Inacreditável. Pensei que o Brasil estivesse ao abrigo de regressões no plano da democracia, mas eu estava enganado.
Se depender de alguns, censura à imprensa, controle dos meios de comunicação, restrições à livre expressão do pensamento vão começar a se insinuar aqui também, como já vem ocorrendo, infelizmente, nesses países que guardam uma tênue relação com o grande libertador da era das independências.
Lamentavelmente o nome de Simón Bolívar vem sendo associado à diminuição das liberdades, o que constitui obviamente uma ofensa à sua memória.
Para quem duvida que isso esteja ocorrendo no Brasil, veja aqui os celerados em ação no Ceará, neste link.
Por isso mesmo, em tempos orwellianos, de ameaças à modesta (e por certo deformada) democracia que temos, ninguém pode se eximir de dizer claramente de que lado está.
Eu já fiz a minha parte:
Paulo Roberto de Almeida
Movimento em Defesa da Democracia
Já são mais de 90 mil assinaturas numa rede do Movimento em Defesa da Democracia, da liberdade de expressão, contra a corrupção e favor da vida e da verdade.
São graves as mentiras, as agressões, inclusive físicas, perpetradas pelos apoiadores e pela candidata do Governo. A imprensa, a Justiça e o MP divulgam mais casos de corrupção envolvendo pessoas muito proximas da candidata, inclusive o tesoureiro do PT.
Vejam no site www.defesadademocracia.com.br artigos, noticias e depoimentos de Paulo Brossard, Helio Bicudo, Fernando Henrique Cardoso, Aristides Junqueira, José Gregori, Almir Pazzianotto e tantos outros em favor da democracia e contra a corrupção.
O Brasil não ficará calado a tais atos. Reagirá nas urnas.
MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Ils sont fous, ces Gaulois (eu até diria outra coisa menos distinguida)
Como eu prometi que não iria mais chamar ninguém de idiota, vou abster-me, ainda desta vez, mas esta é a vontade que dá, ao assistir a essas manifestações absolutamente estúpidas dos franceses, jovens, velhos, sindicalistas, independentes, estudantes do ciclo médio, desempregados, enfim, todo mundo e seus cachorros e gatos estão fazendo manifestações esses dias, e o país já começa a ficar sem gasolina.
E contra quem eles manifestam?
Contra Sarkozy?
Não; pelo menos não de fato.
Eles manifestam contra eles mesmos, esses estúpidos franceses.
Pois é evidente: eles aprovaram, vinte anos atrás, essa aposentadoria simbólica aos 60 anos, e agora não conseguem se libertar da camisa de força.
À medida que a sociedade vai ficando mais velha, e eles vão vivendo mais, está claro que não se poderia manter as mesmas regras, sob risco de o dinheiro simplesmente acabar.
No mesmo momento, o governo britânica corta 25% do orçamento, despede 460 mil funcionários públicos e aumenta a idade de aposentadoria para 66 anos.
E pensar que os franceses estão protestando desse modo ante um simples aumento de 2 anos, de 60 a 62 anos, mas, isso, apenas em oito anos. Ou seja, quase nada.
Eles pensam manifestar contra o governo e estão simplesmente dando um tiro no pé.
Acho que não vou resistir e vou chamá-los de idiotas.
Paulo Roberto de Almeida
E contra quem eles manifestam?
Contra Sarkozy?
Não; pelo menos não de fato.
Eles manifestam contra eles mesmos, esses estúpidos franceses.
Pois é evidente: eles aprovaram, vinte anos atrás, essa aposentadoria simbólica aos 60 anos, e agora não conseguem se libertar da camisa de força.
À medida que a sociedade vai ficando mais velha, e eles vão vivendo mais, está claro que não se poderia manter as mesmas regras, sob risco de o dinheiro simplesmente acabar.
No mesmo momento, o governo britânica corta 25% do orçamento, despede 460 mil funcionários públicos e aumenta a idade de aposentadoria para 66 anos.
E pensar que os franceses estão protestando desse modo ante um simples aumento de 2 anos, de 60 a 62 anos, mas, isso, apenas em oito anos. Ou seja, quase nada.
Eles pensam manifestar contra o governo e estão simplesmente dando um tiro no pé.
Acho que não vou resistir e vou chamá-los de idiotas.
Paulo Roberto de Almeida
SAE-PR: Secretaria de Assuntos da Erenice da PR (e de outras esferas, tambem...)
Parece que os negócios prosperam no cerrado central, mais especificamente no planalto central, ainda mais exatamente num palácio central, mais ou menos nas proximidades de outro escritório central, que parece ter o poder mágico de transformar ovos podres em ovos de ouro. A mamãe gansa tem jeito de gansa, aliás, como se deduz pelas fotos maldosas da imprensa.
Paulo Roberto de Almeida
Sindicância aponta novos elos do caso Erenice na Presidência
Diego Casagrande
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Deu na Folha Online: O esquema de tráfico de influência comandado pelo filho da ex-ministra Erenice Guerra usava não apenas a estrutura da Casa Civil mas também a de pelo menos outros dois órgãos da Presidência da República: a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), informa reportagem de Andreza Matais e Felipe Coutinho, publicada nesta quarta-feira pela Folha.
Computadores e funcionários dessas outras duas repartições foram utilizados pelo grupo de amigos de Israel Guerra, filho de Erenice que era peça central do contato de empresários com negócios do governo --cobrando uma "taxa de sucesso" pelo tráfico de influência.
Esses novos braços do tráfico de influência foram identificados pela sindicância interna do Planalto que investiga a participação de servidores no esquema de tráfico de influência no órgão e cuja investigação corre em sigilo.
A comissão descobriu que o computador que era utilizado por Gabriel Laender na SAE foi acessado várias vezes com a senha de Vinícius Castro, ex-assessor da Casa Civil e sócio de um filho de Erenice na Capital, empresa da família Guerra que intermediava negócios com o governo.
OUTRO LADO
Questionada sobre as motivações para levar Gabriel Laender para o governo federal, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff disse que não o conhecia e passou a responsabilidade para Erenice Guerra, que era a número dois da pasta.
"A ministra Dilma Rousseff não conhece o referido servidor e as nomeações de DAS 102.4 [cargo de Laender] são de responsabilidade da Secretaria Executiva da Casa Civil", afirmou, por meio de sua assessoria.
Postado por Diego Casagrande - jornalista às 10:25
=================
Addendum em 21.10.2010:
Não tinha idéia de que a SAE, um órgão de Estado -- seria preciso sublinhar TRÊS VEZES, e colocar em BOLD, que se trata de UM órgão de Estado -- se desmereceria ao também entrar na campanha eleitoral.
Estou ainda mais surpreendido que o tenha feito de forma tão canhestra, tão equivocadamente simplista, tão atrozmente reducionista como a mensagem abaixo encaminhada pelo titular desse "Serviço dos Assuntos da Erenice" (antigamente conhecida como SAE):
VOTAR EM DILMA PARA MANTER O CRÉDITO EXTERNO!!!!!!!!
Com FHC, em dezembro de 1995, a dívida externa pública era de 38 bilhões de reais e passou para 237 bilhões de reais em 2002.
Com Lula, a dívida externa caiu 237 bilhões de reais e se transformou em um crédito de 287 bilhões de reais em 2009.
Com FHC, a dívida se multiplicou por seis!!!!!
Com Lula, o Brasil passou de devedor a credor!!!!!
É preciso comparar!!!
VOTAR EM DILMA É GARANTIR O BRASIL CREDOR!!!!!!!
Se existisse um Conselho de Ética nesse governo -- mas isso estaria em total contradição com o próprio -- o titular desse serviço partidário já teria sido chamado a se explicar e certamente mereceria uma sanção, no mínimo.
A que ponto chegamos...
Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
Sindicância aponta novos elos do caso Erenice na Presidência
Diego Casagrande
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Deu na Folha Online: O esquema de tráfico de influência comandado pelo filho da ex-ministra Erenice Guerra usava não apenas a estrutura da Casa Civil mas também a de pelo menos outros dois órgãos da Presidência da República: a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), informa reportagem de Andreza Matais e Felipe Coutinho, publicada nesta quarta-feira pela Folha.
Computadores e funcionários dessas outras duas repartições foram utilizados pelo grupo de amigos de Israel Guerra, filho de Erenice que era peça central do contato de empresários com negócios do governo --cobrando uma "taxa de sucesso" pelo tráfico de influência.
Esses novos braços do tráfico de influência foram identificados pela sindicância interna do Planalto que investiga a participação de servidores no esquema de tráfico de influência no órgão e cuja investigação corre em sigilo.
A comissão descobriu que o computador que era utilizado por Gabriel Laender na SAE foi acessado várias vezes com a senha de Vinícius Castro, ex-assessor da Casa Civil e sócio de um filho de Erenice na Capital, empresa da família Guerra que intermediava negócios com o governo.
OUTRO LADO
Questionada sobre as motivações para levar Gabriel Laender para o governo federal, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff disse que não o conhecia e passou a responsabilidade para Erenice Guerra, que era a número dois da pasta.
"A ministra Dilma Rousseff não conhece o referido servidor e as nomeações de DAS 102.4 [cargo de Laender] são de responsabilidade da Secretaria Executiva da Casa Civil", afirmou, por meio de sua assessoria.
Postado por Diego Casagrande - jornalista às 10:25
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Addendum em 21.10.2010:
Não tinha idéia de que a SAE, um órgão de Estado -- seria preciso sublinhar TRÊS VEZES, e colocar em BOLD, que se trata de UM órgão de Estado -- se desmereceria ao também entrar na campanha eleitoral.
Estou ainda mais surpreendido que o tenha feito de forma tão canhestra, tão equivocadamente simplista, tão atrozmente reducionista como a mensagem abaixo encaminhada pelo titular desse "Serviço dos Assuntos da Erenice" (antigamente conhecida como SAE):
VOTAR EM DILMA PARA MANTER O CRÉDITO EXTERNO!!!!!!!!
Com FHC, em dezembro de 1995, a dívida externa pública era de 38 bilhões de reais e passou para 237 bilhões de reais em 2002.
Com Lula, a dívida externa caiu 237 bilhões de reais e se transformou em um crédito de 287 bilhões de reais em 2009.
Com FHC, a dívida se multiplicou por seis!!!!!
Com Lula, o Brasil passou de devedor a credor!!!!!
É preciso comparar!!!
VOTAR EM DILMA É GARANTIR O BRASIL CREDOR!!!!!!!
Se existisse um Conselho de Ética nesse governo -- mas isso estaria em total contradição com o próprio -- o titular desse serviço partidário já teria sido chamado a se explicar e certamente mereceria uma sanção, no mínimo.
A que ponto chegamos...
Paulo Roberto de Almeida
Mercosul como "questao de honra" para o Brasil: as much?
Nao sabia que um processo de integraçao economica, que passa primeiro pela liberalizacao comercial -- ainda nao realizada, diga-se de passagem -- se converteu numa "questao de honra" para o presidente, o que quer dizer para o pais tambem.
Bem, se o fortalecimento do Mercosul tem essa caracteristica, entao precisa examinar quao fortalecido ele esta'...
Paulo Roberto de Almeida
Amorim: 'Mercosul foi questão de honra para Lula'
Nelson Oliveira
Agência Senado, 19/10/2010 - 21h54
Em seu discurso de terça-feira (18) frente ao Parlamento do Mercosul (Parlasul), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, chamou a atenção dos parlamentares e ministros para a atuação do presidente Luis Inácio Lula da Silva no que se refere ao Mercosul e criticou os que chamou de "descrentes" da integração. Mencionou também os que alimentaram falsas rivalidades entre os países para dividi-los e manter hegemonia econômica na região.
Depois de lembrar que o bloco está próximo de completar 20 anos, e pedir uma reflexão sobre o caminho percorrido e o futuro do Mercosul, o chanceler brasileiro assinalou que Lula fez da integração da América do Sul "a prioridade número um da política externa brasileira.
- O presidente Lula transformou o fortalecimento do Mercosul em uma questão de honra do seu governo - afirmou Amorim.
De acordo com o chanceler, a próxima Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no dia 17 de dezembro, será carregada de simbolismo para o Brasil, pois coincidirá com a conclusão dos oito anos do governo Lula, numa conjuntura que classificou de "francamente favorável às economias" de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e ao projeto de integração regional.
- Estamos organizando os eventos da Cúpula de maneira a refletir este momento especial - anunciou Amorim, que garantiu a presença de Lula no evento.
Solidariedade
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, em 8 anos de governo Lula, o Brasil investiu em "uma nova concepção da integração regional" mesclando os aspectos econômicos e sociais dentro de um "agudo sentido de solidariedade".
De acordo com o chanceler, na última crise econômica mundial, em 2008 e 2009, os países do bloco agiram de maneira bastante semelhante em termos de políticas econômicas e sociais, o que os ajudou a superar o quadro de estagnação que tomou conta dos Estados Unidos e da Europa.
- Com políticas sociais e econômicas que robusteceram nossos mercados domésticos e com a diversificação de nossas parcerias comerciais, os nossos Estados enfrentaram a crise financeira internacional e mantiveram o dinamismo econômico que se vinha acumulando nos últimos anos - disse Amorim.
Ex-quintal
Segundo ele, em 2010, esses países crescerão, em média, 7%, segundo dados da Comissão Econômica para a América latina e o Caribe (Cepal). O Paraguai avança para a taxa de 10% de crescimento e o comércio dentro do bloco deve superar as cifras recordes de 2008.
- Deve ser motivo de orgulho para todos nós o fato de que a capa da revista britânica The Economist recentemente reproduziu o mapa da América do Sul numa imagem que diríamos estar de cabeça para baixo, com o título de "América do Sul não é mais quintal de ninguém" - ilustrou o ministro brasileiro.
Bem, se o fortalecimento do Mercosul tem essa caracteristica, entao precisa examinar quao fortalecido ele esta'...
Paulo Roberto de Almeida
Amorim: 'Mercosul foi questão de honra para Lula'
Nelson Oliveira
Agência Senado, 19/10/2010 - 21h54
Em seu discurso de terça-feira (18) frente ao Parlamento do Mercosul (Parlasul), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, chamou a atenção dos parlamentares e ministros para a atuação do presidente Luis Inácio Lula da Silva no que se refere ao Mercosul e criticou os que chamou de "descrentes" da integração. Mencionou também os que alimentaram falsas rivalidades entre os países para dividi-los e manter hegemonia econômica na região.
Depois de lembrar que o bloco está próximo de completar 20 anos, e pedir uma reflexão sobre o caminho percorrido e o futuro do Mercosul, o chanceler brasileiro assinalou que Lula fez da integração da América do Sul "a prioridade número um da política externa brasileira.
- O presidente Lula transformou o fortalecimento do Mercosul em uma questão de honra do seu governo - afirmou Amorim.
De acordo com o chanceler, a próxima Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no dia 17 de dezembro, será carregada de simbolismo para o Brasil, pois coincidirá com a conclusão dos oito anos do governo Lula, numa conjuntura que classificou de "francamente favorável às economias" de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e ao projeto de integração regional.
- Estamos organizando os eventos da Cúpula de maneira a refletir este momento especial - anunciou Amorim, que garantiu a presença de Lula no evento.
Solidariedade
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, em 8 anos de governo Lula, o Brasil investiu em "uma nova concepção da integração regional" mesclando os aspectos econômicos e sociais dentro de um "agudo sentido de solidariedade".
De acordo com o chanceler, na última crise econômica mundial, em 2008 e 2009, os países do bloco agiram de maneira bastante semelhante em termos de políticas econômicas e sociais, o que os ajudou a superar o quadro de estagnação que tomou conta dos Estados Unidos e da Europa.
- Com políticas sociais e econômicas que robusteceram nossos mercados domésticos e com a diversificação de nossas parcerias comerciais, os nossos Estados enfrentaram a crise financeira internacional e mantiveram o dinamismo econômico que se vinha acumulando nos últimos anos - disse Amorim.
Ex-quintal
Segundo ele, em 2010, esses países crescerão, em média, 7%, segundo dados da Comissão Econômica para a América latina e o Caribe (Cepal). O Paraguai avança para a taxa de 10% de crescimento e o comércio dentro do bloco deve superar as cifras recordes de 2008.
- Deve ser motivo de orgulho para todos nós o fato de que a capa da revista britânica The Economist recentemente reproduziu o mapa da América do Sul numa imagem que diríamos estar de cabeça para baixo, com o título de "América do Sul não é mais quintal de ninguém" - ilustrou o ministro brasileiro.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Contra a burrice voluntaria (2): o caso da falsa "privatizacao" da Petrobras
Continuo minha campanha nao apenas contra a idiotice consumada, mas contra o terrorismo eleitoral, desta vez abordando o caso da Petrobras, centro de polemicas geralmente viciadas desde sua fundacao.
Paulo Roberto de Almeida
Privatização: farsa e realidade
Paulo Renato de Souza
Ao sentir que a derrota de sua candidata é uma hipótese real, o lulopetismo apela para uma velha artimanha, como tentativa de se perpetuar no poder. Tenta fazer com Serra o que fez com Alckmin em 2006: colocar no candidato tucano a pecha de “privatista”, que, se eleito irá privatizar a Petrobrás, os Correios, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. É óbvio que se trata de uma mentira deslavada.
Há quatro anos, a mentira petista deu dividendos eleitoreiros, mas hoje seu caráter farsesco é tão visível que só cai no conto do vigário, quem for muito ingênuo. O PSDB foi governo por oito anos e jamais – repito, jamais, cogitou privatizar qualquer uma das empresas citadas. No caso da Petrobrás, há uma carta do presidente Fernando Henrique ao Senado, que está nos arquivos da Casa, onde se comprometeu a não privatizar a estatal. Portanto, é pura má-fé a afirmação do atual presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli de que FHC queria privatizá-la e que este é o plano de Serra.
José Serra já deixou claro o que fará caso seja eleito. Estas estatais não serão privatizadas. Elas serão “reestatizadas” e voltarão a ser propriedade dos brasileiros. No governo Lula, as estatais não são mais empresas públicas, pois foram apropriadas pelo patrimonialismo tradicional ou por sua versão mais “moderna”: o aparelhamento promovido pelo PT. Foi deste aparelhamento que surgiu uma nova casta, formada por antigos petistas e sindicalistas hoje aboletados em fundos de pensão, diretorias de estatais e na administração direta. Ao tomar de assalto a máquina do Estado, a nova casta não teve pruridos, tanto para “servir” ao seu partido, como para locupletar-se.
Os ganhos da privatização
O concreto é que as privatizações trouxeram enormes ganhos para o país. Privatizada ainda no governo de Itamar Franco, a Embraer é hoje a terceira maior companhia de aviação do mundo e líder mundial em vários segmentos ,como o de caças subsônicos. Depois de sua privatização, a Vale do Rio Doce, exporta mais, gera mais emprego e paga mais impostos do que quando era estatal. Hoje, a Vale é uma empresa global e uma das maiores mineradoras do mundo.
O que seria do Brasil se o Partido dos Trabalhadores tivesse sido vitorioso na sua resistência à privatização das teles? Estaríamos ainda naquilo que Serra chamou de o “País dos orelhões”, onde telefone era coisa de rico. E era mesmo, pois uma linha de telefonia fixa chegava a custar quatro mil dólares. Celular? Isto era coisa para gente com muita grana. Como suas teses não vingaram, temos hoje a universalização da telefonia. Agora existem no Brasil 180 milhões de celulares e a banda larga se expande a ritmo cada vez mais crescente, possibilitando a milhões e milhões de brasileiros o acesso à Internet.
O editorial do Estadão “A Repetição de um velho ardil” faz um balanço perfeito dos benefícios das privatizações: “O processo de desestatização, intensificado nas administrações Itamar Franco e Fernando Henrique, abrangendo os setores siderúrgicos, de mineração, da indústria aeronáutica e, de modo especial, os serviços bancários e as telecomunicações, foi peça essencial para consolidar a base dos avanços nos últimos 15 anos”.
“Privatização perversa”
Apesar de todo discurso ideológico contra as privatizações, Lula e o PT, em oito anos de governo, não reestatizaram uma só das empresas privatizadas. Em compensação promoveram uma espécie de “privatização perversa” de empresas estatais estratégicas. Vejamos dois casos: os Correios e a Petrobrás.
Antes do governo Lula, a Empresa Brasileira de Correios era uma das instituições mais bem avaliadas pelos brasileiros, tal a qualidade de seus serviços. Desde que Lula chegou ao poder, virou palco de escândalo e de ineficiência. Loteada entre os partidos da base aliada, a estatal foi palco de “guerra intestina” e viu seu nome ligado à CPMI que investigou o “mensalão”. Em seguida, Lula entregou seu comando ao PMDB, de “porteira fechada”. Em vez de dividida em vários feudos, a empresa passou a ser um “grande curral”, com um único dono.
Como se tudo isto fosse pouco, temos agora o escândalo do “Erenicegate”, do qual apareceu apenas a ponta do iceberg. O caos nos Correios é de tal ordem que o governo Lula só não mudou ainda toda a sua diretoria para não trazer novos prejuízos para a campanha de Dilma. Mas a queda do seu presidente, um homem de confiança de Erenice Guerra, é questão de dias.
A politização da Petrobrás
A politização da Petrobrás, promovida pelo seu presidente, o petista José Sérgio Gabrielli, fez com que a maior estatal do país perdesse quase US$ 100 bilhões de valores de mercado. A empresa está sendo mal avaliada em relatórios de bancos e no portfólio da administração Gabrielli há um recorde vergonhoso: a ação da Petrobrás é a única que perde do Ibovespa em um ano.
Em vez de enfrentar os problemas de gestão da empresa, seu atual presidente adota a postura de cabo eleitoral de Dilma e deixa a estrutura da Petrobrás ser utilizada em favor da candidata petista, como denunciou o jornal O Globo, além de bancar revista da CUT proibida de circular pela Justiça eleitoral por fazer, descaradamente, propaganda da candidata de Lula. Não satisfeito, dá entrevistas onde repete a cantilena de que o plano de Serra é privatizar a Petrobrás. Suas declarações parecem um jogo combinado com os estrategistas da campanha governista.
A quem ele prejudica, ao politizar a Petrobrás? Claro que a todos nós brasileiros - os verdadeiros donos da maior estatal do país. Mas, antes de tudo, está fazendo mal à própria Petrobrás. É como disse Fernando Henrique: “a politicalha voltou a avançar sobre a estatal” após sua saída do governo. “Por isto perdeu 20% do valor de mercado sob a batuta dessa gente.”
Seria fácil esclarecer toda a celeuma sobre as privatizações. Bastaria Lula aceitar o desafio de Fernando Henrique para um debate “cara a cara” entre os dois, após o fim das eleições. Mas quem disse que Lula está interessado no restabelecimento da verdade?
Paulo Roberto de Almeida
Privatização: farsa e realidade
Paulo Renato de Souza
Ao sentir que a derrota de sua candidata é uma hipótese real, o lulopetismo apela para uma velha artimanha, como tentativa de se perpetuar no poder. Tenta fazer com Serra o que fez com Alckmin em 2006: colocar no candidato tucano a pecha de “privatista”, que, se eleito irá privatizar a Petrobrás, os Correios, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. É óbvio que se trata de uma mentira deslavada.
Há quatro anos, a mentira petista deu dividendos eleitoreiros, mas hoje seu caráter farsesco é tão visível que só cai no conto do vigário, quem for muito ingênuo. O PSDB foi governo por oito anos e jamais – repito, jamais, cogitou privatizar qualquer uma das empresas citadas. No caso da Petrobrás, há uma carta do presidente Fernando Henrique ao Senado, que está nos arquivos da Casa, onde se comprometeu a não privatizar a estatal. Portanto, é pura má-fé a afirmação do atual presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli de que FHC queria privatizá-la e que este é o plano de Serra.
José Serra já deixou claro o que fará caso seja eleito. Estas estatais não serão privatizadas. Elas serão “reestatizadas” e voltarão a ser propriedade dos brasileiros. No governo Lula, as estatais não são mais empresas públicas, pois foram apropriadas pelo patrimonialismo tradicional ou por sua versão mais “moderna”: o aparelhamento promovido pelo PT. Foi deste aparelhamento que surgiu uma nova casta, formada por antigos petistas e sindicalistas hoje aboletados em fundos de pensão, diretorias de estatais e na administração direta. Ao tomar de assalto a máquina do Estado, a nova casta não teve pruridos, tanto para “servir” ao seu partido, como para locupletar-se.
Os ganhos da privatização
O concreto é que as privatizações trouxeram enormes ganhos para o país. Privatizada ainda no governo de Itamar Franco, a Embraer é hoje a terceira maior companhia de aviação do mundo e líder mundial em vários segmentos ,como o de caças subsônicos. Depois de sua privatização, a Vale do Rio Doce, exporta mais, gera mais emprego e paga mais impostos do que quando era estatal. Hoje, a Vale é uma empresa global e uma das maiores mineradoras do mundo.
O que seria do Brasil se o Partido dos Trabalhadores tivesse sido vitorioso na sua resistência à privatização das teles? Estaríamos ainda naquilo que Serra chamou de o “País dos orelhões”, onde telefone era coisa de rico. E era mesmo, pois uma linha de telefonia fixa chegava a custar quatro mil dólares. Celular? Isto era coisa para gente com muita grana. Como suas teses não vingaram, temos hoje a universalização da telefonia. Agora existem no Brasil 180 milhões de celulares e a banda larga se expande a ritmo cada vez mais crescente, possibilitando a milhões e milhões de brasileiros o acesso à Internet.
O editorial do Estadão “A Repetição de um velho ardil” faz um balanço perfeito dos benefícios das privatizações: “O processo de desestatização, intensificado nas administrações Itamar Franco e Fernando Henrique, abrangendo os setores siderúrgicos, de mineração, da indústria aeronáutica e, de modo especial, os serviços bancários e as telecomunicações, foi peça essencial para consolidar a base dos avanços nos últimos 15 anos”.
“Privatização perversa”
Apesar de todo discurso ideológico contra as privatizações, Lula e o PT, em oito anos de governo, não reestatizaram uma só das empresas privatizadas. Em compensação promoveram uma espécie de “privatização perversa” de empresas estatais estratégicas. Vejamos dois casos: os Correios e a Petrobrás.
Antes do governo Lula, a Empresa Brasileira de Correios era uma das instituições mais bem avaliadas pelos brasileiros, tal a qualidade de seus serviços. Desde que Lula chegou ao poder, virou palco de escândalo e de ineficiência. Loteada entre os partidos da base aliada, a estatal foi palco de “guerra intestina” e viu seu nome ligado à CPMI que investigou o “mensalão”. Em seguida, Lula entregou seu comando ao PMDB, de “porteira fechada”. Em vez de dividida em vários feudos, a empresa passou a ser um “grande curral”, com um único dono.
Como se tudo isto fosse pouco, temos agora o escândalo do “Erenicegate”, do qual apareceu apenas a ponta do iceberg. O caos nos Correios é de tal ordem que o governo Lula só não mudou ainda toda a sua diretoria para não trazer novos prejuízos para a campanha de Dilma. Mas a queda do seu presidente, um homem de confiança de Erenice Guerra, é questão de dias.
A politização da Petrobrás
A politização da Petrobrás, promovida pelo seu presidente, o petista José Sérgio Gabrielli, fez com que a maior estatal do país perdesse quase US$ 100 bilhões de valores de mercado. A empresa está sendo mal avaliada em relatórios de bancos e no portfólio da administração Gabrielli há um recorde vergonhoso: a ação da Petrobrás é a única que perde do Ibovespa em um ano.
Em vez de enfrentar os problemas de gestão da empresa, seu atual presidente adota a postura de cabo eleitoral de Dilma e deixa a estrutura da Petrobrás ser utilizada em favor da candidata petista, como denunciou o jornal O Globo, além de bancar revista da CUT proibida de circular pela Justiça eleitoral por fazer, descaradamente, propaganda da candidata de Lula. Não satisfeito, dá entrevistas onde repete a cantilena de que o plano de Serra é privatizar a Petrobrás. Suas declarações parecem um jogo combinado com os estrategistas da campanha governista.
A quem ele prejudica, ao politizar a Petrobrás? Claro que a todos nós brasileiros - os verdadeiros donos da maior estatal do país. Mas, antes de tudo, está fazendo mal à própria Petrobrás. É como disse Fernando Henrique: “a politicalha voltou a avançar sobre a estatal” após sua saída do governo. “Por isto perdeu 20% do valor de mercado sob a batuta dessa gente.”
Seria fácil esclarecer toda a celeuma sobre as privatizações. Bastaria Lula aceitar o desafio de Fernando Henrique para um debate “cara a cara” entre os dois, após o fim das eleições. Mas quem disse que Lula está interessado no restabelecimento da verdade?
Contra a burrice voluntaria (1): o caso da privatizacao siderurgica
Como sabem todos os que frenquentam este blog, tenho horror 'a desonestidade intelectual (mas creio que o "intelectual" nao se aplica na maior parte dos casos). Mas tambem tenho alergia 'a burrice voluntaria, que nao e' aquela derivada da ignorancia involuntaria -- de quem nao teve oportunidade de estudo, por exemplo -- mas aquela daqueles que, tendo tido a chance de estudar, ou pelo menos de se informar, preferem se manter estupidos, e de ma-fe' espalhar a sua idiotice por ai.
Algo desse genero ocorre atualmente com as privatizacoes, que vem sendo usadas como fantasma eleitoral.
Ontem mesmo recebi um email alarmista, como todo jeito de ser montagem, que relatava um encontro do ex-presidente FHC com investidores estrangeiros no qual ele prometia privatizar imediatamente a Petrobras, assim que o Serra ganhasse as eleicoes. Isso nao e' apenas desinformacao politica, isto e' terrorismo eleitoral.
Para ajudar a demonstrar que nao se deve ter medo de um debate em torno dessa questao, vou postar alguns textos aqui sob a rubrica das privatizacoes, comecando pelo setor siderurgico.
Atencao: nao quero entrar em polemicas estereis e nao hesitarei em cortar comentarios puramente adjetivos ou nao pertinentes ao caso. Gosto de debater, mas atendendo a um minimo de criterios logicos e racionalidade argumentativa.
Paulo Roberto de Almeida
Siderbrás: o aço é nosso!
Rodrigo Constantino
A memória dos brasileiros é curta, já diz o ditado. Para tentar refrescar esta memória, pretendo resgatar alguns dados sobre o importante setor siderúrgico brasileiro. Impressiona a capacidade com que a esquerda finge não ter defendido as idéias que defendeu e, pior ainda, até se apropria do sucesso alheio como se fosse obra sua. Como os mesmos argumentos usados contra a privatização das siderúrgicas são hoje usados contra outros setores, trazer à tona estes dados será de extrema valia ao debate.
A década de 1970 viu o nascimento de inúmeras estatais sob o regime militar. Em 1973, alguns ministros propuseram a Médici a criação de uma holding do setor siderúrgico. No documento que assinaram, a meta de 20 milhões de toneladas de aço a serem produzidas no país passava a ser vista como insuficiente para atender o crescimento. A criação da Siderbrás foi autorizada em setembro de 1973 para atender a demanda. Duas décadas depois, o país não havia acrescentado uma tonelada extra de aço à sua produção. Na verdade, as 20 milhões de toneladas consideradas insuficientes nesta época permaneciam sendo a produção nacional de 1990, enquanto a Siderbrás se encontrava falida.
Aqui vale uma pausa para tratar de um mito bastante difundido. Muitos defensores do Estado como empresário alegam que, sem seus esforços iniciais, sequer haveria empresas produtoras para serem privatizadas depois. Eles alegam que os capitalistas não teriam feito os pesados investimentos necessários. A falácia fica evidente quando pensamos que o setor siderúrgico americano, para ficar num exemplo, não nasceu do governo, mas do setor privado. Além dele, as ferrovias e vários outros setores intensivos em capital nasceram de mãos privadas. Mesmo no Brasil, o mega-investidor americano Percival Farquhar, cujo império rivalizava apenas com o de Matarazzo ou Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, tinha a pretensão de transformar uma enorme área no Ruhr brasileiro. O grande obstáculo para este empreendimento foi justamente o governo, que chegou a confiscar seus ativos.
Voltando para a caótica situação do setor no começo da década de 1990, as estimativas de um diretor do BNDES eram que, de 1985 a 1989, a siderurgia brasileira havia consumido US$ 10,4 bilhões da União, sem acrescentar um grama sequer à produção de aço. Que eficiência! Esse gigantesco ralo de recursos públicos tinha que ser tampado, e as privatizações eram o único meio viável. Mas, quando chegara o momento da primeira venda, da Usiminas, um grupo de opositores barulhentos e violentos tentou impedir o leilão. O grupo era formado por entidades como CUT, CGT, MR-8, PT, PCdoB, PDT e UNE. Estas seriam as figuras carimbadas que em todos os leilões mais importantes fariam manifestos, muitas vezes violentos, buscando preservar as estatais deficitárias.
Não obstante, a venda da Usiminas foi um sucesso, e teve ágio de 14,3% sobre o preço mínimo estabelecido. Poderia ter sido bem maior, não fossem as incertezas geradas justamente pela esquerda no processo, especialmente afugentando os estrangeiros. Mais de 80 pessoas ficaram feridas, sendo 52 policiais atingidos por pedras ou artefatos similares. O deputado federal Vivaldo Barbosa, do PDT de Brizola, celebrou a reduzida participação de estrangeiros no leilão. Para os dinossauros da esquerda, a entrada de capital estrangeiro para investir no país representava uma enorme ameaça. Talvez por isso a Coréia do Norte ou Cuba sejam tão “ricas”, protegidas desta maldição terrível. Já Cingapura...
Em seguida, vieram os leilões de empresas como Acesita, Cosipa, CST e finalmente a CSN. Esta foi alvo de dezenas de ações judiciais para tentar barrar o leilão, a maioria impetrada por sindicatos. Já os empregados dessas empresas compreenderam os benefícios da privatização, ao menos para aqueles dispostos a trabalhar de fato, e muitos aderiram por meio de clubes de investimento, tornando-se acionistas das novas empresas privadas. Enquanto isso, figuras como Lindberg Farias, atualmente eleito como senador pelo PT do Rio, tentavam angariar adeptos para seus protestos contra a privatização. O então presidente do PT, Luís Inácio Lula da Silva, condenou a privatização da Acesita como um “equívoco do presidente Itamar”.
Do outro lado da batalha, o grupo Gerdau foi um dos grandes vitoriosos do processo de desestatização, e hoje é uma respeitada multinacional brasileira, uma gigante do setor. É importante destacar quem era quem nesta guerra das privatizações, para deixar claro quem eram aqueles que lutavam pelo progresso do país, por uma economia moderna, competitiva e dinâmica, e quem eram aqueles que desejavam preservar o status quo, as tetas estatais para os políticos e seus apaniguados. A história não pode ser alterada ao bel prazer dos governantes atuais, apesar da torcida que estes fazem pela amnésia popular. Já pensou os eleitores todos lembrarem que Lula e seu PT foram totalmente contra o Plano Real, criando diversas barreiras para impedir sua aprovação?
Se a produção brasileira de aço tinha permanecido estável de 1970 a 1990, girando em torno de 20 milhões de toneladas, já em 2004, livre das amarras estatais, o setor produziu quase 33 milhões de toneladas. Trata-se de um incremento de 65% em 14 anos! Mas isso não era tudo. O setor, que é altamente poluente, tornara-se bem mais limpo sob o controle privado. Em uma sentença judicial de 2005 contra a CSN, a juíza declarou: “Cumpre salientar o fato notório de que, alguns anos após a privatização, a CSN sob nova administração, passou a adotar uma política de gestão ambiental de vanguarda, bem como a investir seriamente em processos industriais mais limpos e eficientes”. Entretanto, a melhoria toda não foi suficiente para livrar a empresa da condenação, que veio por conta de sua fase estatal.
Como se pode ver em mais este caso do setor siderúrgico, não existem argumentos sérios ou convincentes para ser contrário às privatizações. Todos saem ganhando, à exceção dos mesmos grupos de sempre, que costumam se opor à venda das estatais por motivos ideológicos, corporativistas ou fisiológicos. Em outras palavras, aqueles que querem manter privilégios à custa do povo, ainda que, para tanto, tenham que abusar da retórica nacionalista. Vale lembrar que o setor siderúrgico era considerado extremamente “estratégico”. Será que as ameaças fantasmas se concretizaram com as privatizações? Pois é, mas a mesma turma de antes repete hoje os mesmos “argumentos” contra a privatização de outros setores, ignorando os fatos históricos. Se o povo tivesse mais memória, a esquerda estaria perdida!
(19.10.2010)
Algo desse genero ocorre atualmente com as privatizacoes, que vem sendo usadas como fantasma eleitoral.
Ontem mesmo recebi um email alarmista, como todo jeito de ser montagem, que relatava um encontro do ex-presidente FHC com investidores estrangeiros no qual ele prometia privatizar imediatamente a Petrobras, assim que o Serra ganhasse as eleicoes. Isso nao e' apenas desinformacao politica, isto e' terrorismo eleitoral.
Para ajudar a demonstrar que nao se deve ter medo de um debate em torno dessa questao, vou postar alguns textos aqui sob a rubrica das privatizacoes, comecando pelo setor siderurgico.
Atencao: nao quero entrar em polemicas estereis e nao hesitarei em cortar comentarios puramente adjetivos ou nao pertinentes ao caso. Gosto de debater, mas atendendo a um minimo de criterios logicos e racionalidade argumentativa.
Paulo Roberto de Almeida
Siderbrás: o aço é nosso!
Rodrigo Constantino
A memória dos brasileiros é curta, já diz o ditado. Para tentar refrescar esta memória, pretendo resgatar alguns dados sobre o importante setor siderúrgico brasileiro. Impressiona a capacidade com que a esquerda finge não ter defendido as idéias que defendeu e, pior ainda, até se apropria do sucesso alheio como se fosse obra sua. Como os mesmos argumentos usados contra a privatização das siderúrgicas são hoje usados contra outros setores, trazer à tona estes dados será de extrema valia ao debate.
A década de 1970 viu o nascimento de inúmeras estatais sob o regime militar. Em 1973, alguns ministros propuseram a Médici a criação de uma holding do setor siderúrgico. No documento que assinaram, a meta de 20 milhões de toneladas de aço a serem produzidas no país passava a ser vista como insuficiente para atender o crescimento. A criação da Siderbrás foi autorizada em setembro de 1973 para atender a demanda. Duas décadas depois, o país não havia acrescentado uma tonelada extra de aço à sua produção. Na verdade, as 20 milhões de toneladas consideradas insuficientes nesta época permaneciam sendo a produção nacional de 1990, enquanto a Siderbrás se encontrava falida.
Aqui vale uma pausa para tratar de um mito bastante difundido. Muitos defensores do Estado como empresário alegam que, sem seus esforços iniciais, sequer haveria empresas produtoras para serem privatizadas depois. Eles alegam que os capitalistas não teriam feito os pesados investimentos necessários. A falácia fica evidente quando pensamos que o setor siderúrgico americano, para ficar num exemplo, não nasceu do governo, mas do setor privado. Além dele, as ferrovias e vários outros setores intensivos em capital nasceram de mãos privadas. Mesmo no Brasil, o mega-investidor americano Percival Farquhar, cujo império rivalizava apenas com o de Matarazzo ou Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, tinha a pretensão de transformar uma enorme área no Ruhr brasileiro. O grande obstáculo para este empreendimento foi justamente o governo, que chegou a confiscar seus ativos.
Voltando para a caótica situação do setor no começo da década de 1990, as estimativas de um diretor do BNDES eram que, de 1985 a 1989, a siderurgia brasileira havia consumido US$ 10,4 bilhões da União, sem acrescentar um grama sequer à produção de aço. Que eficiência! Esse gigantesco ralo de recursos públicos tinha que ser tampado, e as privatizações eram o único meio viável. Mas, quando chegara o momento da primeira venda, da Usiminas, um grupo de opositores barulhentos e violentos tentou impedir o leilão. O grupo era formado por entidades como CUT, CGT, MR-8, PT, PCdoB, PDT e UNE. Estas seriam as figuras carimbadas que em todos os leilões mais importantes fariam manifestos, muitas vezes violentos, buscando preservar as estatais deficitárias.
Não obstante, a venda da Usiminas foi um sucesso, e teve ágio de 14,3% sobre o preço mínimo estabelecido. Poderia ter sido bem maior, não fossem as incertezas geradas justamente pela esquerda no processo, especialmente afugentando os estrangeiros. Mais de 80 pessoas ficaram feridas, sendo 52 policiais atingidos por pedras ou artefatos similares. O deputado federal Vivaldo Barbosa, do PDT de Brizola, celebrou a reduzida participação de estrangeiros no leilão. Para os dinossauros da esquerda, a entrada de capital estrangeiro para investir no país representava uma enorme ameaça. Talvez por isso a Coréia do Norte ou Cuba sejam tão “ricas”, protegidas desta maldição terrível. Já Cingapura...
Em seguida, vieram os leilões de empresas como Acesita, Cosipa, CST e finalmente a CSN. Esta foi alvo de dezenas de ações judiciais para tentar barrar o leilão, a maioria impetrada por sindicatos. Já os empregados dessas empresas compreenderam os benefícios da privatização, ao menos para aqueles dispostos a trabalhar de fato, e muitos aderiram por meio de clubes de investimento, tornando-se acionistas das novas empresas privadas. Enquanto isso, figuras como Lindberg Farias, atualmente eleito como senador pelo PT do Rio, tentavam angariar adeptos para seus protestos contra a privatização. O então presidente do PT, Luís Inácio Lula da Silva, condenou a privatização da Acesita como um “equívoco do presidente Itamar”.
Do outro lado da batalha, o grupo Gerdau foi um dos grandes vitoriosos do processo de desestatização, e hoje é uma respeitada multinacional brasileira, uma gigante do setor. É importante destacar quem era quem nesta guerra das privatizações, para deixar claro quem eram aqueles que lutavam pelo progresso do país, por uma economia moderna, competitiva e dinâmica, e quem eram aqueles que desejavam preservar o status quo, as tetas estatais para os políticos e seus apaniguados. A história não pode ser alterada ao bel prazer dos governantes atuais, apesar da torcida que estes fazem pela amnésia popular. Já pensou os eleitores todos lembrarem que Lula e seu PT foram totalmente contra o Plano Real, criando diversas barreiras para impedir sua aprovação?
Se a produção brasileira de aço tinha permanecido estável de 1970 a 1990, girando em torno de 20 milhões de toneladas, já em 2004, livre das amarras estatais, o setor produziu quase 33 milhões de toneladas. Trata-se de um incremento de 65% em 14 anos! Mas isso não era tudo. O setor, que é altamente poluente, tornara-se bem mais limpo sob o controle privado. Em uma sentença judicial de 2005 contra a CSN, a juíza declarou: “Cumpre salientar o fato notório de que, alguns anos após a privatização, a CSN sob nova administração, passou a adotar uma política de gestão ambiental de vanguarda, bem como a investir seriamente em processos industriais mais limpos e eficientes”. Entretanto, a melhoria toda não foi suficiente para livrar a empresa da condenação, que veio por conta de sua fase estatal.
Como se pode ver em mais este caso do setor siderúrgico, não existem argumentos sérios ou convincentes para ser contrário às privatizações. Todos saem ganhando, à exceção dos mesmos grupos de sempre, que costumam se opor à venda das estatais por motivos ideológicos, corporativistas ou fisiológicos. Em outras palavras, aqueles que querem manter privilégios à custa do povo, ainda que, para tanto, tenham que abusar da retórica nacionalista. Vale lembrar que o setor siderúrgico era considerado extremamente “estratégico”. Será que as ameaças fantasmas se concretizaram com as privatizações? Pois é, mas a mesma turma de antes repete hoje os mesmos “argumentos” contra a privatização de outros setores, ignorando os fatos históricos. Se o povo tivesse mais memória, a esquerda estaria perdida!
(19.10.2010)
Nada a ver com eleicoes: apenas um retrato do Brasil...
Bem, talvez o ritmo atual de "apuraçao" da ultima falcatrua com dinheiro publico tenha algo a ver com as eleicoes, mas o resto se conforma ao que sempre vimos no Brasil. Os escandalos vao ficando velhos e sendo suplantados pelos mais "novos".
Nao tenho comentarios a fazer, apenas transmito certo estado de espirito, se me faço compreender...
Paulo Roberto de Almeida
"Só apurar quando não adiantar" - coluna Carlos Brickmann
Coluna de quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Se o Mensalão, cinco anos depois, ainda não tem nenhuma sentença; se os dólares na cueca estão esquecidos, sem que se saiba de quem eram, para quem iam e de onde vieram; se o dinheiro dos aloprados, quatro anos depois, continua sem teto, sem que se tenha apurado de onde saiu e por quem foi entregue, por que tanta surpresa com mais um adiamento da sindicância sobre Erenice Guerra, principal auxiliar da ministra-candidata Dilma Rousseff, de tal forma que só se saiba alguma coisa - se alguma coisa se souber - depois do segundo turno?
Quem investiga as irregularidades que podem ter ocorrido na Casa Civil da Presidência da República é a Casa Civil da Presidência da República. Se algo ilegal for apurado, prejudicará a candidatura da ex-ministra da Casa Civil da Presidência da República. Então, caro leitor, deixa pra lá. Não é o sucessor de Dilma Rousseff e Erenice Guerra na Casa Civil da Presidência da República, ministro Carlos Esteves Lima, que vai querer ficar com a batata quente nas mãos.
A idéia geral é que, já que ficar de pé é cansativo, o melhor é sentar em cima dos escândalos. E não acredite que, passado o segundo turno, a sindicância vá andar mais depressa. Se ganhar a situação, por motivos óbvios (e a oposição, desanimada pela derrota, não terá como levantar os estandartes de guerra). Se ganhar a oposição, tudo bem: será a hora de dividir o poder. De, na pitoresca expressão que se usa para evitar frases grosseiras, "cuidar da governabilidade", de garantir a maioria. Erenice passa a ser um episódio menor, a ser esquecido.
Nao tenho comentarios a fazer, apenas transmito certo estado de espirito, se me faço compreender...
Paulo Roberto de Almeida
"Só apurar quando não adiantar" - coluna Carlos Brickmann
Coluna de quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Se o Mensalão, cinco anos depois, ainda não tem nenhuma sentença; se os dólares na cueca estão esquecidos, sem que se saiba de quem eram, para quem iam e de onde vieram; se o dinheiro dos aloprados, quatro anos depois, continua sem teto, sem que se tenha apurado de onde saiu e por quem foi entregue, por que tanta surpresa com mais um adiamento da sindicância sobre Erenice Guerra, principal auxiliar da ministra-candidata Dilma Rousseff, de tal forma que só se saiba alguma coisa - se alguma coisa se souber - depois do segundo turno?
Quem investiga as irregularidades que podem ter ocorrido na Casa Civil da Presidência da República é a Casa Civil da Presidência da República. Se algo ilegal for apurado, prejudicará a candidatura da ex-ministra da Casa Civil da Presidência da República. Então, caro leitor, deixa pra lá. Não é o sucessor de Dilma Rousseff e Erenice Guerra na Casa Civil da Presidência da República, ministro Carlos Esteves Lima, que vai querer ficar com a batata quente nas mãos.
A idéia geral é que, já que ficar de pé é cansativo, o melhor é sentar em cima dos escândalos. E não acredite que, passado o segundo turno, a sindicância vá andar mais depressa. Se ganhar a situação, por motivos óbvios (e a oposição, desanimada pela derrota, não terá como levantar os estandartes de guerra). Se ganhar a oposição, tudo bem: será a hora de dividir o poder. De, na pitoresca expressão que se usa para evitar frases grosseiras, "cuidar da governabilidade", de garantir a maioria. Erenice passa a ser um episódio menor, a ser esquecido.
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