Vamos ser bastante claros, sem qualquer hipocrisia: política externa não é para ficar sendo manipulada por Conselhos gramscianos que trazem uma agenda neobolchevique para amordaçar e colocar uma camisa de força na diplomacia. Esses acadêmicos são fellow-travelers iludidos e também manipulados pelos militantes de causas espúrias.
Não tenho nenhum problema em dizer: sou radicalmente contrário.
Mais: os diplomatas também são, inclusive os diplomatas companheiros, pois os há. Mas eles têm medo ou vergonha de dizer que são contra. Todos.
Eu não, digo o que penso, sempre, e assumo responsabilidade pelo que digo.
Tudo isso faz parte da mesma ofensiva soviética do partido totalitário, que está destruindo a economia e que pretende monopolizar e manter-se no poder.
O Brasil adota o seu bolivarianismo light, ao que vejo.
Pois eu continuo no meu quilombo de resistência intelectual contra os celerados da ordem neobolchevique. Mesmo sozinho.
Paulo Roberto de Almeida
Para democratizar diplomacia, grupo defende criação de Conselho Nacional de Política Externa
Opera Mundi
Órgão consultivo legitimaria mais as medidas do Itamaraty, alegam membros do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais
Uma carta aberta do GR-RI (Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais) divulgada nesta semana veio a público reforçar a proposta de criação de um Conselho Nacional de Política Externa. Formado a partir de movimentos sociais, sindicais, empresariais, partidos políticos e organizações acadêmicas que atuam no campo das relações internacionais, o grupo tem o intuito de discutir as diretrizes da política externa ao lado do Itamaraty.
“Esse é um debate muito caro. Aqui funciona um mecanismo de elite que só o pessoal da hierarquia do Itamaraty tem acesso. Outros interesses menos poderosos da sociedade brasileira ficam em uma situação de informalidade e não conseguem ter acesso a esse debate”, afirma a Opera Mundi Gonzalo Berrón, da Fundação Friedrich Ebert, que atua como um dos principais facilitadores do GR-RI.
“O conselho é simplesmente uma maneira de o Estado dialogar com outras instâncias da sociedade civil”, explica. “Se você envolve a sociedade no debate político, você ganha mais legitimidade e consistência. Dá mais trabalho, mas o resultado é melhor para todos”, acrescenta.
Na mesma linha, Fátima Mello, da ONG Fase, acredita que tal conselho incluiria setores historicamente marginalizados. “A ideia é criar um instrumento poderoso de democratização do Estado brasileiro. No caso da ONG, abordamos uma agenda de sustentabilidade e direitos da agricultura familiar. Mas é um grupo plural e tentamos articular nossa agenda com as negociações internacionais”, explica.
Para Gonzalo Berrón, em geral há uma sinalização positiva do Estado em relação à proposta. “Há algumas resistências de setores mais conservadores do Itamaraty no modo de operação do órgão, mas a abertura do governo para a discussão deste tema tem sido ampla”, afirma.
Por sua vez, o assessor de Relações Internacionais da Presidência Ricardo de Azevedo argumenta que há de fato uma simpatia no atual governo federal pela medida. “Somos a favor de espaços democráticos da sociedade civil junto aos governos. Isso é um princípio que apoiamos. Agora a forma que será feita, isto é, se será um fórum ou um conselho, ainda está em discussão. Mas fortaleceria, sim, a democracia e o Itamaraty”, garante.
"Criou-se uma polêmica sobre essa questão sendo que já existem mais de 30 conselhos em outras áreas que não são das Relações Exteriores”, acrescentou Azevedo.
Outra membra do GR-RI é Maria Regina Soares de Lima, professora de ciência política da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Para ela, o conselho é uma iniciativa muito importante para a política externa, mas há uma leitura equivocada em relação a essa proposta.
“O programa da Marina [Silva, candidata à presidência] dizia que um conselho enfraqueceria e tiraria a autonomia e o protagonismo Itamaraty. Mas, na verdade, ele fortaleceria o Itamaraty e o legitimaria mais ainda. Com isso, teríamos uma politica externa mais densa”, argumenta.
Segundo a acadêmica, como existem conselhos em áreas como saúde e educação, a criação do órgão para a política externa serviria como uma forma de democratizar a relação internacional. “É muito claro que esse órgão é de caráter de assessoria, consultivo. Dizer que é deliberativo é uma distorção”, completa.
Procurada por Opera Mundi, a assessoria de imprensa do Itamaraty limitou-se a informar que a proposta de criação de um Conselho Nacional de Relações Exteriores é um “assunto que está em debate no âmbito do governo federal”.
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