Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Desde o início da gloriosa era do nuncaantesnestepaís, os companheiros já conceberam (mal) e aplicaram (mais mal ainda) pelos menos quatro políticas industriais (e outras tantas políticas agrícolas no MDA, pois no MAPA tudo ficou igual...), sem falar das dezenas de medidas setoriais, aplicadas em favor dos amigos do rei, e dos companheiros dos companheiros (industriais automotivos e metalúrgicos da aristocracia operária). Nenhuma delas foi levada adiante, et pour cause: foram um fracasso completo, de diagnóstico, de aplicação, de resultados...
Cada vez que o governo anuncia, doravante, uma nova política industrial, imagino que os industriais já começam a tremer: "Ah, não por favor, desta vez não; por que o governo não faz uma política para os serviços, para a infraestrutura, reduz os impostos e deixa a gente em paz?"
Será que eles, todos eles, companheiros e industriais, não percebem que o principal inimigo da indústria é o próprio governo? Com seus impostos extorsivos? Sua infraestrutura pavorosa? Sua regulação bizantina e kafkiana? Sua completa indefinição de objetivos, de propósitos, de metas?
Os companheiros são stalinistas industriais, e agem como tal.
Que tal passar a um modesto keynesianismo, para começar?
Enfim, eu seria pela ausência completa de política industrial, mas com redução radical dos impostos, da regulação intrusiva, oferta de serviços gerais, infraestrutura de boa qualidade, energia barata, mão-de-obra capaz, bem formada, suficiente?
Por que o governo não faz o que apenas ele pode fazer?
Por que não deixa o resto para a sociedade mesma, para os agentes econômicos?
Por que o BNDES está sempre apoiando ricaços e monopolistas?
Paulo Roberto de Almeida
Produtividade da Indústria em 2012
Carta do IEDI 560, 22/02/2013
Mesmo com medidas de política econômica voltadas para incentivar o setor ao longo do ano, além da queda na taxa básica de juros, a oferta abundante de crédito e o estímulo à desvalorização da moeda no segundo semestre, a produção e a produtividade industrial não demonstraram recuperação. Na comparação contra igual mês do ano anterior apenas em outubro de 2012 a produção e a produtividade superaram os níveis obtidos em 2011. A performance de 2012 assume uma perspectiva mais negativa se considerarmos ainda que em 2011 os resultados da produção e da produtividade ficaram estagnados em relação a 2010. Assim, desde o impacto da crise financeira internacional em fins de 2008 e em 2009, a indústria não encontrou uma rota de crescimento minimamente sustentável, comprometendo sua competitividade, tendo em vista o caráter pró-cíclico da produtividade. O emprego industrial recuou em 1,4% no ano passado, sinalizando um movimento defensivo das empresas industriais frente um cenário de baixas expectativas de crescimento. O emprego em 2011 havia crescido 1,0%, com a produção praticamente estagnada. O recuo no emprego reforça o quadro recessivo da indústria, pois há relativa escassez de mão de obra com qualificação profissional, como registrado pelas baixas taxas de desemprego nas principais regiões metropolitanas. Este recuo não impediu que o custo do trabalho se elevasse em 6,6% em 2012, a maior taxa dos onze anos da série e mais do dobro da verificada em 2011 (3,2%). Todos os setores tiveram aumento de custo do trabalho, com exceção do de Madeira.
Avaliando o comportamento da indústria desde a crise financeira internacional, um possível diagnóstico para os problemas de falta de crescimento e queda na produtividade em 2012 pode ser a persistência de um desalinhamento do câmbio, que gera desequilíbrios tanto pelo lado da demanda, ao transferir para o exterior parte da demanda doméstica, como pelo lado da oferta, ao enfraquecer os elos de encadeamento na manufatura, reduzindo sua contribuição ao valor adicionado total. Enquanto do ponto de vista da firma individual a substituição de insumos domésticos por importados, a custos mais favoráveis, é um comportamento racional, o resultado agregado é o enfraquecimento dos elos de cadeias produtivas dentro da indústria de transformação, que são fonte de ganho de escala dinâmicos. Assim, o avanço da desindustrialização com especialização da indústria em setores de baixa agregação de valor contribuiu para o baixo desempenho da produtividade.
Em termos setoriais em 2012, 10 setores, de um total de 18, apresentaram aumento na produtividade, mas destes apenas um – Produtos Químicos - com expansão na produção física, horas pagas e emprego. Há uma concentração de setores produtores de bens intermediários no grupo com produtividade positiva em 2012, com exceção da Indústrias Extrativas. Dois setores produtores de bens finais – Calçados e Couro e Textil – também apresentaram produtividade positiva, mas com quedas muito expressivas na produção e nas horas pagas. O comportamento dominante na indústria foi o de contração na produção física: dos 18 setores só 4 expandiram o produto industrial. Os custos do trabalho foram positivos em todos os setores, com exceção de Madeira.
Do ponto de vista regional a maioria dos locais também registrou diminuição da produtividade. As maiores contrações foram as verificadas na indústria do Paraná (-5,7%), seguida por Rio de Janeiro (-4,4%) e Espírito Santo (-3,6%). As indústrias do Rio Grande do Sul (-1,5%), Santa Catarina (-1,2%) e São Paulo (-0,9%) registraram diminuições menores, um pouco acima da média nacional. As melhores marcas ficaram com os parques manufatureiros da Bahia (8,7%) e Pernambuco (4,8%). Ceará (0,6%) e Minas Gerais (0,6%) apontaram aumento de produtividade de pouca expressão. Os parques industriais do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul registraram pela primeira vez diminuição na produtividade. O resultado de Paraná (-5,7%) foi o pior de sua série histórica e do da Bahia (8,7%) o melhor já alcançado.
Nos locais com retração na produtividade predominou um padrão recessivo de queda na produção física acompanhada de uma diminuição, de magnitude menor, das horas pagas. A exceção foi a indústria do Paraná que registrou variação negativa na produção e ao mesmo tempo aumento das horas pagas. Nos locais com incremento da produtividade não houve um padrão definido: expressivo aumento da produção física e queda das horas pagas (Bahia); pequeno aumento da produção física e grande queda das horas pagas (Pernambuco); aumento das horas pagas de magnitude menor do que o incremento na produção física (Minas Gerais) e diminuição das horas pagas maior que da produção física (Ceará). Portanto só na indústria mineira houve desempenho típico de momentos de expansão da produção com aumento pró-cíclico da produtividade.
O Estado de S.Paulo, Opinião, 25 de fevereiro de 2013 | 2h 08
Aloísio de Toledo César *
Nestes dias
em que os políticos do Partido dos Trabalhadores passaram a lamber uns
aos outros, em comemoração pelos dez anos no poder, é o caso de
perguntar: além da farra com dinheiro público, além do fim da corrupção
como crime para se converter em ato de esperteza, o que mais eles estão
festejando?
Nesses dez anos eles conseguiram praticamente quebrar a
Petrobrás, que era uma das empresas mais sólidas do mundo; reduzir o
desenvolvimento do País a níveis inferiores aos do Paraguai e da
Bolívia; fazer crescer a inflação, que fora zerada por Fernando Henrique
Cardoso; e aumentar a carga tributária a praticamente 40% do produto
interno bruto (PIB).
Em nenhum outro país do mundo a venda de remédios sofre carga de
impostos tão alta como no nosso. Os bens duráveis de consumo, afetados
pela mesma carga tributária, custam muito mais do que nos outros países.
E os preços são tão absurdos que os brasileiros ficaram viciados em
viagens ao exterior apenas para comprar.
Bilhões de dólares de brasileiros engordam a economia americana
todos os anos porque os produtos lá vendidos custam muito menos do que
aqui, no Brasil. Isso ocorre exatamente no momento em que os petistas
aparecem rindo nas fotos. Rindo de quê? Com certeza eles estão rindo de
nós e da farra que fizeram nesses dez anos.
Quando Tancredo Neves, com sua habilidade e seu maneirismo,
conseguiu eleger-se presidente, arrebatar a Bandeira brasileira das mãos
dos militares e devolvê-la a todos nós, ficou a impressão de que o País
teria mais sorte e melhor rumo. Mas com o seu trágico falecimento e a
posse do biônico José Sarney na Presidência da República, ficou
desmentida a ideia enganosa de que Deus é brasileiro. É nada, deve ser
suíço.
O lado pior e mais trágico que surgiu nos últimos dez anos foi
deixar transparente que é possível cometer na vida pública os mais
graves crimes e nada acontecerá. Corrupção, peculato, formação de
quadrilha e outros hediondos crimes contra a administração pública foram
praticados em grande escala e até agora não se viu um único infrator
sendo levado para detrás das grades.
Algumas semanas atrás o mundo teve conhecimento do exemplo
invejável da Justiça inglesa, que condenou e determinou a imediata
prisão de um figurão da política que cometera infração de trânsito, mas
para não ter a imagem afetada publicamente fez sua mulher assumir a
responsabilidade pela transgressão. Isso foi descoberto somente dez anos
depois, mas, mesmo assim, a Justiça inglesa não perdoou e ele foi
direitinho para atrás das grades.
Qualquer pessoa que tenha sentimento de justiça logo perceberá
como nós estamos a milhares de anos-luz dessa exemplar conduta.
A ausência de punição tem sido característica marcante em nosso
país. Nos últimos tempos, porém, a impunidade assumiu feição muito mais
grave, porque os delitos praticados por altos figurões da República
continuam à espera de execução da pena. Realmente, ainda que tenham sido
condenados pelo Supremo Tribunal Federal, a condenação permanece
destituída de eficácia e isso propaga a ideia de que poderosos nunca vão
para a cadeia.
Dá para imaginar o que a Justiça inglesa teria feito com José
Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e outros aos quais o linguajar
policial atribui terem a "mão cabeluda"? Por incrível que pareça, eles
talvez apareçam perante boa parte da população brasileira como pessoas
dotadas de invejável esperteza, porque, afinal, a despeito da "mão
cabeluda", continuam por aí, sempre aparecendo e rindo nas fotos.
Julgados e condenados, são verdadeiros exemplos da ineficácia do nosso
sistema jurisdicional.
A Justiça brasileira, infelizmente prisioneira de entraves
processuais que herdamos dos romanos, ainda não conseguiu a eficácia e a
praticidade da de ingleses e norte-americanos. Estes sabem de sobra que
o exemplo da punição influi na redução da criminalidade muito mais do
que qualquer repressão policial.
Os políticos do Partido dos Trabalhadores que comemoram os dez
anos de governo com certeza não farão nenhuma referência ao fato de o
Brasil figurar nos índices internacionais de desenvolvimento humano em
84.º lugar e que continuamos a ser um dos campeões mundiais de
analfabetismo, além de nossa mortalidade infantil persistir como
problema a ser resolvido.
Com a entrada em vigor do Plano Real, em 1994, praticamente
zerada a inflação, o dinheiro passou a valer mais e isso beneficiou,
sobretudo, as pessoas mais pobres, que foram gradativamente inseridas no
processo capitalista de consumo. Essa melhora, contudo, não foi
suficiente para tirar da pobreza alguns milhões de brasileiros, que
continuam na linha da miserabilidade e, portanto, é mesmo necessário que
recebam atendimento do governo, com a distribuição de recursos.
Essa doação de dinheiro público, todavia, não poderia ter a
feição - lamentavelmente adquirida - de subterfúgio político destinado a
angariar votos e prestígio eleitoral. Quem doa dinheiro público deveria
ter no próprio gesto de doar a recompensa, e não a esperada resposta de
apoio e votos.
O poeta de origem árabe Khalil Gibran, com lirismo e
profundidade, ensinou: "Há aqueles que doam e não sentem dor ao doar,
nem buscam alegria, nem doam pensando em virtude. Eles doam como no
longínquo vale o mirto exala sua fragrância no espaço. É através dessas
mãos que Deus fala, e é por detrás de seus olhos que Deus sorri sobre a
Terra".
Seria um invejável gesto de grandeza a distribuição de recursos
públicos aos mais sofridos se tal conduta não estivesse marcada por
interesses pessoais, por isso mesmo mesquinhos, de feição eleitoral.
Quem doa buscando o reconhecimento talvez não perceba que essas dádivas
se tornam corruptas.
* Aloísio de Toledo César é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do São Paulo. E-mail: aloisio.parana@gmail.com.
A CIA é mesmo uma companhia maléfica, perversa, mal intencionada, mentirosa, enganadora, embusteira, falastrona, gozadora, e brincalhona: pois não é que ela enganou até os companheiros do PCdoB (os mais sizudos no seu stalinismo tupiniquim), os companheiros do PT (os mais trapalhões, nas suas receitas simplórias) e várias tribos de trogloditas que pensavam estar lutando bravamente contra a CIA, quando na verdade, eles estavam é trabalhando para ela?!?!?!
Esse Embaixador cubano só pode ser um agente da CIA, escondido há muito tempo no governo cubano e no seu serviço diplomático. Esses agentes da Secretaria Geral dos Trapalhões só podem ser da CIA, ao montar toda essa operação carnavalesca contra uma... agente da CIA.
Essa CIA é impagável: de vez em quando ela quer rir do trapalhões, tirar um sarro dos pcdobistas (assim que se escreve?)
A CIA, aproveitando que sua agente cubana número 008 estava de malas prontas para este país de piratas trapalhões e de stalinistas rocambolescos, montou uma operação só de brincadeira para ver se os companheiros caiam nela. E não é que cairam?
Nunca o regime cubano foi tão desconstruído quanto nesta semana memorável! Nem que a CIA fizesse propaganda contra durante todo um ano não alcançaria o sucesso estrondoso de contra-propaganda que os companheiros fizeram contra a sua ilha tão querida.
E mais risível, ainda, isso não custou nada, nadicas de peteberbas à CIA. Tudo saiu de graça.
Até a passagem da sua agente especial foi paga por ONGs europeias e voluntários brasileiros.
Nunca antes neste país a CIA riu tão tanto, sem pagar um centavo por isso.
Ela precisa mandar um cartão para os companheiros, com as suas congratulations...
Paulo Roberto de Almeida
‘A CIA agradece’
Ricardo Noblat O Globo, 25/02/2013
Digamos que proceda a desconfiança disseminada pelo governo cubano de que a blogueira Yoani Sánchez é, sim, agente da CIA, a agência de espionagem americana. Por sinal, estão em cartaz dois filmes, merecedores do Oscar, que destacam a eficiência da CIA: “A hora mais escura”, sobre a captura e morte de Bin Laden, e “Argo”, que trata do resgate de um grupo de americanos reféns do regime iraniano.
O que a CIA esperava da passagem de Yoani pelo Brasil? Que ela tivesse oportunidades para falar mal de Cuba, há mais de 50 anos sob o controle dos irmãos Castro (Fidel e Raul). E que a imprensa, ocupada com os assuntos internos do país, dedicasse à blogueira um mínimo de atenção. Ela viajou ao Brasil a convite do jornal O Estado de S. Paulo. Ali, certamente, teria espaço garantido.
Com o que a CIA não contava? Com a adesão entusiástica aos seus planos dos partidos brasileiros de esquerda. Por toda sua vida, a esquerda batalhou para chegar ao poder. E a CIA, e os serviços de espionagem que a antecederam, sempre atrapalharam. A esquerda tentou chegar pela primeira vez em 1935 ao deflagrar a Intentona Comunista. O movimento fracassou em menos de 72 horas. Um vexame.
A renúncia em 1961 de Jânio Quadros permitiu que o vice João Goulart ascendesse à presidência da República. A esquerda imaginou que se o manobrasse com apuro e arte, o poder acabaria ao alcance de suas mãos. Os militares derrubaram Goulart e empolgaram o poder durante 21 anos. Depois se passaram três eleições para que na quarta, cavalgando o ex-metalúrgico Lula, a esquerda finalmente chegasse lá.
Uma esquerda dócil, é bem verdade, que renunciara à maioria dos seus dogmas. A esquerda possível, haja vista que seu principal líder nunca foi de esquerda. Embora atraente devido às suas miçangas, o penoso exercício do poder desfigurou a esquerda por completo, a ponto de forçá-la a sentar no banco dos réus. Nem por isso se pensou que pudesse tê-la despojado de inteligência. Foi o que aconteceu.
Faltará ao governo cubano a energia do passado? Não me refiro ao “paredón” como instrumento de castigo para os que contrariam os interesses do regime. O “paredon” saiu de moda. Mas, entre ele e uma reles admoestação, deve haver um meio termo para se punir o desastrado embaixador que pediu a ajuda de ativistas políticos tão espertos quanto ele. Resultado: transformaram a vilegiatura de Yoani em um baita sucesso de audiência.
Não o debitem, porém, apenas à ignorância das seções juvenis de partidos e de organizações que ainda pregam a implantação do comunismo no país. Por que as direções de partidos como o PT e o PC B não desautorizaram os atos de hostilidade dos seus militantes contra a blogueira cubana? Ora, porque estavam de acordo com eles. Sabiam quem os encomendara. Calaram por conveniência.
Nem assim conseguiram esconder suas impressões digitais deixadas em cada um dos atos. Yoani foi à Câmara falar em uma comissão técnica. Deputados do PT, em desespero, convenceram Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, a convocar uma sessão extraordinária. Evitariam assim que a TV Câmara transmitisse a exposição de Yoani. Realizou-se a sessão. Mas Yoani foi até lá confraternizar com seus algozes. Ou seus cúmplices.
A semana que passou não teve para ninguém ─ nem para Dilma, lançada candidata à reeleição, nem para Lula, que a lançou, nem para Aécio, que discursou no Senado. Só deu Yoani. Comovida, a CIA agradece aos seus agentes voluntários.
Dos 54 países
africanos, 20 chefes de Estado confirmaram presença na cúpula de países da América do Sul e África (ASA), realizada na capital da Guiné Equatorial, presidida pelo ditador Teodoro Obiang, no poder desde 1979. Da América do Sul, além do Brasil, estiveram presentes apenas o primeiro-ministro da Guiana,
Samuel Hinds, o presidente do Suriname, Dési Bouterse, o presidente da
Bolívia, Evo Morales, e o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Na solenidade, o chanceler da Venezuela, Elias Jaua, leu uma mensagem do
presidente Hugo Chávez, que lamentou não poder comparecer
ao encontro e atacou o imperialismo ocidental. A
mensagem foi encerrada com a frase "até a vitória sempre",
repetida por Chávez em seus discursos.
Durante o discurso, ao falar dos medicamentos produzidos no
Brasil contra epidemias tropicais que podem ser exportados para a África, a presidente do Brasil confundiu o nome do médico sanitarista Osvaldo Cruz com o do advogado e diplomata Osvaldo Aranha.
A abertura da cúpula atrasou em duas horas e meia e foi marcada pelo
bloqueio das comunicações por cerca de quatro horas, por orientação do
governo da Guiné Equatorial, responsável pela organização do encontro.
Um caminhão bloqueou o sinal
de celular no Centro de Conferências de Sipopo, e a internet não
funcionou durante a sessão de abertura, que durou pouco menos de duas
horas, deixando todos os participantes
"desconectados".
G-20 avalia barrar entrada de corruptos nos países-membros, mas Brasil resiste
Documentos obtidos pelo ‘Estado’ relatam a falta de consenso no governo sobre o tema, considerado ‘sensível’ e ‘polêmico’
24 de fevereiro de 2013 | 22h 07
Alana Rizzo - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O Grupo dos 20 (G-20) estuda uma proposta
para barrar a circulação de corruptos e corruptores nos seus
países-membros a partir da negativa de vistos e de refúgio. A proposta,
encabeçada pelos Estados Unidos, é vista com reticências no governo
brasileiro.
O Estado teve acesso a documentos que relatam a
falta de consenso dentro do governo em apresentar uma manifestação sobre
o tema, apesar da pressão internacional. Desde o ano passado, membros
da Controladoria-Geral da União (CGU), do Ministério das Relações
Exteriores, da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Ministério da Justiça
estão envolvidos no debate, considerado "sensível", "polêmico" e
"difícil". As autoridades brasileiras não conseguem definir quem seria
afetado pela medida.
Em 2012, os chefes de Estado ratificaram o compromisso de criar
instrumentos para barrar a entrada de enquadrados nesse crime em seus
territórios. Em junho, o grupo apresentará o primeiro relatório sobre a
implantação da medida.
O Brasil quer parâmetros sobre quem se enquadraria no termo
"corrupto" e quem sofreria as penalidades. Não há entendimento, entre as
autoridades locais, sobre se a norma valeria apenas para condenados ou
também para aqueles que não foram julgados. Discute-se, ainda, no âmbito
do G-20 que a punição deveria se estender a familiares e associados dos
corruptos, o que contraria a Constituição brasileira. Também pesa nas
discussões governamentais a tradição do País de não restringir acesso ao
seu território. Os defensores da proposta, no entanto, sustentam que a
negação de vistos e o controle migratório impedem que o corrupto gaste o
dinheiro fruto do ilícito fora de seu país.
A medida teria reciprocidade e afetaria o universo de corruptos
brasileiros que tentassem entrar nos países do G-20. Dados do Ministério
Público Federal revelam que mais de 5 mil inquéritos foram abertos nos
últimos anos para investigar práticas de corrupção no País. Cerca de 700
pessoas cumprem pena hoje no Brasil por esse crime.
No Supremo Tribunal Federal, há 17 inquéritos e ações penais contra
parlamentares, e somente a Procuradoria Regional da República da 1.ª
Região denunciou cerca de 250 prefeitos nos últimos dois anos por esse
crime. No julgamento do mensalão, concluído no final do ano passado, 20
dos 25 condenados foram sentenciados a penas por corrupção ativa ou
passiva – entre eles o ex-ministro José Dirceu, o deputado federal José
Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Em pauta. Oficialmente, o governo nega qualquer
tentativa de atrasar a proposta e afirma que o assunto está ainda em
discussão. O Brasil tem até o próximo ano para debater o assunto, que
ganhou força depois de os Estados Unidos alterarem sua legislação –
autorizando a autoridade alfandegária a barrar a entrada de corruptos,
familiares e pessoas associadas.
O tema também avança no Canadá, onde um projeto de lei criando
restrições para o acesso ao território de pessoas corruptas já foi
apresentado.
"A discussão existe e, por se tratar de um assunto sensível, está
andando surpreendentemente bem. Estamos no ponto de definir a forma e
operacionalizá-la. O Brasil já se comprometeu a analisar casos de
corrupção como um critério na hora de concessão de vistos ou na entrada
de estrangeiros em seu território. O que não vamos é abrir mão da
soberania do País de decidir", afirma Hamilton Fernando Cota Cruz,
assessor especial da CGU, responsável por coordenar as ações brasileiras
sobre o tema no G-20. "Uma medida como essa é de grande inovação e ela
tem o respaldo e a força dos líderes políticos das 20 maiores economias
do mundo, que assinaram a proposta. Não tem força de lei, mas tem força
política."
Para o G-20, a corrupção ameaça a integridade dos mercados, destrói a
confiança da sociedade e distorce alocações de recursos. O grupo
anticorrupção tem representantes de todos os países e a Espanha como
observadora. Polêmica. "Muito mais eficaz do que barrar a entrada
de corruptos nos países é a punição efetiva de quem é corrupto e do
corruptor", avalia Rodrigo Vitória, coordenador da unidade de Governança
e Justiça do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
Para ele, a medida esbarra em princípios constitucionais, como a
presunção da inocência, e também na demora na validação de sentenças
internacionais pelo Judiciário. "O cenário brasileiro está melhorando,
mas ainda temos uma cultura de permissividade com a corrupção. A medida
constrange, mas não é a melhor", avalia.
By Jasmine Zhao |
Shanghai Daily, 2013-2-25
A man who called himself a "book addict" was sentenced to five months of
detention for stealing 385 books from five community libraries, the
Xuhui District People's Court said yesterday.
The convict,
surnamed Wang, said he wanted to keep books he checked out. He got a
library card at Xuhui District Library in March 2011, which let him
borrow from the library and five community libraries. Wang said he
returned books to the librarians and stole them after they were scanned
and set aside. Until September, Wang stole 385 books worth 3,200 yuan
(US$513), prosecutors said.
Librarians found many books missing
but all were labeled "returned" in the tracking system. Wang was
detained after he was identified as the borrower.
Ele não deveria ter sido preso, e sim promovido a bibliotecario de todo o distrito...
O passeio deste domingo (24/02/2013), chuvoso e frio: apesar de ser um museu dedicado à arte americana -- ou estadounidense, como gostam de dizer os companheiros -- a exposição era excepcional: Toulouse, o breve (e seu alter ego Lautrec, gigante), seus amigos (entre eles Degas), e muito mais, além de uma outra artista visitando e fotografando... New Britain Museum of American Art
56 Lexington Street
New Britain, CT 06052-1412
Toulouse-Lautrec & His World
January 12–May 12, 2013 Henri de Toulouse Lautrec, Divan Japonais, color lithograph, 1893, 808 x 608 mm, Herakleidon Museum, Athens Greece. Henri de Toulouse Lautrec, Eldorado: Aristide Bruant, color lithograph, 1892, 1380 x 960 mm, Herakleidon Museum, Athens Greece.
For the first time out of Europe, Toulouse-Lautrec & His World begins its U.S. tour here before moving on to Allentown Art Museum in Allentown, PA.
On view from January 12–May
12, 2013 in the McKernan Gallery, this traveling exhibition is on loan
from the Herakleidon Museum, in Athens, Greece and is from the
collection of Paul and Belinda Firos, the Connecticut collectors who
also brought us M.C. Escher: Impossible Reality in 2010.
Henri de Toulouse-Lautrec lived in Paris during the Belle Époque
(Beautiful Era) frequenting cabarets and cafés where he captured its
famous singers, actors, his friends and the working class in his highly
celebrated posters, prints, caricatures, sketches, and paintings.
Greatly influenced by the French Impressionist movement, Henri de
Toulouse-Lautrec is a post-impressionist of the mid-late 1800's. Due to
his excessive lifestyle Henri de Toulouse-Lautrec died from
complications of alcoholism and syphilis in 1901 at age 36.
This exhibition highlights approximately 150 of
Toulouse-Lautrec’s rare works on paper including sketches, and some of
his iconic posters like Jane Avril, Divan Japonais, and La Troupe de Mademoiselle Eglantine.
The included posters are incredibly rare and fragile because as
temporary advertisements for a particular show they were not done on
quality paper. Some of the works are accompanied by appropriate passages
from French literature, photographs, and other objects, in order to
help the viewer better understand the atmosphere of that time.
Toulouse-Lautrec & His World is from the collection of Herakleidon Museum, Athens, Greece, www.herakleidon.com
Uma turista não acidental, instruída e experta. Estivemos em Albi, mas infelizmene o Museu Toulouse-Lautrec, no castelo da família, estava fechado para reformas.
Quem está mais imóvel: o guarda ou eu? Paulo Roberto de Almeida Hartford, 24 Fevereiro 2013
Nem sempre concordo com este economista, aliás raras vezes concordo com suas análises, que partem de pressupostos que considero falhos, quando não politicamente enviesados. Mas, não deve lutar contra os números, e o balanço que ele faz dos dez anos gloriosos da gestão incomparável do nuncaantesnestepaiz deve deixar os companheiros ressabiados, quando não enraivecidos...
Paulo Roberto de Almeida
Avanços ilusórios
Merval Pereira O Globo, 24/02/2013
Durante os governos petistas, a estrutura econômica brasileira iniciou ou aprofundou tendências que comprometem a capacidade de desenvolvimento do país no longo prazo, afirma o professor titular de Economia Internacional da UFRJ Reinaldo Gonçalves em análise da economia brasileira nos 10 anos de governos petistas em trabalho intitulado “Brasil Negativado, Brasil Invertebrado: Legado de 2 governos do PT”.
Essas tendências, entre outras, segundo ele, são desindustrialização; reprimarização das exportações; maior dependência tecnológica; desnacionalização; perda de competitividade internacional; crescente vulnerabilidade externa estrutural; maior concentração de capital e política econômica marcada pela dominação financeira.
Até mesmo no campo social o professor da UFRJ vê ilusão onde o governo vende “conquistas notáveis”. Para ele, as políticas distributivas não atingem a estrutura de concentração de riqueza e não alteram a distribuição funcional da renda (salários versus juros, lucros e aluguéis). No que se refere ao desenvolvimento social, tomando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como referência, Gonçalves constata “a total ausência de ganhos do país relativamente ao resto do mundo”.
O Brasil Negativado também aparece em outro importante indicador de desempenho econômico, a inflação. Durante os governos petistas a taxa média de inflação é 6,1% (preços ao consumidor). Segundo o estudo, a taxa de inflação no Brasil é maior do que média mundial em 6 anos e maior do que a mediana mundial em 9 anos.
A melhora na distribuição de renda, na visão de Gonçalves, não é vigorosa ou sustentável em decorrência da própria natureza do modelo de desenvolvimento, que envolve trajetória de desempenho fraco e instável. Ele alega que os indicadores capturam fundamentalmente os rendimentos do trabalho e os benefícios da política social, e a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), que serve de base para o cálculo dos indicadores de desigualdade, subestima os rendimentos do capital (juros, lucros e aluguéis).
Segundo o estudo, a distribuição da riqueza, muito provavelmente, não se alterou tendo em vista a vigência de elevadas taxas de juros reais no governo Lula, o reduzido crescimento do salário médio real, a concentração de capital e a ausência de medidas que inibam práticas comerciais restritivas (abuso do poder econômico) das grandes empresas.
Também como exemplo de concentração de capital e de riqueza, Gonçalves ressalta que no início do século XXI o valor dos ativos totais dos 50 maiores bancos era igual aos ativos totais das 500 maiores empresas; em 2011 os ativos dos 50 maiores bancos eram 78% mais elevados do que os ativos das 500 maiores empresas.
A base de dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com coeficientes de Gini (que mede a desigualdade) num painel de 110 países mostra que, apesar de haver queda da desigualdade na América Latina na primeira década do século XXI, os países da região continuam com os mais elevados indicadores de desigualdade de renda no mundo.
Em meados desta década, lembra Reinaldo Gonçalves, 4 entre os 5 países com maior desigualdade estão na região (Colômbia, Bolívia, Honduras e Brasil).
No conjunto dos 10 países mais desiguais, há 8 países latino-americanos. Segundo o levantamento, o Brasil experimentou melhora marginal na sua posição no ranking mundial dos países com maior grau de desigualdade entre meados da última década do século XX e meados da primeira década do século XXI. Saiu da 4ª posição no ranking mundial dos mais desiguais para a 5ª posição.
Gonçalves ressalta que os avanços que ocorrem no Brasil não implicam ganhos em relação ao resto do mundo durante os governos petistas. Ele toma como exemplo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do PNUD. Embora ao longo do período 2000-11 o IDH do Brasil tenha aumentado de 0,665 em 2000 para 0,718 em 2011, este mesmo fenômeno ocorreu com a maioria dos países.
Em consequência, destaca Gonçalves, não há mudanças nas diferenças entre o IDH do Brasil, que se manteve praticamente estável (70ª posição) durante os governos petistas, e a média dos IDHs dos outros países.
Os medievalistas, sobretudo os que leram Georges Duby ou Marcel Bloch, saberão o que significa "droit de cuissage", e os que ouviram falar de Julien Benda, saberão o que é o significado da revolta dos clérigos...
Com mil desculpas pelo pedantismo acadêmico, aqui vai um assunto muito terrestre, talvez até pedestre, a quatro patas, a julgar pelo comportamento de alguns personagens...
Paulo Roberto de Almeida
ABAIXO ASSINADO CONTRA O ASSÉDIO MORAL NO ITAMARATY. http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/10639 ________________________________________ From: asof@asof.org.br [asof@asof.org.br] Sent: 21 February 2013 16:09 To: Itamaraty - Ofchan Subject: Abaixo-assinado contra o assédio moral no Itamaraty
A questão do assédio moral dentro do Itamaraty tem sido algo cada vez mais reincidente, sem que culpados sejam devidamente punidos. Nos últimos dois anos, a ASOF vem tratando, junto a seu corpo de advogados, de casos de denúncias de colegas que sofreram (e ainda sofrem) por conta de assédio moral de diplomatas - atitude que, nos corredores, os diplomatas lamentam, mas, por conta do tal cooorporativismo, do "Esprit De Corps", tentam amenizar, atribuindo isso a uma certa "cultura da casa". Os casos de assédio moral, coincidentemente, acontecem de forma mais aviltante no exterior, quando, alguns, longe dos olhos da Administração, diplomatas sentem-se no direito de perseguir os demais como se superiores fossem. Há de se lembrar que as 3 carreiras do SEB não possuem, na Lei, uma hierarquia entre elas, ou seja, ninguém é mais ou menos do que o outro. A ASOF repudia toda e qualquer atitude que, envolta em um rótulo hipócrita de "cultura da Casa", venha a desmerecer e desrespeitar todo e qualquer servidor - mesmo os contratados locais. Que "cultura da Casa" é essa, que permite que diplomatas gritem, xinguem e menosprezem, sem qualquer punição, quem justamente trabalha para que a Diplomacia brasileira seja séria e o nome do Brasil respeitado lá fora ? Ministério é local público de trabalho; não é "Casa" de ninguém. Se, em casa, tais pessoas estão acostumadas a agir assim, a Administração do Itamaraty deve exigir que, no trabalho, ajam com civilidade, sendo polidas e educadas. Caso contrário, deverão sofrer as consequências de seus atos, pois, até agora, quem vem sofrendo com isso são somente os assediados moralmente, adoecendo, tendo que entrar em licença médica e, em alguns casos, tendo que pedir para ser removido do posto, antes do prazo, por não suportar mais tanta humilhação. A ASOF espera que a Administração do Itamaraty adote, doravante, regras mais rígidas nos casos de assédio moral e que as investigações sejam, de fato, sérias e isentas, sendo os culpados punidos, no rigor da Lei. Em apoio não somente ao caso do contratato local em Sydney, mas em nome de todos os demais colegas que sofreram e ainda sofrem por conta de atitudes recrimináveis de certos diplomatas que pensam em viver no tempo da "Casa Grande e Senzala", assediando moralmente quem não é diplomata, a ASOF reitera a divulgação de ato de repúdio contra o assédio moral, promovido pelo SindIItamaraty, hoje, às 15h, defronte ao "Bolo de Noiva" e aproveita para encaminhar link de abaixo-assinado que chegou à associação, em protesto contra tais atitudes, com carta anexa ao Ministro das Relações Exteriores. O ato já conta com 285 assinaturas. Soraya Castilho Presidente da ASOF http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/10639
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Comentário de um iconoclasta não identificado:
Existe, da parte de muitos diplomatas, infelizmente, um comportamento que foi caricaturizado como "Casa Grande e Senzala", mas que é mais apropriadamente identificado como uma postura feudal, de senhorio e vassalagem, quando não é um triste comportamento de separação estamental, muito próximo ao histórico regime de castas, na Índia. As castas são mentais, entre alguns, que se sentem pertencer a uma categoria superior, achando que todos os demais lhes devem subserviência, respeito, temor reverencial e outras submissões mentais desse tipo. Esse tipo de postura não existe apenas entre os diplomatas de um lado e os demais servidores de outro, mas entre os próprios diplomatas, com uma atitude mental que costuma distinguir entre o "lumpesinato" do secretariado, de um lado, e a aristocracia dos fidalgos ministrados, de outro. Isso um dia acaba, e não tem nada a ver com governos de esquerda, de direita (ou neoliberais) ou de centro: tem a ver com a atitude mental feudal que ainda caracteriza o Itamaraty. Infelizmente.
Nossa tradição cartorialista nos impõe uma pletora de leis, decretos, portarias, regulamentos, atos administrativos os mais diversos, que se acumulam, se duplicam, se contradizem, e tornam a todos confusos, a começar pela burocracia encarregada de zelar pela pureza da legalidade formal.
Só que a legalidade formal nem sempre, ou quase nunca se coaduna com a realidade material, ou seja, a economia real, e aí começam a existir milhares de penduricalhos, aditivos, correções e exceções, uma série de "espertezas" que os mais espertos criam para beneficiar a si póprios, como por exemplo os 14o. e 15o. salários dos congressistas, os adicionais de qualquer coisa para os magistrados, sem falar nas famosas correções, que sempre são corrigidas para cima, muito acima, nunca para baixo.
E também tem aqueles que acham que o Brasil é o paradigma universal dos rendimentos globais, e que o teto (que por si já é uma grande embromação, pois todo mundo se acha no direito de bater no teto ou quase perto) fixado internamente deve valer para todas as latitudes e longitudes, independentemente de onde se viva, e de qual seja o custo de vida.
Parece que os funcionários do serviço exterior -- que no Brasil ganham muito menos que seus contrapartes funcionais de outros poderes, e que compensam, precariamente com salários razoáveis no exterior -- terão de se pautar pelo teto, em reais, para uma vida em dólares ou outras moedas, com padrões de consumo e índices de custo de vida totalmente diferentes dos nossos.
Bravo! Vão fazer com que ninguém mais queira ir para o exterior, pois os salários no Brasil até que melhoraram em relação ao passado de miséria.
Quando oferecerem um posto -- pode ser A, B, C, ou E -- a um secretário com dois filhos, ele vai perguntar: quanto vou ganhar? Quanto é que vai custar a escola -- internacional, ou americana, não coberta pelo MRE -- para os meus filhos? Sinto muito mas obrigado, prefiro ficar aqui mesmo...
É isso o que vão criar...
Paulo Roberto de Almeida
Ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota
Reuters
BRASÍLIA Seis meses após o governo divulgar a lista de salários dos
servidores públicos federais, o Itamaraty continua sem revelar quanto
ganham diplomatas e outros funcionários lotados no exterior. Atualmente,
o Ministério das Relações Exteriores publica apenas os vencimentos dos
que trabalham no Brasil. Em novembro, o Tribunal de Contas da União
(TCU) deu prazo de um mês para que fossem divulgados também os
vencimentos de pessoas a serviço em outros países. Também foi
determinado que os salários superiores ao teto federal (R$ 28.059,29)
fossem cortados. No mês seguinte, o próprio TCU revogou a decisão,
diante de recurso proposto pelo ministro das Relações Exteriores,
Antonio Patriota. Ele alegou falha técnica do TCU no processo e teve o
pedido atendido.
O processo retornou ao gabinete do relator,
ministro Benjamin Zymler, para ser reavaliado. A expectativa é que ele
devolva o caso à apreciação dos colegas em breve. A próxima sessão
plenária do TCU está marcada para o dia 23, mas não se sabe se o assunto
será incluído na pauta de votações. Enquanto isso, os proventos de
1.934 servidores do Itamaraty que cumprem missão no exterior continuam
sob sigilo.
A divulgação dos salários de todos os servidores
públicos foi determinada pela Lei de Acesso à Informação, em vigor desde
maio de 2012. No dia 27 de junho, todos os vencimentos foram ao ar no
Portal da Transparência. Os funcionários do Itamaraty no exterior e dos
servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não entraram no
sistema — esses últimos, por questões de segurança.
A decisão do
TCU de enquadrar o Itamaraty na lei e nos limites impostos pelo teto
constitucional foi proferida em 6 de outubro de 2012. Em 28 de novembro
de 2012, o plenário do TCU julgou o recurso proposto pelo ministro
Patriota. O chanceler argumentou que houve falha processual, pois a
forma como o caso foi julgado desobedeceu ao Regimento Interno do
tribunal. Julgamento deveria ter sido individual
O
TCU realiza julgamentos individuais e por relação. Na primeira
situação, cada processo é amplamente discutido e votado separadamente.
Na segunda, há uma lista de processos votada de uma só vez, sem haver
discussão mais aprofundada de cada caso. O processo do Itamaraty, por se
tratar de salários de servidores, deveria ter sido votado da primeira
forma, mas foi decidido por relação.
“A determinação em questão
amolda-se à hipótese vedada pelo dispositivo regimental ora citado, pois
resulta na supressão de parcela remuneratória de interesse de
servidores vinculados ao MRE”, afirma o acórdão do TCU de novembro. Para
o TCU, houve “nulidade absoluta” da decisão anterior, que foi declarada
insubsistente.
O processo para investigar eventuais ilegalidades
na folha de pagamentos do Itamaraty foi instaurado em maio de 2012. O
relator era o ministro Augusto Nardes. Como ele assumiu a presidência do
TCU em dezembro, o processo mudou de relatoria e hoje está nas mãos do
ministro Benjamin Zymler. Procurado pelo GLOBO, Zymler não quis falar
sobre o assunto.
A decisão de outubro também dava ao Ministério
das Relações Exteriores prazo de 180 dias para “interromper os
pagamentos de valores referentes ao fator de correção cambial aos
servidores lotados no exterior, tendo em vista a ausência de amparo
legal para tais pagamentos”. Segundo o tribunal, esse tipo de parâmetro
para a remuneração desrespeitava “os princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” previstos na
Constituição.
O TCU também enviou recomendação à Casa Civil da
Presidência da República, ao Ministério do Planejamento e ao Itamaraty
para elaborar um projeto de lei disciplinando os procedimentos de
fixação dos vencimentos no exterior, “de forma a eliminar o uso de
parcelas não previstas legalmente, como é o caso do fator de correção
cambial, o qual não se coaduna com a exigência constitucional de edição
de lei específica para fixação de remuneração de servidores públicos”.
O
projeto de lei também deveria conter a informação de que nenhum
servidor do Itamaraty estaria autorizado a receber remuneração superior
ao valor do teto constitucional. O fator de correção é aplicado para
elevar os salários de diplomatas lotados em cidades no exterior com
custo de vida elevado.
Desconfio que o termo política seja um pouco forte, ou coerente demais, para se aplicar à atual salada confusa, desorganizada, improvisada, que os companheiros keynesianos de botequim vem aplicando no Brasil, para algum alívio de setores promíscuos, para desespero de economistas racionais (nem todos o são), para o maior desconforto de todos os brasileiros (que são chamados, mesmo sem saber e sem querer, a pagar a conta), e para resultado nenhum, finalmente, já que continuamos a perder competitividade dentro e fora do país, graças, justamente, às trapalhadas econômicas companheiras. Enfim, esta digressão meio para a bronca e a condenação, não deve impedir nenhum dos leitores de se interessar pela publicação deste novo livro, de gente racional, responsável, com os pés no chão (nada a ver, portanto, com o pessoal do botequim acima referido), e que apresenta o livro em lançamentos próximos em SP e Rio. Aliás, a indústria certamente tem um passado no Brasil (e ele foi bastante stalinista em certas épocas), mas não tenho certeza de que tenha futuro: em todo caso, os companheiros estão pretendendo voltar, ao que parece, ao stalinismo industrial do passado. Não vai dar certo... Transcrevo abaixo o post do Mansueto Almeida, que participa do livro com um capítulo, como ele explica em seu blog. Paulo Roberto de Almeida
Na próxima quinta-feira será lançado, na
Livraria Travessa do shopping Leblon no Rio de janeiro, o livro O Futuro
da Indústria no Brasil: desindustrialização em debate, organizado pelos
economistas Edmar Bacha e Monica De Bolle. O livro decorreu de duas
reuniões no instituto Casa das Garças, no primeiro semestre de 2012.
O livro tem vários textos interessantes de
vários autores famosos, como por exemplo, o próprio Edmar Bacha, Affonso
Celso Pastore, Ilan Goldfajn, Régis Bonelli, Samuel Pessoa, etc. Eu
escrevi um capítulo muito simples com o título: “Padrões de política
industrial: a velha, a nova e a brasileira.” Quem quiser ler a
introdução do meu capítulo reproduzo abaixo.
Mas não deixem de comprar o livro, porque é talvez o primeiro livro
sobre o problema da indústria no qual pouco se fala de taxa de câmbio.
Eu talvez não consiga ir para o lançamento no Rio de Janeiro mas devo ir
no lançamento de São Paulo.
Padrões de política industrial: a velha, a nova e a brasileira.
Mansueto Almeida Introdução
No início deste século, vários países da América Latina voltaram a
adotar políticas de incentivos setoriais identificadas como políticas
industriais (Peres, 2006; Peres e Primi, 2009). O Brasil não foi exceção
e, desde 2004, já adotou três versões diferentes dessas políticas.
A primeira política industrial do governo brasileiro no período
recente foi a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
(PITCE). Essa política consistia em um plano de ação do governo federal
que tinha como objetivo o aumento da eficiência da estrutura produtiva,
da capacidade de inovação das empresas brasileiras e a expansão das
exportações. Em 2008, o governo ampliou sua política industrial para
vários setores por meio da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP)
e, em 2011, a política foi novamente ampliada com o estabelecimento de
novas metas, mecanismos de proteção comercial e uma política de compras
governamentais com margem de preferência de até 25% para produtos
manufaturados e serviços nacionais no complexo de saúde, defesa, têxtil e
confecção, calçados e tecnologia da informação e comunicação.
As várias políticas industriais adotadas desde 2003 sofrem de pelos
menos três grandes problemas que serão detalhados ao longo deste
capítulo. Primeiro, o desenho dessas políticas baseia-se,
excessivamente, no modelo sul-coreano dos anos 1960 e 1970 com um
agravante. Ao invés de a política promover a diversificação produtiva,
ela toma a forma da concessão de crédito subsidiado para empresas
grandes que atuam em setores nos quais o Brasil já possui claras
vantagens comparativas como, por exemplo, alimentos, petróleo e
mineração.
Segundo, esse tipo de política industrial onera de forma excessiva e
desnecessária o Tesouro Nacional, já que seu principal instrumento é a
concessão de crédito subsidiado via BNDES. No entanto, para que o
governo ajude o setor privado em seu esforço de inovação ou de
diversificação não é preciso o uso excessivo de recursos financeiros. Ao
contrário, há um vasta literatura moderna baseada em estudos de casos
que mostram que o apoio do setor público deva se pautar pela solução de
problemas de ação coletiva e pela oferta de bens públicos locais como,
por exemplo, a disseminação do requisitos fitossanitários exigidos pelos
países importadores de produtos vegetais e animais.
Terceiro, o Brasil já possui um conjunto de instituições que
permitiriam adotar essa política industrial moderna sem onerar o
contribuinte. Esse tipo de política é local, de menor custo e seu foco
não é a criação de grandes empresas. Assim, mais do que incentivar a
formação de grandes grupos, a política industrial deveria se pautar
pela oferta de bens públicos.
Além desta introdução, este capítulo se divide em três seções. A
Seção 2 explica o que aqui se denomina de “velha política industrial”
que é o modelo sul-coreano no qual o Brasil ainda se baseia para apoiar a
indústria. Argui-se a diferença entre essa política e as “novas
políticas industriais”. A Seção 3 mostra as principais características
da política industrial brasileira, enfatizando seu elevado custo devido
ao crescente endividamento do Tesouro Nacional para emprestar para o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Seção 4
conclui com uma discussão sobre os aspectos institucionais das novas
políticas industriais e sugestões sobre como deveria ser a política
industrial brasileira.
Fernão de Magalhães demorou três anos para dar a volta ao mundo, provando na prática que o mundo é redondo (diferente do gosto de certo ex-presidente, que talvez preferisse, para fins de não disseminação da poluição, que o mundo fosse quadrado), e na verdade não conseguiu. Morreu nas Molucas, coitado, enfrentando nativos, e quem completou a volta, com alguns miseráveis companheiros, foi seu escrivão, Sebastian El Cano, aliás o nome de um excelente instituto (real) espanhol de relações internacionais.
Pois os companheiros estão piores do que Fernão de Magalhães: demoraram mais de dez anos para dar a volta ao mundo, e na verdade ainda não terminaram. Na verdade, eles nunca se convenceram que a sua versão do mundo quadrado não funciona, e só estão aderindo às privatizações por absoluta falta de saberem o que fazer, ou absoluta incapacidade (que é acima de tudo mental) de saber o que fazer de outro modo, por falta total de alternativas credíveis.
Eles já tentaram de tudo: pararam as privatizações, acusando-as de serem privataria (mas nunca reverteram nenhuma, de safados), criaram dezenas de novas estatais (com milhões perdidos na gestão incompetente dos companheiros, sendo o Banco Popular do Brasil apenas um exemplo entre muitos outros, como uma tal empresa de coleta de sangue), fizeram (depois de anos e anos de debate inútil) uma lei de PPP (parcerias público-privadas), para depois NUNCA usar, tentaram manietar (e conseguiram) as agências públicas e remeteram um projeto para amordaçá-las (que dorme placidamente no Congresso), mas de toda forma aparelharam todas as agências de companheiros ineptos e incompetentes (quando não larápios, em vários casos), enfim, fizeram de tudo antes de se renderem às tais "concessões" (que dizem não ser privatizações, como gostam de abusar da semântica).
Em alguma coisa não inventaram nada: apenas roubaram o software de gestão econômica dos neoliberais, sem reconhecer, sem pagar direitos autorais, e dizendo que estavam fazendo diferente, quando nada fizeram de diferente.
No que mexeram, o fizeram para pior, como o desmantelamento atual das metas de inflação, da flutuação cambial, da responsabilidade fiscal e do superávit primário (que em si já é uma bizarrice).
Enfim, verdade seja dita: os companheiros vão precisar de mais dez anos para dar a volta ao mundo...
Paulo Roberto de Almeida
Foi FHC que abriu os portos ALBERTO TAMER
O Estado de S.Paulo - 17/02/2013
A presidente Dilma Rousseff assinou medida provisória autorizando
a privatização dos portos, mais uma louvável decisão que vem somar-se à
privatização dos aeroportos. O objetivo é modernizar esses dois setores que,
fechados aos investimentos privados, pararam no tempo e são em grande parte
responsáveis pelo alto custo das exportações brasileiras que perdem espaço em
um mercado retraído e altamente competitivo.
Tudo começou com Fernando Henrique Cardoso. De fato, a ideia e a
iniciativa de abrir, de privatizar os portos foi de Fernando Henrique não como
presidente, mas, anteriormente, atuando como senador e depois como ministro da
Fazenda de Itamar Franco. Todos reconhecem que a Lei 8.630, de 25 de fevereiro
de 1993, inaugurou uma nova fase no sistema portuário brasileiro, e seu
artífice maior se chama Fernando Henrique Cardoso. Ministro, foi o
ex-presidente que na época teve a coragem de promover a privatização dos portos
nacionais, enfrentando uma das maiores corporações públicas do País, para não dizer
um dos seus grandes antros de corrupção. Foi dele também a iniciativa histórica
de tirar da Petrobrás o monopólio de exploração, que estava inscrito na
Constituição.
Vitória da persistência. Agora que temos a abertura dos portos
decretada por uma medida provisória, a coluna conversou com o ex-presidente.
Como foi a sua luta pela privatização dos portos, que podemos
chamar de vitória quase isolada sua?
"Quando fui eleito presidente, nos meus dois mandatos
implementei o Programa Integrado de Modernização Portuária (Pimop), estruturado
em torno de 13 objetivos, derivados da Lei 8.630/1993. Dessa maneira, embora
enfrentando enormes resistências políticas lançadas ou encampadas pelo PT,
completamos a primeira etapa da reestruturação da administração portuária brasileira",
diz Fernando Henrique.
Ela compreendia, entre outros aspectos a) a implantação do modelo
de Autoridade Portuária; b) a desestatização da exploração das operações
portuárias transferindo-a para o setor privado, através de operadores portuários
de cais público, e de terminais de uso público e terminais de uso privativo
(exclusivos e mistos); c) a implantação dos Conselhos de Autoridade Portuária
(CAP) em todos os portos organizados; d) a implantação de um Programa de
Harmonização das Atividades dos Agentes de Autoridade nos portos e terminais
portuários (Prohage).
Estavam assim, sob a liderança do ex-presidente Fernando Henrique,
lançadas bases sólidas para desenvolver um processo de modernização dos portos
brasileiros, solucionando um dos maiores gargalos da logística nacional.
"Faltava continuar avançando e as sugestões nesse sentido foram repassadas
por minha equipe aos representantes do governo entrante de Lula."
Dez anos de atraso. "Mas, infelizmente, nada se fez no
governo Lula, abandonando-se o Programa Integrado de Modernização Portuária.
Como resultado, a administração portuária brasileira continua burocratizada e
carente de agilidade, não se tendo notícia de nenhum esforço sistemático do
governo a respeito desse assunto."
Agora, passados dez anos, o governo de Dilma Rousseff anuncia que
vai retomar a agenda perdida da modernização dos portos iniciada por FHC.
Tomara que seja pra valer.
Fernando Henrique lembra à coluna que as carências na área
portuária levaram, segundo a Fundação Dom Cabral, o Brasil a ocupar a 123.ª
posição entre 134 países no ranking de qualidade dos portos (2009). "A
excessiva burocracia coloca o Brasil na 61.ª pior posição no ranking do Banco
Mundial de tempo para liberação da entrada e saída de navios nos portos, com
5,8 dias, enquanto na China o tempo é de 0,4 dia, na Alemanha 0,7 dia e nos
Estados Unidos 1,1 dia."
O que mais preocupa Fernando Henrique é a gestão delegada dos
portos. "Identifica-se uma predisposição do governo em revogar os
convênios de estadualização ou municipalização, embora ninguém tenha reunido
dados suficientes para demonstrar que a gestão delegada a Estados e municípios
tenha sido pior do que a federal. Ambas se equivaleram, no bem e no mal.
Pode-se inclusive afirmar que os portos melhor administrados estão entre os
delegados a Estados e municípios: São Francisco do Sul, São Sebastião, Suape e
Itaqui."
E, na conversa com a coluna, Fernando Henrique eleva o tom:
"A trágica politização da Autoridade Portuária, uma doença quase secular
da administração pública dos portos continua aberta. E, como se não bastassem
os preconceitos alimentados pelos segmentos corporativos ainda enquistados na
máquina pública, existem grupos proeminentes do setor privado que, há muitos
anos, pelejam pela transformação desse Conselho no próprio Conselho de
Administração das Companhias Docas. Nada mais absurdo."
Por fim, o decreto 6.620, de rara infelicidade, além de ter
introduzido, de forma confusa, definições e exigências relativas à "carga
própria", não previstas na Lei 8.630, agravou o quadro de insegurança
regulatória dos últimos dez anos. Para o ex-presidente, se Dilma quiser,
realmente, impulsionar o crescimento econômico, terá de avançar na gestão
portuária seguindo os princípios básicos propostos pelo governo anterior. Na
verdade, nos padrões da época (1993), sua atuação significou uma pequena
revolução, enfrentando os monopólios corporativos, descentralizando a gestão,
para abrir os portos às empresas privadas.
Fernando Henrique deu o primeiro passo, Lula parou e até voltou
atrás, e Dilma diz que a abertura dos portos e a privatização são
irreversíveis. Só que já estamos atrasados em mais de uma década. E os que não
querem mudar nada ainda estão aí.
Não, não é da tradicional rivalidade diplomática brasileira com o México por uma ilusória liderança na América Latina de que trata este artigo do conhecido colunista americano do NYTimes.
É apenas da nova ascensão do México.
Apenas duas informações que por acaso lhes tenham passado despercebidas.
Com 44 acordos de livre comércio, o México é a nação mais livre-cambista do mundo, pelo menos em quantidade (e quatro vezes mais do que o Brasil, que pela qualidade, aliás, fica ainda mais abaixo).
E, sozinho, o México exporta mais manufaturados do que todo o resto da América Latina junta, o Brasil inclusive.
Como isso foi possível?
Bem, quem sabe trabalhando?
Outra informação, talvez interessante para o Brasil, diretamente:
"Mexico’s three major
political parties have just signed “a grand bargain,” a k a “Pact for
Mexico,” under the new president, Enrique Peña Nieto, to work together
to fight the big energy, telecom and teacher monopolies that have held
Mexico back."
Quem sabe a gente consegue combater os sindicatos mafiosos de professores, o estatismo ineficiente na energia e os carteis pornográficos das telefônicas, para também crescer e se desenvolver?
Apenas uma sugestão...
Paulo Roberto de Almeida
Op-Ed Columnist
How Mexico Got Back in the Game
Adriana Zehbrauskas for The New York Times
Mexico is attracting more
global investment in autos, aerospace and household goods. General
Electric has an office in Querétaro.
IN India, people ask you about China, and, in China, people ask you
about India: Which country will become the more dominant economic power
in the 21st century? I now have the answer: Mexico.
Impossible, you say? Well, yes, Mexico with only about 110 million
people could never rival China or India in total economic clout. But
here’s what I’ve learned from this visit to Mexico’s
industrial/innovation center in Monterrey. Everything you’ve read about
Mexico is true: drug cartels, crime syndicates, government corruption
and weak rule of law hobble the nation. But that’s half the story. The
reality is that Mexico today is more like a crazy blend of the movies
“No Country for Old Men” and “The Social Network.”
Something happened here. It’s as if Mexicans subconsciously decided that
their drug-related violence is a condition to be lived with and
combated but not something to define them any longer. Mexico has signed
44 free trade agreements — more than any country in the world — which,
according to The Financial Times, is more than twice as many as China
and four times more than Brazil. Mexico has also greatly increased the
number of engineers and skilled laborers graduating from its schools.
Put all that together with massive cheap natural gas finds, and rising
wage and transportation costs in China, and it is no surprise that
Mexico now is taking manufacturing market share back from Asia and
attracting more global investment than ever in autos, aerospace and
household goods.
“Today, Mexico exports more manufactured products than the rest of Latin
America put together,” The Financial Times reported on Sept. 19, 2012.
“Chrysler, for example, is using Mexico as a base to supply some of its Fiat 500s
to the Chinese market.” What struck me most here in Monterrey, though,
is the number of tech start-ups that are emerging from Mexico’s young
population — 50 percent of the country is under 29 — thanks to cheap,
open source innovation tools and cloud computing.
“Mexico did not waste its crisis,” remarked Patrick Kane Zambrano,
director of the Center for Citizen Integration, referring to the fact
that when Mexican companies lost out to China in the 1990s, they had no
choice but to get more productive. Zambrano’s Web site embodies the
youthful zest here for using technology to both innovate and stimulate
social activism. The center aggregates Twitter messages from citizens
about everything from broken streetlights to “situations of risk” and
plots them in real-time on a phone app map of Monterrey that warns
residents what streets to avoid, alerts the police to shootings and
counts in days or hours how quickly public officials fix the problems.
“It sets pressure points to force change,” the center’s president,
Bernardo Bichara, told me. “Once a citizen feels he is not powerless, he
can aspire for more change. ... First, the Web democratized commerce,
and then it democratized media, and now it is democratizing democracy.”
If Secretary of State John Kerry is looking for a new agenda, he might
want to focus on forging closer integration with Mexico rather than
beating his head against the rocks of Israel, Palestine, Afghanistan or
Syria. Better integration of Mexico’s manufacturing and innovation
prowess into America’s is a win-win. It makes U.S. companies more
profitable and competitive, so they can expand at home and abroad, and
it gives Mexicans a reason to stay home and reduces violence. We do $1.5
billion a day in trade with Mexico, and we spend $1 billion a day in
Afghanistan. Not smart.
We need a more nuanced view of Mexico. While touring the Center for
Agrobiotechnology at Monterrey Tech, Mexico’s M.I.T., its director, Guy
Cardineau, an American scientist from Arizona, remarked to me that, in
2011, “my son-in-law returned from a tour of duty in Afghanistan and we
talked about having him come down and visit for Christmas. But he told
me the U.S. military said he couldn’t come because of the [State
Department] travel advisory here. I thought that was very ironic.”
Especially when U.S. companies are expanding here, which is one
reason Mexico grew last year at 3.9 percent, and foreign direct
investment in Monterrey hit record highs.
“Twenty years ago, most Mexican companies were not global,” explained
Blanca Treviño, the president and founder of Softtek, one of Mexico’s
leading I.T. service providers. They focused on the domestic market and
cheap labor for the U.S. “Today, we understand that we have to compete
globally” and that means “becoming efficient. We have a [software]
development center in Wuxi, China. But we are more efficient now in
doing the same business from our center in Aguascalientes, [Mexico],
than we are from our center in Wuxi.”
Mexico still has huge governance problems to fix, but what’s interesting
is that, after 15 years of political paralysis, Mexico’s three major
political parties have just signed “a grand bargain,” a k a “Pact for
Mexico,” under the new president, Enrique Peña Nieto, to work together
to fight the big energy, telecom and teacher monopolies that have held
Mexico back. If they succeed, maybe Mexico will teach us something about
democracy. Mexicans have started to wonder about America lately, said
Bichara from the Center for Citizen Integration. “We always thought we
should have our parties behave like the United States’ — no longer. We
always thought we should have the government work like the United
States’ — no longer.”
A version of this op-ed appeared in print on February 24, 2013, on page SR11 of the New York edition with the headline: How Mexico Got Back in the Game.
Sincero, até na sua aparente esperteza, que também pode ser ingenuidade psicológica...
Confissão histórica Augusto Nunes “A primeira vez que votei para presidente foi em mim mesmo, de tanto que gostava de mim. Na segunda votação, também foi em mim; na terceira, por azar, foi num poste que está iluminando o Brasil”.
Lula, cinco vezes candidato à Presidência da República, durante a discurseira na festa dos dez anos da Descoberta dos Cofres Federais, confessando que votou em Lula só 1989 e 1994, sem revelar se em 1998, 2002 e 2006 optou pela abstenção, pelo voto em branco ou pelo adversário.
Pouco provável. Essas coisas demoram a acontecer, inclusive porque o déficit de transações correntes não evolui tão rapidamente assim, no curso normal das coisas. As autoridades dispõem de amplo tempo para remediar, seja atraindo mais investimento estrangeiro, seja emitindo mais bônus externos, seja ainda desestimulando viagens internacionais (tornando o câmbio mais caro, por exemplo).
Mas a reversão pode ser repentina, se por acaso houver uma deterioração externa, quebra de confiança, diminuição da cotação do país pelas agências de classificação de riscos, ou algum aumento mais intenso da inflação interna que induza os nacionais a buscar refúgio em outras moedas, provocando então alguma fuga de capitais mais evidente.
Pode demorar 3ou 4 anos para o déficit de transações correntes passar de 3 para 5% do PIB, mas uma vez chegado nesse patamar, pode passar muito rapidamente a 7 ou 8% do PIB, e aí entra o pânico, que gera mais corrida e mais desastre.
O resultado sabemos qual é: uma maxidesvalorização, que deixa todos mais pobres, mas que restabelece a competitividade dos produtos nacionais (ainda que por razões espúrias, e não por maior produtividade) e equilibra a balança novamente.
Em todo caso, o ideal seria ter uma economia sadia, e equilibrada pelas forças do mercado, não a golpes e patadas governamentais.
Paulo Roberto de Almeida
As contas cambiais pioram um pouco mais
23 de fevereiro de 2013 | 2h 09
Editorial econômico O Estado de S.Paulo
As contas cambiais apresentaram nova piora em janeiro,
decorrente do déficit crescente do comércio exterior, das remessas de
dividendos das empresas instaladas no País e do déficit de serviços,
liderados pelo turismo. O resultado foi um déficit mensal nas contas
correntes de US$ 11,4 bilhões e de US$ 58,6 bilhões nos últimos 12 meses
- equivalente a 2,58% do PIB, ante 2,26% e 2,2%, respectivamente, nos
12 meses terminados em janeiro de 2011 e 2012. É cerca de US$ 2 bilhões
mais elevado do que esperavam os analistas e indício de maiores
dificuldades neste ano.
A entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) foi de US$ 3,7
bilhões, no mês passado, muito inferior à de janeiro de 2012 (US$ 5,4
bilhões) e à média mensal do ano passado, de quase US$ 5,7 bilhões.
Em resumo, o Brasil está importando cada vez mais - e, assim,
reduzindo o superávit da balança comercial, que vinha sendo um dos
pontos fortes do balanço de pagamentos nos últimos anos. Entre 2011 e
2012, o peso dos importados no consumo doméstico de produtos industriais
aumentou de 23,1% para 23,5% e chegou ao maior nível histórico, segundo
estudo distribuído ontem pela Fiesp.
No curto prazo, há pouco a fazer para alterar a trajetória das contas
cambiais. De fato, os analistas continuam esperando que elas melhorem
nos próximos meses. Mas ainda falta contabilizar, provavelmente até o
mês que vem, US$ 2,7 bilhões em importações de derivados de petróleo
feitas no ano passado. E as projeções do mercado para este ano são de um
déficit de US$ 70 bilhões nas contas correntes, quase 30% superior ao
de 2012 (US$ 54,2 bilhões) e acima dos US$ 65 bilhões estimados pelo
Banco Central para 2013, mostrou relatório distribuído ontem pela
instituição.
O mais provável é que o déficit projetado para este ano seja, mais
uma vez, financiado pelo investimento estrangeiro - o que depende de que
outros países não se mostrem mais atraentes do que o Brasil.
As contas teriam sido piores, em janeiro, sem o retorno de US$ 4,3
bilhões de recursos brasileiros no exterior e sem o ingresso de US$ 3,3
bilhões para aplicações em bolsa.
Graças à acumulação de reservas de US$ 376 bilhões e aos bons
resultados do balanço de pagamentos nos últimos 11 anos, o País dispõe
de uma situação cambial que permite enfrentar dificuldades. Mas nem por
isso o governo deve dar-se ao luxo de adicionar riscos à economia com
uma política errática para o câmbio, capaz de afastar investidores e de
elevar gastos, como as remessas de renda.
O economista Frederic Bastiat ficou famoso pelo seu recurso genial a um tipo de metodologia analítica que ilustra de maneira muito simples, e absolutamente correta, os efeitos visíveis e invisíveis de qualquer medida de política pública que incida sobre os agentes econômicos e seus ativos: o que se vê, e o que não se vê.
De fato, o universo econômico é dominado, como não poderia deixar de ser no mundo contemporâneo, por medidas governamentais. Os Estados, ou os governos, determinam tudo, inclusive a liberação total dos fluxos, se por acaso dominados por uma ideologia liberal, ou libertária, ou o intervencionismo mais completo e absoluto, como nos sistemas comunistas defuntos (nem todos) e nos fascismos enterrados. Ficou, porém, e o keynesianismo é apenas uma variante mais light e insidiosa dessa realidade, o fato da intervenção governamental, para regular, liberar, constranger, taxar, etc.
E qualquer medida econômica possui, justamente, o seu lado visível, que é o que se pretende, sempre com boas intenções, e o seu lado menos visível, até obscuro, que são os efeitos indesejados, imprevistos, até inéditos, que é o que se obtem quando governos iluminados pretendem ditar às pessoas e empresas o que elas podem, ou não podem fazer com os seus ativos.
Em política, também é assim, e mais do que tudo ela tem muitos lados invisíveis que não sabemos como as coisas se deram, exatamente, e só uma pequena parte vem à tona.
Assim é, assim foi, e assim será, com o julgamento mais famoso ocorrido no Brasil contemporâneo, o do Mensalão, pelo qual um bando de meliantes travestidos de políticos foi pego com a boca na botija. O bandido mais condenado, coitado, é provavelmente, o menos culpado de todos, pois é evidente que o famoso operador financeiro da quadrilha do Mensalão não teria feito nada daquilo se não tivesse carta branca do chefe da quadrilha, que deveria ter recebido uma pena três vezes maior.
Assim ocorre, também, com o outro lado da história, sequer presente na história do Mensalão: o chefão maior, o capo di tutti i capi, não apareceu, mas foi ele o responsável final de tudo isso.
O mesmo ocorre no atual escândalo chamado de Rosegate, a amante do capo, que nunca teria feito o que fez se não autorizada, talvez até instruída pelo mesmo obscurso personagem.
Talvez haja um processo rumoroso, talvez não. Talvez o criminoso maior apareça, talvez não. Não sabemos ainda o que vai acontecer.
Uma coisa é certa: nunca saberemos exatamente o que aconteceu, pois os bandidos não vão confessar.
Quem conhece a história toda?
Eles próprios, claro. Mas também tem outros que sabem, que assistiram, que espionaram, que talvez chantageiem os personagens principais, e não apenas em torno desses dois casos tristemente famosos. Tem muitos outros episódios que não sabemos, que sequer desconfiamos e que nunca iremos saber.
Quem sabe algo a respeito? Eu tenho um palpite, apenas isto: um palpite.
Os cubanos sabem de muitas coisas...
Vão revelar? Não em público, apenas para os próprios interessados, para usar na medida de suas necessidades.
E quando a história der as suas voltas, vão queimar os papeis por que isso os compromete também.
Grandes bandidos se esforçam para não deixar pegadas.
É isso. Por enquanto fiquem com uma crônica do Mensalão, que conta apenas uma parte da história...
Paulo Roberto de Almeida
O jornalismo independente ilumina a paisagem infestada de repórteres invertebrados e colunistas estatizados Augusto Nunes, 23/02/2013
Na edição impressa de VEJA, comentei o livro do jornalista Merval Pereira sobre o julgamento do mensalão. Segue-se o texto. (AN)
Numa paisagem infestada de repórteres invertebrados, críticos construtivos, colunistas estatizados e analistas que combatem valentemente quem ousa discordar do governo, o espaço ocupado por jornalistas nascidos sob o signo da independência e condenados a amar a verdade acima de todas as coisas parece perturbadoramente acanhado. É mesmo diminuto, mas não há motivos para inquietação.
Os integrantes dessa linhagem nunca foram muitos. Mas cada um vale por uma multidão, comprova Merval Pereira em Mensalão – O dia a dia do mais importante julgamento da história política do Brasil (Editora Record; 285 páginas; 34,90 reais). “O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter”, ensinou Cláudio Abramo.
É o que Merval tem feito há mais de 40 anos, ao longo dos quais brilhou como repórter de campo ou exercendo cargos de chefia nas Organizações Globo, no Jornal do Brasil e em VEJA. É o que faz todos os dias em sua coluna no Globo e nos comentários para a GloboNews e para a rádio CBN. Foi o que fez durante os quatro meses e meio em que milhões de brasileiros acompanharam ─ primeiro com ceticismo, em seguida com esperança, enfim com justificado entusiasmo ─ o julgamento da quadrilha que tentou a captura do Estado Democrático de Direito até ser desbaratada em meados de 2005.
Aos 63 anos, eleito há quase dois para a Academia Brasileira de Letras, o jornalista carioca reconstitui essa metamorfose fascinante no livro que reúne 86 artigos publicados na página 4 do Globo, precedidos por um pedagógico prefácio do ex-ministro Carlos Ayres Britto e completados por dois textos, até agora inéditos, que induzem o mais descrente dos leitores a acreditar que o Brasil nunca mais será o mesmo. Começou a mudar ─ para melhor.
Como adverte o posfácio, nenhuma decisão judicial é capaz de iluminar da noite para o dia a face escura de um país. Se no Brasil Maravilha que Lula inventou é possível até erradicar a miséria por decreto, no Brasil real os avanços são mais demorados. O Supremo não erradicou a corrupção. Ao condenar uma organização criminosa comandada por figurões federais, contudo, revogou a norma não escrita segundo a qual alguns são mais iguais que os outros, embora todos sejam iguais perante a lei.
Ao contrário do miserável-brasileiro, o brasileiro corrupto não virou uma espécie extinta. Mas ninguém mais pode considerar-se condenado à perpétua impunidade. Veja-se o escândalo protagonizado por Rosemary Noronha e seus comparsas. Um jipe doado a um dirigente do PT por serviços prestados a uma empresa privada, exemplifica Merval, “equivale à operação plástica para a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, em troca talvez de uma audiência marcada”.
Nem existem diferenças notáveis, lembra o autor, entre arranjar emprego para a ex-mulher do político poderoso ou premiar com um cruzeiro marítimo a secretária que diz que conversa com o ex-presidente todos os dias. O caso Rose sugere que o país é o de sempre. Visto de perto, informa aos gritos que as coisas mudaram.
Há um ano, como demonstra o livro, Lula estava em campanha para adiar o julgamento do mensalão ou absolver todos os culpados. Confiante no apoio de gente que nomeou, como o presidente Ayres Britto ou o relator Joaquim Barbosa, enxergou subordinados obedientes onde havia juízes honrados. Decidido a ganhar de goleada, recorreu à chantagem para enquadrar Gilmar Mendes. A vítima do achaque contou o que acontecera e Lula preferiu acompanhar o julgamento pela TV Justiça.
Atropelado em novembro pela Operação Porto Seguro, que apurou as bandalheiras da turma de Rose, o mais falante dos palanqueiros foge da história há mais de três meses. “Depois do julgamento do mensalão, há mais chance de o poderoso de plantão, apanhado com a boca na botija, pagar por seus crimes, até mesmo na cadeia”, constata Merval. É verdade, confirma a estridente mudez de Lula.