Notas esparsas sobre ilusão e ausência de racionalidade
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Notas diversas postadas nas redes sociais.
O declínio imperial nunca é glorioso; costuma ser ridículo
O registro histórico, em diferentes épocas, demonstra que os grandes impérios não perecem por ataques externos de outros impérios. Geralmente se trata de uma decadência auto infligida, um declínio construído pelos próprios dirigentes. Isso ocorreu com o Império do Meio, com o Império Otomano, com os Impérios russo, dos Habsburgos, dos Hohenzollern, o improvisado império de Mussolini, até o próprio Império nazista, que cometeu erros sobre erros, e sobretudo, o caso do Império Romano, com seus imperadores delirantes e demenciais.
Parece que chegou a vez do Império americano, sob Trump, o próprio idiota no comando de um grande império, qie está sendo destruído não pela oposição chinesa ou russa, mas pelas iniciativas delirantes do próprio Trump.
Acho que é uma forma ridícula de decair, mas os americanos escolheram um idiota para governar...
Brasília, 13/02/2025
Um caso de daltonismo político:
Paulo Roberto de Almeida
A extrema-direita brasileira recebe com elogios e entusiasmo a suposta defesa das liberdades - econômica e de expressão - feitas pelo trio Trump-Vance-Musk, como se eles figurassem no panteão de um novo Iluminismo.
Elude o brutal ataque que eles fazem às instituições que moldaram, desde Bretton Woods e San Francisco, o regime liberal que permitiu o crescimento do bem-estar e o aumento de renda pela economia de mercado dos países os mais diversos, com destaque para aqueles saídos do socialismo e que transitaram para regimes de maiores liberdades econômicas e políticas, sobretudos os da Europa central e oriental (quase todos atualmente na OCDE, na UE e na OTAN), sem esquecer as duas grandes autocracias, Rússia e China, que também abandonaram o totalitarismo e os monopólios estatais e migraram para sistemas de mercado.
A extrema-direita brasileira deve ser míope, ao saudar os novos autoritários.
Paulo Roberto Almeida
Presidentes inconstitucionais
Presidentes incompetentes, não só no tal de Sul Global, conhecemos às pencas, alguns até desonestos pessoalmente.
Mas presidentes (ou primeiros-ministros) totalmente à margem da legalidade constitucional e deliberadamente contrários ao Direito Internacional, isso é mais raro.
Pois acabamos de conhecer um, que insiste em ser contrário às próprias leis do seu país, assim como insiste em ser frontalmente violador das regras mais elementares do Direito Internacional.
Estou falando de Trump, obviamente, mas ele o faz na omissão, e até na complacência de representantes da população. O tal DOGE, o Departamento de "Eficiência Governamental", é TOTALMENTE ilegal, pois não foi aprovado pelo Congresso, e, no entanto, vem interferindo na administração E NOS PAGAMENTOS PÚBLICOS, sem que senadores e deputados se movam.
E Trump insiste em querer fazer limpeza étnica, pior até o que Putin vem fazendo na Ucrânia.
O TPI também deveria abrir uma investigação preventiva sobre suas violações do Direito Internacional. As infrações à legislação doméstica são da responsabilidade dos próprios legisladores e da Corte constitucional.
Uma constatação tardia?
Desde que aprendi, na adolescência, a pensar a partir de minhas próprias reflexões, depois de muitas leituras e de atentas observações da realidade circundante, sempre achei que a racionalidade acabaria prevalecendo sobre a ignorância e a idiotice.
Na idade madura já não tenho tanta certeza disso, no Brasil e no mundo.
Sorry pela desconfiança nos seres humanos (alguns nem tão humanos).
Paulo Roberto Almeida
Brasília, 15/02/2025
Brasília, 6/02/2025
Eppur si muove…
Trump conseguiu: pela PRIMEIRA vez em 200 anos de relações bilaterais especialmente estreitas, políticos brasileiros e, mais grave, militares profissionais passaram a considerar os EUA potenciais inimigos, o que pode parecer surpreendente, mas é verdade!
Revisão completa no planejamento das capabilidades. Inútil! Os yankees conhecem tudo das FFAA brasileiras: armas, locais, treinamento das tropas. Óbvio: foram eles que ajudaram montar.
Brasil ganha no Oscar da democracia
Pela primeira vez em mais de 200 anos de história, a frágil democracia brasileira, tolerante como ela é com respeito à grossa corrupção dos poderosos, dos endinheirados e dos conectados, se prepara para dar uma poderosa lição àquela que se jactava de ser o “farol da democracia” no mundo e que se revela, agora, sob o tacão imperial de um trambiqueiro parvenu (ops, arrivista), como um regime que muito se aproxima de uma cleptocracia de bilionários, aliás exatamente como funciona o regime do amigo do condenado eleito presidente.
A defesa da democracia brasileira deixa no chinelo a estraçalhada “democracia” americana, na qual violadores violentos da mais antiga Constituição republicana ainda em vigor são simplesmente declarados inocentes pelo próprio chefe da gangue celerada.
Nota 9,5 para a democracia brasileira de baixa qualidade, e nota 3,5 (com viés baixista) para a democracia americana, em fase de degradação por um amigo do tirano de Moscou, que sequer finge um pingo mínimo de democracia.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4853, 16 fevereiro 2025, 2 p.
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