Uma síntese cronológica anual de nossa desesperança atual
Paulo Roberto de Almeida
A decisão de apoiar o capitão foi tomada lá atrás, pelo efeito combinado das manifestações de 2013, das eleições de 2014, da crise de 2015, do impeachment de 2016, da Lava Jato em 2017, das hesitações no STF em 2018, e de conversas nos altos comandos militares.
O cálculo dos generais graduados era outro: tutelar o capitão e obter ganhos corporativos para as FFAA.
Eles se enganaram terrivelmente: foram aprendizes de feiticeiro e com isso jogaram o povo brasileiro nas mãos e pés do pior dirigente do Brasil de todos os tempos, desde D. Tomé de Souza (1549) pelo menos, ou seja, desde sempre.
Em síntese, tivemos, em 2019, uma pequena amostra de todas as falcatruas de que era capaz uma mente doentia, apenas obcecada com a sua reeleição e com a defesa da ficha miliciana e corrupta de toda a sua familia, e em 2020 uma demonstração cabal de todo o mal que um psicopata armado do poder presidencial é capaz de infligir a toda uma população incapaz de reagir por seus próprios meios, pois que confrontando-se a instituições republicanas aparelhadas por oportunistas notórios, impulsionados pela grande corrupção política, e também a militares inermes em face de tantos desatinos perpetrados com sua aparente colaboração.
Num possível cenário prospectivo, teremos um 2021 ainda marcado por muitas mortes suplementares às que teriam resultado de uma curva “normal” da pandemia, não fossem os desatinos e o comportamento mórbido e criminoso do capitão-presidente, e, finalmente, teremos um 2022, o ano de um infeliz bicentenário da Independência, provavelmente caracterizado por uma grande divisão doentia da sociedade e da política, com grandes incertezas quanto às próximas definições eleitorais, um cenário econômico ainda depressivo, a miséria cultural já definitivamente instalada no país e um clima geral marcado por muita desesperança em nosso povo.
Desulpem-me por ser, uma vez mais, apenas realista quanto ao nosso passado recente, nosso presente depressivo e deprimente e nosso futuro ainda sombrio, em função das más escolhas feitas preteritamente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 12/12/2020
Infelizmente é a realidade.
ResponderExcluirInfelizmente é a realidade. Tantas pessoas inteligentes se deixaram levar por essa ilusão de que seria algo diferente. Bem, é algo diferente, um fato, mas pra o muito pior do que qualquer imaginação poderia ter previsto.
ResponderExcluirTexto brilhante professor Paulo Roberto de Almeida,para mim, apesar deste ano caótico e incerto, encontrar este blog foi uma das coisas mais positivas e agradáveis neste ano.
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