Mini-reflexão sobre o papel (ainda confuso) dos militares na política brasileira
Paulo Roberto de Almeida
A decisão dos militares de apoiar o capitão, em sua aventura muito acima do “Peter principle”, foi tomada lá atrás, pelo efeito combinado das manifestações de 2013, das eleições de 2014, da crise econômica de 2015, do impeachment de 2016, das operações da Lava Jato em 2017, das hesitações no STF em 2018 e depois sobre as prisões de corruptos de gravata, e de conversas mantidas nos altos comandos em todos esses anos.
O cálculo deles era outro: controlar o pior militar que já tiveram em suas fileiras e que hesitaram em punir da forma devida, por vergonha e espírito corporativo.
Mas, não se lembraram da famosa Lei de Murphy, neste caso com efeitos exacerbados.
Na verdade, os militares se revelaram aprendizes de feiticeiro, mas ainda não decidiram fazer o que já deveriam ter feito desde o primeiro dia, ou seja, a total desvinculação.
Preferiram as prebendas corporativas e as vantagens individuais: ganharam (e muitos: 6 mil?, ainda ganham), mas com isso diminuiram o respeito que a sociedade lhes estava atribuindo, depois dos crimes cometidos durante a ditadura, que ainda não reconheceram explicitamente.
Vai chegar: tudo no Brasil caminha muito lentamente.
Demoramos 50 anos para abolir o tráfico e 80 para a eliminação, apenas formalmente, da mancha infame da escravidão, ainda não eliminada totalmente das consciências.
Mais grave: ainda não conseguimos montar e manter um sistema público de educação de massa de boa qualidade.
Querem atraso maior do que este?
Paulo Roberto de Almeida
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