quinta-feira, 30 de junho de 2016

Democracia e Politica Externa: consideracoes sobre o caso brasileiro (diplomacia partidaria do PT) - Paulo Roberto de Almeida

O mais recente trabalho publicado, um capítulo num livro compilado a partir de apresentações num simpósio acadêmico, focalizando a questão das relações entre democracia e política externa, que eu enfoquei (em 2015) pelo mau exemplo de não correspondência, justamente, entre a democracia (de baixa qualidade) brasileira, de um lado, e a diplomacia partidária dos companheiros, finalmente afastados da condução de nossas relações exteriores:

2892. Democracia e Política Externa: considerações sobre o caso brasileiro”, Hartford, 17 julho 2015; Anápolis, 11 novembro 2015, 17 p. Texto suporte para participação em mesa redonda sobre o tema no IV Simpósio Internacional de Ciências Sociais intitulado: Ciências Sociais e Democracia Hoje: controvérsias, paradoxos e alternativas (dias 11, 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia). Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/11/democracia-e-politica-externa.html); Revisão em Brasília, em 19/12/2015, 22 p.; revisão do livro editado em 30/06/2016. Texto publicado in: Pedro Célio Borges et al. (Org.), Democracia e ciências sociais : memória, políticas e desigualdades (Goiânia: Editora UFG, 2016, 283 p.; ISBN 978-85-495-0035-9; pp. 93-116). 
Disponível na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/26619963/Democracia_e_Politica_Externa_consideracoes_sobre_o_caso_brasileiro_2015_). 

Projeto de trabalho a distancia auxilia conjuges de diplomatas - Informacao

Foi aprovado na Comissão de Administração e Trabalho da Câmara, por unanimidade, o PL 2723/2015, que visa a instituir o trabalho remoto para servidores públicos federais, inspirado em exemplo exitoso do Judiciário (em especial o TST).

O PL, agora, segue para a CCJ da Câmara, onde tramita em caráter conclusivo, não necessitando de votação no plenário. Caso aprovado, seguirá para o Senado.

Creio ser grande oportunidade para o Itamaraty constribuir para solução de problema crônico da nossa carreira: a ausência de Exercício Provisório para cônjuges servidores federais, que são obrigados a tirar licença para acompanhamento de cônjuge (LAC) em vez de seguir adiante com suas carreiras, o que implica em desvalorização do trabalho do servidor e em diminuição da renda familiar.

Com a instituição do trabalho remoto, servidores cônjuges de diplomatas poderiam simplesmente solicitá-lo, mantendo seus vencimentos e carreiras mesmo estando no exterior, sem necessidade das complicadas gestões associadas ao Exercício Provisório. Todos sairiam ganhando: os cônjuges servidores, nós diplomatas, os órgãos de origem e o próprio Itamaraty, que não precisaria mais lidar com eventuais indisposições de outras classes ou ânimos políticos.

Uma ação da ADB em favor do PL seria extremamente bem-vinda. Se o MRE encampar o PL, seria ainda melhor, constituindo oportunidade para, finalmente, contribuir para a qualidade de vida das famílias no exterior.

Obviamente, a regulamentação específica do exercício remoto dependeria de cada órgão, mas creio que o peso das gestões da ADB e do MRE (mostrando como seria importante para as famílias diplomáticas) seria relevante para a aprovação tanto na CCJ quanto, posteriormente, no Senado.

Incluo link para matéria que trata do assunto: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ADMINISTRACAO-PUBLICA/511348-COMISSAO-APROVA-PROJETO-QUE-AUTORIZA-TRABALHO-A-DISTANCIA-NO-SERVICO-PUBLICO-FEDERAL.html

Redação de: William Santos
Embaixada do Brasil em Washington

Petistas comemoram condenacao ao jornalista Reinaldo Azevedo, por "ofensa" ao governador do Acre

Chamar um governador de "coiote" seria ofensivo? Depende. O coioite são aqueles agentes do tráfico humano, que organizam passagens clandestinas de imigrantes ilegais de um país a outro, mais exatamente os meliantes que atuam na fronteira americana do norte do México.
Creio que cabe recurso, em corte federal, não do Acre, onde o juiz pode ser simpático ao governador.
Paulo Roberto de Almeida

CONDENADO! Colunista da Veja terá que pagar R$ 20 mil por ofender honra de Tião Viana

reinaldo condenado2
O deputado Leo de Brito (PT-AC) registrou nesta quarta-feira (29) em pronunciamento no plenário a decisão da 1ª Vara Cível de Rio Branco, no Acre, que condenou o colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, ao pagamento de R$ 20 mil a título de indenização ao governador do Acre, Tião Viana (PT).
“É claro que essa decisão da Justiça foi importante exatamente para brecar qualquer possibilidade de ações preconceituosas por parte de jornalistas, cujas opiniões acabam beirando práticas fascistas. Então, a Justiça está de parabéns por ter feito justiça ao governador Tião Viana, que foi ofendido em sua honra”, ressaltou Leo de Brito.
Em matéria publicada em maio de 2015, Reinaldo Azevedo sugeriu que Jorge Viana se portaria como “coiote” ao viabilizar a entrada de imigrantes haitianos em território brasileiro. Na sentença da juíza Zenice Mora Cardoso, dada no último dia 20 de junho, ela entendeu haver ato danoso à moral do governador do Acre.
Em sua sentença, a juíza Zenice Cardoso diz que “a expressão ‘coiote’ e a comparação refere-se à ação de transporte de pessoas, (...) de modo que dispor que o autor estava agindo como ‘coiote’ implica não só em uma crítica contundente e ácida à política adotada, mas em flagrante ofensa à honra e à imagem de pessoa pública que ao agir em política pública apoiada inclusive pelo governo federal, tem sua ação equiparada a atividades ilegais de ‘coiotes’”.
Além dos R$ 20 mil que terá que pagar a Tião Viana, Reinaldo Azevedo ainda foi condenado ao pagamento das custas processuais, fixadas em 50% do valor da sentença e custas advocatícias, fixadas em 10% do valor da sentença.
Gizele Benitz

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Economia brasileira: deterioração das contas públicas - Itau Macroeconômico

BRASIL - Déficit primário de R$ 18 bilhões em maio

O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 18,1 bilhões em maio, ligeiramente pior que a nossa estimativa (17 bi) e do mercado (15,8 bi). O resultado do governo central foi ligeiramente melhor que a nossa estimativa (R$ -15,5 bilhões; nossa estimativa: R$ -17,0 bilhões), enquanto os governos regionais tiveram pequeno déficit primário de R$ 0,2 bilhão no mês (nossa estimativa: superávit de R$ 1 bilhão). A tendência desfavorável dos resultados fiscais reforça a necessidade da aprovação de reformas estruturais, como a proposta do limite para o crescimento dos gastos, que é capaz de alterar a dinâmica de elevação nas despesas do governo e reverter a trajetória desfavorável da dívida pública.

O governo central teve déficit de R$ 15,5 bilhões em maio (R$ 18,2 bilhões pela metodologia do Banco Central), ligeiramente melhor que a nossa estimativa (R$17 bilhões) e em linha com o esperado pelo mercado. As despesas vieram R$2,9 bilhões abaixo das nossas estimativas, mais do que compensando a surpresa também negativa de R$1,4 bilhões na arrecadação (ver tabela abaixo). A surpresa nas despesas ocorreu principalmente nos gastos com o PAC (R$ 1,2 bilhões), abono salarial e seguro desemprego (R$ 0,5 bilhão) e com a desoneração da folha de pagamentos (R$ 0,5 bilhão). Houve uma distorção de R$ 2,7 bilhões entre a divulgação do Tesouro Nacional e do Banco Central, que provavelmente reflete uma diferença metodológica na contabilização das despesas com subsídios. No acumulado de 12 meses, o déficit do governo central aumentou de 2,3% do PIB em abril para 2,4% do PIB em maio e alcançou 0,4% do PIB no acumulado do ano (ver gráfico). A manutenção da tendência de deterioração dos resultados primários reforça a necessidade de reformas estruturais como a proposta anunciada da criação de um teto de gastos (ver abaixo) que alterem a dinâmica desfavorável das contas públicas.

Os governos regionais tiveram um pequeno déficit de R$ 0,2 bilhão em maio. No acumulado do ano, o primário dos governos regionais continua piorando em relação a 2015 e 2014 (ver gráfico). Como forma de aliviar a situação fiscal dos estados, o governo aceitou alongar em 20 anos as dívidas estaduais com a União, e conceder um percentual de carência por 24 meses no pagamento das parcelas mensais das mesmas. A medida tem impacto acumulado estimado pela equipe econômica de R$ 50 bilhões até 2018. Como contrapartida, os estados também terão de respeitar o de teto de gastos, o que aumentará a potência da medida e ajudará no retorno de uma trajetória equilibrada para as contas públicas.

O déficit nominal e a dívida pública mantiveram-se em tendência de alta em maio. No acumulado em 12 meses, a despesa de juros diminuiu de -7,8% para -7,6% do PIB, enquanto o déficit nominal ficou estável em -10,1% do PIB, com as despesas com os swaps cambiais caindo de 0,3% para 0,0% do PIB. Excluindo as operações de swaps, o déficit nominal acumulado em 12 meses aumentou de -9,8% para -10,1% do PIB em maio, enquanto as despesas de juros aumentaram de -7,4% para -7,5% do PIB (ver 1o gráfico). Com a tendência ruim do resultado nominal, a dívida pública continuou em elevação (ver 2o gráfico). A dívida bruta do governo geral aumentou de 67,6% para 68,6% do PIB, enquanto a dívida líquida do setor público aumentou de 39,5% para 39,6% do PIB. A dinâmica da dívida pública continuará desfavorável em 2016, dado que déficit primário, despesa de juros e contração do PIB serão elevados.

  

Como estratégia para reverter o desequilíbrio fiscal, o governo propôs uma reforma constitucional para limitar o crescimento anual dos gastos públicos federais à variação da inflação do ano anterior. A medida é uma reforma estrutural da economia brasileira capaz de reverter a dinâmica de deterioração das contas públicas. Com o teto para o crescimento dos gastos federais, estimamos que a dívida pública possa ficar abaixo de 80% do PIB e passar a cair até 2025.  Ao implicar uma perspectiva mais benigna para a trajetória do gasto público, a reforma criaria condições para uma retomada cíclica da economia com ganho de confiança e queda de juros, que permitiriam que a dívida pública estabilizasse antes do superávit primário atingir o nível que a estabiliza no longo prazo (ver relatório Macro Visão: “Teto de gastos pode estabilizar dívida abaixo de 80% do PIB”).

 

Pedro Schneider
Lourenço Paiva

Livro "Dimensoes do Poder: Historia, Politica e Relacoes Internacionais" - EdiPUC-RS

Acabo de receber, este livro dos organizadores:

Dimensões do Poder: História, Política e Relações Internacionais
Org. Marçal de Menezes Paredes et al.
(Porto Alegre: EdiPUC-RS, 2015, 191 p.; ISBN: 978-85-397-0714-0)
O livro foi publicado em versão online, com acesso através do link:
http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-0715-7.pdf

Entre os diversos artigos, este capítulo meu:


Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica: uma síntese tentativa

Paulo Roberto de Almeida
Texto preparado para o IX Congresso de Estudos Ibero-Americanos da PUC-RS.
Apresentado em 29/10/2013; versão para publicação: 17/01/2014.
Publicado in:
Marçal de Menezes Paredes et al. (Orgs.),
Dimensões do poder: história, política e relações internacionais
 (Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015, 191 p.; ISBN 978-85-397-0714-0); pp. 135-164;
disponível no link: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-0715-7.pdf

Esquema do trabalho:
1. Introdução: premissas conceituais e suas limitações
2. Periodização tentativa: cinco momentos das relações internacionais do Brasil
     2.1. O Império: a construção da nação e as bases de sua diplomacia
     2.2. A Velha República: os mitos e as deficiências da política externa
     2.3. A era Vargas: escolhas estratégicas, a despeito de tudo
     2.4. O regime militar: consolidação do corporatismo diplomático
3. A redemocratização e as relações exteriores do Brasil
     3.1. Uma periodização diplomática para o período contemporâneo
     3.2. Os anos turbulentos das revisões radicais do momento neoliberal
     3.3. Estabilização macroeconômica e nova presença internacional
     3.4. Por fim, a era do nunca antes: a diplomacia personalista de Lula
4. O que concluir de tudo isto? Que lições ficam de nossa trajetória histórica?
5. Nota final: reformas internas e inserção na globalização


Resumo: Ensaio histórico sobre as grandes linhas das relações internacionais do Brasil e sobre seu processo de desenvolvimento ao longo dos séculos 19 e 20, com considerações mais detalhadas sobre as características da política externa no período recente, em especial as diplomacias conduzidas nas presidências FHC e Lula. Seguem-se argumentos de cunho qualitativo sobre as deficiências notórias do desenvolvimento brasileiro, sobre a origem puramente interna das dificuldades atuais, concluindo pela necessidade de reformas estruturais e uma opção pela inserção na globalização.

Palavras-chave: relações internacionais, política externa, Brasil, diplomacia, desenvolvimento, globalização.

Companheiros diplomatas, a luta continua (contra o MPOG e cortes no 13 salario e adicional de ferias) - Nota ADB

Os diplomatas terão de partir em guerra contra os burocratas do MPOG que se julgam no direito de afrontar o direito e a legislação, cortando abusivamente adicionais que estão consagrados legalmente?
Leiam abaixo nota da Presidente da Associação dos Diplomatas Brasileiros, embaixadora Vitória Alice Cleaver:

Mensagem da Presidente da ADB
Ação judicial contra o corte no 13º salário e no terço de férias

 Caros colegas associados,

            A ADB ingressou, em 28 de junho, com ação judicial pela qual solicita o pagamento integral do 13º salário e do terço de férias de seus associados que estão servindo no exterior. A ação requer tutela de urgência para que o pagamento integral seja feito desde já.
            A ação contesta o entendimento adotado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do então Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, segundo o qual a base de cálculo do 13º salário no exterior e do terço de férias deveria excluir a Indenização de Representação no Exterior (IREX) e o auxílio-familiar.
Para a ADB, esse entendimento afronta a legislação específica que rege a remuneração no exterior, segundo a qual a base de cálculo é a "retribuição integral" percebida pelo servidor, e não a "retribuição básica" (L. 5.809/72, art. 8º, IV).
A ADB contesta ainda o fato de que o corte se deu em desrespeito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa - direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal -, uma vez que a medida foi imposta por decisão unilateral da SOF, sem a devida abertura de processo administrativo e sem a participação das partes afetadas no processo decisório.
A defesa dos interesses da carreira diplomática exige vigilância contra atos que possam inviabilizar o adequado exercício do dever de representar o Brasil nas suas relações internacionais. Com o ajuizamento da ação judicial em questão, a ADB busca não apenas preservar condições dignas de exercício da função diplomática, mas sobretudo defender a integridade do marco legal que rege nossa carreira.

Vitoria Cleaver, presidente da ADB

Comentarios a meu depoimento pessoal sobre o "lulopetismo diplomatico", e respostas PRA

Recebi, até o dia 27/06/2016, a propósito deste meu texto:
(comentários ulteriores, agregados abaixo, in fine)



2999. “Auge e declínio do lulopetismo diplomático: um depoimento pessoal”, Brasília, 22 junho 2016, 18 p.; revisto: 26/06/2016: 19 p. Artigo elaborado para a seção “Contribuição Especial” da Mural Internacional, revista eletrônica semestral do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ; site: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/muralinternacional/index; ISSN: e-ISSN: 2177-7314 (2010); ISSN: 2446-6182 (2015); Qualis: B2), com base nos trabalhos 2655, 2840, 2841 e 2964. Antecipado no blog Diplomatizzando (23/06/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/auge-e-declinio-do-lulopetismo.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/c46f707fd7?source=link) e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/304351768_Auge_e_declinio_do_lulopetismo_diplomatico_um_depoimento_pessoal?ev=prf_pub).

os comentários que reproduzo abaixo seguidos de meus próprios comentários em resposta. Quero agradecer mais uma vez todos os que se dispuseram a ler meu depoimento pessoal, o primeiro feito depois de treze anos e meio de bizarrices lulopetistas na frente externa, mas que ainda não estão totalmente esclarecidas documentalmente (aliás, um aspecto problemático, pois o que mais falta, justamente, nessas loucuras cometidas na frente externa, são documentos comprobatórios de determinadas decisões tomadas, um problema tanto para os historiadores do futuro, que se ocuparem da nossa política externa, como, faço este paralelo, para os policiais do presente que precisam investigar determinados crimes cometidos contra o país pelos mafiosos do partido neobolchevique e que se deparam com laranjas, contas em paraísos fiscais, personagens misteriosos, etc.).
Espero poder contribuir, no futuro, para o esclarecimento de alguns episódios obscuros da diplomacia partidária (e sectária) conduzida pelos lulopetistas desde 2003.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29 de junho de 2016

Pedro Scuro Neto
5 hrs ago
O texto ainda é - segundo seu autor - parte de um relato ou obra ainda por fazer. Até aqui foi um depoimento vibrante, sensível, mas eivado de adjetivos que nos impedem reconhecer com rigor o "projeto político integral" do tal "lulopetismo". É difícil dizer, mas à primeira vista parece que o principal obstáculo à realização da tarefa do Professor Paulo Roberto pode ser o foco excessivo na "base" (pp. 16-17) "presente em praticamente todos os cursos de relações internacionais" das faculdades brasileiras; "base" a garantir a reprodução do "mito lulopetista diplomático". Se conseguir se livrar desse espantalho, o resultado do esforço do Professor certamente será alvissareiro.
Grato pelo comentário e concordo inteiramente. Existem aqui dois aspectos. Num texto destinado a uma revista digital, como primeiro texto de uma "Colaboração especial", eu não poderia, sob risco de ultrapassar qualquer critério de razoabilidade, estender-me nas justificativas factuais e empíricas de cada julgamente meu, daí o excesso de adjetivos. As fundamentações estão em outros textos, notadamente em meu livro Nunca Antes na Diplomacia (2014), mas poderão, e deverão vir, em novos depoimentos bem mais extensos, e com apoio documental, o que eu não poderia ter feito agora, por falta de tempo e de espaço. Por outro lado, como expliquei, não considero que a "extirpação" dos mafiosos neobolcheviques do poder tenha a capacidade de afetar corações e mentes dos true believers da academia, que continuam convencidos das virtudes em geral do lulopetismo, e em especial de sua vertente supostamente soberana e altiva na política externa, daí a minha crença na continuidade do apoio a esse lulopetismo diplomático, mesmo quando ele não subsistir mais no plano oficial. Ele só deixará de existir quando os professores que acreditam em suas virtudes forem convencidos de que ele foi nefasto para o país, o que vai ser difícil, pois essas crenças esquerdistas no anti-imperialismo primário do lulismo, no nacionalismo rastaquera, no estatismo exacerbado vão continuar por muito tempo entre nós, sobretudo entre os que eu chamo de gramscianos de academia, os mais infensos a qualquer crítica dos anos passados (inclusive porque continuam, contra todas as evidências de crimes, a apoiar os mafiosos afastados temporariamente do poder). Grato de toda forma. Vou levar em conta esses aspectos.

Novo comentário: 
Pedro Scuro Neto
9 hrs ago
Aproveite para também levar em conta Lord Bertrand Russell: "Diante de um problema, prático ou teórico, mantenha o foco nos fatos e na verdade que eles expressam. Não se desvie em nome da sua própria verdade nem do que acha que, do seu jeito, seria melhor. Busque única e exclusivamente os fatos".
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O magnífico e corajoso depoimento do diplomata Paulo Roberto de Almeida é de capital importância para compreendermos duas coisas: 1) Como as Relações Exteriores do Brasil foram administradas pelos petistas. 2) De que forma Lula tentou cooptar o Itamaraty para sua política pessoal e corrupta. Quanto ao primeiro aspecto, fica claro, a partir do depoimento que ora comento, que Lula criou uma forma nova de compreensão das nossas relações exteriores: não a partir da tradição secular do Itamaraty, mas a partir dos interesses do PT e do próprio Lula. Como não havia uma elite diplomática identificada cem por cento com a pretensão lulista, o presidente petralha criou a sua linha própria de atuação "enxertando" no corpo diplomático diplomatas "ad hoc", caso do Chanceler de fato para a América Latina, Marco Aurélio Garcia. Quanto ao segundo aspecto, Lula tentou cooptar o Itamaraty mediante o processo tradicional lulopetralha aprendido com os cubanos: simplesmente amedrontar diplomatas da velha guarda para que não atrapalhassem os seus "avanços democráticos". Conheço, de amigos diplomatas, depoimentos bastante cruéis. Com o correr dos anos, esses fatos virão à luz do dia. Mas o depoimento de Paulo Roberto de Almeida arroja já bastante luz sobre esse tipo de cooptação. Os petralhas, é claro, não sumirão do panorama da nossa diplomacia. Por ora submergirão em águas profundas, como o seu grande líder costuma fazer. Mas voltarão a atrapalhar. No entanto, a conclusão que posso tirar do depoimento de Paulo Roberto de Almeida é claro: O Itamaraty vive e pode fazer florir, novamente, a sua respeitável tradição de serviço sério e dedicado aos interesses do Brasil, não apenas às propostas tacanhas de um partido que tentou sindicalizar o Brasil.

Muito grato, meu caro Ricardo, e agradeço sinceramente seu reforço. Veja, acima, a resposta que dei a meu colega sociólogo Pedro Scuro, que formulou uma crítica justa sobre o excesso de adjetivos em meu texto, pelo fato de que numa "Colaboração Especial" a um boletim universitário eu não tinha espaço para fundamentar cada um dos meus argumentos, do contrário o texto triplicaria de tamanho. Mas, sendo justamente um texto destinado a uma universidade supostamente repleta de gramscianos de academia, meus argumentos foram deliberadamente fortes e provocadores, para suscitar, ou reações contrárias, e assim iniciar um debate, ou simplesmente destinados a "chocar" os mais jovens, que os confrontarão às bobagens repetidas pelos seus professores sobre a tal de diplomacia "ativa e altiva". Não quis aprofundar as críticas aos aspectos verdadeiramente criminosos dessa política por motivos táticos, inclusive porque estando fora do Itamaraty até o momento, não tive oportunidade de compulsar documentos e verificar arquivos, para saber como se desenvolveram certos episódios ainda obscuros desses anos negros de nossa diplomacia. Mas eu o farei um dia, se preciso for passando dias e dias nos arquivos confidenciais. O abraço do Paulo Roberto de Almeida .
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Corajoso, Paulo Roberto de Almeida, no mínimo corajoso. Estive envolvido (indiretamente) com o Itamaraty nos últimos 25 anos, sempre às voltas com as negociações do Mercosul. Seu depoimento, da forma como analisa os acontecimentos, me fez perceber com clareza que foi exatamente a atuação lulopetista que não permitiu que o acordo com a União Europeia - longe de ser a panaceia salvadora do comércio exterior brasileiro, mas de grande importância para manter os fluxos de comércio e de investimentos entre as duas regiões, com reflexos altamente positivos para a economia brasileira - até recentemente. Agora, se tem a esperança de que as negociações sejam verdadeiramente retomadas, salvo pelo recentíssimo "Brexit". Quanto terá sido o prejuízo causado ao Brasil, pela atuação lulopetista nesse aspecto comercial? E em outras frentes, como a ALCA, por exemplo?
Paulo Roberto de Almeida
3 days ago
 Grato pelos seus comentários meu caro Mario Roberto Branco, e concordo com você em que a diplomacia lulopetista foi no mínimo desconectada da realidade, mas não acredito muito em qualquer acordo com a UE, a não ser um muito inócuo. A Alca seria um grande desafio ao Brasil, mas não o monstro pintado pelos petistas, e até significaria bem mais investimentos recebidos pelo Brasil do que propriamente acesso ampliado a nossos produtos agrícolas, que não viria com facilidade, como sabemos, mas não acredito que por isso teria sido totalmente negativo esse hipotético acordo. Ficamos de fora de qualquer acordo significativo com os aloprados lulopetistas.

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...