Por que leio tanto? e Meus
“métodos” de leitura...
Paulo
Roberto de Almeida
Para inserção no Blog PRA:
1) Por que leio tanto?
Eis uma boa pergunta, à qual não sei sinceramente responder.
Ou talvez sim, mas aí eu teria de confessar algum pecado
original, alguma malformação de nascimento, algum vício adquirido na infância,
alguma perversão adolescente e vários crimes reincidentes na idade adulta,
sendo que, nesse caso, os psicanalistas de plantão me mandariam logo para
alguma cura de emergência ou mesmo um internamente psiquiátrico (o que não
seria mau, pois suspeito que disporia de mais tempo ainda para ler...).
Deve ser, realmente, por algum defeito de material, mas
talvez seja apenas essa "gentil loucura", de que falam vários amantes
de livros, que geralmente têm orgulho em ostentá-la.
No meu caso, não sei dizer ao certo, e nem procuro
ostentar muito essa minha deformação congênita pelos livros (o que, aliás,
estou fazendo agora mesmo), pois não tenho nenhum culto especial pelos livros,
tendendo antes a vê-los primordialmente como ferramentas do saber, como um
instrumento de capacitação técnica, como um ajutório no aprendizado, enfim,
como uma alavanca para minha capacitação profissional e intelectual.
Sim, devo confessar que leio mais para aprender, e
utilizar esse novo saber, do que para simples deleite, como descanso, hobby ou
puro prazer intelectual, o que deve ser um outro defeito meu. Acabo, assim,
deixando de lado (para futura leitura, tendo a acreditar, o que pode ser uma
auto-ilusão) livros "normais! literatura, preferindo os de estudo, os
ensaios acadêmicos, os de atualidade e de debate.
Que vou fazer? Ninguém é perfeito...
Em todo caso, não tenho uma resposta simples a essa
pergunta. Vou pensar no caso.
Na espera de formular uma resposta adequada, pretendo
tratar, em próxima postagem, dos meus "métodos" de leitura...
(18 dezembro 2005)
2) Meus “métodos” de
leitura...
Não tenho propriamente “um” método de leitura, ou melhor
tenho vários, flexíveis, adaptáveis às circunstâncias de tempo e lugar, de
conforto e luminosidade, de pressa ou urgência, e, last but not the least, em
função da natureza e da “grossura” (isto é, do volume) do livro.
Nos tempos da brilhantina, isto é, na era
pré-computador, eu mantinha vários cadernos de leitura, geralmente
quadriculados (são os que apresentam maior densidade de escritura por
centímetro quadrado), nos quais eu ia anotando minhas leituras, fazendo
transcrições de trechos das obras, agregando meus comentários críticos, enfim,
guardando resumos para utilização futura. Eu tinha um caderno para cada área de
conhecimento: sociologia, antropologia, história, problemas brasileiros (vários
cadernos), marxismo, filosofia etc. Tomava o cuidado de encapá-los e até de
fazer um índice. Eles me foram de uma preciosa ajuda quando da elaboração da
tese de doutoramento.
Mas esse método é útil quando se tem a sorte de ser
estudante em tempo integral, quando se pode passar dias e dias em bibliotecas
agradáveis, percorrendo estantes, ou quando se está no recesso do lar, sem
maiores obrigações do que as propriamente acadêmicas. Na vida profissional, a
disponibilidade para leituras cuidadosamente anotadas se torna mais rara. Por
isso, fui também adquirindo o hábito de fazer breves anotações em cadernetas
pequenas, geralmente uma referência ou outra para registro rápido e lembrança
futura, esperando que a oportunidade para a “grande leitura anotada” possa vir
algum dia (que ilusão!).
Na era do computador, passei obviamente a fazer os
registros diretamente em arquivos de texto, organizando as minhas leituras e
anotações em pastas eletrônicas, divididas por assuntos (dezenas deles), numa
grande pasta chamada de “Working”. Tenho centenas, provavelmente milhares de
“working files”, esperando nova consulta no computador. De toda forma, quando
preciso de algo, basta fazer um “search” no meu computador – agora no sistema
“Spotlight” da Apple – e encontro coisas fantásticas, que nem eu mesmo
suspeitava existir e das quais não me lembrava mais.
Não preciso dizer que estou lendo o tempo todo, de
manhã, de tarde, no almoço, na janta, de noite, de madrugada e nos intervalos
também, às vezes até dirigindo o carro (o que sinceramente não recomendo a
ninguém). Só não leio durante a ducha porque ainda não inventaram livros
impermeáveis, mas os “audio-books” podem ser uma solução a isto (mas ainda não
encontrei Max Weber ou Adam Smith em audio).
Agora que desisti de fazer grandes leituras anotadas,
leio rápido, muito rápido mesmo, pois minha grande familiaridade com os livros
me habilitou a ler aquilo que é relevante em cada livro, de maneira a
“liquidar” com um volume em muito pouco tempo, e nele selecionar aquilo que
interessa de fato na obra, para apresentação a outros.
Sim, devo dizer que sempre estou lendo com o propósito
de fazer alguma resenha, o que é uma maneira prática de ir realmente ao
essencial do livro, e de me obrigar a acompanhar o que se publica de mais
importante em minhas áreas de interesse.
Voilà, o que escrevi acima pode não ser uma exposição
metodológica muito adequada para outros candidatos a leituras intensas, mas
representa o meu método anárquico de leitura e de registro do conteúdo dos
livros. Espero que seja útil...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18 dezembro 2005
3) Apresentação ao Blog Textos
PRA (http://textospra.blogspot.com/):
Uma vez que me dizem que no cyberspace, ao
contrário do que acontece no mundo da economia real, existe, sim, almoço grátis,
e que o número de blogs que você pode ter é praticamente infinito, a custo
quase zero (não computado o tempo dedicado a este infernal instrumento de
comunicação), pretendo dedicar este novo blog a textos diversos, e nele colocar
tanto material de minha lavra como produções de terceiros.
O objetivo é esse mesmo: o de disseminar de modo
relativamente fácil um série de textos que de outra forma ficariam
"escondidos" em algum site qualquer, o meu próprio ou de outros. No
blog eles também ficam escondidos, mas como é mais fácil de acessar e alimentar
este tipo de ferramenta do que um site "normal", ele apresenta todas
as características de flexibilidade e maneabilidade para me permitir ir
"depositando" uma série de materiais que podem apresentar interesse
para o mundo acadêmico ou mesmo para alguma atividade profissional.
Espero que ele seja útil a todos aqueles que
buscam algum texto de interesse, a começar por mim mesmo.
Como o índice do próprio Blog é
limitado a dez "postagens", pretendo elaborar um índice cronológico e
deixá-lo à disposição dos interessados em posição de destaque (ou quem sabe
até, quando isso se fizer necessário, em um novo blog, só de índices
remissivos). Afinal de contas, ao contrário da economia real, os blogs
constituem, até aqui, "almoço grátis"...
Brasília, 18 de dezembro de 2005
(Postado com data de 14 de dezembro)
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