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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Wikileaks-Brasil: um elefante branco marinho...

Elefantes brancos devem ser excelentes no circo, ou como curiosidades em zoológicos, ms deveria ser mais importante definir primeiro o custo de um elefante branco, saber quanto ele vai custar e quanto de retorno ele vai dar para a sociedade...
Paulo Roberto de Almeida

EUA avaliam que submarino nuclear é "elefante branco"
Fernando Rodrigues
Folha de S.Paulo, 1/12/2010

Diplomata diz em telegrama confidencial que pode haver "buraco negro" de verba

Dois telegramas produzidos pela Embaixada dos EUA em Brasília no início de 2009 fazem duras críticas à Estratégia Nacional de Defesa lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2008.

Em um desses dois despachos aos quais a Folha teve acesso, ambos assinados pelo então embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel, há uma contestação sobre como as Forças Armadas brasileiras serão empregadas no futuro, sobretudo na proteção do mar territorial do país por causa da descoberta das reservas de petróleo da camada do pré-sal.

"Não há (...) informação sobre as possíveis ameaças a áreas de reserva de petróleo e a que a Marinha terá de responder contra-atacando, tornando difícil, por exemplo, avaliar a declaração contida na estratégia de que um submarino nuclear será necessário para proteger essas instalações", diz o telegrama, datado de 9 de janeiro de 2009.

A diplomacia norte-americana classifica como "consistente" o objetivo de modernizar o setor militar no Brasil, mas faz então uma ressalva:

"Deixando de lado elefantes brancos politicamente populares como o submarino movido a energia nuclear".

O desejo da Marinha de ter um submarino nuclear é citado sete vezes nos dois telegramas da diplomacia dos EUA. Ao final, esse equipamento é jogado numa lista de itens que podem impedir a concretização da Estratégia Nacional de Defesa.

"Há (...) sérias questões sobre o quanto desse plano será realizado, particularmente com outras supostas prioridades estratégicas, incluindo (...) submarinos nucleares e apoio governamental a empresas do setor de defesa que não sejam competitivas, algo que pode provocar o surgimento de buracos negros que vão sugar todos os recursos disponíveis", diz o telegrama, confidencial.

A compra dos submarinos foi fechada em setembro de 2009. São quatro modelos convencionais Scorpène e o desenvolvimento do casco e da integração de um reator brasileiro a uma unidade com propulsão nuclear.

O negócio soma 6,5 bilhões de euros (R$ 14,5 bilhões pela cotação de terça-feira).

Os dois documentos (um total de 12 páginas) a que a Folha teve acesso na terça-feira (30/11) fazem parte de um grande lote de telegramas dos diplomatas dos EUA que estão sendo vazados desde domingo pela organização não governamental WikiLeaks.

As informações estão surgindo no site da entidade: http://cablegate.wikileaks.org/. A Folha.com criou uma seção especial sobre o caso: folha.com.br/103334

Os telegramas lidos pela Folha são dedicados a analisar a Estratégia Nacional de Defesa do Brasil.

Os textos chamam a atenção para o fato de que o governo "permite "parceiros estratégicos", mas esses são vistos como os países que aceitam transferir tecnologias que tornarão o Brasil mais independente, não como um colaborador em operações de segurança".

O então embaixador dos EUA escreve em um trecho que "parece que Lula dá atenção" ao que dizia o então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. Na verdade, a influência dele -hoje fora do governo- era mais retórica do que prática.

Ambientalistas sensatos propoem metas modestas, mas ambiciosas, para os problemas do clima

Não sou especialista na questão, sequer um grande conhecedor do tema, apenas um curioso querendo aprender. Algo me diz, ao ler o artigo abaixo, que a visão dos três brasileiros é razoável e interessante, mas que ela carece de sustentação entre os principais países, o que significa que as soluções propostas não serão adotadas.
Ou seja: o mundo vai piorar antes de começar a melhorar. Talvez não seja uma má solução, pois persistem muitas dívidas sobre os efeitos reais das mudanças climáticas e sobre a capacidade de os sistemas econômicos (isto é, os mercados) de absorverem os desafios e transformarem os insumos "negativos" em materiais de reconversão e adaptação, combinando assim elementos positivos e negativos numa mesma equação adaptativa.
Paulo Roberto de Almeida 

Uma nova arquitetura para o clima
Israel Klabin, Rubens Ricupero e José Goldemberg
O Globo, 1/12/2010

"A opinião pública já começa a entender que os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas"

No atual cenário internacional, que une crise econômica a impasses nas negociações sobre meio ambiente, só temos uma certeza: o fim do modelo Kioto de negociações internacionais e dos mecanismos de implementação do princípio do "poluidor-pagador".
Não estamos sós na avaliação. Em fevereiro de 2010, um grupo acadêmico produziu um relatório sobre políticas climáticas chamado Hartwell Paper. O objetivo era reavaliar as políticas climáticas após a grave crise econômica de 2008-2009.
Esse documento foi uma parceria do Instituto de Ciência, Inovação e Sociedade da Universidade de Oxford, com a London School of Economics. "Uma boa crise não deve ser desperdiçada", é um dos conselhos que o Hartwell Paper fornece, com a nossa total aquiescência. O foco central está na crítica às políticas climáticas atuais, à maneira pela qual são negociadas e como são compreendidas e praticadas por vários governos sob o guardachuva da Convenção do Clima.
As conclusões do Hartwell Paper são: essas políticas falharam e não controlaram ou reduziram as concentrações de gases de efeito estufa; o acordo que emergiu em Copenhague tem status incerto, seus compromissos e consequências não são claros; nenhum acordo de grande conseqüência foi alcançado, e o próprio mecanismo de diplomacia  multilateral passou a ser questionado.
O peso dos emergentes não pode mais ser ignorado, e países como China, Brasil, Índia e África do Sul tomaram iniciativas e expressaram visões distintas. Alguns procuram implementar políticas domésticas ou bilaterais, cujos resultados podem ser mais facilmente alcançados. O que deverá acontecer em Cancún?
Nenhum de nós acredita que algo diferente seja proposto e, muito menos, mecanismos importantes sejam implementados a tempo de reduzir as emissões no curto prazo. Devemos reavaliar as soluções preconizadas até agora para a questão ambiental. O desafio é como alcançar objetivos ambiciosos com harmonia política. Propomos abordagens específicas para cada aspecto do problema ambiental.
Devemos distinguir as questões: florestas, qualidade do ar, poluição das águas, adaptação às mudanças climáticas, energia, etc, cada qual seguindo sua própria agenda. Os objetivos principais de uma nova agenda climática deveriam ser três: energia adequada (limpa, acessível, segura e de baixo custo), modelos de desenvolvimento que não comprometam os sistemas naturais e adaptação das sociedades aos impactos de eventos climáticos extremos.
Apesar do estabelecimento de mercados de crédito de carbono e do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), as emissões aumentaram nos últimos 20 anos. O aumento das emissões em países em desenvolvimento, que não têm compromissos de redução em Kioto, é a principal explicação.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, em 2015 a emissão resultante da queima de combustíveis fósseis desses países ultrapassará pela primeira vez as emissões dos países ricos somados. Dessa maneira, não podemos ser coniventes com o mau uso da tese de responsabilidade diferenciada, isto é, por serem menos ricos e por terem iniciado seu processo econômico tardiamente, os países em  desenvolvimento teriam um direito moral à poluição, e que impor restrições seria uma espécie de dumping ambiental por países de economia avançada.
Não é preciso, para que os países pobres se desenvolvam, gerar a poluição que os ricos produziram em dois séculos. Os perigos iminentes implicam responsabilidades conjuntas. Devemos procurar mecanismos aplicados nacionalmente que promovam o desenvolvimento, dentro de conceitos de uma economia limpa, a serem debatidos e apresentados na Rio+20.
É possível um salto na renda e bem-estar ao adotarmos tecnologias já disponíveis e práticas da nova economia. O Brasil tem por hábito se apropriar depressa de evoluções tecnológicas e conceituais que alimentam o modelo econômico e os padrões de consumo do mundo desenvolvido.
Foi essa também a espoleta que a China usou para a rápida evolução e absorção da modernidade de seu desenvolvimento. Isso ainda é possível para nós, porém em outro modelo de mercado e de novos conceitos de soberania que, em vez de nacional, se apresentaria como co-responsabilidades de um sistema global com baixa emissão de gases-estufa. Podemos aprender com bons modelos pelo mundo.
O Brasil tem exemplos para apresentar. O programa de etanol de cana-de-açúcar, a redução do desmatamento da Amazônia nos últimos anos e o acesso à eletricidade em zonas rurais conseguiram resultados positivos na área socioambiental.
Acreditamos que outros países podem dividir experiências exitosas em prol de uma verdadeira mudança de paradigma. Mudança climática é um problema perverso: não é facilmente identificável, sua complexidade não se reduz a modelos simples, as causas estão entranhadas nos sistemas sociais e econômicos que adotamos.
Uma "guerra à mudança climática" não chegará a lugar algum. É utópico pensar que há uma razão científica única. O que tentamos hoje é administrar a situação da melhor maneira possível e evitar cenários de maior risco.
A opinião pública já começa a entender que, embora difusos, os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas nos próximos anos. Os autores do Relatório Hartwell fizeram uma proposta interessante, que converge com nossas próprias ideias sobre mudanças no modelo econômico vigente.
O ponto central é o mecanismo de precificação do carbono, inicialmente pequeno, porém progressivo, de acordo com os custos do impacto ambiental produzido por cada setor que iria para um Fundo Global vinculado à inovação e ao desenvolvimento de tecnologias limpas. Com esse mecanismo será possível propiciar energia barata universal, motor fundamental para a inclusão social sustentável - não é pouca coisa, mas é possível.

Israel Klabin e Rubens Ricupero são membros do Conselho Curador da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; José Goldemberg é professor da Universidade de São Paulo.

Ciencia: nivelando por baixo

Perguntar não ofende: por que devemos fazer cooperação com quem está abaixo da gente? Por que o Brasil investe recursos apenas para ficar no mesmo nível? Por que não fazemos um esforço para chegar a patamares mais elevados de estudo e pesquisa sobre Física? Por que essa latino-americanidade toda num terreno que prescinde de características sociais, culturais, geográficas ou linguísticas? Enfim: por que não cooperamos com quem é melhor do que a gente?
Paulo Roberto de Almeida

Programa Latino-Americano de Física busca cooperação científica no continente
Assessoria de Imprensa da SBF
Jornal da Ciência, 1.12.2010

Primeira ação será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que acontece de 5 a 8 de dezembro, em Foz do Iguaçu (PR)
Diminuir as assimetrias entre os países da América Latina no que diz respeito ao ensino e à pesquisa em Física.  Esse é o objetivo do Programa Latino-Americano de Física (Plaf) que, ao longo de 2011, irá promover e incrementar a cooperação entre os profissionais da área que atuam no continente.

A primeira atividade da iniciativa será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que ocorrerá de 5 a 8 de dezembro, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu.

Coordenado pela Sociedade Brasileira de Física e pelas suas congêneres dos demais países do continente, o Plaf reunirá, em workshops e outros eventos de divulgação científica realizados em diversas instituições de ensino e pesquisa, alunos, docentes, cientistas e outras personalidades da Física.

"Para diminuir essas assimetrias na América Latina, precisamos começar pelos países que hoje apresentam uma situação mais delicada no que diz respeito às atividades de ensino e pesquisa, entre eles Paraguai, Bolívia e Equador", disse Carlos Alberto dos Santos, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unila e coordenador do workshop.

Segundo ele, além de outro grande encontro que será realizado em meados de 2011, também em Foz do Iguaçu, e que deverá contar, provavelmente, com a presença de um cientista estrangeiro que já tenha ganhado um Prêmio Nobel em Física, o Plaf pretende reunir a comunidade de físicos em assuntos que estão na fronteira do conhecimento científico.

"Cosmologia", "Computação quântica", "Materiais orgânicos para dispositivos eletrônicos", "Spintrônica e grafeno: alternativas para a tecnologia do silício" e "Modelagem matemática de sistemas biológicos" serão alguns temas de palestras que serão apresentadas no primeiro workshop, destinado a alunos de graduação e professores do Ensino Médio.

"Escolhemos justamente tópicos mais avançados e que normalmente não são contemplados nos cursos de graduação, de modo a incentivar o interesse dos alunos por assuntos de ponta e de caráter internacional", afirma Santos. "Por isso estamos investindo, desde já, no trabalho de mobilização do maior número possível de cientistas do continente", aponta.

O Programa Latino Americano de Física, que tem apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), incluirá ainda a divulgação de cursos de pós-graduação e o apoio à criação de novos programas de especialização na área.

Para Adalberto Fazzio, ex-presidente da SBF e professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), as ações do PLAF no Brasil deverão ser mais intensas nos estados do Norte do país, como Acre, Roraima, Tocantins, Amapá e Amazônia. "Os alunos e professores dessas regiões precisam trocar mais experiências com a comunidade de físicos do país e do continente", conta.

Os encontros do programa não ocorrerão apenas no Brasil. "Deveremos ter também atividades em La Paz, na Bolívia, e Assunção, no Paraguai, por exemplo, de modo a incentivar a visita dos físicos brasileiros a essas cidades para aumentar o nível de interação local. O objetivo é evitar discussões de caráter político e aumentar a interação acadêmica por meio de ações de interesse de todas as universidades e institutos de pesquisa envolvidos", explica Fazzio.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O governo cria dinheiro e inventa bolhas...

A medida ou é inócua, ou é ilegal. Vejamos:
"Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB."
Ao que saiba, o Brasil, ou melhor, o governo do Brasil não produz superávit, de fato, e sim um déficit, pois o que ele chama de superávit primário é insuficiente para pagar os juros da dívida. Por definição, portanto, esse superávit não existe. Se o governo está usando uma parte do superávit para repassar ao Fundo Soberano -- que não é Fundo, nem Soberano -- ele está extrapolando o sentido da lei que criou esse tal de FSB, cuja única característica é ser do Brasil, como a jabuticaba, mas que não é bem um fundo -- como dito, não existe superávit fiscal ou de contas correntes, e sim déficits, nas duas vertentes -- e muito menos soberano, que existiria se a moeda brasileira fosse conversível.
O que o governo faz é emitir títulos da dívida pública para comprar divisas estrangeiras e assim fazer o seu colchão, que é utilizado completamente de forma arbitrária, sem qualquer controle do Parlamento, que está sendo castrado em seu direito de opinar, e de exigir que todos os recursos usados pelo governo estejam dentro do Orçamento.
Esse governo é um infrator primário da legalidade constitucional.
Paulo Roberto de Almeida

Medida define uso de Fundo Soberano na guerra contra o real valorizado
O Globo, 30.11.2010

O governo deu ontem mais um passo para que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) seja usado para conter a excessiva valorização do real. A Medida Provisória (MP) 513, publicada ontem no Diário Oficial, define que compras de ativos feitas com recursos do FSB no exterior tenham o Banco do Brasil como agente de custódia. Embora a ação tenha um caráter técnico, ela abre espaço para que o Fundo entre no mercado de câmbio, utilizando dólares adquiridos no país para a compra de ativos lá fora, reduzindo a pressão sobre a cotação da moeda americana.
Segundo os técnicos do Tesouro Nacional, o FSB já podia adquirir ativos no exterior, mas não tinha um agente de custódia definido. Isso é algo importante dentro da transparência exigida pelas regras do mercado internacional.
Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB. A MP que criou o Fundo em 2008 permitia essa transferência de sobras do caixa do primário, mas como acabou perdendo a validade sem ser votada no Congresso, a possibilidade só voltou a existir agora com uma nova medida.
A MP também autoriza uma capitalização do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) em títulos públicos no valor de R$1 bilhão. A MP permite ainda que o Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS) seja o garantidor do seguro habitacional de seus próprios contratos, reduzindo custos para o mutuário.

Wikileaks-China: nao se permitem leaks, justamente, nem antes, nem depois

O governo da RPC bloqueia o acesso do Wikileaks a seus cidadãos: faz sentido, pois o Yellow Big Brother já bloqueia dezenas, talvez centenas de sites, e não permite o acesso a blogs, YouTube, FaceBook e outras ferramentas interativas.
Só estão autorizadas, no momento, intrusões no Google, Yahoo e outros serviços ocidentais...
Paulo Roberto de Almeida

China bloqueia acesso ao WikiLeaks

Governo desconfia que haja relatos sobre política entre as Coreias e ataque cibernético no material

AP, 01 de dezembro de 2010 | 2h 08

PEQUIM - A China bloqueou nesta quarta-feira, 1º, o acesso ao site WikiLeaks, em meio a alegações embaraçosas, após o vazamento dos telegramas da diplomacia americana.
Quem tenta acessar o domínio wikileaks.org e cablegate.wikileaks.org, tem a informação de que a conexão com os sites não pôde de ser completada.
Esta é uma resposta padrão quando um site está bloqueado pelas autoridades chinesas, que exercem o rígido controle do conteúdo da internet.
O suposto motivo pelo bloqueio do site WikiLeaks é o vazamento de documentos que envolvem dados de vários países e suas relações diplomáticas.
Entre os documentos vazados poderiam estar inclusas a preparação dos líderes chineses numa eventual interferência na península coreana e os planos do Politburo chinês (órgão de direção do Partido Comunista Chinês) que organiza um ataque cibernético ao Google.

Wikileaks-Brasil: MST vai convidar embaixador americano para um duelo ao por do sol...

Não sei se seria o caso; sobretudo com esses enormes revólveres americanos, talvez o MST prefira arremesso de foices ou algo do gênero, mas eles devem estar incomodados com tanta gente querendo enquadrá-los por terrorismo, quando o que eles buscam, na verdade, seria uma forma de legalizar o terrorismo.
Paulo Roberto de Almeida

Wikileaks: documento diz que MST e movimentos sociais são obstáculos a lei antiterrorismo no Brasil
Marina Terra | Redação
30/11/2010 - 13:00

Um documento elaborado em novembro de 2008 pelo então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, cita o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e os movimentos socias como obstáculos à criação de uma lei antiterrorismo no Brasil.

O texto menciona o analista de inteligência estratégica na Escola Superior de Guerra André Luis Woloszyn (citado no documento como "Soloszyn"), que, em conversa com Sobel, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "repleto de militantes esquerdistas que tinham sido alvos de leis da era da ditadura militar criadas para reprimir a violência politicamente motivada", dificilmente promulgaria uma lei que poderia enquadrar atos de grupos com os quais simpatiza, pois "não existe maneira de redigir uma legislação antiterrorismo que exclua as ações do MST".

Além disso, o "cabo" revelado pelo Wikileaks afirma que Brasília voltou atrás no desenvolvimento de uma legislação antiterrorismo por razões "políticas".
O MST ainda não se pronunciou sobre o assunto. De acordo com a assessoria de imprensa do movimento, o tema não foi debatido internamente.
A divulgação de telegramas das embaixadas e consulados dos EUA pelo mundo causaram grande constrangimento à diplomacia da Casa Branca. Foram numerosos os casos de críticas a dirigentes de vários países, escritas por representantes dos EUA ao redor do mundo, que se tornaram públicos. 
De acordo com Soloszyn, poucos no governo e no Congresso brasileiro dão atenção para o tema do terrorismo, assim como para a existência de "potenciais bolsões de extremismo islâmico entre segmentos da grande comunidade muçulmana brasileira".
O analista brasileiro ainda sugere que o único fator que poderia modificar a "indiferença" com relação ao tema do terrorismo seria outra onda de violência como a que foi desencadeada no estado de São Paulo em 2006 pelo grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na época em que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) elaborou anteprojeto de lei que trata dos crimes terroristas e de seu financiamento em território brasileiro, adversários da lei, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), se pronunciaram.
Foi o caso do então presidente da organização, Cézar Britto, que afirmou em 2008 que a lei oferecia risco de restringir direitos humanos. “O problema de uma lei que não define o que é terrorismo é que ela pode ser aplicada em várias ações. Se não há uma definição clara do crime a ser punido, corre-se o risco de transformar em ato terrorista qualquer greve ou manifestação em que ocorra alguma ação de violência não prevista”.

Sem consenso
Sobel também conversou com José Antonio de Macedo Soares, secretário-assistente do Secretariado de Monitoramento e Estudos Institucionais do GSI, e o assessor do GSI Janer Tesch Hosken Alvarenga, que afirmaram ser "impossível" chegar a um consenso no governo em relação à definição de terrorismo. Alvarenga é quem disse a Sobel que a decisão de derrubar a proposta de uma legislação antiterrorismo foi "política".  
"Quando lhe foi pedido que confirmasse notícia publicada no jornal diário Correio Braziliense dando conta de que a ministra Dilma Rousseff (chefe-de-gabinete do presidente Lula na Casa Civil) teria derrubado a proposta, Alvarenga tergiversou, sugerindo que vários 'clientes' teriam contribuído para a decisão, incluindo o Ministério da Justiça. No final, ele não negou o relato do jornal, afirmando que a decisão tinha sido 'política'", detalha o documento elaborado pelo funcionário norte-americano.

Conclusão dos EUA
Após abordar o tema com funcionários do governo brasileiro, Sobel diz ser "lamentável" a falta de apoio a uma legislação antiterrorismo no Brasil e considera "plausível" a hipótese de que o impedimento ao desenvolvimento da lei tenha partido da Casa Civil.
"Tirando algumas agências voltadas a questões de segurança, este governo evidencia muito pouco interesse por questões ligadas ao terrorismo, muito menos por legislação que sua base de apoio não tem interesse em ver promulgada e que exigiria capital político considerável para ser aprovada no Congresso".
Para Sobel, o Brasil desenvolve uma abordagem "Al Capone" (mafioso que fez fortuna traficando bebidas nos EUA durante o período de vigência da Lei Seca, nos anos 1930, e foi condenado apenas por sonegação de impostos) contra o terrorismo, ao enquadrar " os terroristas com base em violações alfandegárias, fraude fiscal e outros crimes que, infelizmente, incorrem em penas de prisão menores".

Clique aqui para acessar o texto divulgado pelo Wikileaks.

Wikileaks-Brasil: agora vem a fase dos desmentidos... (que serao desmentidos...)

O lado bom do Wikileaks é ver tanta gente boa (ops!) pega em frases incômodas (para dizer o mínimo). Gente que achava que sua frase iria ficar ali, entre quatro paredes, no máximo encerrada na fortaleza inexpugnável do Department of State (que aliás parece um bunker), e de repente, zut, voilà, lá está aquela frase incômoda estampada nos jornais.
E para que o desmentido? Não compreendo: se todo mundo sabe que é assim mesmo, para que se dar ao trabalho de desmentir? O próprio interessado poderia desmentir o desmentidor, desmentindo a nota e reafirmando aquilo que foi mentido e desmentido, ou desmentido mentirosamente, não sei se vocês me seguem...
Enfim, tudo isso é muito gozado...
Aguardaremos novos episódios hilariantes...
Tem de ter alguma história picante nisso tudo: 250 mil telegramas e nada de mais saboroso? Só essa aridez da high politics?! Não é possível! Queremos cenas explícitas de alguma coisa...
Paulo Roberto de Almeida 

Em nota, Nelson Jobim nega ter dito que Samuel Guimarães ‘odiava os EUA’
por Rodrigo Alvares
O Estado de S.Paulo, 30.novembro.2010

O Ministério da Defesa divulgou nota nesta terça-feira, 30, através da qual o titular da pasta, Nelson Jobim, nega as afirmações atribuídas a ele em telegrama da embaixada dos Estados Unidos divulgado pelo site Wikileaks. Jobim, que encontra-se hoje em visita oficial à Polônia, teria ligado para o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro Guimarães. De acordo com o telegrama, de 2008, Jobim teria dito ao então embaixador dos Estados Unidos do Brasil, Clifford Sobel, que Guimarães “odeia os Estados Unidos”. À época, Guimarães atuava como secretário-Geral das Relações Exteriores, o segundo cargo na hierarquia do Itamaraty.

Jobim desmentiu a afirmação e esclareceu a Guimarães que realmente em algum momento conversou sobre ele com o embaixador, mas disse que o tratou com respeito e classificou Guimarães como “um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil”. De acordo com o ministro, “se o embaixador disse que Samuel não gosta dos Estados Unidos, isso é interpretação do embaixador, eu não disse isso. Samuel é meu amigo”, afirmou.

No telegrama, datado de 25 de janeiro de 2008, Jobim teria dito a Sobel que Guimarães aparecia como um “sério problema em diversos níveis”. Além de “odiar os EUA”, Guimarães também é descrito como alguém que trabalhava ativa e calculadamente para dificultar as relações do Brasil com os americanos e outros países industrializados.

America Latina: insistindo no atraso...

Eu, na verdade, acho que esse conceito de "América Latina" é profundamente enganador: ele busca representar origens e problemas comuns, quando na verdade existe uma grande diversidade na região, em termos de políticas e de resultados dessas políticas.
Mas, se vocês desejarem ler algo pessimista, adaptado aliás ao estado do continente, aqui vai um dos meus artigos recentemente publicados:

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Por que a América Latina não decola: alguma explicação plausível?
.
Por Paulo Roberto de Almeida

www.pralmeida.org

Manos del mendigo, de Guayasamin
No sentido lato, a América Latina existe desde aproximadamente cinco séculos; desde o descobrimento, para ser exato. No sentido estrito, trata-se de um conceito político que se firmou desde meados do século 19, aproximadamente. Em qualquer sentido que se pense, a América Latina é um continente dotado de imensos recursos naturais e uma grande população dividida entre descendentes dos ibéricos colonizadores, remanescentes dos povos autóctones (que em determinados países compõem a maioria dos habitantes), proporções variadas de descendentes dos antigos escravos negros e contingentes igualmente variados de imigrantes de todas as partes, com destaque para europeus, levantinos e asiáticos. Esse tipo de mistura também existe na América do Norte, com a diferença (essencial) que os colonizadores foram, em sua maioria, famílias inglesas e da Europa ocidental, do mundo anglo-saxão.

O traço que mais distingue a América Latina é a persistência da pobreza e da desigualdade, mesmo se o fenômeno não é exatamente residual, e sim um elemento estrutural de sua formação e ‘desenvolvimento’. Sim, o continente se desenvolveu, a despeito de comparações desfavoráveis não apenas com a América do Norte, mas também com o continente asiático, região que até um período ainda recente parecia concentrar toda a miséria da humanidade. De continente promissor em termos de catch-up, ou seja, possibilidade de alcançar os países desenvolvidos, numa fase em que a Ásia era sinônimo de pobreza extrema, a região estagnou em várias áreas de interesse social, recuou sob outros critérios – nas conjunturas de hiper-inflação, por exemplo – ou foi simplesmente superada pelos países asiáticos em diversas frentes do processo de desenvolvimento: perdeu espaço no comércio internacional e na atração de investimentos estrangeiros, com a agravante de ter mantido a baixa educação, as tentações populistas no terreno político e uma tendência recorrente a experimentar os mesmos equívocos econômicos do passado, numa repetição incompreensível de um déjà vu cinematográfico (do tipo: “já vimos esse filme, sabemos como vai acabar”).

Para sermos mais precisos, nem toda a América Latina repassou o velho filme do populismo, do descontrole econômico e da persistência no atraso. Alguns países fizeram progressos no caminho do desenvolvimento, entre eles o Chile; mas o seu caminho foi longo, especialmente trágico durante treze anos, com a repressão brutal do começo, seguida de um lento processo de recuperação e de construção de um consenso econômico que se tem mantido desde o retorno da democracia (sem mais populismos na política econômica). O Chile foi o país que mais cresceu nos anos 1990 e durante boa parte da primeira década do século 21 e se prepara para ingressar na OCDE em prazo relativamente curto, sendo o primeiro país da América Latina a fazê-lo, depois que o México foi levado ao clube, pelas mãos dos Estados Unidos em 1994 (no mesmo processo que levou à formação do Nafta).

O Brasil também fez progressos sensíveis desde que conseguiu domar a inflação, em meados dos anos 1990, e efetuou ajustes no regime cambial e no controle da inflação no final da década, medidas que foram sustentadas durante quase toda a década seguinte, mesmo na ausência de rigor fiscal e sob intensa demanda do partido hegemônico em favor de ‘desenvolvimentismo’ ao velho estilo. Outros países também conseguiram escapar do dragão inflacionário e adotaram a via das políticas econômicas responsáveis, o que não foi o caso de alguns poucos, especialmente os chamados “bolivarianos”. Estes enveredaram por políticas econômicas cujos efeitos são conhecidos dentro e fora da região: mais inflação, penúrias no abastecimento, fuga de capitais, desinvestimento estrangeiro e formação de um mercado cambial paralelo. Mesmo sem ser um país bolivariano, a Argentina conseguiu praticar as mesmas políticas erradas várias vezes, feitas de controles de preços, manipulação cambial, confiscos de fundos financeiros, calote da dívida externa e impostos sobre as exportações. Trata-se de um caso único na história econômica mundial: um processo deliberado de decadência auto-infligida, por obra e graça de seus políticos.

Os críticos das políticas econômicas ditas neoliberais as acusam de serem responsáveis pelos desastres sociais na América Latina, recomendando, em seu lugar, as mesmas políticas aplicadas durante as décadas de desenvolvimentismo renitente, e que levaram a região à situação em que ela se encontra hoje, já descrita ao início deste ensaio. Poucos deles explicam como e porque a aplicação persistente dessas mesmas políticas recomendadas atualmente – encore et toujours – deixou a maior parte dos países no mesmo lugar e por que deveriam voltar a fazê-lo. Eles tampouco têm muito a dizer a respeito do Chile, que mudou radicalmente de políticas e foi praticamente o único a crescer num longo período de baixo crescimento ou de estagnação na região.

A dificuldade – em certos casos a incapacidade – de manter uma taxa de crescimento sustentada em grande parte dos países da América Latina, com transformação estrutural e distribuição social, tem algumas causas bem conhecidas e um diagnóstico geral que não costuma ser feito pelos ‘especialistas’ da região. As causas usualmente identificadas com o atraso histórico têm a ver com a concentração da terra (e a ausência de reforma agrária), os baixos níveis educacionais da população, a especialização primária, com obstáculos institucionais à industrialização, e (fatores menos importante) a carência de capitais e a insuficiência de investimentos estrangeiros (posto que facilmente contornáveis pela inversão de políticas setoriais).

Outras causas têm a ver com a irresponsabilidade fiscal, o exagero na emissão da moeda, o desregramento dos orçamentos, o excesso de despesas governamentais, manipulações do câmbio e da taxa de juros e o uso político de bancos estatais. No plano das políticas setoriais figuram o protecionismo comercial exagerado, a discriminação contra o capital estrangeiro e distorções gerais nas regras do jogo, afetando, em particular, a produção agrícola e industrial (com um terciário largamente informal). Fatores de caráter sistêmico podem ser vinculados ao desrespeito aos contratos e aos direitos de propriedade e, de forma geral, a violação da legalidade constitucional e o desvio constante do que os anglo-saxões chamam de rule of Law.

Com as poucas exceções mencionadas, estes são alguns dos fatores que, em perspectiva histórica e em caráter conjuntural, explicam o atraso persistente e as dificuldades de decolagem dos países da América Latina: combinados eles continuam a reter o continente num patamar de baixo crescimento e de ausência de mudanças estruturais. Alguns poucos países conseguem escapar das armadilhas que a insistência em políticas equivocadas transforma em círculo vicioso; um esclarecimento correto quanto às verdadeiras causas do subdesenvolvimento econômico poderá corrigir as trajetórias dos demais igualmente. Mas é preciso insistir no diagnóstico adequado…

Brasília, 8 de janeiro de 2010.
Revisão: Shanghai, 14.04.2010.

Fonte: ViaPolítica/O autor

Ensaios preparado para OrdemLivre.org

Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais e diplomata de carreira.

E-mail: pralmeida@me.com

Da série Volta ao Mundo em 25 Ensaios, leia também em ViaPolítica:
“Preeminência, hegemonia, dominação, exploração: realidades ou mitos?”
“Países ou pessoas ricas o são devido a que os pobres são pobres?”
“Orçamentos públicos devem ser sempre equilibrados?”
“Competição e monopólios (naturais ou não). Como definir e decidir?”
“Políticas ativas pelos Estados funcionam? Se sim, sob quais condições?”
“Duas tradições no campo da filosofia social, o liberalismo e o marxismo”
“Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?”
“Como organizar a economia para o maior (e melhor) bem-estar possível”

Mais sobre Paulo Roberto de Almeida

Depois do AeroLula, vem ai o AeroDilma: faz sentido, um aviao so é pouco...

Lula disse que o avião que comprou não presta, e que precisa de outro, talvez para dar uma volta ao mundo sem precisar se reabastecer. Faz sentido: um presidente assim importante não pode ficar parando em qualquer posto de reabastecimento... Tem de ter autonomia de voo, ora essa!
Sobretudo para um presidente que é a encarnação da classe trabalhadora. Classe trabalhadora não pode ser obstaculizada em sua marcha ascensional...
Nunca mais um presidente vai se humilhar por ter de fazer pit stop...

Lula defende compra de novo avião presidencial

Segundo o presidente, a aeronave atual, um Airbus-319, não tem autonomia de voo suficiente para longos percursos

Leonêncio Nossa, da Agência Estado, 30 de novembro de 2010 

ESTREITO, MA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira, 30, a compra de um novo avião para as viagens de sua sucessora Dilma Rousseff. Em entrevista realizada durante visita ao Maranhão, ele argumentou que a aeronave atual, um Airbus-319, não tem autonomia de voo suficiente para longos percursos. "Não tem porque não comprar", disse.
No canteiro das obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com Tocantins, ele aproveitou para ironizar as críticas à decisão tomada no início de seu governo de adquirir o Airbus-319. Esse avião, batizado pelo Planalto de Santos Dumont e pela imprensa de "Aerolula", poderá, no próximo governo, ser substituído por uma aeronave mais eficiente. "Acabou aquela bobagem do 'Aerolula'", disse. "Agora, estou chateado porque vou deixar a Presidência e não levar o avião comigo."
Ainda em tom de ironia, ele propôs uma campanha da imprensa para ficar com o "Aerolula" após deixar o governo. "Poderia fazer uma campanha e levar o avião comigo", disse. Ele avaliou que a autonomia de 12 horas de voo do Airbus-319 não atende à demanda das viagens mais longas da Presidência.
Daí a necessidade de uma nova aeronave, já batizada de "Aerodilma" antes mesmo de o governo bater o martelo. "O Brasil precisa de um avião com maior autonomia para o presidente da República viajar", afirmou Lula. "É uma vergonha ter um avião de apenas 12 horas de autonomia."
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Em discurso, Lula diz que é a 'encarnação do povo'

De improviso, Lula reconheceu que seus antecessores não tiveram as mesmas condições que ele para governar

Leonencio Nossa/ESTREITO (MA) - O Estado de S.Paulo, 30 de novembro de 2010 
 
A um mês de deixar o Planalto, o presidente Lula revelou nesta terça-feira, 30, que, na crise do mensalão, em 2005, ameaçou o Congresso dizendo-se "a encarnação do povo". Ele aproveitou um discurso de improviso durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito para relatar encontros privados com o senador José Sarney (PMDB).
"Uma vez o Sarney foi conversar comigo e eu disse: Sarney, eu só quero que o senhor diga lá dentro (Congresso Nacional) o seguinte: Se eles (oposição) tentarem dar um passo além da institucionalidade, eles não sabem o que vai acontecer neste País", relatou. "Este País teve presidente que foi embora, presidente que se matou ou foi cassado. Eles vão saber que eu sou diferente. Que não é o Lula que está na Presidência, mas a classe trabalhadora".
Lula confidenciou que tinha "muita dúvida" se teria condições de governar o País. "Este País já tinha criado as condições para o Getúlio Vargas se matar, não deixar o Juscelino assumir e cassou o João Goulart. Eu falei: o que eles vão aprontar comigo? E eles tentaram em 2005. Só que eles não sabiam que este País, pela primeira vez, tinha eleito um presidente que era a encarnação do povo, lá em Brasília."
No discurso atípico, Lula reconheceu que seus antecessores não tiveram as mesmas condições que ele ao assumir o comando do País. "Eu tenho consciência que outros presidentes não tiveram as mesmas condições que eu. O presidente Sarney pegou o Brasil em época de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar", disse Lula.
Obra. O presidente observou que a inauguração da obra ficará para o próximo governo. "É a Dilma que virá inaugurar, mas eu tinha que vir para fechar a comporta, pelo menos", disse, lembrando que desmarcou três visitas à obra por causa de problemas nas áreas ambiental e social. Comunidades ribeirinhas denunciam que estão sendo prejudicadas pela construção.
O presidente afirmou que recentemente foi firmado um acordo entre o consórcio Estreito Energia, construtor do projeto, e o movimento de atingidos pelas barragens. Pelo acordo, a empresa se responsabilizará por garantir a realocação das famílias e criar condições para que os pescadores continuem suas atividades.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Wikileaks-Brasil: mediando as Farc, ou pelo menos tentando...

Dentro da tragédia americana que representa a revelação de todos esses documentos operacionais, cabe reconhecer que eles auxiliam os historiadores do presente e os analistas políticos a se fazerem uma ideia do duplo discurso das autoridades brasileiras em relação a certos temas, entre eles o do terrorismo das Farc, na Colombia e cercanias.
Eles também revelam quão inconscientes ou ingênuos podem ser certos homens públicos, a menos que seja má-fé deliberada.
Em outros termos, o Brasil reconhece a presença das Farc, reconhece que a Colômbia representa o principal ponto de tensão na região, não faz nada para ajudar o vizinho país a resolver o seu problema, e ainda reclama quando o próprio país adota as soluções que acha mais adequadas para resolver essa ameaça terrorista, inclusive fazendo acordos de cooperação militar com o único país que se declarou disposto a ajudá-la (ainda que por interesse próprio, não importa, mas empenhou recursos, armas, homens, de qualquer maneira, o que o Brasil nunca fez).
Inacreditável, por outro lado, a alegação de que o Brasil pretenderia ser um "mediador" do conflito, o que seria aceitável nas mentes distorcidas dos militantes pró-cubanos e pró-Farc, mas não na cabeça de alguém que se pretende ministro da Defesa do Brasil. Mediar entre um Estado legalmente constituído, com um governo constitucionalmente eleito, e um grupo terrorista, que faz tráfico de drogas, pratica sequestros para sobreviver economicamente e cuja única função atualmente é aterrorisar as populações das regiões onde atua? Em que mundo vivem os dirigentes brasileiros? Num mundo da fantasia?
O Wikileaks ainda vai destruir várias reputações, desmantelar diversas hipocrisias, pegar muita gente mentindo em público e desmoralizar algumas carreiras políticas. Nisso, ele é bem vindo...
Finalmente, mais abaixo, os comentários de alguém, certamente muito odiado nesses meios que tentam "mediar" o conflito entre a Colômbia e as respeitáveis Farc... 
Paulo Roberto de Almeida

Brasil sabia da presença das Farc na Venezuela, segundo Wikileaks

Nelson Jobim, ministro da Defesa, também teria comentado a respeito da situação do Equador

Agencia Efe, 30 de novembro de 2010

O Brasil sabia da "presença" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na Venezuela e considerava a Colômbia como a "principal fonte de instabilidade" na região, mostraram nesta terça-feira, 30, os novos documentos revelados pelo Wikileaks. 


Esta informação aparece em documentos enviados em novembro de 2009 da embaixada dos EUA em Brasília, que mostram conversas de uma funcionária americana, Lisa Kibuske, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
"Falando de temas de segurança regional", diz uma das mensagens, "Jobim reconheceu na prática a presença da guerrilha das Farc na Venezuela e ofereceu sugestões para criar confiança na fronteira entre Colômbia e Equador".
No entanto, Jobim diz que reconhece publicamente a presença das Farc na Venezuela impediria o trabalho de mediação de seu Governo. "Perguntado sobre a presença das Farc na Venezuela, disse que se reconhecesse sua presença poderia arruinar a capacidade do Brasil como país mediador", explica a nota.
Posteriormente, em outra mensagem, Jobim situa a "Colômbia no centro da potencial instabilidade da região" e considera a tentativa do então presidente Álvaro Uribe de optar por um terceiro mandato na Colômbia como "terrível".
Mais adiante, o ministro brasileiro volta a mostrar suas preocupações a respeito de Uribe, a quem "insiste em qualificar como a primeira fonte de tensões" na região andina.
Na conversa entre Lisa e Nelson Jobim, o ministro da Defesa também mostra "inquietação" sobre o acordo de defesa entre EUA e Colômbia, que permitirá que militares americanos utilizem bases no país andino, ao apontar que um dos memorandos que acompanha o acordo deixa em "evidência a falta de compreensão da América Latina" por parte de Washington.
No entanto, a funcionária finaliza com um balanço positivo seu encontro com Jobim, de quem destaca sua "proximidade ao presidente Lula em questões de segurança". "Apesar da tendência do Governo do Brasil de culpar a Colômbia pelas tensões atuais, seus esforços por manter a paz são sinceros e deveriam ser apoiados", afirma na nota.
Trata-se dos primeiros documentos nos quais a Colômbia é citada desde que o Wikileaks começou a publicação em massa no domingo de mais de 250 mil documentos diplomáticos americanos, muitos deles com revelações embaraçosas para Washington e seus aliados.

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O antiamericanismo bocó somado ao personalismo jeca-tatu…
Reinaldo Azevedo, 30.11.2010

O problema dos telegramas vazados pelo site WikiLeaks é que muitos tentam ver como política oficial — ou escolhas de governo — o que está na esfera das considerações, das análises, dos chutes, da fofoca. Já falo mais a respeito. Vamos a um caso em particular.

Em conversa com ex-embaixador americano no Brasil Clifford Sobel (20067-2009), Nelson Jobim, ministro da Defesa, teria definido Samuel Pinheiro Guimarães, então segundo homem no Itamaraty e hoje chefe da Sealopra (lembram-se dela?), como antiamericano; teria dito mesmo que ele “odeia os EUA” e “trabalha para criar problemas na relação”. Clifford enviou a mensagem a seu governo, e agora ela está no mundo…

Jobim já ligou para Guimarães para assegurar que não disse nada daquilo; que conversou, sim, com o embaixador, mas ele interpretou mal o sentido de suas palavras etc e tal. Lula  defende o ministro da Defesa. Vamos pensar.

Digamos que Jobim tenha dito o que lhe atribuem: mentira não é, certo? A hostilidade de Guimarães aos EUA e à política americana não precisa de conversa privada ou de fofoca para se manifestar. Está na cara. É pública. Mais: ao longo de oito anos, nas questões relevantes, o Itamaraty sempre procurou contrastar com os americanos: se eles queriam uma coisa, Celso Amorim demonstrava querer o contrário.

Nem Amorim nem Guimarães mandam em coisa nenhuma. Ambos refletiam as opiniões de Lula — é dele a política externa, certo? Tanto é assim que as relações do Brasil com os EUA pioraram com a eleição de Barack Obama. Já durante a campanha eleitoral do atual presidente americano, notava-se o incômodo de Lula. Ainda que pareça estúpido e mesquinho, o Babalorixá de Banânia achava que o outro era a única figura a lhe fazer sombra no mundo…

Some-se esse aspecto megalômano, delirante, à cultura antiamericana de onde deriva Guimarães, e encontraremos o Brasil a defender o programa nuclear do Irã e a se abster numa votação em que aquele país é condenado por violar os direitos humanos. Foi a soma do antiamericanismo bocó com o personalismo jeca-tatu.

Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil - Edicao Funag 2010

Pude, finalmente, tomar conhecimento da obra que organizei ainda em Washington, quase dez anos atrás, e que demorou um bocado para ser editada em formato impresso, apesar de ter estado sempre disponível, ainda que discretamente, em meu site.

Trata-se do:

Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil: coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos
Paulo Roberto de Almeida, Rubens Antônio Barbosa e Francisco Rogido Fins (organizadores)
 (Brasília: Funag, 2010, 244p.; ISBN: 978-85-7631-274-1)

O sumário segue abaixo. Ele pode ser donwloadado (ops) neste link da Funag (mas sem a capa; que pode ser vista no meu site, neste link):

http://www.funag.gov.br/biblioteca-digital/pdfs_livros/lancamentos/pdf_guia_dos_arquivos_americanos.pdf

GUIA DOS ARQUIVOS AMERICANOS SOBRE O BRASIL Coleções Documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos 
Organizadores: Paulo Roberto de Almeida, Rubens Antônio Barbosa e Francisco Rogido Fins
(Brasília: Funag, 2010, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-274-1)


    • ÍNDICE
    AGRADECIMENTOS
    APRESENTAÇÃO

    APRESENTAÇÃO GERAL DO PROJETO RESGATE: Esther Caldas Bertoletti (Biblioteca Nacional - IHGB)
    PREFÁCIO: Embaixador Rubens Antonio Barbosa
    INTRODUÇÃO: Paulo Roberto de Almeida e Francisco Rogido
    1. NATIONAL ARCHIVES AND RECORDS ADMINISTRATION
    1.1. Informações gerais
    1.2. Principais Record Groups relacionados com o Brasil
    1.2.1. RG 39 – Department of Treasury, Bureau of Accounts
    1.2.2. RG 40 – Department of Commerce
    1.2.3. RG 43 – International Conferences, Commissions and Expositions
    1.2.4. RG 59 – Department of State
    1.2.5. RG 63 – Committee on Public Information
    1.2.6. RG 65 – Federal Bureau of Investigation
    1.2.7. RG 84 – Foreign Service Posts of the Department of State
    1.2.8. RG 90 – Public Health Service
    1.2.9. RG 122 – Federal Trade Commission
    1.2.10. RG 166 – Foreign Agricultural Service
    1.2.11. RG 169 – Foreign Economic Administration
    1.2.12. RG 229 – Office of Inter-American Affairs
    1.2.13. RG 263 – Central Intelligence Agency
    1.2.14. RG 275 – Export-Import Bank of the United States
    1.2.15. RG 333 – International Military Agencies
    1.3. Materiais referentes ao Brasil
    1.3.1. Disponíveis no Brasil
    1.3.2. Disponíveis nos EUA
    2. BIBLIOTECAS PRESIDENCIAIS
    2.1. Herbert Hoover Library
    2.1.1. Informações gerais
    2.1.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.2. Franklin D. Roosevelt Library
    2.2.1. Informações gerais
    2.2.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.3. Harry Truman Library
    2.3.1. Informações gerais
    2.3.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.4. Dwight D. Eisenhower Library
    2.4.1. Informações gerais
    2.4.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.5. John F. Kennedy Library
    2.5.1. Informações gerais
    2.5.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.6. Lindon B. Johnson Library
    2.6.1. Informações gerais
    2.6.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.7. Nixon Presidential Materials Staff
    2.7.1. Informações gerais
    2.7.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.8. Gerald R. Ford Library and Museum
    2.8.1. Informações gerais
    2.8.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.9. Jimmy Carter Library
    2.9.1. Informações gerais
    2.9.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.10. Ronald Regan Library
    2.10.1. Informações gerais
    2.10.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.11. George Bush Library
    2.11.1. Informações gerais
    2.11.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.12. William J. Clinton Presidential Library and Museum
    2.12.1. Informações gerais
    2.12.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.13. George W. Bush Presidential Library
    2.13.1. Informações gerais
    2.13.2. Materiais referentes ao Brasil
    3. OUTRAS BIBLIOTECAS E INSTITUIÇÕES
    3.1. Library of Congress – Washington, DC
    3.1.1. Informações gerais
    3.1.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.2. Oliveira Lima Library – Washington, DC
    3.2.1. Informações gerais
    3.2.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.3. Benson Latin American Collection – Austin, TX
    3.3.1. Informações gerais
    3.3.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.4. John Carter Brown Library – Providence, RI
    3.4.1. Informações gerias
    3.4.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.5. Columbus Memorial Library – Washington, DC
    3.5.1. Informações gerais
    3.5.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.6. Yale University – New Haven, CT
    3.6.1. Informações gerais
    3.6.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.7. Howard-Tilton Memorial Library – New Orleans, LA
    3.7.1. Informações gerais
    3.7.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.8. Joseph Mark Lauinger Library – Washington, DC
    3.8.1. Informações gerais
    3.8.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.9. Newberry Library – Chicago, IL
    3.9.1. Informações gerais
    3.9.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.10. Smithsonian Institution – Washington, DC
    3.10.1. Informações gerais
    3.10.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.11. Center for Research Libraries: Latin American Microform Project (LAMP)
    3.11.1.  Informações gerais
    3.11.2. Materiais referentes ao Brasil

    4. APÊNDICES
    4.1. RG 59 – General Records of the Department of State
    4.1.1. Microfilmes disponíveis no Brasil
    4.1.2. Microfilmes disponíveis nos EUA
    4.2. RG 263 – Central Intelligence Agency
    4.3. Chefes de Missão dos Estados Unidos no Brasil, 1825-2010
    4.4. Chefes de Missão do Brasil nos Estados Unidos, 1824-2010
    4.5. Modelo de carta para recurso ao FOIA
    4.6. Recursos para pesquisa online
    4.7. Feriados nacionais
    5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    Wikileaks-Brasil: corrupcao, a praga do governo Lula

    Os americanos costumam falar as coisas como as coisas são. Claro, sabendo que suas palavras seriam reveladas, eles seria mais contidos, não colocariam tantas sinceridades em seus telegramas oficiais. É o que provavelmente vai ocorrer agora: partindo do princípio de que tudo pode ser revelado, ninguém mais vai querer conversar com oas americanos, e os próprios serão muito mais cautelosos em seus expedientes internos. Ou seja, vamos perder sinceridade e ganhar hipocrisia, ou os expedientes internos vão ficar muito parecidos com o bullshit habitual dos documentos públicos. O que é realmente uma pena.
    Historiadores do futuro: vocês terão muito menos motivos de divertimento do que até agora...
    Nunca mais teremos saborosas apreciações cristalinas sobre chefes de Estado, sobre como um é maluco, como outra é desequilibrada, um terceiro arrogante, sem esquecer de certos loucos perigosos que são eleitos (fraudulentamente) por aí.
    Aliás, creio que nunca mais teremos papéis à la Stasi: os cubanos já devem estar destruindo os seus...
    Paulo Roberto de Almeida

    EUA apontam para corrupção na gestão de Lula

    Em telegrama secreto revelado pelo Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano

    Jamil Chade, correspondente de O Estado de S.Paulo
    30 de novembro de 2010 | 10h 50

    GENEBRA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluirá seus oito anos no poder com uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", com uma "praga" de compra de votos no PT e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil. Essa é a avaliação da diplomacia americana sobre a gestão de Lula e os principais elementos de seu governo, escancarando a avaliação do governo americano em relação a Lula.
    Em um telegrama secreto revelado pela organização Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel.
    "A principal preocupação popular - crime e segurança pública - não melhoraram durante sua administração (de Lula)", afirmou o telegrama enviado entre a embaixada americana em Brasília e o Departamento de Estado norte-americano.
    O documento ainda cita os vários escândalos de corrupção durante a gestão de Lula. "A Administração Lula tem sido afetada por uma grave crise política", afirma o documento, indicando que "escândalos de compra de votos e tráfico de influência" se transformaram em "pragas para certos elementos do partido de Lula, o PT".
    Sobel, porém, deixa claro que a "popularidade pessoal do presidente não sofreu, mesmo depois que muitos de seus associados mais próximos foram pegos em práticas de corrupção".
    O telegrama faz parte de um relatório que a embaixada americana em Brasília enviou para Washington, com vistas a preparar uma visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim. A meta dos americanos no início de 2009 era o de se aproximar ao Brasil, propondo acordos de cooperação no setor militar e uma colaboração para garantir certa estabilidade na América Latina.
    O documento ainda insinua que teria sido o Bolsa Família que o teria ajudado a se reeleger em 2006. "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2002 em grande parte diante da promessa de promover um agenda social ambiciosa, incluindo generosos pagamentos aos pobres. Diante da força da popularidade desses medidas, ele foi reeleito em 2006, ainda que um apoio diminuído da classe média", completou.

    Veja também:
    link Para EUA, Brasil oculta prisão de terroristas, revela WikiLeaks
    blog Veja a íntegra dos documentos do WikiLeaks referentes ao Brasil

    Wikileaks: Deep Throat gosta de Lady Gaga

    Ex-analista militar dos EUA seria fonte do WikiLeaks
    Plantão O Globo,  30/11/2010 às 11h17m

    Por Phil Stewart

    WASHINGTON (Reuters) - Bradley Manning, 23 anos, ex-analista de inteligência do Exército norte-americano, é o pivô da investigação norte-americana a respeito do vazamento de milhares de comunicações diplomáticas secretas, divulgadas nesta semana pelo site WikiLeaks, dizem funcionários dos EUA sob a condição de anonimato.
    Os mais de 250 mil documentos desse lote expõem avaliações francas e embaraçosas de funcionários dos EUA a respeito de líderes mundiais. Meses atrás, o WikiLeaks - especializado na divulgação de documentos sigilosos - já havia trazido a público 500 mil documentos dos EUA relacionados às guerras do Afeganistão e Iraque.
    As autoridades dos EUA não falam abertamente sobre Manning, para não prejudicar as investigações.
    Veja, a seguir, mais informações sobre o suspeito.
    ONDE ESTÁ BRADLEY MANNING?
    Está detido na base Quantico dos Marines, na Virgínia, depois de haver sido indiciado em julho por ter obtido ilegalmente um vídeo secreto, de 2007, que mostrava um ataque de helicóptero que matou 12 pessoas no Iraque, inclusive 2 jornalistas da Reuters. Esse vídeo foi divulgado em abril pelo WikiLeaks.
    Ele também foi acusado de ter baixado em seu computador mais de 150 mil documentos do Departamento de Estado quando trabalhava na operação de inteligência da Segunda Brigada da Décima Divisão de Montanha, no Iraque. Ele passou adiante parte desses documentos, mas as autoridades dos EUA não esclareceram se essas são as mesmas comunicações divulgadas pelo WikiLeaks.
    COMO ELE FOI PRESO?
    Ele se gabou dos seus feitos ao ex-hacker Adrian Lamo, que o entregou às autoridades, segundo relato de Lamo à Reuters. Manning foi prontamente detido pelo Exército e ficou preso no Kuait antes de ser transferido para os EUA.
    COMO ELE PEGAVA OS DADOS?
    Em um chat na internet com Lamo, ele dizia que ia trabalhar levando um CD com músicas de Lady Gaga, sobre o qual ele gravava dados retirados de uma rede militar secreta da internet. A transcrição do chat (em inglês), revelada inicialmente pela revista Wired, pode ser vista no endereço http://www.wired.com/threatlevel/2010/06/wikileaks-chat/
    ELE FOI FORMALMENTE VINCULADO AO WIKILEAKS?
    As autoridades dos EUA evitam estabelecer diretamente tal vinculação, e o nome do WikiLeaks não consta no prontuário distribuído ao público. Mas, nas suas conversas com Lamo, Manning admitia que havia entregado material a Julian Assange, fundador do WikiLeaks. "Sou uma fonte de alta relevância (...) e desenvolvi uma relação com Assenge," escreveu.
    ELE AGIU SOZINHO?
    Lamo disse à Reuters que aparentemente os investigadores dos EUA estão também procurando pessoas que sejam ligadas simultaneamente a Manning e ao WikiLeaks. "Eu não acreditava que ele tivesse o conhecimento tecnológico (...) para arranjar isso sozinho", disse Lamo.

    Wikileaks-EUA: Russia e a dupla dinamica

    Não se pode dizer que os diplomatas americanos careçam de senso de humor:

    Russian President Dmitry Medvedev is described in the cables as "Robin" to Vladimir Putin's "Batman"...

    Wikileaks-Brasil: o antiamericanismo "normal" do Itamaraty

    Vazamento do Wikileaks mostra que EUA consideram diplomacia brasileira 'antiamericana'

    O Globo, 30/11/2010

    Ministro da Defesa, Nelson Jobim (25/11) / Foto: Marcos Tristão - O Globo
    RIO - O mais recente vazamento de material confidencial feito pelo site Wikileaks contém documentos em que o governo dos EUA considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antiamericana".
    Segundo reportagem da "Folha de São Paulo", nesta terça-feira, em um dos documentos, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, comentou em telegrama que o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, "dissera que o então secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, odeia os EUA e trabalha para criar problemas na relação (entre Brasília e Washington)". Sobel e Jobim haviam almoçado juntos.
    Jobim, que foi confirmado na Defesa pela presidente eleita, Dilma Rousseff, é classificado por Sobel como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".
    Em outro telegrama, de 13 de março de 2008, o embaixador americano relata frustração com uma viagem de Jobim aos EUA: "Embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".
    Leia mais sobre os vazamentos do Wikileaks:
    EUA tentaram interferir em processos na Justiça espanhola
    Análise dos documentos envolveu 120 jornalistas em cinco veículos
    EUA: Brasil ocultou prisão de suspeitos de terrorismo
    Cristina: ciúmes de Lula-Obama
    Hillary: vazamento é 'ataque à comunidade internacional'

    A pergunta da semana, talvez do mes, quem sabe do ano?

    Ninguém escreve ao coronel  (com perdão de um pró-Fidel):

    De vez em quando, dúvidas atrozes me assaltam, eu fico angustiado e nem consigo dormir direito à noite.
    Tenho uma pergunta que não quer calar. Quem sabe?, um dos meus gentis leitores poderá responder a esta pergunta:

    Quando é que, finalmente, o coronel Chávez vai ser promovido a general?

    Acho que metade dos problemas da Venezuela estariam resolvidos com esse simples gesto ascensional...

    Pela pergunta angustiante:
    Paulo Roberto de Almeida

    De volta a estupidez nacional: grande aumento do PIB

    O "meu" PIB não se refere a Produto Interno Bruto, mas sim Produção Insuperável de Bobagens.
    Enfim, é o que mais temos em nossos tempos de imbecilidade galopantes, aliás nos lugares mais insuspeitos...
    Paulo Roberto de Almeida

     Da cortina de ferro à cortina de burrice
    Mario Guerreiro

    Como se sabe, Winston Churchill - logo após a Segunda Guerra e começo da Guerra Fria - foi o criador da expressão iron curtain (cortina de ferro) com o intuito de denominar a muralha espessa e indevassável que separava o bloco comunista do bloco capitalista. Era a época de bipolaridade.
    A coisa era muito mais forte do que uma política externa isolacionista, porque esta se caracteriza por um desejo de neutralidade em relação a conflitos internacionais, mas não por um fechamento de uma nação em suas relações culturais com outras nações.
    Isolacionistas foram a Suécia, a Suíça e os Estados Unidos. Sabe-se que este último - diferentemente dos dois primeiros que sempre mantiveram sua neutralidade - relutou bastante tempo antes de se envolver tanto na Primeira como na Segunda Guerra. Os EEUU consideravam ser um problema europeu a ser resolvido por países europeus, até os momentos em que se viram forçados a entrar nas duas Guerras.
    A cortina de ferro era o desejo concretizado de um isolamento total do exterior, de tal modo que os habitantes da União Soviética não podiam sair do país e estrangeiros não podiam entrar, salvo raras exceções, com permissão explícita do Estado soviético. Aliás, para viajar de uma cidade a outra na própria URSS, era exigida uma espécie de visto fornecida pelas autoridades do Estado.
    Mais que isso: a cortina de ferro era uma filtragem das informações recebidas do exterior e enviadas para o exterior. Era uma espécie de gafieira em que quem está fora não entra e quem está dentro não sai, de acordo com o antigo samba, com a diferença de que ninguém achava aquilo prazeroso.
    Tudo isso, porque os dirigentes do Politburo não queriam, de nenhum modo, que os habitantes da URSS entrassem em contato com o que estava acontecendo no mundo ocidental pós-Segunda Guerra e fizessem indesejáveis comparações com o nível de vida, hoje diríamos o IDH, de países da Europa e dos Estados Unidos.
    No governo de Brejnev, esse rígido controle da mobilidade social e da informação internacional começou a se enfraquecer. Há quem pense mesmo que a penetração da mídia estrangeira e a inevitável comparação de níveis de vida, foram os fatores decisivos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do esfacelamento da União Soviética em 1991.
    Marshall MacLuhan sintetizou isso dizendo que as imagens da TV foram a causa da dissolução do comunismo soviético. Um pouco de exagero, mas com um fumo de verdade.
    Mas antes muito antes disso, sabe-se que o iniciador do processo de desestalinização, o Primeiro-Ministro Nikita Khrushev, fez uma visita aos Estados Unidos e foi levado à Disneylândia na Califórnia.
    A mídia americana mostrou o sisudo russo divertindo-se pra valer, brincando em todos os brinquedos, maravilhado como se fosse uma criança num paraíso lúdico...
    E isto é apenas uma entre muitas outras evidências do fascínio que o American way of life tão detratado pelo Pravda - (em russo: A Verdade), jornal oficial e único da URSS - despertava nos cidadãos soviéticos.
    Cláudio de Moura Castro, em Veja (17/11/2010), afirma que, apesar da eficiência do sistema de controle soviético – que só começou a apresentar falhas no governo Brejnev, no Brasil foi criado um sistema muito mais eficiente, mediante a adoção de um método diferente. Diz o referido economista especializado em educação:
    “Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos [que forneceram educação superior gratuita e de boa qualidade a toda a população]. A garantia do isolamento do país está em educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo.”
    Todo e qualquer indivíduo, a menos que esteja nos limites da oligofrenia ou caracterize-se como um perfeito apedeuta, já deve ter desconfiado disso de que fala o articulista de Veja.
    Como professor universitário há mais de 25 anos, sou levado a concordar inteiramente com aquela asserção de Roberto Campos, feita na década de 80, frequentemente citada por mim: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor”. E parece que estamos fadados a esse triste fado. ENEM que a vaca tussa, dificilmente deixaremos de cumprir nosso esplendoroso destino.
    Não só a burrice, que se caracteriza por falta de inteligência e discernimento racional, mas também a ignorância caracterizada por falta de informação e formação. Mas a verdade, a dolorosa verdade histórica é que “subdesenvolvimento não se improvisa: é obra de séculos” (Nelson Rodrigues).
    Nossas burrice e ignorância nacionais, isto para não falar em nossa notória falta de senso moral, possuem uma longa história – basta dizer que só passamos a editar livros no século XIX e a ter uma universidade no século XX, quando países mais pobres da América Latina já editavam e possuíam universidades séculos antes de nós! What a shame!
    Contudo, nas últimas décadas esse quadro se agravou exponencialmente. Cláudio fala de uma experiência pessoal com estudantes universitários: “Há pouco, em uma universidade de elite pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação”.
    Mas, ao mesmo tempo, tramita no Congresso Nacional uma lei ampliando os curriculi do segundo grau.
     Ao invés de tomar medidas eficazes quanto ao desconhecimento de uma língua extremamente útil - tão globalizada hoje quanto o latim na Idade Média - oferecem línguas absolutamente inúteis, ensinadas por muito poucos e aprendidas por menos ainda, tais como o insaudoso tupi do Brasil colonial e a fracassado “idioma universal” de Zamenhof: o esperanto, língua artificial falada por meia dúzia de exóticos gatos pingados espalhados pelos quatro cantos do mundo. Mas o Basic English de Richards nossos educadores parecem desconhecer.
    O que é tudo isso, senão ecos de profunda ignorância aliada à mentalidade treceiromundista e a um agressivo e ressentido antiamericanismo! (Vide a este respeito: Jean-François Revel: O Antiamericanismo , Rio de Janeiro, Editora da UniverCidade).
    “Os europeus passaram do bilingüismo para o trilinguismo. Na Islândia são quatro idiomas. E o nosso controlador de vôo não sabia  inglês” - coisa que não faria a mínima diferença no caso de um entregador de pizza, mas que no ofício em pauta resultou na morte de centenas de pessoas!
    “Nossas universidades estão fora da lista das melhores [Ou seja: estão na lista das piores dos 20 países de maior PIB], resultado da Cortina de Burrice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas européias muitos cursos são oferecidos em inglês”.
    É escusado dizer que essa precariedade de conhecimento, associada a uma pouco freqüente aeróbica dos neurônios, não afetam somente a cultura e a mentalidade dominante no País dos Coitadinhos, mas também nosso desenvolvimento socioeconômico.
    “O resultado de nosso isolamento é uma indústria provinciana que não toma conhecimento dos avanços alhures [com as possíveis exceções da indústria dos cosméticos e da “indústria das indenizações”, sinais inequívocos da futilidade e da Lei de Gerson campeando]. Há esforços heróicos, como uma construtora brasileira que comprou uma empresa no Canadá, para mandar estagiar seus engenheiros. Assim veriam como se constrói lá. Mas é uma exceção.”
    Recentemente, um canal de TV brasileiro mostrou como, no boom das construções de edifícios de apartamentos na cidade de São Paulo, a quantidade de novos prédios é muito superior à qualidade do acabamento dos mesmos. Péssima qualificação da mão-de-obra? Ausência de bons cronogramas? Açodamento irresponsável das construtoras? Creio que tudo isso mais alguma coisa. Mas Cláudio prossegue:
    “Ao lermos as descrições feitas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, constatamos o primitivismo da nossa sociedade. Se  a corte permanecia tosca, a interiorização estava ainda mais distante do progresso social acumulado pela Europa em 2000 anos. Progredimos muito desde então.Mas as cicatrizes do atraso estão por todos os lados”.
    É verdade. Para o espanto de muita gente letrada e bem informada, o Brasil foi o país que mais progrediu desde seu nascimento como nação soberana em 1822. Estudos históricos de caráter social e macroeconômico mostram isto claramente.
    Mas em pesquisas envolvendo longos períodos de tempo, é preciso levar em consideração as condições de onde se partiu para as de onde se chegou. Para quem morava numa casa de papelão debaixo de um viaduto e passou a morar numa casinha de tijolos numa favela, há um inegável progresso, ainda que muita melhoria seja desejável. Pra ficar ruim, ainda tem que melhorar muito!
    Além disso, o que chama mais a atenção é o caráter desigual, fortemente contrastante e paradoxal do desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Temos grandes bolsões de pobreza contrastando com regiões extremamente prósperas.
    E podemos encontrar isso na comparação entre Estados da Federação. Num dos extremos, temos São Paulo, exemplo de um Brasil que deu certo. E noutro, temos o Maranhão, exemplo de um Brasil que deu errado. Assim são os diferentes “Brasis” de Gilberto Freire.
    Podemos encontrar isso até mesmo dentro de num mesmo Estado da Federação, como Minas Gerais, onde deparamos com a prosperidade do Triângulo Mineiro fazendo fronteira com o norte de São Paulo e com a miserabilidade do Vale do Jequitinhonha e do norte do Estado em sua fronteira com a Bahia.
    Isto se chama desenvolvimento regional desigual e fortemente contrastante. Como se costuma dizer: “O mineiro é um baiano cansado” (porque  se deteve em sua caminhada para São Paulo quando da migração nos tempos coloniais).
    As cicatrizes de que fala Cláudio foram deixadas em parte por causa dos referidos contrastes. Daí, paradoxos aparentemente inexplicáveis, porém de fácil explicação. Por exemplo: temos a mais avançada odontologia do mundo em que se destaca a Faculdade de Bauru (SP) e, ao mesmo tempo, o maior número de desdendatos do mundo.
    Temos um espantoso número de faculdades de direito e formamos não menor número de bacharéis, mas como para exercer a profissão de advogado é preciso passar nas provas da OAB, estas mesmas geralmente reprovam muito mais da metade dos candidatos em todos os Estados da Federação.
    E salvo engano meu, a OAB é a única entidade de categoria profissional a exigir concurso para a obtenção de licença para o exercício da profissão.
    O número de editoras e de publicações aumentou consideravelmente nas últimas décadas, mas o povo lê muito pouco e o pouco que lê é de questionável qualidade. Muitos estudantes universitários só lêem por obrigação imposta por seus professores, mas quando saem das faculdades com seus canudos de papel nunca mais abrem um livro. E ainda alardeiam isso com orgulho, como o de quem se livrou de um atávico vício!
    Finalmente, nos concursos para funcionários de limpeza urbana - para não usar expressões politicamente incorretas, como lixeiros e garis – é exigido segundo grau completo, porque é preciso fazer uma seleção acurada, uma vez que a procura é muitas vezes superior à oferta de vagas.  E tem gente até com mestrado e doutorado entre os candidatos, porque conseguir um emprego está muito difícil nestes tempos bicudos.
     Mas, na eleição para deputado federal, o candidato a candidato pode ser analfabeto funcional ou analfabeto tout court, basta apenas ser jeitoso para burlar a Justiça Eleitoral. O caso Tiririca está aí mesmo, com seus 1.300.000 votos, só para não me deixar mentir...
    É uma lei férrea e inexorável: um país de eleitores, quando muito semiletrados, só pode mesmo ter representantes da mesma espécie. brasil, um país de todos (ou de tolos?).

    Wikileaks-Brasil: terroristas que nao sao considerados terroristas

    No post anterior, eu dizia que os Wikileaks, a despeito da tragédia que representam para a diplomacia americana, desvendam paranoias e hipocrisias estatais. Eles podem revelar também coniviencia ou irresponsabilidade de certos dirigentes políticos, que não se importam em que ações terroristas sejam planejadas contra os EUA, desde que não atinjam diretamente o Brasil.
    Viva o Wikileaks, malgré tout...
    Paulo Roberto de Almeida

    O WikiLeaks e o terrorismo no Brasil - O caso do libanês “K”
    Reinaldo Azevedo, 29.11.2010

    A Folha de S. Paulo publicou nesta segunda-feira uma reportagem de Fernando Rodrigues onde se lê:
    “A Polícia Federal do Brasil ‘frequentemente prende pessoas ligadas ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para evitar chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo’, relatou de maneira secreta em 8 de janeiro de 2008 o então embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Clifford Sobel. Essa informação faz parte de um lote de 1.947 telegramas produzidos pela diplomacia norte-americana durante a última década, em Brasília. A organização WikiLeaks teve acesso a eles. Vai divulgá-los gradualmente a partir desta semana no site www.wikileaks.org.

    Pois bem, no mesmo texto, relata-se o caso de um libanês preso no Brasil, ligado à rede Al Qaeda. E se informa também que o governo americano considera que Dilma era uma das pessoas no Brasil que faziam pressão para que o país não tivesse uma lei especial contra o terrorismo.

    Essa história me irrita um tantinho, você entenderão por quê. No dia 25 de maio de 2009, eu reproduzia aqui a coluna do jornalista Janio de Freitas, da Folha. Eu e ele não somos da mesma enfermaria ideológica, como se sabe. Mas publiquei trecho de sua coluna com link e tudo. Leiam trecho:
    “Está preso no Brasil, sob sigilo rigoroso, um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda. A prisão foi feita pela Polícia Federal em São Paulo, onde o terrorista estava fixado e em operações de âmbito internacional. Não consta, porém, que desenvolvesse alguma atividade relacionada a ações de terror no Brasil. A importância do preso se revela no grau de sua responsabilidade operacional: o setor de comunicações internacionais da Al Qaeda. Tal atividade sugere provável relação entre recentes êxitos do FBI e a prisão aparentemente anterior feita em São Paulo. Há cinco dias, o FBI prendeu por antecipação os incumbidos de vários atentados iminentes nos Estados Unidos, inclusive em Nova York.”

    Eu tinha essa mesma informação e fiquei esperando a confirmação de um dado. Hesitei um tantinho, e Janio saiu na frente. Eu sabia que era verdade. Publiquei a coluna dele porque meu furo já tinha ido para o brejo. Muito bem. Quem era o cara? Tratava-se do libanês K, moderador de um fórum fechado na Internet com mensagens de conteúdo racista e antiamericano. Casado com uma brasileira, exercia atividade regular em São Paulo. E foi solto.

    Sabem o que então ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou sobre o caso?
    “Se esse cidadão tem ou não relações políticas e ideológicas com países ou com correntes de opinião no mundo, isso, para nós, não é uma questão institucional ou legal.”
    Para Tarso, a Al Qaeda era uma “corrente de opinião”.

    Se havia um terrorista da Al Qaeda no Brasil e se a desculpa singela par estar solto era a de que a sua situação por aqui era estável, casado com uma brasileira, nem por isso o país deixava de desrespeitar uma resolução da Organização das Nações Unidas — mais precisamente, de seu Conselho de Segurança. Refiro-me à Resolução 1373, de 2001, cuja íntegra está aqui. Leiam trechos:

    (…)
    Atuando ao abrigo do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, decide que todos os Estados devem:
    a) Prevenir e reprimir o financiamento de atos terroristas;
    (…)
    d) Proibir seus nacionais ou quaisquer pessoas e entidades em seus territórios de disponibilizar quaisquer fundos, ativos financeiros ou recursos econômicos ou financeiros ou outros serviços financeiros correlatos, direta ou indiretamente, em benefício de pessoas que perpetram, ou intentam perpetrar, facilitam ou participam da execução desses atos; em benefício de entidades pertencentes ou controladas, direta ou indiretamente, por tais pessoas; em benefício de pessoas e entidades atuando em seu nome ou sob seu comando.

    Decide também que todos os Estados devem:
    - Abster-se de prover qualquer forma de apoio, ativo ou passivo, a entidades ou pessoas envolvidas em atos terroristas, inclusive suprimindo o recrutamento de membros de grupos terroristas e eliminando o fornecimento de armas aos terroristas;
    - Tomar as medidas necessárias para prevenir o cometimento de atos terroristas, inclusive advertindo tempestivamente outros Estados mediante intercâmbio de informações;
    - Recusar-se a homiziar aqueles que financiam, planejam, apóiam ou perpetram atos terroristas, bem como aqueles que dão homizio a essas pessoas;
    Impedir a utilização de seus respectivos territórios por aqueles que financiam, planejam, facilitam ou perpetram atos terroristas contra outros Estados ou seus cidadãos;
    - Assegurar que qualquer pessoa que participe do financiamento, planejamento, preparo ou perpetração de atos terroristas ou atue em apoio destes seja levado a julgamento; assegurar que, além de quaisquer outras medidas contra o terrorismo, esses atos terroristas sejam considerados graves delitos criminais pelas legislações e códigos nacionais e que a punição seja adequada à gravidade desses atos;
    - Auxiliar-se mutuamente, da melhor forma possível, em matéria de investigação criminal ou processos criminais relativos ao financiamento ou apoio a atos terroristas, inclusive na cooperação para o fornecimento de provas que detenha necessárias ao processo;
    (…)
    4. Ressalta com preocupação a estreita ligação entre o terrorismo internacional e o crime organizado transnacional, o narcotráfico, a lavagem de dinheiro, o contrabando de materiais nucleares, químicos, biológicos e outros materiais potencialmente mortíferos, e, nesse sentido, enfatiza a necessidade de incrementar a coordenação de esforços nos níveis nacional, sub-regional, regional e internacional de modo a fortalecer uma reação global a essa séria ameaça e desafio à segurança internacional;
    (…)


    Não é o único vexame para o governo Lula revelado pelo WikiLeaks. Na madrugada, trato de alguns outros. Mas por que a resistência em ter uma lei antiterrorista, hein? Falaremos a respeito. Abaixo, uma seqüência de links sobre o caso do libanês da Al Qaeda:

    - Integrante da alta hierarquia da Al Qaeda é preso em SP. Tarso vai protegê-lo?;
    - Acreditem! Dirigente da Al Qaeda já está entre nós, livre, leve e solto;
    - Al Qaeda no Brasil: Tarso e Itamaraty mergulham o país numa lama inédita;
    - Al Qaeda no Brasil: prática do governo Lula desrespeita resolução da ONU;
    - Al Qaeda no Brasil e falas delinqüentes 1: o nacionalismo brucutu;
    - Al Qaeda no Brasil e falas delinqüentes 2: Mais um absurdo;
    - É da Al Qaeda, sim! Ou: Tarso transforma terror em mera “corrente de opinião”;
    - O imbróglio do libanês “K”;
    - Al Qaeda no Brasil - Nota do Ministério Público: ainda não há provas

    Por que o Brasil não tem uma lei definindo o que é terrorismo?
    Reinaldo Azevedo, 29.11.2010

    É preciso ler primeiro o post abaixo [acima]
    Há outras coisas interessantes divulgadas pelo WikeLeaks que dizem respeito ao Brasil  — algumas chegam a ser engraçadas; outras, patéticas. Mas quero me ater ao que vai no post abaixo. Embora o terrorismo seja considerado crime imprescritível na Constituição, inexiste uma lei específica que o defina. Por quê? No dia 28 de maio do ano passado, publiquei aqui o texto “OS TERRORISTAS JÁ ESTÃO ENTRE NÓS. CADÊ A LEI?". Explicava por que os petistas não querem a lei — e, ficamos sabendo agora, segundo o governo americano, Dilma era quem mais trabalhava contra ela. Vamos ao texto daquele dia. Tudo ficará claro como o dia.
    *
    Se K. (ler post abaixo) é mesmo o responsável mundial pelo “Jihad Media Battalion”, o nome do que pratica é TERRORISMO. Bem, ele até poderia escolher a “Saída Dilma Rousseff” e dizer que não matou ninguém, que só cometeu “crime de organização”, não é mesmo?

     A situação é bastante séria porque a Constituição Brasileira diz que o crime de terrorismo é imprescritível, mas simplesmente inexiste uma lei que especifique, afinal de contas, o que é “terrorismo”. E as razões por que ela não existe são de lascar. Já chego lá. Antes, quero chamar a atenção de vocês para o festival de desinformação e cinismo que cercou e ainda cerca essa história.

    Na terça-feira, o inefável Tarso Genro tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. Ontem, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole por definição: crimes específicos pedem leis específicas, ou bastaria uma única lei. Lula acusou a interferência de estrangeiros no Brasil, e o Ministério Público se encarregou de divulgar uma nota um tanto rebarbativa e precipitada, que falava na “ausência de provas”. Bem, não é o que pensa quem é especializado em investigação: a Polícia Federal.

    E posso lhes assegurar que não se trata de algum araponga de Protógenes perdido lá na instituição. É gente séria. Ninguém precisa pertencer ao núcleo da Al Qaeda, em algum buraco no Afeganistão ou no Paquistão, para integrar a rede terrorista. Aliás, a sua característica mais marcante é justamente a descentralização. Existem “Al Qaedas”.

    Por que tanta reticência em admitir isso? O terrorismo já descobriu o Brasil. Encontra aqui um vasto território sem lei que trate da questão. A Tríplice Fronteira está no mapa como área infiltrada pelo terror islâmico — no caso, o Hezbollah. De novo, tenho de escrever: não é assim porque eu quero. É porque é.

    Por que não tem?
    E por que ninguém se ocupa de estabelecer uma lei específica para os crimes de terrorismo? Porque isso criaria dificuldades internas e externas. Sim, senhores! No dia em que uma lei criar punição específica, o primeiro grupo a ser enquadrado é o MST. Mais: quando o Brasil tiver tal texto, terá de parar de flertar com terroristas latino-americanos ou do Oriente Médio, como faz hoje em dia.

    E não que o país já não tenha sido ou não seja permanentemente confrontado com situações que pedem essa definição: os atos do PCC, em São Paulo, em 2006 são considerados terroristas em eu qualquer país civilizado do mundo. O mesmo se diga dos narcotraficantes do Rio, que, freqüentemente, usam a população civil como escudo. Assim, Tarso está obviamente errado. Como sempre.

    Essa é, diga-se, mais uma bandeira que as oposições poderiam e deveriam assumir. Até em benefício do combate ao crime organizado. Não ignoro todo o debate sobre a eficiência ou não da tal “Lei dos Crimes Hediondos”, que tanto divide juristas. Nem entro no mérito agora. O país precisa de uma legislação excepcional - como fazem, reitero, outras democracias - que puna, também com rigor excepcional, aqueles que expõem coletividades em risco (ou que “organizam” tais ações) para alcançar seus objetivos. E a excepcionalidade não deve estar apenas numa pena mais longa ou na imprescritibilidade do crime. Terroristas não podem ter os mesmos direitos de presos comuns.

    E a tarefa é urgente. E não só para conter os terroristas nativos. Também para poder enfrentar os que vêm de fora. Porque, efetivamente, eles já estão ente nós. Como bem sabem a Polícia Federal e o FBI.

    Encerro
    Entenderam?

    Wikileaks e as paranoias: ironias da politica mundial...

    O interessante, e até irônico, dos Wikileaks, é que eles revelam a verdade das coisas, não as hipocrisias que os governos alimentam através de suas declarações oficiais e notas de imprensa.
    Geralmente, esses documentos oficiais são o que de mais mentiroso e cínico existe: o Wikileaks expõe a falsidade das posturas diplomáticas dos Estados, com suas notas que contém puro bullshit.
    Viva o Wikileaks: no meio de toda a tragédia que eles criam para os EUA, por revelar o lado obscuro da ação diplomática americana, não deixa de ser um elemento interessante esse desvendar de hipocrisias oficiais.
    Por sinal, dentre as paranoias efetivas, a do presidente do Irã é uma das mais interessantes...
    Paulo Roberto de Almeida

    Wikileaks Exposes Truth: Arab States Fear Iran, Not Israel 

    Netanyahu: Time for Arab world to speak openly about Iran threat Iranian missiles could strike European capitals Iran also backing Terrorist Groups in Yemen

    Washington, Nov 27 – Publication of some 250,000 classified diplomatic cables by the Wikileaks website has exposed the fact that Arab states see Iran and its nuclear weapons program and not Israel as the real threat to Middle East stability and their own security.

    Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu said the documents reinforced what Israel has been saying for years about the Iranian nuclear program.

    “More and more countries, governments and leaders in the Middle East and the wider world understand that this is the fundamental threat,” Netanyahu said at a news conference in Tel Aviv. “I hope the leaders will have the courage to say to their nations publicly what they’ve said about Iran.”

    Iranian President Mahmoud Ahmadinejad responded that the leaks were deliberately released as part of a psychological warfare campaign against his country.

    But an analysis from Reuters puts the truth in stark terms: “The revelation confirm the depth of suspicion and hatred of the Shi'ites among Sunni Arab leaders, especially in Saudi Arabia, the leading Sunni power and which regards Iran as an existential threat.”

    "Iran should take note of the distress that its nuclear program is causing in the region -- this is not something that should be ignored," said Salman Shaikh, director of the Brookings Doha Center.

    In one key document King Hamad of Bahrain “argued forcefully for taking action to terminate the Iranian nuclear program, by whatever means necessary. "That program must be stopped," he said. "The danger of letting it go on is greater than the danger of stopping it," he said.

    “The cables reveal how Iran’s ascent has unified Israel and many longtime Arab adversaries — notably the Saudis — in a common cause,” The New York Times said. “The United States had put together a largely silent front of Arab states whose positions on sanctions and a potential attack looked much like Israel’s.”

    Among the important revelations in the documents, as published by The New York Times, The Guardian and Der Spiegel are the following:

    Saudi King Abdullah repeatedly urged the United States to destroy the Iranian program. “He told you [Americans] to “cut off the head of the snake,” the Saudi ambassador to Washington, Adel al-Jubeir said, according to a report on Abdullah's meeting with the U.S. general David Petraeus in April 2008. Abdullah told a US diplomat: "The bottom line is that they (the Iranians) cannot be trusted."
    Officials from Jordan also called for the Iranian program to be stopped by any means necessary while leaders of the United Arab Emirates and Egypt referred to Iran as “evil,” and an “existential threat.”
    Iran has obtained advanced missiles from North Korea that could let it strike at Western European capitals and Moscow.
    Crown Prince bin Zayed of Abu Dhabi said in one cable: “Any culture that is patient and focused enough to spend years working on a single carpet is capable of waiting years and even decades to achieve even greater goals.” His greatest worry, he said, “is not how much we know about Iran, but how much we don’t.”
    Kuwait's military intelligence chief told Petraeus Iran was supporting Shi’ite groups in the Gulf and extremists in Yemen. The United States failed to stop Syria from supplying arms to Iranian-backed Hezbollah terrorists in Lebanon, who have amassed tens of thousands of rockets aimed at Israel. One week after Syrian President Bashar al-Assad promised a top State Department official that he would not send new arms to Hezbollah, the United States it had information that Syria was providing increasingly sophisticated weapons to the group.
    Iran smuggled weapons to Hezballah in ambulances and medical vehicles in violation of international conventions. Hamas also used such vehicles for military and arms-smuggling operations. Iran withheld from the International AtomicEnergy Agency the original design documents for a secret nuclear reactor.

    Here are some sources for the raw materials:
    http://www.guardian.co.uk/world/us-embassy-cables-documents/240364
    http://www.msnbc.msn.com/id/40405218/ns/world_news-the_new_york_times/
    http://www.guardian.co.uk/world/us-embassy-cables-documents/209599
    http://cablegate.wikileaks.org/

    segunda-feira, 29 de novembro de 2010

    Por uma vez, EUA sao exemplo...

    Quem sabe alguém se toca por aqui e segue esse exemplo?

    Obama announces 2-year pay freeze for federal workers
    Union leaders are critical of the proposal, which must be approved by Congress.


    Claro, lá como aqui, vai ser preciso enfrentar as máfias sindicais, especialmente ativas entre funcionários públicos, capazes de fazer refém uma nação inteira de pagadores passivos...