resultado, a exemplo de Max Weber que considerou o Protestantismo melhor para o desenvolvimento econômico do que o Catolicismo?
PRA: A tese de Max Weber é extremamente controversa, sempre foi aliás. Ele escreveu numa época – começo do século 20 – quando os povos protestantes pareciam ser a vanguarda do desenvolvimento econômico mundial, e de fato a Europa e os EUA estavam na dominação indisputada do mundo, exercendo uma extraordinária hegemonia econômica, tecnológica e cientifica. Mas, o capitalismo – que esteve na base desse excepcional desenvolvimento – nasceu na Itália católica, e não nos povos setentrionais protestantes. É certo que o comportamento mais aberto às inovações financeiras levaram protestantes a se desenvolverem mais rapidamente, e que o preconceito cristão, ou católico, contra o lucro e a usura pode ter contribuído para um desenvolvimento capitalista mais lento, mas mesmo essa tese é sujeita a caução. Se dizia, algumas décadas atrás, que os povos asiáticos, que possuem dezenas de religiões, mas poucos são cristãos ou protestantes, estavam condenadas ao atraso e à miséria, mas nas ultimas três décadas são os que mais avançaram no mundo em termos de prosperidade material, deixando para trás a América Latina quase toda ela católica, que décadas atrás aparecia como mais promissora para fins de crescimento e riqueza. Tudo isso NÃO TEM a ver com religião, e sim com as políticas econômicas corretas e, sobretudo, com a educação do povo. Mais do que as religiões, são as instituições sociais que podem ser “colaborativas” ou “impeditivas” do progresso.
5) A seu ver, é a religião que leva uma população à pobreza ou é a riqueza que tende a afastar as pessoas da religiosidade?
PRA: De modo algum; todas as situações são encontradas nos mais diferentes povos, locais e épocas históricas. Existe, aparentemente, uma correlação entre prosperidade material e uma atitude menos “religiosa”, ou seja, mais laica, ou secularizada, como ocorre entre os povos nórdicos, por exemplo, onde se pode notar uma forte diminuição da assistência a cultos religiosos, do pagamento de contribuições às Igrejas e do ensino religioso, de forma geral. Mas, acredito que a religião é um traço civilizacional que vai acompanhar as comunidades humanas sempre, independentemente do grau de seu desenvolvimento (ou ausência de) prosperidade material.
6) A religião desempenha um papel importante no desenvolvimento econômico de um país?
PRA: Eu diria que esse papel é em geral neutro e não depende da religião em si, ou seja, da “mensagem sagrada”, e sim das instituições que determinam a criação de riqueza. Certas instituições são mais favoráveis a isso, como o instituto da propriedade, o respeito aos contratos, o chamado rule of Law, ou seja, o respeito à lei e à legalidade jurídica num pais, etc. Tudo isso pode ser, e é, positivo para fins de desenvolvimento, independentemente da religião específica de um povo. Mas, se uma religião se atém, por exemplo, a uma leitura literal e obrigatória sobre determinados fenômenos naturais, e recusa a abertura à pesquisa e à inovação, ela pode, sim, ser fator de atraso. Por exemplo, não se pode ter carreira cientifica em biologia, ou nas ciências de modo geral, sem aderir a alguns pressupostos da teoria da seleção natural, de origem darwiniana (mas a evolução é um fato, que independe de teorias). Quem não aceita esses pressupostos simplesmente não consegue fazer biologia, ou até geologia ou, no limite, a história e a arqueologia. Tudo isso pode representar fatores de atraso absoluto no desenvolvimento material, pois a tecnologia só pode avançar com plena utilização do espírito cientifico. Todas as pessoas podem ser salvas pela medicina avançada, mesmo recusando seus pressupostos básicos, e negando a teoria evolucionista, por exemplo. Mas essas pessoas JAMAIS contribuirão para aquela solução cientifica que salva as suas vidas se elas não aderirem a certas metodologias científicas que uma determinada vertente religiosa, intolerante e dogmática, pretende banir do ensino laico (que deve ser aberto a todo e qualquer desenvolvimento científico, pois isso é importante e crucial para a humanidade).
Eu me proclamo, apenas para fins de honestidade intelectual, como uma pessoa irreligiosa – ou seja, não me posiciono quanto às religiões, embora as respeite historicamente – e essencialmente como um racionalista. Sou, sim, um grande estudioso das religiões, como deveria ser todo espírito aberto e propenso ao progresso material e espiritual da humanidade.
Paulo Roberto de Almeida (Beijing, 14.10.2010)
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Agora a pesquisa que motivou a consulta:
Pesquisa: 80% da população mundial vê a religião como importante .
Qui, 02 de Setembro de 2010
Fonte: Christian Post – Link: http://www.christianpost.com/article/20100901/over-8-in-10-worldwide-see-religion-as-important/
Mais de oito em cada dez adultos em todo o mundo dizem que a religião é uma parte importante de suas vidas diárias, de acordo com pesquisas do Gallup realizada em 114 países.
E, como pesquisas anteriores encontraram, ainda há uma forte correlação entre o nível socio-econômico do país e a religiosidade de seus moradores.
Nos países mais pobres do mundo - aquelas com renda média per capita de 2000 dólares ou menos - a proporção mediana que dizem que a religião é importante em suas vidas diárias é de 95 por cento, informou nesta terça-feira Gallup.
Em contraste, a mediana para os países mais ricos - aqueles com renda média per capita acima de USD $ 25.000 - é de 47 por cento
"Os cientistas sociais têm colocado diante inúmeras explicações possíveis para a relação entre a religiosidade de uma população e o seu nível de renda média," observou o editor Steve Gallup Crabtree.
"Uma teoria é que a religião desempenha um papel mais funcional nos países mais pobres do mundo, ajudando muitos moradores a lidarem com uma luta diária para prover a eles e suas famílias. A análise anterior Gallup apoia esta idéia," acrescentou.
Na análise da Gallup de 2009, inquéritos realizados em 143 países, nos três anos anteriores, a organização concluiu que a relação entre religiosidade e bem-estar emocional é mais forte entre aqueles nos países pobres do que entre aqueles no mundo desenvolvido.
Em seu último relatório, Gallup disseram que a religião era considerada importante por 95 por cento das pessoas em países com 2.000 dólares ou menos renda per capita. E para os países com renda per capita acima de USD $ 2.000, mas menos de USD $ 5.000, 92 por cento das pessoas disseram que a religião é uma parte importante da sua vida quotidiana.
Depois de 5.000 dólares, os números declinaram mais, com 82 por cento considerando a religião como importante para os países dentro do grupo USD $ 5.001-12,500. Para renda de USD $ 12.501-25.000, 70 por cento disseram o mesmo. E para os países com renda per capita mais USD $25.001, apenas 47 por cento disseram que a religião é uma parte importante da sua vida quotidiana.
Tal como em inquéritos anteriores, no entanto, os Estados Unidos estão entre os países ricos, que vêm escapando à tendência.
Segundo a última pesquisa Gallup, 65 por cento dos americanos dizem que a religião é importante em suas vidas diárias. Outros países de alta renda mais propensos a enfatizar a importância da religião incluem Itália, Grécia, Singapura e países do Golfo Pérsico.
Os seis principais países com maior porcentagem de pessoas colocando importância da religião foram Bangladesh, Nigéria, Iêmen, Indonésia, Malawi, e Sri Lanka - com pelo menos 99 por cento em cada comunicação a religião como importante em suas vidas diárias.
Os seis países com os menores percentuais foram a Estónia (16 por cento), Suécia (17 por cento), Dinamarca (19 por cento), Japão (24 por cento) e Hong Kong (24 por cento).
Resultados de pesquisas Gallup são baseados em entrevistas telefônicas e presenciais, realizadas em 2009 com cerca de 1.000 adultos em cada país.
Fonte: Folha Gospel
Contra o dolar depredador; viva a nova moeda (so podia ser ele...)
Quem mais poderia ser? Ele mesmo, nosso profesor de economía al revés.
Chávez ainda vai conseguir -- aliás já está fazendo -- destruir completamente a economia da Venezuela, provocando desinvestimento, desabastecimento, fuga de capitais, inflação, câmbio negro, enfim, o cortejo de tragédias habituais que acontecem nos países dominados por dirigentes totalmente irresponsáveis no plano econômico, como sempre autoritários no plano político.
A chamada Rodésia do Sul, desde a independência Zimbabue, foi simplesmente convertida em economia moribunda pelo seu "líder", Roberto Mugabe.
Chávez parece seguir o mesmo caminho.
Pobre Venezuela.
Paulo Roberto de Almeida
Presidente Chávez calificó al Sucre como un sistema monetario liberador
(11.10.2010)
El presidente Hugo Chávez Frías calificó este lunes al Sistema Unitario de Compensación Regional (Sucre) como una nueva moneda liberadora en los planos económico y político.
Afirmó que con ese nuevo sistema monetario se rompen los paradigmas “del dólar depredador!!”, y se refirió a la compra aceite de soya a Bolivia mediante el Sucre, lo que convierte a las naciones en “libres económicamente”.
El pasado viernes 8, Venezuela y Bolivia cerraron la primera negociación pagada en Sucres. La transacción facturó en 4.241.680 sucres, y el pago correspondió a la compra de 5.000 toneladas cúbicas de aceite crudo de soya.
Aseveró que la nueva moneda es “liberadora en los económico y político... Viva la Independencia económica Latinoamericana. Es tiempo de los Pueblos!!”, expresó.
Chávez ainda vai conseguir -- aliás já está fazendo -- destruir completamente a economia da Venezuela, provocando desinvestimento, desabastecimento, fuga de capitais, inflação, câmbio negro, enfim, o cortejo de tragédias habituais que acontecem nos países dominados por dirigentes totalmente irresponsáveis no plano econômico, como sempre autoritários no plano político.
A chamada Rodésia do Sul, desde a independência Zimbabue, foi simplesmente convertida em economia moribunda pelo seu "líder", Roberto Mugabe.
Chávez parece seguir o mesmo caminho.
Pobre Venezuela.
Paulo Roberto de Almeida
Presidente Chávez calificó al Sucre como un sistema monetario liberador
(11.10.2010)
El presidente Hugo Chávez Frías calificó este lunes al Sistema Unitario de Compensación Regional (Sucre) como una nueva moneda liberadora en los planos económico y político.
Afirmó que con ese nuevo sistema monetario se rompen los paradigmas “del dólar depredador!!”, y se refirió a la compra aceite de soya a Bolivia mediante el Sucre, lo que convierte a las naciones en “libres económicamente”.
El pasado viernes 8, Venezuela y Bolivia cerraron la primera negociación pagada en Sucres. La transacción facturó en 4.241.680 sucres, y el pago correspondió a la compra de 5.000 toneladas cúbicas de aceite crudo de soya.
Aseveró que la nueva moneda es “liberadora en los económico y político... Viva la Independencia económica Latinoamericana. Es tiempo de los Pueblos!!”, expresó.
A questao do aborto: um artigo esclarecedor - Olavo de Carvalho
Independentemente do que se diga, ou se pense, do autor, notoriamente uma figura controversa no cenério político brasileiro, este artigo de sua lavra toca em todos os pontos fundamentais para uma discussão bem informada, e dotada de rigor lógico, sobre o assunto.
Paulo Roberto de Almeida
Lógica do abortismo
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 12.10.2010
O aborto só é uma questão moral porque ninguém conseguiu jamais provar, com certeza absoluta, que um feto é mera extensão do corpo da mãe ou um ser humano de pleno direito. A existência mesma da discussão interminável mostra que os argumentos de parte a parte soam inconvincentes a quem os ouve, se não também a quem os emite. Existe aí portanto uma dúvida legítima, que nenhuma resposta tem podido aplacar. Transposta ao plano das decisões práticas, essa dúvida transforma-se na escolha entre proibir ou autorizar um ato que tem cinqüenta por cento de chances de ser uma inocente operação cirúrgica como qualquer outra, ou de ser, em vez disso, um homicídio premeditado. Nessas condições, a única opção moralmente justificada é, com toda a evidência, abster-se de praticá-lo. À luz da razão, nenhum ser humano pode arrogar-se o direito de cometer livremente um ato que ele próprio não sabe dizer, com segurança, se é ou não um homicídio. Mais ainda: entre a prudência que evita correr o risco desse homicídio e a afoiteza que se apressa em cometê-lo em nome de tais ou quais benefícios sociais hipotéticos, o ônus da prova cabe, decerto, aos defensores da segunda alternativa. Jamais tendo havido um abortista capaz de provar com razões cabais a inumanidade dos fetos, seus adversários têm todo o direito, e até o dever indeclinável, de exigir que ele se abstenha de praticar uma ação cuja inocência é matéria de incerteza até para ele próprio.
Se esse argumento é evidente por si mesmo, é também manifesto que a quase totalidade dos abortistas opinantes hoje em dia não logra perceber o seu alcance, pela simples razão de que a opção pelo aborto supõe a incapacidade – ou, em certos casos, a má vontade criminosa – de apreender a noção de “espécie”. Espécie é um conjunto de traços comuns, inatos e inseparáveis, cuja presença enquadra um indivíduo, de uma vez para sempre, numa natureza que ele compartilha com outros tantos indivíduos. Pertencem à mesma espécie, eternamente, até mesmo os seus membros ainda não nascidos, inclusive os não gerados, que quando gerados e nascidos vierem a portar os mesmos traços comuns. Não é difícil compreender que os gatos do século XXIII, quando nascerem, serão gatos e não tomates.
A opção pelo abortismo exige, como condição prévia, a incapacidade ou recusa de apreender essa noção. Para o abortista, a condição de “ser humano” não é uma qualidade inata definidora dos membros da espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou não à humanidade é um consenso social, não a natureza das coisas.
O grau de confusão mental necessário para acreditar nessa idéia não é pequeno. Tanto que raramente os abortistas alegam de maneira clara e explícita essa premissa fundante dos seus argumentos. Em geral mantêm-na oculta, entre névoas (até para si próprios), porque pressentem que enunciá-la em voz alta seria desmascará-la, no ato, como presunção antropológica sem qualquer fundamento possível e, aliás, de aplicação catastrófica: se a condição de ser humano é uma convenção social, nada impede que uma convenção posterior a revogue, negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de homossexuais, de negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do momento, pareça inconveniente.
Com toda a clareza que se poderia exigir, a opção pelo abortismo repousa no apelo irracional à inexistente autoridade de conferir ou negar, a quem bem se entenda, o estatuto de ser humano, de bicho, de coisa ou de pedaço de coisa.
Não espanta que pessoas capazes de tamanho barbarismo mental sejam também imunes a outras imposições da consciência moral comum, como por exemplo o dever que um político tem de prestar contas dos compromissos assumidos por ele ou por seu partido. É com insensibilidade moral verdadeiramente sociopática que o sr. Lula da Silva e sua querida Dona Dilma, após terem subscrito o programa de um partido que ama e venera o aborto ao ponto de expulsar quem se oponha a essa idéia, saem ostentando inocência de qualquer cumplicidade com a proposta abortista.
Seria tolice esperar coerência moral de indivíduos que não respeitam nem mesmo o compromisso de reconhecer que as demais pessoas humanas pertencem à mesma espécie deles por natureza e não por uma generosa – e altamente revogável -- concessão da sua parte.
Também não é de espantar que, na ânsia de impor sua vontade de poder, mintam como demônios. Vejam os números de mulheres supostamente vítimas anuais do aborto ilegal, que eles alegam para enaltecer as virtudes sociais imaginárias do aborto legalizado. Eram milhões, baixaram para milhares, depois viraram algumas centenas. Agora parece que fecharam negócio em 180, quando o próprio SUS já admitiu que não passam de oito ou nove. É claro: se você não apreende ou não respeita nem mesmo a distinção entre espécies, como não seria também indiferente à exatidão das quantidades? Uma deformidade mental traz a outra embutida.
Aristóteles aconselhava evitar o debate com adversários incapazes de reconhecer ou de obedecer as regras elementares da busca da verdade. Se algum abortista desejasse a verdade, teria de reconhecer que é incapaz de provar a inumanidade dos fetos e admitir que, no fundo, eles serem humanos ou não é coisa que não interfere, no mais mínimo que seja, na sua decisão de matá-los. Mas confessar isso seria exibir um crachá de sociopata. E sociopatas, por definição e fatalidade intrínseca, vivem de parecer que não o são.
Paulo Roberto de Almeida
Lógica do abortismo
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 12.10.2010
O aborto só é uma questão moral porque ninguém conseguiu jamais provar, com certeza absoluta, que um feto é mera extensão do corpo da mãe ou um ser humano de pleno direito. A existência mesma da discussão interminável mostra que os argumentos de parte a parte soam inconvincentes a quem os ouve, se não também a quem os emite. Existe aí portanto uma dúvida legítima, que nenhuma resposta tem podido aplacar. Transposta ao plano das decisões práticas, essa dúvida transforma-se na escolha entre proibir ou autorizar um ato que tem cinqüenta por cento de chances de ser uma inocente operação cirúrgica como qualquer outra, ou de ser, em vez disso, um homicídio premeditado. Nessas condições, a única opção moralmente justificada é, com toda a evidência, abster-se de praticá-lo. À luz da razão, nenhum ser humano pode arrogar-se o direito de cometer livremente um ato que ele próprio não sabe dizer, com segurança, se é ou não um homicídio. Mais ainda: entre a prudência que evita correr o risco desse homicídio e a afoiteza que se apressa em cometê-lo em nome de tais ou quais benefícios sociais hipotéticos, o ônus da prova cabe, decerto, aos defensores da segunda alternativa. Jamais tendo havido um abortista capaz de provar com razões cabais a inumanidade dos fetos, seus adversários têm todo o direito, e até o dever indeclinável, de exigir que ele se abstenha de praticar uma ação cuja inocência é matéria de incerteza até para ele próprio.
Se esse argumento é evidente por si mesmo, é também manifesto que a quase totalidade dos abortistas opinantes hoje em dia não logra perceber o seu alcance, pela simples razão de que a opção pelo aborto supõe a incapacidade – ou, em certos casos, a má vontade criminosa – de apreender a noção de “espécie”. Espécie é um conjunto de traços comuns, inatos e inseparáveis, cuja presença enquadra um indivíduo, de uma vez para sempre, numa natureza que ele compartilha com outros tantos indivíduos. Pertencem à mesma espécie, eternamente, até mesmo os seus membros ainda não nascidos, inclusive os não gerados, que quando gerados e nascidos vierem a portar os mesmos traços comuns. Não é difícil compreender que os gatos do século XXIII, quando nascerem, serão gatos e não tomates.
A opção pelo abortismo exige, como condição prévia, a incapacidade ou recusa de apreender essa noção. Para o abortista, a condição de “ser humano” não é uma qualidade inata definidora dos membros da espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou não à humanidade é um consenso social, não a natureza das coisas.
O grau de confusão mental necessário para acreditar nessa idéia não é pequeno. Tanto que raramente os abortistas alegam de maneira clara e explícita essa premissa fundante dos seus argumentos. Em geral mantêm-na oculta, entre névoas (até para si próprios), porque pressentem que enunciá-la em voz alta seria desmascará-la, no ato, como presunção antropológica sem qualquer fundamento possível e, aliás, de aplicação catastrófica: se a condição de ser humano é uma convenção social, nada impede que uma convenção posterior a revogue, negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de homossexuais, de negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do momento, pareça inconveniente.
Com toda a clareza que se poderia exigir, a opção pelo abortismo repousa no apelo irracional à inexistente autoridade de conferir ou negar, a quem bem se entenda, o estatuto de ser humano, de bicho, de coisa ou de pedaço de coisa.
Não espanta que pessoas capazes de tamanho barbarismo mental sejam também imunes a outras imposições da consciência moral comum, como por exemplo o dever que um político tem de prestar contas dos compromissos assumidos por ele ou por seu partido. É com insensibilidade moral verdadeiramente sociopática que o sr. Lula da Silva e sua querida Dona Dilma, após terem subscrito o programa de um partido que ama e venera o aborto ao ponto de expulsar quem se oponha a essa idéia, saem ostentando inocência de qualquer cumplicidade com a proposta abortista.
Seria tolice esperar coerência moral de indivíduos que não respeitam nem mesmo o compromisso de reconhecer que as demais pessoas humanas pertencem à mesma espécie deles por natureza e não por uma generosa – e altamente revogável -- concessão da sua parte.
Também não é de espantar que, na ânsia de impor sua vontade de poder, mintam como demônios. Vejam os números de mulheres supostamente vítimas anuais do aborto ilegal, que eles alegam para enaltecer as virtudes sociais imaginárias do aborto legalizado. Eram milhões, baixaram para milhares, depois viraram algumas centenas. Agora parece que fecharam negócio em 180, quando o próprio SUS já admitiu que não passam de oito ou nove. É claro: se você não apreende ou não respeita nem mesmo a distinção entre espécies, como não seria também indiferente à exatidão das quantidades? Uma deformidade mental traz a outra embutida.
Aristóteles aconselhava evitar o debate com adversários incapazes de reconhecer ou de obedecer as regras elementares da busca da verdade. Se algum abortista desejasse a verdade, teria de reconhecer que é incapaz de provar a inumanidade dos fetos e admitir que, no fundo, eles serem humanos ou não é coisa que não interfere, no mais mínimo que seja, na sua decisão de matá-los. Mas confessar isso seria exibir um crachá de sociopata. E sociopatas, por definição e fatalidade intrínseca, vivem de parecer que não o são.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
"My" Economic Cold War: not so bad, anyway...
Now, an Economic Cold War: Old Realities, New Prospects
Paulo Roberto de Almeida *
Old Realities
The geopolitical Cold War is definitely closed, it seems. Besides “normal” political tensions and trade frictions between major powers, there are no more totally opposed conceptions about how to organize the world economically or politically. No one is saying something like “we’ll bury you”, as done in the past by a Soviet leader.
We are having now an economic Cold War, or sort of. Indeed, there is nothing capable of starting a full-scale confrontation among major powers. What we do have now are trade frictions and currency misalignments, over a post-crisis adjustment process. There is a dispute over how national economic policies should take into account their impacts over other countries’ economic situation. But, as Mark Twain could have argued, rumors about a global currency war are greatly exaggerated. We have not yet outlived the current financial crisis; this is just one among many others that affect dynamic markets since the beginnings of capitalism.
It is not entirely true that this crisis was created by the deregulation of the financial markets, although low regulation can indeed have facilitated the expansion of existing bubbles in some markets. The main culprit for the bubble, though, is the low level of interest rates established by central banks during too long a period. In the same manner, albeit in very different ways, that the old Lords of Finance of the Twenties created the crisis of the 1930s, by their action or inaction, the present crisis is the result of misguided policies by the new Lords of Finance.
It is also not true that this crisis is severe enough to justify a new Bretton Woods-like redrafting of the world economic order. Talks about a new financial architecture, or even about a redistribution of world economic and political power, are totally in contradiction with the more prosaic realities of our days. We are not at all in a post-major crisis arrangement, a sort of diplomatic complete reordering of the world after a cataclysmic seism, touching all and every major actor of the international scene. We are very far from that. Let’s look the precedents.
We are not in Wesphalia-1648. We are not in Vienna-1815. We are not in Paris or Versailles-1919. And we are not in Bretton-Woods-1944, or San Francisco-1945. We are not in any major re-founding of the international political and economic order. We simply are, nowadays, in the middle of our 1930s, trying to manage a big crisis by national responses, each one fitted to the specific circumstances of each country, and delinked from a major disaster affecting everyone and all countries.
To be more precise, we are somewhere between 1931 and 1933, still in the middle of a recession, but not in a depression. The level of unemployment is not as high as in 1933, and is probably in line with patterns of our days. World trade and financial flows are not as disrupted as in the 1930s, although economic liberalization regressed: we reverted to a light version of trade protectionism, without quotas.
This new economic Cold War arises from structural changes in the world economy, already on the move since the Eighties, when China started to flex its muscles again. At the same time, developing countries ceased to rely on national, inward-looking, projects for national development and opened themselves to foreign investment. Since then, the world economy has been transformed irrevocably.
But not everything, of course, has changed. The major decision-making institutions are still the same, with the same distribution of voting rights. IMF and World Bank are in the middle of their travails to find a new distribution of quotas. The collective voting power of China, India and Brazil is 20% less than that of Belgium, Netherlands and Italy, despite the fact that the joint GDP of the former countries is four times greater the size of their European counterparts; they have a population 29 times greater. Those are the reasons for this new economic Cold War.
How to manage those new realities in the economic realm, having as political leverages the same old structures of the decision-making process? That’s a tricky question, with no clear answer to the dilemma. To manage the world economy is a pretension that even the old G7 never reached to attain in its glorious days. Developed countries controlled then a big proportion of the world’s GDP, trade and financial flows. But they were never capable of coordinating their macroeconomic policies among themselves; never mind establishing rules and goals for the rest of the world.
Nowadays, with a painful free-fall in advanced economies, it is difficult to see what could be done to restore growth rates from their stagnating levels. Besides the cyclical problems affecting major economies, with the possible exception of China, India and a few other countries, we still have global challenges ahead, like poverty in less developed countries, decisions to be made regarding environmental matters, human rights violations in non-democratic countries, and many other relevant issues.
One single strategy would be the establishing of just one big goal for the world community: that has to be the promotion of global development, not exactly through assistance (the traditional Official Development Assistance), but primarily through real trade liberalization, especially in the farm sector, the only real possibility for the less-developed countries to become integrated into the world economy. The United States and European Union have a main responsibility in this domain.
It is highly unlikely that consensual proposals concerning global development could be arising from such a large body as the financial G20, too heterogeneous to be able to reach common positions. Perhaps, the best hope would be to have an evolution from the current G8 to a new G13. That means joining the leaders of the G8 together with five other big countries, namely Brazil, China, India, South Africa, and, either Indonesia or Mexico. Experience shows that small, informal bodies are more likely to deliver something meaningful than large institutionalized groups that get involved in bureaucratic foot-dragging and political entanglements.
New Prospects
What is to be done? The biggest problem in this approach of a G20-minus is acquiring the legitimacy that is involved in the act of speaking for the whole world community from the starting point of only 13 countries. To solve this quandary implies that the political leaders of these 13 countries would have to find a terrain of reciprocal confidence between them that has to be compatible with the representation at large they would be pretending to have from the whole community of nations.
Finding common grounds is a hard task to achieve. It will quite difficult to attain a perfect coordination of agendas between the big advanced and emerging countries and, together, among them and the international institutions. The world is simply not as globalized as required to attain this kind of interaction. Disparities of interests, differences of levels of development, imbalances between countries, many factors collude to render almost impossible this exercise of coordination.
A modest approach could be a more frequent interaction – once a year – between the leaders of the new G13. Sherpas of a special quality, meeting twice a year, could then be mobilized to discuss trade matters, environmental affairs, human rights protection, UN peace-keeping missions and the like, with specific mandates from their political leaders. But, don’t look at the UN for the organization of their agenda. It is difficult to implement anything through the UN, a too large and chaotic a body. Better to rely of the coordination of agendas of the three more important agencies for globalization: IMF, World Bank and WTO.
The main task of the “new sherpas” is to look for international economic coordination around relevant issues for the global community. A possible suggestion would be to try to establish a “global new deal”, exchanging extensive protection to investments and to proprietary riches (patents and the like), as well as other good microeconomic conditions for productive activity, from the side of developing countries (the recipients of FDI), against extensive licensing and effective investments and trade liberalization by rich countries and investors alike. This kind of deal, by extending property rights for the rich, could entail the strengthening of trade, financial and investment flows to the poor, giving a pretty little boost to globalization.
Traditional assistance for development, because it is ineffective, should be replaced, essentially, by a focus on educational improvements, that is, an extensive program for human resources qualification. Assistance as such should be limited to the implementation of a consistent program for eradicating most of infectious diseases in African countries and in some other developing countries. The main reason for the persistence of poverty in those countries is not the lack of resources, but the absence of governance and their non-integration into the world economy through trade links.
Assuming that the questions of democratic governance and human rights protection can be a conundrum for countries like China, or perhaps even Russia, the main target for the agenda of the new G13 could be the adoption of high standards for public governance in the technical meaning of this expression. It is a little too early to make democratic governance and respect for the human rights the decisive criteria for bilateral and-or multilateral cooperation. But these should be the ultimate goals of any kind of new global governance.
* Paulo Roberto de Almeida
Brazilian Diplomat, International Political Economy; Professor at University Center of Brasilia (Uniceub); (www.pralmeida.org)
[Shanghai, October 12, 2010]
Paulo Roberto de Almeida *
Old Realities
The geopolitical Cold War is definitely closed, it seems. Besides “normal” political tensions and trade frictions between major powers, there are no more totally opposed conceptions about how to organize the world economically or politically. No one is saying something like “we’ll bury you”, as done in the past by a Soviet leader.
We are having now an economic Cold War, or sort of. Indeed, there is nothing capable of starting a full-scale confrontation among major powers. What we do have now are trade frictions and currency misalignments, over a post-crisis adjustment process. There is a dispute over how national economic policies should take into account their impacts over other countries’ economic situation. But, as Mark Twain could have argued, rumors about a global currency war are greatly exaggerated. We have not yet outlived the current financial crisis; this is just one among many others that affect dynamic markets since the beginnings of capitalism.
It is not entirely true that this crisis was created by the deregulation of the financial markets, although low regulation can indeed have facilitated the expansion of existing bubbles in some markets. The main culprit for the bubble, though, is the low level of interest rates established by central banks during too long a period. In the same manner, albeit in very different ways, that the old Lords of Finance of the Twenties created the crisis of the 1930s, by their action or inaction, the present crisis is the result of misguided policies by the new Lords of Finance.
It is also not true that this crisis is severe enough to justify a new Bretton Woods-like redrafting of the world economic order. Talks about a new financial architecture, or even about a redistribution of world economic and political power, are totally in contradiction with the more prosaic realities of our days. We are not at all in a post-major crisis arrangement, a sort of diplomatic complete reordering of the world after a cataclysmic seism, touching all and every major actor of the international scene. We are very far from that. Let’s look the precedents.
We are not in Wesphalia-1648. We are not in Vienna-1815. We are not in Paris or Versailles-1919. And we are not in Bretton-Woods-1944, or San Francisco-1945. We are not in any major re-founding of the international political and economic order. We simply are, nowadays, in the middle of our 1930s, trying to manage a big crisis by national responses, each one fitted to the specific circumstances of each country, and delinked from a major disaster affecting everyone and all countries.
To be more precise, we are somewhere between 1931 and 1933, still in the middle of a recession, but not in a depression. The level of unemployment is not as high as in 1933, and is probably in line with patterns of our days. World trade and financial flows are not as disrupted as in the 1930s, although economic liberalization regressed: we reverted to a light version of trade protectionism, without quotas.
This new economic Cold War arises from structural changes in the world economy, already on the move since the Eighties, when China started to flex its muscles again. At the same time, developing countries ceased to rely on national, inward-looking, projects for national development and opened themselves to foreign investment. Since then, the world economy has been transformed irrevocably.
But not everything, of course, has changed. The major decision-making institutions are still the same, with the same distribution of voting rights. IMF and World Bank are in the middle of their travails to find a new distribution of quotas. The collective voting power of China, India and Brazil is 20% less than that of Belgium, Netherlands and Italy, despite the fact that the joint GDP of the former countries is four times greater the size of their European counterparts; they have a population 29 times greater. Those are the reasons for this new economic Cold War.
How to manage those new realities in the economic realm, having as political leverages the same old structures of the decision-making process? That’s a tricky question, with no clear answer to the dilemma. To manage the world economy is a pretension that even the old G7 never reached to attain in its glorious days. Developed countries controlled then a big proportion of the world’s GDP, trade and financial flows. But they were never capable of coordinating their macroeconomic policies among themselves; never mind establishing rules and goals for the rest of the world.
Nowadays, with a painful free-fall in advanced economies, it is difficult to see what could be done to restore growth rates from their stagnating levels. Besides the cyclical problems affecting major economies, with the possible exception of China, India and a few other countries, we still have global challenges ahead, like poverty in less developed countries, decisions to be made regarding environmental matters, human rights violations in non-democratic countries, and many other relevant issues.
One single strategy would be the establishing of just one big goal for the world community: that has to be the promotion of global development, not exactly through assistance (the traditional Official Development Assistance), but primarily through real trade liberalization, especially in the farm sector, the only real possibility for the less-developed countries to become integrated into the world economy. The United States and European Union have a main responsibility in this domain.
It is highly unlikely that consensual proposals concerning global development could be arising from such a large body as the financial G20, too heterogeneous to be able to reach common positions. Perhaps, the best hope would be to have an evolution from the current G8 to a new G13. That means joining the leaders of the G8 together with five other big countries, namely Brazil, China, India, South Africa, and, either Indonesia or Mexico. Experience shows that small, informal bodies are more likely to deliver something meaningful than large institutionalized groups that get involved in bureaucratic foot-dragging and political entanglements.
New Prospects
What is to be done? The biggest problem in this approach of a G20-minus is acquiring the legitimacy that is involved in the act of speaking for the whole world community from the starting point of only 13 countries. To solve this quandary implies that the political leaders of these 13 countries would have to find a terrain of reciprocal confidence between them that has to be compatible with the representation at large they would be pretending to have from the whole community of nations.
Finding common grounds is a hard task to achieve. It will quite difficult to attain a perfect coordination of agendas between the big advanced and emerging countries and, together, among them and the international institutions. The world is simply not as globalized as required to attain this kind of interaction. Disparities of interests, differences of levels of development, imbalances between countries, many factors collude to render almost impossible this exercise of coordination.
A modest approach could be a more frequent interaction – once a year – between the leaders of the new G13. Sherpas of a special quality, meeting twice a year, could then be mobilized to discuss trade matters, environmental affairs, human rights protection, UN peace-keeping missions and the like, with specific mandates from their political leaders. But, don’t look at the UN for the organization of their agenda. It is difficult to implement anything through the UN, a too large and chaotic a body. Better to rely of the coordination of agendas of the three more important agencies for globalization: IMF, World Bank and WTO.
The main task of the “new sherpas” is to look for international economic coordination around relevant issues for the global community. A possible suggestion would be to try to establish a “global new deal”, exchanging extensive protection to investments and to proprietary riches (patents and the like), as well as other good microeconomic conditions for productive activity, from the side of developing countries (the recipients of FDI), against extensive licensing and effective investments and trade liberalization by rich countries and investors alike. This kind of deal, by extending property rights for the rich, could entail the strengthening of trade, financial and investment flows to the poor, giving a pretty little boost to globalization.
Traditional assistance for development, because it is ineffective, should be replaced, essentially, by a focus on educational improvements, that is, an extensive program for human resources qualification. Assistance as such should be limited to the implementation of a consistent program for eradicating most of infectious diseases in African countries and in some other developing countries. The main reason for the persistence of poverty in those countries is not the lack of resources, but the absence of governance and their non-integration into the world economy through trade links.
Assuming that the questions of democratic governance and human rights protection can be a conundrum for countries like China, or perhaps even Russia, the main target for the agenda of the new G13 could be the adoption of high standards for public governance in the technical meaning of this expression. It is a little too early to make democratic governance and respect for the human rights the decisive criteria for bilateral and-or multilateral cooperation. But these should be the ultimate goals of any kind of new global governance.
* Paulo Roberto de Almeida
Brazilian Diplomat, International Political Economy; Professor at University Center of Brasilia (Uniceub); (www.pralmeida.org)
[Shanghai, October 12, 2010]
Economic Cold War: Warnings of Currency Conflict
As Mark Twain could argue, rumors about a global currency war are greatly exaggerated.
Paulo Roberto de Almeida
Economist Raghuram Rajan Warns of Currency Conflict
Der Spiegel, October 12, 2010
In a SPIEGEL interview, renowned Chicago-based economist Raghuram Rajan discusses the dangers of a global currency war, the risks of persistently low interest rates and the growing income and wealth inequality in the United States
http://www.spiegel.de/international/business/0,1518,722520,00.html#ref=nlint
Paulo Roberto de Almeida
Economist Raghuram Rajan Warns of Currency Conflict
Der Spiegel, October 12, 2010
In a SPIEGEL interview, renowned Chicago-based economist Raghuram Rajan discusses the dangers of a global currency war, the risks of persistently low interest rates and the growing income and wealth inequality in the United States
http://www.spiegel.de/international/business/0,1518,722520,00.html#ref=nlint
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