quinta-feira, 8 de maio de 2014

Economista dinamarquês 'detona' o Brasil: quer reeleicao da incumbente para precipitar uma crise necessária

Um economista realista: ele acha que o Brasil precisa de uma boa crise, para se reformar de vez.
Eu também acho.
Ele quer a reeleição do poste que passa por presidente atualmente, para precipitar essa crise.
Eu não acho.
Ainda que essa reeleição pudesse precipitar a crise, a incumbente é o mal menor: o problema, ENORME problema, são os sanguessugas mafiosos que pululam em volta.
Prefiro trocar o poste por qualquer outra coisa, até um outro poste, mas que não tenha mafiosos totalitários em torno de si...
Paulo Roberto de Almeida

Economista dinamarquês 'detona' o Brasil e indica melhor investimento para fugir do caos - InfoMoney 
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/3331054/economista-dinamarques-detona-brasil-indica-melhor-investimento-para-fugir-caos

Venezuela: assessor internacional da Presidencia nega fazer o que efetivamente faz...

...que é apoiar as ditaduras cubana e bolivariana-chavista, especialmente a cubana.
Ele acha que todos somos idiotas...
Paulo Roberto de Almeida

Marco Aurélio Garcia rebate acusações sobre Venezuela
 O Globo, 08/05/2014

Para Human Rights Watch, assessor é próximo de Caracas e compromete Brasil

O assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia rebateu as críticas que lhe foram feitas pelo diretor para as Américas da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, quando este anunciou os resultados de uma investigação feita pela ONG sobre abusos de direitos humanos na Venezuela.
Na avaliação, apresentada segunda-feira em Washington, nos EUA, a HRW acusou a Venezuela de Nicolás Maduro de ser "uma anomalia" no continente por ter um padrão de repressão brutal de opositores e manifestantes pacíficos. A ONG baseou suas conclusões numa análise In loco de 45 casos de abusos contra 150 cidadãos desde 12 de fevereiro, quando começaram os protestos contra Maduro.
Vivanco disse que somente uma pressão da comunidade internacional pode modificar os rumos da Venezuela, e destacou importância para a posição da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e, em especial, do Brasil, por sua liderança no continente. O diretor da HRW atribuiu a Marco Aurélio um entusiasmo com os regimes bolivarianos da região, o que representaria "problemas sérios de credibilidade" para o Brasil.
Em carta a Vivanco, Marco Aurélio diz que lhe preocupa "muito a situação dos direitos humanos em qualquer parte do mundo, especialmente na América do Sul" e que abordou o tema em duas ocasiões com Maduro em março em Caracas. Além disso Marco Aurélio nega haver uma lacuna entre sua posição e a do Itamaraty, que a HRW entende estar se tornando mais crítica em relação à Venezuela sob a condução do chanceler Luiz Alberto Figueiredo. "Não há qualquer diferença, nem mesmo de matiz, entre a posição do ministro Figueiredo e a minha, ambas decorrentes das orientações gerais do governo brasileiro." Marco Aurélio ressalta que o único compromisso que teve em seus 12 anos como assessor da Presidência foi "com a defesa do interesse nacional e com os valores que historicamente nortearam a política externa brasileira."


O Estado de S. Paulo - Tortura na Venezuela / Editorial

O governo do presidente Nicolás Maduro cometeu abusos sistemáticos, inclusive tortura, contra opositores durante os protestos iniciados em fevereiro, cuja repressão resultou na morte de 41 pessoas. A informação consta de extenso relatório da Human Rights Watch, uma das mais importantes organizações internacionais de defesa de direitos humanos. O documento deveria servir para que o Brasil - ora governado por uma ex-guerrilheira que foi torturada nos porões de um regime de exceção - reconsiderasse sua posição de apoio ao governo chavista na crise e pressionasse Maduro a respeitar os padrões mínimos de convivência democrática em seu país, que se comprometeu a respeitar as cláusulas democráticas da OEA e do Mercosul.
Com base em investigações feitas em três Estados (Carabobo, Lara e Miranda) e na capital, Caracas, a ONG diz ter encontrado "evidências convincentes" de abusos por parte das forças de segurança. Foram entrevistadas vítimas e familiares, além de testemunhas, médicos, jornalistas e defensores de direitos humanos. Há também farto material fotográfico e em vídeo, relatórios médicos e processos judiciais.
A Human Rights identificou um "padrão de graves abusos". Em ao menos 45 casos específicos, a entidade concluiu que houve "sérias violações de direitos", como tortura, tratamento desumano e violação do direito ao devido processo legal. Um dos aspectos mais graves levantados pela ONG é que juízes e promotores tinham conhecimento ou participaram diretamente dos abusos contra os detidos ou os toleraram. "O fato é que o Judiciário deixou de funcionar como um Poder independente do governo", diz o relatório, que considera "perturbador" o fato de que, para Maduro, os incidentes criminosos protagonizados pela polícia são "casos isolados" e que todos os manifestantes mortos, "do primeiro ao último", eram responsáveis pela violência nas ruas.
Como lembra a Human Rights, Maduro tem dito reiteradas vezes que "apenas um pequeno número" de policiais participou de atos violentos, mas o fato é que há provas de que houve abusos em grande escala, cometidos de forma planejada e com o conhecimento pleno das autoridades. Ademais, as forças de segurança oficiais permitiram que grupos paramilitares chavistas atuassem sem nenhum constrangimento. Em alguns casos documentados, houve atuação conjunta entre a polícia e essas gangues para atacar civis.
O governo Maduro costuma defender-se dizendo que a violência parte dos manifestantes e que as forças de segurança apenas reagem. No entanto, a Human Rights constatou que grande parte dos abusos foi cometida contra civis não envolvidos em atividades agressivas ou criminosas. "De fato, alguns dos piores casos de violações que documentamos ocorreram contra pessoas que nem sequer estavam participando de manifestações ou então que já estavam detidas e sob total controle das forças de segurança", afirma o relatório.
Para a Human Rights, o grau de violência do governo contra os opositores e a acusação sistemática de que estes são "golpistas" sugerem que o objetivo da repressão "não é fazer cumprir a lei ou dispersar os protestos, e sim punir as pessoas em razão de suas opiniões políticas". Eis como age uma ditadura, que é apoiada pelo governo brasileiro, graças a afinidades ideológicas que pautam a política externa da presidente Dilma Rousseff.
É esse apoio que torna compreensível o silêncio de Dilma diante da sistemática violação de direitos humanos promovida por Maduro. Na única vez em que se manifestou oficialmente sobre a crise, o governo brasileiro optou por criminalizar a oposição, ao subscrever uma vergonhosa nota do Mercosul que acusava apenas os dissidentes de promover a violência e de atentar contra a ordem democrática.

Trata-se de escandalosa adesão à campanha de desinformação promovida por Maduro para ocultar seus crimes - agora plenamente conhecidos da opinião pública internacional, graças ao trabalho de grupos de defesa de direitos humanos.


Venezuela: se recurdecen las protestas
 8/05/2014
Un policía murió el jueves en Caracas a causa de un disparo, en una jornada de violencia que comenzó después de que militares detuvieron a 243 estudiantes que acampaban en plazas y avenidas para protestar contra el Gobierno socialista de Venezuela.









Socialismo E Morte: a tragedia bolivariana da Venezuela - Anibal Romero

Socialismo Y Muerte
por Aníbal Romero
Aníbal Romero es profesor de ciencia política en la Universidad de Simón Bolívar.
El Nacional, 7/05/2014
Desde que hizo su aparición en la historia del país, la “revolución bolivariana” ha estado estrechamente asociada a la muerte. Todo comenzó con los golpes de Estado de 1992 y su cosecha de asesinatos, hasta este año que ahora transcurre como testigo de otras cruentas pesadillas, en un inagotable proceso de destrucción de vidas. La alianza de la revolución chavista con la muerte no ha dejado de lado a los propios cabecillas del régimen, comenzando por su máximo líder y su temprano fallecimiento. A los casos políticos es imperativo añadir las decenas de crímenes violentos que acosan a diario a Venezuela, con cifras comparables a las que experimentan naciones sumidas en implacables guerras civiles, como Siria, por ejemplo. No dudo que la violencia existente en nuestra sociedad está vinculada a un proceso político basado en el odio de clases, al resentimiento y la corrupción de las sectas cívico-militares que detentan el poder.
A medida que transcurre el tiempo y avanzan la destrucción y la muerte, la “revolución bolivariana” pierde los pocos vínculos que alguna vez intentó establecer con una ideología y un sentido epopéyico de su propia historia, y deviene en lo que ya es obviamente una marcha sangrienta hacia la nada. Importa que la dirigencia democrática, y en general todos los venezolanos que nos oponemos al régimen, asumamos con serena lucidez que el proceso “revolucionario” se ha transformado en una aventura nihilista, es decir, en un rumbo hacia la nada, hacia un abismo sin sentido alguno.
Ante este sombrío panorama, resulta ineludible preguntarse si el grupo de veteranos políticos congregados en la Mesa de la Unidad Democrática(MUD), se ha percatado de la razón profunda que seguramente explica el patente desencanto y cuestionamiento de que son objeto, por parte de numerosos venezolanos de buena voluntad. Parece obvio que la razón de fondo del descontento hacia la MUD tiene que ver con una ausencia de compromiso con la verdad, acerca de la real naturaleza del régimen y lo que ello significa. No es el “diálogo” como tal lo más relevante, sino el hecho de que la dirigencia democrática que conforma la MUD sigue comportándose las más de las veces como si viviésemos en una situación política normal, en la aparente expectativa de que los códigos de conducta que prevalecieron durante los tiempos de la República civil terminen por domesticar a los nihilistas al mando en el país. Me temo que se llevarán una inmensa decepción.
El problema central no es el salario mínimo, la tasa de inflación, el aumento de la gasolina o la escasez de alimentos. El problema central es el dominio del país por parte de un poder extranjero, la ilegitimidad de origen y ejercicio de los actuales gobernantes, y el esfuerzo sistemático para repetir en Venezuela la experiencia totalitaria que nuestros nuevos amos cubanos usaron para hundir a su nación y perpetuarse en el poder.
La dirigencia democrática tiene el deber ético de apegarse a la verdad y realizar una labor pedagógica hacia el pueblo llano, hacia esos sectores populares que todavía no alcanzan suficiente claridad acerca de lo que está en juego en Venezuela. Se impone dejar de lado la ficción de una política “normal” ejercida en circunstancias que no lo son. Se impone apartarse de negociaciones puramente puntuales y secretas con un régimen criminal y nihilista, y empeñarse a plenitud en difundir sin ambigüedades un mensaje de lucha por la independencia nacional frente al dominio cubano, así como de liberación frente a los designios mortales impulsados por el legado político de Hugo Chávez.
Este artículo fue publicado originalmente en El Nacional (Venezuela) el 7 de mayo de 2014.

(Des)Governanca companheira: as seis leis do caos administrativo - Jose Serra

Ineficiência aprendiz e loquaz: 6ª antilei petista

08 de maio de 2014
José Serra* - O Estado de S.Paulo
Já se disse que a política requer duas habilidades. A primeira: é preciso prever o que vai acontecer amanhã, na semana que vem e no ano seguinte. A segunda: é preciso explicar depois por que as previsões não se cumpriram. Nisso, todos os países e partidos são iguais, mas o Brasil da era petista tem sido mais igual que os outros. Há um abismo angustiante entre o que o atual governo prevê e a capacidade de explicar por que as coisas não acontecem.
Entre as previsões megalômanas e os resultados pífios, há o reino das antileis petistas, cultivadas cuidadosamente pela presidente Dilma e sua equipe. A primeira delas, uma espécie de cláusula pétrea do petismo, prescreve a necessidade de utilizar o máximo de palavras para expressar um mínimo de pensamento. Querem um exemplo magnífico? Vejam o que a então candidata disse sobre e elevada carga tributária no Brasil num debate da campanha presidencial de 2010 (transcrevo como foi dito): "O Brasil sai também de um nível muito elevado de carga tributária, e, agora, eu acho que ele entra numa fase de com a reforma tributária de decréscimo. Houve muitas pessoas contrárias à reforma tributária nos últimos anos. Agora, seguramente, o crescimento do PIB e a redução dos juros permitirá um Brasil mais desenvolvido". Diga-se, a propósito, que essa "reforma tributária de decréscimo", seja lá o que for isso, conviveu com a elevação da carga de tributos durante o governo Dilma ao nível mais alto da história.
A segunda antilei viola o princípio de que a menor distância entre dois pontos é uma linha reta; para eles, é uma curva torta. Este passou a ser o critério dominante das ações de governo: sempre pelo caminho mais longo, incerto e penoso. A terceira antilei supõe que o sol e os planetas giram em torno da Terra, ou seja, a presidente e seu partido coordenam e comandam o universo da política, da economia e das instituições, de modo que as conspirações da mídia e da oposição para enfraquecê-los podem provocar algum Big Bang que vá explodir o País, ou algum buraco negro que o devore. Outra antilei, a quarta, prescreve a transformação contínua de facilidades em dificuldades. Nada que seja fácil de fazer deve ser feito. Por exemplo, cria-se um programa chamado "Ciência sem Fronteiras" para enviar bolsistas ao exterior, mas se deixa de lado o requisito prévio de que os estudantes devam dominar o idioma do país que os recebe. Eles chegam ao Canadá, não falam inglês e têm de ser repatriados ou de fazer curso de línguas em Toronto, com o dinheiro dos contribuintes brasileiros. Geram-se atritos e desperdícios, além de desmoralizar a ideia de proporcionar aos nossos jovens novos conhecimentos que os beneficiem e ao nosso país.
Há uma quinta antilei - essa, reconheço, do agrado especial de Dilma (se ela não existisse, a mandatária certamente a editaria como medida provisória): cada ministro deve saber menos do que a presidente sobre a sua área de responsabilidade. As ideias e a forma de execução dos projetos ficam por conta da chefe do Executivo, que exibe, entre seus principais atributos, precisamente a falta de conhecimento dos assuntos de governo e a baixa capacidade de gestão.
Finalmente, ao menos por ora, há uma sexta antilei, que é muito forte: chega-se ao governo não para administrar, mas para aprender, como se fosse um curso supletivo ou de graduação. Isso vale para toda a nação petista, nos três níveis da Federação - União, Estados e municípios. O exemplo mais recente e vistoso, sem dúvida, ocorre na cidade de São Paulo, cuja administração se dedica ao papo-cabeça e aos experimentos macrolaboratoriais, em que as cobaias são os paulistanos sofredores. É o caso, por exemplo, da devolução dos hotéis da Cracolândia aos traficantes de droga a fim de que recebam seus clientes e dos subsídios dados aos dependentes químicos para que paguem preços mais altos pelo crack.
Na esfera federal, é antológica uma confissão da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, feita numa boa, em 2011, sobre a dificuldade que estava encontrando na elaboração do Plano Plurianual (2012-2015): "Não é possível monitorar e muito menos ser efetivo com 360 programas. No PAC, todo mundo está reaprendendo a fazer obras de infraestrutura - nós, do setor público, e também o setor privado". Isso depois de oito anos de governo do PT e já sob a presidência de Dilma, anteriormente consagrada como genitora do PAC pelo então presidente Lula!
Outra preciosa declaração, em setembro do ano passado, da então ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, mostrou que, no 11.º ano de governo, o PT ainda não sabia o que fazer com as concessões de estradas: chegou a dizer que a concessão da BR-101, na Bahia, iria ficar por último "a fim de termos uma avaliação melhor". E continuou: "Se chegarmos à conclusão de que é impossível fazer concessão, vamos migrar para obra pública". Como escrevi na ocasião, "quantos anos já transcorreram e quantos ainda teremos pela frente até essa terapia infraestrutural de grupo chegar ao fim?".
Nesse emaranhado de antileis, vigilantemente aplicadas, pode-se vislumbrar a chama que tem derretido o prestígio de Dilma junto da população. Até porque as pessoas vão se dando conta, cada vez mais, da antilei n.º 1, que maximiza o palavrório e minimiza o pensamento, dificultando a explicação, já não diria convincente, mas, ao menos inteligível, da frustração das previsões originais e das que são refeitas a cada mês.
A mais reluzente das explicações carece de qualquer lógica: atribui-se à dobradinha entre imprensa e oposição a culpa pelas lambanças na Petrobrás, pela perda de mais da metade do patrimônio da empresa e pelo endividamento que bate o recorde mundial. Tudo isso faria parte de uma diabólica estratégia daquela dobradinha para privatizar a gigante do petróleo. De acordo com esse delírio, quanto mais desmoralizada ela estivesse, mais fácil seria sua privatização! Tenho a certeza de que tal disparate, em lugar de convencer, ofende as pessoas e aquece a chama do derretimento político não só da presidente, mas de um estilo de governo.
*José Serra é ex-governador e ex-prefeito de São Paulo.

Euroland e centro financeiro londrino: consequencias da saida da GB da UE - John Springford










by John Springford and Philip Whyte, 8 May 2014

The City of London will continue to be a global financial centre whether Britain leaves the EU or not. But there would be some serious risks to the City in the event of an EU exit.

While there are some threats to the City posed by closer eurozone integration, they are hardly existential. And inside the EU, the UK government can use the European Court of Justice to ensure unimpeded access to the single market. If the UK quit the EU, London’s European pre-eminence would be at risk. The EU is making it harder for financial firms based outside the Union to access the single market, unless it deems their home country’s financial regulations to be equivalent to the EU’s. In short, the costs to the City of exit would outweigh the (largely illusory) benefits of regulatory sovereignty.

John Springford is a senior research fellow at the Centre for European Reform, and Philip Whyte is former chief economist at the Centre for European Reform.

Diplomacia companheira vira Miseria da Diplomacia - Demetrio Magnoli

Miséria da diplomacia

Demétrio Magnoli
O Globo, 8/05/2014

‘Respeito instruções, respeito leis, mas não respeito caprichos nem ordens manifestadamente ilegais.” A declaração, concedida ao jornal “A Tribuna”, de Vitória (4/5), deveria constar no alto de um manual de conduta dos funcionários públicos. É do diplomata Eduardo Saboia e tem endereço certo.
Saboia chefiava a embaixada brasileira em La Paz até a sexta-feira, 23 de agosto de 2013, quando decidiu que um limite ético fora ultrapassado e orquestrou a fuga do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil. Hoje, o diplomata sofre a covarde punição tácita do ostracismo: a comissão de sindicância aberta no Itamaraty, com prazo previsto de 30 dias, segue sem uma resolução depois de oito meses.
O cineasta Dado Galvão prepara um importante documentário sobre a saga de Molina e Saboia. Será uma história incompleta, pois uma longa série de detalhes sórdidos permanece soterrada pela lápide do sigilo que recobre tanto as comunicações entre a embaixada e Brasília quanto os autos do processo administrativo contra Saboia. Mas o que agora se sabe já é de enrubescer cafetões.
Depois de receber asilo diplomático do governo brasileiro, Molina permaneceu confinado na embaixada em La Paz durante 15 meses. Enquanto o governo boliviano negava a concessão de salvo-conduto para que deixasse o país, ele não teve direito a banho de sol ou a visitas íntimas.
A infâmia atingiu um ápice em março de 2013, quando emissários de Brasília reuniram-se, em Cochabamba, com representantes do governo boliviano para articular a entrega do asilado aos cuidados da Venezuela.
A “solução final” só não se concretizou devido à crise desencadeada nas semanas finais da agonia de Hugo Chávez. No lugar dela, adotou-se a política da protelação infinita, que buscava quebrar a resistência de Molina, compelindo-o a render-se às autoridades bolivianas.
Cochabamba é um marco no declínio moral da diplomacia brasileira. A embaixada em La Paz ficou à margem das negociações. O embaixador Marcel Biato, que solicitava uma solução legal e decente para o impasse, foi sumariamente afastado do cargo. (De lá para cá, circulando sem funções pelos corredores do Itamaraty, Biato experimenta um prolongado ostracismo.)
Molina, por sua vez, teve o direito a visitas restringido a seu advogado e sua filha. Uma ordem direta de Brasília proibiu a transferência do asilado para a residência diplomática, conservando-o num cubículo da chancelaria. Naqueles dias, vergonhosamente, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, chegou a flertar com a ideia de confisco do celular e do laptop do asilado.
Convicções, crenças, valores? Nada disso. Dilma Rousseff conduziu todo o episódio premida pelo temor — ou melhor, por dois temores conflitantes. No início, por sugestão de Patriota, concedeu o asilo diplomático temendo a crítica doméstica — e, pelo mesmo motivo, não o revogou na hora da reunião de Cochabamba.
Depois, a cada passo, temendo desagradar a Evo Morales, violou os direitos legais de Molina, entregou à Bolívia o escalpo do embaixador Biato e converteu Saboia em carcereiro do asilado. As concessões só estimularam o governo boliviano a endurecer sua posição.
A prorrogação abusiva da prisão dos 12 torcedores corintianos em Oruro foi uma represália direta da Bolívia contra o Brasil. O patente desinteresse de Brasília pela sorte dos cidadãos brasileiros encarcerados representou uma nova — e abjeta — tentativa de apaziguamento.
Saboia assumiu o comando da embaixada após o afastamento de Biato, e tentou, inutilmente, acelerar a valsa farsesca das negociações conduzidas por uma comissão Brasil/Bolívia formada à margem da representação diplomática em La Paz. Cinco meses depois, rompeu o impasse, aceitando os riscos de transferir Molina para o Brasil.
Em tempos normais, o diplomata que fez valer a prerrogativa brasileira de concessão de asilo seria recepcionado de braços abertos pelo governo brasileiro. Mas, em “tempos de Dilma”, o mundo está virado do avesso.
Antes que os familiares de Saboia pudessem deixar a Bolívia, o governo transmitiu à imprensa o nome do responsável pela fuga do asilado. Na sequência, reservou-se a Saboia um lugar permanente na cadeira dos réus.
Tempos de Dilma, uma era de “ordens ilegais” e “caprichos”. A presidente expressou, em público e pela imprensa, sua condenação prévia de Saboia antes da abertura da investigação oficial. Pela primeira vez na História (e isso abrange a ditadura militar!), uma comissão de sindicância do Itamaraty não é presidida por um diplomata, mas por um assessor da Controladoria-Geral da União que opera como interventor direto da Presidência da República.
“É evidente que existe uma pressão política”, denuncia Saboia. “Há uma sindicância que não está, pelo visto, apurando os fatos que levaram uma pessoa a ficar confinada 15 meses; está voltada para me punir.”
Em março, emanou da comissão um termo provisório de indiciação que omite os argumentos da defesa e cristaliza as mais insólitas acusações — inclusive a de que Saboia violou os “usos e costumes” (!!!) da Bolívia.
A mesquinha perseguição a Biato e Saboia não é um caso isolado, mas a ponta saliente de uma profunda deterioração institucional: pouco a pouco, o Estado se converte numa ferramenta de realização dos desígnios dos ocupantes eventuais do governo.
Não é mais segredo para ninguém que o governo ignora solenemente as violações de direitos humanos em Cuba e na Venezuela. Menos divulgado, porém, é o fato de que a política externa do lulopetismo tem perigosas repercussões internas: no Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), um órgão presidido pelo Ministério da Justiça, as solicitações de refúgio político de dezenas de bolivianos dormem no limbo.
“Não respeito caprichos nem ordens manifestadamente ilegais.” No Brasil de Dilma, quem diz isso é réu. A presidente exige obediência cega. Vergonha.

Demétrio Magnoli é sociólogo.

Eleicoes 2014: trocando cassinos por votos (e mais 90 milhoes...)

Alerta Total

Jornalista Jorge Serrão

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Lobby do jogo oferece R$ 90 milhões ao PT para apoiar legalização de cassinos e bingos no Brasil

Parte da cúpula petista já aposta em reforço de caixa para os R$ 370 milhões que já tem para torrar na campanha reeleitoral de Dilma Rousseff. Em troca do lobby para a tão esperada legalização dos jogos de azar, com a implantação de cassinos em cidades estratégicas, o partido negocia uma “doação” de R$ 90 milhões. Metade do dinheiro viria dos interessados em operar apenas bingos em grandes cidades.

Curiosamente, os milhões “doados” viriam de um grupo argentino, que tem negócios no Uruguai e relações com empresários norte-americano da jogatina – oficialmente proibida no Brasil desde o final da década de 40, por lobby da Igreja Católica junto ao então governo do General Eurico Gaspar Dutra. O movimento pela legalização do jogo no Brasil avança e recua desde o primeiro mandato de Lula da Silva.

O consultor que estaria fazendo a ponte entre os agentes do jogo e o governo é Antônio Palocci Filho. O também consultor José Dirceu de Oliveira e Silva, que abriu as negociações, não pode atuar agora, por causa da hospedagem forçada na Penitenciária da Papuda. Mesmo problema de outro petista identificado como lobista da jogatina, José Genoíno, obrigado a suportar o mesmo drama de “reeducando” do companheiro Dirceu, por causa da condenação no Mensalão.

Agora, a intenção o jogo seja permitido, inicialmente, em localidades estratégicas: Angra dos Reis, Búzios e Petrópolis (RJ), Guarujá, Campos do Jordão e litoral Norte de São Paulo, além de Araxá (MG). Nos planos também entram cidades na região de Florianópolis, Curitiba, Manaus e no litoral da Bahia. A intenção é liberar os bingos, com restrições, apenas em grandes cidades. Provavelmente, só se tenha uma decisão no próximo governo. Por isso, outras candidaturas também devem receber “incentivos” dos lobistas do jogo.

Campanha dispendiosa

Já circula no mercado de lobbies quanto vão gastar as três principais candidaturas ao Palácio do Planalto em 2014.

O esquema pró-Dilma Rousseff já tem para torrar R$ 370 milhões.

O empresariado e o mercado financiero apostam alto em Aécio Neves com alguns milhões a mais: R$ 44 milhões.

Em terceiro nas pesquisas e na previsão de gastos de campanha vem Eduardo Campos, com previsão de investir R$ 270 milhões.

Foco prioritário

O PT só enxerga a estratégia da hegemonia, e não admite perder a reeleição de Dilma Rousseff.

Para garantir, vai apostar no crescimento da candidatura de Eduardo Campos, sabotando, ao máximo, a de Aécio Neves.

Se forem obrigados a encarar um segundo turno eleitoral – panorama que hoje se desenha como mais provável -, os petistas preferem encarar o neto de Miguel Arraes, que até outro dia foi aliado deles, em vez de enfrentar o neto de Tancredo Neves.

Medinho de retaliação

O comando petista avalia que não dá para negociar um pacto futuro de não agressão com Aécio Neves, nos mesmos moldes que Lula da Silva fechou com Fernando Henrique Cardoso, em 2002.

É grande o temor de retaliações, principalmente contra Lula, caso Aécio conquiste o Palácio do Planalto – desgraça que os petistas só projetam nos fechados bastidores de discussão de campanha.

Na pior hipótese, se Dilma for obrigada a perder, por pressões internacionais bem delineadas, Eduardo Campos seria uma alternativa para uma futura recomposição, sobretudo pela amizade pessoal dele com Lula.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...