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sábado, 17 de abril de 2021

Pandemia, verdade e justiça - Marcos Rolim

 Marcos Rolim escreveu TUDO o que é preciso saber para processar o capitão por “CRIMES CONTRA A HUMANIDADE” (mas creio que será difícil chegar ao TPI, na Haia), ou colocá-lo no foco de uma futura Comissão da Verdade e Justiça, no próprio Brasil.

Paulo Roberto de Almeida


Pandemia, verdade e justiça 

Bolsonaro se colocou ao lado dos interesses privados, procurando se desvincular politicamente dos efeitos da inevitável recessão econômica, com o único objetivo de preservar suas chances de reeleição
Por Marcos Rolim / Extra Classe, 16 de abril de 2021 
 
 
 
 


"Bolsonaro não apenas desprezou a doença. Ele ignorou a dor das famílias enlutadas e fez piadas homofóbicas com a covid. Em uma live, ele chegou a simular uma crise respiratória de alguém acometido pela doença, isso depois que muitas pessoas haviam morrido asfixiadas em Manaus graças à incúria de seu governo"

“Bolsonaro não apenas desprezou a doença. Ele ignorou a dor das famílias enlutadas e fez piadas homofóbicas com a covid. Em uma live, ele chegou a simular uma crise respiratória de alguém acometido pela doença, isso depois que muitas pessoas haviam morrido asfixiadas em Manaus graças à incúria de seu governo”

Ilustração: Detalhe de “Memória”, óleo sobre tela de Rene Magritte, Bélgica, 1948

A tragédia em curso no Brasil não tem, ainda, um nome preciso, mas penso que estamos diante de “Crime contra a humanidade”, a figura jurídica com a qual referimos o sacrifício em massa de um grupo determinado como consequência da atuação do Estado.

O artigo 7º do Tribunal Penal Internacional (TPI) elenca as condutas dessa natureza (tortura, escravidão, apartheid, privação arbitrária da liberdade, desaparecimento forçado, etc), inserindo, em seu rol de atrocidades, a seguinte formulação: “Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental”. Assim, ataque generalizado ou sistemático à população civil com efeitos dessa gravidade, não necessariamente de origem militar, preenche as características do tipo penal.

Descrever um processo que poderá conduzir o Brasil a meio milhão de mortes, talvez mais, já seria algo muito difícil, mas quando analisamos suas circunstâncias, percebemos que esse massacre foi acompanhado por um discurso e por uma política específicos, ambos identificáveis e fartamente documentados.

Desde o início, temos a postura negacionista do presidente da República, que sempre desprezou a gravidade da pandemia, que duvidou dela, que a tratou como “gripezinha” e “fantasia da imprensa”. Na base dessa visão, estava uma estratégia definida à margem do debate público e das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS): permitir a mais ampla circulação do vírus de modo a estimular o contágio e a presumida consequência da imunização coletiva (a chamada “imunidade de rebanho”).

Estudo recente do Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário da Faculdade de Saúde Pública da USP e da Conectas, o qual analisou 3.049 normas editadas pelo governo federal ao longo da pandemia, identificou essa racionalidade de forma incontroversa.

Por conta da sua estratégia, o governo federal, que deveria centralizar as ações de enfrentamento à pandemia e aglutinar todos os agentes públicos em torno de um único desafio, conter a disseminação do vírus e salvar vidas, atuou em sentido contrário, abrindo guerra contra governadores e prefeitos que procuravam assegurar medidas de distanciamento social. Agindo dessa forma, Bolsonaro se colocou ao lado dos interesses privados, procurando se desvincular politicamente dos efeitos da inevitável recessão econômica, com o único objetivo de preservar suas chances de reeleição.

Bolsonaro não apenas desprezou a doença. Ele ignorou a dor das famílias enlutadas e fez piadas homofóbicas com a covid. Em uma live, ele chegou a simular uma crise respiratória de alguém acometido pela doença, isso depois que muitas pessoas haviam morrido asfixiadas em Manaus graças à incúria de seu governo. Ele se divertiu diante da notícia de um suicídio de alguém em isolamento; chamou de “maricas” os que procuraram se proteger e de “frescura e mimimi” a ideia de ficar em casa; ele criticou o uso de máscaras, vetou a obrigatoriedade delas e promoveu aglomerações consecutivas. Bolsonaro atacou várias vezes a Coronavac e estimulou a desconfiança pública nas vacinas, chegando ao cúmulo de cogitar que a vacina poderia provocar alterações genéticas e transformar as pessoas em um jacaré.

Gestão catastrófica da pandemia

Mais: Bolsonaro recusou, em agosto do ano passado, a oferta da Pfizer de 70 milhões de doses, afirmando, em dezembro de 2020, que não havia qualquer necessidade de pressa para a vacina. Enquanto desprezava as vacinas, Bolsonaro passou a propagandear a terapia com Hidroxicloroquina e, logo depois, o chamado “tratamento precoce”, iniciativas sabidamente ineficazes no tratamento da covid, mas que produziram, além de efeitos iatrogênicos, como alterações cardíacas e hepatites medicamentosas, uma redução dos cuidados preventivos e nova subestimação da gravidade da doença. Nunca uma conduta geral de um governo restou tão claramente demonstrada.

É impossível saber quando poderemos superar a pandemia. O surgimento de novas cepas do vírus no Brasil poderá fazer com que a covid-19 se torne endêmica no país. Nessa hipótese, levaríamos muitos anos para superar a crise sanitária a um custo humano, econômico e social inimaginável. Independentemente desse desdobramento, a gestão da pandemia no Brasil tem sido de tal forma catastrófica que se tornará imperativo, em futuro próximo, que se forme uma Comissão de Justiça e Verdade a respeito do tema. Uma comissão não apenas para produzir um relato histórico dos crimes eventualmente cometidos, mas capaz também de indiciar os responsáveis por eles, um a um. É preciso, desde já, registrar o que for possível, colher depoimentos, guardar minuciosamente.

O dilaceramento, o desespero, a dor disseminada, o abandono dos mais pobres, as filas de espera em UTIs, a asfixia, a fome, as sequelas, o luto impossível, nada disso é fenômeno natural, desígnio divino ou misterioso destino. O espetáculo de horror que estamos vivendo sempre teve direção, roteiristas, sonoplastas e iluminadores, além de uma plateia adoecida disposta a aplaudir e a repetir slogans nazistas. A conduta de todos esses demônios há de ser lembrada e punida.

A "pandemia" no Ministério da Saúde no contexto da pandemia: por onde pode cair o desgoverno Bolsonaro

TCU indica punição a Pazuello por omissões

O Estado de S. Paulo, 15/04/2021

 

Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) sinalizaram nesta quarta-feira, 14, que devem punir o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e seus auxiliares por omissões na gestão da pandemia da covid-19. Relator da ação sobre a conduta do Ministério da Saúde durante a crise sanitária, o ministro Benjamin Zymler disse que a pasta evitou assumir a liderança do combate ao novo coronavírus no País.

 

Segundo o relator, uma das ações da gestão de Pazuello foi mudar o plano de contingência do órgão na pandemia, com a finalidade de retirar responsabilidades do governo federal sobre o gerenciamento de estoques de medicamentos, insumos e testes. “Em vez de expandir as ações para a assunção da centralidade da assistência farmacêutica e garantia de insumos necessários, o ministério excluiu, por meio de regulamento, as suas responsabilidades”, afirmou Zymler.

 

O posicionamento do TCU sobre a conduta do ministério na crise pode ter desdobramentos cruciais para o governo, principalmente no contexto de uma CPI da Covid no Senado – ontem o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que mandou a Casa instalar a comissão parlamentar (mais informações nesta página). A CPI tem a missão de apurar a conduta da administração federal na pandemia.

 

O TCU é, por definição, um órgão de assessoria do Congresso. Foi da Corte de Contas que saiu, em 2015, o relatório final que recomendava a rejeição das contas do governo Dilma Rousseff de 2014. O julgamento das chamadas “pedaladas fiscais” foi a base para o impeachment da ex-presidente petista.

 

Na sessão de ontem, Zymler sugeriu a abertura de processos para avaliar omissões da Saúde sobre estratégias de comunicação, testagem e distribuição de insumos e medicamentos. Para o relator, o ministério descumpriu determinações anteriores do TCU, as quais já apontavam a falta de planejamento em diversas áreas. Em análises deste tipo, o TCU pode aplicar multas, decretar a indisponibilidade dos bens e proibir o alvo da ação de exercer cargo em comissão ou função de confiança no serviço federal por até oito anos.

 

O ministro Bruno Dantas disse que a gestão do ministério “envergonha” e que já há argumentos para impor “condenações severas” a gestores da pasta. Segundo Dantas, as responsabilidades podem ser medidas “em números de mortos”.

 

Em seu relatório, o TCU afirma que a ocorrência de uma série de problemas, como desabastecimento de medicamentos e oxigênio, perda de testes para diagnóstico e explosão de número de casos da doença, “se deveu, em muito, ao comportamento do Ministério da Saúde, que tem se esquivado de cumprir as determinações desta Corte de Contas, e que, ao verificar o abrandamento da pandemia no fim de 2020, não foi previdente e descreu da ocorrência da segunda onda, mesmo sabedor da ocorrência desse evento na Europa”.

 

Os ministros Augusto Nardes e Jorge Oliveira pediram vista e o caso deve retornar à pauta em 30 dias. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao TCU, Oliveira é ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência do atual governo. Ele disse que concorda “no mérito” com o relatório, mas fez uma ressalva. “(Peço) Que o tribunal não extrapole suas funções, não faça desgastar uma relação que, por motivos alheios à nossa vontade, já está muito desgastada, que as instituições respeitem umas às outras”, afirmou.

 

A área técnica do TCU já havia sugerido aos ministros que aprovassem a aplicação de multa a Pazuello, além do ex-secretário executivo da Saúde Elcio Franco, do atual secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da Saúde, Helio Angotti Neto, e do atual secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros. O tribunal pode aplicar multa de, no máximo, R$ 67,8 mil. Zymler, porém, optou por sugerir a abertura de processos separados que poderão resultar em sanções.

 

A reportagem questionou Pazuello e Elcio Franco sobre o assunto, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição. O Ministério da Saúde, onde atuam Helio Angotti Neto e Arnaldo Correia de Medeiros, também não havia se manifestado.

 

O relatório técnico do tribunal lista uma série de medidas tomadas pelo Ministério da Saúde em relação ao Plano de Contingência Nacional. No entendimento do TCU, as mudanças tiveram o efeito prático de apenas reduzir as responsabilidades da pasta. A área técnica do tribunal afirma que a redução de responsabilidades pode ter comprometido a capacidade de monitorar estoques nacionais de insumos e medicamentos.

 

O plano original previa, por exemplo, que o governo federal deveria “garantir estoque estratégico de medicamentos para atendimento de casos suspeitos e confirmados para o vírus”. Essa missão, porém, foi alterada para “apoiar nos processos de aquisição não programada de medicamentos utilizados no tratamento de pacientes com covid-19, em articulação com as áreas técnicas demandantes”.

 

O Ministério justificou que o financiamento da assistência farmacêutica é de responsabilidade das três esferas de gestão do SUS. Dessa forma, parte dos medicamentos é adquirida pelos Estados ou municípios e, por isso, caberia a cada ente a gestão de seus estoques.

 

O TCU, porém, apontou que, ao contrário do afirmado pelo ministério, a função de garantir estoque de medicamentos não se referia à responsabilidade de aquisição de todos os medicamentos, mas ao monitoramento de insumos essenciais e aquisição, de forma a evitar desabastecimentos. A Corte cita ainda no relatório as alterações realizadas em ações de assistência farmacêutica. O relator também apontou que falta planejamento da Saúde sobre o orçamento da pandemia. “A chamada segunda onda era anunciada e exigiam-se medidas adicionais de prevenção e preparo da estrutura de saúde. Não foi o que aconteceu”, escreveu Zymler, em seu voto.

 

MPF

 

O Ministério Público Federal apresentou ação de improbidade administrativa contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, por omissão na pandemia. Segundo a Procuradoria, a demora do Ministério da Saúde em agir e a falta de planejamento levaram ao colapso em Manaus, onde pacientes morreram, no início do ano, por falta de oxigênio.

 

A ação aponta que Pazuello e Campello deixaram de adotar medidas necessárias para calcular a demanda de oxigênio, algo que só passou a ser feito após o insumo faltar nos hospitais. “Esse atraso retardou a avaliação da situação e adoção de medidas para preparar o sistema de saúde para o novo pico, com a instalação de novos leitos com insumos necessários”, diz a ação. Pazuello e Campelo não foram localizados nesta quarta-feira. 


Reflexão sobre grandes tiranos e um protótipo incompleto - Paulo Roberto de Almeida

 Frequentemente leio comparações acerca do degenerado que nos desgoverna com outros tiranos do passado e concluo que elas não se aplicam, não porque lhe falte vontade de ser déspota, mas porque não tem sequer condições de aspirar a ser um.

Mussolini e Hitler possuíam realmente projetos de nação, ainda que patológicos e demenciais. Mao Tsetung também, ao lançar o seu Grande Salto para a Frente, que produziu mais mortos do que todos os demais tiranos reunidos, incluindo Stalin, que levou adiante seu projeto de nação a ferro e a fogo, à base de uma moderna escravidão. 

Não é o caso de Bolsonaro: ele não tem qualquer projeto de nação, qualquer programa de governo, qualquer doutrina legitimadora, como tinham todos os demais monstros. 

Ele é a negação absoluta de qualquer projeto, programa ou ação pensada, ele é a pura expressão dos instintos mais primitivos, e o resultado é esse, demolição, eliminação, destruição, muitas vezes sem a intenção expressa de fazê-lo, a não ser em direção daqueles que ele vê como inimigos (e são muitos, todos os que não concordam com sua visão torpe do mundo e que não se lhe submetem). 

Ele é o niilismo no estado mais antifilosófico do termo, a extirpação de qualquer pensamento ou razão, a selvageria de alguém acometido de loucura incurável. Ele consegue reunir em si mesmo vários cavaleiros do apocalipse, mas sequer tem consciência disso. 

O Brasil foi entregue a um demente!

Gostaria de complementar o que escrevi, e postei, abaixo, dando nomes, ou pelo menos “profissões”, aos “bois” (com perdão da palavra, talvez sugestiva demais):

“Diagnóstico da situação: creio que o terreno já está mapeado e claro. Todos os sensatos já desembarcaram da nau desgarrada do capitão. Só sobraram os muito ignorantes, os fanáticos de sempre e os oportunistas de todos os matizes. O homem vai ficar desesperado, mas é o que sobrou!”

Era isso, apenas, mas vamos aos bois:

A principal base política do capitão é constituída pela segunda categoria , ou seja, o gado propriamente dito, que também pode compreender elementos bípedes da primeira e da terceira categorias. Mas não se sabe bem quantos seriam: tem muitos idiotas das três categorias que participam de marchas e manifestações, e o curralzinho do Alvorada tem ficado cada vez mais rarefeito (será que muitos já morreram, com o “kit Bolsovirus?); eles parecem muito mais numerosos nas redes sociais, pois aí tem algum trabalho dos mercenários que manipulam robôs e replicadores, o que pode dar essa impressão de quantidade (quando de fato pode ser dez ou cem vezes menor o volume do gado).

Os evangélicos se distribuem por todas as três categorias, mas a diferenciação se faz pelas faixas de renda: os pobres estão na primeira, os pastores na dos espertalhões, o que não os impede também de serem cavalgaduras completas.

Os milicos entram majoritariamente na terceira categoria, mas de suboficiais para baixo, e nas PMs, também devem entrar ignorantes e fanáticos. Uma coisa não impede a outra entre fardados, mas dificilmente oficiais que fizeram os cursos de Estado-Maior poderiam ser sinceramente bolsonaristas: seria muito difícil para gente instruída.

Capitalistas, do campo ou da cidade, se situam igualmente na terceira categoria, o que não impede empresários e ruralistas bolsonaristas de serem perfeitamente estúpidos, como ele próprio aliás.

Nem o pessoal do chamado Gabinete do Ódio é fanático: eles apenas estão fazendo o seu trabalho mercenário, e não podem ser tão estúpidos quanto os chefes da famiglia: eles precisam ser pelo menos eficientes, para abastecer as redes e alguns ministros mais idiotas.

Se contarmos que, com o mau exemplo do capitão, sua nau vai ficando sem grumetes, remadores ou marinheiros, que vão morrendo ou desistindo pelo caminho, talvez tenhamos um “navio fantasma” até o final do ano. Vai navegar a esmo pelos mares do Brasil? É provável!

Vai sobrar aquilo que Barbara Tuchman poderia chamar de marcha dos insensatos! 

Titanic já era: virou uma caravela toda estropiada, dentro em pouco um barquinho desmilinguido, a jangada de Medusa...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3893, 17 de abril de 2021


"Enquanto Bolsonaro estiver no poder, não haverá acordo com a União Europeia” - Entrevista ao Canal MyNews

 Um entrevista que concedi ao CanalMyNews sobre a imagem do Brasil no exterior: 

“Entrevista sobre a imagem do Brasil no exterior”, Canal MyNews, 16/04/2021, 23:27 mns (link: https://canalmynews.com.br/politica/enquanto-bolsonaro-estiver-no-poder-nao-havera-acordo-com-a-uniao-europeia-diz-diplomata/).

 

“Enquanto Bolsonaro estiver no poder, não haverá acordo com a União Europeia”, diz diplomata

Paulo Roberto Almeida questiona as chances de um acordo entre o bloco europeu e o Mercosul na atual conjuntura

por Luciana Tortorello

Canal My News, 16 de abril de 2021, às 17:47hs 

 

Negociado há mais de duas décadas, o acordo entre Mercosul e União Europeia não deve deslanchar com Jair Bolsonaro (sem partido) no poder. A imagem negativa do Brasil e o protecionismo europeu devem fazer com que a parceria fique apenas no papel, acredita o diplomata e ex-presidente do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) Paulo Roberto de Almeida.

“Já temos três ou quatro, ou talvez cinco ou seis [países], decididos a não aprovar a entrada em vigor [do acordo]. Enquanto Bolsonaro estiver no poder, não haverá acordo com a União Europeia”, afirma ao Almoço do MyNews.

Para o diplomata, que foi afastado do Ipri em uma medida que classifica como retaliação do governo Bolsonaro, a imagem brasileira está arranhada no exterior. Antes da eleição, o atual presidente era lembrado pela imprensa internacional como um “saudosista da ditadura militar”. Após a vitória no pleito de 2018, contudo, a situação não mudou.

“Desde o início de 2019, quando começou aquele desmatamento sem controle na Amazônia, ataques a jornalistas no cercadinho do Alvorada, atentados contra os direitos humanos e mudanças de posição da diplomacia brasileira em grandes esforços multilaterais, a imagem despencou e o Bolsonaro há muito tempo vem recebendo críticas de parlamentares de esquerda, evidentemente progressistas, mas também dos conservadores.”

Além de divergências políticas, o diplomata destaca que há, também, uma oposição por motivação protecionista ao acordo entre o bloco europeu e o sul-americano. Entre os opositores, afirma Almeida, estão os criadores de porcos da Irlanda, os produtores de carne da França, os agricultores de grãos e de outros produtos agrícolas.

 

A referência que se faz a uma postagem minha é esta aqui: 


3892. “Mini-reflexão sobre o Impeachment e a Justiça Divina”, Brasília, 16 abril 2021, 2 p. Nota em torno de um possível impeachment de Bolsonaro, retomando os impeachments anteriores de presidentes. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/mini-reflexao-sobre-o-impeachment-e.html). Serviu de base a entrevista com Myrian Clark no Canal MyNews (16/04/2021, 12hs, 15mns, link: https://canalmynews.com.br/politica/enquanto-bolsonaro-estiver-no-poder-nao-havera-acordo-com-a-uniao-europeia-diz-diplomata/).


sexta-feira, 16 de abril de 2021

Roberto Campos e pensamento econômico brasileiro: um dos maiores estadistas do Brasil: conversa com o deputado Bruno Souza (Novo-SC)

 Participei, neste final de sexta-feira, de uma live com o deputado Bruno Souza, do Novo de SC, sobre o economista e diplomata Roberto Campos, suas ideias e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil. 

Podem assistir neste link: https://www.instagram.com/p/CNvva9bnlmj/ 

Eis o roteiro que o deputado preparou para a nossa live, via Instagram: 

Roberto Campos

 


Quem foi:

O maior político brasileiro! 

Dotado de mente privilegiada, foi um dos maiores – senão o maior – intérprete do Brasil. Reconhecido como um dos nossos maiores economistas, era também teólogo e diplomata. 

 

Pergunta: Que outros pensadores influenciaram as ideias de Roberto Campos? 

 

Trajetória pessoal e política: 

Mato-grossense, Roberto de Oliveira Campos dedicou a maior parte de sua vida ao serviço público do país. Teve atuação destacada nos governos de Juscelino Kubitschek, no qual foi um dos formuladores do Plano de Metas, e de Castello Branco, o primeiro do ciclo militar iniciado em 1964 e extinto em 1985.

Nos anos 60 e 70, foi embaixador em Washington e em Londres. A partir dos anos 80, foi eleito senador e deputado federal por dois mandatos consecutivos.

Roberto Campos foi um dos mais conceituados economistas e se destacou na história política do Brasil como defensor ferrenho do liberalismo econômico. Foi essa a bandeira que defendeu durante o período em que foi colunista da Folha, a partir de dezembro de 1994, até interromper a sua colaboração com o jornal em fevereiro de 2000, por motivo de saúde.

"Ele era uma pessoa polêmica, identificada com suas idéias e sobretudo extremamente sincero", disse o acadêmico e escritor Josué Montello, que conheceu Roberto Campos na época em que era subchefe da Casa Civil no governo Kubitschek.

Além de ministro do Planejamento do governo Castello Branco, o primeiro do regime militar iniciado em 1964, Campos foi senador por Mato Grosso, pelo PSD, e deputado federal pelo Estado do Rio, eleito pelo PPB.

Em 1992, doente, foi conduzido em cadeira de rodas ao plenário da Câmara dos Deputados, quando votou pela aprovação do processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

 

Ideias 

O maior legado de Roberto Campos foi no mundo das ideias. Ele foi um dos maiores defensores do liberalismo no país. Encarnou, mais que ninguém, o papel de pregador incansável do pensamento liberal e usava de fina ironia para combater o comunismo, o socialismo e o esquerdismo. Num período em que a defesa do liberalismo era vista como uma espécie de heresia, Campos pregava quase no deserto.

 

Tinha a convicção de que a economia de mercado, a concorrência interna e externa e o Estado mínimo eram a melhor maneira de promover o desenvolvimento sustentável e a prosperidade geral da população, e não se constrangia em expressá-la a qualquer tempo e lugar.

 

Roberto Campos era um fiscalista e combatia a gastança sem lastro do dinheiro público. Acreditava que o controle da inflação era fundamental para alavancar o crescimento sustentável da economia.    

 

-“A Constituição Contra o Brasil” 

 

Livro publicado em 2018, reúne artigos e ensaios escritos por Roberto Campos sobre a Constituição de 1988 e o processo político que deu origem a ela.

 

Roberto Campos e Paulo Roberto de Almeida compartilham da mesma ambição: arrancar o Brasil da "pobreza corrigível" para a "riqueza atingível". Para esse propósito, a Constituição de 1988 é mais um obstáculo do que uma ferramenta.

 

“Na Constituinte de 1988, a lógica econômica entrou de férias”

 

Pergunta: O que Roberto Campos percebeu no processo da Constituinte de 1988 que outros intérpretes não viram? 

 

Roberto Campos denunciava uma doença que chamava de Constitucionalite - a crença de que uma nova Constituição resolveria nossos problemas (entre eles, nossa pobreza e subdesenvolvimento) como que por mágica. A Constituição de 1988 é "Um robusto catálogo de direitos com uma magra lista de deveres"

 

A inflação, o estatismo e o próprio subdesenvolvimento brasileiro são rigorosamente inconstitucionais. Roberto Campos percebeu que problemas sociais e econômicos não se resolvem com apenas por vontade de legisladores ou por decisões jurídicas. 

 

Pergunta: Por que a Constituição é contra o Brasil? 

Porque ao invés de criar o ambiente institucional necessário para o desenvolvimento econômico e a geração de riqueza, ela faz justamente o contrário: regula e taxa demasiadamente a produção; aumenta a burocracia sobre empreendedores; coloca “responsabilidades sociais” demais nas costas do Estado.

 

Frases emblemáticas de Roberto Campos:

 

“Haverá salvação para um país que se declara “deitado eternamente em berço esplêndido” e cujo maior exemplo de dinâmica associativa espontânea é o Carnaval?”

 

“Uma vez criada a entidade burocrática, ela, como a matéria de Lavoisier, jamais se destrói, apenas se transforma.”

 

“Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é ‘haverá saída para o Brasil?’. A segunda é ‘o que fazer?’. Respondo àquela dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo. A resposta à segunda pergunta é aprendermos de recentes experiências alheias.”

 

Pergunta: com as restrições em viagens internacionais, duas das três saídas apontadas por Roberto Campos estão, na prática, fechadas. Nos resta o liberalismo. Que experiências recentes podem servir de exemplo para o Brasil se tornar um país mais liberal?

 

“Quando cheguei ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje acho que o que dá para fazer é evitar o mal.”

 

“Empresa privada é aquela que o governo controla, empresa estatal é aquela que ninguém controla.”

 

“Nossas esquerdas não gostam dos pobres. Gostam mesmo é dos funcionários públicos. São estes que, gozando de estabilidade, fazem greves, votam no Lula, pagam contribuição para a CUT. Os pobres não fazem nada disso. São uns chatos.”

 

 

“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês. São filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola.”

 

“Continuamos a ser a colônia, um país não de cidadãos, mas de súditos, passivamente submetidos às ‘autoridades’ – a grande diferença, no fundo, é que antigamente a ‘autoridade’ era Lisboa. Hoje, é Brasília.”

Pergunta: como Roberto Campos avaliava o pacto federativo brasileiro?

 

Pergunta: para quem é fã do pensamento e do estilo de Roberto Campos, que outros escritores e intelectuais o senhor recomenda?

 

John Williamson, 83, Dies; Economist Defined the ‘Washington Consensus’ - Clay Risen (NYT)

O mal chamado 'consenso de Washington" é uma excelente peça de avaliação crítica das políticas econômicas pró-reforma, pró-crescimento, pró-justiça social que podem ser concebidas. Mas, se o nome fosse "Consenso de Cochabamba" teria tido uma sorte menos cruel do que aquela que afetou o original. Esta matéria não menciona o segundo seminário que ele fez em 2002, chamado "Post-Washington Consensus", com reformas da segunda e terceira geração. Grande economista.

Paulo Roberto de Almeida 

John Williamson, 83, Dies; Economist Defined the ‘Washington Consensus’

A careful pragmatist, he regretted the way his term, aimed at developing countries, was misinterpreted by free-market ideologues and anti-globalization activists.

John Williamson, who drew up a list of 10 “best practices” for the economies of developing countries.
Credit...via Williamson family

John Williamson, a British economist who in 1989 coined the phrase “Washington Consensus” to describe a set of policy reforms for developing economies, then spent the rest of his career trying to rescue it from misuse by both free-market ideologues and anti-globalization activists, died on Sunday at his home in Chevy Chase, Md. He was 83.

His daughter, Theresa Williamson, said the cause was multiple system atrophy, a rare degenerative disease.

More than most economists, Mr. Williamson had a knack for crafting catchy names for complicated ideas. In 1965 he developed what he called the “crawling peg,” in which a central bank would keep an exchange rate fixed but establish a formula for devaluing its currency over time and in response to changing external pressure.

He later mocked the view that changes in a country’s trade deficit would have no impact on exchange rates — a position advocated by the editorial board of The Wall Street Journal, among others — as “the doctrine of immaculate transfer.”

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But only the Washington Consensus achieved wonkish immortality, so much so thatmost people who used it knew neither what it originally meant nor who created it. It started innocently enough: In the late 1980s, in the face of pressure on developing economies by the World Bank, International Monetary Fund and the U.S. Treasury to enact sweeping reform, Mr. Williamson organized a conference of Latin American policymakers to demonstrate what their countries were already doing to make their countries more competitive.
He drew up a list of 10 things that both Latin American governments and international economists would say constituted “best practices” — among them, keeping deficits under control, protecting property rights, investing in education and health care, reducing subsidies and making it easier for foreign direct investments to enter developing economies. He called the list the Washington Consensus. Mr. Williamson was careful about what he included, and specific in what he left out, and most economists, then and now, agreed with him — though some later criticized the list as one-size-fits-all and faulted it for not including more pro-growth measures. “To the extent that it made us focus on a universal blueprint, it didn’t give us a good strategy for growth,” said Dani Rodrik, an economist at Harvard. He nevertheless credited Mr. Williamson for his nuanced approach.
That nuance was lost on others, though. By the mid-1990s the Washington Consensus had come to refer to a broad portfolio of pro-market, deregulatory reforms imposed with often brutal efficiency by developed countries on emerging economies, including the “shock therapy” implemented in post-Soviet Russia. Especially after the financial crisis of the late 2000s, the Washington Consensus became a term of derision, used by progressive scholars and activists to attack both neoliberals and free-market conservatives for undermining public welfare to benefit the global financial elite. 
Mr. Williamson, a critic of neoliberalism, particularly on tax policy and deregulation, was aghast. In a series of papers, books and speeches during the 1990s and 2000s, he strained to clarify his position, though he eventually conceded that the term had taken on a life of its own.

“It is difficult even for the creator of the term to deny that the phrase ‘Washington Consensus’ is a damaged brand name,” he said in 2002. “There are people who cannot utter the term without foaming at the mouth.

Mr. Williamson was a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics in Washington and a passionate bird watcher.

Credit...Peterson Institute for International Economics

John Williamson was born on June 7, 1937, in Hereford, a small English city near the Welsh border. His mother, Eileen (Heap) Williamson, was a volunteer Methodist preacher, and his father, Harry Williamson, ran a plant nursery and grew roses — he even created his own breed, the Wyevale.

His father instilled in him a lifelong love of birdwatching. Throughout his career, he would often choose to attend conferences based on the ornithological opportunities they presented. He recorded more than 4,000 species of birds during his lifetime, nearly half of the estimated 10,000 species on the planet.

Mr. Williamson attended the London School of Economics, graduating with a degree in economics in 1951. After completing two years of compulsory military service, he entered graduate school at Princeton, where he received his Ph.D. in 1963.

Though he had frequent offers from Oxford and Cambridge, especially later in his career, Mr. Williamson was drawn to the sort of creative research being done at some of the newly established, so-called plate-glass universities, after their modernist architecture.

He joined the University of York in 1963, the year it was founded, and later taught at the University of Warwick, founded in 1965. But he was increasingly drawn to policymaking. In 1968 he took a job as an adviser to the British Treasury, where he worked on economic relations with the European Economic Community, and later moved to Washington to work at the International Monetary Fund.

While at the I.M.F. he met Denise Rausch, a Brazilian economist. They married in 1974.

Along with his daughter and wife, Mr. Williamson is survived by two sons, Andre and Daniel; two sisters, Chris Evans and Wyn Jones; and seven grandchildren.

The Williamsons spent the late 1970s in Brazil, where she worked for a research institution and he taught at a Catholic university. Ms. Williamson taught her husband Portuguese, something he considered his greatest achievement, having struggled with foreign languages in school.

They returned to Washington in 1981, when the economist C. Fred Bergsten hired Mr. Williamson to be the first employee of the newly founded Institute for International Economics, later renamed the Peterson Institute for International Economics. He remained there until he retired in 2012. (In 1996 he took a leave from the institute to join the World Bank, where his wife had worked, though he left after just three years, frustrated with the bank’s bureaucracy.)

Until he coined the Washington Consensus, Mr. Williamson was best known for his work on exchange rates. He was a passionate advocate for a middle ground between the rigidity of fixed rates — especially for developing economies — and the chaos of floating rates, which he believed put even developed economies at the mercy of global financial markets.Continue reading the main story

He presented his initial solution, the crawling peg, to the British government after it had decided to let the pound float in 1971. The U.K. Treasury was uninterested, but several developing economies did adopt it, and today it is used by both Nicaragua and Vietnam.

He applied similar thinking to developed economies in the 1980s, arguing that policymakers should try to constrain free-floating exchange rates by intervening to keep them within “target zones” — an idea that was ratified by six leading economies in the 1987 Louvre Accord, then largely dropped, much to Mr. Williamson’s chagrin.

Mr. Williamson was widely regarded for his careful pragmatism, and as a critic of those who sought to upturn apple carts with unconventional ideas — most of the time.

“I’m more often than not on the side of the conventional wisdom,” he said in a 2012 interview. “Most often it’s right. But sometimes people get things totally wrong, and then it’s necessary to stand up and say so.”


A version of this article appears in print on April 16, 2021, Section A, Page 24 of the New York edition with the headline: John Williamson Dies at 83; Economist Coined ‘Washington Consensus’. 

Mini-reflexão sobre o Impeachment e a Justiça Divina - Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre o Impeachment e a Justiça Divina

 

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivo: debate sobre impeachment no Brasil; finalidadevisão histórica]

 

 

O que fariam Deus ou São Pedro, supostos controladores do ingresso no Paraíso, com dezenas de pedidos de ingresso naquela augusta última residência final por parte de indivíduos de reputação duvidosa, que talvez merecessem destino melhor, ou mais adequado em retribuição de seus crimes e malfeitos, junto aos domínios de Satanás? 

Deixariam os caras esperando indefinidamente numa longa fila à entrada do Paraíso ou tomariam uma decisão imediata, à vista das fichas desses indivíduos de reputação duvidosa?

O mais justo, para todos — Deus, São Pedro e os candidatos ao Paraíso ou ao Inferno —, seria uma decisão imediata, para evitar aglomerações no caminho de tão importante recinto: liquide-se imediatamente a agonia de quem espera tão importante decisão. 

Bolsonaro merece uma decisão quanto à centena de pedidos de impeachment contra seu desgoverno — que se aproxima do Genocídio, dependendo dos trabalhos da CPI do Juízo Final — e não viver agoniado, em face da indecisão de um mero porteiro dos escritórios onde realmente se decide a questão: o plenário da Câmara.

Olhando o retrospecto dos pedidos de impeachment na CD, o que temos é isto:

1) Getúlio Vargas, 1954: votado, recusado;

2) Jânio Quadros, 1961: renunciou antes de qualquer pedido, numa estratégia caolha, para retornar com poderes ampliados, à la De Gaulle; estratégia não funcionou;

3) João Goulart, 1963-64: foi derrubado por um golpe militar, antes que se decidisse pela manutenção das eleições de 1965, como previsto constitucionalmente; governadores e militares golpistas se assanharam ilegalmente, pois JK ameaçava voltar triunfalmente nas eleições;

4) Collor, 1992: o presidente não foi afastado porque seu tesoureiro, Paulo Cesar Farias, começou a roubar demais; foi porque ele não se entendia com o Parlamento, assim como ocorreu com Jânio e Goulart e ocorreria depois com Madame Pasadena, vulgo Dona Dilma (ou vice-versa); 

5) FHC, 1995-2002: dezenas de pedidos de impeachment por parte do PT ficaram se acumulando nas gavetas dos presidentes da CD, por não cumprirem requisitos formais segundo a Lei do Impeachment, ao não se ter crimes tipificados constitucionalmente;

6) Lula, 2005, no Mensalão, uma sucessão de crimes contra o patrimônio público e a honra e a dignidade do cargo: FHC mandou desistir da ideia de impeachment, pois gostava de Lula (ainda gosta, e vai fazer campanha por ele em 2022);

7) Dona Dilma, 2015-16: se desentendeu com o Satanás Eduardo Cunha, não porque fosse corrupta, mas porque o PT falhou em protegê-lo na Comissão de “Ética” da CD, o que lhe foi insuportável e resolveu se vingar; Bolsonaro votou elogiando um torturador condenado;

8) Bolsonaro, 2021-22: os pedidos de impeachment se acumulam, e Deus mandou avisar que não é com ele; uma auxiliar de Deus no STF, pediu explicações sobre a fila dos pedidos;

9) Eleições 2022: serão realizadas na santa paz dos ritos constitucionais, ou perturbadas pela polarização ameaçadora, ou ainda, o incumbente atual será degolado por seus muitos crimes já verificados?

Oh Deus, oh céus: quem poderá nos salvar dessas dúvidas crueis? O Centrão? Os milicos? O Grande Capital? A Justiça Divina? O dedo de Satanás?

Talvez um astrólogo possa ajudar...

Pela especulação:

Paulo Roberto de Almeida

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3892, 16 de abril de 2021