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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Bolivia: uma inovacao surpreendente e bizarra

Acredito que só pode ser gozação, montagem, mentira de 1ro de Abril, pegadinha, enganação, brincadeira, enfim.
Recuso-me a crer na matéria pescada sei lá onde por meu colega blogueiro.
Só pode ser embromação.
 Ou não?
Paulo Roberto de Almeida 

O relógio da fachada do edifício do Legislativo boliviano, em La Paz, foi alterado na meia-noite da última sexta-feira e passou a girar no sentido anti-horário, para reforçar que a Bolívia é uma nação do sul e não do norte, segundo afirmaram nesta terça-feira (24) ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, e o presidente do Senado, Eugenio Rojas.

A numeração do relógio também foi invertida, surpreendendo quem passava pela rua e provocando o ceticismo da imprensa e nas redes sociais.

"Não temos que complicar, simplesmente nos conscientizar que vivemos no sul. Não estamos no norte", disse Choquehuanca, que insistiu que a iniciativa, longe de pretender "causar algo a alguém", pretende revalorizar a cultura nacional.

"Quem disse que o relógio tem que girar desse lado sempre? Por que sempre temos que obedecer, por que não podemos ser criativos?", questionou o ministro boliviano.

O relógio foi invertido na últimas sexta, quando começou o inverno no hemisfério sul, explicou Rojas.

Choquehuanca revelou que na recente celebração da Cúpula dos países do G77 e a China, na Bolívia, quase todas as delegações receberam um relógio de mesa com estas características, em forma de mapa boliviano e que incluía o território litorâneo que o país perdeu em uma guerra contra o Chile em 1879.

O chanceler boliviano admitiu que a ideia não é absolutamente original porque ele ganhou um relógio de pulso com essas características em Londres, mas ressaltou que essa foi uma criação vinculada à identidade do sul.

As autoridades bolivianas devem trabalhar para aumentar essa consciência, mas não impor nenhuma mudança para as pessoas, porque o relógio anti-horário representa "uma sacudida no cérebro".

Segundo o ministro, a iniciativa está no contexto de outros avanços do reconhecimento da cultura andina, como o uso da bandeira indígena whipala, hoje um símbolo nacional reconhecido na Constituição.

Choquehuanca também citou a folha de coca, protegida pela Carta Magna, as campanhas a favor da Madre Tierra, ou Pachamama, e a revalorização da quinoa.

O chanceler boliviano ressaltou a necessidade de uma mudança de mentalidade para entender essas propostas e de estimular o funcionamento dos dois hemisférios do cérebro para entender "os relógios do sul". (G1).

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Bolivia-Brasil: muy hermanos, muy amigos; Petrobras ainda teria divida

Morales ataca o Brasil, o Chile e os EUA

O presidente da Bolívia cobra a dívida que a Petrobras tem com o país, quer levar o Chile aos tribunais e critica a luta antidrogas dos norte-americanos


Evo Morales em coletiva de imprensa, na última sexta-feira. EFE/ABI
O presidente de Bolívia, Evo Morales, advertiu o Chile de novas demandas ante tribunais internacionais, exigiu aos Estados Unidos que contribuam com a luta contra o narcotráfico e pediu à Petrobras que quite "sua deudita" (uma pequena dívida) atrasada, durante os vários discursos que fez ao longo da semana que colocou em maus lençóis a diplomacia boliviana.
“A demanda não será retirada”, assegurou Morales à imprensa local reunida na Casa de Governo de La Paz em alusão às declarações do designado ministro chileno de Assuntos Exteriores, Heraldo Muñoz, sobre o desejo do futuro governo desse país de ter boas relações com seu vizinho boliviano, mas a demanda proposta na Corte Internacional de Justiça (CIJ) de Haia é um obstáculo para o diálogo.
A Bolívia propôs na CIJ que o Chile se abra ao diálogo sério e solucione o enclausuramento geográfico em que vive desde 1879, quando perdeu sua costa no oceano Pacífico e seu principal porto, Antofagasta. A demanda foi aceita e a Bolívia prepara a memória que deve apresentar esse tribunal no próximo abril.
“Escutei o futuro chanceler do Chile dizer que um problema para o diálogo é a demanda ante Haia. Quero dizer com muito respeito que não somos tão inexperientes, aprendemos. Que não nos façam chantagens, nem condicionem o diálogo (à retirada) do pedido”, ante a Corte de Justiça de Haia, expressou o governante.
O presidente boliviano disse que “oxalá não tenham outras demandas e antes (o Chile) resolva o tema do Silala e o rio Lauca”, questões que o governo trabalha silenciosamente. “A Bolívia não é um país intervencionista. Sempre buscamos soluções dialogadas” o que não inibe o governo de exercer seu “direito a apelar a tribunais internacionais”.
O Chile desviou unilateralmente e sem consultar, o curso binacional do rio Lauca em 1962, o que resultou no rompimento de relações diplomáticas. Os mananciais do Silala, que nascem em Potosí, se canalizaram, no início do século XX, para o território chileno e se emprega no abastecimento de água para as populações do norte desse país, sem que a empresa que explora esse recurso pague nem um centavo aos potosinos, que reclamam de uma milionária dívida.
Essas disputas, que haviam sido incluídas em uma frustrada agenda de treze pontos para ser negociada entre os dois países, poderiam ser também propostas na CIJ em um futuro próximo, tal como advertiu o presidente Morales.
No assunto do respaldo econômico dos Estados Unidos à luta contra o narcotráfico, o critério boliviano é que o país contribua “é uma obrigação dentro da responsabilidade partilhada” que esse país, como um dos principais consumidores, assumiu ante a comunidade internacional.
Morales saiu assim das declarações do Encarregado de Negócios da embaixada norte-americana em La Paz, Larry Memmott, que explicou aos jornalistas locais a suspensão do apoio econômico. A pedido do governo, “A USAID (United Agency for International Development) já não funciona no país e o apoio econômico –que chegava por esse meio- já não é tema entre os dois países”.
O presidente boliviano, conhecido por seu discurso inflamado contra o governo norte-americano, afirmou que a ajuda deste país foi pouca, pois 80% retornava aos Estados Unidos na aquisição de insumos e equipamentos. “Se revisamos os últimos dados, acho que são 20 ou 25 milhões de dólares”, mencionou Morales.
A cooperação econômica dos Estados Unidos para com a Bolívia, -a partir de 1942 e com especial ênfase a partir da década de sessenta-, somou quase dois bilhões de dólares. Nos últimos anos, apesar das limitações impostas à USAID – antes de sua expulsão sob acusação de conspirar contra o governo- realizaram-se numerosos projetos a favor de populações empobrecidas.
As relações entre os Estados Unidos e a Bolívia atravessam um tortuoso caminho desde 2006, quando Morales anunciou a expulsão do embaixador Philip Goldberg por conspirar contra sua administração. O governo pediu a saída do Departamento Norte-americano Antidroga (DEA) e, finalmente, no dia 1 de maio de 2013, decidiu tirar do país a USAID.
Também lhe chegou a vez da brasileira Petrobras, uma das mais importantes operadoras na Bolívia após a espanhola Repsol, quando o presidente Morales reclamou do pagamento de uma dívida pendente pelo “gás rico” incluído nas exportações ao Brasil, o maior mercado de gás natural boliviano.
O chefe do Estado inaugurou, na sexta-feira, a planta de processamento de gás natural no campo de San Alberto do município de Caraparí, no sul boliviano. A planta do Itaú é operada por uma sociedade integrada pela francesa Total, com quarenta e um por cento das ações; pela Petrobras –trinta por cento-, British Gás, com 25 por cento, e a estatal YPFB Chaco com quatro por cento das ações.
Morales destacou a continuidade dos investimentos, que estão todas garantidas, no discurso de inauguração que abriu um parêntese para lembrar que “A Petrobras do Brasil tem uma 'deudita' conosco. Que nos paguem a dívida”.
No ato de inauguração, participaram os executivos da Petrobras Bolívia, Erick Portela, da Total Bolívia, Ignacio Sanz, e da British Gás, Orlando Vaca. Olhando a Portela, Morales assegurou que “para uma empresa tão grande, o que nos deve é seu cabelo branco, colega”.
“Quanto nos deve? Não é muito. Não é possível que a Petrobras nos pechinche 20, 30, 40 milhões de dólares; se eu fosse a Petrobras, já teria pago isso”, assegurou o presidente boliviano.
A Petrobras deve para a Bolívia o pagamento de gás rico (com conteúdos de etano, butano, propano, pentano, hexano e heptano) que exportava com o gás natural até a instalação de onze plantas de processamento de gás em território boliviano.
A estatal petroleira boliviana, que prevê excedentes na produção industrial de gás, começou as negociações com o Brasil para subscrever um contrato de entrega de gás natural para a termoelétrica de Cuiabá, segundo o anúncio do presidente de YPFB, Carlos Villegas, na mesma inauguração da planta do Itaú.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Bolivia: em busca do poder nuclear - Mac Margolis

O sonho atômico da Bolívia
Mac Margolis
O Estado de S.Paulo, 26 de janeiro de 2014

Será o ar rarefeito dos Andes? Ou, quem sabe, o feitiço da Pachamama, a deusa da natureza cultuada por Evo Morales? Seja que for seu inebriante, o líder boliviano arfa sonhos grandiosos. Na semana passada, o presidente do Estado Plurinacional se superou. Em seu discurso anual para o Legislativo, que também marcou o 11.º ano de seu governo, Evo descortinou seu último projeto: um reator nuclear. A energia atômica é uma prioridade estratégica, "para fins pacíficos", salientou. "Bolívia não pode ficar à margem desse conhecimento, que é patrimônio da humanidade."
Não foi sua primeira ogiva política. Ano passado, em Moscou, o boliviano deixou no ar a ideia de conceder asilo ao delator americano Edward Snowden. Não concedeu, mas a suspeita de que fosse contrabandear o fugitivo gringo a bordo da aeronave presidencial provocou um pequeno escândalo diplomático. Em 2006, Evo mandou soldados para ocupar as refinarias da Petrobrás, um tapa de Lilliput na cara do gigante vizinho Gulliver.
A ousadia atômica, no entanto, surpreendeu até os "moralistas" mais acalorados. O sonho não é novo. Em 2010, seu governo firmou com o Irã um acordo de cooperação nuclear. Ano passado, renovou um tratado de assistência técnica com Argentina, selado nos anos 70. Seguiu para França, onde teria arrancado promessas de ajuda de François Hollande e, dias atrás, voltou animado de outra visita a Teerã. "Não estamos longe de ter energia nuclear. Temos a matéria-prima e o direito de usá-la", afirmou ao seu congresso.
Ainda é cedo para abrir o champanhe. Pequena, ilhada e pobre, a Bolívia não é candidata nata ao clube nuclear. Apenas três países latinos contam com reatores - Argentina, Brasil e México - e, apesar, de ostentarem economias bem mais avantajadas, todos enfrentaram dificuldades graúdas para erguer suas usinas. Faltou a Evo esclarecer o que a Bolívia espera ganhar da associação com os aiatolás, fora a redobrada patrulha atômica internacional.
Bom senso econômico, não é. Afinal, a Bolívia possui a segunda maior reserva de gás natural do continente e ainda se gaba de ser a "Arábia Saudita do lítio", matéria-prima de microbaterias. Mesmo assim, o país tropeça em seu próprio ufanismo. Nada a ver com a Pachamama. A culpa é da política. Nacionalista abrasado, Evo passou a última década colhendo poder e podando capital privado. Comemora o "novo modelo" econômico, que dilatou o naco estatal para 34% do mercado, contra 20% em 2005.
Peitar o capitalismo forasteiro rende aplausos mas espanta investimento. Resultado: em meio à demanda crescente por seu gás natural, as reservas devem despencar na próxima década. Que dizer da ambição nuclear se nem o botijão à boliviana está garantido? A explicação talvez esteja na usina política de Evo. Em outubro, os bolivianos irão as urnas. O presidente desponta como franco favorito, surfando no forte crescimento econômico movido a commodities, masenfrenta turbulências. Seu projeto de cortar com uma estrada uma vasta reserva indígena desagradou parte importante da sua base. Os investimentos sociais melhoraram a vida dos mais pobres mais não aumentaram a distância dos mais ricos. A Bolívia acaba de tirar do Brasil o título de sociedade mais desigual do continente.
Aí que se encaixa o plugue nuclear. Como o ouro e os canhões do passado imperial, a usina nuclear é hoje o emblema preferido do poder e da soberania. Quem domina o ciclo do urânio impõe respeito. A opção atrai os países bolivarianos - que, órfãos de Hugo Chávez, não se espelham mais na Venezuela, que mal consegue manter acesas as luzes e muito menos a revolução. Hoje, Evo e companhia buscam inspiração alternativa. Haja átomos.

*Mac Margolis é colunista do 'Estado', correspondente do site The Daily Beast e edita o site www.brazilinfocus.com


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Bolivia: excesso de dinheiro sempre provoca inflacao, governo nega...

Os bolivianos descobriram a pólvora: realizaram que a "generosidade" do governo está tornando sua vida pior, ao alimentar um processo inflacionário que vai eliminar os supostos ganhos com o duplo décimo terceiro imposto pela demagogia governamental. O governo nega a evidência, mas os indicadores não deixarão de refletir o equívoco.
Paulo Roberto de Almeida

La mitad de los bolivianos cree que el doble aguinaldo disparó los precios

Infolatam/Efe
La Paz, 29 de diciembre de 2013

Las claves
  • El 55 % de los encuestados cree que el beneficio impuesto por el Gobierno es negativo porque hará que los precios suban más, mientras que el 49 % piensa que crecerá la inflación.
  • El presidente Evo Morales decretó el pago del doble aguinaldo navideño a los empleados del sector público y privado en noviembre pasado y anunció que la medida se aplicará siempre que el crecimiento económico anual supere el 4,5 %, un porcentaje que Bolivia rebasó ampliamente este año con un 6,5 %.

Evo en campaña: desde las estrellas

El análisis
Fernando Molina
(Especial Infolatam).-“Creciendo al 6,5%, recibiendo doble salario navideño, y con una fábula de desarrollo “estelar” del país en el que ocupar su imaginación, los bolivianos sólo quieren una cosa: disfrutar su mejor fin de año en mucho tiempo (quizá incluso el mejor de toda su historia)”.
El 50 % de los bolivianos cree, según una encuesta, que la doble paga extra de Navidad (aguinaldo) decretada por el Gobierno para los sectores público y privado ha provocado un aumento de los precios, alza que niega el Ejecutivo.
La consulta, publicada por el diario El Deber y efectuada por Ipsos en las cuatro ciudades más grandes del país, revela que el 55 % de los encuestados cree que el beneficio impuesto por el Gobierno es negativo porque hará que los precios suban más, mientras que el 49 % piensa que crecerá la inflación.
El ministro de Economía, Luis Arce, aseguró esta semana que la inflación está controlada y no aumentará en diciembre, con una previsión similar a la de noviembre, que fue de -0,03 %.
El Ejecutivo prevé que la inflación anual se sitúe en el 7,5 %.
El presidente Evo Morales decretó el pago del doble aguinaldo navideño a los empleados del sector público y privado en noviembre pasado y anunció que la medida se aplicará siempre que el crecimiento económico anual supere el 4,5 %, un porcentaje que Bolivia rebasó ampliamente este año con un 6,5 %.
Según la encuesta, los bolivianos también creen que tal medida es negativa porque no beneficia a todos (37 %), porque subirán los precios del transporte (34 %) y porque conllevará despidos en las empresas (28 %).
Frente a éstos, el 38 % de los encuestados cree que el doble aguinaldo es positivo porque permitirá comprar más cosas; el 37 %, porque los bolivianos tendrán una mejor Navidad; el 32 %, porque permitirá compensar los gastos de fin de año; y el 30 %, porque permitirá ahorrar a los ciudadanos.
En términos generales, el 58 % de las personas consultadas se mostró en desacuerdo con el pago del doble aguinaldo frente a un 37 % que se mostró a favor.
A la pregunta de si pagarán el triple sueldo (el salario mensual y los dos aguinaldos o pagas extra) a sus empleados, el 59 % de los encuestados respondió que sí; el 20 % dijo que no lo abonará; un 15 % dijo que aún “no sabe”; y el 4 % sostuvo que a sus trabajadores “no les corresponde”.
La patronal boliviana protestó en un primer momento contra la medida gubernamental, aunque finalmente alcanzó un acuerdo con el Ejecutivo para ampliar hasta el próximo 28 de febrero el plazo de pago del segundo aguinaldo, inicialmente fijado hasta el 31 de diciembre.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Enquanto isso, nao muito longe daqui, como vao los hermanos...

Argentina vai reduzir compra de carros brasileiros
O Estado de S. Paulo, 27/12/2013

Representantes do governo argentino anunciaram que o país vai reduzir de 20% a 27,5% as importações de carros do Brasil no primeiro trimestre de 2014. Os importados respondem por 60% do mercado de leves na Argentina, que desembolsou US$ 5 bilhões com importações no segmento em 2013. Pelo novo sistema, o con-
trole por parte do país vizinho se daria individualmente em cada terminal das montadoras. O período previsto para a medida é de 90 dias, com economia estimada em US$ 290 milhões.
O índice de Confiança do Consumidor caiu em dezembro 1,0% foi o recuo passando de 138 pontos em novembro para 136,6 pontos, informou a Fecomércio-SP; o índice varia numa escala de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total)

Argentina tem 'risco muito alto' de protestos
Lígia Mesquita
Folha de S. Paulo, 27/12/2013

'Economist' mapeia distúrbios em 2014

BUENOS AIRES - Três países sul-americanos aparecem na categoria de "muito alto risco" de instabilidade social em 2014, no ranking elaborado pela revista britânica "The Economist": Argentina, Bolívia e Venezuela. Outros 16 países do mundo figuram nessa categoria.
A Unidade de Inteligência da revista analisou a probabilidade de protestos e distúrbios sociais em 150 países. O Brasil está na categoria abaixo da mais grave, a de "alto risco", com outras 45 nações.
Segundo a "Economist", problemas econômicos, como o aumento do nível de desemprego e a diminuição da renda, não são sempre seguidos por instabilidade social.
Na maioria dos casos de protestos, os problemas econômicos são acompanhados por elementos de vulnerabilidade como conflitos étnicos e um governo pobre institucionalmente. "Nos últimos tempos, tem havido uma erosão da confiança em governos e instituições: a crise da democracia", diz a revista.
Há 15 dias, a Argentina viveu uma onda de saques a comércios e residências em 20 dos 23 províncias do país, por causa de greves policiais.
Na última semana, moradores de Buenos Aires saíram às ruas para protestar contra os cortes de luz na cidade. Na segunda, um manifestante foi morto pela polícia durante um dos panelaços.

Evo se opõe a proibição do trabalho infantil na Bolívia
Por Fabio Murakawa | De São Paulo
Valor Econômico, 27/12/2013

No momento em que a Bolívia debate a criação de um estatuto da criança e do adolescente, o presidente Evo Morales disse ser contrário à proibição do trabalho de menores de 14 anos no país.
Na segunda-feira, após reunir-se com uma comissão de menores trabalhadores no palácio presidencial Quemado, Morales declarou sua oposição a um artigo do "Código de Meninos, Meninas e Adolescentes", em discussão no Legislativo, que prevê essa proibição. O presidente disse que o trabalho infantil é, em muitos casos, fruto de necessidade e cria "consciência social" nas crianças. Ele afirmou que recomendará aos parlamentares de sua base que busquem "conciliar a legislação com os pedidos dos menores". Para ele, "os organismos internacionais têm que entender" essa realidade.
A legislação tem sido alvo de protestos em La Paz. Na semana passada, centenas de membros do Sindicato de Meninos e Meninas Trabalhadores da Bolívia (Unatsbo, na sigla em espanhol) foram às ruas em uma manifestação contra o novo código. Eles exigiam reunir-se com os legisladores, mas foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia quando tentavam se aproximar da Assembleia Nacional, no centro da capital. A repressão policial gerou duras críticas na imprensa boliviana.
Depois de reunir-se com representantes do Unatsbo na sede do governo, Morales, que trabalhou durante a infância, opinou que o trabalho de menores de 14 anos no país não deve ser proibido. Ele afirmou, entretanto, que devem ser tomados cuidados para proteger as crianças e garantir que elas sigam na escola.
"Minha experiência, minha posição: não deveria ser eliminado o trabalho de meninas, meninos e adolescentes. Nem tampouco se deveria explorar [os menores] ou estimulá-los a trabalhar. Alguns trabalham por necessidade", afirmou, em entrevista coletiva após o encontro. "Eliminar o trabalho de meninos e meninas é como evitar que eles tenham consciência social."
Morales contou que, anos atrás, enviou os filhos Eva Liz, hoje com 19 anos, e Álvaro, um ano mais velho, a Orinoca, sua cidade natal, para aprenderem o pastoreio de lhamas e conhecerem, assim, "como viveu o pai na infância".
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), há na Bolívia 850 mil crianças e adolescentes que trabalham, o que representa cerca de 28% da população entre 5 e 17 anos no país. Desse total, 87% desempenham ofícios considerados perigosos.
Morales afirmou que alguns dos jovens com quem se reuniu na segunda-feira alegaram ser contra a nova legislação porque muitos são órfãos e precisam trabalhar para sobreviver. Outros, segundo ele, ajudam os pais, cuja renda não é suficiente para sustentar a família.
Além disso, o presidente afirmou que a proibição do trabalho infantil no país pode estimular a "exploração clandestina" de crianças e adolescentes. "Nas áreas rurais, desde o momento em que aprende a andar, você já presta um serviço à família", disse ele. "Não é exploração. É sacrificado, mas isso é uma experiência em si mesmo."
Segundo o jornal "La Razón", a presidente do Senado, Gabriela Montaño, assumiu o compromisso perante os menores de suspender o trâmite da nova legislação. Ela marcou para o próximo dia 8 de janeiro uma nova reunião entre os legisladores e os menores para discutir o assunto.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) vem há meses estimulando a aprovação do novo código. Em documento de junho deste ano, a entidade disse ser "inaceitável" o trabalho de menores de 14 anos no país. "É compreensível que culturalmente o trabalho seja entendido como aprendizado. Mas, quando elas [crianças] são forçadas a trabalhar nas piores formas de trabalho, quando abandonam a escola, quando põem em risco sua saúde e seu bem-estar, isso é totalmente inaceitável", disse Marcoluigi Corsi, representante do Unicef na Bolívia. Para ele, é preciso "evitar um marco legal que permita que crianças e adolescentes possam trabalhar desde uma idade precoce, inclusive antes dos 14 anos".

domingo, 1 de setembro de 2013

Pasta italiana, al sugo boliviano, garçon brasileño - Revista Veja

Diplomacia

Jerjes Justiniano é o embaixador do narcoestado boliviano em Brasília

VEJA desta semana mostra que representante boliviano assumiu o cargo diplomático há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários

Duda Teixeira
“EXPORTA PARA ONDE?” - Jerjes Justiniano com Evo Morales, após sua nomeação em 2012.
“EXPORTA PARA ONDE?” - Jerjes Justiniano com Evo Morales, após sua nomeação em 2012. (Freddy Zarco)
O motivo primordial da perseguição política que levou o senador Roger Pinto Molina a pedir asilo na Embaixada do Brasil em La Paz foi um dossiê que ele entregou no Palácio Quemado, sede do Executivo boliviano, em março de 2011. O pacote trazia cópias de relatórios escritos por agentes da inteligência da polícia boliviana em que se desnudava a participação de membros do partido do presidente Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), e de funcionários de alto escalão do seu governo no narcotráfico. Alguns desses documentos posteriormente também foram obtidos por VEJA e serviram de base para a reportagem “A República da cocaína”, de 11 de julho de 2012. Neles, afirma-se que o atual ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, e a ex-modelo Jessica Jordan entraram na casa do narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 18 de novembro de 2010. Os dois saíram cada um com duas maletas tipo 007. A intenção do senador hoje refugiado no Brasil era que o presidente Morales mandasse investigar as denúncias, e assim contribuísse no combate à indústria da pasta de coca - matéria-prima contrabandeada para o Brasil para a produção de cocaína e crack - e à rede de corrupção ligada a ela.
Nenhum suspeito foi interrogado. Em vez disso, Morales iniciou a perseguição ao senador Pinto Molina e nomeou para o posto de embaixador no Brasil o advogado Jerjes Justiniano, que assumiu há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários da Bolívia. Morales poderia ter escolhido alguém menos comprometido com o assunto para desempenhar esse trabalho. O filho do embaixador, o também advogado Jerjes Justiniano Atalá, tem entre seus maiores clientes justamente funcionários do governo acusados de narcotráfico. Pior do que isso. Atalá, que no passado dividiu o escritório com o pai, foi o advogado do americano Jacob Ostreicher, que investiu 25 milhões de dólares em plantações de arroz na Bolívia em parceria com a colombiana Cláudia Liliana Rodriguez, sócia e mulher de Maximiliano Dorado. Resumindo a história: o filho do embaixador defendeu o sócio da mulher do traficante brasileiro, aquele que recebeu em sua casa o ministro denunciado por Pinto Molina. Trata-se, no mínimo, de uma coincidência constrangedora para o papel que Justiniano veio desempenhar no Brasil.
Igualmente constrangedor é um vídeo de quatro minutos que mostra o embaixador visitando a fábrica do narcotraficante italiano Dario Tragni, em Santa Cruz de la Sierra, no início de 2010. Na ocasião, Justiniano era candidato ao governo de Santa Cruz pela legenda do presidente Morales. Ele foi derrotado na eleição, que ocorreu em abril. No tour pela fábrica de madeira Sotra, Justiniano percorreu as dependências do local ciceroneado por um Tragni falante e irrequieto. “Esta é uma das máquinas mais produtivas da América Latina”, disse Tragni, apontando para um de seus equipamentos. Justiniano perguntou: “Estão exportando para onde?”. O italiano respondeu orgulhoso que para Espanha, Itália, Estados Unidos e Alemanha. Participou também da visita amigável Carlos Romero, atual ministro do Governo da Bolívia e responsável pela segurança interna do país. O incrível desse episódio é que poucos meses antes, em novembro de 2009, a polícia encontrara na Sotra diversos recipientes com cocaína, somando 2,4 quilos. No quarto de Tragni, foram apreendidos uma balança e um liquidificador com vestígios de cocaína. Um dos conhecidos meios para transportar drogas usado pelos traficantes bolivianos é escondê-las dentro de compensados de madeira para exportação.
Em tempo: em outubro do ano passado, o ator americano Sean Penn foi nomeado por Morales como embaixador mundial da coca. Nem precisava. A Bolívia já tem Jerjes Justiniano despachando em Brasília.   
Leia também: A república da cocaína

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Asilo, pero no mucho (esto "depiende" companero...) - Mario Machado

Um impecável artigo do meu amigo e colega blogueiro Mario Machado, sobre a mais recente das tresloucadas aventuras do Itamaraty, de qualquer ângulo que se olhe...
Acredito que muita coisa ainda há para esclarecer, mas os esclarecimentos aqui prestados pelo Mario nos deixam mais esclarecidos sobre o assunto, se ouso ser redundante.
Isso para dizer que gostaria de ter sido tão didático quanto ele, impecável, repito.
Meus cumprimentos...
Paulo Roberto de Almeida




Mario Machado
Coisas Internacionais: 29 Aug 2013 10:58 AM PDT

Eduardo Sabóia diplomata de carreira e encarregado de negócios na Bolívia decidiu trazer – com enorme risco para sua carreira e até risco pessoal – para o território nacional o senador boliviano Roger Pinto que estava asilado a 455 na Embaixada Brasileira em La Paz. Antes de analisar o caso acho que é interessante tecer algumas palavras sobre o Asilo Diplomático. 
Brevíssimas considerações sobre o asilo diplomático
A figura do asilo territorial e do asilo diplomático não possuem um quadro geral de referência no Direito Internacional, ou seja, não são institutos codificados em um tratado multilateral que torne as condutas previsíveis. E mesmo a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas não possui sequer menção ao tema. Que de certo deve ser um dos que o consenso é muito complicado de atingir.
Muito embora a prática do asilo seja antiguíssima havendo registros dessa prática por toda parte, embora na antiguidade fosse mais comum que se desse asilo a criminosos comuns e não a criminosos políticos, afinal quem arriscaria uma guerra com Roma, ao proteger um inimigo desse império?
Com o tempo a necessidade de combate aos crimes transnacionais e para incentivar a cooperação entre as diversas jurisdições passou-se a considerar que o asilo era devido àqueles que sofrem perseguição judicial por crimes políticos e de opinião. E passou a ser comum a extradição – sempre que instrumentos bi-laterais assim regulem – de criminosos comuns.
O marco multilateral mais importante que versa sobre o asilo é o artigo 14, da Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz:
“1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.   
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.”
Fonte: Ministério da Justiça, disponível aqui.
A história de instabilidade e perseguição política na América Latina impulsionou a constituição de um sistema interamericano de regulação multilateral da questão do asilo com dois importantes tratados a Convenção sobre Asilo Diplomático e a Convenção sobre Asilo Territorial.
Destaco alguns artigos da Convenção sobre Asilo Diplomático:
Artigo XII
Concedido o asilo, o Estado asilante pode pedir a saída do asilado para território estrangeiro, sendo o Estado territorial obrigado a conceder imediatamente, salvo caso de força maior, as garantias necessárias a que se refere o Artigo V e o correspondente salvo-conduto.
Artigo XVII
Efetuada a saída do asilado, o Estado asilante não é obrigado a conceder-lhe permanência no seu território; mas não o poderá mandar de volta ao seu país de origem, salvo por vontade expressa do asilado.
O fato de o Estado territorial comunicar à autoridade asilante a intenção de solicitar a extradição posterior do asilado não prejudicará a aplicação de qualquer dispositivo desta Convenção. Nesse caso, o asilado permanecerá residindo no território do Estado asilante até que se receba o pedido formal de extradição, segundo as normas jurídicas que regem essa instituição no Estado asilante. A vigilância sobre o asilado não poderá exceder de trinta dias.
As despesas desse transporte e as da permanência preventiva cabem ao Estado do suplicante.
Comentário sobre o caso atual
Essa viagem pelos tratados se justifica para demonstrar que não era em nenhum momento preciso que se mantivesse o senador em nossas dependências diplomáticas por 455 dias, em uma situação de enorme desconforto e alienação familiar. Essa situação em que se encontrava o senador justifica muito bem a frase de Sabóia: “Não tenho vocação pra carcereiro”.
A operação clandestina que trouxe o senador para o Brasil com todo seu caráter cinematográfico (aqui um relato com detalhes da operação) desencadeou uma crise nos corredores do poder, no Planalto Central, afinal, a própria presidente só soube da operação depois que o senador estava em território brasileiro. Esse fato mostra, por um lado que não houve o devido respeito a hierarquia do MRE, por outro lado demonstra que o encarregado de negócios possuía fortes motivos pra acreditar que o governo não conseguiria obter o Salvo Conduto para a saída do senador boliviano e que o governo federal preferia enfrentar o desgaste de ver a questão do asilo ser apreciada publicamente pelo Supremo Tribunal Federal a tentar uma operação clandestina de retirada do senador.
Os áulicos do governo começam a levantar várias teses e se esforçam em tentar desclassificar a ação e aproveitam para desancar a diplomacia profissional que apesar do assédio ideológico do topo pra baixo tem resistido e insistido em ser órgão de Estado.
Essa verdadeira humilhação burocrática a velha Casa do Barão se manifesta na composição da Comissão de Inquérito que determinará o destino de Sabóia, que é composta por pessoas alheias a carreira diplomática. Procedimento incomum na esplanada.
A estratégia de focar na disciplina interna do Itamaraty e no direitismo do asilado tem obtido sucesso e dão a impressão que a presidente está ‘colocando ordem na casa’ ao demitir o enfraquecido Antonio Patriota. Essa linha de narrativa, também, tem conseguido evitar que se pergunte com veemência na imprensa por que eram negadas visitas ao senador e por que novamente o ministro da defesa nada sabia. Mas, no caso dele nem se aventa exoneração.
O Itamaraty agiu com uma coerência desafiadora para o governo e recebeu o senador na embaixada como havia feito em Tegucigalpa (embora no caso hondurenho o asilado estivesse acompanhado por ampla comitiva e usasse a embaixada como escritório político e não pretendia sair do país), só que desta vez interesses palacianos foram contrariados.
O fato é que Sabóia se arriscou muito e foi jogado aos leões. Sua carreira será duramente prejudicada e ele sabia disso o que demonstra quão forte foram suas motivações. Admitamos é muito fácil se indignar e cobrar soluções para graves violações de Direitos Humanos usando a internet, ou com cartazes numa avenida, difícil e por que não mais nobre é dizer: “Sua vida corre perigo, mas eu também vou correr porque vou lhe acompanhar”.
Muitos defendem a obediência cega a cadeia hierárquica e concordo que é preciso ordem e controle interno, mas quanta desgraça homens e mulheres que apenas seguiam ordens já causaram no mundo?
Um asilado bastará para afetar as relações entre Brasil e Bolívia? Um asilado fará mais que o descaso com o tráfico de drogas na fronteira? Um asilado fará mais estrago que a revista do avião do ministro da defesa? Um asilado fará mais estrago que a tomada com forte aparato militar dos bens da estatal Petrobras? Ser de direita justifica sofrer perseguição política e ser detido? Vivemos em tempos de um condor de plumagem vermelha?

domingo, 21 de julho de 2013

A frase da semana, mas de uma semana de 2011 (Celso Amorim)

Uma frase incompleta, e atrasada, em cerca de dois anos e meios, sobre um episódio realmente abusivo, lamentável e condenável, mas que permanece na sombra, pode-se agora consignar uma "frase da semana", com as prováveis desculpas do seu autor (indiretas e involuntárias) por esse pequeno atraso na divulgação:

“Foi um processo abusivo, lamentável e condenável!”


Celso Amorim, ministro da Defesa, sobre a inspeção feita por policiais bolivianos em aeronaves da FAB em 2011.

[Mais um pouco se poderia dizer que foi um atentado à soberania brasileira, claro, não tão grave quanto tirar os sapatos em um aeroporto do império, mas quase tão grave quanto. Mas, os sapatos sempre serão mais estratégicos do que aviões, inclusive porque sem sapatos fica difícil caminhar, mas, no que se refere a aviões, ou "a nível de aviões", como diria alguém, sempre se pode esperar por um outro...]

Bolivia parte em guerra contra a Alianca do Pacifico, por enquantoverbal...

Bolivia acusó a la Alianza del Pacífico de militarizar la región

Clarín (Argentina), 19/07/2013, AFP Y EFE

En una sorpresiva y agresiva postura con sus vecinos, el gobierno de Bolivia acusó a la Alianza del Pacífico –grupo comercial que conforman Chile, Colombia, México y Perú– de tener objetivos políticos y militares en la región. Incluso sostuvo que el territorio colombiano será la “cabeza de playa” para la incursión en Latinoamérica de la Organización del Tratado del Atlántico Norte (OTAN).

El funcionario que enarboló esta denuncia es el influyente ministro de la Presidencia, Juan Ramón Quintana. Y lo hizo en un acto público que encabezó el presidente Evo Morales. “Es importante recordar que la estrategia de la Alianza del Pacífico no es solamente una estrategia de tipo comercial, es una estrategia política y militar. Su constitución nuevamente pretende reinstalar el Consenso de Washington y el ALCA”. La primera es la política económica liberal que orientó Estados Unidos en los países en desarrollo, mientras que la segunda se trata del Area de Libre Comercio apadrinada por Norteamérica y que fracasó ante la oposición de varios países sudamericanos.

Según Quintana, el objetivo económico de la Alianza del Pacífico es “construir este gran proyecto de libre mercado para la región”, para luego “convertir a las fuerzas armadas en gendarmes del modelo económico y del nuevo modelo político”. Así, señaló, se busca contrarrestar la Alianza Bolivariana de los Pueblos de Nuestra América (ALBA).

“La firma del acuerdo entre Colombia y la OTAN es para que la OTAN tenga su cabeza de playa en América Latina y El Caribe. Hoy sabemos y está cada vez más claro que la OTAN se ha convertido en la gran maquinaria de destrucción de países, de civilizaciones, de pueblos enteros para quedarse con sus recursos naturales”, sostuvo el ministro boliviano.

La OTAN y Colombia firmaron en junio un acuerdo de intercambio de información y seguridad, que es el primer memorandum de esta naturaleza que el organismo rubrica con un país latinoamericano. De acuerdo al funcionario boliviano, “no es casual” que Colombia firmara ese acuerdo porque recibe una millonaria asistencia en defensa por parte de EE.UU. También aseguró que en ese país sudamericano existen “siete bases militares” estadounidenses.

La posición de Quintana ratifica la manifestada el mes pasado por el presidente Morales, quien dijo haber instruido a su Gabinete de ministros evaluar los alcances del acuerdo conformado por la Alianza del Pacífico. Sucede que el compromiso entre esos países, logrado en 2012, implica un rico y creciente mercado comercial en la región que está opacando al Mercosur.

Chile, Colombia, México y Perú constituyen un mercado de aproximadamente 210 millones de habitantes, con un crecimiento económico promedio del 5% el año pasado, por encima de la media regional.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Diplomacia ativa, altiva e soberana, sempre que possivel... - Editorial Estadao

Evo, o travesso


Editorial O Estado de S.Paulo, 18/07/2013
A diplomacia companheira trata a Bolívia como aquele irmão menor que, por mais inconveniente que seja, deve sempre ser perdoado por suas traquinagens. Resultado: Evo Morales, o menino travesso, sente-se cada vez mais à vontade para afrontar o Brasil. Em sua última pirraça, o governo boliviano mandou seus agentes vistoriarem três aviões da Força Aérea Brasileira que estavam no aeroporto de La Paz - uma das aeronaves estava a serviço do ministro da Defesa, Celso Amorim, em viagem oficial.
Todos os casos ocorreram em 2011 - dois em outubro e um em novembro - e só agora vieram a público. Em nenhum desses episódios os agentes bolivianos pediram autorização a representantes do governo brasileiro. Simplesmente invadiram os aviões, em busca sabe-se lá de quê - os agentes eram da divisão antinarcóticos, mas há suspeitas de que as autoridades bolivianas estivessem à procura do senador Roger Pinto Molina, opositor que há mais de um ano está refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz.
Tais atos de violência teriam tido uma resposta à altura se o país ofendido fosse governado por dirigentes cientes de suas atribuições primárias. Mas o Brasil sob o lulopetismo é um país prisioneiro da fantasia ideológica bolivariana, que manda fechar os olhos para o comportamento irresponsável, autoritário e errático de governantes como Evo Morales e o venezuelano Nicolás Maduro, para ficar somente nos personagens latino-americanos que mais amiúde frequentam o noticiário por seus atentados contra a democracia e as boas relações internacionais.
A diplomacia nacional limitou-se a advertir a Bolívia, em dezembro de 2011, de que poderia adotar o "princípio da reciprocidade" caso houvesse nova vistoria em aviões brasileiros. Foram necessárias nada menos que três violações de soberania - porque é disso que se trata - para que o Brasil governado por Dilma Rousseff afinal se abalasse a reagir.
Quando o fez, porém, usou o mesmo tom complacente adotado nas crises anteriores, nas quais Evo Morales, de peito estufado, bradou que suas decisões, mesmo as flagrantemente ilegais, só diziam respeito à Bolívia.
Os exemplos dessa assimetria se multiplicam. Em 2006, pouco tempo depois de ter assistido à ocupação militar boliviana de uma instalação da Petrobrás, e ainda ouvir Evo acusar a empresa de "atividades ilegais", sendo esta apenas uma entre tantas bravatas antibrasileiras na ocasião, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em vez de reagir com firmeza à humilhação pública, pediu orações à Bolívia, "um país muito pobre, que precisa de ajuda".
A genuflexão do Brasil não comoveu Evo. Ao contrário: estimulou-o a acreditar que teria sempre o respaldo do "irmão mais velho". No caso do senador Molina, o presidente Evo Morales negou permissão para que o opositor saia do país e ainda acusou o embaixador brasileiro, Marcel Biato, de trabalhar para a oposição boliviana.
Em vez de reagir, o governo brasileiro trocou de embaixador, segundo informa o jornal Valor. Além disso, o mesmo Evo que não pede permissão de ninguém para inspecionar aviões oficiais brasileiros foi objeto de ruidosa solidariedade do Mercosul por ter tido seu avião oficial retido na Europa, por suspeita de que estivesse transportando Edward Snowden, procurado nos Estados Unidos após vazar informações confidenciais.
A imagem altiva da diplomacia lulopetista - aquela que vive a dizer que seus diplomatas não se submetem a revistas nos aeroportos dos Estados Unidos - não condiz com a humilhação de ver cães farejadores bolivianos fuçando num avião oficial do governo brasileiro.
Agora que a imprensa revelou o caso, Amorim disse que foi um procedimento "lamentável", mas o entrevero estava sendo mantido em sigilo certamente para não expor em público mais um exemplo do mau comportamento do presidente boliviano, aquele que é um dos símbolos da chamada "revolução bolivariana".

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Por que os companheiros tem vergonha do que escrevem?:Petrobras-Bolivia, Vale-Argentina, etc...

Recebi o comentário abaixo a propósito deste meu post:


Por que será que os companheiros têm medo de se expor, e sempre escrevem anonimamente para este pequeno e desimportante blog?
Transcrevo e depois comento:

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Hermanos pero no mucho: Argentina trata mal a Vale...":

acho q vc esta um pouco desinformado. A bolivia no caso da petrobras nao tinha outra solucao por causa das privatizacoes ilegais realizadas no governo anterior, problema de quem paga mal, paga 2x. que abrir a caixa preta da petro? vc nao vai gostar do q vai ver la e aqui tb, talvez por isso ficou por isso mesmo.
a vale foi privatizada aki ilegalmente, somando aos processos trabalhistas e ao dinheiro publico que "ganhou" e a falta de compromisso com o meio ambiente, nao era de se esperar este caso na argentina. nao pense que tudo é rosas, pq o buraco é mais em baixo , muito mais!! nopsso hermanos so estao dizendo que nao sao idiotas e que podem superar as dificuldades, e sei que vao conseguir. 

Pois bem, vejamos o que pode ser dito sobre os comentários acima.
Primeiro, que ele é praticamente incompreensível, não só pelo Português arrevesado, mas sobretudo porque seu autor junta informações diversas numa mesma frase e não traz nenhuma prova do que disse.
Segundo, porque ele mal disfarça suas tomadas de posição, contra as privatizações e a favor dos hermanos bolivarianos e peronistas de botequim.
Terceiro, porque ele se acha bem informado e eu estaria mal informado. Obrigado pela preocupação, fico aguardando essas informações fabulosamente verdadeiras sobre os bolivarianos-bolivianos e os idem-peronistas e sua gestão excepcional dos bens públicos. A Argentina, como vocês sabem, vai muito bem, e depois que expulsou a Vale vai melhor ainda. Não mais será explorada por uma companhia que destrói o meio ambiente (e o inteiro ambiente também).
Esses mercenários a soldo são mesmo muito ruins. Os companheiros mandões poderiam pelo menos pagar um pouco mais para ter gente mais qualificada.
Minha contribuição para a melhoria do exército de militantes mal pagos segue abaixo.

Que tal um anúncio assim?:

Governo contrata mercenários de luxo. Paga-se bem. Exige-se Ph.D. Mas que saiba escrever. Propostas, com CV Lattes para o e-mail: ...........@companheiros.org

Acho que eles estariam bem melhor servidos.
Pela sugestão...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 4 de maio de 2013

America Latina: a marcha das tendencias totalitarias

Infelizmente, a Amėrica Latina tem recuado, e bastante, nos últimos tempos, em alguns paises menos, ou relativamente, em outros muito, ou absolutamente. E nāo apenas economicamente, com reestatizações e nacionalização de ativos detidos por investidores estrangeiros, mas também, e sobretudo, no plano político, com domesticaçāo dos parlamentos e a submissāo e o controle dos judiciários, sem esquecer os ataques e restrições à imprensa independente.
Um fascismo corporativo, por vezes um fascismo tout court, se abateu sobre o continente, com a conivência de uma esquerda totalitária, ou simplesmente estúpida, e sob a conduçāo dos neopopulistas e demagogos que chegaram ao poder.
Vamos pagar um alto preço por isso.
Paulo Roberto de Almeida


Falsa democracia

Editorial O Estado de S.Paulo, 04 de maio de 2013

Governos autoritários nunca traem sua natureza. O verniz democrático e de respeito ao Estado de Direito, quando existe, dura apenas o tempo necessário para a completa instalação de um regime de permanente exceção. As leis são criadas, alteradas e interpretadas de acordo não com as demandas legítimas dos cidadãos, mas segundo as conveniências dos autocratas, cujo único objetivo é manter-se no poder e impedir que ele seja contestado. É precisamente o caso da Bolívia de Evo Morales, cujo Judiciário recentemente decidiu que o presidente pode concorrer a uma nova reeleição, mesmo que a Constituição diga expressamente que não.
Eleito pela primeira vez em 2005, Morales foi reeleito em 2009, já sob uma nova Constituição - que prevê o direito a apenas uma reeleição. Na avaliação do Tribunal Constitucional, porém, o que aconteceu antes da promulgação da Constituição simplesmente não vale, porque o país foi "refundado". Logo, de acordo com essa narrativa mitológica, corroborada pela mais alta instância constitucional da Bolívia, Morales elegeu-se apenas uma vez e, portanto, está apto a tentar um novo mandato.
Não que Morales estivesse muito preocupado com o desfecho do caso, porque o Tribunal Constitucional é formado por magistrados que lhe são submissos, graças ao pitoresco sistema pelo qual foram escolhidos. A atual Constituição estabeleceu que todos os magistrados das principais instâncias judiciais do país têm de ser eleitos pelo voto direto dos cidadãos. A aparência democrática esconde o fato óbvio de que juiz não é político e não pode, por definição, estar à mercê das forças que viabilizaram sua eleição. Ademais, a escolha de um magistrado deve respeitar méritos técnicos, algo que o eleitor médio não tem condições de avaliar. Por fim, mas não menos importante, os candidatos são selecionados pelo Congresso - que é dominado pela tropa de choque de Morales. Logo, o sistema foi criado para, em nome da democracia, facilitar o controle do Judiciário por Morales.
Na eleição judicial de 2011, a primeira da história, os votos nulos e em branco somaram 60%, mostrando o ceticismo do eleitor boliviano sobre o modelo. Apesar do fiasco, os candidatos eleitos foram confirmados, e foram esses os juízes que aceitaram o papel de avalistas da violação escancarada da Constituição que eles juraram respeitar.
A própria Constituição, aliás, foi elaborada e aprovada sob uma atmosfera que nada lembra a de uma verdadeira democracia. A "refundação" da Bolívia se deu com uma Assembleia Constituinte que se trancou num quartel do Exército e que só contou com parlamentares governistas. Diante de protestos da oposição, que Morales tratou logo de qualificar como "conspiração golpista", os constituintes aprovaram um texto que muitos deles nem sequer haviam lido. Não havia necessidade, pois o texto constitucional, ao que parece, depende muito menos de sua letra e espírito e muito mais das conveniências do governo para ser seguido e respeitado.
Se eleito em 2014, Morales governará até 2020, totalizando 15 anos de governo. E não seria exagero imaginar que, até lá, ele encontrará meios de extrair da Constituição as justificativas necessárias para esticar mais um pouco sua temporada no poder, bem ao estilo de seu mentor, o falecido Hugo Chávez. Pois a "democracia" bolivariana é movida a casuísmos, intimidação e estado de permanente mobilização contra o "inimigo da pátria", geralmente os Estados Unidos e seus "lacaios", algo que serve para justificar toda sorte de arbitrariedades contra a oposição e as instituições.
Seguindo esse roteiro, Morales acaba de expulsar da Bolívia a Usaid, agência americana de ajuda internacional, acusando-a de conspirar contra seu governo por exercer "interferência política em sindicatos de camponeses e outras organizações sociais" que são focos de insatisfação. Na narrativa de Morales, se há oposição na Bolívia, ela só pode ser resultado de um complô americano, e não de legítimo descontentamento popular.

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Última TV crítica aos chavistas muda de mãos
O Estado de S. Paulo, 3/05/2013

A venda do canal Globovisión, uma das últimas vozes críticas ao chavismo na TV venezuelana, deveria ser concretizada ainda ontem. O anúncio foi feito pela própria emissora, que deve passar para as mãos do investidor Juan Domingo Gordero, tido como próximo dos herdeiros políticos de Hugo Chávez.
No fim da tarde de ontem, o vice-presidente do canal de TV, Carlos Zuloaga, afirmou que a venda, anunciada dois meses atrás, seria concluída "dentro de horas". Com a mudança, a oposição venezuelana deve perder ainda mais espaço na mídia, controlada por empresas estatais ou aliadas ao chavismo. O novo diretor-geral da Globovisión, será Vladimir Villegas - conhecido jornalista de moderada tendência opositora e irmão do ministro da Informação chavista, Ernesto Villegas. Seu gerente editorial será Leopoldo Castillo, atual apresentador do combativo programa antichavista Alóy Ciudadano.
Impugnação. Se confirmada, a venda ocorre no mesmo dia em que a oposição venezuelana solicitou formalmente ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) a impugnação do resultado da eleição presidencial do dia 14, que consagrou o chavista Nicolás Maduro. A iniciativa, liderada pelo candidato derrotado e governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, ocorre após semanas de duros embates - e até mesmo pancadaria na Assembleia Nacional - entre opositores e herdeiros de Chávez. Capriles apresentou a demanda à cúpula do Judiciário depois de recusar a validade de uma auditoria que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) fez sobre a votação do mês passado. A oposição venezuelana exigia que a apuração incluísse os chamados “cadernos de votação” - os registros físicos dos resultados, não apenas os dados das umas eletrônicas -, algo que o tribunal eleitoral recusou.
A expectativa é que o TSJ, favorável ao bloco chavista, rejeite a demanda de Capriles. O líder da oposição na Venezuela, porém, poderá recorrer a cortes internacionais em busca de uma ‘Vitória moral” sobre o chavismo.
Apontado pelo próprio Chávez como seu herdeiro político, Maduro derrotou Capriles por margem estreita, de menos de 1,5 ponto, apesar da comoção que tomou a Venezuela após a morte do presidente, de câncer. Os opositores não reconhecem o resultado das urnas, denunciando violações na campanha e na votação.
“Os incidentes que ocorreram não apenas no dia da eleição, mas também nos dias anteriores, mostram que os resultados anunciados pelo CNE não são os verdadeiros”, disse o político opositor Ramón José Medina. / afp
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AMÉRICA LATINA E CARIBE
Folha de S. Paulo - Presidente Dilma: suba o preço/ Artigo/ Moisés Naím

É preciso haver mais consequências negativas e riscos para quem atenta contra a liberdade
O preço pago pelos governos da América Latina que violam regras básicas da democracia vem caindo. Agora chegou ao nível mais baixo em muito tempo; está barato demais, e é urgente aumentá-lo.
É preciso mais consequências negativas e riscos para quem atenta contra a liberdade. Dilma Rousseff pode contribuir para que os líderes latino-americanos que se comportam de maneira não democrática paguem um preço maior por fazê-lo.
Não se trata de o Brasil se transformar em policial da democracia na região ou intervir arbitrariamente nos assuntos internos de outros países. Trata-se de que, de vez em quando... diga alguma coisa. Trata-se de sua política internacional refletir os valores de uma das democracias maiores e mais dinâmicas do planeta. De um país respeitado e influente expressar sua opinião.
Um país cujos líderes atuais possuem a autoridade de quem sofreu na própria carne as consequências de governos em que a repressão e o castigo aos que se opõem a eles são práticas normais, promovidas desde os mais altos escalões do Estado.
Os democratas do mundo, mas especialmente os da América Latina, observaram com espanto e tristeza o silêncio ensurdecedor que Lula manteve, durante seus oito anos como presidente, diante das claras violações dos direitos humanos cometidas em Cuba ou as violações mais sutis da democracia perpetradas por Hugo Chávez na Venezuela, Rafael Correa no Equador ou Daniel Ortega na Nicarágua.
Nem uma única palavra. Nunca uma observação crítica. Lula tem direito a suas afinidades ideológicas, a seus afetos pessoais e, no caso da Venezuela, de aproveitar sua amizade estreita com Chávez para promover os interesses comerciais das grandes empresas privadas brasileiras. Mas o que não é aceitável para um democrata é não ter, em oito anos, encontrado nada que merecesse um comentário sobre condutas que deveriam ser repugnantes para quem sabe, por experiência própria, o que significa enfrentar um governo que corrói os direitos políticos de seus opositores.
Seu silêncio não se deve a um respeito profundo pela não intervenção na política de outros países. Numa visita a Cuba, Lula criticou muito publicamente a greve de fome de um dissidente encarcerado (que depois morreu). E, como ex-presidente, Lula não abriu mão do hábito: seu vídeo publicitário em favor de Nicolás Maduro foi amplamente utilizado na recente campanha.
A esperança é que Dilma Rousseff seja diferente. Mas até agora ela não tem sido. O Brasil reconheceu imediatamente Nicolás Maduro como presidente, mesmo sabendo que havia razões para pôr seu triunfo em dúvida. Dúvida essa que em pouco tempo levou o Brasil a figurar entre os países que, dias depois, pressionaram a Venezuela a fazer uma auditoria dos votos.
O governo de Maduro, que aceitou recontar os votos, o está fazendo de maneira suspeitamente inadequada. Um governo com segurança de ter ganho não deve ter medo de contar os votos aberta e rigorosamente. E um governo democrático não deve impedir que os deputados da oposição falem na Assembleia Nacional.
Por favor, presidente Dilma, nos diga: o que a senhora pensa de tudo isso?

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Ataque ao Judiciário é quase a norma nos vizinhos do Brasil
Editorial Valor Econômico, 3/05/2013

A democracia nos países do Mercosul vem sofrendo duros golpes, desferidos pela Argentina, pelos governos bolivarianos da Venezuela e da Bolívia e, para não ficar apenas em regimes chamados de esquerda, pela senil direita paraguaia. Um dos alvos prediletos dos ataques é a Justiça, que como poder independente já não existe na Venezuela, deixará de existir na Argentina e está manietada na Bolívia. As práticas políticas vão de mal a pior no Mercosul, com exceção do Uruguai e do Brasil.
Diante do que estão fazendo os governos vizinhos, a escaramuça entre Legislativo e Executivo brasileiros, às vezes batizada com o termo forte de crise institucional, mais se assemelha, figurada ou realmente, à batalha de Itararé, aquela que não existiu. Há exemplos de casuísmo que lembram as manobras antidemocráticas bolivarianas, como a tentativa de impedir agora a criação de novos partidos, cortando-lhes no nascedouro fontes de recursos. Não é certo que a iniciativa prospere, assim como já foi sepultada a investida petista para limitar as decisões do Supremo Tribunal Federal.
Comparado aos vizinhos, o Brasil é, com todos os seus defeitos, uma democracia consolidada. Não se pode dizer o mesmo da Argentina. Há dez anos os Kirchner, primeiro Néstor e depois sua mulher, Cristina, tentam reduzir a pó a oposição e os meios de comunicação, que não se confundem necessariamente com as legendas antagônicas ao governo. Por trás de todas as práticas, várias delas típicas de gangsters, há o projeto político de Kirchner de se perpetuar no poder.
Em outubro, haverá eleições legislativas na Argentina. Elas se tornaram cruciais para Cristina Kirchner, cujo desejo de mudar a Constituição para se reeleger mais uma vez - ou indefinidamente, como conseguiu o ex-presidente Hugo Chávez - é explícito. A presidente, cuja popularidade vem em queda livre, enfrenta o desgaste com o desfalque legal na inflação, os congelamentos impostos por um de seus raivosos secretários, a proibição de obter dólares no país ou de gastá-los fora. Para reagir ao descontentamento, tenta impedir os veículos de comunicação independentes e críticos ao oficialismo. Em guerra contra o maior grupo de mídia, o Clarín, Cristina teve de engolir liminares na Justiça que a impediram de dividir na marra a companhia. Em votação polêmica no Congresso, conseguiu agora, por um par de votos, instituir eleição para os integrantes do Conselho da Magistratura, obrigando os juízes a portar em uma das mãos a Constituição e em outra o programa do partido. Mais que isso, limitou por lei o tempo de vigência de liminares contra atos do Estado, algo que só formalmente não pode se chamar de um ato ditatorial.
Quem foi mais longe no processo de transformar instituições democráticas em seu avesso foi a Venezuela. O governo tenta culpar Henrique Capriles, o líder oposicionista que quase derrotou Nicolás Maduro, pelas mortes nos protestos após a divulgação dos resultados, enquanto fecha a torneira de repasse dos recursos federais a Miranda, governada por ele. Os chavistas instituíram a democracia do pugilato, em que a maioria governista se sentiu no direito de literalmente espancar a minoria oposicionista, em uma sessão com vários feridos. Diosdado Cabello, presidente da Assembleia, destituiu a oposição de todas as comissões, ameaçou cortar-lhes a remuneração e impede suas manifestações parlamentares.
Bem-sucedido na economia em relação a Cristina e Chávez, o presidente boliviano, Evo Morales, acionou a corte constitucional do país e ganhou um polêmico direito à reeleição. Vitorioso em 2006, Evo fez a mesma coisa que Chávez ou Correa, no Equador - promoveu mudança na Constituição para permitir a reeleição. Mas jurou em público que só se candidataria mais uma vez. Era mentira. Ele vai disputar, com grandes chances de vencer, as eleições de 2014.
As espertezas para impedir novos partidos no Brasil têm filosofia parecida com a das rastejantes bases governistas dos países mencionados. Há diferenças de qualidade, porém. Quando tinha tudo para se perenizar no poder, Luiz Inácio Lula da Silva jogou absolutamente dentro das regras e se retirou no tempo devido. A presidente Dilma Rousseff, com popularidade recorde e favorita em 2014, não precisa de golpes de quinta categoria de aficionados no Congresso para aumentar suas chances de continuar no Planalto, e mantém real distância das baixarias no Congresso.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Pensando em se asilar? Escolha bem o seu hotel diplomatico...

O Brasil vem adquirindo experiência no asilo prolongado de visitantes ocasionais, ou involuntários, que escolhem uma de suas embaixadas para se instalarem com algum desconforto e sem muitos atrativos (deve faltar piscina nas chancelarias, por exemplo, embora possa existir em algumas residências) e aí aguardarem o fim da estação política.
Já aconteceu em Honduras (mas no começo não era apenas um, e sim toda uma tribo de bolivarianos barulhentos) e agora acontece na Bolívia, onde o ar rarefeito recomenda mastigar coca...
Assim vamos: mais um pouco e se poderá pensar em criar um desses programas de pontos para premiar os clientes mais fieis...
Paulo Roberto de Almeida

SENADOR BOLIVIANO COMPLETA 250 DIAS NA EMBAIXADA DO BRASIL EM LA PAZ! O CONGRESSO BRASILEIRO DEVERIA SE PRONUNCIAR, ASSIM COMO OS PARTIDOS!
       
1. Evo Morales, de forma inusitada, não autoriza salvo conduto. Cabe ao Brasil identificar se o candidato a asilo diplomático sofre perseguição política e se o delito a ele imputado é de natureza política. No caso do Senador Roger Pinto, isso foi feito pelo Embaixador do Brasil em La Paz, após contatos com seu Governo. Em seguida, ele pediu um salvo-conduto à autoridade boliviana para ele deixar com segurança a Bolívia. É a autoridade que concede o asilo, no caso o Governo brasileiro, que qualifica os pressupostos políticos do asilo.  
          
2. Raros são os casos de controvérsias na qualificação política do asilo. Há um caso histórico, o de Haya De La Torre, líder aprista, que comandara uma rebelião militar no Peru e que solicitara asilo na Embaixada da Colômbia em Lima. O Governo peruano negou a concessão do salvo conduto, alegando que se tratava de criminoso comum e não político. O caso foi parar na Corte Internacional de Justiça. De La Torre ficou na embaixada três anos até conseguir o salvo-conduto para deixar com segurança o território peruano.

3. Nenhum Governo nega  direito a salvo conduto, pois isso seria criar grandes embaraços às relações entre ambos os Governos. Para forçar a concessão do salvo-conduto, é preciso que o Governo brasileiro venha a exercer as necessárias pressões sobre o Governo boliviano. Não lhe faltam instrumentos para isso. Falta apenas a vontade política para enfrentar o governo autoritário de Evo Morales. Se for o caso que se endureça a posição brasileira, inclusive ameaçando levar o assunto à Corte Internacional de Justiça de Haia.
(Da coluna do ex-prefeito Cesar Maia, 1/02/2013)