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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Existem argumentos racionais para debater com um debil mental? - Ricardo Bergamini

É possível, sim, discutir com um esquerdista, um direitista, até um ignorante. Mas é difícil debater com um débil mental.

É o que deixa entender Ricardo Bergamini, abaixo.

 

Inflação é termômetro, não febre. A febre é o governo de aloprados do Bolsonaro (Ricardo Bergamini).

Prezados Senhores

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse neste sábado, 20, que a decisão de afastar Roberto Castello Branco do comando da Petrobras se deu porque a magnitude dos reajustes dos preços dos combustíveis este ano foi uma “covardia”. Para ele, a estratégia de aumentar os valores foi para “atacar” o seu governo.

 

Com base no quadro demonstrativo abaixo, a conspiração é ampla, geral e irrestrita contra o débil mental Bolsonaro.

 

 

IPCA

Dezembro de 2020

 


 

Se a sociedade brasileira não impedir esse desequilibrado: “os vivos invejarão os mortos no Brasil”.  

 

Alguém tem que avisar a esse imbecil que inflação é termômetro, não febre. A febre é o seu governo de aloprados 

 

- O IPCA nos últimos doze meses, até dezembro de 2020, foi de 4,52% ao ano (inflação da primeira classe, a turma dos 40 salários mínimos).

 

- O IGPM nos últimos doze meses, até dezembro de 2020, foi de 23,14% ao ano (inflação real do mercado, aumento dos aluguéis).

 

- O IPP nos últimos doze meses, até dezembro de 2020, foi de 19,40 % ao ano (inflação dos produtores).

 

- Taxa de juros SELIC em dezembro de 2020 foi de 2,00% ao ano. 

 

- Taxa de juros de longo prazo (rolagem da dívida do governo) em dezembro de 2020 foi de 8,37 % ao ano.

 

- Taxa de juros para devedores de segunda classe em dezembro de 2020 foi de 25,5% ao ano.

 

- Taxa de juros para devedores de primeira classe em dezembro de 2020 foi de 7,9% ao ano.

 

 

Bolsonaro fala em ‘covardia’ com reajuste e ‘compromisso zero’ de Castello Branco

 

Estadão, 20/02/21

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse neste sábado, 20, que a decisão de afastar Roberto Castello Branco do comando da Petrobras se deu porque a magnitude dos reajustes dos preços dos combustíveis este ano foi uma “covardia”. Para ele, a estratégia de aumentar os valores foi para “atacar” o seu governo.

 

Durante conversa com apoiadores neste sábado, o presidente também prometeu agir no mercado de energia elétrica. “Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, afirmou.

 

O nome do general terá de ser aprovado pelo conselho da companhia, que há 36 anos não era presidida por um militar. “Parecia exorcismo quando eu falei que não ia prorrogar por mais dois anos o mandado do cara (Castello Branco). Compromisso zero com o Brasil, zero. Nunca ajudaram em nada…”, descreveu o presidente.

 

Mais cedo, numa live dentro de um carro, Bolsonaro também criticou o fato de Castello Branco estar trabalhando em home office desde março. Agora, sua insatisfação foi com a elevação dos preços nas bombas, que seria injustificada. “Não é aumentando o preço de acordo com o petróleo lá fora e o dólar aqui dentro, é mais do que isso: a preocupação é ganhar dinheiro em cima do povo. Não justifica 32% de reajuste do diesel no corrente ano. Ninguém esperava essa covardia desse reajuste agora”, afirmou.

A Petrobras é uma companhia mista e tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores no Brasil e também no exterior, por meio de ADRs. A decisão da sexta à noite de tirar Castello Branco da estatal fez os preços da companhia despencarem no mercado financeiro aqui e nos Estados Unidos pelo temor de uma interferência do Planalto sobre a empresa. “Ninguém quer interferir ou está interferindo na Petrobras, mas eles estão abusando. Assim como eu dizia que queriam me derrubar na pandemia pela economia, fechando tudo, agora resolveram atacar na energia”, justificou.

 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br


Ricardo Noblat - Intervenção na Petrobras une PT a Bolsonaro (23/02/2021)



terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

 Intervenção na Petrobras une PT a Bolsonaro

Ricardo Noblat, 23/02/2021

- Blog do Noblat / Veja

E quem pensava que já assistira a tudo....

Além da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, onde pulsa o coração do mercado financeiro, quem mais votou em Jair Bolsonaro para presidente por acreditar na sua súbita conversão ao liberalismo de Paulo Guedes, seu futuro ministro da Economia?

A massa gigantesca de votos que quase o elegeu direto no primeiro turno pouco ou nada entende de liberalismo e de economia, juntos ou separados. Havia um desejo gigantesco de mudança e uma repulsa generalizada à política tradicional.

Então se escolheu um até então desconhecido deputado federal do baixo clero que se dizia não político e contra tudo o que ali estava. Portanto, não se diga agora que ele traiu seus eleitores ao intervir na Petrobras. Pode ter traído, se muito, a Brigadeiro Faria Lima.

É no que dá acreditar naquilo que não é, mas que se gostaria que fosse. O capitão que repetia o pouco que Guedes lhe ensinou revelou-se outra vez o estatizante que sempre foi. É curioso que até aqui somente o PT tenha saído em seu socorro.

Bolsonaro e PT, tudo a ver em alguns pontos: ambos anti-mercado, anti-capitalismo e pró-estatizante. Ambos populistas com um forte viés autoritário que pelo menos Lula, em seus dois governos, tentou por sabedoria amenizar, mas Dilma mão de ferro, não.

Filho de um general nacionalista que morreu, o economista Aloizio Mercadante (PT-SP), que foi ministro da Educação e da Casa Civil do governo Dilma, apressou-se eufórico em mandar um recado para os militares brasileiros:

– Não se rendam ao mercado financeiro e aos interesses especulativos. Parem a privatização das refinarias, defendam uma Petrobrás forte e tragam uma política de preços justa para o povo, para os caminhoneiros e para os motoristas de aplicativos.

Saudou o general Joaquim Silva e Luna, o futuro presidente da Petrobras, como “um militar nacionalista”. Lembrado de que Bolsonaro extrairá dividendos eleitorais caso controle os novos reajustes de preços dos combustíveis, justificou-se:

– Ao contrário daqueles que nos golpearam, não apostamos no quanto pior, melhor. Assim como defendemos o auxílio-emergencial, temos que defender uma Petrobrás para os brasileiros. O povo brasileiro está sofrendo agora.

De fato, está, e não só por conta do vírus que continua matando, e da falta de vacina que se agrava, mas também porque a intervenção na Petrobras tornou o Brasil mais caro para os que vivem cá, e mais barato para os estrangeiros. Na vida real é isso.

Foi de 21,6% a queda do preço das ações preferenciais da Petrobras no primeiro dia útil após anúncio da intervenção, e de 20,4% nas ações ordinárias. O Ibovespa perdeu 4,87%. O dólar subiu 1,30%, O preço das ações do Banco do Brasil caiu 11,64%.

Investidores da Petrobras preparam uma ação coletiva para questionar as perdas. A troca de presidentes fez a empresa perder 102,5 bilhões em valor de mercado. Até a semana passada, quem tomava emprestado 100 reais pagava 110. Ontem, pagou 120.

“Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras”, declarou Bolsonaro ante a reação do mercado. No último final de semana, ele afirmou que vai reduzir em 15% o preço do diesel e da gasolina. O que ele diz não se escreve, mas produz estragos.

O economista Roberto Castelo Branco, que passará o cargo ao general Luna, era bem tratado pelo governo até outro dia. Se a política que ele conduzia na Petrobras não sofrerá nenhum tipo de alteração, por que mandá-lo embora?

Certamente não será porque Bolsonaro queria que ele investisse numa campanha milionária de propaganda do governo a ser veiculada no SBT e na Record, emissoras que fazem parte do Sistema Bolsonarista de Televisão. Castelo Branco não quis.

Em queda nas pesquisas de intenção de voto, sem que a economia se recupere como ele havia prometido, com a inflação em alta e com o índice de desemprego se aproximando dos 18%, o problema de Bolsonaro não é Castelo Branco, mas Guedes.

No fundo, para seguir sonhando com a reeleição, Bolsonaro precisa libertar-se das amarras do ministro da Economia para gastar mais e fazer negócios. A Petrobras é uma mina de negócios como demonstrado por governos anteriores.

O Brasil só não quebrou ao fim do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso porque Bill Clinton, à época presidente dos Estados Unidos e amigo dele, socorreu-o com um empréstimo. Reeleito, Fernando Henrique desvalorizou o Real.

O ciclo da valorização das commodities evitou que o Brasil quebrasse durante a crise financeira mundial de 2008. Lula, o presidente, cambaleava sob os efeitos do escândalo do mensalão do PT e as contas públicas desarrumadas. Sobreviveu.

Para reeleger-se, Dilma segurou o reajuste de preços dos combustíveis e da energia elétrica, causando um rombo nas empresas envolvidas que repercutiu em toda a economia. Depois, quando quis voltar à ortodoxia, não teve mais tempo.

Sem risco de impeachment e com o apoio militar que Mercadante tanto preza, Bolsonaro poderá ir no rastro de Dilma na esperança de se dar bem. Quanto à Brigadeiro Faria Lima, não passa de “um rebanho eletrônico”. Foi o general Mourão quem disse.

Bolsovirus mete as patas na Petrobras - Editorial Estadão (23/02/2021)

 Uma intervenção desastrosa

 Opinião / O Estado de S. Paulo, 23/02/2021

A intervenção na Petrobrás combina com o fracasso econômico da gestão Bolsonaro, evidente já antes da pandemia

Gente esforçada, os americanos acordaram cedo para se livrar de papéis da Petrobrás ontem de manhã. Títulos da empresa despencaram 16% no pré-mercado, isto é, antes da abertura oficial do pregão. Ao mexer na empresa, como sempre desastrado, o presidente Jair Bolsonaro assustou também os estrangeiros, importantes fontes de capital para a estatal brasileira. Talvez ele ignorasse, ou ainda ignore, também esse detalhe. No Brasil ações da petroleira estavam em queda de 19% por volta do meio-dia, arrastando para baixo papéis de estatais, como o Banco do Brasil (BB) e Eletrobrás, e o Ibovespa. Esse índice, o principal da bolsa brasileira, recuou 4,84% durante a manhã.

Nessa altura, a Petrobrás acumulava perda de cerca de R$ 100 bilhões de valor de mercado, iniciada no último fim de semana. No fechamento da quinta-feira, a empresa ainda valia R$ 382,99 bilhões. Só na sexta-feira foram perdidos R$ 28,2 bilhões. O presidente prometeu novas intervenções e mencionou o setor de energia elétrica. Mas, no fim de semana, circulou no mercado a hipótese de mudança na direção do Banco do Brasil, ensaiada recentemente, mas ainda irrealizada.

O motivo dessa intervenção seria o programa de fechamento de agências físicas e de redução de pessoal apresentado recentemente pela presidência do banco. O presidente Bolsonaro já havia interferido na gestão do BB ao condenar moralmente uma campanha publicitária. A censura foi aceita e cumprida, embora incompatível com as normas de administração de empresas como o BB. O presidente da instituição acabou renunciando ao posto, bem mais tarde, por outro motivo.

Mas os danos causados pelo presidente Bolsonaro, incapaz de entender as funções presidenciais e, mais amplamente, a própria noção de governo, vão muito além dos males causados diretamente à Petrobrás ou a qualquer outra entidade vinculada ao poder federal. A incompetência presidencial, manifestada com o máximo de truculência e nenhuma percepção das questões econômicas, legais, sociais e empresariais mais importantes em cada caso, afeta largamente o funcionamento da economia brasileira e as expectativas de quase todos os grupos de agentes.

A piora das expectativas foi claramente mostrada, ontem, no último boletim Focus divulgado pelo Banco Central. Em uma semana, a mediana das projeções da inflação oficial passou de 3,62% para 3,82%. O dólar estimado para o fim do ano subiu de R$ 5,01 para R$ 5,05. A taxa básica de juros esperada para dezembro aumentou de 3,75% para 4%, o dobro daquela em vigor neste momento. O déficit primário (sem juros) do setor público voltou a 2,80% do Produto Interno Bruto (PIB), depois de haver recuado para 2,70%. O crescimento do PIB foi revisto de 3,43% para 3,29%. Quatro semanas antes ainda se apostava em 3,49%.

Resumindo: as expectativas são de inflação maior, dólar mais caro, rombo fiscal mais amplo, juros mais altos e menor expansão econômica. Outras pesquisas já indicaram piora das expectativas dos empresários industriais e aceleração dos preços por atacado.

Ao comentar reações do mercado, o vice-presidente Hamilton Mourão falou em “rebanho eletrônico”. É um comentário estranho, quando se vê a mudança de orientação de grandes instituições financeiras. Analistas da XP Investimentos, do Bradesco e do Crédit Suisse passaram a recomendar a venda de papéis da Petrobrás. Seus colegas do BTG Pactual e da Mirae Asset foram mais contidos, mas deixaram de recomendar a compra. Nada, no currículo do vice-presidente, parece credenciá-lo para menosprezar dessa maneira a resposta de tantos analistas.

Afinal, trata-se mesmo de uma intervenção grosseira, confirmada pela demissão do presidente da empresa antes do fim de seu mandato. Esse episódio combina com o fracasso econômico da gestão Bolsonaro, evidente já antes da pandemia, com a grotesca propaganda da cloroquina, com a imprevidência no caso da vacinação, com sua política armamentista e com a fixação nos assuntos familiares e na reeleição. Nenhum vice-presidente contemporizador poderá disfarçar essas barbaridades.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Custo Brasil NÃO existe: só existe Custo do Estado brasileiro, ou de seus governos inconsequentes - Paulo Roberto de Almeida

 Custo Brasil NÃO existe: só existe Custo do Estado brasileiro, ou de seus governos inconsequentes 

Paulo Roberto de Almeida


O “custo Bolsonaro” já se propaga da Petrobras para outros setores da economia: câmbio, juros, spread sobre emissões globais, fluxos de investimentos e morosidade geral na economia, em face das incertezas provocadas por aquele degenerado, que promete “meter o dedo” onde acha que pode melhorar (e só provoca estragos, como já foi o caso na pandemia, com milhares de mortos adicionais).

O vice-presidente exerce plenamente o seu direito de demonstrar ignorância e exibir platitudes sobre o comportamento de “manada” dos mercados, apenas para se alinhar ao nível de debilidade mental do chefão ignaro. Certas pessoas poderiam aproveitar a oportunidade para não se inserir no “efeito manada” da estupidez hierárquica. 

O Brasil patina na economia e se afunda no pântano da falta de governança, já que o posto Ipiranga parou de fornecer combustível, como qualquer outra coisa.

Houve um breve tempo, depois da descoberta do pré-sal, que a Petrobras chegou a ter um rating superior ao do próprio Brasil (antes do Investment grade, em 2009), podendo emitir dívida a juros internacionais inferiores ao do país. Aí veio Madame Pasadena e aplicou golpes em série nessa credibilidade “de manada”, nos combustíveis, na eletricidade, na política automotiva e em muitas outras políticas setoriais, culminando por fazer tudo errado ao mesmo tempo, resultando na Grande Destruição de 2015-16, da qual ainda não nos recuperamos inteiramente.

Agora é a vez do capitão degenerado produzir a GRANDE DEMOLIÇÃO!

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 22/02/2021

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Lição prática de como um presidente debilóide pode prejudicar milhares de acionistas - Bolsovirus e Petrobras

 Bolsonaro zera imposto federal no gás de cozinha “para sempre”. Diesel terá 2 meses sem taxa

MIRIAM LEITÃO: Conselho ameaça renunciar se Bolsonaro demitir presidente da Petrobras

O BOLSOCAOS do Bolso-desgoverno, também na área tributária e na interferência na maior empresa estatal de capital aberto

 O sistema tributário brasileiro é IRREFORMÁVEL, não pela sua estrutura, em si, ainda que esta seja prolixa, absurda, irracional e antieconômica. Também por causa de um sistema "federativo" deformado, aliás, antifederativo. Ou seja, qualquer tentativa de reforma, no sentido que pretendem os produtores primários de riqueza – empresários e trabalhadores –, de redução da carga fiscal, se torna impossível, em face das demandas dos entes sub-federados de aumento de suas receitas, ou seja, mais impostos, ou redistribuição para eles de receitas da União, de fato sobre-dimensionadas pelo uso oportunista, e egoísta, das contribuições, exclusivas do governo central.

Sobre tudo isso, ainda vem o CAOS criado pelo degenerado dirigente que, sem entender NADA DE NADA, ainda se mete a fazer a "sua" reforma tributária, para contentar bases espúrias, ao arrepio do processo legislativo, da racionalidade, do simples ordenamento constitucional que regula o setor.
O atual governo é um reflexo da INCOMPETÊNCIA do seu chefe, que criou um BOLSOCAOS!
Paulo Roberto de Almeida


Notícia do dia - Após um novo reajuste de combustíveis pela Petrobrás, o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira, 18, durante live semanal no Facebook, que a partir de 1.° de março não haverá qualquer imposto federal sobre o preço do óleo diesel. Bolsonaro considerou o aumento anunciado pela Petrobrás, o quarto do ano, “fora da curva” e “excessivo”. Ele reforçou que não pode interferir na estatal, mas ressaltou que a medida “vai ter consequência”. Os impostos federais que incidem sobre o diesel são PIS, Cofins e Cide. Com o anúncio da estatal, óleo diesel vai ficar 15,2% mais caro a partir de hoje, e a gasolina, 10,2%. Em 2021, diesel e a gasolina já acumulam alta de 27,5% e 34,8%, respectivamente. O presidente sugeriu, sem entrar em detalhes, que “alguma coisa” acontecerá na petrolífera nos próximos dias. “Não posso interferir e nem iria interferir (na empresa). Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobrás nos próximos dias, tem de mudar alguma coisa”, disse. A Petrobrás afirmou ontem que não comentaria as declarações sobre a empresa e seu presidente, Roberto Castello Branco. A redução do PIS/Cofins no óleo diesel anunciada por Bolsonaro atende a uma demanda de caminhoneiros, base de apoio do presidente que tem pressionado o governo por causa do aumento do combustível. Em ameaça indireta a Castello Branco, o presidente citou que o comandante da estatal chegou a dizer, há alguns dias, que não tinha “nada a ver com os caminhoneiros”.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Petrobras: Alinhamento aos preços internacionais não mudou - Comunicado oficial sobre preços

 Petrobras: Alinhamento aos preços internacionais não mudou

Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 2021 – A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras vem esclarecer notícia veiculada na tarde de sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021, baseada em afirmações distorcidas divulgadas pela imprensa.  

A manutenção da periodicidade de aferição da aderência entre o preço realizado e o preço internacional, adotada desde junho de 2020 e confirmada em janeiro de 2021, foi comunicada equivocadamente pela imprensa como alteração da política comercial da companhia.

Como prática adotada anteriormente e mantida desde 2019, a Petrobras segue a precificação de combustíveis alinhada aos preços internacionais convertidos para reais pela taxa de câmbio real/dólar norte-americano. Tal sistemática tem sido ampla e repetidamente divulgada ao mercado ao longo do tempo. 

Em junho e agosto de 2019, divulgamos publicamente que os reajustes de preços não seguiriam mais periodicidade pré-definida, o que permanece inalterado.

Não obstante a Petrobras ser praticamente a única produtora de combustíveis de petróleo no Brasil, com 98% da capacidade de refino, enfrenta competição de importadores que têm participado com 20 a 30% do mercado doméstico, dependendo do produto.

Combustíveis são commodities globais, como soja e minério de ferro, cujos preços são tipicamente voláteis, assim como taxas de câmbio. 

Diante de alta significativa da volatilidade dessas variáveis, a companhia decidiu, em junho de 2020, alterar de trimestral para anual o período de aferição da aderência entre o preço realizado e o preço internacional. Tal mudança não deve ser confundida, de forma alguma, com modificação de política comercial, de fixação de periodicidade para reajustes ou de metas de desempenho.

Da mesma forma, permanece inalterado o monitoramento contínuo dos mercados por nossa equipe, o que compreende, dentre outros procedimentos, a computação e análise diária do comportamento de nossos preços relativamente às cotações internacionais e o planejamento de ações para a correção de desvios.

Esta rotina empresarial, diferentemente de metas estratégicas, políticas e resultados, não se constitui em tema que mereça divulgação pública. 

Como esperado, a mudança de periodicidade da aferição da aderência entre o preço realizado e o preço internacional não implicou prejuízo, tendo sido satisfeito o objetivo de manutenção da paridade de preços de importação no ano de 2020, da mesma forma que ocorreu em 2019. 

Mesmo em período extremamente desafiador para a indústria global do petróleo, os resultados financeiros dos nove primeiros meses de 2020 revelaram forte geração de caixa e redução de dívida, contradizendo afirmações de supostos prejuízos decorrentes de nossa política comercial. 

Em janeiro de 2021, a companhia manteve inalterada a periodicidade adotada a partir de junho de 2020 para aferição da aderência do alinhamento entre o preço realizado e o preço internacional, sem quaisquer outras mudanças. 

A volatilidade de preços de combustíveis e de taxas de câmbio, seja de alta ou de baixa, é fenômeno permanente, podendo aumentar ou diminuir, diante de eventos específicos não antecipados. 

A simples modificação do período da aferição da aderência entre o preço realizado e o preço internacional, promovida há oito meses, não se constitui em rompimento com nosso inarredável compromisso com o alinhamento de nossos preços no Brasil aos preços internacionais e a consequente geração de valor para os acionistas. 

A Petrobras reafirma as declarações do presidente Roberto Castello Branco, em evento na manhã da última sexta-feira, 05/02/2021, no Palácio do Planalto, de independência em relação a eventuais interferências externas na determinação de seus preços. 

A Petrobras permanece fortemente comprometida com a geração de valor, a confiabilidade no suprimento de combustíveis de qualidade para seus clientes, o respeito às pessoas, ao meio ambiente e a segurança de suas operações.


Petróleo Brasileiro S.A - PETROBRAS - Relações com Investidores 
Av,República do Chile ,65 - 1803
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Tel: +55 (21)  3224-1510/9947 | 0800-282-1540 
E-mail: petroinvest@petrobras.com.br | acionistas@petrobras.br   
Website de RI   

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Petrobras: um importante relatório sobre sua produção - 3Trimestre 2020

Petrobras: Destaques de produção e vendas no 3T20

Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2020 – O desempenho operacional da Petrobras no 3T20 foi muito bom, considerando-se o cenário desafiador imposto pela pandemia da COVID-19. Nossa produção de óleo e gás no Brasil cresceu em 9,0% nos primeiros nove meses deste ano em relação ao ano passado. A produção dos campos do pré-sal se expandiu em 32%, enquanto nas demais áreas, pós sal, águas rasas e terrestres, houve contração.

Estimamos que a produção média em 2020 chegue em 2,84 MMboed, sendo 2,28 MMbpd de óleo, com variação de 1,5% para cima ou para baixo, superando o limite superior (2,5%) das metas originalmente divulgadas para o ano (2,7 MMboed e 2,2 MMbpd).

O crescimento da produção acima do esperado não resultou em estoques excessivos, o que seria possível face à expressiva redução da demanda global por petróleo. Pelo contrário, temos trabalhado com estoques inferiores aos do período pré-COVID graças à maior integração entre produção, refino, logística e comercialização.  

A proteção da saúde de nossos colaboradores tem sido prioridade número um da companhia. Home office, redução de pessoal a bordo e nas plantas industriais, higienização contínua, assistência médica com acesso à telemedicina e adoção da estratégia de testagem maciça com seleção, testagem, rastreamento e quarentenagem têm sido nossas principais ações. Até o momento aplicamos mais de 270.000 testes, e as empresas prestadoras de serviços para a Petrobras cerca de 110.000, o que tem permitido diminuir a taxa de transmissão da COVID através da identificação de muitos casos de assintomáticos.  

O cenário de contingência da COVID-19 continua limitando os efetivos a bordo das nossas instalações marítimas de produção, nos levando a postergar parte das paradas programadas no 4T20 para início de 2021. Entretanto, conseguimos executar atividades de manutenção, o que contribuiu para aumentar a eficiência operacional, operar com segurança e manter ótima performance. Outro destaque foi o sucesso obtido na campanha de inspeção dos dutos suscetíveis à corrosão sob tensão por CO2 realizada com novas tecnologias e ferramentas, cujos resultados viabilizaram a continuidade operacional de dutos de injeção de gás, reduzindo gastos e perdas de produção.

A produção média de óleo, LGN e gás natural no 3T20 atingiu 2,95 MMboed, 5,4% acima do 2T20. Concorreram para esse resultado o crescimento da produção no campo de Atapu, com a entrada em operação da FPSO P-70 e primeiro óleo no final de junho e a maior eficiência operacional da P-74, P-75, P-76 e P-77, no campo de Búzios. O desempenho dessas plataformas foi suportado pela ampliação temporária da capacidade de processamento de óleo e gás das unidades, utilizando folgas de capacidade de geração de energia e compressão de gás disponíveis até o início da exportação de gás, e pelo alto potencial de produção dos poços e do reservatório. Isso possibilitou o atingimento de recordes de produção mensal em Búzios, de 615 Mbpd de óleo e 765 Mboed no mês de julho e da maior produção mensal alcançada por um poço no Brasil, com a marca de 69,6 Mboed do poço BUZ-10 registrada em setembro. Nesse mês, ainda tivemos 2 poços de Búzios que superaram a marca dos 65 Mboed (BUZ-12 e BUZ-24, respectivamente com 67,4 e 65,8 Mboed). Em agosto, iniciamos o escoamento de gás da P-74.

O Campo de Tupi alcançou a marca histórica de produção acumulada de 2 bilhões de barris de óleo equivalente, após 20 anos de assinatura do contrato de concessão e 10 anos da instalação do primeiro sistema definitivo de produção. É atualmente o campo com maior produção em águas profundas do mundo e respondeu por 28% da nossa produção no 3T20. Em julho, atingimos a capacidade de produção instalada na plataforma P-67, de 150 Mbpd, em operação nesse campo. Tupi foi também pioneiro para o desenvolvimento do pré-sal e revelou a existência de um novo modelo exploratório, até então desconhecido no mundo.

Avançamos, também, no ramp-up das plataformas P-68, nos Campos de Berbigão e Sururu, e P-70, no Campo de Atapu, com destaque para o início do escoamento de gás da P-70, no dia 15 de outubro de 2020.

Dando continuidade à gestão ativa de portfólio, concentrando recursos em ativos de classe mundial em águas profundas e ultraprofundas, no 3T20 assinamos contrato de venda da totalidade de nossa participação em 3 campos de águas rasas e 37 campos onshore. Adicionalmente, finalizamos a venda da totalidade da nossa participação nos Polos de Pampo e Enchova (Bacia de Campos), no Polo Lagoa Parda (Bacia do Espírito Santo) e nos campos Ponta do Mel e Redonda (Bacia Potiguar), pelo valor de US$ 437 milhões em caixa* e US$ 650 milhões em earn-outs que deverão ter impacto positivo sobre a geração de caixa da companhia nos próximos anos. Estes campos produziram 21,9 Mbpd nos primeiros seis meses de 2020, equivalente a 0,9% de nossa produção. 

Realizamos neste trimestre a hibernação adicional da plataforma de Merluza, localizada na Bacia de Santos, totalizando 63 plataformas em águas rasas hibernadas desde março de 2020. Ressalta-se que o Polo Merluza, composto pelos campos de Merluza e Lagosta, segue em processo de desinvestimento, conforme divulgado no dia 31 de março de 2020. 

No refino, a retomada da demanda no mercado doméstico resultou em recuperação das vendas e da produção de derivados. Consequentemente, o fator de utilização (FUT) das refinarias passou a flutuar em torno de 80% no 3T20, depois de atingir 55% em abril. Desse modo, a produção de combustíveis foi 17,8% maior do que no 2T20 e nos 9M20 superou em 1,7% a do mesmo período do ano passado. 

Desde julho a produção de diesel S-10, com baixo teor de enxofre, tem batido recordes, refletindo ações comerciais implementadas pela companhia para ampliar a oferta de diesel S-10 em substituição ao S-500, consistente com a estratégia de produzir combustíveis mais amigáveis ao meio ambiente. Em setembro, alcançamos a marca de 396 Mbpd. O crescimento da produção do diesel S-10 reflete a maior demanda pelo produto no Brasil, acompanhando a evolução dos motores de veículos pesados e utilitários movidos a diesel, responsáveis pela maior parte da circulação de mercadorias no território nacional. Em relação ao total de vendas, houve recuperação da demanda e de market share de diesel e gasolina em relação ao 2T20, período em que a demanda foi mais impactada pelas ações de isolamento social.  

Lançamos em setembro de 2020 o programa Biorefino 2030, que prevê projetos para a produção de uma nova geração de combustíveis, mais modernos e sustentáveis que os atuais, como o diesel renovável e o bioquerosene de aviação (BioQAv). O diesel renovável é um biocombustível avançado, produzido a partir de óleos vegetais e com a mesma estrutura do óleo diesel convencional, capaz de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 70% quando comparado ao diesel regular e em 15% quando comparado ao biodiesel. Concluímos com sucesso os testes em escala industrial e aguardamos a autorização do Conselho Nacional de Política Energética para comercialização do diesel renovável no Brasil. Já o BioQAv passará a ser obrigatório no Brasil a partir de 2027 e seu processo de hidrogenação utiliza as mesmas matérias primas necessárias para a produção do diesel renovável. As unidades industriais que produzem o BioQAv têm como coproduto o diesel renovável.

As vendas de asfalto também foram recordes, em julho, atingindo 227 mil toneladas, o maior volume mensal desde setembro de 2016.

Em agosto de 2020 a entrega de bunker no Porto de Santos foi de 190 mil toneladas, 46% do mercado brasileiro, a maior quantidade entregue desde abril de 2009, motivada pela exportação de grãos do período e a retomada da movimentação de contêineres.

No 3T20, a exportação de petróleo e derivados totalizou 983 Mbpd. Atingimos em setembro novo recorde de exportação de petróleo de 1.066 Mbpd. A exportação de correntes de óleo combustível subiu 5% em comparação com 2T20.

No segmento de Gás e Energia, a recuperação da demanda foi observada principalmente nas vendas para o mercado não termelétrico e se intensificou no 3T20, com destaque para volume vendido de 36 MM m³/dia em setembro, aproximando-se dos patamares pré-crise, fruto da retomada gradual da indústria e afrouxamento do isolamento, com maior consumo de GNV e recuperação do consumo comercial. 

* inclui US$ 7 milhões referente à venda de Ponta do Mel, a ser recebido em 18 meses.


Clique aqui para acessar o relatório completo.

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sábado, 10 de outubro de 2020

Política Energética no Brasil: debate sobre a situação brasileira e internacional: 19/10, 14:00hs

Na próxima terça-feira, dia 19/10, às 14:00hs, participarei de um debate sobre o livro Política Energética no Brasil, com o qual também colaborei, com um capítulo sobre a energia no mundo. Mas o livro tem muito mais do que isso, abrangendo todas as formas de energia, no Brasil e no mundo.

O encontro está sendo organizado pela professora Vanessa Braga Matijascic, em pós-doutorado na USP, junto ao pessoal da Ciência Política e Relações Internacionais. 


Transcrevo a sopa de letras do final, para inscrição ao debate: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfNvLGumGVpPQZha19C8bSF0pgoyRmTFVXHHUBDGSQytd6Wpw/viewform?usp=sf_link 

Os dados completos do livro são os seguintes: 

José Alexandre Altahyde Hage (org.): Política energética no Brasil: sua participação no desenvolvimento e no relacionamento internacional (Curitiba: Editora Appris, 2020, 370 p.; ISBN: 978-85-473-4201-2; disponível no site da Editora: https://www.editoraappris.com.br/produto/3756-poltica-energtica-no-brasil-sua-participao-no-desenvolvimento-e-no-relacionamento-internacional).

O excesso de oferta e a fraca demanda, causada pelos impactos da pandemia de covid-19, ainda desafiam a indústria global de petróleo. Mesmo com a retomada das atividades em vários países, o consumo de combustíveis, para fins rodoviários e aeroviários, por exemplo, ainda está abaixo dos patamares normais.

No Brasil, a produção de petróleo alcança a casa de 3 milhões de barris diários, impulsionada pela produção no campo de Tupi, responsável por cerca de um terço de todo o volume de óleo extraído no país, e pelo promissor campo de Búzios, principal aposta da Petrobras.

A energia é uma promissora forma de o Brasil obter ganhos na economia internacional. Petróleo, gás natural e etanol podem trazer ao país recursos tão necessários ao necessário desenvolvimento, à criação de empregos de qualidade, pesquisa e industrialização em base avançada tecnológica. Além disso, a dimensão da energia não é apenas nacional, que interessa apenas ao Brasil; é também questão internacional, pois depende de acordos diplomáticos que o país integra.


Sumário

 

PREFÁCIO, 7

Paulo Cesar Manduca, Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético, Unicamp

 

INTRODUÇÃO, 11

José Alexandre Altahyde Hage

  

1. O QUADRO GLOBAL DAS QUESTÕES ENERGÉTICAS: O BRASIL E O MUNDO, 13

Paulo Roberto de Almeida

2. BALANÇO SUL-AMERICANO: O GÁS NATURAL COMO VETOR DE INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA DO CONE SUL, 41

Edmilson Moutinho dos Santos

Bruna Eloy de Amorim

Drielli Peyerl

Hirdan Katarina de Medeiros Costa

3. A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA ENERGÉTICA NO BRASIL: AVANÇOS E IMPASSES EM UM ESTADO EM DESENVOLVIMENTO, 77

José Alexandre Altahyde Hage

Paulo Cesar Manduca

Ronaldo Montesano Canesin

4. SEGURANÇA ENERGÉTICA E REGIMES JURÍDICOS REGULATÓRIOS NO SEGMENTO DE E&P DO SETOR DE HIDROCARBONETOS, 99

Carolina Leister

José Raymundo N. Chiappin

5. CONTROVÉRSIAS ACERCA DOS SIGNIFICADOS E DAS PRÁTICAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA ENERGÉTICA, 145

Iure Paiva

 

6. CONTEÚDO LOCAL NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS: DEBATE E PRÁTICA NO BRASIL DE 2000 A 2017, 173

Giorgio Romano Schutte

7. POLÍTICA DE DUTOS NO BRASIL, 209

Alencar Chaves Braga

Carolina Leister

8. POLÍTICAS PARA BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL, 235

Glória Pinho

Arnaldo Cesar da Silva Walter

9. O ETANOL NO MUNDO: POTENCIAIS DESAFIOS, 263

Eduardo L. Leão de Sousa

Geraldine Kutas

Leticia Phillips

10. A CONSTRUÇÃO DO BRASIL ATÔMICO: DE 1950 ATÉ 1971, 285

Helen Miranda Nunes

11. O PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO A PARTIR DE 1975: CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA E DESTINO ENERGÉTICO, 307

Vanessa Braga Matijascic

 

SOBRE OS AUTORES, 331


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Debate: Política energética no Brasil e no mundo - livro organizado por Alexandre Hage, 19/10. 14hs.

 Convidamos o público interessado para o lançamento de livro:


Política Energética no Brasil: sua participação no desenvolvimento econômico e no relacionamento internacional. (Editora Appris, 2020)

O livro foi organizado pelo professor José Alexandre Altahyde Hage da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Teremos como expositores deste debate alguns autores de capítulos:

Alexandre Hage (UNIFESP)
Paulo Roberto de Almeida (MRE)
Alencar Chaves (Petrobrás)
Vanessa Matijascic (USP)

O evento acontecerá virtualmente: 19/10/2020, segunda-feira, 14h.


A partir dos e-mails informados, enviaremos as informações de acesso a sala para o evento.

Atenciosamente,

Vanessa Matijascic
Professora Colaboradora e Pós-doutoranda do Departamento de Ciência Política da USP
Pesquisadora do NUPRI

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A maldição das empresas públicas: corrupção e má gestão - o caso da Petrobras

Criada por Getúlio Vargas, Petrobras é alvo de CPIs desde os anos JK e Jango
Fonte: Acervo O Globo 
Estatal se envolveu em escândalos nos governos Sarney e Collor. Operação Lava-Jato da PF prendeu 4 ex-diretores da empresa, entre eles Nestor Cerveró em 2015.
Um dos principais alvos da Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF), a Petrobras — a maior estatal do país — já enfrentou outras investigações de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. Dirigentes da companhia foram convocados, desde a década de 50, para prestar esclarecimentos a parlamentares. No dia 24 de maio de 1958, O GLOBO informava que o coronel Janari Nunes, presidente da empresa, prestava depoimento para desmentir acusações feitas pelo “Diário de Notícias”. Entre elas, estava a de ter ocultado do presidente da República — na época, Juscelino Kubitschek — que o mandato de um dos diretores, Nazaré Teixeira Dias, estava encerrado desde 1956. Janari Nunes, na ocasião, defendeu-se culpando a imprensa. Alegou que se tratava de uma campanha do jornal contra ele e a diretoria.

Na década seguinte, uma nova polêmica envolveu outro presidente da empresa. “Só cego não vê que o que acontece na Petrobrás está acontecendo no Brasil”, afirmava o general Albino Silva, presidente da “Petrobrás” (à época com acento) na CPI sobre Assuntos do Petróleo, no Palácio Tiradentes, segundo reportagem publicada em 28 de janeiro de 1964. Aos parlamentares o executivo disse ainda que alguns diretores mantinham compromissos “que não eram específicos aos cargos que ocupavam”. Eram tempos do governo de João Goulart, dois meses antes do golpe que o depôs da Presidência da República. Além disso, o general ressaltou que havia um “anel de ferro” transformando a empresa “num organismo impenetrável” e que estabelecia um clima de terror em diversos setores. Outro lado da história foi publicado pelo jornal no dia seguinte. Nessa edição, Jairo José de Farias, ex-diretor da estatal, acusava Albino Silva de ser agente de cartéis internacionais. Ainda assim, segundo o jornal, o diretor não possuía provas para culpar o general.

Símbolo nacional, a estatal tem na sua biografia outros episódios que afetaram a sua credibilidade. “Petrobrás passa pelo maior escândalo de sua história”, noticiava O GLOBO no dia 13 de dezembro de 1988. A edição destacava que o escândalo, na subsidiária Petrobrás Distribuidora (BR), era o maior dos 35 anos da companhia, criada em 1953 no governo do presidente Getúlio Vargas após a campanha nacionalista “O petróleo é nosso”, que mobilizara setores da sociedade brasileira desde os anos 40. De acordo com as informações, sete banqueiros haviam procurado, em novembro de 1987, o presidente da Petrobras, Armando Guedes Coelho. Eles estavam sendo pressionados por funcionários da BR para obter vantagens e benefícios para manter e até aumentar depósitos da estatal nas instituições financeiras. A cobrança das comissões, segundo denúncia da época, atingia a cifra de US$ 2 milhões mensais. Quem governava o país era o presidente José Sarney, e a crise na empresa culminou com o pedido de demissão de Armando Guedes, noticiado no dia 17 de dezembro de 1988. Quatro anos depois, um novo escândalo envolveu a empresa no governo Collor.

Em 20 de março de 2014, a Operação Lava-Jato, desencadeada pela PF três dias antes com a prisão de 17 pessoas, entre elas o doleiro Alberto Youssef, chegava à maior empresa estatal brasileira. Naquele dia, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso com R$ 1,1 milhão guardado em sua casa. Além de Costa, outros três ex-diretores da Petrobras foram presos na Lava-Jato: Nestor Cerveró (Internacional), em 14 de janeiro de 2015, Renato Duque (Serviços), em 16 de março, e Jorge Zelada (também da Diretoria Internacional), em 2 de julho.

Durante as investigações, o Ministério Público Federal denunciou à Justiça 36 pessoas suspeitas de participar no esquema de corrupção da Petrobras, sendo 25 ligadas a grandes empreiteiras. A mais recente CPI da Petrobras para investigar o esquema de corrupção na companhia, revelado na Lava-Jato, cujos processos são conduzidos pelo juiz federal do Paraná Sérgio Moro, foi anunciada no dia 5 de fevereiro de 2015 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, posteriormente acusado de também estar envolvido no esquema de propinas. Foi em depoimento à CPI, em março daquele ano, que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator do esquema, afirmou que recebia pagamentos de forma pessoal desde 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Porém, segundo ele, somente a partir de 2003, já no governo Lula, é que a propina foi “institucionalizada”.

A PF identificou 16 empreiteiras que se organizavam — numa espécie de “clube do cartel” — para fraudar licitações, corromper agentes públicos e desviar recursos da estatal. Entre as acusadas estão grandes empreiteiras, como Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht. Na 14ª fase da operação, realizada em 19 de junho de 2015, a PF prendeu executivos ligados aos principais grupos empresariais supostamente envolvidos, entre eles o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo.

Em meio aos escândalos de corrupção, a Petrobras divulgou o seu balanço, com cinco meses de atraso, em abril de 2015. O resultado foi um prejuízo de R$ 21,58 bilhões em 2014. Do total, a própria empresa reconhece R$ 6,2 bilhões provocados pelos desvios de recursos.

sábado, 27 de julho de 2019

Quando a submissão sobe à cabeça - revista Veja sobre a postura do chanceler

Até a revista Veja estranhou que o chanceler se tenha posicionado do lado dos EUA, sem sequer se preocupar em defender os interesses brasileiros neste caso de aplicação extra-territorial, portanto ilegal, de medidas unilaterais contra o Irã, importante parceiro comercial do Brasil. 
Vocês conhecem o "Estado da Lei"? Pois é, ele devia estar um pouco confuso na hora de responder, temeroso de não ofender seus mestres americanos e seus patronos brasileiros, quando o mínimo que deveria fazer seria demonstrar pelo menos a intenção de questionar os EUA nessa atitude que visa impedir o Brasil de comerciar legitimamente com qualquer país do mundo.
Os EUA, a despeito das sanções impostas pelos sucessivos governos e reforçadas por Trump, são o maior fornecedor de alimentos e de medicamentos a Cuba.
Ou seja, os EUA podem comerciar com quem desejarem, e o chanceler se mostra submisso às medidas americanas em prejuízo de interesses econômicos do Brasil.
Que vergonha...
Paulo Roberto de Almeida

Chanceler diz que Petrobras pode sofrer sanções dos EUA
revista Veja, 26/07/2019

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira, 25, que a Petrobras corre o risco de ser punida pelos Estados Unidos caso abasteça os dois navios do Irã que estão estacionados no Paraná. No entanto, acrescentou que a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, em favor do abastecimento das embarcações deve ser cumprida.

“É um tema que está na Justiça, nosso entendimento é de que as partes envolvidas têm que seguir a decisão da Justiça. Nós temos chamado a atenção ao fato de que a Petrobras poderia estar sujeita a ter prejuízos em suas atividades nos Estados Unidos. De acordo com as medidas que estão em vigor nos Estados Unidos, determinado comportamento da empresa por ter esse tipo de repercussão”, disse.  “Achamos que a situação permanece, mas existe o Estado da Lei”, completou.

A declaração do chanceler causou surpresa por não vir acompanhada de nenhum questionamento a esse mecanismo de retaliação americano, que atinge companhias de qualquer país com negócios com firmas desse setor iraniano, nem ao mérito dessas medidas dos Estados Unidos contra Teerã. Araújo acatou a ameaça americana como dado da realidade e esquivou-se também de defender o direito do Brasil de garantir a viabilidade de seu comércio com o Irã e qualquer outro parceiro comercial.

Na noite de quarta-feira 24, Tofolli  determinou que a Petrobras abastecesse os dois cargueiros. O STF informou que o ministro indeferiu o pedido da estatal brasileira e manteve a decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, que tinha determinado o fornecimento do combustível. Ao recusar-se a fornecer o combustível, a Petrobras alegava que poderia ser punida pois as embarcações são alvo de sanções americanas.

Bavand e Temeh, as embarcações ancoradas no Porto de Paranaguá desde o início de junho por falta de combustível, têm a missão de desembarcar ureia ao Brasil e carregar milho ao Irã. Maior importador de produtos brasileiros no Oriente Médio, o Irã disparou a ameaça de vetar as importações de produtos do Brasil se os seus navios não forem abastecidos. Ao Irã podem se seguir outros destinos de bens agropecuários no Oriente Médio.

“Eu disse aos brasileiros que são eles que devem resolver o problema, não os iranianos”, afirmou embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan na quarta-feira, 24. “Mas se não for resolvido, talvez as autoridades em Teerã tenham que tomar algumas decisões, porque isso é o livre-comércio e outros países estão disponíveis”, agregou, ao destacar que não haverá problemas em encontrar outros fornecedores de milho.