sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Diplomacia partidaria e diplomacia diplomatica: tudo a ver? - Eliane Cantanhede (FSP)

Tô fora!
Eliane Cantanhede
Folha de S.Paulo, 14/02/2014

 BRASÍLIA - Tanto a questão de Henrique Pizzolato quanto a fuga de médicos cubanos são assuntos que têm uma dimensão internacional. Mas, como não participou de nenhum dos dois na origem, o Itamaraty agora lava as mãos no desenrolar (ou no enrolar) das coisas.
Quando o governo Lula começou a discutir o caso do italiano Battisti, condenado à prisão perpétua por assassinato no país dele, o Itamaraty votou no Conare (o comitê para refugiados) contra o asilo –ou a favor da extradição. Mas, como a história registra, o governo Lula deu mil e uma voltas, mil e um jeitinhos, até manter o cara aqui, livre, leve e solto.
Agora, quando a situação se inverte e o fujão Pizzolato está na Itália, é o Itamaraty que não quer mais saber dessa história. Quem deu asilo a Battisti que se vire com Pizzolato, ou "quem pariu Mateus que o embale".
Quando –e se– o Ministério da Justiça, a Procuradoria e, de raspão, o Supremo tomarem providências para pedir a extradição, um diplomata bem vestido, bem penteado, poliglota e cheio de cursos vai colocar a correspondência num envelope bacana para entregar na Embaixada da Itália em Brasília. E lavar as mãos.
O mesmo vale para a evasão de médicos cubanos. Quando o governo decidiu trazer milhares deles (já são cerca de 7.400 inscritos), todas as tratativas foram feitas pelo Planalto, pelo Ministério da Saúde, pela assessoria internacional da Presidência, mesmo criando doutores de primeira e de segunda classe no Mais Médicos, menina dos olhos de Dilma e das campanhas petistas.
Agora, quando cubanos começam a desertar e não dá para mandá-los de volta pelas asas da Venezuela, como ocorreu com os boxeadores no governo Lula, o que o Itamaraty pode fazer? Nem pode exigir que os irmãos Castro deem um jeito nos insubordinados nem pode impedir os EUA de concederem vistos.
Logo, essas duas questões internacionais não são para o Itamaraty, são para a diplomacia partidária.


Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal 'GloboNews em Pauta' e da Rádio Metrópole da Bahia

Pronto: ja tem um J'Accuse da imprensa brasileira - Reinaldo Azevedo


Eu acuso. Ou Dilma 'Red Block'


O cinegrafista Santiago Andrade está morto. Não vai comparecer à próxima manifestação nem ao almoço de domingo. Quem o subtraiu da vida roubou também o pai, o marido, o amigo e a liberdade de imprensa.
Eu acuso Franklin Martins de ser o chefe de uma milícia oportunista contra a imprensa livre.
Eu acuso o governo federal e as estatais, que financiam páginas e veículos que pregam o ódio ao jornalismo independente, de ser corresponsáveis por essa morte.
Eu acuso o ministro José Eduardo Cardozo de ser, querendo ou não, na prática, um dos incitadores da desordem.
Eu acuso o ministro Gilberto Carvalho de especular com o confronto de todos contra todos.
Eu acuso jornalistas de praticar a sujeição voluntária porque se calam sobre o fato de que são caçados nas ruas pelos ditos "ativistas" e obrigados a trabalhar clandestinamente.
Eu acuso empresas e jornalistas de se render a milicianos das redes sociais e de se preocupar mais com "o que elas vão dizer de nós" do que com o que "nós temos de dizer a elas".
Eu acuso uns e outros de se deixar pautar por dinossauros com um iPad nas patas.
No começo deste mês, Franklin Martins participou de "um debate" com gente que concorda com ele num aparelho sindical a serviço do PT. Malhou a imprensa à vontade, num ambiente em que só o ressentimento superava a burrice. Num dado momento, afirmou: "Há por parte da maioria dos órgãos de comunicação uma oposição reiterada, sistemática, muitas vezes raivosa, contra o governo; [isso] implica que o governo tenha de fazer a disputa política de modo permanente; ou seja, não é de vez em quando; tem de fazer sempre."
Aí está a origem do mal. A afirmação de Martins é mentirosa. Não existe essa imprensa de oposição. É delírio autoritário de quem precisa inventar um fantasma para endurecer o jogo com os "inimigos". Ele será o homem forte da campanha de Dilma à reeleição e voltou a ser a mão que balança o berço na Secom, que distribui a verba de publicidade aos linchadores.
Constrangido por essa patrulha financiada por dinheiro público, que literalmente arma a mão de delinquentes, o jornalismo se intimida, se esconde e se esquece de que não é apenas uma caixa de ressonância de valores em disputa. Se nos cabe reportar a ação dos que não toleram a democracia, é preciso evidenciar que o regime de liberdades é inegociável e que os critérios com que se avalia a violência de quem luta contra uma tirania não servem para medir a ação dos que protestam num regime democrático.
Dois dias depois da morte de Santiago, o moribundo MST organizou uma arruaça em Brasília e feriu 30 policiais, oito deles com gravidade. A presidente decidiu receber a turba pra conversar.
Eu acuso a "red bloc" Dilma Rousseff de ser omissa, de abrigar a violência e de promover a baderna.
PS - Janio de Freitas especulou sobre a honorabilidade de Jonas Tadeu Nunes, advogado dos assassinos de Santiago, porque já foi defensor de Natalino Guimarães, chefe de milícia. Alguns figurões do direito defenderam os ladrões do mensalão, e ninguém, com razão, duvidou da sua honra. O compromisso do advogado é com o direito de defesa, não com o crime praticado. O colunista referiu-se a mim –"um comentarista que já aparecia na rádio..."– porque perguntei a Jonas, na Jovem Pan, se grupos de extrema esquerda financiavam arruaceiros. Janio indaga se não poderiam ser de extrema direita. Se ela existisse, se fosse organizada, se tivesse partido, se recebesse verbas do fundo partidário, se tivesse suas "Sininhos" e seus piratas de olhos cerúleos, talvez... Acontece que as antípodas direita e extrema-direita no Brasil são substantivos abstratos, que só existem na mente meio paranoica das esquerdas. Ah, sim: apareceu uma lista de financiadores dos "black blocs". Todos de esquerda. Quod erat demonstrandum.

Problemas de consciencia: ainda bem que nao os tenho...

Não sei pelos outros, mas eu teria enormes problemas de consciência, e até de impedimento moral e prático, se tivesse de, por um motivo qualquer, digamos acadêmico ou profissional, defender ou sequer silenciar e permanecer passivo, ante tantos gestos de infâmia e de ataques repetidos aos direitos humanos e à democracia, como esses cometidos contra civis inocentes, por ditaduras ordinárias, como várias que existem por aí.
Já é difícil silenciar, imaginem então ser conivente, complacente, concordante, ou simplesmente compreensivo ante o espetáculo de mortos inocentes.
Como os que acontecem na Síria, por exemplo, ou até em lugares mais pertos.
Paulo Roberto de Almeida 

O Brasil e o Mercosul - Rubens Barbosa (OESP)

O BRASIL E OS NOVOS BLOCOS
 Rubens Barbosa
O Estado de S.Paulo, 11.02/2014

Pela primeira vez em vinte anos, os presidentes do Mercosul não realizaram o último encontro semestral e o Conselho do Mercosul, nem tem data para reunir-se neste ano. A crise é tão grave que os presidentes não conseguem fechar uma proposta conjunta para a União Europeia, tema importante que permitirá uma aproximação com um grande bloco comercial. 
O Mercosul, como inicialmente concebido, está agonizante. O Tratado de Assunção de 1991 previa, em seu artigo primeiro, a liberalização comercial e a abertura de mercado entre os países membros.
Hoje por questões politicas e ideológicas, o Mercosul tem sido um impedimento para a inserção externa do Brasil e dos outros países membros.  Amotivação política dos governos fez com que as regras passassem a ser desrespeitadas e medidas protecionistas prevalecessem sem qualquer punição para os países infratores. O Mercosul representa hoje apenas 8.6% do intercâmbio total do Brasil. O bloco está se tornando cada vez menos importante para nossas exportações, mesmo para os produtos manufaturados, que estão perdendo mercado na região pela perda de competitividade da economia brasileira.
O resultado foi um crescente isolamento do Brasil e do Mercosul das novas formas de comércio – cadeias produtivas globais, que representam hoje 56% do comércio global - e das negociações de acordos de livre comércio bilaterais e de mega-acordos regionais.
O Brasil, nos últimos 12 anos, colocou todas as suas fichas nas negociações multilaterais da Rodada Doha, no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC). A reunião de Bali foi positiva pela preservação da OMC, mas os desafios são enormes para a retomada das negociações de Doha, para a reforma que torne a instituição mais eficaz e ágil, e para tentar incorporar, de alguma forma, os acordos regionais até aqui negociados fora da OMC.Os riscos de nova paralização continuam grandes. Essa estratégia equivocada de negociação comercial fez com quenesse período o Brasil e o Mercosul concluíssem negociação com apenas três países: Israel, Egito e Autoridade Palestina. Enquanto isso, no mundo mais de 500 acordos estão em discussão, sendo que 354 foram notificados na OMC.
Os EUA e a Europa passaram a negociar a abertura de mercados fora da OMC. O alijamento da OMC das discussões das regras que regulamentarão as trocas comerciais no futuro reveste-se de particular gravidade porque os países em desenvolvimento não participarão de sua elaboração e se quiserem associar-se a esse mega grupo em formação terão que aceitar as regras prontas. Essas regras referem-se a serviços, investimentos, compras governamentais, propriedade intelectual e de origem.
Na Asia, os EUA estão em negociações adiantadas com 11paises(por razões politicas, a China não está incluída) para formar a Parceria Trans-Pacífica (TPP, em inglês). Mais recentemente, foi anunciado o inicio de um processo de integração ainda mais ambicioso: o acordo de comércio entre os EUA e a União Europeia que juntos representam  metade do PIB global e quase um terço do comércio internacional. Essas negociações tem implicações ainda mais graves para os países em desenvolvimento e, em especial,para o Brasil pelo fato de que em paralelo aos entendimentos comerciais, os dois gigantes regionais estão discutindo a formulação de regras sobre investimento, serviços, compra governamentais, propriedade intelectual, de origem, competição e sobretudo de padronização (standards) fora da OMC.
O Brasil e os países do Mercosul – grande produtores de produtos agrícolas – sofrerão um impacto adicional. O mercado europeu absorve grande parte desses produtos mesmo com medidas protecionistas e incentivos ilegais. A partir do momento em que o bloco transatlântico passar a existir nossos países terão de enfrentar a concorrência – com preferências negativas – a principal potência exportadora agrícola do mundo, os EUA.
A Aliança do Pacifico, integrada por México, Colômbia, Peru e Chile,  decidiu dar prioridade `as negociações com a Asia e com os EUA. Os quatro países tem acordos de livre comércio com os EUA, a União Europeia e outros países asiáticos, como a Coréia.Evidenciando uma estratégia mais ativa e moderna, a Aliança resolveu aproximar-sedos países desenvolvidos e explorar as possibilidades que se abrem com o intercâmbio com a Asia.
Do ponto de vista comercial, a Aliança terá pouco impacto inicial sobre os países do Mercosul, ao contrário do que ocorre com os outros blocos, pelo fato de que os países do Mercosul serem grande fornecedores de produtos agrícolas. O mercado europeu absorve grande parte desses produtos, mesmo com medidas protecionistas e incentivos ilegais.
Se as negociações do Mercosul com a Comissão Europeia não avançarem, por relutância protecionista de qualquer de seus membros, não haverá alternativa ao Brasil, no âmbito do Mercosul, senão fazer um acordo em separado com a União Europeia, para resguardar nossos interesses.
Por tudo isso, a percepção empresarial a respeito das negociações externas está mudando. No trabalho Agenda de Integração Externa divulgado pela Fiesp, pede-se o aprofundamento dos acordos regionais de comércio para eliminar a erosão das tarifas para os produtos brasileiros e negociações com países desenvolvidos, como UE, EUA, Japão, Coréia e outros que podem aportar conhecimento inovador e novas tecnologias para as empresas brasileiras.
Menos ideologia e mais pragmatismo na área externa é a demanda empresarial para recuperar as oportunidades perdidas nos últimos anos.


Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp

Foreign Affairs: differing views on Nafta


The View From the United States
In the 20 years since the North American Free Trade Agreement entered into force, the agreement has proved to be an economic boon. But if North America is to remain a uniquely competitive region, it will need to build on NAFTA's success by opening markets beyond its...

The View From Canada
Although the North American Free Trade Agreement succeeded in liberalizing trade, over the 20 years since the treaty entered into force, it has failed to deepen links between the Canadian, U.S., and Mexican economies. It's not too late to play catch-up, so policymakers...

The View From Mexico
Twenty years after the North American Free Trade Agreement came into effect, the deal has brought neither the huge gains its proponents promised nor the dramatic losses its adversaries warned of. For Mexico, NAFTA did increase exports, but its impact on spurring economic...

Venezuela: um membro, um parceiro, um pais amigo do Mercosul e do Brasil - noticias

Noticias de um país normal, sócio do Mercosul (aliás membro pleno, mas curiosamente não participa das negociações com A UE), com notícias para encher vários telejornais no Brasil.
Como estão as notícias no Brasil, por sinal?
O que diz o governo?
O que diz a Unasul?
Paulo Roberto de Almeida

STUDENT DEMONSTRATIONS

 | 

In solidarity with students

Venezuelan opposition leader asks President Maduro to end with armed gangs

Henrique Capriles referred to the violent events after the student demonstration (Handout photo)
STUDENT DEMONSTRATIONS.  Miranda state governor Henrique Capriles Radonski expressed his sympathy to the relatives of the three people killed on Wednesday, at the end of student demonstrations in Caracas.  

STUDENT DEMONSTRATIONS

Vecchio: Opposition leader Leopoldo López is standing up and being counted

"Viiolence is good for government only," (File photo)
STUDENT DEMONSTRATIONS. Referring to a warrant of arrest issued against opposition leader Leopoldo López on the grounds of his alleged liability for the violent events taking place in Venezuela on Wednesday, dissenter Carlos Vecchio said in a press conference that López was "at his place standing up and being counted." He also noted that the opposition had nothing to be afraid of, nor did it take any sort of kickbacks.  
05:21 PM
 | 

STUDENT DEMONSTRATIONS

Venezuela's interior minister: Protests are conspiratorial in nature

The minister thinks that students were manipulated (VTV)
According to the Venezuelan minister of the interior, justice and peace, violent groups intend to drive Venezuela to a civil war
04:29 PM
 | 

STUDENT DEMONSTRATIONS

Students demonstrate in east Caracas

Students from different universities (Handout photo)
Demonstrators blocked Francisco de Miranda Avenue
03:48 PM
 | 

STUDENT DEMONSTRATIONS

 | 

In a statement

Fedecámaras: The gov't is responsible for bringing calm to the country

The Venezuelan Federation of Chambers of Commerce and Industry (Fedecámaras) stated that this situation was foreseeable
01:58 PM
 | 

TELEVISION

NTN24 CEO: It is an affront to freedom of expression

The journalist voiced her position (File photo)
Claudia Gurisatti, the director of the Colombian TV channel that was removed from the grid of cable operators on Wednesday, vowed to file a complaint at all organizations which advocate freedom of expression and human rights
01:43 PM
 | 

STUDENT DEMONSTRATIONS

Ruling party mayor: International mass media tell their own story

The violent acts taking place in Venezuela on Wednesday were "episodes of the constant coup dissenters try to put down," ruling party Mayor Jorge Rodríguez commented
01:37 PM
 | 

OPINION

Excerpts of column "Runrunes" of Thursday, February 13

Minister of Petroleum and Mining Rafael Ramírez offered an extraordinary confession
01:16 PM
 | 

EXCHANGE CONTROL

Central Bank of Venezuela to establish ceiling in Sicad's auctions

Venezuela's National Center for Foreign Trade is to determine the sectors allowed to take part in the auctions of the Ancillary Foreign Currency Administration System (Sicad)
11:27 AM
 | 

FOREIGN EXCHANGE

Exchange rate imbalances lead to incorporation of a new forex market

If the new market is regulated, demand will not be satisfied and (...)
Three exchange rates will be enforced in the Venezuelan economy
10:47 AM
 | 

SHORTAGE

Venezuela's food shortage in January the highest in five years

Food prices spiked to 74% in 2013(Giuliana Chiappe)
Expert warns against escalation of shortage
10:17 AM
 | 

STUDENT DEMONSTRATIONS

Armored carriers spread across Venezuela

Plaza Venezuela guarded by armored carriers of the Venezuelan (...)

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...