Eu nunca tive dúvidas de que isso iria acontecer. Mais até do que algum impacto fiscal ou orçamentário -- tanto porque o custo do Bolsa Família, em si, não é alto, sendo muito mais importante o dinheiro que o governo repassa aos capitalistas e aos banqueiros -- os efeitos mais significativos do "curral eleitoral" que o governo produziu com o Bolsa Família seriam exercidos no mercado de trabalho, todos de forma altamente negativa, não apenas em termos de sistema produtivo, mas sobretudo para as contas futuras da Previdência e para a criação de uma cultura nefasta de assistencialismo e dependência.
Esta matéria tem alguns meses, mas ela é relevante pelo seu efeito demonstração.
Alguem tinha alguma dúvida de que isso iria acontecer?
14 de Agosto de 2009
Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constantemente formada e preparada. Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o governo para coordenar um curso de formação de costureiras. O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. De novo: só para aquelas que recebem o Bolsa Família.
O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o governo entrou com o recurso; o Senai com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e, o Sinditêxtil com o compromisso de enviar o cadastro das formandas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras. Pela carência de mão obra, a idéia não poderia ser melhor.
Pois bem. O curso foi concluído recentemente e com isto os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações. E foi nessa hora que a porca torceu o rabo, gente. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO.
Entenderam bem? ZERO, gente.
Enquanto ouvia o relato, até imaginei que o número poderia ser baixo, mas o fato é que não houve uma contratação sequer.
ZERO, sem qualquer exagero.
O motivo? Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma com dó, o diretor do Sinditêxtil.
Todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada.
Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso, o Bolsa Família é um beneficio que não pode ser perdido. É para sempre.
Nenhuma admite perder o subsidio. SEM NEGÓCIO - Repito: de forma uníssona, a condição imposta pelas 500 formandas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade.
Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada.
A RAZÃO DE LULA - O que sobrou nisso tudo? Muita coisa. O custo alto para formar as costureiras foi desperdiçado. E pelo que foi dito no ambiente da FIEC, casos idênticos do mesmo horror estão se multiplicando em vários setores. Considerando que a região nordeste do país contempla o maior número de beneficiados com o Bolsa Família, aí está a razão para sermos todos imbecis e idiotas. Lula tem razão. Toda razão.
16 comentários:
Efeitos nefastos do "Minha Casa, Minha Vida" sobre o mercado imobiliário:
http://www.abaco-arquitetura.com.br/pt-br/blogs/minha-casa-minha-vida-licao-de-economia-contra-estatismo
Acabo de me tornar um pouco menos ingênuo/idiota. Só por curiosidade, você tem a fonte da reportagem Paulo?
Rodrigo,
Infelizmente nao tenho e eu sempre reclamo dos meus "remetentes" quanto a isso, mas nem todo mundo coloca.
Trata-se de um relato pessoal, nao de materia jornalistica, por isso nao tem fonte credenciada, mas nao é menos verdadeira.
Eu já li, na imprensa, diversos relatos tratando da mesma situacao, geralmente na area agricola, com trabalhadores volantes (ou seja, colhedores de cana, algodao, café), todos eles recusando ou o trabalho, ou o registro em carteira para continuar com o BF, esse monstro que vai dinamitar o emprego e o mercado de trabalho no Brasil.
Consequencias mais provaveis: o patrao se capitaliza, onde pode, ou seja, investe em colheitadeira mecanica; paga mais por fora, o que sempre é um risco, pois ele pode receber uma multa altissima dos fiscais do MTrabalho; paga dois salarios minimos na carteira, o que tambem sai caro para ele e pode ter efeitos inflacionarios ou desloca-lo da oferta competitiva no mercado nacional ou externo.
Em qualquer hipotese se trata de um potente mecanismo para desempregar pessoas, ou seja, deixar um imenso contigente de pessoas fora do mercado de trabalho de forma estrutural, aumentando os problemas da previdencia no futuro, alem de varios outros efeitos nefastos na economia e na sociedade.
Trata-se de uma bomba relogio, nao tanto fiscal, mas social, um desastre incomenensuravel para o futuro do Brasil.
Essa é a heranca maldita do Lula, um populista demagogo, homem-bomba economico...
Paulo Roberto de Almeida
O PRECONCEITO da elite no Brasil consegue se superar a cada dia.
A cada dia eu tenho mais nojo da elite brasileira que ao qual o Senhor é um dos representantes no campo da Diplomacia. Tenho asco as coisas que escreve que NO FUNDO mascaram UM PRECONCEITO puro e simples contra as tentativas de ascensão social dos mais humildes que o atual governo vem tentando realizar.
O que indigna-me é o modo desrespeitoso como refere-se à Universidade pública brasileira. É MENTIRA afirmar que ela é dominada por um bando de marxistas. A extrema esquerda é minoria entre os professores (é forte sim nos sindicatos dos professores e dos funcionários).
Mas do jeito que o Senhor escreve, parece que os professores e alunos ficam pensando em fazer a revolução o tempo inteiro. É triste ver que um Diplomata escreva coisas do tipo. Um homem que é encarregado de representar o país no exterior e que volta e meia dá entrevistas no exterior.
(Inclusive o Senhor adora meter a língua na França mas não dispensa uma aparição na Radio France, como ocorreu em 2009).
Talvez Senhor Paulo Roberto de Almeida, seja necessário conhecer mais o país e não ficar somente jogando o seu preconceito (disfarçado de liberalismo) contra os pobres.
Por que não vai a uma Universidade no interior do Estado de MG ou do Nordeste e veja como as coisas acontecem de fato?
Os jovens querem ter uma boa formação seja nas ciências exatas, nas ciências da vida ou nas humanidades. É ISSO que o ATUAL GOVERNO vem realizando.
Estes jovens estudam e não ficam pensando em fazer a revolução.
Nunca duvidei que um programa desse só resultaria em escravos do governo. Aqui em minha pequena cidade do norte de Minas Gerais, Pirapora (de maioria negra ou pelo menos de pele escura como a minha, informo isso pq importa a certo tipo de gente isso). Conheço casos semelhantes muito próximos a mim, de pessoas que deixaram de trabalhar aqui em casa pelo mesmo motivo.
Qual é a ascensão social dos pobres que a esmola do príncipe provoca?
Qual a melhora que o Prouni dá a quem se forma na "uniesquina"?
Anônimo,
Você não precisa se esconder no anonimato para me escrever e expressar suas oppinioes.
Pode escrever abertamente, e discutir ideias, como eu.
Eu nao estou atacando ninguem em particular. Estou atacando ideias e comportamentos.
Os alunos sao vitimas de professores ingorantes, despreparados, intelectualmente desonestos.
Vou voltar ao tema.
Paulo Roberto de Almeida
É lamentável neste post a falta de fontes, que sugere a possibilidade de ser apenas uma estória inventada para denegrir o Bolsa Família.
Caso seja uma história verídica, então são lamentáveis tanto a falta de mecanismos por parte de governo para evitar esse tipo de comportamento, quanto o comodismo estagnativo do nosso povo macunaíma.
O engraçado é que nesta hora não se reivindica a autoria do Bolsa Família ao governo FHC. Afinal, quem fez o projeto? rsrsrs.
Rubens,
A parte o linguajar anti-Lula, o que é do jogo, a descrição me parece inteiramente credivel, mesmo vindo sem fontes precisas quanto a data e sobretudo autor.
Eu já li historias similares na imprensa séria, e portanto não tenho porque descartar inteiramente.
O governo Lula não tem nenhum interesse em evitar esse tipo de comportamento, pois sua unica preocupacao parece ser com o crescimento, ampliacao, durabilidade do BF, tanto que Lula ja falou varias vezes em deixar uma CLS, Consolidacao das Leis Sociais, ou seja, o gesso completo nesse tipo de programa clientelístico, na verdade concebido, como sabemos, como estrategia eleitoral.
Creio que voce confunde o programa Comunidade Solidaria, criado por Ruth Cardoso e Vilmar Faria, focado nos municipios com IDH baixo e direcionado para diferentes projetos de capacitacao, com ajuda temporaria, com esse imenso curral eleitoral criado pelo Lula, inclusive desqualificando completamente o Bolsa Escola, que exigia contrapartidas estritas para o beneficio centradas na frequencia escolar.
A concepcao, de fato, vem do governo FHC, mas sua exploracao politica eleitoral trazem a marca exclusiva de Lula (comecando pelo seu bizarro Ministerio da Fome).
Paulo Roberto de Almeida
Certa vez, numa fila para votação aqui em Fortaleza, uma mulher gritava em alto bom som (numa infração eleitoral):
- Votarei no _______ (PT)! Ganho X R$ todo mẽs sem dar um prego numa barra de sabão.
O problema não está no bolsa família mas nesta política de estagnação. Nesta estado de boa acomodação que deixa uma imensa parte dos contemplados.
Glaydson,
O BF é um convite aberto a preguiça, um imenso programa de descanso remunerado, a despeito de ajudar, sim, os pobres e desprovidos.
Mas ele cria uma cultura da assistencia publica absolutamente nefasta para o pais, cria um exercito de assistidos que nao quer mais renunciar ao dinheirinho facil.
Uma tragedia para o futuro do Brasil.
Politicos, mesmo sendo economistas racionais, como o Serra, NUNCA dirao que vao acabar com esse escandalo, ao contrario, dizem que vao continuar e reforcar.
Politicos sao hipocritas e mentirosos. Eu nao preciso ser nem uma coisa nem uma outra.
Digo: o BF é uma excrescencia nefasta.
Alias, Luiz Gonzaga ja disse sobre a esmola para o homem que é são...
Paulo Roberto de Almeida
ahahaha, q paida esse post. Até o Serra elogiou o programa (http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/04/14/em-primeira-viagem-como-pre-candidato-serra-elogia-governo-lula-na-bahia-916338584.asp) e vcs vêm aqui, sem fonte nenhuma, vomitar um monte de asneiras sobre o bolsa-familia. Deixo uns links para os que ainda tem dúvidas sobr ele:
http://tuliovianna.wordpress.com/2010/04/04/sobre-o-bolsa-familia/ e
http://cynthiasemiramis.org/?p=1302&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+semiramis+%28Cynthia+Sem%C3%ADramis%29
Caso queiram mais fontes, o google é seu amigo.
Ufa (seja voce quem for),
Até o Serra, so what?
O que o Serra tem a ver com a discussão aqui mantida?
Politicos profissionais são assim mesmo: ignoram a realidade econômica apenas por necessidade de praticar demagogia eleitoral.
Como eu não preciso fazer demagogia eleitoral, continuo afirmando: o BF e todos os demais programas assistencialistas são nefastos do ponto de vista do mercado de trabalho e da formação de uma sociedade normal.
O Brasil está construindo um sistema inviável, economicamente irracional, moralmente negativo.
Não adianta evidências construídas para dizer que se trata de algo positivo, que no plano estritamente racional não é, pois contorna a solução real: qualificar educacionalmente e oferecer oportunidades de trabalho para todos em bases de mercado, não com base em esmolas governamentais.
Paulo Roberto de Almeida
A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO REVISITADA
Descia um homem de Manari para Maceió, e caiu desfalecido, meio morto, em virtude da fome e do inclemente calor do sertão nordestino. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo empresário; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um banqueiro, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um alto funcionário público, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; com seu telefone celular, convocou um carro-pipa para aplacar a sede do infeliz; em seguida, inscreveu-o num programa assistencial do governo para combater a fome. Ao ver as ações que o alto funcionário público tomara, o empresário e o banqueiro ficaram profundamente indignados. Foram tomar-lhe satisfações, alegando que ele estava gastando o dinheiro dos impostos de forma irresponsável, sem uma contrapartida de prestação de serviços. Acrescentaram que tal assistencialismo contribuiria apenas para produzir indolentes e refratários ao trabalho. Tomaram, então, os benefícios que o alto funcionário público havia dado ao homem que caíra no caminho. Decorridos alguns dias, o homem tornou novamente a cair na estrada de Manari para Maceió. Dessa vez, não mais se levantou do lugar.
Eu também sou contra essa distribuição eletoreira das Bolsa isto, Bolsa aquilo.
Sou partidária de que se dê a vara para pescar e não o peixe, mas no caso desse email q circula na internet não é verdadeiro.
http://www.quatrocantos.com/LENDAS/407_bolsa_familia_costureiras_ceara.htm
Sempre têm lendas criadas por oposições que perderam a teta. Agora, só um(a) imbecíl vai deixar de ganhar mais de 500 para receber apenas 200,00 (isso mesmo, o máximo é 200 se tiver 5 filhos - se tiver mais, azar, só recebe até 5, sendo que 2 de até 17 e que esteja estudado).
Sempre me surpreendo com pessoas que escrevem anonimamente o que poderiam assumir como pessoas adultas e participantes do debate politico, o que me faria simplesmente ignorar o fato e nem responder.
Mas permito-me corrigir uma contradicao. Oposicao nunca tem teta, e sim quem está na situacao, como todos os novos amigos do partido no poder que antes estavam aliados a atual oposicao quando esta era situacao. O partido aceita claro, e organiza a distribuicao de tetas, ate criando novas, muitas mais, para acomodar toda a ratazana famelica, do seu e dos partidos oportunistas.
Quanto aos imbecis, por incrivel que pareca, tem gente que prefere ganhar menos e nao trabalhar a ter de trabalhar para ganhar um pouco mais. Para que trabalhar se com o subsidio publico se tem para o basico? Para que progredir se voce pode ficar tranquilamente no mesmo lugar, sem fazer nada.
Tem imbecis assim, tao inconscientes quanto certos anonimos que escolhem essa via para criticar, em lugar de debater abertamente questoes de interesse publico e nacional.
Paulo Roberto de Almeida
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