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sexta-feira, 27 de maio de 2011

O peso do Estado: o incrivel caso do Leao gigolo...

Pensei que a Receita Federal do Brasil fosse imbatível em matéria de achacar os contribuintes, mas sempre se descobre que tem outros órgãos (literalmente) mais famintos pelo seu dinheiro (quero dizer, pelo dinheiro delas...).
Vejam que eficiência dos serviços europeus de arrecadação tributária.
Paulo Roberto de Almeida

Vendeu a virgindade, mas leão ficou com 50%
26/05/2011

As autoridades fiscais da Alemanha pretendem reivindicar cerca de 50% do dinheiro que a romena Alina Percea, de 18 anos, recebeu após leiloar sua virgindade em um site na internet, segundo reportagem do jornal inglês "Daily Mail".

O fisco alemão alega que o leilão da virgindade da jovem se "equivale à prostituição". "A prostituição não é ilegal na Alemanha, mas não pagar impostos sobre os ganhos é", disse um fiscal, que não teve o nome revelado pelo jornal.

Alina Percea, que estuda na Alemanha, vendeu sua virgindade por 8,8 mil libras (cerca de R$ 28 mil). O vencedor do leilão foi um italiano de 45 anos. Além dos R$ 28 mil, o empresário de Bolonha pagou as despesas para a jovem viajar até Veneza, onde eles passaram uma noite em um hotel de luxo.

O fisco alemão está analisando seu caso. Mas, se o leilão for considerado uma prática de prostituição, a jovem terá que pagar cerca da metade da quantia que ganhou em taxas. Segundo o jornal, ela terá que pagar impostos mesmo que seja considerada uma profissional fornecedora de momentos eróticos.

De acordo com o funcionário do fisco citado pelo "Daily Mail", teria sido melhor se ela tivesse mantido segredo sobre a transação. Além disso, como ganhou uma quantia elevada em tão pouco tempo, Alina terá que pagar 19% sobre o valor.

Conforme o periódico, após o pagamento dos impostos, ela pode terminar com pouco mais de 3 mil libras (R$ 9,5 mil). "Quando tivermos os dados brutos, poderemos fazer uma avaliação rigorosa", disse um porta-voz da receita pública.

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Acho que a nossa Receita já deve estar estudando uma maneira de penetrar (literalmente) neste novo filão...
Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O peso do Estado, literalmente (voce ja pensou que paga tudo isso?)

O estatismo em perspectiva histórica: criação de órgãos públicos em nível executivo

Império:
Ministério da Fazenda MF 1808
Ministério da Justiça MJ 1822
Ministério da Previdência Social MPS 1888

República Velha:
Ministério dos Transportes MT 1891
Conselho de Defesa Nacional CDN 1927

Era Vargas:
Ministério do Trabalho e Emprego MTE 1930
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Mapa 1930
Ministério da Educação MEC 1930
Casa Civil 1938
DASP 1938

República de 1946:
Ministério da Saúde MS 1953
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio MDIC 1960
Ministério de Minas e Energia MME 1960
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão MPOG 1962

Regime Militar:
Ministério das Comunicações Mcom 1967
Secretaria de Comunicação Social SCS 1979

Governo Sarney:
Ministério da Ciência e Tecnologia MCT 1985
Ministério da Cultura MinC 1985

Governo Collor:
Ministério do Esporte Mesp 1990
Conselho de Governo CG 1990
Conselho da República CR 1990
Conselho Nacional de Desestatização - 1990

Governo Itamar:
Ministério da Integração Nacional Mint 1992
Ministério do Meio Ambiente MMA 1992
Advocacia-Geral da União AGU 1993

Governos FHC:
Conselho Nacional de Política Energética CNPE 1997
Gabinete de Segurança Institucional GSI 1998
Ministério da Defesa MD 1999
Ministério do Desenvolvimento Agrário MDA 1999
Controladoria Geral da União CGU 2001
Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transportes CONIT 2001

Governo Lula:
Secretaria-Geral da Presidência da República - SGPR 2003
Assessoria Especial do Presidente da República - AEPR 2003
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - SPM 2003
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - Consea 2003
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social - CDES 2003
Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA 2003
Secretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDH 2003
Ministério das Cidades Mcid - 2003
Ministério do Turismo Mtur - 2003
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR 2004
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS 2004
Secretaria de Relações Institucionais - SRI 2005
Secretaria Especial de Portos - SEP 2007
Secretaria de Assuntos Estratégicos - SAE 2008

Outros órgãos:
Comissão de Ética Pública
Conselho Nacional de Biossegurança
Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial

O governo diz que a divida nao aumentou (o que nao bate com a verdade...)

Pois é, o governo sempre tem uma versão da história -- e não apenas para o enriquecimento "lícito" de seus membros -- que nunca bate com a realidade...

Dívida do governo aumenta e seu custo também
Editorial Econômico - O Estado de S.Paulo
25 de maio de 2011

A dívida do setor público federal continua crescendo, em grande parte em razão da inclusão dos juros não pagos. O estoque da dívida somava, em abril, R$ 1,734 trilhão, com aumento de 2,34% no mês, porcentual seguramente maior que o da inflação do mês e do crescimento do PIB no período. E o preocupante é que ela continua em elevação.

O lado positivo é que a dívida externa apresentou redução de 2,32%, enquanto o estoque da dívida mobiliária crescia 2,38%. Nesta última, verifica-se que a emissão líquida em abril foi de R$ 25,5 bilhões, mas o Tesouro teve de emitir R$ 15,62 bilhões para pagar os juros que o superávit primário não conseguiu cobrir.

O Plano Anual de Financiamento (PAF) do Ministério da Fazenda fixa normas para que a composição da dívida pública não ultrapasse o desejável. O objetivo do PAF é ter a maior parte da dívida em títulos prefixados (mínimo de 36% e máximo de 40% desses títulos). Mas em abril os títulos prefixados, que oferecem a vantagem de o Tesouro poder prever os encargos com mais precisão, ficaram em 34,8%, abaixo do mínimo; e os títulos com taxa flutuante ultrapassaram o limite máximo (de 32%). Nessa categoria estão incluídos papéis cuja remuneração é pela taxa Selic, o que tira das autoridades monetárias a liberdade de fixação da taxa de juros básica, por conta das consequências sobre o custo da dívida.

O relatório mensal do Tesouro sobre a evolução da dívida apresenta o custo médio acumulado em 12 meses. Para a dívida mobiliária interna, esse custo passou de 12,15%, em março, para 12,34%, em abril - aumento que sinaliza que os investidores estão prevendo uma alta da inflação.

No caso da dívida externa, apesar da sua redução em abril, o custo para o mesmo período subiu de 3,12% para 3,15%. Apesar de esse custo ser muito menor, o Tesouro tem boas razões para não aumentar essa dívida externa, e a mais importante é o risco cambial, quando se sabe que é desejável uma desvalorização do real ante o dólar.

É interessante que, em abril, 30,30% dos títulos da dívida mobiliária foram disputados pelas instituições financeiras, que por meio dessa aplicação realizam operações altamente rentáveis; 24,65% foram para os Fundos de Investimento, geralmente administrados por instituições financeiras; e 15,94%, para a Previdência. A participação dos não residentes foi de 11,29%. Essa distribuição não se tem modificado muito, já que a remuneração desses títulos é interessante para os investidores.

Trocamos de presidente (assim é, se lhe parece...)

Lula assume o comando
Editorial - O Estado de S.Paulo
26 de maio de 2011

Passados 144 dias de sua descida da rampa do Palácio do Planalto, Lula assumiu - se não o controle da administração de sua afilhada Dilma Rousseff - a condução política do governo. A volta foi ostensiva, deliberadamente ostensiva. Não é que até então ele tivesse deixado de influir em decisões da sucessora, a começar da formação da sua equipe, enquanto dizia ora que ex-presidentes não devem dar palpites sobre o que fazem os novos, ora que não lhe estava sendo fácil "desencarnar" da Presidência. Mas a sua atuação se dava nos bastidores, mediante telefonemas e reuniões discretas. À parte isso, a sua agenda política se concentrava em levar o PT a lançar um nome novo - presumivelmente, o ministro da Educação, Fernando Haddad - para disputar a Prefeitura paulistana no ano que vem.

Anteontem tudo mudou. Diante do desastroso manejo do escândalo que se abateu sobre o titular da Casa Civil, Antonio Palocci, tanto por parte do governo do qual, segundo Lula, ele é "o Pelé", quanto por parte do partido onde o ex-ministro da Fazenda não é propriamente uma unanimidade, o primeiro-companheiro decidiu entrar em campo para comandar o time político. Almoçou e posou para fotos com ar de comandante-chefe com 12 dos 14 membros da bancada do PT no Senado, os quais exortou a sair em defesa de Palocci de uma vez por todas. Revelado o fenomenal enriquecimento do ministro entre 2006 e 2010, quando acumulou o mandato de deputado com a atividade dita de consultoria, apenas 3 senadores petistas foram à tribuna se solidarizar com ele.

Lula não ficou nisso. Calejado no ramo do despiste desde a descoberta, em 2004, de que a Casa Civil do seu governo tinha um assessor parlamentar já flagrado cobrando propina, Lula deu duas ordens. Aos senadores e a tutti quanti, mandou bater na tecla de que o ônus da prova cabe a quem acusa - a imprensa e a oposição -, de que não há prova alguma de que o dublê de consultor e líder informal do governo na Câmara tenha feito fortuna ilicitamente e que, portanto, ele não deve explicações além das que deu à Comissão de Ética da Presidência. Ao mais íntimo homem de confiança no Planalto, o seu ex-chefe de Gabinete e atual secretário de Dilma, Gilberto Carvalho, Lula mandou desviar o foco do problema, culpando o secretário municipal de Finanças de São Paulo, Mauro Martins Costa, principal aliado do ex-governador tucano José Serra na gestão do prefeito Gilberto Kassab, pela revelação dos ganhos auferidos pela Projeto, a firma de Palocci.

A Secretaria teria como estimar o faturamento da empresa a partir dos valores do Imposto sobre Serviços (ISS) que nele incidiam, à razão de 5%. Desde a primeira hora, atribuía-se o vazamento ao "fogo amigo" de petistas furiosos com os vastos poderes de Palocci no governo Dilma e em posição de bisbilhotar os dados fiscais da Projeto, em posse da Receita Federal. A questão, no entanto, é secundária perto das implicações dos presumíveis ilícitos que Palocci teria cometido. De mais a mais, a muitos não escapou a ironia da corda em casa de enforcado: falar em quebra do sigilo fiscal do ministro lembra a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, ao qual ele ficou indelevelmente associado. De todo modo, o fato central na reaparição de Lula é o atestado da omissão política da presidente. O seu mentor precisou preencher a lacuna de sua ausência na crise que atingiu o cerne do governo.

A omissão poderia ser debitada ao desnorteamento de Dilma diante de um escândalo que ela não tinha preparo para enfrentar. Mas isso não é tudo. O que Lula ouviu dos companheiros senadores foram queixas sobre o alheamento político da presidente. Por soberba, inapetência, ou uma mistura das duas coisas, ela vem mantendo até os parlamentares de seu partido a uma distância incompatível com as suas necessidades. Dilma delegou o diálogo ao seu superministro. Com ele nas cordas, o vazio ficou escancarado. Agora, será uma surpresa se Lula se limitar a reger o governo no caso Palocci. Se, falando do ministro, disse que "não dá para pôr o Pelé no banco", que pensará ele de sua própria condição de titular a que os fatos o reconduziram?

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Fratura exposta
Dora Kramer
O Estado de S.Paulo, 26 de maio de 2011

São vários os fatores que expõem a fragilidade política de Dilma Rousseff como presidente da República, sendo o mais recente e mais evidente a entrada de Luiz Inácio da Silva em cena.

Há outros, como a necessidade de esconder que a pneumonia contraída na volta da viagem à China não era "leve" como inicialmente anunciado, a recusa de tratar em público de suspeitas envolvendo seu principal auxiliar ou a demora em reagir a questões importantes como as sucessivas demonstrações de que há algo de muito errado no Ministério da Educação.

O recuo na distribuição do chamado "kit anti-homofobia" aconteceu não por causa de uma avaliação rigorosa sobre a adequação ou inadequação de uma campanha daquela natureza junto aos alunos do ensino fundamental, mas em função do temor de que católicos e evangélicos do Congresso não sustentem apoio a Antonio Palocci na crise.

Lula desembarcou em Brasília nesta semana não só para comandar a defesa do ministro Palocci, mas também para tentar conter a crescente insatisfação no PT e no PMDB com o estilo distante e animoso da presidente.

Para o público externo, galvaniza as atenções inventando uma versão qualquer para jogar suspeições sobre o PSDB a fim de desviar o foco das desconfianças sobre o enriquecimento anômalo do ministro e da evidência de que, se conspiração contra Palocci há, ela está dentro do PT e não na oposição.

Para o público interno, funciona como dique para conter a contrariedade das bancadas e suprir as carências do Planalto no momento em Palocci está fora de combate e que o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, se confirma na condição de nulidade.

A situação não é nova, vem se desgastando nos últimos dois meses, mas acabou se agravando com a crise que imobilizou Palocci conjugada à necessidade de uma articulação competente diante de uma questão importante como a votação do Código Florestal.

Um exemplo da carência de atributos de Dilma para lidar com o Congresso aconteceu na tarde de terça-feira, quando o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, foi ao palácio comunicar os termos para a votação do Código Florestal naquela noite.

O líder comunicou a Palocci o apoio do PMDB à emenda que permite a manutenção das produções agrícolas existentes em áreas de preservação permanente antes de 2008. Palocci levou a informação à presidente, que, então, mandou comunicar ao vice-presidente Michel Temer que se o partido insistisse no apoio à emenda demitiria todos os ministros do PMDB.

Uma impossibilidade evidente. Temer e Palocci precisaram contornar a situação fazendo ver a Dilma que aquele não seria o melhor momento para deflagrar uma guerra dessa envergadura.

O PMDB manteve a posição e à presidente foi transmitida a avaliação de que a emenda seria derrubada no Senado.

Se não for, ela terá de arcar com o desgaste do veto junto ao setor agrícola e até se expor ao risco de ver o veto derrubado.

Uma complicação à qual um governante não faz frente se não tiver experiência, vocação e tino políticos. Como Dilma Rousseff não tem, acaba de transferir essa tarefa a Lula.

Tal transferência pode até resolver o problema de imediato.

Mas abre enorme flanco com a cessão da autoridade presidencial a outrem. E não a um outrem qualquer: a Lula que sabe como ninguém potencializar poder político.

Decorre daí uma anomalia: o encolhimento da figura da presidente de direito e a expansão do papel de um ex-presidente numa informalidade institucional jamais vista em qualquer País do mundo civilizado.

Passivo. Quando o Supremo Tribunal Federal rejeitou a denúncia contra o ministro no caso da quebra do sigilo bancário de Francenildo Costa, o fez por falta de provas. Talvez fosse outra a decisão se os detentores de informações importantes tivessem se manifestado no tempo adequado.

Como a Caixa Econômica Federal, que tardou, e falhou, ao só agora informar à Justiça que a responsabilidade foi do gabinete do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Maquiavel revisita Brasilia - Murillo Aragao

Artigos
Maquiavel visita Brasília
Murillo de Aragão
Blog do Noblat - O Globo, 26/05/2011

A vida de analista político tem surpresas e momentos bem agradáveis. Não se resume a interpretar escândalos nem os efeitos do uso de laranjas na reputação de uns e de outros. Nem a buscar explicações para o inexplicável que vive incrustado na política nacional.

A ocasião que se apresentou foi um debate sobre o livro de Paulo Roberto Almeida – O Moderno Príncipe, Maquiavel Revisitado – na Casa Thomas Jefferson, em Brasília. Participaram o autor e o cientista político Paulo Kramer, uma das figuras mais brilhantes do cenário acadêmico da capital federal.

Na plateia, além de estudantes e curiosos, diplomatas, acadêmicos e pessoas de um tipo raro: aquelas para as quais um debate sobre política é algo essencial. No total, quase 100 pessoas.

Ao ver a plateia bastante interessada e o índice de sono inexistente, acendeu-se em mim uma centelha de esperança de que um dia – ainda que longínquo –, a política seja objeto de nossas melhores atenções.

O Maquiavel Revisitado de Paulo Roberto segue a linhagem de obras que aproveitam o que Maquiavel escreveu para desdobrar reflexões ou adaptar suas ideias às circunstâncias da atualidade.

Temos, por exemplo, Maquiavel, o Poder: História e Marketing, de José Nivaldo Junior, ou O Príncipe revisitado: Maquiavel e o mundo empresarial, de Luiz Antonik, recentemente lançado. Ou ainda, Maquiavel e a Liderança Moderna, de Michael Leeden, e também Maquiavel – A Lógica da Força, de Maria Lúcia de Arruda Aranha.
Fica evidente que os escritos de Maquiavel atravessaram os séculos com vigor e continuam a provocar inspiração em diversos autores.

É o caso de Paulo Roberto Almeida, que, tal qual Maquiavel, é um agudo observador da realidade política. Além de outras identificações com o mestre: é diplomata e cientista político.

Porém, é muito importante destacar que a obra de Paulo Roberto vai bem mais além do que adequar os ensinamentos de Maquiavel aos tempos modernos ou a uma determinada atividade, como outros fizeram.

Seus comentários claros, de leitura agradável, simplesmente aprofundam a senda inaugurada por Maquiavel e prosseguem – com suas próprias características – no aconselhamento ao Príncipe dos tempo atuais.

O livro de Paulo Roberto merece mais do que um debate. Merecia um seminário, pela importância do tema, pela pertinência de suas observações e, sobretudo, para se fazer um estudo comparado entre as lições de Maquiavel, a releitura de Paulo Roberto e a realidade brasileira.

Para não subtrair o prazer útil da leitura da obra de Paulo Roberto, destaco alguns aspectos com comentários sintéticos. Inicio com uma pequena discordância no que diz respeito à democracia no Brasil. Paulo Roberto constata que o Brasil “ostentou simulacros de democracia” e afirma que estamos em uma democracia plena.

Apesar de reconhecer os imensos avanços no campo democrático, acredito, no entanto, que ainda não chegamos lá, e nada garante que poderemos nos estabelecer como uma verdadeira democracia, já que nosso regime é coalhado de imperfeições.

Existem outros aspectos dentro dos padrões minimamente democráticos que ainda estamos longe de atingir: o direito de ir e vir em muitas cidades; a pluralidade e qualidade do fluxo de informação; a lisura do processo eleitoral (ainda eivado de vícios por conta do abuso do poder econômico); e a postura da sociedade (no nosso caso, acoelhada frente ao gigantismo estatal).

Paulo Roberto diz que repúblicas novas ainda estão em construção e que esse é o nosso caso, pois velhos redutos resistem aos ventos da democracia. É justamente onde o Brasil está: no ponto da história política em que ocorre a transição entre o antigo e o moderno.

Como analista político, vejo que Paulo Roberto acerta ao descrever que todos os principados modernos são mistos e resultam de um complexo processo histórico sempre único e original. Daí ser impraticável aplicar fórmulas rígidas visando à previsão do fenômeno político.

Paulo Roberto exemplifica a originalidade dos processos abordando a questão do entendimento do que é legal e permitido para os povos ibéricos e saxões. Para os ibéricos, tudo que é legal e autorizado é permitido. Para os saxões, tudo que não é proibido é permitido.

É curioso observar que, apesar da invenção dos partidos políticos, do voto direto, do sufrágio universal, do voto feminino, da urna eletrônica e de outros tantos avanços, muitas das constatações de Maquiavel continuam atuais. Isso prova que 500 anos não é nada em termos de evolução da humanidade.

Murillo de Aragão é cientista político

Brasil-Argentina: de acordo em continuar o desacordo...

A Argentina estava aplicando (ainda está) medidas restritivas ao comércio bilateral com o Brasil de maneira ilegal, abusiva, arbitrária. O Brasil deveria ter entrado, há muito tempo (desde 2003 pelo menos), com uma petição junto aos mecanismos de solução de controvérsias do Mercosul -- protocolos de Brasília e de Olivos -- para fazer cessar essas medidas contrárias ao espírito e a letra do Tratado de Assunção.
Escolheu não fazer e foi leniente com esses abusos e arbitrariedades durante todo o governo Lula, a pretexto de "reforçar o Mercosul", negligenciando que estava na verdade fragilizando o bloco e contribuindo para torná-lo essa desunião esquizofrênica que é.
Agora, em demonstrações explícitas de machismo comercial, o governo da presidente Dilma Roussef resolveu retaliar, e o fez da pior forma possível. Já que o vizinho aplicou medidas arbitrárias, ele também o fez, num estilo típico do partido no poder: "Todo mundo faz, eu também faço...", ou então: "Eu sou, mas quem não é...". Ou seja, já que alguém comete contravenções, eu também me julgo autorizado a fazê-lo.
E para deixar claro de que o argumento de defesa comercial erga omnes não era para valer -- que foi o motivo invocado para as salvaguardas sob a forma de licenciamento não automático de importações, que estariam, supostamente, prejudicando a indústria nacional -- se declarou logo disposto a suspender as restrições em negociações bilaterais com a Argentina, ou seja, se oferecendo para desfazer imediatamente o que tinha acabado de fazer.
Qual a validade e legitimidade da medida, então?
Mas como nada na vida é simples, parece que los hermanos não estão dispostos a levantar as suas barreiras.
Tudo segue igual, e os únicos prejudicados nessas demonstrações explícitas de machismo comercial são os produtores, comerciantes e consumidores de ambos oa países. Ou seja, todo mundo, para sustentar o ego de governantes protecionistas e amadores em política comercial.
Paulo Roberto de Almeida

Fracassa tentativa de acordo entre Brasil e Argentina
Ariel Palacios (Buenos Aires) e Raquel Landim
O Estado de São Paulo, 25 Maio 2011

Após dois dias de reuniões, técnicos não conseguem superar conflito comercial que paralisa produtos na fronteira entre os dois países

Fracassaram as negociações entre Brasil e Argentina para pôr fim ao conflito comercial. Após dois dias de reunião em Buenos Aires, os técnicos não conseguiram chegar a um acordo para acelerar a entrada de produtos brasileiros e argentinos que estão parados na fronteira. As conversas devem prosseguir no Brasil, mas não há data definida.

"A reunião foi boa do ponto de vista técnico, mas não foi estabelecida nenhuma mudança em relação ao que temos hoje", disse ao Estado o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Em Buenos Aires, o secretário executivo do ministério, Alessandro Teixeira, admitiu que "não houve avanços práticos de curto prazo".

Segundo uma fonte do governo brasileiro, "não houve avanço, nem retrocesso". Na prática, significa que os carros argentinos continuarão parados na fronteira, aguardando as licenças de importação, que podem demorar até 60 dias. Produtos brasileiros com dificuldades para entrar e/ou circular na Argentina seguem na mesma situação.

No comunicado conjunto, os governos disseram que, "no que diz respeito ao licenciamento não automático de importações, as partes avançaram nas negociações visando a liberar gradualmente as licenças". Mas técnicos explicaram que o comprometimento é apenas genérico.

No fim da semana passada, alguns produtos foram liberados de ambos os lados como "gestos de boa vontade". Agora, volta a valer a situação anterior. O clima entre os dois países esquentou depois que o Brasil retaliou a Argentina e impôs licenças para a importação de carros.

Cotas. Segundo um negociador, os argentinos pediram para impor cotas em quase todos os produtos envolvidos no conflito. A lista inclui chocolates, geladeiras, calçados e máquinas agrícolas. "Fere o espírito do Mercosul, mas se formos avançar nessa linha não pode ser unilateral", disse a fonte. Alguns produtos já estão sujeitos a acordos de restrição "voluntária" de exportações à Argentina. O Brasil pediu tempo para consultar seus setores produtivos.

As discussões foram tensas em Buenos Aires. "Não está nada fácil", admitiu um dos negociadores, em conversa durante intervalo nas reuniões. "O outro lado (os argentinos) não quer liberar (os produtos) de forma proporcional. Teremos um segundo round daqui a uns dias."

Os argentinos esperavam que o Brasil oferecesse um mecanismo "fast track" para a entrada de seus carros - as licenças de importação valem para todos os países. Mas o governo brasileiro não aceita fazer isso se não houver contrapartidas.

Em entrevista coletiva, Teixeira atenuou as dificuldades. Ele sustentou que "não há crise" com a Argentina, já que "o comércio entre os dois países está crescendo de forma substancial". E descartou definir as negociações como um "fracasso". "Saímos satisfeitos daqui."

Ele insistiu que a Argentina "não coloca restrições à entrada de produtos brasileiros" e que o problema está nos sistemas aduaneiros. "Como o sistema argentino não é informatizado, demora mais do que gostaríamos."

Argentina. Fontes do Ministério da Indústria argentino indicaram que o Brasil se comprometeu a responder "em prazos relativamente curtos, no caso de existirem soluções" sobre a entrada de azeite de oliva, vinhos, cítricos e laticínios argentinos, assim como agroquímicos, fertilizantes e medicamentos.

Os representantes argentinos também sustentaram que na área de máquinas agrícolas e eletrodomésticos os negociadores brasileiros não aceitaram "regras particulares de comércio" (eufemismo para os acordos de autorrestrição de exportações brasileiras para a Argentina) que possam equilibrar o saldo negativo de US$ 450 milhões da Argentina com o Brasil.

As mesmas fontes sugeriram que as geladeiras fabricadas no Brasil poderão ser reféns de uma negociação que promete ser complicada, já que se exige reciprocidade em relação ao produto argentino. Já em referência às recentes licenças não automáticas sobre automóveis e autopeças, destacaram que "o Brasil utiliza o setor de veículos argentinos novamente para não ouvir as reclamações naturais de uma industrialização equilibrada".

Tudo igual
FERNANDO PIMENTEL, MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO:
"A reunião foi boa do ponto de vista técnico, mas não foi estabelecida nenhuma mudança em relação ao que temos hoje."

O milagre da multiplicacao dos paes (ou outras coisas)

Eu já tinha me referido a Bill Gates, como um homem especialmente bem sucedido nos negócios, mas ainda precisando aprender alguns segredos sobre como ser EXTREMAMENTE bem sucedido.
Creio que depois de sair do governo, nosso ministro vai poder de fato abrir uma consultoria que já tem um brilhante registro atrás de si, e um futuro ainda mais brilhante pela frente.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Presidente do Ipea: arrotando pretensoes indevidas

Participei, no dia 24, do lançamento desta obra do IPEA:

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento, Políticas Públicas
(Brasília: Ipea, 2011, 3 vols.) (ver este link)

Na ocasião, o bizarro presidente do Ipea, na certa vitimado por alguma mania de grandeza em tudo e por tudo indevida, e entusiasmado com mais essa demonstração de contribuição ao saudosismo econômico, chegou a afirmar que não existia, no hemisfério americano, nem mesmo nos Estados Unidos, "nenhuma instituição comparável ao Ipea".

De fato, talvez não exista. Mas existe melhor, e o fato de o presidente do Ipea encher a boca para cantar as loas do Ipea mostra apenas que ele é um ignorante, um pretensioso, um narcisista vazio, ou tudo isso ao mesmo tempo.

Ele provavelmente desconhece -- seja por preconceito, seja por anti-imperialismo primário, seja por ignorância mesmo, ou mais provavelmente por uma combinação de todas essas "qualidades" -- a existência do NBER, o National Bureau of Economic Resarch, do Império, justamente.

Não querendo depreciar o Ipea, que já conheceu dias e presidentes melhores, basta lembrar alguns dados, retirados do site do NBER:

The NBER is the nation's leading nonprofit economic research organization. Eighteen of the 33 American Nobel Prize winners in Economics and six of the past Chairmen of the President's Council of Economic Advisers have been researchers at the NBER. The more than 1,000 professors of economics and business now teaching at colleges and universities in North America who are NBER researchers are the leading scholars in their fields. These Bureau associates concentrate on four types of empirical research: developing new statistical measurements, estimating quantitative models of economic behavior, assessing the economic effects of public policies, and projecting the effects of alternative policy proposals.

Ou seja, o NBER faz mais ou menos o que o Ipea faz, mas faz muito melhor, com menos gente, menos custo e menos alarde.
E quantos funcionários tem o Ipea? Provavelmente mais de mil, todos estáveis, como acontece no Estado brasileiro. Quanto custa o Ipea para o Brasil? Não sei, mas não deve ser pouco...
Em comparação, eis o NBER:

The NBER is governed by a Board of Directors with representatives from the leading U.S. research universities and major national economics organizations. Other prominent economists from business, trade unions, and academe also sit on the Bureau's Board. James Poterba is the NBER's President and Chief Executive Officer. In addition to the Research Associates and Faculty Research Fellows, the Bureau employs a support staff of 45. The Bureau's main office is in Cambridge, Massachusetts. It has a branch office in New York City.
(As contas do NBER estão neste link.)

Ou seja, o NBER tem apenas 45 funcionários, que se ocupam, no mais das vezes, de organizar os encontros de seus pesquisadores e de preparar os trabalhos aprovados para publicação.
(O staff do NBER está aqui.)

Quanto à produção intelectual do NBER, seria até covardia compará-la com a do Ipea, sobretudo em termos de rigor acadêmico, seriedade metodológica, utilidade para o país (o deles...).
O Ipea está empenhado em fazer o Brasil retornar aos anos 1950 e 1960, ou seja, meio século atrás, pois parece que suas atuais lideranças são muito afinadas com as ideias dos cepalianos, furtadianos, prebischianos e outros keynesianos saudosistas.

Um outro Ipea é possível (até mesmo desejável)...
Paulo Roberto de Almeida

O guerreiro bolivariano contra o dragao da maldade...

Quem mais poderia ser, se não o Chapolin colorado?

CHÁVEZ X McDONALD'S!
(LA NACION, 25) Chávez já havia fechado por 48h as lojas do McDonald's na Venezuela, alegando uma suposta evasão fiscal. Não contente com isso ("Atrás de McDonald's vem a ideologia", denunciou Chávez), agora criou a "caixa social pronta" que inclui biscoitos feitos à sua imagem e semelhança para competir com a "caixinha feliz" da rede McDonald’s.
O presidente da Venezuela Hugo Chávez, não recua em sua cruzada contra a comida rápida. Agora caminha para aprovar na Assembleia Nacional em segunda votação uma lei antimonopólio contra todas as franquias com mais de 15 lojas. Passado este limite, elas têm que ser fechadas.


Bye bye Ronald MacDonald...

Procura-se: Bin Laden...

Não, o título não está errado.
Procura-se um ator para fazer o papel do famoso empresário do terror.
Quem vocês acham que poderia ser selecionado: Brad Pitt, Leonard Di Caprio, Woody Allen?
Paulo Roberto de Almeida ? (eu!!!???)

Seals
Filme de Kathryn Bigelow sobre Osama bin Laden recebe luz verde
O Globo, 25/05/2011

RIO - O filme de Kathryn Bigelow sobre a caçada ao terrorista Osama bin Laden recebeu luz verde e será distribuído pela Columbia Pictures. A notícia de que Bigelow estava trabalhando num filme sobre Bin Laden surgiu quando o governo americano anunciou a morte do terrorista, no início do mês. O roteiro anterior, no entanto, poderá ser aproveitado, pois tratava de uma operação dos Seals, mesmo grupo responsável pela ação que pôs fim à caça ao terrorista mais procurado do mundo.

O roteiro está sendo escrito desde 2008 e originalmente contaria a história de uma operação fracassada para capturar Osama bin Laden em 2001, na fronteira entre Afeganistão e Paquistão. Agora a diretora decidiu acrescentar material sobre a invasão do bunker no Paquistão, que terminou com a morte de Bin Laden.

O tema não é estranho à diretora, que ganhou o Oscar no ano passado pelo filme "Guerra ao terror", sobre um esquadrão antibombas no Iraque. Para o filme de Bin Laden ela volta a trabalhar com o jornalista Mark Boal, também vencedor do Oscar pelo roteiro de "Guerra ao terror".

O filme de Bigelow dificilmente será o único a tratar da morte de Bin Laden, uma vez que Hollywood não costuma perder a chance de fazer dinheiro com esse tipo de gancho. Os ataques de 11 de setembro já inspiraram diversas obras, tanto de ficção quanto documentários. Paul Greengrass dirigiu "United 93", de 2006, sobre os passageiros que conseguiram evitar que um dos aviões tomados por terroristas atingisse seu alvo. No mesmo ano Oliver Stone focou nos ataques em Nova York, no filme "World Trade Center", com Nicolas Cage.

Michael Moore soltou em 2004 a bomba "Fahrenheit 9/11", investigando as consequências dos ataques nos EUA e as ligações entre as família Bush e Bin Laden, enquanto a produção franco-britânica "11'9"01", de 2002, mostrou diferentes visões sobre o atentado, reunindo onze diretores de todo o mundo, entre eles Samira Makhmalbaf (Irã), Claude Lelouch (França), Youssef Chahine (Egito), Ken Loach (Reino Unido), Alejandro González Iñárritu (México), Amos Gitaï (Israel) e Sean Penn (Estados Unidos).

Melhor do que juiz ou diplomata: pastor de Igreja (rende mais...)

Pois é, me confundiram com alguém, como se pode constatar pela carta abaixo, que recebi em minha caixa de entrada (só pode ser para mim).
Em todo caso, eu não sabia que além de diplomata e professor, eu era também pastor (a Igreja não interessa, é o que menos importa), o que é uma excelente alternativa a essas outras profissões trabalhosas.
O pastor, finalmente, só precisa repetir algums coisas que ele encontra nos Evangelhos, e sai por aí recolhendo dinheiro (sem pagar imposto de renda, ao que parece, se registrado no CNPJ, em lugar do seu CPF). Vou pensar nessa alternativa.
Segue a carta-convite (autorizo quem quiser a ir em meu nome...):

São Sebastião, 10 de Maio de 2011.

A Igreja:

Estimado pastor

Ref. Carta Convite

Prezado pastor, é com satisfação e alegria que convidamos o reverendíssimo, para se fazer presente no Café do Conselho de Pastores de nosso município.
Data: 28/05/2011
Horário: 09:00h
Local:Igreja do Evangelho Real Contato com Deus
Av. Nova Iguaçu, 714, Maresias – São Sebastião – SP

Teremos como pautas:
a) Momento de comunhão com Deus – Louvor e Adoração
b) Oportunidades
c) Ministração da palavra
d) Benção final
e) Encerramento

O valor do café será de R$ 5.00 por pessoa e a mensalidade deverá estar em dia.

Sendo o que ocorre; estando de antemão honrados com sua presença, estendemos antecipados agradecimentos; no amor de Cristo Jesus,

(Fulano de Tal)
1º Secretário do Copass

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PS.: O mais está interessante da agenda está aqui:
"b) Oportunidades"

Juizes, diplomatas, marajás, privilegiados, autos salarios... (enfim, com a nova gramatica, tudo se torna possivel)

Não sei se já são os efeitos da nova orientação de "purtugueis" para alunos brasileiros, mas o fato é que recebi uma consulta, na qual destaco trechos edificantes:

"Tenho 20 anos e estou no 4ª semestre de Direito, e tenho duvidas qual carreira irei exercer, gosto muito do papel desenpenhado pelos diplomatas e juizes, mas é visto que no inicio de carreira de diplomata como 3ª secretário o salario não é tal auto quanto a um de juiz, mas em compensação o diplomata tem diversas imunidades e privilégios que um juiz não tem, e por isso estou em duvida qual das carreiras irei exercer, o salario de um diplomata + as imunidades compensa o que um juiz ganha?"

Não tenho palavras, mas acho que essa vida de professor não compensa...
Melhor ser monge budista numa montanha do Nepal...

Mais uma frase da semana (se eu fosse o Pele, protestaria contra o uso indevido do meu nome...)

Aliás, protestaria e processaria, por ofensa, impropério, associação para delinquir, formação de quadrilha, crimes repetidos, atentado à moral e aos bons costumes, e o que mais couber.
Vejam a frase:

"Estão testando o governo da Dilma. Quiseram me intrigar com ela e não conseguiram. Agora, se o governo entregar a cabeça do Palocci, vai cometer um grande erro. Não dá para pôr o Pelé no banco”, disse Lula...

Isso a propósito de um ministro venal que foi comparado ao Pelé.
Se eu fosse o Pelé interpelaria imediatamente o falastrão na justiça...
Vocês sabem: quem tem imagem, precisa velar por ela, e evitar qualquer associação com malfeitores...

A frase da semana: ativos, propriedades, patrimônio, etc...

Numa semana em que até o FMI teve suas horas de glória, bem mais do que os 15 minutos regulamentares, a frase da semana, que resume, com propriedade, as tribulações de um outro poderoso personagem que ainda não caiu em desgraça política, mas já caiu em desgraça moral, é esta aqui:

"Em relação às acusações, o ministro se defendeu com muita propriedade".

Resume tudo (ainda que não tenhamos, digamos assim, a métrica da propriedade, talvez no plural...).

Qual a medida do seu bem-estar? A OCDE vai lhe dizer...

O Brasil ainda não figura nesse novo indicador da OCDE, mas parece que poderia ser incorporado, se suas estatísticas se harmonizarem com as da OCDE.

Economie
L'OCDE lance un indicateur du bien-être
Le Monde, 25/05/2011
Capture d'écran du site internet de l'OCDE qui permet de calculer l'indicateur de bien-être.

A l'occasion de son cinquantième anniversaire, l'Organisation de coopération et de développement économiques (OCDE) a présenté, mardi 24 mai, une initiative visant à mesurer le bien-être des habitants des pays riches en vue d'améliorer leur existence. Pour mieux appréhender les conditions de vie des populations de ses 34 pays membres, l'organisation a lancé un indice baptisé "vivre mieux" accompagné d'un site Internet, première traduction concrète du rapport Stiglitz-Sen-Fitoussi.

En 2009, une commission présidée par le prix Nobel d'économie Joseph Stiglitz avait en effet soumis à Nicolas Sarkozy des pistes pour améliorer la mesure de la croissance économique et corriger les carences de l'indicateur de référence, le produit intérieur brut (PIB), depuis longtemps critiqué. Elle avait prôné la mise en place d'une série d'indicateurs afin de mettre davantage l'accent sur la mesure du "bien-être" dans les statistiques économiques.

L'OCDE a voulu "s'intéresser plus précisément aux gens en mesurant ce qui compte pour eux", détaille Martine Durand, directrice des statistiques de l'organisation. Il ne s'agit pas, par exemple, de calculer les dépenses de santé effectuées par un gouvernement mais d'évaluer l'efficacité d'un système de soins dans tel ou tel pays, a-t-elle souligné. L'indice de l'OCDE permet aux citoyens de ses Etats membres de comparer leur bien-être à partir de onze critères : logement, revenu, travail, communauté, éducation, environnement, gouvernance, santé, bien-être subjectif, sécurité, et conciliation travail-vie privée.

AUSTRALIE ET CANADA BIEN CLASSÉS
Afin de préserver les susceptibilités, l'OCDE ne livre pas son propre classement. Chaque utilisateur peut en revanche accorder aux différentes critères un poids variable en fonction de ce qu'il juge le plus important pour son bien-être et découvrir les pays qui arrivent alors en tête ou en queue de peloton. Dans un grand nombre de domaines, l'Australie et le Canada se retrouvent très bien classés. Mieux en tout cas que la Turquie qui obtient en moyenne un moins bon score.

Cet indicateur se veut également une opportunité pour les citoyens d'exprimer auprès des gouvernements leurs principales préoccupations, fait valoir l'OCDE. "Cela permettra de comprendre quelles sont les priorités des gens par sexe, âge et par pays", souligne Anthony Gooch, directeur de la communication de l'organisation. En France par exemple, le fait d'avoir un emploi et d'être en bonne santé sont considérés comme les facteurs de bien-être les plus importants. L'OCDE espère bientôt ouvrir l'indicateur, qui doit être affiné dans les mois à venir, à d'autres pays que les plus développés, en premier lieu des émergents comme le Brésil.

Yo, el Supremo (um pouco menos agora...): agora vem?

Aparentemente sim, vamos ter de fazer salamaleques. Atenção Protocolo: adaptar para uma hora e meia de atraso...

Presidente da Venezuela remarca visita oficial ao Brasil
DCI, 25/05/2011

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ligou ontem para a presidente Dilma Rousseff e remarcou sua vinda oficial ao Brasil para o dia 6 de junho. A visita, cancelada, seria no último dia 10, mesmo dia que o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos divulgou relatório denunciando que ele havia prometido enviar, em 2007, US$ 300 milhões às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Só no ano passado, a relação comercial entre Brasil e Venezuela envolveu US$ 4,6 bilhões. Em geral, o Brasil exporta para a Venezuela alimentos, frango desossado e carne bovina, enquanto os venezuelanos vendem para os brasileiros essencialmente, petróleo e derivados.

Iris Chang e o massacre de Nanquim: uma trajetoria no horror

Eu já tinha ouvido falar do livro de Iris Chang muito antes de ir para a China, e de visitar o memorial ao massacre japonês contra a população da antiga capital imperial de Nanquim (ou Nanjing), uma história horripilante que a jornalista americana de origem chinesa conta com uma riqueza de detalhes nunca antes igualada na literatura de língua inglesa. Infelizmente, vítima de depressão e de mau aconselhamento médico, Iris Chang se suicidou.
Sua mãe presta uma homenagem neste livro agora publicado nos EUA.
Paulo Roberto de Almeida

BOOKSHELF
Hard Work, True Grit
By MARY KISSEL
The Wall Street Journal, May 25, 2011
Remembering the author of 'The Rape of Nanking.'

The Woman Who Could Not Forget
By Ying-Ying Chang
Pegasus, 426 pages, $29.95

Iris Chang, born March 28, 1968, was raised like many other children of her generation. Her parents relied on Dr. Spock for child-rearing advice, encouraged a love of reading, made sure that she spent time with her grandparents, and provided a loving home for her and her brother, Michael. One photograph shows the family on a trip to Yellowstone National Park, all grins, as a geyser blows behind them. Iris went on to marry and have a son. She became a writer and in 1997 published the book that made her famous, "The Rape of Nanking," about the atrocities committed in that city by Japanese soldiers during World War II. Then, in 2004, at the age of 36, she committed suicide with a handgun.

Iris's sudden death was the catalyst for "The Woman Who Could Not Forget," a biographical memoir written by her mother, Ying-Ying Chang, who says she had to set the record straight and "present Iris" as "only we, her family, knew her." But the book is less a tale of a renowned author's vertiginous spiral into depression than it is a mother's poignant tribute to a Chinese-American girl who achieved success through her own intelligence, hard work and grit, but also with the extraordinary support of those closest to her.

In her parents, Iris had excellent role models. Ying-Ying was born in China in 1940, and her childhood was "full of fears, worries, pains, and frights," as her parents struggled to keep her and her brother safe while the country collapsed into civil war. Her family emigrated to Taiwan, and Ying-Ying eventually made her way to America and married a fellow Harvard Ph.D. student, Shau-Jin (a tale she doesn't relate in the book). The two were doing postdoctoral work at Princeton University—Ying-Ying in biological chemistry, Shau-Jin in physics—when Iris was born.

A year after Iris's birth, the family moved to the Midwest, where Ying-Ying and Shau-Jin began teaching at the University of Illinois in Urbana-Champaign. As her mother tells it, Iris was a "sensitive" child who was "shy" in public but "very talkative and often dominated the entire conversation" at home. On trips to the local library, she would check out "at least ten books at a time." She took up piano and started winning writing competitions. "She had a tendency to obsess over the things she was interested in or working on," Ying-Ying recalls. In high school, Iris took a liking to computers, volunteered at the local hospital and started her own magazine. She was accepted to several universities, including Cornell and the University of Chicago, but her parents advised her to go to the University of Illinois instead, because "to be home might be better for her." She complied.

That decision is one of the few instances in the book where her parents seemed to have much sway over Iris, although the strong bond between mother and daughter is clear in the myriad of warm correspondences Ying-Ying cites in the book. "She always initiated things by herself," Ying-Ying writes—a trait that the family supported and even reveled in. The Changs encouraged Iris to develop marketable skills and not to rely on anyone else to support her financially, although she married her college sweetheart in her early 20s. Ying-Ying reminded her: "As my mother used to say to me, the success in one's life was dependent on 70% hard work and only 30% talent or genetic makeup."

And Iris worked. She interned at Newsweek and freelanced for the New York Times but had trouble getting a job in the run-up to college graduation. She took an internship with the Associated Press but soon left to take another one at the Chicago Tribune—and then the newspaper declined to hire her full-time. With her parents' support, Iris returned briefly to the University of Illinois before winning an assistantship in John Hopkins's writing program.

An adviser there encouraged her to get in touch with Susan Rabiner, a HarperCollins book editor, who would give Iris her first book topic, a biography of Tsien Hsue-sen, the father of China's missile and space program. But the book advance was modest, and for a while Iris delivered pizzas to make ends meet.

"The Rape of Nanking" had its genesis in the tales her parents told her of her maternal grandparents, who barely escaped the Japanese onslaught in 1937. Iris attended a 1994 conference on this "most atrocious chapter in history," Ying-Ying says, and realized that there wasn't a good English-language book on the subject. Iris holed up at the National Archives in Washington, trawled through Yale's library and traveled to China to interview survivors. She discovered an eyewitness's diary—a German Nazi, John Rabe—that added significantly to the historical record of the slaughter. All the while, Ying-Ying and Shau-Jin helped her with translations and, once Iris began writing, "gave up our nights and weekends to read her manuscript."

The book was a remarkable success for such a harrowing subject, and Iris soon got to work on another project, "The Chinese in America," which was published in 2003. The young author was in demand for television interviews, bookstore appearances and speaking engagements. It was on one of her trips that Iris had a breakdown, in a Kentucky hotel, was hospitalized and diagnosed with, as Ying-Ying describes it, "'brief reactive psychosis,' due to stress conditions such as lack of sleep and food."

Ying-Ying attributes her daughter's slide into depression to side effects from antipsychotic and antidepressant drugs and poor medical advice. A few months after her breakdown, Iris Chang was dead. Her mother devotes only a few chapters to this period of illness and despair. Perhaps that's best. "The Woman Who Could Not Forget" ultimately isn't a sad story, but rather a celebration of Iris's remarkable life.

Ms. Kissel is a member of the Journal's editorial board.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Forum Brasil-Europa: 15-16 de junho de 2011, Brasilia

Uma excelente oportunidade para se informar, para se formar, eventualmente para se deformar, também, embora esta última hipótese seja mais difícil...
Paulo Roberto de Almeida

XVIII Forum Brasil-Europa
15 e 16 de junho de 2011, Brasília

A Fundação Konrad Adenauer, em parceria com o Grupo Parlamentar Brasil-União Europeia e o Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Irel-UnB), sob o suporte da Delegação da União Europeia no Brasil, busca refletir sobre os desafios atuais para a construção de uma agenda comum entre Brasil e União Europeia. Neste sentido, o XVIII Fórum Brasil-Europa apresentará questões políticas do Brasil e de países europeus no âmbito da crise financeira internacional, dos novos mecanismos de governança global e para a cooperação em setores específicos, como energia, meio ambiente e infraestrutura.

Os organizadores convidam para este evento, que contará com a presença de parlamentares brasileiros e europeus, diplomatas, membros de instituições internacionais e destacados pesquisadores.

O evento acontecerá nos dias 15 e 16 de junho de 2011, Brasília/DF ( no dia 15/06: Auditório Nereu Ramos, Câmara dos Deputados e no dia 16/06: Salão Brooklin, Hotel Manhattan Plaza).

Para consultar o programa, clique aqui

As inscrições devem ser feitas por e-mail, encaminhando uma mensagem com nome completo, cargo e instituição para Daniel.Edler@kas.de

Nova data para 'Juízo Final': melhor assim...

Ufa! Ainda bem!
Eu estava preocupado.
Esse debiloide tinha anunciado o fim do mundo muito em cima do fim do mundo. E eu não tive tempo de me preparar adequadamente.
Imaginem: nem testamento eu tinha feito, para saber como eu iria distribuir meus milhões de dólares, entre obras de caridade, asilos para marxistas desempregados, bibliotecas públicas e Viagra para pandas (que estão desaparecendo porque não conseguem procriar, esses idiotas).
Agora tenho um pouco mais de tempo para me preparar adequadamente.
Preciso falar com esse pastor idiota e pedir um pouco mais de tempo. E que ele contrate alguns econometristas, pelo menos, para fazer os cálculos direitinho.
Eu já tenho data para o meu juízo final.
Com os livros que eu ainda tenho para ler, antes de passar desta para melhor (acho que não, não vai dar para levar muitos livros, justamente), calculo que vou precisar de mais ou menos 85 anos suplementares para terminar só os livros que tenho na minha biblioteca....
Pastor, dá um jeito, vai...
Paulo Roberto de Almeida

Radialista evangélico dos EUA aponta nova data para 'Juízo Final'
REUTERS, 24 de maio de 2011

Seita dos EUA garante: mundo acaba no sábado, 21
Evangelista se diz 'surpreso' por mundo não ter acabado
Em programa de rádio, líder de seita diz que houve 'erro de cálculo'; mundo acaba em outubro, afirma

LOS ANGELES - O radialista evangélico norte-americano cuja profecia do Dia do Juízo Final não se cumpriu no último sábado explicou com simplicidade nesta terça-feira, 24, o que deu errado: ele cometeu uma "falha de cálculo".

Em vez de o mundo terminar fisicamente no dia 21 de maio com um grande terremoto cataclísmico, como ele tinha previsto, Harold Camping, de 89 anos, disse que agora acredita que sua previsão esteja se realizando "espiritualmente" e que o apocalipse concreto vai ocorrer cinco meses após a data inicialmente prevista, ou seja, em 21 de outubro.

Camping, que tinha iniciado uma contagem regressiva para o Dia do Juízo final, levando alguns seguidores a gastarem as economias de suas vidas inteiras na expectativa de serem arrebatadas para o céu, divulgou a correção durante uma participação em seu programa de rádio "Open Forum", transmitido desde Oakland, na Califórnia.

'Sentimos muito'

A sede da rede Family Network, de Camping, que abrange 66 estações de rádio nos EUA, passou o fim de semana fechada, com uma placa sobre a porta dizendo "este escritório está fechado. Sentimos muito não termos podido receber você".

Em um discurso de 90 minutos, por vezes desconexo, que incluiu uma sessão em que ele respondeu a perguntas de repórteres, Camping disse que lamentava que o arrebatamento que ele tinha tanta certeza que aconteceria não ocorreu no sábado.

Mais tarde, refletindo sobre trechos da Bíblia, ele disse que lhe ocorrera que um "Deus misericordioso e compassivo" poupará a humanidade "do inferno sobre a Terra" por outros cinco meses, comprimindo o apocalipse físico em um período de tempo menor.

Mas ele insistiu que 21 de outubro sempre foi a data final de sua cronologia do Fim dos Tempos, ou, pelo menos, de sua cronologia mais recente.

Criando riqueza, a partir literalmente do nada...

Bill Gates é um homem que criou riqueza, a partir do nada, ou quase nada.
Explico-me: ele nunca possuiu terras ou explorou minérios. Jamais extraiu qualquer coisa de qualquer país periférico, nunca produziu qualquer coisa que exigisse milhares de toneladas de produtos primários ou que poluísse as terras e a atmosfera com processos produtivos invasivos.
Ele tirou toda a sua fortuna de cálculos binários, se ouso dizer, da pura inteligência.
Com isso pode multiplicar ganhos -- em parte monopólicos, mas num sistema aberto, em que outros poderiam concorrer com sistemas eventualmente mais inteligentes -- e tornar-se o homem mais rico deste nosso planetinha desigual e injusto, como querem os antiglobalizadores.

Pois bem, como já escrevi aqui mesmo, esse Bill Gates não está com nada, em face de outros "criadores de riqueza" ainda mais geniais do que ele. Duvido que ele tenha conseguido multiplicar sua fortuna, asi no más, como alguém que sabemos conseguiu descobrir o "pote de ouro" da multiplicação dos ganhos a partir literalmente de zero, ou quase (foi preciso algum esforço, reconheçamos, um esforço para a implementação das políticas corretas...).

Eu recebi, a propósito deste meu post:

Eu quero enriquecer com causa... (23/04/2011)

o comentário abaixo, que resolvi retirar de sua relativa obscuridade de uma "nota de rodapé" para este novo post, dedicado integralmente ao milagre da multiplicação dos pães.

Quero dizer, de imediato, que não concordo com o blogueiro em questão, e não atribuo o milagre acima referido à capacidade de previsão -- que ai sim seria milagrosa -- do personagem em causa, ou seja, que ele tenha conseguido alertar, antecipadamente, a empresas que faziam complexas operações com derivativos que envolviam a valorização contínua do real, essas empresas dos perigos desse jogo especulativo, evitando assim que elas perdessem muito dinheiro quando ocorreu a súbita desvalorização do real (lembremos que ele mergulhou, no final de 2008, de um patamar de 1,7 para mais de 2,4, em poucos dias). Pode ser que isso tenha ocorrido, mas seria improvável, e se isso tivesse ocorrido, o "consultor" em questão mereceria, não apenas os milhões que ganhou (mais de DEZ MILHÕES DE DÓLARES), mas sobretudo o Prêmio Nobel de Economia, o que não foi obtido por nenhum dos geniais economistas do centro, com Nobel ou sem.
Não, para mim isso é improvável.
O mais provável, na verdade, que ocorreu, foram movimentos misteriosos do Banco Central e do BNDES, nos dias e semanas que se seguiram à debâcle (momentânea) do real, no sentido de "ajudar" empresas e bancos amigos do rei a recomporem suas finanças, movimentos que foram ocasionalmente registrados pela imprensa -- sob a forma de "sustentações" pouco esclarecidas aqui e ali -- e que ajudaram, sim, essas empresas pegas de surpresa a minimizarem suas perdas.
Nada que bons jornalistas investigativos não possam descobrir, perguntando, por exemplo, quanto foi gasto por BC e BNDES em certas operações "estabilizadoras", no pânico que se seguiu à marolinha rapidamente convertida em tsunami financeiro.
Sem pretender posar de "entendido", eu me permito sugerir essa linha de investigação aos mais preocupados com o assunto.
Abaixo vai o comentário que recebi.
Paulo Roberto de Almeida

O blogueiro Ângelo da Cia escreveu um interessante post a respeito da reportagem sobre o caso Palocci na Revista Veja desta semana. O link para íntegra da reportagem da Veja está no post, que pode ser lido aqui:

VEJA e sua assessoria Palocciana
http://angelodacia.blogspot.com/2011/05/veja-e-sua-assessoria-palocciana.html

Esta notícia na reportagem da revista chamou minha atenção:

"A presidente Dilma pediu explicações. Palocci contou que ganhou dinheiro dando consultoria sobre riscos cambiais entre julho e setembro de 2008. Palocci disse que, por ter sido ministro da Fazenda e se tomado um competente economista sem diploma (o que ninguém discute), viu com maior clareza o tamanho do perigo cambial. Ele teria ajudado diversas empresas a desmontar suas arriscadas operações com os voláteis derivativos cambiais.”

Entre julho e setembro, ou seja no terceiro trimestre de 2008, o real sofreu a desvalorização que levou aos conhecidos prejuízos contabilizados pelos investidores no quarto trimestre de 2008.

Os jornais da época noticiaram fartamente as empresas que se ferraram nessas operações. Os valores reportados eram astronômicos. Mas não lembro de ter lido qualquer notícia a respeito de grandes empresas que escaparam da crise por orientação de consultores que teriam "ajudado diversas empresas a desmontar suas arriscadas operações com os voláteis derivativos cambiais" entre “julho e setembro de 2008”.

"Diversas" é sinônimo de muitas. A matéria seria mais crível se escolhesse a palavra "algumas", pois diversas foram as empresas que se ferraram.

Mas se escolhesse "algumas" ao invés de "diversas" talvez fosse mais difícil explicar o milagre da multiplicação dos pães operado pela empresa de Palocci. Ou seja, seria preciso que apenas "algumas" tivessem pagado muito.

Enfim, somente um economista enfronhado nesses meandros financeiros poderia emitir um parecer sensato a respeito da atuação do mercado de consultoria no mesmo período.

A pergunta é simples: o mercado reconheceu e a imprensa especializada noticiou na época da crise dos derivativos que a Projeto foi uma das poucas consultorias que previu a tempo o alto risco dessas operações e, na contramão do espírito de manada, aconselhou seus clientes a se desfazerem desses papeis?

O buslis, me parece, é o triênio julho/setembro de 2008. É possível apontar no mesmo período a existência de outras consultorias que mostraram a mesma agudeza analítica de Palocci? E, sobretudo, é verossímil que a "consultoria de homem só" fosse capaz de produzir tal proeza, isto é, de antecipar a débâcle e, assim, ajudar "diversas empresas a desmontar suas arriscadas operações com os voláteis derivativos cambiais"?

Com a palavra os economistas, isto considerando que meus comentários de leigo são relevantes.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Do I have a dream? - uma pergunta sobre uma frase histórica (PRA)

Do I Have a Dream?
Paulo Roberto de Almeida

Of course! I do have a dream, for sure. As a matter of fact, I have more than one dream, perhaps two or three; indeed, more than that.
Bem, os meus são provavelmente diferentes daqueles que integraram o famoso discurso do pastor Martin Luther King Jr., em 1963, quando ele buscava, apenas e tão somente, a libertação de todo um povo das agruras da segregação, das práticas odiosas da discriminação, da perseguição, da interdição e até do linchamento. Os meus talvez não tenham essa dimensão épica, provavelmente porque os desafios que estão em “minha” agenda de trabalho não são tão dramáticos quanto aqueles enfrentados pela população negra americana até o início dos anos 1960. Vamos então falar sobre o meu sonho, ou sobre os meus sonhos.
Falar de um sonho, ou de vários, implica apontar aquilo que de mais relevante possa haver para uma pessoa, o objetivo central de sua vida, se é que algo desse tipo existe, num itinerário que atravessa necessariamente diferentes etapas, com o personagem em questão, o sonhador, exibindo diferentes condições, enfrentando desafios sempre novos e diversificados. Da fase de estudante dependente, à de graduando independente, passando por ofícios diversos, até chegar ao profissional de mercado, ou ao funcionário de carreira, em cada uma das etapas da vida, nós, os sonhadores, alimentamos os ideais que concebemos, que construímos ou que importamos da literatura, dos filmes, das experiências pessoais, dos contatos diretos com outros sonhadores ou personalidades da dimensão do grande líder da causa negra americana (na verdade, dos direitos civis de todos os cidadãos). Os sonhos são formados aos poucos, eventualmente substituídos por outros, por vezes abandonados ou até esquecidos; novos sonhos ocupam o lugar dos primeiros, que geralmente eram ingênuos, em todo caso compatíveis com as ambições, sempre desmesuradas, de uma juventude frenética ou... sonhadora, justamente.
Sendo assim, quais foram, naquela época, quais são, agora, os meus sonhos, meus projetos, meus objetivos de vida? Qual foi o itinerário das ideias, não exatamente das minhas, mas das que eu defendia? O que me motivou, desde quando deixei de ser “alienado” – segundo o termo usado na época – para me tornar um “batalhador consciente” pelas causas vibrantes da minha juventude? O que ainda se conserva dos sonhos da juventude, o que ainda conservo dos ideais que eu mantinha então?
Descartemos, em primeiro lugar, aqueles sonhos excessivamente infantis, informados mais por desejos ingênuos do que por intenções realizáveis. Isso perdurou até os treze ou quatorze anos, quando posso dizer que meus grandes objetivos de vida, ou melhor, dizendo, meus ideais políticos, estavam relativamente conformados, de maneira ainda um pouco confusa, mas de toda forma razoavelmente definidos. E quais eram eles? Não querendo parafrasear Marx, nada mais, nada menos do que a abolição completa do poder político “burguês” e a revolução no modo de produção; ou dito ainda, na mesma terminologia, a transformação das relações de produção em vista da reformulação do sistema de forças produtivas. Esta é a versão acadêmica de uma história mais complicada que, naquelas circunstâncias, se desdobrou em aventureiras guerrilheiras, ao estilo cubano. Enfim, para encurtar a história – que não se refere a esses episódios “materiais”, mas pretende tratar apenas de sonhos e ideais – o fato é que os sonhos da juventude eram centrados nessa promessa radical de abolição do mundo burguês, e de sua democracia formal, e na inauguração de um novo universo de igualdade absoluta e de democracia “proletária”, na verdade, a “ditadura do partido”, como reconhecemos agora.
Não hesito em dizer que esses ideais foram derrotados, não tanto no terreno das ideias e das concepções do mundo – tanto que eles continuam relativamente dominantes, um pouco em todas as universidades da região – mas no terreno dos fatos, da prática, dos enfrentamentos políticos, na conjuntura brasileira dos tempos de chumbo da ditadura militar. Não existe aqui nenhum ressentimento quanto ao que ocorreu, nenhum revanchismo de princípio, embora houvesse o amargo sentimento da derrota e do exílio voluntário, na época. Visto retrospectivamente, há que reconhecer que o fracasso era inevitável, não apenas em função da desproporção de forças, mas sobretudo em relação ao, e como consequência do, projeto equivocado que então defendíamos. O bolchevismo infantil não daria certo, sequer como proposta, menos ainda como futuro de país. O projeto cubano tinha terminado ali, assim como acabaram as ilusões da juventude.
O exílio, o conhecimento da realidade no continente europeu, em plena era da Guerra Fria, serviu sobretudo como laboratório de ideias, como espaço de reflexão e de confrontação entre duas realidades. O socialismo real – algumas vezes surreal – do leste europeu e o capitalismo “ideal” da porção ocidental do continente serviram de terreno de aprendizado prático sobre como podem funcionar, ou não, diferentes sistemas sociais, entre eles aquele que pretendíamos implantar no Brasil. A outra parte do aprendizado foi feita na bibliotecas universitárias, na leitura de jornais, no conhecimento do que tinham a dizer professores, jornalistas, pensadores de orientações diversas, com preferência ainda pelos mestres do marxismo e pelos intelectuais “progressistas”.
Ideias generosas, mesmo equivocadas, são persistentes, desde que orientadas por uma filosofia poderosa, como era o marxismo (e talvez ainda seja, para muita gente, pelo menos no universo acadêmico brasileiro e latino-americano das humanidades). Mesmo não abandonando totalmente os sonhos da fase precedente, uma revisão teórica e prática era inevitável. Ela foi feita, com base numa observação cuidadosa das realidades presentes, uma possibilidade que deveria estar disponível a qualquer um, desde que com olhos e coração abertos, e disposto a revisar conceitos e posturas com base numa reflexão profunda a partir de leituras sobre o presente e de pesquisas sobre o passado histórico. Viagens frequentes – tanto a mundo do socialismo, quanto aos diversos capitalismos realmente existentes – e um mergulho em leituras de biblioteca cumpriram a tarefa.
A partir desse momento, os sonhos não eram tanto os de realizar no Brasil um sistema socialista no modelo centralizado e planejado dos bolcheviques, mas os mais modestos do reformismo radical dos socialistas europeus. Ainda assim, as evidências trazidas por pensadores liberais – ao estilo de um Raymond Aron – ou simplesmente objetivos, no modelo dos bons pesquisadores históricos, permitiram recompor progressivamente a natureza real dos processos sociais, tanto de conformação do capitalismo quanto de construção de Estados progressivamente mais abertos ao equilíbrio de poderes e à participação social. O que estava em curso, na verdade, era um rompimento da camisa de força do marxismo congelado, tal como servido durante décadas em nossas academias e partidos de esquerda (de certa, ele ainda continua a ser servido, como sistema válido, em certos círculos esclerosados do país e da região).
A fase seguinte foi a de construção de um novo sistema de ideias, liberto dos superlativos do passado – capitalismo, burguesia, dominação de classes, luta de classes, poder proletário, todos esses grandes conceitos que explicam todo um mundo – e bem mais aberto às constatações mais singelas e prosaicas da vida, em todo caso, mais adequado às necessidades do país e combinando com minhas próprias posturas, jamais religiosas, nunca dogmáticas, sempre abertas a novos argumentos lógicos, à simples racionalidade das demonstrações empíricas. Até hoje, ao encontrar antigos colegas não reciclados ou novos expoentes de velhas ideias, eu me surpreendo com a incapacidade que têm certas pessoas de simplesmente olharem a realidade em face, de se informarem por diversos meios sobre o que realmente se passou, desde o auge da Guerra Fria, e de chegarem a conclusões tão elementares quanto as que são fornecidas por fatos, apenas fatos, nada mais. No caso dos mais jovens, pode-se explicar a postura pela atratividade de propostas generosas de redenção social, de justiça, igualdade, melhoria rápida das condições de vida – já que a causa apontada pelos professores das escolas é sempre a cupidez dos capitalistas e, previsivelmente, o caráter perverso do capitalismo – o que pode ser corrigido por mais leituras e alguma experiência de vida. No caso dos mais velhos, as explicações são mais difíceis: pode ser postura religiosa, recusa a abandonar velhos conceitos, falta de leituras (sim, pode ocorrer), simples má-fé, ou ainda o que poderíamos chamar de desonestidade intelectual.
Não posso dizer que os sonhos tenham acabado ou mesmo que tenham sido alterado radicalmente. Os objetivos, de certa forma, continuam os mesmos, quais sejam: o de tornar o Brasil um país menos pobre, menos injusto, menos desigual, mais próspero, mais democrático, mais igualitário. Os métodos é que mudaram, e também os mecanismos para conseguir aqueles objetivos. Em lugar do processo revolucionário, o reformismo gradual, e nisso não vai nenhum preconceito de princípio contra as revoluções; apenas ocorre que estas não são feitas, planejadas, conduzidas, elas simplesmente acontecem, por força de necessidades, por contingências da conjuntura política, por acidentes graves na vida nacional (guerras, crises profundas, rupturas da normalidade econômica com amplos impactos sociais). Ninguém comanda uma revolução, pelo menos fora das concepções românticas de extração bolchevique ou maoísta. Mas pode-se comandar um processo de reformas, pela ação partidária, pela pregação doutrinária, pela mobilização de esforços dos já convencidos sobre as necessidades de mudança.
Por certo, é muito mais excitante sonhar com uma revolução, ou pretender uma alteração radical – esquecendo o grau de violência embutido nessas mudanças radicais da sociedade – das bases mesmas de funcionamento de toda uma formação complexa, do que encetar um modesto programa de reformas baseadas no consenso ou nas decisões democráticas adotadas por meio de livre escolha de cidadãos conscientes. Mas pessoas maduras não costumam entreter o sonho do “guerrilheiro heroico”, que aliás nunca existiu, de fato, mas foi uma imagem construída para justificar um novo sistema de dominação, provavelmente mais implacável do que o previamente existente. Pessoas maduras costumam fazer reflexões guiadas pela boa informação histórica, por análises corretas da realidade econômica e social e instruídas por um exame realista das relações de força predominantes no sistema político (que não se transforma apenas pela força das ideias, mesmo as mais generosas, e só se deixa impactar pela força dos fatos).
Os objetivos e intenções são provavelmente os mesmos, como dito acima, com os novos ingredientes da definição ponderada de mecanismos não violentos, não autoritários e, sobretudo, adaptativos, de transição para formas mais avançadas – presumivelmente mais democráticas, mais propensas ao crescimento econômico e à redução das desigualdades inerentes à formação social brasileira – de organização econômica, social e política, que possam resultar na transformação do Brasil, de país em desenvolvimento para um plenamente desenvolvido. Seriam estes sonhos? São tão mobilizadores assim?
Provavelmente não, ou então são metas e objetivos de vida, a começar por um comprometimento inquebrantável com uma simples aspiração que, esta sim, pode ser considerada um sonho, quiçá quixotesco: contribuir para que outros jovens, da mesma extração social que foi a minha na infância e na primeira juventude, possam ter as mesmas chances que eu tive na vida, e que passaram, fundamentalmente, por uma educação de boa qualidade em escolas públicas, o que me preparou para os desafios das fases seguintes. Essas chances não mais existem no Brasil, e o que se têm é um imenso desperdício de talentos e de vocações no caudal indescritível que constitui, hoje, o que passa por sistema educacional brasileiro, um aglomerado de estruturas esclerosadas, dominadas por pedagogos alienados e máfias sindicais que simplesmente inviabilizam qualquer melhoria dos padrões educacionais em nosso país. Se tenho um sonho, ele poderia ser este: devolver à sociedade brasileira um pouco do que recebi, quatro ou cinco décadas atrás, em termos de ensino razoável e comprometido com uma elevação sensível da bagagem cultural de origem, e contribuir para que o maior número possível de jovens possam ter as chances que tive de inserção em universidades de qualidade e de incorporação na vida profissional em carreira de elite.
Não creio que seja muito, nem que seja um sonho impossível: ele é certamente difícil no Brasil atual, dominado por elites ignorantes e corporações oportunistas que assaltaram o Estado e dele se apossaram para seus fins particulares ou partidários. Mas ele deveria ser um sonho permanente de todos aqueles que têm consciência do imenso atraso – sobretudo nas mentalidades – em que ainda vegeta o Brasil, podado em suas possibilidades de crescimento econômico e de desenvolvimento social por estruturas e instituições claramente defasadas em relação aos requisitos da modernidade global. De minha parte, só pretenderia contribuir para essas tarefas de reforma e de reformulação de parâmetros de políticas públicas, sobretudo na área educacional, que têm a ver com a elevação dos padrões de produtividade do trabalho humano no Brasil. Pode parecer tecnocrático, mas este é o meu sonho, aliás bem mais político do que técnico.
Vale.

Brasília, 23 de maio de 2011.

Alberto da Costa e Silva: um intelectual integro, e completo...

Vejam este video do do programa Espaço Aberto Literatura:
Alberto da Costa e Silva completa 80 anos e lança nova edição de seu livro
(A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses).

http://g1.globo.com/videos/globo-news/espaco-aberto-literatura/v/alberto-da-costa-e-silva-completa-80-anos-e-lanca-nova-edicao-de-seu-livro/1509113/#/Todos

Um intelectual de primeira grandeza, aliás o maior africanista brasileiro.
Um prazer de ver, um prazer de ouvir...

Paulo Roberto de Almeida

Eu quero enriquecer com causa...

Na verdade, não tenho de fato a intenção de ficar rico, podem acreditar. Só quero ter dinheiro suficiente para, nesta ordem: 1) comprar livros; 2) viajar; 3) ir a restaurantes europeus (o que implica o número 2); 4) se sobrar algum juntar os meus livros em alguma biblioteca organizada (as minhas duas atuais estão um caos) e poder ficar lendo numa rede, com serviços adequados.

Ponto. Mas, digo enriquecer com causa porque o ministro da Justiça (!!!???) disse que não é pecado enriquecer com causa, só sem causa.
Pois bem: já que o ministro que enriqueceu com causa deve estar sem tempo, agora, para continuar enriquecendo, com ou sem causa, por causa de seus muitos afazeres e preocupações atuais, eu gostaria que, se ele pudesse claro, ele me passasse alguns de seus clientes de sua fabulosa consultoria, que lhe garantiram pelos menos DEZ MILHÕES DE REAIS (repito, em dólares fica mais fácil de entender: US$ 6 milhões de dólares e uns quebrados, que podem ficar com vocês) em apenas dois meses, para que eu também pudesse ficar um pouquinho rico com causa, e pudesse assim continuar a comprar livros e frequentar restaurantes europeus...
Acho que não custa nada a ele: eu costumo dar bons conselhos, e aposto que conheço mais história e economia do que o ministro com causa (ou sem...).
Paulo Roberto de Almeida

Ministro da Justiça reafirma que PF não vai investigar Palocci
Folha Online, 23/05/2011

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reafirmou nesta segunda-feira que a Polícia Federal não está investigando o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e sua empresa de consultoria, a Projeto.

Reportagem da Folha relevou no sábado que o faturamento da consultoria de Palocci superou os R$ 10 milhões em novembro e dezembro de 2010.

Cardozo não comentou ainda sobre a existência de um relatório investigando Palocci do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que estaria na Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF em São Paulo desde fevereiro.

“Qualquer um desse auditório pode ter o nome citado por essa delegacia”, afirmou o ministro, em evento com policiais federais em São Paulo.

O ministro afirmou que não poderia comentar sobre o relatório porque isso significaria uma quebra de sigilo.

Não é a primeira vez que Cardozo sai em defesa de Palocci. Na sexta-feira, ele disse que “há muita fumaça e poucos fatos apresentados” em relação aos ataques da oposição direcionados ao ministro-chefe da Casa Civil.

Sobre a variação de patrimônio apresentada por Palocci nos últimos anos e o faturamento de sua empresa de consultoria, Cardozo afirmou que “o enriquecimento com causa não é punível no sistema brasileiro, o que é punível é enriquecer sem causa”.

Na semana passada, os partidos de oposição começaram coletar assinaturas para instalar uma CPI no Congresso.

Inconvenient Truths About 'Renewable' Energy - Matt Ridley (WSJ)

MIND & MATTER
Inconvenient Truths About 'Renewable' Energy
By MATT RIDLEY
The Wall Street Journal, 23/05/2011

What does the word "renewable" mean?

Last week the Intergovernmental Panel on Climate Change released a thousand-page report on the future of renewable energy, which it defined as solar, hydro, wind, tidal, wave, geothermal and biomass. These energy sources, said the IPCC, generate about 13.8% of our energy and, if encouraged to grow, could eventually displace most fossil fuel use.

It turns out that the great majority of this energy, 10.2% out of the 13.8% share, comes from biomass, mainly wood (often transformed into charcoal) and dung. Most of the rest is hydro; less than 0.5% of the world's energy comes from wind, tide, wave, solar and geothermal put together. Wood and dung are indeed renewable, in the sense that they reappear as fast as you use them. Or do they? It depends on how fast you use them.

One of the greatest threats to rain forests is the cutting of wood for fuel by impoverished people. Haiti meets about 60% of its energy needs with charcoal produced from forests. Even bakeries, laundries, sugar refineries and rum distilleries run on the stuff. Full marks to renewable Haiti, the harbinger of a sustainable future! Or maybe not: Haiti has felled 98% of its tree cover and counting; it's an ecological disaster compared with its fossil-fuel burning neighbor, the Dominican Republic, whose forest cover is 41% and stable. Haitians are now burning tree roots to make charcoal.

You can likewise question the green and clean credentials of other renewables. The wind may never stop blowing, but the wind industry depends on steel, concrete and rare-earth metals (for the turbine magnets), none of which are renewable. Wind generates 0.2% of the world's energy at present. Assuming that energy needs double in coming decades, we would have to build 100 times as many wind farms as we have today just to get to a paltry 10% from wind. We'd run out of non-renewable places to put them.

You may think I'm splitting hairs. Iron ore for making steel is unlikely to run out any time soon. True, but you can say the same about fossil fuels. The hydrocarbons in the earth's crust amount to more than 500,000 exajoules of energy. (This includes methane clathrates—gas on the ocean floor in solid, ice-like form—which may or may not be accessible as fuel someday.) The whole planet uses about 500 exajoules a year, so there may be a millennium's worth of hydrocarbons left at current rates.

Contrast that with blue whales, cod and passenger pigeons, all of which plainly renew themselves by breeding. But exploiting them caused their populations to collapse or disappear in just a few short decades. It's a startling fact that such "renewable" resources keep running short, while no non-renewable resource has yet run out: not oil, gold, uranium or phosphate. The stone age did not end for lack of stone (a remark often attributed to the former Saudi oil minister Sheikh Ahmed Zaki Yamani).

Guano, a key contributor to 19th-century farming, was renewable fertilizer, made from seabird dung harvested off Peruvian and Namibian islands, but it soon ran out. Modern synthetic fertilizer is made from the air and returns to the air via denitrifying bacteria, yet few would call it a renewable resource. Even fossil fuels are renewable in the sense that they are still being laid down somewhere in the world—not nearly as fast as we use them, of course, but then that's true of Haiti's forests and Newfoundland's cod as well.

And then there is nuclear power. Uranium is not renewable, but plutonium is, in the sense that you can "breed" it in the right kind of reactor. Given how much we dislike plutonium and breeder reactors, it seems that the more renewable nuclear fuel is, the less we like it.

All in all, once you examine it closely, the idea that "renewable" energy is green and clean looks less like a deduction than a superstition.

E voce, leitor, tambem se sente um idiota?

Caro leitor: você concorda com o líder do governo no Senado, ou acha que ele está lhe chamando de idiota?
Eu pelo menos não gosto de ser chamado de idiota.
Não posso, no entanto, fazer absolutamente nada contra isso.
Apenas registrar a tentativa.
E dizer que não concordo...
Paulo Roberto de Almeida

Palocci - “Operação Abafa” agora no Senado; segundo Jucá, ministro já explicou tudinho…
Por Leandro Colon e Mariângela Gallucci, no Estadão Online, 22/5/2011

O governo federal considera esta semana decisiva para conter a crise em torno do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, cobrado a explicar o aumento de seu patrimônio nos últimos anos. A base aliada governista no Congresso estabeleceu como prioridade barrar a tentativa de convocação de Palocci para depor no Senado, ação bem-sucedida na Câmara na semana passada, e impedir que a oposição avance na coleta de assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso.

“Essa disputa é um embate político, e o governo vai reagir para não permitir o desgaste do ministro. O Palocci já deu todas as explicações”, afirma o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). A avaliação governista é a de que barrar a convocação de Palocci na Comissão de Fiscalização e Controle, onde a oposição quer levá-lo para dar explicações, e segurar os movimentos pró-CPI seriam um passo político fundamental diante do atual cenário da crise, uma estratégia que não pode levar em conta o surgimento de fatos novos que agravariam a situação.

Na Câmara, o governo trabalhou com tranquilidade para derrotar a oposição. No Senado, o jogo é mais pesado, embora o Palácio do Planalto tenha maioria. A ordem é não dar brechas em comissões, para não repetir episódios passados, em que a oposição aproveitou descuidos da base governista e conseguiu convocar ministros.

Senadores de oposição disseram estar convencidos de que os negócios do ministro são “tráfico de influência”. Os partidos adversários do governo querem que Palocci explique como conseguiu multiplicar seu patrimônio em, pelo menos, 20 vezes num período de quatro anos com sua empresa Projeto Consultoria Econômica e Financeira, que, desde dezembro, atua só no ramo de administração imobiliária para cuidar do apartamento de R$ 6,6 milhões e do escritório de R$ 882 mil comprados em 2009 e 2010 em São Paulo.

Quem diria?: governo do PT privatizou a seguranca nacional!

Pois é: tão avesso às privatizações, tão adepto do papel do Estado em "setores estratégicos", e o governo do PT entrega o controle dos aeroportos a empresas privadas de segurança...

Polícia Federal S/A
Claudio Dantas Sequeira
Revista IstoÉ, 21/05/2011

Para cortar custos e sem ouvir o Congresso, a PF simplesmente transferiu para empresas privadas a responsabilidade de controlar quem entra e quem sai do País
O controle de imigração é feito por funcionários mal remunerados, que trocam de emprego na primeira oportunidade

Quem desembarca no aeroporto internacional de Guarulhos (SP), o mais movimentado do Brasil, acredita que está sendo recebido por treinados agentes da Polícia Federal ao apresentar seus passaportes para entrar oficialmente no País. Mas, na verdade, os funcionários que checam e carimbam os documentos de viagem, fazem entrevistas de imigração e vistoriam bagagem em busca de drogas e armas são pessoas comuns, funcionários de uma empresa privada, sem nenhum treinamento ou compromisso com a defesa da soberania do Estado. O caso de Guarulhos não é uma exceção. Hoje, empresas prestadoras de serviço dominam o controle imigratório nos aeroportos, portos e até postos de fronteira. Parece óbvio, mas entregar a terceiros a fiscalização de quem entra ou sai do País é temerário e põe em risco à segurança nacional. A fiscalização deficiente é o paraíso para traficantes, imigrantes ilegais, criminosos procurados pela Interpol e terroristas, que podem transitar livremente por aqui sem que as autoridades de plantão tomem conhecimento. Enquanto o resto do mundo está debruçado em soluções para reforçar a segurança de suas fronteiras, por aqui o governo terceiriza o controle de passaportes e imigração nos aeroportos, uma atividade que nunca deveria ter saído das mãos da Polícia Federal. Hoje, estima-se que a PF gaste mais de R$ 100 milhões para transferir a responsabilidade a empresas privadas de um serviço que deveria ser executado por ela de acordo com a Constituição Brasileira.

O processo de loteamento de áreas estratégicas começou há quatro anos, sem que houvesse o necessário debate pelo Congresso, pela sociedade e contra parecer da própria Polícia Federal. Mais grave: era para ser uma solução provisória, como explica à ISTOÉ o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, hoje governador do Rio Grande do Sul. “Sempre defendi que isso só se justifica como provisoriedade”, afirma Genro. Mas, no Brasil, o que é provisório com frequência se torna permanente. O problema é que Tarso Genro havia sido informado das consequências da terceirização. Um relatório interno da PF, obtido por ISTOÉ, revela que repassar a empresas privadas tais atividades era a última das opções para reduzir o gargalo provocado pelo crescimento exponencial de passageiros. “É de longe a hipótese mais controversa de todas e esbarra em sérios problemas de ordem legal”, concluiu a delegada Silvane Mendes Gouvêa, presidente da comissão. Em ordem de prioridade, o MJ poderia aumentar o contingente policial ou passar o controle migratório para as mãos de servidores administrativos da própria PF. O documento, de 37 páginas, com cinco anexos, listou uma série de critérios que deveriam ser adotados em caso de se decidir pela terceirização. Por exemplo, para cada três terceirizados deveria haver ao menos um policial como supervisor.

Mas o que se vê hoje é um descontrole total. Em alguns aeroportos, como o Tom Jobim, no Rio de Janeiro, cada agente da PF precisa monitorar o trabalho de até dez terceirizados. A média nos terminais terceirizados é de um policial para cada sete funcionários privados. Na Tríplice Fronteira, entre Paraguai e Argentina, há 103 funcionários terceirizados para um total de 15 agentes federais. Eles fiscalizam tudo que passa na Ponte Internacional da Amizade e na Ponte Tancredo Neves. Também são responsáveis pela emissão de passaporte e controle de raio X.

Os funcionários terceirizados geralmente encaram o serviço como um bico. Ganham pouco mais que um salário mínimo e logo que conseguem algo melhor abandonam o posto. “Trabalhei seis meses na Ultraseg, em Guarulhos. Foi meu primeiro emprego”, afirma Domênica Duarte, 22 anos. O resultado é uma rotatividade altíssima que impede a qualificação desses profissionais. E a maioria das terceirizadas são empresas de mão de obra de serviços gerais, algumas sem nenhuma relação com a atividade de controle migratório. “Essas empresas fecham contratos milionários, dão calote nos funcionários e depois desaparecem”, afirma o presidente do Sindicato dos Servidores da PF no Rio de Janeiro, Telmo Correa. Funcionários contaram à ISTOÉ que a PF paga às terceirizadas R$ 3,5 mil por contratado, mas o funcionário recebe no máximo R$ 800.

Uma dessas fornecedoras de mão de obra, a Visual Locação, Serviço e Construção Civil, dos sócios Herbert de Ávila e Alessandro Fagundes, simplesmente sumiu do mapa. No ano passado, a empresa embolsou mais de R$ 33 milhões do governo federal, dos quais R$ 2,7 milhões foram destinados ao pagamento de terceirizados no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. ISTOÉ esteve em dois endereços registrados em nome da Visual em cidades-satélites de Brasília. O escritório num velho sobrado foi abandonado há dois meses. O corretor, que pediu anonimato, diz que Herbert “não pagou o aluguel, trocou os telefones e desapareceu”. A outra “sede” da empresa fica numa casa sem reboco em área da periferia que integra o programa de incentivos fiscais do governo do Distrito Federal. Apesar do muro alto que cerca o local, pode-se ver a placa com o nome da empresa jogada num canto, enferrujada. “Há duas semanas não aparece ninguém aí”, conta um vizinho.

SIGILO
Funcionários privados que trabalham na emissão de passaportes têm acesso ao Sistema de Informações da Polícia Federal

O caso da Visual não é exceção. A Cosejes, responsável pela emissão de passaporte, embolsou o dinheiro do governo, deu calote nos funcionários e fechou as portas. “Um dia eles não depositaram. Ligamos para a empresa no Ceará e ninguém atendeu. Fomos à filial aqui em São Paulo e já não havia ninguém”, conta Alyne Scirre, 23 anos. A ex-funcionária diz que foi censurada pelos próprios policiais. “Diziam que a gente estava chorando por miséria e que o dono da Cosejes era delegado de polícia”, afirmou.

Outro problema é que as empresas terceirizadas não preenchem todos os postos de trabalho, explica o diretor de relações de trabalho da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef), Francisco Sabino. “Em Guarulhos, a empresa que assumiu os guichês da PF em janeiro contratou 120 pessoas e não completou a cota de 200 funcionários. Por causa do acúmulo de trabalho e dos salários baixos, os terceirizados já pensam em entrar em greve”, afirma Sabino. Ele se refere à empresa SkyServ Locação de Mão de Obra Ltda., que assinou com a Superintendência da PF em São Paulo um contrato de R$ 5,9 milhões para prestar serviços neste ano. Quase a totalidade dessas empresas, aliás, torna-se alvo de ações trabalhistas na Justiça. Acontece que os funcionários são normalmente contratados como recepcionistas ou digitadores, mas acabam exercendo funções de polícia. “Éramos registrados na carteira como recepcionista. Mas fazíamos todo o trabalho de confecção do passaporte”, relata Alyne Scirre. E confirma que tinha acesso a informações particulares no banco de dados da PF. “O trabalho é todo feito por nós. Os policiais nem precisam assinar”, diz. Dentre as atividades que Alyne exercia estão o cadastramento dos dados do requerente no sistema da PF, o envio das informações para a Casa da Moeda e a verificação do documento final. Uma responsabilidade grande demais para quem dava os primeiros passos no mercado de trabalho.

SILÊNCIO
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não quis se manifestar sobre a terceirização na PF

Não bastassem os problemas de ordem prática, a terceirização também enfrenta impedimentos legais. O relatório da Polícia Federal, que passou pelas mãos de Tarso Genro e do então diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, é claro: “Em razão de a atividade de fiscalização migratória doutrinariamente enquadrar-se no exercício do poder de polícia pelo Estado, ela é por natureza indelegável. Com isso deve ser executada por servidores efetivos do Departamento de Polícia Federal.” O advogado Luiz Carlos Cavalcanti, especialista em direito constitucional e autor de um estudo sobre o caso, explica que o controle de imigração é um trabalho complexo e altamente especializado. “A habilitação do agente da PF se dá através do estudo de uma disciplina específica denominada polícia marítima aeroportuária e de fronteiras, inserida na grade curricular do curso de formação profissional. A matéria é eliminatória”, afirma Cavalcanti. Se o policial for reprovado nesta disciplina, é imediatamente desligado do curso de formação profissional e do concurso público para agente da PF. O especialista lembra que um policial federal é submetido a investigação social para entrar na carreira, segue regime disciplinar específico e responde a uma corregedoria. Já os terceirizados não estão submetidos a nenhum tipo de controle. “Ninguém sabe de onde vêm e para onde vão esses funcionários. Eles não têm nenhum comprometimento com a instituição”, afirma o diretor da Fenapef, Francisco Sabino.

“Do jeito que está qualquer um pode embarcar com passaporte falso. Os terceirizados não sabem a diferença entre um imigrante ilegal, um padre ou uma mula do narcotráfico”, afirma Telmo Corrêa, do sindicato da PF. Agente por formação, ele lembra que a atividade de fiscalização imigratória foi confiada pela Constituição, em seu artigo 144, “de maneira inequívoca” ao Departamento de Polícia Federal. E acrescenta um dado surpreendente nessa complexa equação. Com a realização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, as empresas americanas e inglesas querem entrar no lugar das terceirizadas nacionais e assumir o controle da nossa imigração. “É um absurdo. Uma ameaça à nossa soberania”, avalia Telmo.

CEGO
Nem o controle de raio X nos aeroportos está sob responsabilidade da PF, como determina a legislação

Esse risco não existiria se Genro e Corrêa tivessem escutado as recomendações da comissão da PF. A saída para os gargalos nos aeroportos era de fácil execução, como consta do relatório. “A contratação de mais policiais é a solução que resolve mais rapidamente o problema do controle migratório, uma vez que não haveria necessidade de mudança na rotina de fiscalização”, dizem os delegados no documento. A demanda por mais policiais seria atendida com recém-formados pela Academia Nacional de Polícia. Segundo levantamento da própria PF, bastaria a contratação de mais 181 policiais para atuar nos aeroportos do Rio e de São Paulo. Naquele ano, a academia formou 210 policiais, o suficiente para dar conta do recado. Entretanto, a cúpula da PF optou pelo caminho da terceirização, alegando que os policiais são uma mão de obra qualificada demais para a execução de serviços burocráticos.

Fontes da PF afirmam que Luiz Fernando Corrêa pressionou a comissão para que concluísse o relatório a seu gosto. Em vários trechos do relatório da PF, é citada a informação de que “o Ministério da Justiça estaria disposto a fornecer recursos para a contratação de terceirizados”. Na conclusão, o grupo de delegados ressalta que “não sendo escolhida pela direção-geral a alternativa de dotar com lotação efetiva de policiais os aeroportos”, o problema só poderia ser resolvido com a terceirização. O documento subsidiou a medida provisória que alterou a Lei 8.745/93 e abriu as portas para a privatização do controle migratório. Procurado por ISTOÉ, o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não se manifestou sobre o assunto. Coube ao diretor-executivo da PF, Paulo de Tarso Teixeira, fazer a defesa da instituição. “Os policiais continuam sendo responsáveis pelo controle migratório. Não houve transferência de competência da PF para ninguém”, garante Teixeira. Transferência houve. O trabalho da PF nos aeroportos foi privatizado. Mas em nada aliviou o transtorno vivido pelos brasileiros no agendamento a perder de vista da emissão de passaporte e nas longas filas de desembarque de passageiros.