Uma reflexão sobre os ‘protestos a favor’
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: esclarecimento; finalidade: caráter didático]
Permito-me uma
reflexão, exercendo meu direito de ser contrarianista, sobre o que considero
serem os resultados mais evidentes das manifestações “populares”, de “protestos
a favor”, deste domingo 26/05/2019:
A grande maioria das
pessoas que foram às ruas manifestar não estava apoiando o livre funcionamento
de instituições democráticas, sobretudo o de uma imprensa vigilante quanto a
abusos e corrupção do poder.
As pessoas estavam
ali para apoiar um líder supostamente capaz de “melhorar” a vida das pessoas –
segurança, emprego, aumento de renda, etc. – além e acima das instituições,
como se esse apoio sozinho pudesse melhorar a situação como um todo, e como se
parte dessas instituições (Congresso, STF, universidades, etc.) estivesse
prejudicando ou impedindo o grande líder de atender aos reclamos da população.
A ilusão do grande “líder” beira, sim, ao fascismo e ao autoritarismo.
Assim como sob o
feitiço do lulopetismo, a população se deixa engabelar pelo populismo
demagógico, e o que é pior: com um suposto líder que não possui qualidades
minimamente requeridas para atuar como estadista e contribuir efetivamente para
a melhoria da difícil situação do Brasil.
Lamento o quantum de
energia desperdiçada nas ruas para quase nada. O único resultado visível das
manifestações deste domingo 26/05/2919 eu considero ser o reforço do peso
político de um “líder” que não possui nenhum requisito para liderar qualquer
melhoria significativa da vida da maioria do povo brasileiro.
Um dos cartazes
exibidos por alguns true believers dizia isto: “Olavo tem razão”. Tem razão em
quê, exatamente? Em que os militares “introduziram o comunismo no Brasil”? Em
que eles são “bananas e frouxos” em combater os “inimigos da pátria”? No
sentido em que o Congresso e o STF impedem o combate à corrupção? Em que o
principal problema do Brasil é o “marxismo cultural”? Em que o fantasma do
globalismo está “retirando soberania ao Brasil”?
Confiar em gurus ou
em salvadores da pátria é o mais curto caminho para o autoritarismo e o
reducionismo das causas singulares e a crença em soluções mágicas, que só
trazem frustrações na sequência e que desorganizam ainda mais as nossas fracas
instituições no quadro de uma democracia de baixa qualidade como é o Brasil.
Em resumo: a solução
de nossos graves problemas deve demorar mais tempo do que o desejável, uma vez
que parte da população resolveu deixar a solução desses problemas nas mãos de
um suposto “líder”, notória e manifestamente despreparado para resolvê-los.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 27 de maio de 2019
Exatamente o que penso. Ótima reflexão.
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