quinta-feira, 1 de maio de 2014

Eleicoes 2014: a curva do 'ja ganhou' se aproxima do ponto de inflexao - Editorial Estadao

As agruras da presidente

01 de maio de 2014 | 2h 11
Editorial O Estado de S.Paulo
Em política, nunca se deve dizer nunca, ressalvou dias atrás o ex-presidente Lula, antes de reiterar a lealdade à candidatura de sua afilhada Dilma Rousseff à reeleição. Ela mesma invocou o termo ao responder à inescapável pergunta sobre o "Volta, Lula" que lhe foi feita por jornalistas esportivos em um jantar - cujo prato de resistência deveriam ser os preparativos para a Copa e os protestos contra o evento - segunda-feira, no Alvorada. "Nada me separa dele e nada o separa de mim", entoou. "Sei da lealdade dele a mim, e ele da minha lealdade a ele."
Menos por isso, decerto, do que por saber que Dilma não tem a mais remota intenção de desistir da chance de passar mais quatro anos no Planalto e por pressentir que a operação da troca de nomes poderá não ser, nas urnas, o sucesso que a justificaria, Lula há de calcular que, para si, melhor do que ter elegido um poste será reeleger o poste que, em vez de iluminar, estorva. Se der errado, a culpa, naturalmente, será de Dilma. Se der certo, será a consagração de sua trajetória como o maior líder de massas da história nacional. Guardadas as diferenças, ele já rodou esse filme.
Em 2009, desistiu de buscar o terceiro mandato consecutivo não necessariamente por reverenciar a regra do jogo, que o proíbe, mas por intuir que talvez não pudesse pagar o preço político da tentativa de mudá-la. Antes fazer e tornar a fazer o sucessor, e se guardar para 2018. Não obstante o "nunca", a sua tendência é de permanecer leal a esse traçado. Ocorre que, por si só, o alarido em torno do "Volta, Lula" - resultado do desgosto dos aliados com o desempenho da presidente, do seu fracasso em construir uma coalizão de interesses da qual fosse ela a líder e do receio petista de perder o poder em 2015 - agrava a sua avitaminose política e acentua a sua vulnerabilidade eleitoral.
Um episódio deixa isso claro. Horas antes da entrevista de Dilma, o líder do PR na Câmara, Bernardo Santana, da base governista, se fez fotografar pendurando na parede o retrato de Lula. Segundo ele, 20 dos 32 membros da bancada preferem que o ex-presidente seja o candidato. "Só Lula tem condição de enfrentar qualquer crise", alegou. Pouco importa que tenha se recusado a identificar os supostos 20 lulistas. Pouco importam também as divisões internas no partido que possam ter parte com o anúncio. O ponto é que, estivesse Dilma nadando de braçada nas pesquisas, Santana não se sentiria inseguro do que o espera nas urnas a ponto de aprontar-lhe tamanha desfeita.
A cena de um político aliado afixando a imagem de um Lula com a faixa presidencial é o símbolo mais contundente das agruras de Dilma. É inevitável a comparação com o hino da vitoriosa campanha a presidente do ex-ditador Getúlio Vargas, em 1950. "Bota o retrato do velho outra vez / Bota no mesmo lugar", dizia a marcha que arrebatou o carnaval daquele ano. Eis o carma da presidente. Um dia lhe perguntam o que acha do "Volta, Lula". No outro, ontem cedo, numa entrevista a rádios baianas, o que acha da fidelidade dos partidos alinhados com o Planalto. A resposta é pura Dilma sem açúcar: "Gostaria muito que, quando for candidata, eu tivesse o apoio da minha base, da minha própria base. Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente".
Falta tocar o eleitor. Por mais que os resultados dos levantamentos de intenção de voto devam ser vistos com cautela - a três meses do início da campanha na TV e a cinco da ida às urnas, quando a disputa ainda não entrou no radar da grande maioria dos brasileiros -, o fato é que a mera coerência dos números da queda da candidata acelera o processo de seu desgaste. Sinal disso é que a equipe da reeleição, segundo uma inconfidência, já se dará por feliz se a chefe parar de cair nas próximas sondagens. A expectativa de vitória no primeiro turno se dissipou. Era, de resto, uma fantasia: nem Lula, apesar de toda a sua popularidade, conseguiu liquidar a fatura logo de saída na reeleição.
Já a aprovação a Dilma - a sua bagagem para as urnas - se aproxima perigosamente do nível que, para os especialistas, conduz antes à derrota do que à vitória eleitoral, sejam quais forem os adversários.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

A maior fraude da politica brasileira volta a grasnar - Editorial Estadao

Não dá para levar a sério

Editorial O Estado de S. Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2014

Não se deve levar a sério quem não leva a sério a si mesmo. Diante das nuvens que ameaçam carregar de sombras o cenário eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu abrir a caixa de ferramentas e "partir para cima" de quem ou o que quer que seja que represente risco para o projeto de perpetuação do PT no poder.

Tem aproveitado todas as oportunidades para exercitar sua conhecida e inexcedível desfaçatez. Na noite de sábado passado, em entrevista à TV portuguesa, chegou ao cúmulo, ao interromper a entrevistadora que queria saber o nível de suas relações com José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares e sair-se com uma inacreditável novidade: "Não se trata de gente de minha confiança".

Então está tudo explicado. E toda a Nação tem a obrigação de reconhecer que o ex-presidente falava a verdade em agosto de 2006, quando o escândalo do mensalão estourou: "Quero dizer, com franqueza, que me sinto traído. Não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas". O fato de as pessoas (a "gente") a que Lula se referia serem o seu então ministro-chefe da Casa Civil - na verdade, um primeiro-ministro ad hoc -, o presidente nacional e o tesoureiro de seu partido tinha então toda a importância, a ponto de o presidente se sentir traído.

Mas, em 2006, surfando no prestígio popular garantido pelo sucesso de seus projetos sociais, Lula reelegeu-se presidente e, cheio de si, subestimando como de hábito o discernimento das pessoas, começou a, digamos, mudar de ideia sobre o mensalão.

Afinal, se estava tão bem na foto, por que posar de vítima?

Em novembro de 2009, já na pré-campanha eleitoral do ano seguinte, passou uma borracha nas declarações anteriores e proclamou diante das câmeras de televisão: "Foi uma tentativa de golpe no governo. Foi a maior armação já feita contra o governo".

Exatamente um ano depois, já comemorando a eleição da sucessora que havia escolhido a dedo, anunciou, onipotente, sua primeira proeza tão logo deixasse o governo: "Vou desmontar a farsa do mensalão".

Os fatos acabaram demonstrando que Lula não estava com essa bola toda. Provavelmente até hoje ele não entendeu direito como é que um colegiado de 11 ministros, dos quais 8 - esmagadora maioria - foram escolhidos por ele próprio e por sua sucessora, foi capaz de armar uma falseta dessas contra "nós".

Mas Lula nunca foi de dar bola para os fatos. Quando não gosta deles, simplesmente os descarta. Prefere criar suas próprias versões.

Uma dessas criativas versões, novidade no repertório do grande palanqueiro pela precisão quase científica que aparenta conter, foi revelada nessa entrevista televisiva que concedeu em Lisboa, durante sua estada em Portugal para as comemorações dos 40 anos da Revolução dos Cravos. E bota criatividade nisso: "O mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica". Quer dizer: a Suprema Corte de Justiça do País tornou-se politicamente cúmplice da "maior armação já feita contra o governo".

A entrevistadora da TV portuguesa estranhou a esdrúxula divisão, mas o ilustre personagem não hesitou em, novamente, sacrificar a lógica e a coerência em benefício de sua cruzada contra o Mal. E encerrou o assunto: "O que eu acho é que não houve mensalão".

Pelo menos ele está "achando" - não tem a categórica certeza que demonstrou quando garantiu, na prematura apoteose do pré-sal, que o Brasil se tornara "autossuficiente" em petróleo.

Outra pérola do pensamento lulista foi oferecida aos telespectadores quando a entrevistadora provocou o entrevistado sobre o fato de sua popularidade manter-se incólume enquanto a de sua sucessora despenca. Ato falho ou exacerbação do ego, Lula sentenciou: "O povo é mais esperto do que algumas pessoas imaginam".

De resto, o fato de, certamente julgando a partir de seu próprio exemplo, entender que a "esperteza" é uma grande virtude do povo brasileiro, Lula dá a exata medida dos valores éticos que cultiva, na hipótese generosa de que cultive algum.

Levá-lo a sério é cada vez mais difícil.

Hermanos anti-cultura, anti-livros, com a conivencia de vcs sabem quem...

Da coluna diária do jornalista Carlos Brickmann:

Hermanos del Mercosur


Uma boa iniciativa de um país irmão: na Feira do Livro de Buenos Aires, iniciada na semana passada, houve uma bela homenagem a São Paulo. Não sem custos, que isso seria hoje uma utopia: São Paulo gastou R$ 2 milhões para receber a bela homenagem. 



Agora, a vida real, de convivir con nuestros vecinos bolivarianos del Mercosur: dos cinco mil livros que São Paulo levaria à Feira do Livro de Buenos Aires, 4.500 foram retidos pela alfândega argentina. Não houve jeito de liberá-los: a homenagem foi prestada com 500 livros, e olhe lá. O secretário da Cultura da Prefeitura paulistana, Juca Ferreira, se limitou a confirmar a retenção dos livros. 



E o prefeito Fernando Haddad, do PT, partido que mantém as melhores relações com a presidente argentina Cristina Kirchner, manteve-se calado, em obsequioso silêncio.
(30/04/2014)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Itamaraty: casos pendentes, insoluveis? Eduardo Saboia

BARRADO NO BAILE
Coluna Esplanada, 28/04/2014

Emissários da presidente Dilma cobram celeridade à Comissão de Sindicância do Itamaraty e um resultado até quarta-feira para o caso do diplomata Eduardo Saboia, o que ajudou na fuga do senador boliviano Roger Molina para o Brasil. É que dia 30 será comemorado o Dia do Diplomata, com formaturas e a presença da presidente. O Planalto quer ver longe dali (ou absolvido logo) o diplomata Saboia.

Politica externa brasileira: critica do Financial Times


FT: Política externa do Brasil o coloca nos bastidores do palco global

Jornal inglês chama atenção para a incapacidade do país de contrariar parceiros autoritários


Jornal do Brasil
O jornal inglês Financial Times publicou uma matéria neste domingo (20) criticando a política externa do governo brasileiro. O autor infere que as fortes relações com países autoritários, como Venezuela, China, Cuba e Rússia poderia atrapalhar o Brasil no objetivo de se estabelecer como uma importante força na geopolítica global.
O último incidente envolvendo o país teria sido na votação sobre o referendo da Crimeia, feita pela ONU no último mês. Brasil, China, Índia e Argentina se abstiveram, enquanto as outras nações consideraram inválido o referendo de anexação da Crimeia pela Rússia.
A reportagem também afirma que o governo é amigo e defende ditadores, como aqueles de Venezuela e de Cuba. Em contrapartida, o Brasil não teria receio em se posicionar contra os Estados Unidos ou a Europa, como aconteceu no caso Edward Snowden, quando foi descoberto que os norte-americanos estavam espionando Dilma Rousseff e seus funcionários, e na visita da presidente há dois anos na Europa, quando ela debateu com Angela Merkel, chanceler da Alemanha, sobre política monetária e comercial.
A matéria termina dizendo que para uma nação que pretende ser um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, tentar sempre ser amigo de todos não é mais uma opção. Além disso, deixar agressões passarem em branco poderia prejudicar a coisa que o país afirma estimar: a paz mundial.

Casanova, entre outros venezianos - Paul Strathern book

O autor é conhecido por suas curtas biografias de personagens famosos, entre as quais eu já li seu Maquiavel Em 60 Minutos (mesmo), de menos de 120 páginas. Agora, ele apresenta uma biografia maior de citadinos originais, entre os quais o famoso Casanova, nesta selecão do site Delanceyplace. 
Paulo Roberto de Almeida 

Today's selection -- from The Venetians by Paul Strathern. The eighteenth-century Venetian Giacomo Casanova is legendary even today for endless sexual adventures, including an affair with his own seventeen-year-old illegitimate daughter, which resulted in her giving birth to a boy who was both his son and his grandson: 


"And it was now, at the age of sixteen, that Casanova had his first bonafide sexual experience. According to his memoirs, this was achieved in suitably impressive circumstances, when he succeeded in seducing (or was seduced by, it is difficult to distinguish) two sisters of aristocratic family, the sixteen-year-old Nanetta and the fifteen-year-old Marta. All three would appear to have been virgins when they got into bed together, but found their mutual deflowering so exhilarating that they 'spent the rest of the night in ever varied skirmishes'. Casanova's memoirs, written in his later years, contain many exaggerations and even palpable falsehoods; on the other hand, many of his most implausible and unlikely escapades almost certainly took place, having about them an idiosyncratic and psychological ring of truth. Casanova may have been a fabulist, but he also lived a fabulous life. And the story of his first full sexual experience with the two sisters (members of the noble Savorgnan family, which Casanova tactfully omits to mention) appears utterly credible, especially given the moral example set by their elders in the Venice of the period. 

 

Portrait of Casanova by Alessandro Longhi

"Having launched the career of his 'ruling passion' there was now no holding back on Casanova's behalf. In quick succession he was angrily dismissed from the Malpieri palazzo after being discovered in a compromising embrace with a young girl who was intended for his host's delectation; and he was also dismissed from his seminary for being found in bed with a young boy. On the latter occasion Casanova seems to have been innocent -- though in the years to come he would not be so prudish as to deny himself the occasional homosexual adventure. As his memoirs make clear, Casanova was to be omnivorous in his sexual exploits: women, men, sisters separately and together), mothers and daughters (ditto), women disguised as castrati, undisguised castrati, ménages a trois, ménages a quatre, and so on -- all were welcome. ...

 

Casanova's 'affairs' certainly numbered well into three figures. There are ... some compelling external reasons for his behaviour. The eighteenth century was a notoriously promiscuous era, and nowhere more so than Venice. The all but non-existent sexual morality in the city in which Casanova grew up must surely have played a significant role in encouraging his behaviour, which can only have been boosted by the confidence that his many early conquests assuredly gave him. Later he was certainly aided by the fact that his reputation preceded him. This led him to increasingly bold and multifarious escapades perhaps the most monstrous of which would involve an affair with his own seventeen-year-old illegitimate daughter, which resulted in her giving birth to a boy who was both his son and his grandson. ...

 

However, eventually -- inevitably -- the life of seduction (and disease), gambling, spying and hack-writing started to take its toll. His teeth began to fall out, and he suffered from diminishing sexual potency. In 1784, whilst in Vienna, he formed a friendship with Count Joseph von Waldstein, based on their shared interest in magic. Waldstein became so enamoured of Casanova's company that he offered him the post of librarian at his castle at Dux in Bohemia (now Duchcov in the Czech Republic). Fifty-nine years old, broke and all but toothless, Casanova had little choice but to accept this generous offer. 

 

 

The Venetians: A New History: From Marco Polo to Casanova
Author: Paul Strathern 

domingo, 27 de abril de 2014

A duvida da semana, do mes, do ano: quem serao?

Transcrevo apenas parte de uma frase que encontrei numa matéria sobre política mas que mais parecia caso de polícia:

"ladrões de dinheiro público e achacadores de dinheiro privado"

Quem serão esses daí?
Seria muito difícil descobrir?
Acho que não. 
Aliás, não é nem dúvida da semana, do mês ou do ano; é certeza absoluta...
Paulo Roberto de Almeida 

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...