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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ideologia diplomatica: teses para um futuro trabalho (PRA, 2005)

Mais um trabalho, ou melhor, notas para desenvolver um trabalho, que nunca chegou a ser escrito. Mas, com um pouco de tempo e boa vontade, eu chego lá.



Ideologia Diplomática:
Quatro ilusões em relações internacionais e um modesto posicionamento pessoal

Paulo Roberto de Almeida
(Esquema em 8/12/05)

            Desde o surgimento do sistema onusiano, no segundo pós-guerra, e a partir de seu desenvolvimento conceitual ao longo das duas décadas seguintes, a comunidade internacional que vive da administração das relações intra-estatais (isto é, os diplomatas) elaborou e disseminou uma ideologia específica, a que poderíamos chamar de “ideologia do desenvolvimento”, ou “ideologia desenvolvimentista”. Ela é, obviamente, bem mais identificada com os países em desenvolvimento do que com os desenvolvidos, et pour cause...
Nada mais natural que ela atraia antes os primeiros do que os segundos. Mas ela atraia, também, os intelectuais progressistas dos países desenvolvidos, que se mobilizam em favor das teses e causas dos países em desenvolvimento. Essa comunidade vive em torno das ideias consagradas na doutrina desenvolvimentista, cujos argumentos principais eu me esforçarei em apresentar e discutir. Essa ideologia diplomática possui alguns supostos muito bem firmados, dos quais eu destacaria quatro como sendo os mais relevantes e a propósito dos quais eu tentarei justificar minha acusação – feita no subtítulo deste trabalho – de serem “ilusões” (o que, aliás, corresponde inteiramente ao sentido original, de origem marxista, do conceito de ideologia).
Quais seriam as quatro ilusões da ideologia desenvolvimentista?

1) A diplomacia deve trabalhar prioritariamente por uma maior equanimidade nas relações internacionais, isto é, esforçar-se por diminuir as assimetrias existentes nas relações de poder e nas relações internacionais;

2) A diplomacia deve lutar por uma globalização mais humana, solidária e não-excludente, o que significa colocar condicionantes, certos limites ou parâmetros de atuação ao processo de globalização;

3) A diplomacia deve esforçar-se para que não ocorra uma dissociação da paz e da segurança internacionais de iniciativas em prol do desenvolvimento e da justiça social, uma vez que a verdadeira paz só tem chances efetivas num mundo desenvolvido, sem injustiças sociais gritantes;

4) A principal função da diplomacia internacional na atualidade é a promoção do desenvolvimento social; as instituições internacionais devem ser mobilizadas para essa tarefa da promoção ativa do processo de desenvolvimento econômico e social.

Brasília (UnB), 8 de dezembro de 2005

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