quarta-feira, 8 de maio de 2013

Uma homenagem a um intelectual que se foi: Leonel Itaussu Almeida Mello


Leonel Itaussu Almeida Mello: integridade, caráter, humanidade

     Na manhã do último domingo foi-se um destemido lutador, um combativo socialista, um defensor apaixonado de um novo tempo, um lúcido professor, um solícito e generoso orientador, um refinado e devotado intelectual, um apaixonado pela vida.
Fomos seus orientandos, alunos, amigos!
Permitam-nos recordar uma passagem que denota a posição firme combinada à predisposição para o diálogo e o respeito à posições distintas.

     O país, ainda no início dos anos 1990, vivia incertezas quanto aos rumos da incipiente democracia. Restavam, de forma contundente, as memórias recentes do regime autoritário. Neste contexto, a aproximação entre o meio acadêmico e o meio militar era pouco usual. Na ocasião, um grupo de professores e estudantes do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade de São Paulo fez uma visita ao Quartel-General do Comando Militar do Sudeste. Leonel estava na comitiva. Ao início da reunião pediu a palavra e com sua ímpar eloquência saudou o comandante militar e disse-lhe, com firmeza e brandura: encontravam-se ali intelectuais que haviam sido presos e torturados pelas suas posições e por suas lutas. Destacou, então, que se abria um novo tempo, e que residia no diálogo a construção de um país mais justo, soberano e atento à sua defesa.

     Posteriormente, foi enfático ao afirmar a legitimidade das solicitações de indenização perpetradas pelas vítimas da tortura e das prisões e facultadas pela responsabilidade devida ao Estado. Não obstante o tempo na prisão e as torturas pelas quais passou, resolveu não solicitar indenização e isto sem desqualificar ou desmerecer companheiros de luta, como nos disse em certa ocasião. Considerava haver feito uma escolha e era consciente de seus desdobramentos.
Sua obra, conhecida e prestigiada pelos acadêmicos da Ciência Política e das Relações Internacionais, é plena de vigor analítico, da pena elegante, da combinação entre a intelequia e a empiria. Lado a lado a História e a Sociologia, acompanhando as premissas sustentadas por Raymond Aron.

     Em suas palestras identificava-se o entusiasmo, a clareza didática, a erudição. Mapas e Leonel. História e Leonel. Filosofia Política e Leonel. Eis combinações que iam de Marx a Mackinder.
Seu mister como orientador era claramente reconhecido. Paciente e motivador. Cada minuto era precioso, pelo prazer da interlocução, pelo respeito, pela atenção redobrada. Entusiasta e defensor, ardoroso, de seus orientandos. Fazia questão não apenas de afirmar, mas comprovava sua solidariedade incontestável. 
Não fez discípulos cegos e acríticos. Certamente não apreciaria tais posturas. O que nos ensinou, acima de tudo, e pelo exemplo, foi a postura irretocável, o caráter reto, as posições firmes, a lisura, o cavalheirismo.

     De toda uma vida, uma faceta talvez possa, de alguma forma, sintetizar um homem em sua luta: a integridade. Rara, mas que em Leonel era e é a marca dos que podem olhar frente a frente, sem corarem pelo despudor ou pelas elegias fáceis de palavras ocas.
Fica-nos: íntegro, em paz com sua consciência!

     Paulo Roberto Kuhlmann e Samuel Alves Soares

O avanco da "inguinoranssia" no Brasil, gracas ao MEC - Reinaldo Azevedo

Sem comentários, ou melhor, com vários. Mesmo aceitando todas as considerações abaixo, uma coisa é certa, certíssima, absolutamente estarrecedora, no Brasil: a realidade, a realidade, lá no fundo, é muito pior, mas muito mais pior (como diria um companheiro), que vocês sequer podem imaginar.
Isso que a gente vê, refletido nos jornais e veículos de comunicação (na mídia, como diriam os companheiros), é apenas um reflexo pálido da ruindade ruim, e piorada, do que é a (des)educação brasileira.
Paulo Roberto de Almeida


Reinaldo Azevedo, 08/05/2013

Mais ou menos com a dedicação com que o entomologista disseca e estuda um inseto, sou um dissecador do estilo petista de governar, entendem? Por certo, aquele especialista não tem gosto por aquelas coisas. Mas alguém precisa fazê-lo, e a ciência como um todo se beneficia com sua dedicação. Esse é mais ou menos o caminho que me leva a dissecar o jeito petista de governar. Vejam, por exemplo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Ele veio a público para anunciar maior seriedade na na correção das redações do Enem. Então tá. Basta, no entanto, que a gente reflita cinco minutos a respeito para se espantar um tanto.
Já chego lá. Um dos principais absurdos do Enem segue e seguirá intocado: é o fato de a prova de redação valer 50% do exame como um todo. Trata-se de uma grave distorção porque submete o conhecimento objetivo ao juízo de valor. Ainda que as questões do Enem, nas áreas de humanidades e língua portuguesa (eles usam uns nomes modernosos…), sejam ruins de doer (e me dizem que a situação não é muito melhor no que antes se chamava “Ciências Exatas”), ainda assim, persiste um núcleo objetivo de saber. Pois bem. Um único texto redigido pelo candidato (chamo assim porque estamos falando de um megavestibular!) tem o mesmo peso do resto da prova, que abrange as demais disciplinas. Escrever bem é mais importante do que saber matemática, física e química? Eu não acho! Isso é resquício de país que passou pelo beletrismo cretino. Lá vou eu comprar, de novo, uma briga dos diabos, mas não dou a mínima: o Brasil precisa mais de engenheiros que eventualmente troquem o “s” pelo “z” do que de exímios prosélitos que não sabem quanto é 7 vezes 9. E isso quer dizer que, sim, faltam-nos os engenheiros, com ou sem domínio pleno da ortografia. E abundam os prosélitos que não sabem nem a tabuada. Esse peso excessivo da redação é resquício da militância supostamente “humanista” na nossa educação. De resto, os temas propostos são também testes ideológicos. Mil vezes prefiro a companhia dos que sabem matemática à dos idiotas bem-intencionados. Sigamos.
Mercadante, com aquele seu estilão murro na mesa, vem a público para anunciar que, nas redações, não mais serão permitidas inserções estranhas ao tema. Ficaram famosos os casos de candidatos que, no corpo do texto, reproduziram receita de miojo e o hino do Palmeiras. Pergunta de um ser lógico: quer dizer que, antes, elas eram permitidas? O que Mercadante está tentando esconder é outra coisa: é evidente que as redações nem mesmo foram… lidas! E há a hipótese pior: se foram, o avaliador achou que eram inserções aceitáveis! Mas ai do aluno que “desrespeitar os direitos humanos”! Isso pode zerar a prova. O critério permanece. O que é “desrespeito aos direitos humanos”? Ora, é aquilo que o examinador achar que é. No ano passado, o Enem inventou um certo fluxo imigratório para o Brasil “no século 21” (só se haviam consumido 12% do século!!!) e cobrava que os candidatos perorassem a respeito. Pobre daquele que eventualmente defendeu que o país combata a imigração ilegal… Certamente se deu mal por suspeita de xenofobia. Escolas afora, os professores já têm instruído os estudantes a se alinhar sempre à esquerda…
Fui um pouco para a margem. Volto para o leito. Mercadante também afirmou que, a partir de agora, a nota 1.000 só vai para textos que exibam domínio perfeito também do idioma. Ufa! Finalmente, em 2013, o país descobre o que é nota máxima e para que serve. Que bom! No ano passado, redações que traziam coisas como “rasoavel”, “enchergar” e “trousse” mereceram nota máxima. O MEC, então, explicou por quê: “Um texto pode apresentar eventuais erros de grafia, mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio das estruturas da língua portuguesa”. Entendi! Até acho que sim. Mas por que não, então, atribuir, sei lá, 800 pontos, 900 que sejam? Afinal, o domínio da ortografia é uma das “competências” que se exigem, certo? Mas quê! Mereceram foi mil mesmo. Agora Mercadante nos diz que nota máxima é para quem atinge o… máximo! Ufa! Espero que ele não acabe revogando o irrevogável…
“Ué, mas não foi você mesmo que disse preferir o engenheiro com erro de ortografia ao idiota bem-intencionado?” Eu mesmo! Mas quem disse que eu daria nota máxima à redação do tal engenheiro?
O ministro anunciou que haverá maior rigor para contratar corretores e avaliar seu desempenho. Vamos ver. As redações continuarão a ser avaliadas por duas pessoas. Uma discrepância superior a 100 pontos (não mais a 200) ensejará uma terceira correção. Pois é.. As redações que ganharam nota máxima, mesmo com aqueles descalabros, mereceram a mesma consideração de dois corretores…
“Ora, Reinaldo, as providências tomadas tornam a coisa melhor ou pior do que antes?” A resposta é óbvia: “melhor”. Mas também evidenciam a ruindade de antes. Insisto, ademais, que os principais problemas permanecem intocados: a) o peso excessivo que a prova de redação tem no Enem (o que, de resto, cria distorções que impedem uma correta avaliação da eficiência das escolas); b) a ideologização do exame, especialmente da prova de redação.

E por falar em exportações e importações, um artigo de Gary North

Agradeço ao Eduardo, do Rio de Janeiro, esta remessa sempre bem vinda.
Paulo Roberto de Almeida

Qual o benefício de exportar mais do que importar?
por , segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

 

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Guido Mantega cumprindo sua função: atender ao lobby dos exportadores, espoliando o poder de compra do resto da população brasileira
Ao longo dos últimos 300 anos, o senso comum reinante entre os economistas convencionais, a mídia e os leigos é o de que um país estará em melhor situação se ele exportar mais bens e serviços do que ele importa.  A crença dominante é a de que, se um país é um exportador líquido, então este país é uma verdadeira usina de prosperidade.
É por isso que, segundo este raciocínio, a China é considerada por esses economistas e seus seguidores na mídia uma potência econômica.  O país é competitivo por causa de sua capacidade de exportar muitos bens para outros países.  Porém, para fazer isso, há uma contrapartida: a China inevitavelmente tem de aceitar notas promissórias dos estrangeiros. 
Quando um país exporta bens, o que ele recebe em troca são meros dígitos eletrônicos contabilizados em moeda estrangeira — atualmente, o dólar.  Como o dólar não é moeda corrente na esmagadora maioria das nações do globo, o que um país exportador recebe, na realidade, é um título da dívida do governo americano.  Os dólares digitais que este país recebe em decorrência de suas exportações são reinvestidos nos EUA, na aquisição de títulos do governo americano.  No balancete do Banco Central, esta aquisição de títulos do governo é contabilizada como "reservas internacionais".
O que realmente ocorre é o seguinte: indivíduos que trabalham no ramo da exportação estão dispostos a aceitar notas promissórias, ou outros tipos de ativos baseados em dígitos eletrônicos, em troca de bens físicos.  O exportador recebe dinheiro eletrônico — no caso, dólares americanos — em sua conta bancária.  Para ele, estes dólares têm valor.  Se não tivesse, ele não teria exportado os bens.  Ele pode trocar estes dólares por sua moeda doméstica (no caso, ele vende dólares ao seu banco, que irá creditar sua conta-corrente com moeda nacional) ou ele pode manter estes dólares no exterior, depositado em um banco estrangeiro.  Talvez ele prefira comprar ações ou outros ativos estrangeiros que são vendidos em dólares.  A questão é que esse exportador está disposto a aceitar notas promissórias — no caso, promessas digitais — em troca de seus bens reais.  Esta é o único princípio por trás da exportação.
Os EUA são o exemplo clássico de um país que importa muito mais bens do que exporta.  No entanto, os EUA também são considerados uma potência econômica.  Por quê?  Porque estrangeiros estão sempre dispostos a investir no país.  O problema é que o investimento favorito é a compra de títulos emitidos pelo Tesouro americano.  Embora alguns investidores estrangeiros comprem estes títulos, quem os compra em sua esmagadora maioria são os bancos centrais estrangeiros.  Os bancos centrais estrangeiros compram títulos do governo americano porque seus respectivos governos querem manter suas moedas nacionais depreciadas em relação ao dólar, de modo a aumentar as exportações para os EUA.  Em outras palavras, o governo chinês é a real fonte do poderio exportador daquela nação, pois é ele quem manipula o mercado de câmbio para favorecer suas indústrias exportadoras.
Utilizar o poder estatal para subsidiar uma pequena porcentagem da população doméstica (os exportadores, cujo lobby é poderoso em qualquer nação do mundo) ao mesmo tempo em que se prejudica a esmagadora maioria da população (os consumidores, que não têm lobby em nenhuma nação do mundo) é a norma atual em todas as grandes economias do globo.  E a retórica utilizada também é a mesma: beneficiar alguns poucos em detrimento de todo o resto é algo que se faz em nome do fortalecimento da nação. 
O argumento, como em todas as promessas governamentais, é totalmente falacioso.
O que fortalece a população de um país é ter uma moeda previsível.  Isso faz com que os prognósticos de investimento sejam mais fáceis.  A preocupação das pessoas com relação às flutuações do valor da moeda é reduzida.  Mas é impossível obter uma moeda previsível em termos internacionais, pois os governos dos outros países estão continuamente manipulando suas moedas, quase sempre por meio da expansão da oferta monetária.  Em outras palavras, todos os bancos centrais estrangeiros inflacionam.  Sendo assim, uma moeda doméstica cuja oferta seja constante irá se apreciar continuamente em relação às moedas estrangeiras.  Isso significa que seu poder de compra irá aumentar continuamente.  Não haverá taxas de câmbio estáveis entre os países.
Se o Banco Central de um determinado país estivesse operando sob um padrão-ouro genuíno, ele não poderia inflacionar desmedidamente a moeda deste país.  O mesmo valeria para seu sistema bancário de reservas fracionárias.  Qualquer banco que expandisse o crédito enfrentaria uma corrida em seu estoque de moedas de ouro.  Suas reservas de ouro iriam se exaurir rapidamente.  Portanto, o temor de uma corrida bancária, na qual os correntistas apresentam seu dinheiro digital e exigem restituição em moedas de ouro, restringiria a expansão da oferta monetária.  Isso significa que a moeda deste país irá se apreciar em relação a todas as moedas estrangeiras que não estão restringidas por tal ameaça.  Isso significa que os cidadãos que residem na nação sob o padrão-ouro poderiam importar bens estrangeiros a preços decrescentes.  A cada ano as importações estariam mais baratas.  Como consumidores, estes cidadãos seriam beneficiadas e seu padrão de vida aumentaria a cada ano.
Supondo que estas pessoas estão produzindo bens de valor, o que significa que elas estão adquirindo uma moeda denominada em ouro, seu patrimônio líquido está aumentando continuamente.  Por quê?  Porque, com a mesma quantidade de dinheiro, elas podem comprar quantidades cada vez maiores de bens importados.  Elas estão vivenciando aquilo que todos nós adoramos vivenciar: preços cada vez menores para os bens e serviços que desejamos comprar.
Dado que há uma quantidade muito maior de pessoas voltadas para o mercado doméstico do que para as exportações, uma política de moeda estável iria beneficiar aquelas pessoas que são mais produtivas, mais economicamente eficientes e que melhor atendem às demandas da população.  Estas conseguiriam obter um fluxo contínuo da moeda doméstica.  Seu custo de vida cairia ano após ano, de forma consistente, porque os bancos centrais estrangeiros estão inflacionando suas respectivas moedas.  O valor daquelas moedas em relação à moeda estável deste país cairia continuamente.
Logo, uma moeda estável traria um grande benefício para aqueles consumidores que vivem sob este padrão-ouro.  E estes consumidores formam a esmagadora maioria dos consumidores de um país.  Apenas uma relativamente pequena porcentagem dos empreendedores e trabalhadores de uma nação está no setor exportador da economia.  É por isso que a desvalorização da moeda nacional é um subsídio apenas para uma minoria de empresários e trabalhadores.  A vasta maioria dos residentes desta nação é prejudicada.  Ela é obrigada a pagar mais caro por bens importados por causa da política de seu Banco Central de inflacionar a oferta monetária a fim de manter a moeda nacional desvalorizada perante as outras moedas. 
Ao depreciarem sua própria moeda, os planejadores monetários estão prejudicando os interesses da grande maioria dos cidadãos desta nação.  O subsídio beneficia apenas uma minoria.  O fato de haver uma enorme quantidade de pessoas na maioria permite que sua riqueza seja espoliada por meio da inflação da oferta monetária, permitindo ao setor exportador ganhar receitas acima das de mercado ao exportar seus bens.  Uma minoria não pode subsidiar uma maioria.  Sempre tem de ser ao contrário.
Portanto, uma economia com uma moeda estável irá beneficiar a grande maioria de seus cidadãos, os quais poderão comprar a preços continuamente mais baixos.  Essa verdade econômica irrita os defensores do mercantilismo.  Eles dizem que tal política é maléfica.  Eles estão convencidos de que ter um Banco Central depreciando continuamente a moeda como forma de subsidiar o setor exportador é algo extremamente benéfico para uma nação, e que a reduzida quantidade de bens e serviços que estarão disponíveis para os consumidores domésticos (tanto em decorrência das menores importações quanto pelo fato de mais produtos domésticos estarem sendo exportados) é algo sem nenhuma importância.
Os defensores do mercantilismo jamais discutem a realidade econômica desta redistribuição de riqueza.  Eles jamais apontam para aquela incontestável realidade: que a esmagadora maioria dos cidadãos é obrigada a arcar com perdas econômicas, principalmente quando se leva em conta os ganhos que obteriam caso pudessem adquirir bens estrangeiros a preços cada vez menores.
A vasta maioria dos cidadãos de qualquer país não faz a mais mínima ideia da relação entre expansão monetária e redução das importações.  Eles não entendem que estão sendo prejudicados pela política de depreciação monetária feita pelo seu governo.  Se eles entendessem de economia, iriam imediatamente exigir um padrão-ouro puro, e iriam prontamente se beneficiar do crescente valor internacional de sua moeda nacional.  Como iriam se beneficiar?  Podendo comprar uma quantia cada vez maior de bens estrangeiros a preços cada vez menores.
Infelizmente, são tão poucas as pessoas que entendem de lógica econômica, que este subsídio coercivamente extraído de uma maioria para uma minoria não é visto como um programa de transferência de riqueza dos mais pobres (consumidores comuns) para os mais ricos (barões do setor exportador).  Sempre que o governo de um país adota o mercantilismo — algo que ocorre a aproximadamente 100% do tempo —, ele o faz sabendo que praticamente ninguém compreende que aquela política prejudica a vasta maioria dos cidadãos e beneficia apenas uma minoria que está no setor exportador da economia.  Mais ainda: ele o faz sabendo inclusive que contará com o resoluto apoio da mídia e dos desinformados de plantão, que acreditam que um "setor exportador subsidiado fortalece a economia do país".
O mundo está hoje adotando políticas de depreciação monetária competitiva.  Se um país deprecia sua moeda, o outro quer depreciar mais. "Tudo pelos exportadores!" Isso irá prejudicar severamente a vasta maioria dos cidadãos de todas as nações.  Eles não poderão usufruir o benefício de ter uma moeda doméstica forte, algo que os permitiria importar mais bens estrangeiros.  Eles seriam capazes de adquirir os bens e serviços que quisessem, a preços continuamente declinantes, caso sua moeda nacional fosse baseada em um padrão-ouro.  Caso desfrutassem de plena conversibilidade em ouro — isto é, caso pudessem ir a um banco para trocar dinheiro digital por moedas de ouro —, eles vivenciariam um padrão de vida crescente.  Mas como eles não entendem de economia, eles aceitam (e até aplaudem) as políticas mercantilistas de seu governo.  Eles aceitam que sua moeda seja depreciada e seu padrão de vida seja reduzido.  Eles aceitam ser roubados em prol da boa vida dos exportadores.  Eles gostam de ver seus bens sendo enviados para estrangeiros a troco de nada (apenas os exportadores ficam com as notas promissórias).
É lamentável que a maioria das pessoas não entenda de economia.  Para os exportadores, no entanto, que se beneficiam deste assalto ao poder de compra da população, essa ignorância econômica de seus compatriotas é uma dádiva.  Dado que é impossível ganhar algo a troco de nada, o que ocorre é que um pequeno grupo de exportadores ganha muito e, em troca, o restante das massas fica com preços crescentes para quase todos os bens e serviços da economia.  E ainda bate palma.


Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história. Visite seu website

Assedio no Consulado em Sidney: the end of the beginning, or the beginning of the end?

Bem isso depende da alta comissão de três embaixadores que, depois de idas e vindas, e de muitas voltas, após uma missão precursora de um só embaixador (parece que não era suficiente, e não foi...) e de, teoricamente, uma outra missão composta por um diplomata da Administração e representantes das carreiras de Oficial de Chancelaria e de Assistente de Chancelaria, tem agora a relevante função de apurar o que já foi apurado duas vezes (mas talvez transcrito apenas em diplomatês), e de produzir novo relatório, que no fabuloso prazo de mais algumas semanas, vai informar aquilo que já foi informado, repassado, repisado, confirmado, insistido, e outros idos e ados...
Casinho difícil esse, para o maior constrangimento, humilhação e angústia daqueles que foram atingidos e ainda não moralmente reparados.
Parece que desta vez, à falta de outras tergiversações, vão ter de fazer alguma coisa, ainda que seja pouco, como essas aposentadorias de juízes corruptos, que são premiados com aposentadoria remunerada, ou seja, ficam em casa sem fazer nada, mas continuando a receber.
Mas, pelo menos o indiciado moral foi removido:  http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?jornal=2&pagina=55&data=08/05/2013
Resta saber o que vai acontecer depois, bem depois.
Não se apressem, pois a Casa precisa de tempo para resolver o que fazer com questões espinhosas desse tipo (e no entanto, tão claras e assertivas).
Esse é o Brasil, minha gente...
Paulo Roberto de Almeida 

http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/v/itamaraty-investiga-denuncias-de-assedio-sexual-e-moral-no-consulado-do-brasil-em-sidney/2560553/

Itamaraty ordena remoção de cônsul em Sydney após denúncias de assédio sexual
Renata Giraldi
Da Agência Brasil, em Brasília
08/05/201316h11
Depois das denúncias de desvios de comportamento, o cônsul-geral do Brasil em Sydney (Austrália), Américo Fontenelle, recebeu ordens para deixar o posto. Em portaria, publicada na edição desta quarta-feira (8) do Diário Oficial da União, a ordem é clara. "Remover ex-officio Américo Dyott Fontenelle", que é ministro da carreira diplomática –o último posto antes de ser promovido a embaixador, que o nível mais alto da carreira.
A íntegra da portaria determinando a remoção de Fontenelle está na página da Imprensa Nacional. Não há definição sobre o próximo posto para o diplomata.
Paralelamente, o Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, abriu um processo administrativo disciplinar contra o cônsul-geral do Brasil em Sydney e o adjunto dele, Cesar Cidade.
Os dois diplomatas são denunciados por funcionários de assédio moral e sexual, homofobia e desrespeito. Inicialmente, as investigações devem ocorrer em um prazo de 30 dias. Mas é possível prorrogação por mais duas semanas.
As investigações serão conduzidas por três embaixadores, com experiência consular e questões administrativas, pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Ao final das apurações, os dois diplomatas podem ser condenados com uma advertência oral ou até exonerados de suas funções. Ao Itamaraty, Fontenelle e Cidade negam as acusações.
As denúncias surgiram a partir de acusações feitas por funcionários do Consulado de Sydney, que informaram ao Itamaraty situações em que foram humilhados e houve abuso de autoridade por parte do cônsul e do adjunto dele. Desde então, o ministério passou a apurar as informações.
Patriota reiterou aos diplomatas, responsáveis pelas investigações do caso, que rejeita os comportamentos inadequados às funções desempenhadas pelo Ministério das Relações Exteriores. Na cerimônia de posse do novo secretário-geral, Eduardo dos Santos, o chanceler lembrou que "não há espaço no Itamaraty" para comportamentos que "não se adequem" ao ministério.

Entenda o caso

Pausa para... Faroeste Caboclo (adaptado aos tempos do fascismo companheiro)

Precisa ter paciência para ver tudo, mas os versos são precisos, os desenhos são cortantes, e a música é chatinha, mas é assim que esses poetas improvisados criam um ritmo (aborrecido) para uma narrativa altamente interessante, instrutiva, esclarecedora, verdadeira e..., como diria?,  repugnante?
Assim são os tempos companheiros...

http://www.youtube.com/watch?v=cpo2Z29VFPM

Comentário de um "vidente" (a mais de um título):


... e olha que esqueceram a sua imensa riqueza, a morte do Celso Daniel, as empresas do filho dele, a secretária Rose, os ministros afastados por corrupção e outras maracutaias e centenas de picaretas!

Sobre deficits e superavits - Joao Luiz Mauad

Sobre déficits e superávits
JOÃO LUIZ MAUAD*
Comentário do Dia, Instituto Liberal, 6/05/2013
Saiu na semana passada o resultado da balança comercial do mês de abril.  O resultado foi um “déficit” de US$ 994 milhões que, acrescido ao acumulado nos três primeiros meses, forma um “déficit” total de US$ 6,4 bilhões no ano.  Como esperado, os meios de comunicação deram grande destaque à notícia, e todos eles, sem exceção, o fizeram em tom de lamento.   O site do “Bom dia Brasil” (Portal Globo.com), por exemplo, estampou a seguinte manchete: “Rombo da balança comercial em abril é o pior da história para o mês”.
O uso da palavra “rombo” denota algo imoral, como se o fato de a sociedade brasileira haver importado mais do que exportou fosse algo pecaminoso, digno de vergonha.  Será mesmo?
O leitor deve ter reparado que usei aspas na palavra “déficit”, e isso tem um motivo.  Por alguma razão que já vem de longe, na equação algébrica que resume as contas de comércio internacional de qualquer país, convencionou-se aplicar às exportações o sinal positivo, enquanto às importações está reservado o sinal negativo.  Dessa forma, quando as exportações superam as importações, diz-se que a balança comercial é superavitária, e vice-versa. Como esse padrão foi estabelecido de forma arbitrária, nada impediria que ele fosse o contrário, como deveria.
Saindo da lógica mercantilista, que enxerga o dinheiro como o objetivo e as mercadorias e serviços como meios de obtê-lo, veremos facilmente que são as importações que contribuem efetivamente para o bem estar de uma nação, não as exportações.  Um país é rico na proporção da abundância de produtos e serviços postos à disposição dos cidadãos. A saída de produtos é um custo, enquanto a entrada é o verdadeiro benefício, assim como o trabalho é o meio e o consumo é o fim.  Sobre isso, vale lembrar os ensinamentos oportunos de Milton Friedman:
"Outra falácia raras vezes posta em questão é a de que as exportações são boas e as importações são ruins. A verdade se revela muito diferente disto. Não podemos comer, vestir ou gozar dos bens que enviamos ao exterior... Nosso ganho com o comércio exterior está no que importamos. As exportações constituem o preço que pagamos para obter as importações.”
* ADMINISTRADOR E CONSULTOR DE EMPRESAS


Mao-de-obra estrangeira: Brasil ainda paranoico e atrasado (BBC)

Da BBC, via coluna diária de Cesar Maia:

BRASIL PRECISA DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA, MAS NÃO ATUALIZA LEI DO REGIME MILITAR! SÓ ENTRA MÃO-DE-OBRA SEM QUALIFICAÇÃO DO HAITI E BOLÍVIA!


(BBC, 07) 1. Grandes levas de imigrantes haitianos têm entrado no Brasil pela fronteira do Acre. É maciça a entrada de estrangeiros no Brasil pela fronteira com a Bolívia. Mas a discussão sobre a necessidade de atrair mão de obra qualificada de estrangeiros para suprir a demanda do mercado, a criação de uma política migratória – que ainda não existe no Brasil – está parada.
        
2. Atualmente, a lei 6.815, de 1980, conhecida como Estatuto do Estrangeiro, estabelece as condições de entrada e permanência de estrangeiros no país. Criada durante o governo militar, a lei é considerada defasada. O estatuto afirma que a "segurança nacional" é considerada prioridade ao analisar a concessão de visto e permanência a um estrangeiro. Por isso, vistos não devem ser concedidos ao cidadão considerado "nocivo à ordem pública ou aos interesses nacionais".
        
3. A lei também proíbe que estrangeiros realizem atividades políticas (punidas com prisão e expulsão do país) e permite que o Ministério da Justiça impeça a realização de conferências, congressos e "atividades culturais e folclóricas" de estrangeiros, "sempre que considerar conveniente aos interesses nacionais". 
        
4. O projeto de lei que deveria reformular e atualizar o Estatuto, elaborado em 2005, tramita na Câmara dos Deputados desde 2009 e ainda não há previsão de quando irá para a votação no plenário. "Quanto mais o tema ganha relevância no cenário nacional, mais premente fica a modificação e aprovação desse projeto, então já estamos com alguns anos de atraso", afirmou o presidente do CNIg à BBC Brasil.
        
5. Um grupo composto por representantes do Ministério da Justiça, do Itamaraty, do Ministério do Trabalho e da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) prepara um novo plano de reformulação do Estatuto do Estrangeiro, que ainda não tem data para ser apresentado. 

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...