Deus, ó Deus da Gramático, do Léxico e da Concordância (tudo isso?, mas são vários deuses, então, sem falar das deusas, e da Nossa Senhora de Forma Geral), quando vai terminar meu sofrimento.
Eu sofro só de ler, mas também, de vez em quando, junto toda a coragem do mundo, a minha e de todos os outros sofredores, eu passo a ouvir.
E não creio no que estou ouvindo...
Deus, ó Deus dos desgraçados (como diria o poeta condoreiro), afasta de mim esse tormento...
Paulo Roberto de Almeida
“Tem gente que acha que democracia é ausência de uns querendo uma coisa e outros querendo outra. Não é, não. Democracia é o fato de que há diferenças e de que a gente convive com elas, procura um ponto de equilíbrio e resolve as coisas. Eu não tenho problema nenhum, podem falar sem problema nenhum, só deixem eu concluir aqui o meu finalzinho, que eu estou no fim."
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 30 de abril de 2013
Politica comercial e industrial brasileira sob escrutinio da OMC - Estadao
Oh, lá, lá: isso complica para o candidato.
Ainda que ele seja bom, excelente aliás, fica difícil para os grandes parceiros comerciais acreditar que ele não terá nada a ver com o mercantilismo, o protecionismo e o dirigismo brasileiro...
Os companheiros certamente não estão ajudando sua eleição, com suas medidas canhestras e anti-OMC, no espírito e na letra...
Paulo Roberto de Almeida
Países ricos vão ao comitê de investimentos da Organização Mundial do Comércio pedir explicações ao governo brasileiro por medidas adotadas nos últimos anos que, para eles, beneficiam a indústria nacional em detrimento dos competidores estrangeiros
Ainda que ele seja bom, excelente aliás, fica difícil para os grandes parceiros comerciais acreditar que ele não terá nada a ver com o mercantilismo, o protecionismo e o dirigismo brasileiro...
Os companheiros certamente não estão ajudando sua eleição, com suas medidas canhestras e anti-OMC, no espírito e na letra...
Paulo Roberto de Almeida
EUA, Japão e UE questionam política industrial ‘discriminatória’ do Brasil
Jamil Chade - CORRESPONDENTE / GENEBRA
O Estdado de S.Paulo, 28 de abril de 2013 | 22h 00
Países ricos vão ao comitê de investimentos da Organização Mundial do Comércio pedir explicações ao governo brasileiro por medidas adotadas nos últimos anos que, para eles, beneficiam a indústria nacional em detrimento dos competidores estrangeiros
Os países ricos se uniram para questionar a política industrial brasileira, que chamam de "discriminatória". Amanhã, na Organização Mundial do Comércio (OMC), vão pedir explicações ao Itamaraty em relação à política de incentivo fiscal que, para esses governos estrangeiros, estaria violando regras do comércio.
Num documento enviado ao Itamaraty, obtido pelo Estado, datado de 15 de abril, os governos de EUA, Japão e União Europeia deixam claro que consideram "preocupantes" as medidas adotadas pelo Brasil nos últimos meses em diversos setores e pedem explicações, elevando a pressão sobre Brasília.
Há ainda outra queixa: o governo de Dilma Rousseff havia prometido que certas medidas de incentivo seriam temporárias. Mas, hoje, já estão previstas para durar toda a década.
O Palácio do Planalto insiste em que sua política industrial está dentro das regras internacionais. Mas agora os países ricos querem saber como é que o Brasil justifica a "consistência" de seus incentivos perante as normas da OMC. Essas leis estipulam justamente que governos não podem usar regras tributárias nacionais para criar discriminação entre produtos nacionais e importados.
Essa não é a primeira vez que incentivos fiscais dados pelo Brasil são questionados na OMC. Mas a cobrança era pontual. O IPI para carros, por exemplo, já foi alvo de críticas.
Agora, porém, pela primeira vez, as três principais economias desenvolvidas alertam que a política de incentivo poderia fazer parte de uma estratégia mais ampla de política industrial, com elementos "aparentemente discriminatórios".
Não se trata ainda de um ataque ao Brasil nos órgãos judiciais da OMC. A questão será levada ao comitê da OMC que trata justamente de políticas de investimentos, onde países podem levantar questões a outros parceiros comerciais.
Mas fontes da UE dizem que a decisão de cobrar mais explicações do Brasil, somada ao fato de que não se trata apenas de um setor, mas de toda a estratégia, são uma demonstração de que os países ricos não darão trégua ao Brasil e, nos próximos meses, aumentarão a pressão.
"Existem preocupações sobre o que parecem ser medidas discriminatórias contra produtos importados em certas medidas adotadas pelo Brasil na área de taxação indireta", afirma o documento dos países ricos.
Essas nações dão diversos exemplos desses incentivos e alertam que, ao contrário do que o governo brasileiro havia prometido, as medidas não são temporárias. Uma delas é o IPI menor dos carros para empresas que usem peças locais.
Os ricos também atacam o que chamam de "discriminação" contra produtos digitais, contra equipamentos de telecomunicações e semicondutores, setores que também foram alvo de políticas de incentivo fiscal. No documento enviado ao governo brasileiro, americanos, europeus e japoneses questionam a "consistência" das regras de leilão da Anatel para as redes de banda larga em relação às normas internacionais, já que esses leilões estariam privilegiando empresas que usem equipamentos nacionais.
Mas as críticas não param por aí. Os governos ricos querem saber como o Brasil justifica a lei que deu, desde 2 de abril, incentivos à indústria de fertilizantes, com redução de impostos sobre a aquisição de máquinas, e se acredita que a medida está dentro das regras globais.
Por fim, os países querem saber como o Brasil explica a consistência de sua política de redução de IPI para carros diante das leis internacionais.
Motivação. O próprio documento deixa claro que esses países continuarão a questionar o Brasil. "Essas questões não devem ser vistas como exaustivas em relação às preocupações de UE, EUA e Japão", afirmam.
Em diversas ocasiões, o governo brasileiro disse que as medidas de incentivo tendem a dar vantagens justamente a empresas europeias e americanas, já que são as que estão instaladas no Brasil há décadas e usam de fato produtos nacionais.
Mas o argumento não convence. A pressão dos ricos sobre o Brasil não ocorre por acaso. Washington, Bruxelas e Tóquio não querem que políticas industriais com viés protecionista se transformem em uma espécie de "moda", justamente em mercados emergentes, os únicos que crescem no mundo.
Da boliburguesia aos lulobilionarios: assim vai a América Latina - Reinaldo Gonçalves
Confesso que não deixo de achar engraçado: esse mundo dos muito ricos é mesmo bizarro.
Em lugar de fazer frutificar o que já tem, certos personagens estão sempre querendo mais.
Com o dinheiro dos outros, claro: o seu, o meu, o nosso dinheiro (ou você vai me dizer que não tem FGTS e não contribui para o FAT: mesmo sem saber, você deu dinheiro para o Eike Batista, esse capitalista capitalistérrimo, até estourar sua bolha...).
Paulo Roberto de Almeida
Em lugar de fazer frutificar o que já tem, certos personagens estão sempre querendo mais.
Com o dinheiro dos outros, claro: o seu, o meu, o nosso dinheiro (ou você vai me dizer que não tem FGTS e não contribui para o FAT: mesmo sem saber, você deu dinheiro para o Eike Batista, esse capitalista capitalistérrimo, até estourar sua bolha...).
Paulo Roberto de Almeida
Reinaldo Azevedo, 29/04/2013
Li uma nota no Radar, de Lauro Jardim, que me deixou preocupado. Com o meu bolso. Reproduzo o que escreveu Lauro. Volto em seguida.
*
Eike Batista contratou uma “consultora esotérica” para tentar espantar o péssimo momento do grupo EBX.
*
Eike Batista contratou uma “consultora esotérica” para tentar espantar o péssimo momento do grupo EBX.
O diagnóstico até agora é complexo: o sol, símbolo do grupo, estaria “girando para o lado errado”, ou seja, para o lado esquerdo. Assim, a comunicação visual da holding será trocada.
A moça, chamada no grupo de “consultora filosófica e psicológica”, andou pelo edifício-sede na segunda-feira passada para “carregar de energias positivas” os projetos do grupo. Na quarta-feira, chegou a viajar até o Porto do Açu, no helicóptero de Eike.
Para alguns diretores, a ação da “consultora” foi explicada como sendo um “diagnóstico cultural” do grupo – seja lá o que isso signifique.
Voltei
Eu só não entendi por que, com o sol girando ao contrário, Eike chegou a figurar entre os 10 (é isso?) bilionários mais bilionários do mundo mundial: coisa de US$ 30 bilhões. Aí, por alguma razão vinda lá das esferas celestes — parece que esse mundo das energias cósmicas pode ser bem temperamental —, tudo começou a dar tudo errado… Eu estava achando que era porque o vento que ele vendeu não chegou. Mas vejo que não.
Eu só não entendi por que, com o sol girando ao contrário, Eike chegou a figurar entre os 10 (é isso?) bilionários mais bilionários do mundo mundial: coisa de US$ 30 bilhões. Aí, por alguma razão vinda lá das esferas celestes — parece que esse mundo das energias cósmicas pode ser bem temperamental —, tudo começou a dar tudo errado… Eu estava achando que era porque o vento que ele vendeu não chegou. Mas vejo que não.
O problema é que o BNDES meteu um dinheirão nos negócios de Eike. Se o chavismo tem os seus “boliburgueses”, os que enriqueceram no período, o petismo tem os “lulobilionários” — que vêm a ser os bilionários que se encantaram com a forma como o lulo-petismo enxerga a economia de mercado. E eles ficaram mais bilionários ainda. Lula distribuiu, ao longo do tempo, sempre a depender do período, Bolsa-Selic, Bolsa-BNDES, Bolsa-Desoneração Fiscal Focalizada, Bolsa-Índice de Nacionalização da Indústria, Bolsa-Porque-É-Meu-Amigo-E-Quem-Manda-Aqui-Sou-Eu…
Os liberais não tocam no assunto porque boa parte deles foi também cooptada. Os que se dizem de esquerda, obviamente, acham que, finalmente, Lula botou o capital sob o cabresto do estado… E assim seguimos.
Eu espero que o Sol, agora girando do lado certo, faça surgir, por exemplo, petróleo onde Eike disse que havia petróleo. E na quantidade estimada, à época, pelos investidores. Acho que isso acabará sendo bom para o BNDES…
Ou, então, vou começar a cantarolar uma música que ficava muito bem na voz de Cássia Eller. Nunca entendi direito o que quer dizer, que sou meio xucro pra essas coisas das esferas celestes, mas gostava de ouvir no carro:
Quando o segundo sol chegar/
Para realinhar as órbitas dos planetas/
Derrubando com assombro exemplar/
O que os astrônomos diriam/
Se tratar de um outro cometa.
Para realinhar as órbitas dos planetas/
Derrubando com assombro exemplar/
O que os astrônomos diriam/
Se tratar de um outro cometa.
Como não dirijo e sou sempre passageiro, o fato de não entender lhufas não atrapalhava a minha concentração. Podia seguir cantarolando sem pensar em nada… Agora estragou. Se topar com a música, vou pensar no BNDES!
Uma redundancia redundante: greve da fome em Cuba (mas nao e' o que parece...)
Primeiro tomei um susto com a leitura unicamente da manchete:
Carta Capital - Greve de fome em Cuba
Disse para mim mesmo:
-- Mas isso é uma redundância: toda a população cubana faz greve da fome...
Mas não era bem em Cuba, e sim em Guantánamo, que é território americano, e onde os marines, os poucos que ali servem, devem comer por metade da população cubana, por baixo.
Mas se tratava apenas de um protesto contra a manipulação inadequada de um livro religioso.
Portanto, vocês fiquem atentos: não atirem a Bíblia no chão, pois alguém mais sensível pode querer fazer greve...
Paulo Roberto de Almeida
Carta Capital - Greve de fome em Cuba
Disse para mim mesmo:
-- Mas isso é uma redundância: toda a população cubana faz greve da fome...
Mas não era bem em Cuba, e sim em Guantánamo, que é território americano, e onde os marines, os poucos que ali servem, devem comer por metade da população cubana, por baixo.
Mas se tratava apenas de um protesto contra a manipulação inadequada de um livro religioso.
Portanto, vocês fiquem atentos: não atirem a Bíblia no chão, pois alguém mais sensível pode querer fazer greve...
Paulo Roberto de Almeida
CARTA CAPITAL, 28/04/2013
Carta Capital - Greve de fome em Cuba / Coluna / Semana
Em 25 de abril, os EUA admitiram que 94 dos 166 presos em Guantánamo estão em greve de fome. Segundo seus advogados, seriam 130. Dezessete são alimentados à força com tubos inseridos no estômago pelo nariz.
O movimento começou em 6 de fevereiro, quando guardas do campo examinaram exemplares do Alcorão de uma maneira que os presos consideraram desrespeitosa. Alguns deles, portanto, estão sem ingerir alimentos há dois meses e meio. Houve pelo menos duas tentativas de suicídio neste mês.
Dois dias antes, Havana publicou seu relatório ao Conselho de Direitos Humanos à ONU. Alegou que a hostilidade e o bloqueio dos EUA impedem maiores avanços na proteção desses direitos e lembrou: "Em Cuba não há denúncias de torturas, em contraste com o que acontece em Guantánamo".
To Bric or not to Bric, uma angustia kierkegardiana (ou hamletiana...) - Marcos Rosas Degaut Pontes,
A ilusão do BRICS, por Marcos Rosas Degaut Pontes
3 Votes
Nenhum conceito contribuiu tanto para confundir o pensamento acadêmico e estratégico sobre a economia global e a política internacional nos últimos anos quanto o de BRICS. Formado pelas letras iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, o termo BRICs foi formulado inicialmente em 2001 pelo Economista-Chefe do banco de investimentos Goldman Sachs, Jim O´Neill, para agrupar os principais países emergentes que constituiriam, até 2050, os “pilares” de um renovado sistema internacional.
Embora a ideia central de O´Neill se referisse simplesmente à trajetória econômica individual de quatro países agrupados pela existência de características similares, mas sem implicar qualquer articulação entre si, o impressionante desempenho econômico desses países, alimentado por mercados consumidores em expansão e pelo crescimento elevado do Produto Interno Bruto, e a assertividade na política externa fizeram com que a denominação se tornasse de uso comum em escala global.
Foi, entretanto, apenas a partir de 2006, após série de reuniões informais realizadas às margens da 61ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, que representantes desses países, embalados pelos sonhos de se tornarem as superpotências que definiriam os rumos de um novo ordenamento global, começaram a trabalhar a criação de uma plataforma coletiva de atuação no cenário internacional. Havia a percepção de que, além da economia em expansão e de aspectos demográficos em comum, outras características eram partilhadas, entre as quais a crença no direito a um papel mais influente em assuntos mundiais, derivada do necessário reconhecimento internacional ao peso político, econômico, histórico e diplomático dessas nações.
O mecanismo BRICs seria, assim, porta-voz do processo de construção de uma nova ordem internacional mais solidária, legítima, representativa e simétrica, além de uma alternativa ao predomínio econômico-financeiro de Estados Unidos, União Europeia, G7 e FMI. Na realidade, entretanto, pouca coisa em comum os une. As enormes diferenças estruturais, de modelos de desenvolvimento, de concepção do papel do Estado existentes e interesses de política externa pouco coincidentes tornam limitadas as possibilidades de ação coletiva.
Após cinco Cúpulas, e, para além da retórica diplomática, o BRICS não disse a que veio. Nada avançou rumo a uma identidade coletiva, tampouco apresentou plataforma concreta de proposições estratégicas ou nova moldura teórica para negociações comerciais. É uma frágil comunidade de interesses, consequência de suas relações serem mais de competição, ou mesmo franco desinteresse, do que de cooperação.
Sob a ótica econômica, não há indicador confiável a sustentar a tese de que o grupo tende a liderar o crescimento mundial. A China já era uma potência econômica. Mas sua atual estratégia de desaquecimento suave, que retira ênfase do comércio externo e dinamiza o mercado interno, não é boa notícia para países como o Brasil, que depositavam suas esperanças na China como motor da recuperação.
O PIB brasileiro cresceu minguados 2.7% em 2011 e 0.9% em 2012, com previsão de 3% neste ano, pouco para quem almeja redefinir a geografia econômica mundial. A indústria nacional sofre de grave falta de competitividade, mas não é perceptível política industrial integrada. Ao contrário, assiste-se a uma profusão de ações desconectadas, contraditórias e pouco elaboradas, que aprofundam um protecionismo primário sem a preocupação de aumentar a produtividade.
Embora a China tenha ultrapassado os EUA como nosso principal parceiro comercial, isso não representou vantagem para o comércio exterior. A pauta exportadora para os chineses é menos diversificada do que há dez anos e se concentra em commodities. Desenvolvemos dependência em relação às suas importações. Pior, perdemos participação no mercado americano. Na década de 80, Brasil e China tinham níveis quase idênticos de exportação para os EUA. Em 2011, para lá enviamos US$ 25 bi; os chineses, mais de US$ 320 bi.
A Rússia necessita diversificar sua economia para voltar a crescer. O setor energético representa 60% das exportações. Dos BRICS, foi o mais afetado pela crise. Em 2009, a economia encolheu 8%, com crescimento abaixo de 3% ao ano desde então. A desaceleração também atingiu a Índia, cujo PIB cresceu em média 6% nos últimos três anos, inferior aos 8.5% pré-crise e abaixo dos dois dígitos necessários para fazer avançar um país com quase 90% da população abaixo da linha de pobreza. O país sofre com acentuadas deficiências regulatórias, disseminação da miséria e infraestrutura produtiva digna dos mais atrasados países africanos.
Na sequência da crise de 2008, os BRICS demonstraram clara falta de harmonização de políticas financeiras. Esperava-se que tivessem papel fundamental na superação do tsunami financeiro que submergiu as economias mais avançadas, em vista das vultosas reservas em seus cofres. Entretanto, sua contribuição para a superação da crise foi nenhuma. A mesma falta de iniciativa se verifica no tocante às dificuldades fiscais enfrentadas pelos europeus em sua luta para salvar o Euro.
Sob o ângulo estratégico, o que esperar de um grupo cujos membros – exceto o Brasil, o ingênuo e otimista Dr. Pangloss da política internacional – apresentam desconfianças e ressentimentos mútuos, sobretudo em relação ao papel desempenhado por essas nações no espaço euroasiático? A China não tenciona alimentar o surgimento de um concorrente geopolítico, razão porque não apoia o pleito indiano a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (assim como não endossa a candidatura brasileira). A Rússia segue o mesmo raciocínio. A Índia veta a entrada chinesa no IBAS. Ciente de sua importância para o desenho de qualquer cenário, a China não necessita e nã quer harmonizar suas políticas com os interesses dos parceiros, evitando firmar alianças que tolham sua liberdade de ação.
Compreende-se que projetos como o BRICS se inscrevam no quadro de diversificação de parcerias Sul-Sul. Todavia, as possibilidades de ação concertada para conformar uma nova ordem internacional não se adequam à realidade. Inexistem dados que suportem a ideia de atuação coletiva, como demonstram a crise Síria e a questão nuclear no Irã. Na eventualidade de o bloco assumir postura mais assertiva, isso se dará em função dos esforços individuais.
Para o bem da política externa brasileira, o BRICS deveria ser visto como uma aliança complementar às demais interações bi e multilaterais. Não se apostam todas as fichas em um projeto cujo potencial para divergências é maior do que para avanços. As diferenças nos recursos de poder, nas prioridades de política externa, nos modelos de inserção internacional e no ritmo de expansão econômica representam obstáculos práticos ao estabelecimento de uma relação funcional acerca de temas de interesse global.
Marcos Rosas Degaut Pontes, Mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, doutorando em Ciência Política pela University of Central Florida, Especialista em Economia Política Internacional e Chefe Adjunto da Assessoria Internacional da Presidência do Superior Tribunal de Justiça ()
Mercosul paralisado; Argentina continua a impor barreiras ilegais contra o Brasil - FIESP dixit...
Uma matéria antiga, mas cada vez mais válida: o último encontro presidencial, aparentemente, não resolveu nenhum desses problemas...Paulo Roberto de Almeida
Brazilian industry claims Mercosur is ‘paralyzed’ and blasts Argentina’s ‘illegal barriers’ on trade
MercoPress, Thursday, January 24th 2013 - 01:14 UTC
Brazil’s powerful manufacturers’ lobby openly criticized the “illegal barriers” imposed by the government of President Cristina Fernandez on Brazilian produce, and also lashed at President Dilma Rousseff for her administration’s “permissive attitude” towards Buenos Aires, a position that has “paralyzed Mercosur”.
Brazil’s powerful manufacturers’ lobby openly criticized the “illegal barriers” imposed by the government of President Cristina Fernandez on Brazilian produce, and also lashed at President Dilma Rousseff for her administration’s “permissive attitude” towards Buenos Aires, a position that has “paralyzed Mercosur”.
“Argentina continues to impose illegal barriers to trade with its Mercosur partners”, claimed the head of Sao Paulo Federation of Industries (FIESP) Foreign Trade Council, Rubens Barbosa.
The former Brazilian ambassador in Washington also made the criticism extensive to President Rousseff for her administration’s “permissive attitude towards Buenos Aires” in what he described as a “strategic patience” from Brasilia to avoid diplomatic tensions with a very important trade partner.
In an article under the heading of “The state of the world 2013” the FIESP top official besides retaking the repeated questionings of the Argentine government position regarding foreign trade, including with its Mercosur partners, again underlines the difficulties and ‘illegal barriers’ faced by Brazilian businesspeople.
Barbosa insists that Mercosur remains ‘paralyzed’ and has shown no advances towards and understanding on trade liberalization and the opening of the Argentine market for Brazilian produce.
Next March Cristina Fernandez and Dilma Rousseff are scheduled to hold their next bilateral meetings, this time in the Patagonian city of El Calafate where the Argentine leader has her summer home.
Argentina and Brazil hold top level meetings twice a year to address bilateral issues such as trade, investments and regional politics.
Argentine ambassador in Brasilia Luis Maria Kreckler said that a preparatory meeting will be held at the end of February with an ‘open agenda’, which will be followed by the summit, ‘most probably March 4 in El Calafate, Santa Cruz province. The last bilateral top level meeting took place in Brasilia last December.
Affirmative action in Brazil - The Economist
Slavery's legacy
TO SUM up recent research predicting a mixed-race future for humanity, biologist Stephen Stearns of Yale University turns to an already intermingled nation. In a few centuries, he says, we will all "look like Brazilians". Brazil shares with the United States a population built from European immigrants, their African slaves and the remnants of the Amerindian population they displaced. But with many more free blacks during the era of slavery, no "Jim Crow" laws or segregation after it ended in 1888 and no taboo on interracial romance, colour in Brazil became not a binary variable but a spectrum.
Even so, it still codes for health, wealth and status. Light-skinned women strut São Paulo's upmarket shopping malls in designer clothes; dark-skinned maids in uniform walk behind with the bags and babies. Black and mixed-race Brazilians earn three-fifths as much as white ones. They are twice as likely to be illiterate or in prison, and less than half as likely to go to university. They die six years younger—and the cause of death is more than twice as likely to be murder.
Such stark racial inequality is actually an improvement on the recent past (except for the gap between homicide rates, which has grown with the spread of crack cocaine). A strong jobs market, better-targeted government spending and the universalisation of primary schooling have brought gains to poor Brazilians, whatever their colour. Even so, Brazil's government is turning to affirmative-action programmes to hurry change along—just as the United States considers abandoning them.
During the past decade several public universities have introduced racial preferences piecemeal. Last April the supreme court decided that they did not contravene constitutional equal-rights provisions—which was all that the government had been waiting for. In August it passed a law mandating quotas for entry to all of the country's 59 federal universities and 38 federal technical schools. The first cotistas, as beneficiaries are known, started their courses this year.
By 2016 half of all places in federal institutions will be reserved for state-schooled applicants. Of these, half must go to students from families with incomes below 1017 reais ($503) a month per person—a cut-off that is much higher than the Brazilian average. Each must allocate quota places to black, mixed-race and Amerindian students in proportion to their weight in the local population (80% in Bahia, a state in Brazil's north-east; 16% in Santa Catarina in the country's south). Some states are considering similar rules for their own universities.
Brazil does not require private universities to take race into account. Nor does it require private companies to do so when hiring. A few states have racial quotas when hiring civil servants, and there is talk of something similar at the federal level. But the real action, for now, is in public universities.
Going to university in Brazil is not a mass experience, as in the United States. And only a quarter of places are in public institutions. Other government education programmes, such as creche-building in poor neighbourhoods, better literacy training for teachers and subsidies for poor students who attend private universities, will improve the lives of many more black Brazilians than the quota programme. But public universities are more prestigious—and barred from charging fees by the constitution. That their places have long gone disproportionately to the 12% of Brazilians who are privately educated, most of them rich and white, is hard to swallow.
The supreme court decided that quotas were an acceptable weapon in the fight against the legacy of slavery. That view is now mainstream in Brazil. Just one congressman voted against the new law, and a recent opinion poll found nearly two-thirds of Brazilians supported racial preferences for university admissions (though even more were keen on reserving places for the state-schooled and poor with no regard for colour). But even supporters worry that by encouraging Brazilians to choose sharp-edged racial identities, quotas will create tensions where none existed before.
Brazilians' notions of race are indeed changing, but only partly because of quotas, and more subtly than the doom-mongers fear. The unthinking prejudice expressed in common phrases such as "good appearance" (meaning pale-skinned) and "good hair" (not frizzy) means many light-skinned Brazilians have long preferred to think of themselves as "white", whatever their parentage. But between 2000 and 2010 the self-described "white" population fell by six percentage points, while the "black" and "mixed-race" groups grew.
Researchers think a growing pride in African ancestry is behind much of the shift. But quotas also seem to affect how people label themselves. Andrew Francis of Emory University and Maria Tannuri-Pianto of the University of Brasília (UnB) found that some light-skinned mixed-race applicants to UnB, which started using racial preferences in 2004, thought of themselves as white but described themselves as mixed-race to increase their chances of getting in. Some later reverted to a white identity. But for quite a few the change was permanent.
Opponents of quotas worry that ill-prepared students will gain entry to tough courses and then struggle to cope. Such fears make sense: any sort of affirmative action will bring more publicly educated youngsters into university—and in Brazil, the difference between what they and their privately educated counterparts have learnt is vast. In global education studies, 15-year-olds in Brazil's private schools come slightly above the rich-world average for all pupils. Most of those in its public schools are functionally illiterate and innumerate.
Surprisingly, though, neither the State University of Rio de Janeiro nor UnB—the two earliest to adopt quotas—have found that cotistas did much worse than their classmates. For some highly competitive courses, such as medicine at UnB, the two groups had quite similar entrance grades. And for some of the least selective courses, the overall standard was not high. But even when the starting gaps were wide, most cotistas had nearly caught up by graduation.
One possible explanation is that cotistas with a given entrance grade were in fact more able than non-cotistas, since the latter were more likely to have had intensive coaching in test techniques. Another is that cotistas worked harder: both universities found they skipped fewer classes and were less likely to drop out. "Cotistas take their studies much more seriously than those who thought a university place was theirs by right," says Luiza Bairros, the state secretary for policies to promote racial equality. "They know how important this opportunity is, not just for them but for their whole family."
Brazil's racial preferences differ from America's in that they are narrowly aimed at preventing a tiny elite from scooping a grossly disproportionate share of taxpayer-funded university places. Privately-educated (ie, well-off) blacks do not get a leg-up in university admissions. But since racial quotas are just starting in Brazil, it is too early to say what their effects will be, and whether they will make race relations better or worse.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
Textos sobre guerra e paz, numa perspectiva histórica e comparativa Paulo Roberto de Almeida 5136. “A Paz como Projeto e Potência”, Brasília...
-
Sobre isto: A presidente Dilma Rousseff empossou nesta quarta-feira, em Brasília, os sete integrantes da Comissão Nacional da Verdade, gr...
-
Minha preparação prévia a um seminário sobre a ordem global, na UnB: 5152. “ A desordem mundial gerada por dois impérios, contemplados por...
-
Stephen Kotkin is a legendary historian, currently at Hoover, previously at Princeton. Best known for his Stalin biographies, his other wor...