quinta-feira, 26 de junho de 2014

Os amigos que os companheiros nunca esquecem: os construtores companheiros...

Trata-se de uma mútua afetividade, pode-se dizer.
Ou uma mão lava a outra, como se diz mais vulgarmente.
A gente lhe arruma uns trocados, e você nos dá uns trocados de volta, tudo bem?
Os amigos bilionários a gente nunca esquece, inclusive porque eles nunca esquecem da gente...
Estão sempre querendo ajudar...
Pois é, Dona Marisa...

Mata Pires, da OAS, vira bilionário graças às obras da Copa

Empreiteira do empresário foi a maior vencedora das licitações para as obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, diz Forbes

Wkimedia Commons
Arena das Dunas, em Natal
Arena das Dunas: estádio foi apenas uma das obras da Copa vencidas pela OAS
São Paulo – César Mata Pires, 65 anos, fundador e presidente executivo da empreiteira OAS, é um dos brasileiros a entrar pela primeira vez na lista de bilionários do mundo da revista Forbes.
Segundo a revista, o empreiteiro é dono de uma fortuna de 1,55 bilhão de dólares, graças, principalmente, à empresa que fundou e de que possui 90%.
Além dos serviços que presta no setor petroquímico e de energia e das concessões que possui sobre estradas, a revista atribui o aumento da fortuna do novo bilionário às obras para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
A empreiteira foi uma das maiores vencedoras das licitações para obras dos eventos, que incluíram o consórcio para a construção das arenas Fonte Nova, em Salvador, e das Dunas, em Natal. Ambas foram construídas sem recursos públicos, mas a empreiteira ganha com a administração dos locais e a exploração das marcas.
Sua empresa inclusive foi lembrada nos protestos do ano passado contra os eventos, onde apareceram cartazes com os dizeres "o dinheiro para educação foi todo para a OAS".
A revista Bloomberg, que também investiga e descobre novos bilionários pelo mundo, porém, já o havia classificado como bilionário em julho do ano passado.
Segundo a publicação, a porcentagem da empreiteira de que é dono é avaliada em 3,6 bilhões de dólares, e sua fortuna pessoal chega a 4,7 bilhões de dólares.
Família e conexões
Em 1976, César se uniu ao antigo colega da Odebrecht Durval Olivieri, onde trabalhou no início da carreira, para criar a Olivieri, Araújo e Suarez Engenheiros Associados – Araújo é o nome de solteira da mãe de César. 
Na mesma época, Mata Pires conheceu o então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, que o apresentou à sua filha. César casou-se com Tereza Magalhães alguns anos depois. Há indícios de que a empreiteira tenha sido beneficiada pelo sogro durante seu tempo no governo baiano e no senado durante a ditadura.
A sigla inclusive gerou alguns trocadilhos, como “Obras Arranjadas pelo Sogro” e “Obrigado, Amigo Sogro”. Em entrevista à revista IstoÉ, em 1999, o político negou as acusações: “nada tenho com a OAS, a não ser o fato de que o presidente da empresa é casado com a minha filha", disse.
Ao morrer, em 2007, ACM deixou uma herança de 500 milhões de reais. A disputa entre Tereza e seus outros dois irmãos rachou a família até que, em maio do ano passado, ela e seu marido abriram mão dos direitos pelo dinheiro.
Hoje, 49% dos contratos da OAS são construções para o governo e incluem as obras do Minha Casa Minha Vida.
Mata Pires também é filho de um poderoso criador de gado da Bahia, mas sua fortuna veio mesmo foi de sua empreiteira. Seja com 1 bilhão ou com 4 bilhões de dólares, o bilionário agora faz parte, oficialmente, do grupo das pessoas mais ricas do mundo.

Nunca Antes na Diplomacia: materiais sobre o livro em publicacao

Postagens relativas ao livro Nunca Antes na Diplomacia...
(apenas para consolidar a informação...)

18 Jun 2014
Nunca Antes na Diplomacia...: deve ser verdade...; capas e sumario. Acabo de receber da Editora Appris, as últimas provas do meu livro, como abaixo. Ainda faltam ficha catalográfica e ISBN, e finalização da capa, mas ...
29 Mai 2014
É evidente, que num ambiente de tal forma impregnado por essa rica e vistosa personalidade, que comandou soberanamente aos destinos do país nesses tempos do “nunca antes”, a diplomacia não poderia ficar imune aos ...
29 Mai 2014
Nunca Antes na Diplomacia...: a politica externa brasileira em tempos nao convencionais - livro de Paulo Roberto de Almeida (capa). Recebi a capa de meu próximo livro, que reproduzo abaixo. Agora tenho de corrigir as ...

29 Mai 2014
29 Mai 2014
Muitas de minhas opiniões – expostas de forma menos radicais, é verdade – coincidem com suas críticas a essa “diplomacia do nunca antes...”, um exemplo, entre vários outros, da vontade de protagonismo político dos ...

Stalin nazista? Quase: um novo livro vai trazer a extensão de sua colaboracao...

Eu já havia feito aqui um resumo de uma pequena nota na revista da BBC, History, a propósito deste livro que vai ser publicado pela Yale University Press, e que documenta a extensão da colaboração de Stalin com Hitler e o projeto nazista de dominação europeia (possivelmente mundial).
Vejam aqui:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/06/stalin-colaborou-ativamente-com-hitler.html
Reproduzo abaixo uma image da matéria.
Paulo Roberto de Almeida





quarta-feira, 25 de junho de 2014

Liu Xiaobo Plaza nb. 1, the House of the Chinese Big Brother - Aljazeera America


China livid over US plan to rename embassy street after dissident

Beijing slams ‘really absurd’ move to rename street in front of its Washington embassy after imprisoned Chinese activist
Chinese diplomats on Wednesday said Congress’ decision to rename the street in front of Beijing’s embassy in the U.S. capital after a Chinese dissident is "really absurd" and motivated by concerns not entirely related to human rights.
On Tuesday the House Appropriations Committee voted to rename the street outside the Chinese Embassy in Washington, D.C., to “Liu Xiaobo Plaza” — after a Chinese dissident who received the Nobel Peace Prize in absentia and is currently serving an 11-year prison term for subverting the government’s authority. Liu has called for an end to one-party rule in China.
The bipartisan move, led by Rep. Frank Wolf, R-Va., would effectively have all correspondence sent to the Chinese Embassy addressed to No. 1 Liu Xiaobo Plaza.
“This attempt driven by some personal interests runs counter to the joint efforts by and interests of the vast majority of peoples in both China and the United States to pursue a win-win cooperative partnership between our countries,” Chinese Embassy spokesman Geng Shuang said.
“This amendment is really absurd.”
Wolf had not responded to an interview request from Al Jazeera at time of publication.
U.S. trade union United Steelworkers (USW) was among the key proponents of the bid to remind Chinese diplomats of the jailed dissident, according to a statement released by Wolf’s office late Tuesday.
At the time of publication, USW had not answered questions regarding its support for the renaming effort. But according to a copy of a letter sent to Congress by USW President Leo W. Gerard, he said, “The fight for freedom, democracy and human rights depends on people like Dr. Liu and our willingness to stand by their sides.”
China has long been the world’s leading producer of crude steel and its top steel exporter, according to the World Steel Association, ahead of the European Union, Japan and the U.S. 
The USW said it has on numerous occasions mounted efforts to protect American industry and consumers from what it called subpar Chinese-produced steel and other products, ranging from green technology to tires
“What would be gained for [USW], I guess is the question,” said Elizabeth Economy, U.S.-China relations expert at the Council on Foreign Relations, adding that labor rights groups have a history of teaming up with proponents of human rights.
Regardless of intentions, Economy said that renaming a street will not do much to support political reform in China — an ongoing, albeit controversial, project of the Xi Jinping administration, which has mounted a massive crackdown on corruption in the public sector.
“By and large, what the U.S. says doesn’t really affect what the Chinese government does. The Chinese government does what it wants to do with reform in politics and human rights,” she said. “I just think you need to grant the Chinese government more autonomy in its decision-making than perhaps you are.”
Opponents of human rights advocates in China, including in Chinese state media, have often criticized homegrown reform movements for receiving support from the West. Analysts have said that Western administrations’ and activists’ criticisms of China’s human rights situation have set back the work of Chinese human rights advocates.
Gao Wenqian, New York–based senior policy adviser with the international advocacy group Human Rights in China, disagrees with the idea that gestures like Washington’s further the belief that the West has a monopoly on human rights.
“China’s human rights situation must first and foremost rely on people on the inside, but also depends on international support,” he said.
Like Economy, Gao believes that renaming the street in front of the embassy after a dissident is a major show of support for democracy advocates in China.
“This shows that [the U.S. Congress] cares about the popular movement in China,” Gao said.
Supporters of the planned renaming cited a move in the 1980s by the Washington, D.C., City Council to rename the street outside the Soviet Embassy as Andrei Sakharov Plaza, after the noted Soviet dissident and human rights advocate. The move was hailed as a major symbol of Washington’s support for human rights internationally.
But Economy believes that, as Chinese diplomats indicated, the move will not affect China’s domestic policy and will exacerbate perennial tensions between the world’s two largest economies.
“I don’t think, frankly, that this symbolic act — clearly irritating — will have any effect on Chinese policy,” she said.

Apartheid racial: um racista negro faz uma tese falsa e concede uma entrevista mentirosa - Adilson Moreira

As afirmações e argumentos desse pesquisador são falsos como duas notas de 3 e 4 reais.
Relaciono aqui as falsidades e mentiras desse professor:

Nós vivemos em uma sociedade racialmente estratificada. A população dos afrodescendentes sofre todo tipo de discriminação e de exclusão social. 

O racismo não é apenas um comportamento individual. É um sistema de dominação social e seu objetivo sempre foi o mesmo: garantir a hegemonia do grupo racial dominante.

No Brasil nós temos a ideia de que as pessoas negras são inerentemente inferiores, então elas podem ter o acesso ao mesmo espaço que as pessoas brancas mas sempre em uma condição subordinada.

Mas ele não faz apenas afirmações falsas, ele também faz prescrições equivocadas, como esta, por exemplo:

Precisamos de um processo de formação de professores que os torne capazes de tratar da questão racial dentro da sala de aula.

O professor é um típico produto das políticas racialistas, e racistas, do grupo no poder, cujo resultado mais evidente é a criação de um Apartheid oficial, no qual se tem de um lado os autodesignados afrodescendentes e, do outro, todos os demais...
Paulo Roberto de Almeida 


ADILSON JOSÉ MOREIRA | PROFESSOR DE DIREITO NA FGV

“No Brasil, temos a ideia de que os negros são inerentemente inferiores”

Para estudioso, um dos maiores problemas do racismo é o modo “recreativo” como é encarado

 São Paulo - El País, 21 JUN 2014 - 17:00 BRT

Adilson José Moreira, professor de Direito na Fundação Getúlio Vargas apresentou, no ano passado, sua tese no doutorado de Direito de Harvard Law School sobre a questão racial no Brasil. Sua conclusão acadêmica vai direto ao ponto. “O racismo é um sistema de dominação social e o seu objetivo sempre foi o mesmo: garantir a hegemonia do grupo racial dominante”, disse, durante entrevista concedida ao EL PAÍS. “No Brasil, nós desenvolvemos essa ideia de um racismo recreativo”, diz ele, ao falar sobre os casos de preconceito racial no futebol, por exemplo. Sua tese expõe um país dominado pela hegemonia branca, cheio de preconceitos e muito longe de uma real igualdade racial, embora haja esforços para mudar o quadro. “A percepção é de que o país tem progredido, em função de várias políticas que promoveram a distribuição de renda, como o Bolsa Família, mas essas políticas ainda não conseguiram promover a inclusão social da mulher negra”, explica. Para Moreira, a justiça racial está diretamente ligada à justiça de gênero. “Sem isso nós nunca vamos conseguir chegar à justiça racial”.

Pergunta. Você é a favor da implementação de cotas raciais no Brasil, que privilegiam o acesso de negros a universidades ou empregos públicos. Por quê?

Resposta. Eu sou favorável às ações afirmativas e, especificamente, às cotas raciais, por vários motivos. Nós vivemos em uma sociedade racialmente estratificada. A população dos afrodescendentes sofre todo tipo de discriminação e de exclusão social. As ações afirmativas nas universidades públicas não são a única forma de se promover a integração e a justiça racial, mas elas são um meio, reconhecido por tribunais brasileiros. Antes de 2002, menos de 2% dos alunos das universidades públicas eram pessoas negras. Após as cotas esse percentual aumentou significativamente, embora ainda seja menor do que 15%.

P. As cotas não são uma medida paliativa?

R. O racismo não é apenas um comportamento individual. É um sistema de dominação social e seu objetivo sempre foi o mesmo: garantir a hegemonia do grupo racial dominante. Por isso precisamos de políticas públicas. Precisamos de um processo de formação de professores que os torne capazes de tratar da questão racial dentro da sala de aula. Precisamos promover a educação cultural do povo brasileiro, no que diz respeito à história do Brasil, da África e da população negra no Brasil.

P. Essa mudança já começou a acontecer ou ainda estamos muito longe disso?

A luta contra o racismo é também contra o sexismo porque a mulher negra ganha até 75% a menos do que o homem branco

R. O que as pessoas que são contrárias às ações afirmativas e às cotas dizem? Que o que precisamos é criar escola pública de qualidade. Isso não é o suficiente, porque a estratificação racial não é produto apenas de uma questão de classe. As políticas sociais precisam tratar especificamente do problema da mulher negra, por exemplo, que é o grupo mais discriminado, vilipendiado que existe na nossa sociedade. A percepção é de que o país tem progredido, em função de várias políticas que promoveram a distribuição de renda, como o Bolsa Família, mas essas políticas não conseguiram promover a inclusão social da mulher negra. A luta contra o racismo é também contra o sexismo porque a mulher negra ganha até 75% a menos do que o homem branco.

P. Qual é o papel do ministro Joaquim Barbosa nesse contexto de democracia racial?

R. Quando você vê um número cada vez maior de pessoas negras ocupando papeis de destaque, desperta nos jovens negros a ideia de que eles também terão a capacidade de chegar a algum lugar. Um outro elemento importante é o papel do Supremo na discussão sobre a questão racial no Brasil. Nós tivemos durante cerca de 50, 60 anos, um discurso oficial baseado na ideia de que o Brasil é um país que conseguiu transcender a questão racial. A decisão do STF [de apoio] sobre as ações afirmativas teve uma importância muito grande porque é a primeira vez que a corte máxima rejeita essa imagem falsificada sobre a realidade do país.

P. E o que falta acontecer no Brasil?

R. Faltam muitas coisas (risos). Precisamos ter debate público sobre a desigualdade geral no Brasil. E isso já começou desde a década de 90, quando os movimentos sociais começaram a pressionar o Governo e a ir aos tribunais, solicitando proteção jurídica. A implementação de leis de inclusão e os programas de ações afirmativas são produto dessa articulação dos movimentos sociais. Hoje, após dez anos dessas políticas, já temos um número significativo de homens e mulheres negras inseridos no mercado de trabalho. Da mesma forma que é importante que nós tenhamos mulheres participando da tomada de decisões que afetam as mulheres, precisamos de negros tomando decisões que afetam a população negra.

P. E por que há tantos casos de racismo no futebol?

R. No Brasil nós temos a ideia de que as pessoas negras são inerentemente inferiores, então elas podem ter o acesso ao mesmo espaço que as pessoas brancas mas sempre em uma condição subordinada. Desenvolvemos essa ideia de um racismo recreativo, então as pessoas não veem o racismo ou o sexismo ou a homofobia como uma ofensa, como um atentado à dignidade das pessoas, elas acham que é realmente algo engraçado, que eu posso chegar para qualquer pessoa e chamá-la de macaco, de bicha ou de veado e que isso não representa nenhum animus de violência. A ideia é de que você pode ir ao campo de futebol, jogar uma banana ou chamar alguém de preto, macaco, veado e que está tudo bem.

O PIB dos companheiros (Pibinho) e o PIB dos economistas, e do mundo - Roberto Macedo

Por que um PIB bem maior?
Roberto Macedo
O Estado de S.Paulo, 20/06/2014

Este artigo é sobre algo que deveria ser óbvio, ao menos para economistas. Mas vi até uma conhecida economista menosprezando o crescimento do produto interno bruto (PIB), a professora Maria da Conceição Tavares.

Em artigo recente, A Era das Distopias, que pode ser encontrado pelo Google, ela disse: "Na verdade, se o PIB é 'pibinho' ou não, qual o problema? Vai ser 2%, 3% ou 4%? O problema é ter emprego. Para mim, os critérios clássicos são emprego, salário mínimo e ascensão social das bases. E também é sempre importante olhar os investimentos". Desta última frase não discordo. E numa entrevista ao jornal O Globo (14/3) também afirmou: "Ninguém come PIB, come alimentos".

Para aferir o grau de desenvolvimento econômico de um país o que conta é o PIB per capita, ou por habitante. O do Brasil deixa-nos no meio da corrida mundial por esse desenvolvimento, na qual se empenha a esmagadora maioria dos países.

Para prosseguir, tomarei dois países para mostrar diferenças de grandeza econômica, recorrendo a dados de 2012 do Banco Mundial (BM), os últimos disponíveis nessa fonte. O Brasil, que o BM classifica com de "renda média alta", mostrava então um PIB total de US$ 2,253 trilhões, e 198,7 milhões de habitantes, com o que seu PIB por habitante era de US$ 11.339. O Reino Unido (RU), que engloba Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, considerado pelo BM como de alta renda, tinha então um PIB total de US$ 2,476 trilhões, bem próximo do brasileiro, mas uma população de 63,6 milhões, ou cerca de um terço da nossa, e assim um PIB por habitante de US$ 38.931, perto de 3,5 vezes o do Brasil (!).

Não nos podemos conformar com essa diferença, e como o RU e outros ricos seguirão em frente, o Brasil precisa acelerar bastante o seu PIB para encurtá-la. Um PIB por habitante bem maior levaria os brasileiros a um padrão de vida médio bem superior ao atual. Sei de um economista brasileiro que viveu um ano no RU (Inglaterra) e relatou que lá, entre outros aspectos, as condições de educação, segurança e saúde eram muitíssimo melhores que as nossas. E não ficou só olhando. Embora estrangeiro, uma de suas filhas ingressou no ensino fundamental de uma excelente escola pública gratuita, em tempo integral. Para facilitar a adaptação da nova aluna à língua inglesa ela teve um professor para tutorá-la individualmente. Outra filha dele nasceu lá, num hospital do Serviço Nacional de Saúde do país, e por um mês houve várias visitas de enfermeiras à sua residência para examinar a criança e saber se vivia em boas condições. Na área da segurança ele ficou só olhando, mas sem a apreensão com que se vive no Brasil.

Com o PIB, a população e a carga tributária que o Brasil tem, não há como ele oferecer serviços públicos desse nível. Assim, predomina em vários círculos a visão de que faltam recursos para isto ou aquilo, o que poderia ser efetivamente melhorado se aumentadas as porcentagens da receita pública ou do PIB destinadas a este ou àquele serviço.

Por exemplo, o Congresso Nacional aprovou recentemente um Plano Nacional de Educação que tem como meta principal elevar o gasto público total em educação dos atuais 6% para 10% do PIB em dez anos. E há o Movimento Saúde + 10, que pressiona o Congresso a elevar o dispêndio do governo federal em saúde para um montante igual ou superior a 10% de suas receitas correntes brutas.

Com propostas desse tipo se vende a ilusão de que poderão resolver nossos problemas. Muitas vezes não se explicita de onde virá o dinheiro, mas o existente já está curto e há outros interessados a gritar "me dá (mais) um dinheiro aí", como empresários, juízes, professores, policiais, Estados e municípios. Na educação a aposta é no dinheiro que viria do pré-sal, que também não vejo suficiente, além depender de outra hipótese: a de que ele saia lá do fundo do fundo do mar e seja eficazmente utilizado.

O que ainda sustenta a reduzida expansão dos serviços públicos vem das taxinhas do PIB e do contínuo aumento da já enorme carga tributária que sobre ele incide. Em 2012 estava bem perto de 36% do PIB, o mesmo ocorrendo com a carga tributária do RU.

No Brasil, essa semelhança de carga tem levado a uma percepção enganosa. Ela é sintetizada na visão de um país imaginário que poderia ser chamado de Runganda, com carga tributária do RU e serviços públicos de Gana.

Ora, com um pouco de reflexão se percebe que, além do PIB, é indispensável levar em conta o tamanho da população dos países comparados. Ou seja, calcular quanto seus governos arrecadam por habitante e têm ao seu dispor para prover serviços públicos. Voltando aos números, como foi visto o Brasil e o RU têm PIBs totais de valor aproximado e sobre estes incidem cargas tributárias de porcentagem semelhante.

Mas, calculando essa carga de 36% sobre o PIB por habitante, em 2012 o setor público do RU contava com US$ 14.015 por habitante, enquanto o Brasil dispunha de apenas US$ 4.082. Em reais à taxa comercial de ontem, R$ 31.632 e R$ 9.213 respectivamente. Uma enorme diferença, que explica os melhores serviços públicos providos pelo RU.

Em conclusão, o povo brasileiro não come os números do PIB, mas come uma fatia dele em alimentação, recorre à do vestuário e faz uso dos serviços de saúde, educação e transporte - entre outras fatias.

Assim, há muito, muitíssimo que fazer pelo PIB brasileiro. Enquanto não crescer a taxas dignas das necessidades de seus habitantes o Brasil continuará nessa ilusória classe média alta, que só é alta quando se miram os países que estão lá muito abaixo do nosso, que ainda é bem pobre se comparado com os que permanecem por cima, como o RU. Estes são os que devemos mirar e correr mais rápido para alcançá-los, ou pelo menos para não ficarmos, como hoje, tão distantes deles.


ROBERTO MACEDO, ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), É CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR

Academia.edu: textos PRA mais vistos, no mes, e cumulativamente

Por acaso revisando alguns textos meus na plataforma Academia.edu, verifiquei quais eram os textos mais acessados, para ter uma ideia do que buscam os visitantes, ou membros, desse foro de cooperação e interação acadêmica, como forma de até aperfeiçoar as postagens que ali efetuo.
Com exceção do primeiro, campeão absoluto, mas que não me pertence -- uma vez que apenas colaborei com esse estudo, respondendo as questões formuladas -- todos os demais textos são meus, inclusive o último aqui destacado, um pequeno texto de adolescência, de um jornalzinho do secundário.
Há um pouco de tudo...
Paulo Roberto de Almeida

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...