Supõe-se que esta seja também a posição da diplomacia brasileira, o que seria uma decorrência lógica da manifestação pública do chefe de Estado, mas não existe uma manifestação clara a este respeito:
Lula: "No podemos admitir países armados hasta los dientes y otros desarmados"
El presidente de Brasil lleva un mensaje de firmeza a la cumbre de seguridad nuclear
Juan Luis Cebrián, en Brasilia
EL PAÍS - Madrid - 11/04/2010
"Voy a preguntarle al presidente Obama cuál es el significado de su reciente acuerdo con Medvédev sobre la desactivación de ojivas nucleares [entre EE UU y Rusia]. ¿Desactivación de qué? Porque si estamos hablando de desactivar lo que ya estaba caducado no tiene sentido. Yo tengo también en mi casa un cajón de medicinas del que voy sacando las que caducan. O hablamos en serio de desarme o no podemos admitir que haya un grupo de países armados hasta los dientes y otros desarmados".
Así se explicó el presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, en una conversación con Juan Luis Cebrián, periodista y consejero delegado de EL PAÍS, que tuvo lugar el viernes pasado en el despacho oficial del mandatario brasileño. Lula, que asistirá a partir de mañana en Washington a la cumbre internacional sobre seguridad nuclear, recibió a Cebrián en el marco de la preparación de unas jornadas sobre Brasil que EL PAÍS y el diario Valor organizarán el mes que viene en Madrid.
"Pakistán", dijo el jefe del Estado brasileño, "tiene la bomba atómica, Israel también. Es comprensible que quien se siente presionado por esa situación pueda pensar en crear la suya. No tenemos derecho a poner a nadie contra la pared, a practicar la táctica del todo o nada".
"He explicado a Obama, a Sarkozy, a Merkel, que hay que hablar con Irán", agregó Lula. "Es un gran país, con una cultura propia, que creó una civilización. Es preciso que los iraníes sepan que pueden enriquecer uranio para fines pacíficos y que los demás tengamos la tranquilidad de que es sólo para dichos usos pacíficos. No se puede partir del prejuicio de que Ahmadineyad es un terrorista al que es preciso aislar. Tenemos que negociar. Quiero conversar con él de estos temas hasta el último minuto. Y el único límite a la posición de Brasil es el respeto a las resoluciones de Naciones Unidas, que mi país cumplirá".
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 12 de abril de 2010
2074) Diplomacia soberana na berlinda: o caso das sancoes contra o Iran
Adesão da China a sanções contra Irã pode isolar Brasil
Medidas contra Teerã devem ocupar discusões em cúpula sobre segurança nuclear nesta 2ª-feira em Washington.
BBC Brasil, 12 de abril de 2010
A posição brasileira de rejeitar novas sanções contra o Irã poderá ser posta em xeque caso a China decida apoiar as medidas, dizem analistas ouvidos pela BBC Brasil.
"Se a China concordar com novas sanções, isso vai mostrar que as grandes potências mundiais estão preocupadas com a questão nuclear do Irã", diz Mauricio Cárdenas, diretor da Iniciativa para a América Latina do Instituto Brookings, de Washington.
"E ignorar esse fato não é a direção correta a ser tomada por um país que deseja ser uma potência global", afirma.
A questão nuclear iraniana deverá estar no centro dos debates a partir desta segunda-feira, quando representantes de 47 países, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participarão da Cúpula sobre Segurança Nuclear organizada pelo governo americano em Washington.
Até o momento, Brasil e China têm adotado discursos semelhantes sobre o assunto, com manifestações contrárias à imposição de uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã e com a defesa do diálogo como melhor caminho.
Nas últimas semanas, porém, Pequim vem dando sinais de que poderia mudar sua posição.
O governo chinês já aceitou "discutir" a questão das sanções e, na última quinta-feira, enviou um representante a uma reunião entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha para debater o tema.
"O Brasil talvez tenha de acabar apoiando as sanções se a China assim o fizer", diz Alireza Nader, especialista em Irã da Rand Corporation.
Conselho de Segurança
A China é um membro permanente do Conselho de Segurança, ao lado de Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia, e por isso tem poder de veto sobre as resoluções do órgão.
O Brasil também integra o conselho, mas com uma vaga rotativa, sem poder de vetar as resoluções. O governo brasileiro, porém, deseja obter no futuro uma vaga permanente.
A Rússia, outro membro permanente que também era contrário a novas sanções contra o Irã, recentemente manifestou seu apoio às medidas.
Os Estados Unidos e outros aliados pressionam por uma quarta rodada de sanções por causa da recusa do governo iraniano em interromper seu programa de enriquecimento de urânio.
Esses países temem que o Irã esteja trabalhando secretamente para fabricar armas nucleares. O governo iraniano nega essas alegações e diz que seu programa é pacífico.
As três rodadas de sanções anteriores já aprovadas pelo Conselho de Segurança se mostraram até agora pouco eficazes em pressionar Teerã a interromper seu programa nuclear.
As novas sanções em discussão, segundo especialistas, seriam direcionadas a empresas ligadas à Guarda Revolucionária do Irã, que controlam negócios domésticos e no Exterior.
Depois que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança chegarem a um acordo sobre uma nova rodada de sanções, a proposta de resolução é levada a votação, com a participação dos outros dez membros com vagas rotativas.
Além do Brasil, Turquia e Líbano também têm se manifestado contrários a novas sanções e favoráveis a insistir no diálogo com Teerã.
Imagem
"Em geral, a posição do Brasil não seria crucial. Mas o Brasil é o único país com uma boa reputação global, considerado um 'bom cidadão global', que parece apoiar o Irã neste momento", diz o presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, Peter Hakim.
O analista afirma que não se deve esperar que o Brasil mude de posição de uma hora para outra, caso a China resolva apoiar as sanções.
"Mas vai ter que mudar em algum momento. Ou não vai ser levado a sério", diz Hakim.
O Brasil recebeu o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em novembro passado. No próximo mês, o presidente Lula deverá retribuir a visita.
Segundo Hakim, ao contrário da China, o Brasil, além de se manifestar contra as sanções e a favor do diálogo com o governo iraniano, também demonstra não acreditar que o Irã busque desenvolver armas nucleares, e está disposto a dar ao governo iraniano o benefício da dúvida.
"Agindo assim, o Brasil dá a impressão de estar desconectado dos fatos. Sugere que considera o Irã um cidadão internacional perfeitamente responsável. Dá a impressão de não estar totalmente informado sobre o papel do Irã no Oriente Médio", diz Hakim.
Mauricio Cárdenas afirma que a imagem do Brasil poderia ser arranhada caso o país insista em apoiar o Irã.
"Em uma questão que diz respeito a toda a comunidade internacional, discordar não é sinal de independência. É sinal de que o Brasil não entendeu os riscos", diz o analista do Brookings.
Cúpula
A programação oficial da Cúpula de Segurança Nuclear prevê plenárias e discussões sobre a cooperação internacional para evitar o terrorismo nuclear.
Segundo a Casa Branca, os países vão discutir medidas conjuntas e individuais e buscar um plano de ação sobre o tema.
A questão iraniana não aparece na agenda oficial, mas deverá movimentar os encontros bilaterais previstos para os dois dias do encontro.
O presidente americano, Barack Obama, vem mantendo uma série de discussões bilaterais desde domingo. Nesta segunda-feira, uma de suas reuniões será com o presidente da China, Hu Jintao.
A cúpula ocorre no momento em que a questão nuclear ocupa espaço de destaque na agenda política de Obama.
Na semana passada o presidente americano apresentou uma nova estratégia de defesa que restringe o uso de suas armas nucleares, embora o entendimento da estratégia possa abrir uma exceção para o Irã e a Coreia do Norte. Também assinou com a Rússia um acordo bilateral de redução dos arsenais nucleares dos dois países, o principal tratado do tipo em 20 anos.
O presidente Lula não tem encontros bilaterais previstos com Obama. Entre as reuniões privadas já confirmadas, estão encontros com os líderes da Itália, Turquia, Japão, Canadá e França.
O programa nuclear brasileiro também estará em pauta em maio, quando ocorre em Nova York a conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. BBC Brasil
Medidas contra Teerã devem ocupar discusões em cúpula sobre segurança nuclear nesta 2ª-feira em Washington.
BBC Brasil, 12 de abril de 2010
A posição brasileira de rejeitar novas sanções contra o Irã poderá ser posta em xeque caso a China decida apoiar as medidas, dizem analistas ouvidos pela BBC Brasil.
"Se a China concordar com novas sanções, isso vai mostrar que as grandes potências mundiais estão preocupadas com a questão nuclear do Irã", diz Mauricio Cárdenas, diretor da Iniciativa para a América Latina do Instituto Brookings, de Washington.
"E ignorar esse fato não é a direção correta a ser tomada por um país que deseja ser uma potência global", afirma.
A questão nuclear iraniana deverá estar no centro dos debates a partir desta segunda-feira, quando representantes de 47 países, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participarão da Cúpula sobre Segurança Nuclear organizada pelo governo americano em Washington.
Até o momento, Brasil e China têm adotado discursos semelhantes sobre o assunto, com manifestações contrárias à imposição de uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã e com a defesa do diálogo como melhor caminho.
Nas últimas semanas, porém, Pequim vem dando sinais de que poderia mudar sua posição.
O governo chinês já aceitou "discutir" a questão das sanções e, na última quinta-feira, enviou um representante a uma reunião entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha para debater o tema.
"O Brasil talvez tenha de acabar apoiando as sanções se a China assim o fizer", diz Alireza Nader, especialista em Irã da Rand Corporation.
Conselho de Segurança
A China é um membro permanente do Conselho de Segurança, ao lado de Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia, e por isso tem poder de veto sobre as resoluções do órgão.
O Brasil também integra o conselho, mas com uma vaga rotativa, sem poder de vetar as resoluções. O governo brasileiro, porém, deseja obter no futuro uma vaga permanente.
A Rússia, outro membro permanente que também era contrário a novas sanções contra o Irã, recentemente manifestou seu apoio às medidas.
Os Estados Unidos e outros aliados pressionam por uma quarta rodada de sanções por causa da recusa do governo iraniano em interromper seu programa de enriquecimento de urânio.
Esses países temem que o Irã esteja trabalhando secretamente para fabricar armas nucleares. O governo iraniano nega essas alegações e diz que seu programa é pacífico.
As três rodadas de sanções anteriores já aprovadas pelo Conselho de Segurança se mostraram até agora pouco eficazes em pressionar Teerã a interromper seu programa nuclear.
As novas sanções em discussão, segundo especialistas, seriam direcionadas a empresas ligadas à Guarda Revolucionária do Irã, que controlam negócios domésticos e no Exterior.
Depois que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança chegarem a um acordo sobre uma nova rodada de sanções, a proposta de resolução é levada a votação, com a participação dos outros dez membros com vagas rotativas.
Além do Brasil, Turquia e Líbano também têm se manifestado contrários a novas sanções e favoráveis a insistir no diálogo com Teerã.
Imagem
"Em geral, a posição do Brasil não seria crucial. Mas o Brasil é o único país com uma boa reputação global, considerado um 'bom cidadão global', que parece apoiar o Irã neste momento", diz o presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, Peter Hakim.
O analista afirma que não se deve esperar que o Brasil mude de posição de uma hora para outra, caso a China resolva apoiar as sanções.
"Mas vai ter que mudar em algum momento. Ou não vai ser levado a sério", diz Hakim.
O Brasil recebeu o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em novembro passado. No próximo mês, o presidente Lula deverá retribuir a visita.
Segundo Hakim, ao contrário da China, o Brasil, além de se manifestar contra as sanções e a favor do diálogo com o governo iraniano, também demonstra não acreditar que o Irã busque desenvolver armas nucleares, e está disposto a dar ao governo iraniano o benefício da dúvida.
"Agindo assim, o Brasil dá a impressão de estar desconectado dos fatos. Sugere que considera o Irã um cidadão internacional perfeitamente responsável. Dá a impressão de não estar totalmente informado sobre o papel do Irã no Oriente Médio", diz Hakim.
Mauricio Cárdenas afirma que a imagem do Brasil poderia ser arranhada caso o país insista em apoiar o Irã.
"Em uma questão que diz respeito a toda a comunidade internacional, discordar não é sinal de independência. É sinal de que o Brasil não entendeu os riscos", diz o analista do Brookings.
Cúpula
A programação oficial da Cúpula de Segurança Nuclear prevê plenárias e discussões sobre a cooperação internacional para evitar o terrorismo nuclear.
Segundo a Casa Branca, os países vão discutir medidas conjuntas e individuais e buscar um plano de ação sobre o tema.
A questão iraniana não aparece na agenda oficial, mas deverá movimentar os encontros bilaterais previstos para os dois dias do encontro.
O presidente americano, Barack Obama, vem mantendo uma série de discussões bilaterais desde domingo. Nesta segunda-feira, uma de suas reuniões será com o presidente da China, Hu Jintao.
A cúpula ocorre no momento em que a questão nuclear ocupa espaço de destaque na agenda política de Obama.
Na semana passada o presidente americano apresentou uma nova estratégia de defesa que restringe o uso de suas armas nucleares, embora o entendimento da estratégia possa abrir uma exceção para o Irã e a Coreia do Norte. Também assinou com a Rússia um acordo bilateral de redução dos arsenais nucleares dos dois países, o principal tratado do tipo em 20 anos.
O presidente Lula não tem encontros bilaterais previstos com Obama. Entre as reuniões privadas já confirmadas, estão encontros com os líderes da Itália, Turquia, Japão, Canadá e França.
O programa nuclear brasileiro também estará em pauta em maio, quando ocorre em Nova York a conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. BBC Brasil
2073) Confusoes monetarias nos Brics
Raramente assisti, em temas internacionais, a uma exposição pública de dúvidas, indefinições, hesitações, confusão mental quanto ao que se pretende fazer. Em diplomacia é certamente bizarro esse tipo de confissão pública sobre incertezas de propósitos.
O tema da moeda única, ou da moeda alternativa ao dólar, que deveria se prestar a sustentar as relações comerciais (e outras) entre os Bric, tem demonstrado que isso é possível. Raramente ocorre na exposição pública de determinadas decisões entre países normais tal demonstração de indefinição de vaguidão nas políticas, mas por vezes acontece essa "coisa" de não se saber bem o que se pretende, mas isso apenas entre países que não sabem bem onde se situam no mundo, a que galáxia pertencem, enfim, pessoas e instituições perdidas no espaço, pode acontecer assim...
Lula vai propor aos países do BRIC adoção de moeda única
Karina Nappi
Diário do Comércio e Indústria, 09/04/10
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os representantes dos países que integram o BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China - se reúnem em Brasília na próxima semana para discutir questões comuns aos países. Um dos temas que serão abordados na 2ª Cúpula do BRIC é a adoção de uma moeda alternativa a ser adotada pelo grupo nos acordos comerciais. A pedido dos chineses, está na mesa a proposta de escolher uma moeda que não seja o dólar.
Por enquanto, os debates estão em nível técnico. Nas relações multilaterais, a ideia é ampliar as parcerias e buscar mecanismos para fortalecer o grupo no cenário internacional.
"É uma obrigação de todos os países buscar um mecanismo com mais sustentabilidade. Mas não se trata de fazer nada [de modo] açodado. Ninguém pretende fazer algo que dê marolas ou ondas excessivas", afirmou o subsecretário-geral Político do Itamaraty, Roberto Jaguaribe, que coordena a cúpula.
Segundo o embaixador, os técnicos dos bancos centrais dos países integrantes do BRIC vão se reunir para discutir o tema. De acordo com ele, o objetivo é que o grupo seja reconhecido como um fórum de coordenação e negociação, não uma entidade normativa. "O BRIC não pretende ser um grupo como o G-7 ou G-8, mas um fórum de conversas. É um esforço de coordenação, não um grupo normativo", disse ele.
Jaguaribe afirmou que há cálculos que indicam que de 2000 a 2008 as nações do BRIC foram responsáveis pelo maior crescimento econômico no mundo. "[O grupo] passou a ser um instrumento de análise e virou uma categoria de compreensão dos entendimentos do comércio", disse.
Apesar de diferenças pontuais entre seus integrantes, o BRIC considera que há muitas questões convergentes. O Brasil e a Rússia são grandes produtores de matérias-primas, os brasileiros, de alimentos e os russos, de petróleo. A Índia concentra o setor de serviços, enquanto a China acelera o crescimento industrial tornando um dos principais parceiros de vários países. Com economias em desenvolvimento, todas as nações se sentem unidas pelas dificuldades no cenário internacional.
O tema da moeda única, ou da moeda alternativa ao dólar, que deveria se prestar a sustentar as relações comerciais (e outras) entre os Bric, tem demonstrado que isso é possível. Raramente ocorre na exposição pública de determinadas decisões entre países normais tal demonstração de indefinição de vaguidão nas políticas, mas por vezes acontece essa "coisa" de não se saber bem o que se pretende, mas isso apenas entre países que não sabem bem onde se situam no mundo, a que galáxia pertencem, enfim, pessoas e instituições perdidas no espaço, pode acontecer assim...
Lula vai propor aos países do BRIC adoção de moeda única
Karina Nappi
Diário do Comércio e Indústria, 09/04/10
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os representantes dos países que integram o BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China - se reúnem em Brasília na próxima semana para discutir questões comuns aos países. Um dos temas que serão abordados na 2ª Cúpula do BRIC é a adoção de uma moeda alternativa a ser adotada pelo grupo nos acordos comerciais. A pedido dos chineses, está na mesa a proposta de escolher uma moeda que não seja o dólar.
Por enquanto, os debates estão em nível técnico. Nas relações multilaterais, a ideia é ampliar as parcerias e buscar mecanismos para fortalecer o grupo no cenário internacional.
"É uma obrigação de todos os países buscar um mecanismo com mais sustentabilidade. Mas não se trata de fazer nada [de modo] açodado. Ninguém pretende fazer algo que dê marolas ou ondas excessivas", afirmou o subsecretário-geral Político do Itamaraty, Roberto Jaguaribe, que coordena a cúpula.
Segundo o embaixador, os técnicos dos bancos centrais dos países integrantes do BRIC vão se reunir para discutir o tema. De acordo com ele, o objetivo é que o grupo seja reconhecido como um fórum de coordenação e negociação, não uma entidade normativa. "O BRIC não pretende ser um grupo como o G-7 ou G-8, mas um fórum de conversas. É um esforço de coordenação, não um grupo normativo", disse ele.
Jaguaribe afirmou que há cálculos que indicam que de 2000 a 2008 as nações do BRIC foram responsáveis pelo maior crescimento econômico no mundo. "[O grupo] passou a ser um instrumento de análise e virou uma categoria de compreensão dos entendimentos do comércio", disse.
Apesar de diferenças pontuais entre seus integrantes, o BRIC considera que há muitas questões convergentes. O Brasil e a Rússia são grandes produtores de matérias-primas, os brasileiros, de alimentos e os russos, de petróleo. A Índia concentra o setor de serviços, enquanto a China acelera o crescimento industrial tornando um dos principais parceiros de vários países. Com economias em desenvolvimento, todas as nações se sentem unidas pelas dificuldades no cenário internacional.
2072) Mercados nunca falham - paper de Fred Foldvary
Quase 100 por cento dos economistas e a maior parte dos manuais de economia falam das "falhas de mercado" como se fosse uma verdade absoluta, ou seja, que os mercados são imperfeitos e que eles muito frequentemente falham, sendo portanto preciso a "mão salvadora" do Estado para recolocar os mercados no seu lugarzinho "correto".
Nada mais errada do que essa concepção, e eu mesmo já escrevi exatamente a mesma frase em alguns dos meus textos elaborados no auge da crise financeira americana de 2008 que se transformou na crise econômica internacional de 2009. Mercados podem até tardar um pouco -- já que dependem da ação de indivíduos ou de grupos de agentes econômicos que continuam a imprimir certa numa força numa determinada direção -- mas inevitavelmente farão o que eles sempre fazem: corrigir os desequilíbrios acumulados numa ponta pelo restabelecimento das relações "corretas" entre os diferentes elementos em jogo.
O que é falho, certamente, e a qualidade e o volume das informações disponíveis aos agentes intervindo nos mercados, mas esse é um problema técnico que não envolve nenhuma falha do mercado em si, pois a informação disponível sempre está lá, apenas que não é percebida pelos agentes, ou por serem distraídos, ou por serem apressados, ou por não se darem ao trabalho de coletar essa informação, ou porque simplesmente eles não querem ver.
O trabalho abaixo de um economista americano confirma a minha percepção de não economista (mas de estudioso da economia), de uma forma elegante e sistemática.
Markets Never Fail
Fred E. Foldvary
Dept. of Economics, Santa Clara University
ffoldvary@scu.edu
Available here
Session 6.4: The State Versus the Market, I
APEE Conference, Las Vegas, April 4, 2006
"Private Solutions to Market Failures: Is Government Always the Answer?"
Abstract:
Mainstream allegations of market failure are based on misunderstandings of markets, governance, and ethics. This paper dissects the categories of alleged market failure: externalities, public goods, market structures, asymmetries, irrational behavior, injustice, and lack of sustainability. The analysis reveals that none of these phenomena contain any inherent market failures.
....
Almost all economists believe in the doctrine of market failure. Every widely-used textbook of economics presents the doctrine that markets fail. The mainstream view in economics is that an economy with "perfect competition" would be efficient, but the real world has no perfect competition, and market outcomes are inequitable, so market failure is ubiquitous. Markets always fail, and the only issue to be discussed is the degree of failure. That degree, it is said, is especially severe in the case of public goods, externalities, informational asymmetries, and economic justice.
Ler a íntegra do texto aqui, ou no site original do autor, aqui.
Nada mais errada do que essa concepção, e eu mesmo já escrevi exatamente a mesma frase em alguns dos meus textos elaborados no auge da crise financeira americana de 2008 que se transformou na crise econômica internacional de 2009. Mercados podem até tardar um pouco -- já que dependem da ação de indivíduos ou de grupos de agentes econômicos que continuam a imprimir certa numa força numa determinada direção -- mas inevitavelmente farão o que eles sempre fazem: corrigir os desequilíbrios acumulados numa ponta pelo restabelecimento das relações "corretas" entre os diferentes elementos em jogo.
O que é falho, certamente, e a qualidade e o volume das informações disponíveis aos agentes intervindo nos mercados, mas esse é um problema técnico que não envolve nenhuma falha do mercado em si, pois a informação disponível sempre está lá, apenas que não é percebida pelos agentes, ou por serem distraídos, ou por serem apressados, ou por não se darem ao trabalho de coletar essa informação, ou porque simplesmente eles não querem ver.
O trabalho abaixo de um economista americano confirma a minha percepção de não economista (mas de estudioso da economia), de uma forma elegante e sistemática.
Markets Never Fail
Fred E. Foldvary
Dept. of Economics, Santa Clara University
ffoldvary@scu.edu
Available here
Session 6.4: The State Versus the Market, I
APEE Conference, Las Vegas, April 4, 2006
"Private Solutions to Market Failures: Is Government Always the Answer?"
Abstract:
Mainstream allegations of market failure are based on misunderstandings of markets, governance, and ethics. This paper dissects the categories of alleged market failure: externalities, public goods, market structures, asymmetries, irrational behavior, injustice, and lack of sustainability. The analysis reveals that none of these phenomena contain any inherent market failures.
....
Almost all economists believe in the doctrine of market failure. Every widely-used textbook of economics presents the doctrine that markets fail. The mainstream view in economics is that an economy with "perfect competition" would be efficient, but the real world has no perfect competition, and market outcomes are inequitable, so market failure is ubiquitous. Markets always fail, and the only issue to be discussed is the degree of failure. That degree, it is said, is especially severe in the case of public goods, externalities, informational asymmetries, and economic justice.
Ler a íntegra do texto aqui, ou no site original do autor, aqui.
domingo, 11 de abril de 2010
2071) A frase da semana: Jose Serra
A frase da semana, quem sabe do mês, talvez do ano:
QUANTO MAIS OS ADVERSÁRIOS FALAREM MENTIRAS SOBRE NÓS, MAIS VERDADES FALAREMOS SOBRE ELES.
JOSÉ SERRA
(10.04.2010)
QUANTO MAIS OS ADVERSÁRIOS FALAREM MENTIRAS SOBRE NÓS, MAIS VERDADES FALAREMOS SOBRE ELES.
JOSÉ SERRA
(10.04.2010)
2070) Kissinger: amigo das ditaduras...
...das que eram amigas dos EUA, obviamente.
Henri Kissinger era obviamente um democrata, no sentido constitucional da palavra. Mas, em política externa, se tratava de um realista cínico.
Era "amigo" (no sentido figurado) de todos os regimes que fossem amigos ou aliados dos EUA, no contexto da Guerra Fria. Como patriota americano, sua missão principal era a de cuidar dos interesses nacionais americanos, e portanto de um ambiente internacional que fosse o mais possível favorável a esses interesses, independentemente do tipo de regime político e do tipo de ocupante político estivesse no cargo (ditadores poderiam ser deixados em paz se eles favorecessem os interesses americanos).
Abaixo, controvérsias que refazem superfície...
Paulo Roberto de Almeida (11.04.2010)
Cable Ties Kissinger to Chile Controversy
By THE ASSOCIATED PRESS
The New York Times, April 10, 2010
WASHINGTON (AP) -- As secretary of state, Henry Kissinger canceled a U.S. warning against carrying out international political assassinations that was to have gone to Chile and two neighboring nations just days before a former ambassador was killed by Chilean agents on Washington's Embassy Row in 1976, a newly released State Department cable shows.
Whether Kissinger played a role in blocking the delivery of the warning against assassination to the governments of Chile, Argentina and Uruguay has long been a topic of controversy.
Discovered in recent weeks by the National Security Archive, a non-profit research organization, the Sept. 16, 1976 cable is among tens of thousands of declassified State Department documents recently made available to the public.
In 1976, the South American nations of Chile, Argentina and Uruguay were engaged in a program of repression code-named Operation Condor that targeted those governments' political opponents throughout Latin America, Europe and even the United States.
Based on information from the CIA, the U.S. State Department became concerned that Condor included plans for political assassination around the world. The State Department drafted a plan to deliver a stern message to the three governments not to engage in such murders.
In the Sept. 16, 1976 cable, the topic of one paragraph is listed as ''Operation Condor,'' preceded by the words ''(KISSINGER, HENRY A.) SUBJECT: ACTIONS TAKEN.'' The cable states that ''secretary declined to approve message to Montevideo'' Uruguay ''and has instructed that no further action be taken on this matter.''
''The Sept. 16 cable is the missing piece of the historical puzzle on Kissinger's role in the action, and inaction, of the U.S. government after learning of Condor assassination plots,'' Peter Kornbluh, the National Security Archive's senior analyst on Chile, said Saturday. Kornbluh is the author of ''The Pinochet File: A Declassified Dossier on Atrocity and Accountability.''
Jessica LePorin, a spokeswoman for Kissinger, says that the former secretary of state dealt many years ago with questions concerning the cancellation of the warnings to the South American governments and had no further comment on the matter.
Kissinger has dealt with the issue indirectly. Writing in defense of Kissinger in 2004 when the issue arose, William D. Rogers, Kissinger's former assistant secretary of state, said Kissinger ''had nothing to do with'' a Sept. 20, 1976 cable instructing that the warnings to Chile, Argentina and Uruguay be canceled. Rogers died in 2007.
''You can instruct'' the U.S. ambassadors ''to take no further action'' on the subject of Operation Condor, said the Sept. 20 cable by Harry Shlaudeman, assistant secretary of state for Inter-American affairs, to Shlaudeman's deputy.
The next day, on Sept. 21, 1976, agents of Chilean Gen. Augusto Pinochet planted a car bomb and exploded it on a Washington, D.C., street, killing both former Ambassador Orlando Letelier, and an American colleague, Ronni Karpen Moffitt. Letelier was one of the most outspoken critics of the Pinochet government.
Nearly a month before the blast, the State Department seemed intent on delivering a strong message to the governments engaged in Operation Condor.
An Aug. 23, 1976 State Department cable instructs the U.S. embassies in the capitals of Chile, Argentina and Uruguay to ''seek appointment as soon as possible with highest appropriate official, preferably the chief of state.''
The message that was to be conveyed: the U.S. government knows that Operation Condor may ''include plans for the assassination of subversives, politicians and prominent figures both within the national borders of certain ... countries and abroad.''
''What we are trying to head off is a series of international murders that could do serious damage to the international status and reputation of the countries involved,'' Shlaudeman wrote in a memo to Kissinger dated Aug. 30, 1976. That memo is referenced in the newly disclosed Sept. 16, 1976 cable containing Kissinger's name.
Concerns among the ambassadors may have led to cancellation of the planned warning.
In the Aug. 30, 1976 memo, Shlaudeman discussed a possibility that the U.S. ambassador in Uruguay might be endangered by delivering a warning against assassination. The U.S. ambassador to Chile said that Pinochet might take as an insult any inference that he was connected with assassination plots.
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On the Net:
National Security Archive: www.nsarchive.org
Henri Kissinger era obviamente um democrata, no sentido constitucional da palavra. Mas, em política externa, se tratava de um realista cínico.
Era "amigo" (no sentido figurado) de todos os regimes que fossem amigos ou aliados dos EUA, no contexto da Guerra Fria. Como patriota americano, sua missão principal era a de cuidar dos interesses nacionais americanos, e portanto de um ambiente internacional que fosse o mais possível favorável a esses interesses, independentemente do tipo de regime político e do tipo de ocupante político estivesse no cargo (ditadores poderiam ser deixados em paz se eles favorecessem os interesses americanos).
Abaixo, controvérsias que refazem superfície...
Paulo Roberto de Almeida (11.04.2010)
Cable Ties Kissinger to Chile Controversy
By THE ASSOCIATED PRESS
The New York Times, April 10, 2010
WASHINGTON (AP) -- As secretary of state, Henry Kissinger canceled a U.S. warning against carrying out international political assassinations that was to have gone to Chile and two neighboring nations just days before a former ambassador was killed by Chilean agents on Washington's Embassy Row in 1976, a newly released State Department cable shows.
Whether Kissinger played a role in blocking the delivery of the warning against assassination to the governments of Chile, Argentina and Uruguay has long been a topic of controversy.
Discovered in recent weeks by the National Security Archive, a non-profit research organization, the Sept. 16, 1976 cable is among tens of thousands of declassified State Department documents recently made available to the public.
In 1976, the South American nations of Chile, Argentina and Uruguay were engaged in a program of repression code-named Operation Condor that targeted those governments' political opponents throughout Latin America, Europe and even the United States.
Based on information from the CIA, the U.S. State Department became concerned that Condor included plans for political assassination around the world. The State Department drafted a plan to deliver a stern message to the three governments not to engage in such murders.
In the Sept. 16, 1976 cable, the topic of one paragraph is listed as ''Operation Condor,'' preceded by the words ''(KISSINGER, HENRY A.) SUBJECT: ACTIONS TAKEN.'' The cable states that ''secretary declined to approve message to Montevideo'' Uruguay ''and has instructed that no further action be taken on this matter.''
''The Sept. 16 cable is the missing piece of the historical puzzle on Kissinger's role in the action, and inaction, of the U.S. government after learning of Condor assassination plots,'' Peter Kornbluh, the National Security Archive's senior analyst on Chile, said Saturday. Kornbluh is the author of ''The Pinochet File: A Declassified Dossier on Atrocity and Accountability.''
Jessica LePorin, a spokeswoman for Kissinger, says that the former secretary of state dealt many years ago with questions concerning the cancellation of the warnings to the South American governments and had no further comment on the matter.
Kissinger has dealt with the issue indirectly. Writing in defense of Kissinger in 2004 when the issue arose, William D. Rogers, Kissinger's former assistant secretary of state, said Kissinger ''had nothing to do with'' a Sept. 20, 1976 cable instructing that the warnings to Chile, Argentina and Uruguay be canceled. Rogers died in 2007.
''You can instruct'' the U.S. ambassadors ''to take no further action'' on the subject of Operation Condor, said the Sept. 20 cable by Harry Shlaudeman, assistant secretary of state for Inter-American affairs, to Shlaudeman's deputy.
The next day, on Sept. 21, 1976, agents of Chilean Gen. Augusto Pinochet planted a car bomb and exploded it on a Washington, D.C., street, killing both former Ambassador Orlando Letelier, and an American colleague, Ronni Karpen Moffitt. Letelier was one of the most outspoken critics of the Pinochet government.
Nearly a month before the blast, the State Department seemed intent on delivering a strong message to the governments engaged in Operation Condor.
An Aug. 23, 1976 State Department cable instructs the U.S. embassies in the capitals of Chile, Argentina and Uruguay to ''seek appointment as soon as possible with highest appropriate official, preferably the chief of state.''
The message that was to be conveyed: the U.S. government knows that Operation Condor may ''include plans for the assassination of subversives, politicians and prominent figures both within the national borders of certain ... countries and abroad.''
''What we are trying to head off is a series of international murders that could do serious damage to the international status and reputation of the countries involved,'' Shlaudeman wrote in a memo to Kissinger dated Aug. 30, 1976. That memo is referenced in the newly disclosed Sept. 16, 1976 cable containing Kissinger's name.
Concerns among the ambassadors may have led to cancellation of the planned warning.
In the Aug. 30, 1976 memo, Shlaudeman discussed a possibility that the U.S. ambassador in Uruguay might be endangered by delivering a warning against assassination. The U.S. ambassador to Chile said that Pinochet might take as an insult any inference that he was connected with assassination plots.
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On the Net:
National Security Archive: www.nsarchive.org
2069) Cuba: uma ditadura que apodrece e sua juventude rebelde
Juventude rebelde
Duda Teixeira, de Havana
Revista Veja, 14 de abril de 2010
(sem as fotos para não sobrecarregar demais este post)
Eles têm a idade que os barbudos tinham quando desceram com Fidel Castro a Sierra Maestra - e a mesma sede de liberdade. São os jovens cubanos em luta contra a miséria moral e material da ditadura comunista. Suas armas são blogs, festas punk e hip-hop
As ruas de Havana Velha estão sempre cheias de turistas que, depois de tomar seu mojito na Bodeguita del Medio, vão aos ambulantes comprar camisetas de Che Guevara, charutos desviados das tabacarias estatais e comprimidos clandestinos de PPG, droga derivada da cana-de-açúcar receitada para controlar o colesterol e tida como afrodisíaca. Quem se aventura além dessa vitrine de produtos típicos do socialismo cubano encontra a Cuba real dos cortiços superlotados e caindo aos pedaços. A Cuba das panelas vazias, do medo e da delação. Mas também a Cuba da resistência jovem à ditadura comunista.
Ao cruzar a porta de um desses cortiços, no topo de uma escada íngreme e precária, chega-se à cozinha, onde um jovem tecla em um notebook Compaq cujo peso e tamanho denunciam sua antiguidade tecnológica. Ao lado do computador, colado na mesa, há um adesivo com a bandeira de Cuba, o símbolo da arroba e a expressão "Internet para todos". Na gerontocracia dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que governam a ilha há 51 anos, o acesso à web é restrito a certas repartições públicas, hotéis, embaixadas e às casas dos chefões do regime. Fora dos círculos privilegiados da nomenklatura castrista, a internet é, digamos, manual. O velho Compaq está com sua memória cheia de arquivos com reportagens de jornais espanhóis e americanos, músicas de protesto e blogs feitos por cubanos na ilha e no exílio. Essa biblioteca digital, considerada subversiva pela ditadura comunista, é enriquecida semanalmente por pen drives que passam de mão em mão, de porta USB a porta USB, abrindo uma trilha digital de liberdade em meio à selva da opressão comunista.
Dessa maneira, uma única pessoa com acesso esporádico à internet consegue abastecer centenas de amigos com informações sobre o mundo e sobre Cuba. Essa panfletagem pós-moderna conecta milhares de jovens cubanos. A geração que hoje está na faixa dos 20 ou dos 30 anos é a segunda a nascer após a revolução de 1959. Desde pequenos, esses cubanos foram criados para idolatrar Fidel Castro e jamais contestar o sistema socialista. O medo da violência policial, das prisões, da vigilância dos vizinhos colaboracionistas e da perda de emprego, no entanto, já não é o suficiente para calá-los. A juventude cubana está se rebelando.
Prever quando uma ditadura longeva vai se extinguir é impossível. A história mostra, contudo, que a derrocada dos tiranos quase sempre é precedida pelo surgimento de um grupo de pessoas tão saturado da falta de liberdade que já não teme a violência política. Cuba parece estar nesse estágio. Cinco anos atrás, era impensável ter jovens cubanos expondo o rosto e suas opiniões como os que aparecem nesta reportagem. Hoje, eles fazem questão de ser vistos e escutados. Reivindicam liberdade de expressão e o direito de usar a internet, viajar e seguir a profissão de seus sonhos. Raramente fazem parte de um grupo organizado (ainda que clandestino) de oposição, tampouco têm um projeto político. Apesar de não se considerarem dissidentes, são rotulados como tal, o que não é de estranhar em um país onde ou se está com o governo ou contra ele. Diz a blogueira Yoani Sánchez: "Em Cuba, basta respirar para ser dissidente". Que dizer quando se tem a ousadia de escrever frases de protesto nas roupas, de criar blogs para descrever a realidade do país ou de compor músicas denunciando o fracasso da economia planificada. Esses atos aparentemente solitários e quase ingênuos de rebeldia são arriscados. Muitos já foram presos e/ou apanharam da polícia. Desde o mês passado, a penitenciária de Santa Clara mantém o prisioneiro de consciência mais jovem da ilha, Danny Perez Rodriguez, de 18 anos. Seu crime: sair às ruas para gritar "Abaixo Fidel!" em protesto contra o fato de ter perdido o emprego apenas por ser filho de um preso político.
A coragem da juventude rebelde de Cuba deve muito ao exemplo dado pela dissidência pacífica formada nos anos 90, que conseguiu conquistar certa projeção internacional aproveitando-se da abertura ao turismo. A entrada de estrangeiros e de dólares foi a solução paliativa encontrada pelo governo cubano para compensar a perda do financiamento soviético, após a queda do Muro de Berlim, em 1989. O movimento de oposição foi em grande parte abafado em 2003 com a prisão de 75 dissidentes, no que ficou conhecido como a Primavera Negra. O episódio é relembrado todos os domingos pelas mulheres, irmãs e filhas dos presos políticos durante uma passeata pelas ruas de Havana. Vestidas de branco e armadas apenas com uma flor na mão, em referência à primavera, elas são agredidas por agentes do regime e forçadas a voltar para casa. Manifestações de rua são o tipo de protesto mais temido pelos irmãos Castro porque é o mais visível para a população. Por isso, o regime não poupa medidas para intimidar os manifestantes. Em novembro passado, por exemplo, o artista plástico Amaury Pacheco, de 40 anos, organizador de uma passeata em Havana pela não violência, foi preso por policiais e levado para a delegacia. O interrogatório durou três horas, tempo necessário para impedir que Pacheco participasse da passeata. Quando a sessão de tortura psicológica acabou, Pacheco recusou-se a ir embora. "Fiquei para explicar por que sou contra a violência", diz o artista plástico.
(Fotos:)
Na semana passada, aconteceu em Havana o Congresso da União de Jovens Comunistas (UJC), que vive uma crise de quadros
DESMOTIVAÇÃO Ao completarem 32 anos, os jovens da UJC são convidados a ingressar no Partido Comunista de Cuba. Menos da metade deles tem aceitado o convite
FUGA EM MASSA Neste ano, 3 600 jovens pediram a desfiliação da UJC em protesto contra o regime, um recorde
IDADE AVANÇADA O controle da UJC está nas mãos de anciãos como Raúl Castro, de 78 anos, e José Machado Ventura, de 79
A vitalidade da UJC sustentava-se no fato de que fazer parte da organização era o caminho mais curto para conseguir os melhores empregos públicos (em uma economia estatizada como a cubana, praticamente todos) e os mais altos salários. Isso não existe mais. A técnica de contabilidade Claudia Cadelo, de 26 anos, por exemplo, chegou a trabalhar em um salão de beleza do governo onde ganhava o equivalente a 7 dólares por mês – o valor não dá nem para pagar uma hora de acesso à internet em um hotel. Insatisfeita, pediu demissão e foi vender roupas e sorvete nas ruas. Mais tarde, passou a dar aulas particulares de francês. Com isso, multiplicou por cinco sua renda. "Ninguém mais vê vantagem em trabalhar para o governo", diz Claudia, uma das blogueiras mais aguerridas da ilha e, por decisão da repressão castrista, persona non grata em eventos públicos. O esvaziamento dos empregos formais também está registrado na música El Comandante, da banda punk Porno para Ricardo. A letra diz: "Não seja tão estúpido, Coma Andante / Se quer que eu trabalhe / Vai ter de me pagar antes". A banda, que foi proibida de fazer shows em lugares públicos, burla a censura tocando em festas na casa de amigos e em terrenos baldios de Havana.
Os jornais do regime, como o Granma, o Juventud Rebelde e o Trabajadores, os únicos com direito a circular nacionalmente em Cuba, esforçam-se por difamar as vozes dissonantes no país acusando-as de ser financiadas pela CIA, o serviço secreto americano. "A mesma mentira, repetida durante cinco décadas, não se torna uma verdade", diz a blogueira Yoani Sánchez. Ela e outros cubanos críticos ao governo são pobres como quase toda a população e sobrevivem fazendo bicos. Yoani dá aulas de espanhol para estrangeiros e às vezes atua como guia turística informal. Há também os que recebem dinheiro de parentes que vivem no exterior. A dificuldade de conseguir um sustento mínimo é até maior para quem ousa expressar-se livremente ou frequentar shows clandestinos, porque o aparato estatal de repressão faz de tudo para atrapalhar. Os jovens mais ativos, por exemplo, são seguidos na rua por policiais à paisana e hostilizados pelos vizinhos. Seus encontros com estrangeiros são delatados por motoristas de táxi, quase todos ex-agentes do Ministério do Interior. Frequentemente, são detidos por algumas horas e depois liberados. Alguns são encarcerados por tempo indefinido. Nas contas de Elizardo Sánchez, diretor da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, em Havana, três de cada quatro presos em Cuba têm menos de 35 anos. Cerca de 4 000 deles foram detidos com base no artigo de "periculosidade pré-delitiva", um estranho tópico da legislação cubana que permite ao governo prender qualquer indivíduo com base na suspeita de que ele possa, um dia, cometer um crime.
Entre as diferentes formas de protesto que se tornaram corriqueiras em Cuba, a mais extrema é a greve de fome. Em fevereiro passado, o pedreiro Orlando Zapata Tamayo morreu após ficar 85 dias sem comer na prisão. Ele protestava contra as condições degradantes da cadeia. Em seguida, o psicólogo e jornalista Guillermo Fariñas parou de se alimentar e de se hidratar para pedir a libertação de 26 presos políticos que enfrentam problemas de saúde. Na semana passada, a greve de fome de Fariñas completou 47 dias. Ele só permanecia vivo porque, após perder a consciência, foi internado e forçado a receber alimentação parenteral, injetada diretamente na veia do braço. Raúl Castro, que herdou de seu irmão Fidel o posto de ditador, chamou Fariñas de chantagista e o acusou de ser financiado pelos Estados Unidos. "Se alguma vez meu filho foi mercenário, foi quando lutou como soldado cubano na guerra civil de Angola, pago pela União Soviética", diz Alícia Hernandez, de 72 anos, mãe de Fariñas. Ela convidou a reportagem de VEJA para conferir o que preparava no fogão para o jantar. A comida que mal dava para uma pessoa teria de alimentar três: ela, a filha e a neta. Mais do que as acusações do governo cubano, no entanto, o que mais ofendeu Alícia foi o fato de o presidente Lula ter comparado Fariñas aos prisioneiros comuns brasileiros. "Meu filho não matou e não roubou: tudo o que ele faz é pelos outros", diz Alícia.
O sacrifício de Zapata e Fariñas é visto com admiração pela juventude cubana. Mas, ao contrário desses dissidentes, que um dia acreditaram no regime cubano e acabaram se desiludindo, os jovens de hoje nunca abraçaram de fato a ideologia comunista. Eles fazem parte de uma geração consciente de ser fruto de um experimento histórico fracassado que, criado pelas armas e viabilizado pelos pelotões de fuzilamento, se mantém há meio século. A angústia básica dos jovens cubanos é simplesmente não ter futuro. "A história da revolução e os ditames do partido comunista não têm a menor importância para eles", diz o economista Oscar Espinosa Chepe, de Havana. "Eles olham para a frente e querem uma vida melhor, com mais liberdade." O veterano dissidente recorda que, há cinco anos, apenas ele e meia dúzia de pessoas criticavam o castrismo abertamente. Hoje, são milhares. Uma das medidas do vigor desse fenômeno é a debilidade da organização que se propõe a renovar os quadros do partido comunista, a União de Jovens Comunistas (UJC). Na semana passada, havia mais rapazes e moças se prostituindo no centro histórico, nos hotéis e no Malecón, a avenida costeira de Havana, do que discutindo o futuro do comunismo no congresso da UJC. O evento foi presidido por Raúl Castro e José Ramón Machado Ventura, um jovem combativo de 79 anos. A única função dos participantes com menos de duas décadas de vida é balançar bandeirinhas de Cuba, como demonstrou a presença de Elian González, de 16 anos. Em 1999, aos 6 anos, Elian tornou-se o centro de uma disputa entre Cuba e Estados Unidos depois de ser encontrado em uma jangada no litoral da Flórida. Sua mãe e outros refugiados haviam morrido na tentativa de escapar da ilha-prisão. Por decisão da Justiça americana, o garoto foi devolvido ao pai, que vive em Cuba. Elian passou dez anos isolado da realidade cubana e só é convocado em datas comemorativas da Revolução Cubana, para emprestar seu rosto conhecido à propaganda castrista.
Se ainda há um grande número de jovens ousados fora das cadeias, isso é resultado do uso inteligente que eles fazem da internet. "Se o governo prendesse, hoje, um grupo grande de pessoas, como aconteceu em 2003, a reação interna e externa seria muito maior", diz o dissidente Vladimiro Roca, que foi detido na Primavera Negra e solto depois por razões de saúde. Um exemplo prático desse fenômeno aconteceu em 2008, quando o vocalista da banda Porno para Ricardo, Gorki Águila, foi preso com base na lei de periculosidade pré-delitiva. A pena prevista era de quatro anos de cadeia. A presença de embaixadores, dissidentes, artistas, jornalistas estrangeiros e dezenas de jovens no dia do julgamento inibiu os algozes. Gorki foi liberado. As ditaduras de direita têm data de validade. As de esquerda se presumem eternas. Ambas acabam tendo seu encontro amargo com a história. É esse processo que os jovens cubanos estão apressando com seus blogs, camisetas e seus hinos hip-hop.
(Fotos em cada um dos boxes abaixo)
"Abaixo Fidel"
No dia 29 de outubro de 2008, Lia Villares, de 25 anos, saiu de casa às 9h30 da manhã com a frase "Abaixo Fidel", escrita a caneta azul em seu tênis. Enquanto esperava o ônibus, foi abordada por uma policial, que a levou para a delegacia. Lia foi interrogada por dois homens e depois liberada. No mesmo dia, a história já estava em seu blog na internet. Ela ainda conseguiu que seu tênis da rebeldia não fosse confiscado. Meses depois, Lia saiu com dois amigos pelas ruas de Havana perguntando aos pedestres: "Abaixo quem?". Alguns se recusaram a responder. Os mais jovens, porém, falavam o nome dos irmãos Castro. A "pesquisa" durou duas quadras. Na esquina, três viaturas esperavam os amigos, uma para cada um. O trio dormiu na delegacia. Diz Lia.
"59, o Ano do Erro"
Ex-funcionário de um pequeno escritório de serigrafia, Gorki Águila, de 41 anos, é um ídolo da juventude de Cuba. Vocalista da banda punk Porno para Ricardo, foi preso duas vezes (acima). Na primeira, ficou dois anos na cadeia. "A cela era tão pequena que eu encostava nas duas paredes opostas ao mesmo tempo", diz. Em liberdade condicional, tornou-se ainda mais explícito em suas críticas ao regime. Em O General, ele fala de Raúl Castro: "A m... continua". Gorki é mais efetivo ainda nas frases que estampa em camisetas. Dois exemplos: "59, o Ano do Erro" (os irmãos Castro tomaram o poder em 1959) e "Che Guevara, o Assassino do Povo Cubano" (o médico e motoqueiro argentino Ernesto Guevara foi encarregado pelos Castro das execuções sumárias por fuzilamento que vitimaram centenas de cubanos).
Um rapper incômodo
Aldo Roberto Rodríguez, de 27 anos, é o líder do grupo de rap Los Aldeanos. As letras de suas músicas não usam subterfúgios para falar da realidade cubana. Em Contrarrevolucionário, ele dispara: "Falo do que estou vendo / Para ninguém é segredo / Que o sistema não funciona / Educação gratuita/ Potência médica / Dizem que temos bons doutores / Mas nenhum deles está aqui". Há dois anos, Aldo começou a ser censurado e hoje está proibido de cantar em lugares públicos. De pouco adianta. É praticamente impossível andar pelas ruas de Havana sem ouvir suas músicas no volume máximo rasgando as caixas de som dentro das casas. "Não importa se não faço shows, as pessoas me escutam", diz o rapper. "Vou continuar incomodando."
Escola de blogueiros
A autora do diário virtual Generación Y, Yoani Sánchez, de 34 anos, é a madrinha dos blogueiros cubanos. Em outubro do ano passado, ela deu início à Academia Blogger, na sala de seu apartamento, em Havana. Trinta pessoas frequentaram o curso gratuito de quatro horas por dia, duas vezes por semana. Durante os seis meses que durou o curso, quatro alunos foram presos einterrogados. Ouviram dos policiais que a escolinha de Yoani era um partido político e que deveriam tomar cuidado. Nenhum deles desistiu. "A intimidação não funciona mais como antes. Os cubanos estão perdendo o medo", diz Yoani, que já foi espancada na rua por agentes da repressão.
Amanhã será outro dia
A professora particular de francês Claudia Cadelo não pode entrar em cinemas, salas de exposição e museus. O motivo da proibição é seu blog Octavo Cerco, em que escreve sobre a realidade do país. Em fevereiro deste ano, Claudia e seu marido foram impedidos de assistir a uma mostra de filmes. O barraco armado pelo casal foi registrado com um aparelho de celular e colocado no blog. No vídeo, pode-se ver Claudia gritando para um policial desconcertado: "Eu não vou entrar porque você tirou o meu direito. Mas isso não é um direito seu. Hoje você desfruta a impunidade, mas amanhã não será mais assim". Depois do episódio, Claudia entrou com uma ação na Procuradoria-Geral da República para contestar o ostracismo cultural a que é submetida. O processo foi ignorado.
Condenado a pintar paisagens
O maior sonho do artista plástico Yussuán Remolina, de 26 anos, é fazer telas inspiradas em personagens de quadrinhos. Para sobreviver em Cuba, porém, sua primeira ideia foi pintar quadros com imagens de pontos turísticos e vendê-las em uma feira de antiguidades. Remolina não recebeu a autorização do governo para tal e desistiu. Mais tarde, fez uma exposição com retratos de soldados cubanos. Na inauguração do evento, funcionários do governo disseram que, ao retratar seus colegas dos tempos de serviço militar, Remolina estava cometendo o crime de culto à personalidade. O jeito, então, foi limitar-se a pintar paisagens. "Eu preferiria que Cuba voltasse à realidade de antes da revolução. Tenho certeza de era melhor do que hoje", diz Remolina.
O médico dos direitos humanos
Em 1997, o então estudante de medicina Ismely Iglesias Martinez foi chamado para medir os sinais vitais do dissidente político Guillermo Fariñas, em sua primeira greve de fome. Iglesias foi orientado a não conversar com o paciente. Revoltado, pediu baixa da União de Jovens Comunistas. Após a formatura, em 2000, foi enviado a hospitais distantes como punição. Depois de organizar protestos com os pacientes para pedir melhores condições de higiene, Iglesias perdeu o emprego. Foi ele quem, no mês passado, levou Fariñas ao hospital quando o dissidente perdeu a consciência durante sua atual greve de fome (acima). A esposa de Iglesias, engenheira, teme perder o emprego. "Eu disse a ela que, se isso ocorrer, vou pescar para sobreviver", diz o médico.
(Foto:)
PRATELEIRAS VAZIAS
Mercado em Cuba: leite, só para crianças ou para os turistas
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Addendum: apenas para lembrar, neste mesmo momento:
GUILLERMO FARIÑAS DIJO QUE "ACEPTA EL RETO" DE CASTRO
LA HABANA - El disidente cubano Guillermo Fariñas asumió como un "reto" la advertencia del presidente Raúl Castro de que no cederá al "chantaje" de las huelgas de hambre, y dijo este lunes que "ahora más que nunca" continuará "hasta morir" su ayuno iniciado hace 40 días. "Ahora más que nunca es que hay que continuar la huelga de hambre, porque lo que lanzó Raúl fue un reto (...) y le aceptamos el reto y vamos a morir con toda la dignidad", declaró telefónicamente a la AFP Fariñas desde el hospital provincial de Santa Clara, 280 km al este de La Habana, donde fue hospitalizado el 11 de marzo.
"No me tomó por sorpresa esta actitud intransigente de Raúl", porque "siempre hemos dicho que el gobierno cubano ha demostrado históricamente que actúa de manera irracional", añadió el sicólogo de 48 años, periodista de una agencia de noticias independiente en internet.
Al clausurar el domingo un congreso de la Unión de Jóvenes Comunistas de Cuba (UJC), Raúl Castro dijo que "pase lo que pase" no cederá al "chantaje" en el caso de Fariñas, a quien volvió a responsabilizar del desenlace que pueda tener la protesta.
Las criticas
"Llama chantaje a una petición de un ciudadano y no analiza que llevan 50 años y más chantajeando al pueblo de Cuba con el terror impuesto por el comunismo", opinó Fariñas, quien inició su huelga de hambre el 24 de marzo para exigir la libertad de 26 presos políticos enfermos.
El opositor dijo sentirse "bastante bien" y subrayó que luego de que Raúl Castro "anunciara que nos van a dejar morir", "todo está dicho" por lo que afirma estar en "huelga de palabra" con el gobierno.
"Invitamos al mundo a que contemple la crueldad y la falta de humanismo de este régimen", expresó Fariñas, que comenzó su protesta un día después de que muriera el preso político Orlando Zapata, tras dos meses y medio de huelga de hambre en reclamo de mejores condiciones carcelarias.
La madre de Fariñas, Alicia Hernández, declaró a la AFP que su hijo está "muy deteriorado" y que "en cualquier momento cae en estado de coma".
Via: Las noticias de la web
Duda Teixeira, de Havana
Revista Veja, 14 de abril de 2010
(sem as fotos para não sobrecarregar demais este post)
Eles têm a idade que os barbudos tinham quando desceram com Fidel Castro a Sierra Maestra - e a mesma sede de liberdade. São os jovens cubanos em luta contra a miséria moral e material da ditadura comunista. Suas armas são blogs, festas punk e hip-hop
As ruas de Havana Velha estão sempre cheias de turistas que, depois de tomar seu mojito na Bodeguita del Medio, vão aos ambulantes comprar camisetas de Che Guevara, charutos desviados das tabacarias estatais e comprimidos clandestinos de PPG, droga derivada da cana-de-açúcar receitada para controlar o colesterol e tida como afrodisíaca. Quem se aventura além dessa vitrine de produtos típicos do socialismo cubano encontra a Cuba real dos cortiços superlotados e caindo aos pedaços. A Cuba das panelas vazias, do medo e da delação. Mas também a Cuba da resistência jovem à ditadura comunista.
Ao cruzar a porta de um desses cortiços, no topo de uma escada íngreme e precária, chega-se à cozinha, onde um jovem tecla em um notebook Compaq cujo peso e tamanho denunciam sua antiguidade tecnológica. Ao lado do computador, colado na mesa, há um adesivo com a bandeira de Cuba, o símbolo da arroba e a expressão "Internet para todos". Na gerontocracia dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que governam a ilha há 51 anos, o acesso à web é restrito a certas repartições públicas, hotéis, embaixadas e às casas dos chefões do regime. Fora dos círculos privilegiados da nomenklatura castrista, a internet é, digamos, manual. O velho Compaq está com sua memória cheia de arquivos com reportagens de jornais espanhóis e americanos, músicas de protesto e blogs feitos por cubanos na ilha e no exílio. Essa biblioteca digital, considerada subversiva pela ditadura comunista, é enriquecida semanalmente por pen drives que passam de mão em mão, de porta USB a porta USB, abrindo uma trilha digital de liberdade em meio à selva da opressão comunista.
Dessa maneira, uma única pessoa com acesso esporádico à internet consegue abastecer centenas de amigos com informações sobre o mundo e sobre Cuba. Essa panfletagem pós-moderna conecta milhares de jovens cubanos. A geração que hoje está na faixa dos 20 ou dos 30 anos é a segunda a nascer após a revolução de 1959. Desde pequenos, esses cubanos foram criados para idolatrar Fidel Castro e jamais contestar o sistema socialista. O medo da violência policial, das prisões, da vigilância dos vizinhos colaboracionistas e da perda de emprego, no entanto, já não é o suficiente para calá-los. A juventude cubana está se rebelando.
Prever quando uma ditadura longeva vai se extinguir é impossível. A história mostra, contudo, que a derrocada dos tiranos quase sempre é precedida pelo surgimento de um grupo de pessoas tão saturado da falta de liberdade que já não teme a violência política. Cuba parece estar nesse estágio. Cinco anos atrás, era impensável ter jovens cubanos expondo o rosto e suas opiniões como os que aparecem nesta reportagem. Hoje, eles fazem questão de ser vistos e escutados. Reivindicam liberdade de expressão e o direito de usar a internet, viajar e seguir a profissão de seus sonhos. Raramente fazem parte de um grupo organizado (ainda que clandestino) de oposição, tampouco têm um projeto político. Apesar de não se considerarem dissidentes, são rotulados como tal, o que não é de estranhar em um país onde ou se está com o governo ou contra ele. Diz a blogueira Yoani Sánchez: "Em Cuba, basta respirar para ser dissidente". Que dizer quando se tem a ousadia de escrever frases de protesto nas roupas, de criar blogs para descrever a realidade do país ou de compor músicas denunciando o fracasso da economia planificada. Esses atos aparentemente solitários e quase ingênuos de rebeldia são arriscados. Muitos já foram presos e/ou apanharam da polícia. Desde o mês passado, a penitenciária de Santa Clara mantém o prisioneiro de consciência mais jovem da ilha, Danny Perez Rodriguez, de 18 anos. Seu crime: sair às ruas para gritar "Abaixo Fidel!" em protesto contra o fato de ter perdido o emprego apenas por ser filho de um preso político.
A coragem da juventude rebelde de Cuba deve muito ao exemplo dado pela dissidência pacífica formada nos anos 90, que conseguiu conquistar certa projeção internacional aproveitando-se da abertura ao turismo. A entrada de estrangeiros e de dólares foi a solução paliativa encontrada pelo governo cubano para compensar a perda do financiamento soviético, após a queda do Muro de Berlim, em 1989. O movimento de oposição foi em grande parte abafado em 2003 com a prisão de 75 dissidentes, no que ficou conhecido como a Primavera Negra. O episódio é relembrado todos os domingos pelas mulheres, irmãs e filhas dos presos políticos durante uma passeata pelas ruas de Havana. Vestidas de branco e armadas apenas com uma flor na mão, em referência à primavera, elas são agredidas por agentes do regime e forçadas a voltar para casa. Manifestações de rua são o tipo de protesto mais temido pelos irmãos Castro porque é o mais visível para a população. Por isso, o regime não poupa medidas para intimidar os manifestantes. Em novembro passado, por exemplo, o artista plástico Amaury Pacheco, de 40 anos, organizador de uma passeata em Havana pela não violência, foi preso por policiais e levado para a delegacia. O interrogatório durou três horas, tempo necessário para impedir que Pacheco participasse da passeata. Quando a sessão de tortura psicológica acabou, Pacheco recusou-se a ir embora. "Fiquei para explicar por que sou contra a violência", diz o artista plástico.
(Fotos:)
Na semana passada, aconteceu em Havana o Congresso da União de Jovens Comunistas (UJC), que vive uma crise de quadros
DESMOTIVAÇÃO Ao completarem 32 anos, os jovens da UJC são convidados a ingressar no Partido Comunista de Cuba. Menos da metade deles tem aceitado o convite
FUGA EM MASSA Neste ano, 3 600 jovens pediram a desfiliação da UJC em protesto contra o regime, um recorde
IDADE AVANÇADA O controle da UJC está nas mãos de anciãos como Raúl Castro, de 78 anos, e José Machado Ventura, de 79
A vitalidade da UJC sustentava-se no fato de que fazer parte da organização era o caminho mais curto para conseguir os melhores empregos públicos (em uma economia estatizada como a cubana, praticamente todos) e os mais altos salários. Isso não existe mais. A técnica de contabilidade Claudia Cadelo, de 26 anos, por exemplo, chegou a trabalhar em um salão de beleza do governo onde ganhava o equivalente a 7 dólares por mês – o valor não dá nem para pagar uma hora de acesso à internet em um hotel. Insatisfeita, pediu demissão e foi vender roupas e sorvete nas ruas. Mais tarde, passou a dar aulas particulares de francês. Com isso, multiplicou por cinco sua renda. "Ninguém mais vê vantagem em trabalhar para o governo", diz Claudia, uma das blogueiras mais aguerridas da ilha e, por decisão da repressão castrista, persona non grata em eventos públicos. O esvaziamento dos empregos formais também está registrado na música El Comandante, da banda punk Porno para Ricardo. A letra diz: "Não seja tão estúpido, Coma Andante / Se quer que eu trabalhe / Vai ter de me pagar antes". A banda, que foi proibida de fazer shows em lugares públicos, burla a censura tocando em festas na casa de amigos e em terrenos baldios de Havana.
Os jornais do regime, como o Granma, o Juventud Rebelde e o Trabajadores, os únicos com direito a circular nacionalmente em Cuba, esforçam-se por difamar as vozes dissonantes no país acusando-as de ser financiadas pela CIA, o serviço secreto americano. "A mesma mentira, repetida durante cinco décadas, não se torna uma verdade", diz a blogueira Yoani Sánchez. Ela e outros cubanos críticos ao governo são pobres como quase toda a população e sobrevivem fazendo bicos. Yoani dá aulas de espanhol para estrangeiros e às vezes atua como guia turística informal. Há também os que recebem dinheiro de parentes que vivem no exterior. A dificuldade de conseguir um sustento mínimo é até maior para quem ousa expressar-se livremente ou frequentar shows clandestinos, porque o aparato estatal de repressão faz de tudo para atrapalhar. Os jovens mais ativos, por exemplo, são seguidos na rua por policiais à paisana e hostilizados pelos vizinhos. Seus encontros com estrangeiros são delatados por motoristas de táxi, quase todos ex-agentes do Ministério do Interior. Frequentemente, são detidos por algumas horas e depois liberados. Alguns são encarcerados por tempo indefinido. Nas contas de Elizardo Sánchez, diretor da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, em Havana, três de cada quatro presos em Cuba têm menos de 35 anos. Cerca de 4 000 deles foram detidos com base no artigo de "periculosidade pré-delitiva", um estranho tópico da legislação cubana que permite ao governo prender qualquer indivíduo com base na suspeita de que ele possa, um dia, cometer um crime.
Entre as diferentes formas de protesto que se tornaram corriqueiras em Cuba, a mais extrema é a greve de fome. Em fevereiro passado, o pedreiro Orlando Zapata Tamayo morreu após ficar 85 dias sem comer na prisão. Ele protestava contra as condições degradantes da cadeia. Em seguida, o psicólogo e jornalista Guillermo Fariñas parou de se alimentar e de se hidratar para pedir a libertação de 26 presos políticos que enfrentam problemas de saúde. Na semana passada, a greve de fome de Fariñas completou 47 dias. Ele só permanecia vivo porque, após perder a consciência, foi internado e forçado a receber alimentação parenteral, injetada diretamente na veia do braço. Raúl Castro, que herdou de seu irmão Fidel o posto de ditador, chamou Fariñas de chantagista e o acusou de ser financiado pelos Estados Unidos. "Se alguma vez meu filho foi mercenário, foi quando lutou como soldado cubano na guerra civil de Angola, pago pela União Soviética", diz Alícia Hernandez, de 72 anos, mãe de Fariñas. Ela convidou a reportagem de VEJA para conferir o que preparava no fogão para o jantar. A comida que mal dava para uma pessoa teria de alimentar três: ela, a filha e a neta. Mais do que as acusações do governo cubano, no entanto, o que mais ofendeu Alícia foi o fato de o presidente Lula ter comparado Fariñas aos prisioneiros comuns brasileiros. "Meu filho não matou e não roubou: tudo o que ele faz é pelos outros", diz Alícia.
O sacrifício de Zapata e Fariñas é visto com admiração pela juventude cubana. Mas, ao contrário desses dissidentes, que um dia acreditaram no regime cubano e acabaram se desiludindo, os jovens de hoje nunca abraçaram de fato a ideologia comunista. Eles fazem parte de uma geração consciente de ser fruto de um experimento histórico fracassado que, criado pelas armas e viabilizado pelos pelotões de fuzilamento, se mantém há meio século. A angústia básica dos jovens cubanos é simplesmente não ter futuro. "A história da revolução e os ditames do partido comunista não têm a menor importância para eles", diz o economista Oscar Espinosa Chepe, de Havana. "Eles olham para a frente e querem uma vida melhor, com mais liberdade." O veterano dissidente recorda que, há cinco anos, apenas ele e meia dúzia de pessoas criticavam o castrismo abertamente. Hoje, são milhares. Uma das medidas do vigor desse fenômeno é a debilidade da organização que se propõe a renovar os quadros do partido comunista, a União de Jovens Comunistas (UJC). Na semana passada, havia mais rapazes e moças se prostituindo no centro histórico, nos hotéis e no Malecón, a avenida costeira de Havana, do que discutindo o futuro do comunismo no congresso da UJC. O evento foi presidido por Raúl Castro e José Ramón Machado Ventura, um jovem combativo de 79 anos. A única função dos participantes com menos de duas décadas de vida é balançar bandeirinhas de Cuba, como demonstrou a presença de Elian González, de 16 anos. Em 1999, aos 6 anos, Elian tornou-se o centro de uma disputa entre Cuba e Estados Unidos depois de ser encontrado em uma jangada no litoral da Flórida. Sua mãe e outros refugiados haviam morrido na tentativa de escapar da ilha-prisão. Por decisão da Justiça americana, o garoto foi devolvido ao pai, que vive em Cuba. Elian passou dez anos isolado da realidade cubana e só é convocado em datas comemorativas da Revolução Cubana, para emprestar seu rosto conhecido à propaganda castrista.
Se ainda há um grande número de jovens ousados fora das cadeias, isso é resultado do uso inteligente que eles fazem da internet. "Se o governo prendesse, hoje, um grupo grande de pessoas, como aconteceu em 2003, a reação interna e externa seria muito maior", diz o dissidente Vladimiro Roca, que foi detido na Primavera Negra e solto depois por razões de saúde. Um exemplo prático desse fenômeno aconteceu em 2008, quando o vocalista da banda Porno para Ricardo, Gorki Águila, foi preso com base na lei de periculosidade pré-delitiva. A pena prevista era de quatro anos de cadeia. A presença de embaixadores, dissidentes, artistas, jornalistas estrangeiros e dezenas de jovens no dia do julgamento inibiu os algozes. Gorki foi liberado. As ditaduras de direita têm data de validade. As de esquerda se presumem eternas. Ambas acabam tendo seu encontro amargo com a história. É esse processo que os jovens cubanos estão apressando com seus blogs, camisetas e seus hinos hip-hop.
(Fotos em cada um dos boxes abaixo)
"Abaixo Fidel"
No dia 29 de outubro de 2008, Lia Villares, de 25 anos, saiu de casa às 9h30 da manhã com a frase "Abaixo Fidel", escrita a caneta azul em seu tênis. Enquanto esperava o ônibus, foi abordada por uma policial, que a levou para a delegacia. Lia foi interrogada por dois homens e depois liberada. No mesmo dia, a história já estava em seu blog na internet. Ela ainda conseguiu que seu tênis da rebeldia não fosse confiscado. Meses depois, Lia saiu com dois amigos pelas ruas de Havana perguntando aos pedestres: "Abaixo quem?". Alguns se recusaram a responder. Os mais jovens, porém, falavam o nome dos irmãos Castro. A "pesquisa" durou duas quadras. Na esquina, três viaturas esperavam os amigos, uma para cada um. O trio dormiu na delegacia. Diz Lia.
"59, o Ano do Erro"
Ex-funcionário de um pequeno escritório de serigrafia, Gorki Águila, de 41 anos, é um ídolo da juventude de Cuba. Vocalista da banda punk Porno para Ricardo, foi preso duas vezes (acima). Na primeira, ficou dois anos na cadeia. "A cela era tão pequena que eu encostava nas duas paredes opostas ao mesmo tempo", diz. Em liberdade condicional, tornou-se ainda mais explícito em suas críticas ao regime. Em O General, ele fala de Raúl Castro: "A m... continua". Gorki é mais efetivo ainda nas frases que estampa em camisetas. Dois exemplos: "59, o Ano do Erro" (os irmãos Castro tomaram o poder em 1959) e "Che Guevara, o Assassino do Povo Cubano" (o médico e motoqueiro argentino Ernesto Guevara foi encarregado pelos Castro das execuções sumárias por fuzilamento que vitimaram centenas de cubanos).
Um rapper incômodo
Aldo Roberto Rodríguez, de 27 anos, é o líder do grupo de rap Los Aldeanos. As letras de suas músicas não usam subterfúgios para falar da realidade cubana. Em Contrarrevolucionário, ele dispara: "Falo do que estou vendo / Para ninguém é segredo / Que o sistema não funciona / Educação gratuita/ Potência médica / Dizem que temos bons doutores / Mas nenhum deles está aqui". Há dois anos, Aldo começou a ser censurado e hoje está proibido de cantar em lugares públicos. De pouco adianta. É praticamente impossível andar pelas ruas de Havana sem ouvir suas músicas no volume máximo rasgando as caixas de som dentro das casas. "Não importa se não faço shows, as pessoas me escutam", diz o rapper. "Vou continuar incomodando."
Escola de blogueiros
A autora do diário virtual Generación Y, Yoani Sánchez, de 34 anos, é a madrinha dos blogueiros cubanos. Em outubro do ano passado, ela deu início à Academia Blogger, na sala de seu apartamento, em Havana. Trinta pessoas frequentaram o curso gratuito de quatro horas por dia, duas vezes por semana. Durante os seis meses que durou o curso, quatro alunos foram presos einterrogados. Ouviram dos policiais que a escolinha de Yoani era um partido político e que deveriam tomar cuidado. Nenhum deles desistiu. "A intimidação não funciona mais como antes. Os cubanos estão perdendo o medo", diz Yoani, que já foi espancada na rua por agentes da repressão.
Amanhã será outro dia
A professora particular de francês Claudia Cadelo não pode entrar em cinemas, salas de exposição e museus. O motivo da proibição é seu blog Octavo Cerco, em que escreve sobre a realidade do país. Em fevereiro deste ano, Claudia e seu marido foram impedidos de assistir a uma mostra de filmes. O barraco armado pelo casal foi registrado com um aparelho de celular e colocado no blog. No vídeo, pode-se ver Claudia gritando para um policial desconcertado: "Eu não vou entrar porque você tirou o meu direito. Mas isso não é um direito seu. Hoje você desfruta a impunidade, mas amanhã não será mais assim". Depois do episódio, Claudia entrou com uma ação na Procuradoria-Geral da República para contestar o ostracismo cultural a que é submetida. O processo foi ignorado.
Condenado a pintar paisagens
O maior sonho do artista plástico Yussuán Remolina, de 26 anos, é fazer telas inspiradas em personagens de quadrinhos. Para sobreviver em Cuba, porém, sua primeira ideia foi pintar quadros com imagens de pontos turísticos e vendê-las em uma feira de antiguidades. Remolina não recebeu a autorização do governo para tal e desistiu. Mais tarde, fez uma exposição com retratos de soldados cubanos. Na inauguração do evento, funcionários do governo disseram que, ao retratar seus colegas dos tempos de serviço militar, Remolina estava cometendo o crime de culto à personalidade. O jeito, então, foi limitar-se a pintar paisagens. "Eu preferiria que Cuba voltasse à realidade de antes da revolução. Tenho certeza de era melhor do que hoje", diz Remolina.
O médico dos direitos humanos
Em 1997, o então estudante de medicina Ismely Iglesias Martinez foi chamado para medir os sinais vitais do dissidente político Guillermo Fariñas, em sua primeira greve de fome. Iglesias foi orientado a não conversar com o paciente. Revoltado, pediu baixa da União de Jovens Comunistas. Após a formatura, em 2000, foi enviado a hospitais distantes como punição. Depois de organizar protestos com os pacientes para pedir melhores condições de higiene, Iglesias perdeu o emprego. Foi ele quem, no mês passado, levou Fariñas ao hospital quando o dissidente perdeu a consciência durante sua atual greve de fome (acima). A esposa de Iglesias, engenheira, teme perder o emprego. "Eu disse a ela que, se isso ocorrer, vou pescar para sobreviver", diz o médico.
(Foto:)
PRATELEIRAS VAZIAS
Mercado em Cuba: leite, só para crianças ou para os turistas
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Addendum: apenas para lembrar, neste mesmo momento:
GUILLERMO FARIÑAS DIJO QUE "ACEPTA EL RETO" DE CASTRO
LA HABANA - El disidente cubano Guillermo Fariñas asumió como un "reto" la advertencia del presidente Raúl Castro de que no cederá al "chantaje" de las huelgas de hambre, y dijo este lunes que "ahora más que nunca" continuará "hasta morir" su ayuno iniciado hace 40 días. "Ahora más que nunca es que hay que continuar la huelga de hambre, porque lo que lanzó Raúl fue un reto (...) y le aceptamos el reto y vamos a morir con toda la dignidad", declaró telefónicamente a la AFP Fariñas desde el hospital provincial de Santa Clara, 280 km al este de La Habana, donde fue hospitalizado el 11 de marzo.
"No me tomó por sorpresa esta actitud intransigente de Raúl", porque "siempre hemos dicho que el gobierno cubano ha demostrado históricamente que actúa de manera irracional", añadió el sicólogo de 48 años, periodista de una agencia de noticias independiente en internet.
Al clausurar el domingo un congreso de la Unión de Jóvenes Comunistas de Cuba (UJC), Raúl Castro dijo que "pase lo que pase" no cederá al "chantaje" en el caso de Fariñas, a quien volvió a responsabilizar del desenlace que pueda tener la protesta.
Las criticas
"Llama chantaje a una petición de un ciudadano y no analiza que llevan 50 años y más chantajeando al pueblo de Cuba con el terror impuesto por el comunismo", opinó Fariñas, quien inició su huelga de hambre el 24 de marzo para exigir la libertad de 26 presos políticos enfermos.
El opositor dijo sentirse "bastante bien" y subrayó que luego de que Raúl Castro "anunciara que nos van a dejar morir", "todo está dicho" por lo que afirma estar en "huelga de palabra" con el gobierno.
"Invitamos al mundo a que contemple la crueldad y la falta de humanismo de este régimen", expresó Fariñas, que comenzó su protesta un día después de que muriera el preso político Orlando Zapata, tras dos meses y medio de huelga de hambre en reclamo de mejores condiciones carcelarias.
La madre de Fariñas, Alicia Hernández, declaró a la AFP que su hijo está "muy deteriorado" y que "en cualquier momento cae en estado de coma".
Via: Las noticias de la web
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