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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida - lista atualizada das últimas semanas

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida mais recentes:   

3736. “Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista: as armas da crítica sarcástica”, Brasília, 20 agosto 2020, 2 p. Introdução às crônicas de um diplomata desconhecido sobre o Itamaraty atual. Em postagem sistemática no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronista-secreto-do-itamaraty.html). (...) Postadas novamente no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/as-cronicas-secretas-do-batman-do.html).

 

3737. “Crônicas do Itamaraty bolsolavista”, Brasília, 21 agosto 2020, 17 p. Consolidação das crônicas de um diplomata desconhecido sobre o Itamaraty atual, com minha Introdução geral e as introduções parciais a cada uma das crônicas. Feita postagem resumo no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronista-misterioso-anima.html) e postagem em arquivo pdf na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43909791/Cronicas_do_Itamaraty_bolsolavista_Cronista_misterioso_2020_). Estatísticas de acesso às postagens nas duas plataformas, postadas (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/o-cronista-misterioso-do-itamaraty-teve.html).

 

3738. “Sobre a política externa e a diplomacia brasileira em tempos obscuros”, Brasília, 22 agosto 2020, 2 p. Crítica ao bolsolavismo diplomático. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/sobre-politica-externa-e-diplomacia.html).

 

3739. “Duas diplomacias contrastadas: a do lulopetismo e a do bolsolavismo”, Brasília, 23 agosto 2020, 35 p. Exercício de comparação recapitulativa dos principais elementos de política externa e de diplomacia em cada uma das duas épocas, incluindo também a de FHC. Preparado para a Semana de Relações Internacionais da Universidade La Salle, de Canoas, RS, no dia 28/08/2020, 19:00hs; link para a palestra: https://meet.google.com/pkk-xdho-rdp). Disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43930886/3739_Duas_diplomacias_contrastadas_a_do_lulopetismo_e_a_do_bolsolavismo_2020_); anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/duas-diplomacias-contrastadas-do.html). Incorporado como capiítulo ao livro Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (n. 3749).

 

3740. “A sobrevivência da democracia no Brasil”, Brasília, 26 agosto 2020, 2 p. Comentário sobre a necessidade de união entre os democratas para evitar a derrocada da democracia sob o bolsonarismo. Divulgado no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/a-sobrevivencia-da-democracia-no-brasil.html) e nas outras ferramentas sociais. Distribuído entre os membros do grupo de pesquisa “Bolsonarismo Novo Fascismo Brasileiro”. 

 

3741. “Bases conceituais de uma política externa nacional”, Brasília, 27 agosto 2020, 24 p. Nova versão do trabalho n. 1929, revisto e ampliado a partir da versão inserida no livro Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais, para o livro Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira. Incorporado como primeiro capítulo ao livro Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (n. 3749).

 

3742. “Two giants of Development Economics: Peter Bauer and Gunnar Myrdal; Two continents at odds: different roads taken by Latin America and Asia”, Brasília, August 27, 2020, 2 p. Abstract for “Towards a Global Intellectual History of an Unequal World, 1945-Today”Symposium http://global-inequality.com/global-inequality@cas.au.dk). Participants are expected to send a work-in-progress paper (max 4000 words) by January 31st 2021, and a full paper (max 8000 words) by 31st March 2021. Full papers will be distributed to and expected read by all participants before the symposium (queries can be directed to global-inequality@cas.au.dk; learn more about the project hosting the symposium on http://global-inequality.com/). 

 

3743. “A diplomacia brasileira e o comércio internacional”, Brasília, 28-30 agosto 2020, 4 p. Notas para palestra para estudantes e professores da Faculdade de Economia da UFPR. Notas divulgadas no blog Diplomatizzando (30/08/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/a-diplomacia-brasileira-e-o-comercio.html).

 

3744. “Dez regras sensatas para a diplomacia profissional”, Brasília, 28 agosto 2020, 7 p. Revisão atualizada do trabalho n. 800 (2001), sobre as dez regras modernas de diplomacia para publicação em novo livro sobre o Itamaraty. Postado no blog Diplomatizzando (2/09/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/dez-regras-sensatas-para-diplomacia.html), em Academia.edu (2/09/2020; link: https://www.academia.edu/44005218/Dez_regras_sensatas_para_a_diplomacia_profissional_2020_) e Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/344058572_Dez_regras_sensatas_para_a_diplomacia_profissional). Incorporado como apêndice ao livro Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (n. 3749).

 

3745. “O destino da nação: declínio ou renovação da democracia brasileira?”, Brasília, 31 agosto-1 setembro 2020, 7 p. Notas para uma palestra debate no quadro do projeto BNFB, Bolsonarismo Novo Fascismo Brasileiro, com apresentação em 8/09/2020. Disponível nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43998324/O_destino_da_nacao_declinio_ou_renovacao_da_democracia_brasileira), Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/344037061_O_destino_da_nacao_declinio_ou_renovacao_da_democracia_brasileira) e no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/o-destino-da-nacao-declinio-ou.html). Encaminhado a Eduardo Wolf (eduwolfp@gmail.com) e a Gilberto Morbach (gilbertomorbach@gmail.com). 

 

3746. “Prólogo: Uma certa ideia do Itamaraty”, Brasília, 4 setembro 2020, 6 p. Prefácio ao novo livro em composição: Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira. Incorporado ao livro Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (n. 3749).

 

3747. “Epílogo: Preparando a reconstrução da política externa”, Brasília, 5 setembro 2020, 10 p. Capítulo conclusivo ao novo livro em composição: Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira.

 

3748. “Movimentos políticos de massa na História do Brasil”, Brasília, 6 setembro 2020, 2 p. Relação sintética dos movimentos de massa que lograram provocar alguma mudança na relação de forças no Brasil, com distinção entre os progressistas e os de direita. Notas para uma palestra-debate no quadro do projeto BNFB, Bolsonarismo Novo Fascismo Brasileiro, com apresentação em 8/09/2020. Divulgado no Blog Diplomatizzando (7/09/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/movimentos-de-massa-na-historia-do.html); plataforma Academia.edu (8/09/2020; link: https://www.academia.edu/44039276/Movimentos_politicos_de_massa_na_Historia_do_Brasil_2020_).

 

3749. Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira, Brasília, 7 setembro 2020, 169 p. Livro sobre a diplomacia, incorporando o Programa Renascença, do Instituto Diplomacia para Democracia, do diplomata Antonio Cottas Freitas. Anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/uma-certa-ideia-do-itamaraty_7.html). Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44037693/Uma_certa_ideia_do_Itamaraty_A_reconstrucao_da_politica_externa_e_a_restauracao_da_diplomacia_brasileira_2020_); Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/344158917_Uma_certa_ideia_do_Itamaraty_A_reconstrucao_da_politica_externa_e_a_restauracao_da_diplomacia_brasileira_Brasilia_Diplomatizzando_2020_169_p). Relação de Publicados n. 1465.

 

3750. “Condutas dos servidores na campanha eleitoral: ironias do Itamaraty bolsolavista”, Brasília, 9 setembro 2020, 8 p. Considerações sobre as recomendações e exemplos retirados do blog do chanceler acidental. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/condutas-dos-servidores-na-campanha.html).

 

3751. “A Funag, o IPRI e o compromisso com o sentido de seus mandatos”, Brasília, 10 setembro 2020, 4 p. Nota em relação às atividades atuais do IPRI e da Funag. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44062729/A_Funag_o_IPRI_e_o_compromisso_com_o_sentido_de_seus_mandatos_2020_), disseminado pelo blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/a-funag-o-ipri-e-o-compromisso-com-o.html).

 

3752. “European Brazilianism: historical and comparative perspective”, Brasília, 11 setembro 2020, 6 p. Projeto de pesquisa para candidatura ao French Institute of Advanced Studies, apresentado em 15/09/2020, com carta de apoio. 

 

3753. “Meio século de reflexões sobre o Brasil”, Brasília, 12 setembro 2020, 2 p. Num tom levemente pessimista. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/meio-seculo-de-reflexoes-sobre-o-brasil.html).

 

3754. “Paulo Roberto de Almeida: capítulos em obras coletivas, 1987-2020”, Brasília, 13 setembro 2020, 23 p. Relação a mais completa possível de minhas colaborações em obras coletivas, algumas editadas por mim mesmo, em colaboração ou individualmente. Disponível em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44077314/Paulo_Roberto_de_Almeida_Capitulos_em_Obras_Coletivas_1987_2020); anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/paulo-roberto-de-almeida-capitulos-em.html).

 

3755. “Paulo Roberto de Almeida: Curriculum Vitae with an almost complete bibliography”, Brasília, 13 setembro 2020, 49 p. Para envio como candidato a um estágio junto ao French Institute for Advanced Studies. Enviado em 14/09/2020, por meio de formulário eletrônico (https://www.fias-fp.eu/apply-online), com resultados prometidos para janeiro de 2021. Agradecimento à diretora do IHEAL, Capucine Boidin, pela carta de apoio.

 

3756. “Política externa e diplomacia brasileira: notas para uma entrevista”, Brasília, 17 setembro 2020, 7 p. Respostas a questões colocadas por Marcos Rolim, professor e funcionário do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, com gravação em 18/09/2020 por via de ferramenta de comunicação. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44111524/3756_Politica_externa_e_diplomacia_brasileira_notas_para_uma_entrevista_2020_) e no blog Diplomatizzando (18/09/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/politica-externa-e-diplomacia.html). Transmitido no programa Atitude TCE Entrevista da TV Assembleia do RS (21/09/2020; (link: https://www.youtube.com/watch?v=ArHDFztC7Ng&feature=youtu.be e link: https://www.youtube.com/watch?v=ArHDFztC7Ng&t=2s). Relação de Publicados n. 1467. 

 

3757. “Mini-reflexão sobre a “ideologia” atualmente em construção no Itamaraty bolsolavista”, Brasília, 19 setembro 2020, 2 p. Mais uma demonstração de resistência ante os descaminhos da política externa e da diplomacia bolsolavista. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/mini-reflexao-sobre-ideologia.html).

 

3758. “Sobre ser diplomata atualmente”, Brasília, 19 setembro 2020, 6 p. Notas para palestra online para estudantes secundaristas, no Rotary Club de Curvelo, MG, em 26/09/2020. Divulgado no blog Diplomatizzando (20/09/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/sobre-ser-diplomata-atualmente-paulo.html). Transmitido pelo canal do YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=5miNoOVJHOw). 

 

3759. “Um discurso recheado de mentiras: confronto com a realidade”, Brasília, 22 setembro 2020, 6 p. Comentários confrontacionistas sobre o discurso do presidente Bolsonaro na abertura dos debates na 75ª. AGNU. Para servir de base a entrevista ao vivo no Livres (22/09/2020, 19h10; link: https://www.youtube.com/watch?v=qxP4SDMsiaM&feature=youtu.be). Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/bolsonaro-na-onu-um-discurso-recheado.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44143786/3759_Bolsonaro_na_ONU_um_discurso_recheado_de_mentiras_2020_). 

 

3760. “Carta aberta a meu bom aluno, Nestor Forster, embaixador do Brasil em Washington”, Brasília, 23 setembro 2020, 4 p. Cumprimentos ao novo embaixador e rememorando certas convicções do passado. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/carta-aberta-meu-bom-aluno-nestor.html).

 

3761. “Resumindo a situação: estaremos nessa situação por algum tempo”, Brasília, 23 setembro 2020, 2 p. Comentários sobre o momento presente e a consciência de que não há muitas soluções para o Brasil. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/resumindo-situacao-estaremos-nessa.html).

 

3762. “Novas crônicas do Itamaraty bolsolavista – Cronista Misterioso”, Brasília, 25 setembro, 1 p. Postagem agrupada das novas crônicas recebidas recentemente. Postadas individualmente, depois agrupadas nesta postagem do Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_76.html). Postagens individuais: 13) Era uma vez na Arábia um homem chamado Abu (Semana 13 - Parte 01) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty.html); 14) ABU V, o heterônimo (Semana 14 - Parte 02) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_25.html); 15) O estranho caso de Abu (Semana 15 - Parte 03) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_43.html); 16) A jornada do herói (Semana 16) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_19.html); 17) Rumo à Idade Média (Semana 17) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_70.html); 18) Patriotas? (Semana 18) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_57.html); 19) Os leitões de Niemöeller (Semana 19) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_81.html ); 20) Receita contra o globalismo (semana 20) (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/novas-cronicas-do-itamaraty_58.html).

 

3763. “A destruição da economia mundial na primeira metade do século XX”, Brasília, 26 setembro 2020, 33 slides. Aula n. 6 para o Mestrado em Direito do Uniceub, segunda parte do programa, sobre a destruição do mundo econômico do século XIX, com base em Craig N. Murphy: International Organization and Industrial Change: global governance since 1850 (New York: Oxford University Press, 1994), com complemento sobre consequências econômicas da Grande Guerra: efeitos no Brasil, sobretudo em política comercial. Disponibilizado em formato pdf na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44173050/3763_A_Destruicao_da_economia_mundial_no_entre_guerras_2020_).

 

3764. “As bibliotecas de minha infância e adolescência”, Brasília, 28 de setembro de 2020, 3 p. Nota sobre minha formação intelectual. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/as-bibliotecas-de-minha-infancia-e.html). 

 

3765. “Mini-reflexão sobre o estado da desinteligência no Brasil atual”, Brasília, 28 setembro 2020, 1 p. Nota para expressar minha opinião para denunciar o retrocesso intelectual em curso no Brasil atual. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/mini-reflexao-sobre-o-estado-da.html).

 

3766. “Constatando o óbvio sobre o atual estado de desgovernança no Brasil”, Brasília, 7 outubro de 2020, 3 p. Nota para expressar opinião pessoal sobre a política atual no Brasil, para participar do debate público sobre os caminhos das oposições no Brasil. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/minha-opiniao-sobre-o-quadro-atual-da.html). 

 

3767. “Abertura comercial e inserção internacional: o Brasil e o mundo”, Brasília, 11 outubro 2020, 3 p. Nota sobre dados de comércio, tarifas e investimentos, para debate no âmbito do Grupo de Pesquisas Brasil Global. Distribuído ao GP. 

 

3768. “Investimentos diretos: fluxos, determinações, distribuição geográfica, resultados”, Brasília, 11 outubro 2020, 32 slides. Apresentação em PP sobre dados de investimentos diretos estrangeiros, para exposição e debate no âmbito do Grupo de Pesquisas Brasil Global. Distribuído ao GP. Disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44275183/3768_Investimentos_diretos_fluxos_determinacoes_distribuicao_geografica_resultados_GPq_Brasil_Global_2020_).

 

3769. “Roberto Campos: uma frase infeliz e os liberais brasileiros”, Brasília, 11 outubro 2020, 6 p. Artigo em defesa do pensamento e da obra do economista e diplomata brasileiro, em virtude de frase transcrita, e suprimida, do site do Livres: “Há três saídas no Brasil: o aeroporto do Galeão, Cumbica e o liberalismo”. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/roberto-campos-uma-frase-infeliz-e-os.html). Publicado no site do Livres (14/10/2020; link: https://www.eusoulivres.org/artigos/roberto-campos-uma-frase-infeliz-e-os-liberais-brasileiros/).

 

3770. “Plano de Trabalho e Projeto de Pesquisa para Pesquisador Senior da UnB”, Brasília, 15 outubro 2020, 6 p. Conjunto de documentos submetidos ao IRel-UnB para o status de pesquisador sênior da UnB na área de relações internacionais, constante de formulário, CV (seletivo; não incluído, plano de trabalho e projeto de pesquisa). Encaminhado ao Prof. Antonio Carlos Lessa, para processamento e carta de apresentação. 

 

3771. “Política energética no Brasil: sua participação no desenvolvimento econômico e no relacionamento internacional”, Brasília, 16 outubro 2020, 1 p. Perguntas a serem formuladas por Alexandre Hage, para lançamento de livro homônimo em formato virtual, no dia 19/10/2020, 14hs, em evento organizado pelo Nupri/Caeni da USP; notas sintéticas para desenvolvimento oral. Debate realizado em 19/10, via online (link: ).

 

3772. “O outro lado da glória: o reverso da medalha da diplomacia brasileira”, Brasília, 16-21 outubro 2020, 23 p. Uma releitura do lado menos glorioso da diplomacia e da política externa brasileira (DOI: 10.13140/RG.2.2.25939.40482). Disponível na plataforma Research Gate (22/10/2020; link: https://www.researchgate.net/publication/344822014_O_outro_lado_da_gloria_o_reverso_da_medalha_da_diplomacia_brasileira), Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44317668/3772_O_outro_lado_da_gloria_o_reverso_da_medalha_da_diplomacia_brasileira_2020_) e no blog Diplomatizzando (17/10/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/o-outro-lado-da-gloria-o-reverso-da.html). Dividido em cinco partes, mais bibliografia, para publicação em Mundorama: 1) primeira parte: “1. Tropeços na independência e durante o império” Mundorama (Brasília: Centro de Estudos Globais da Universidade de Brasília; vol. 14, 19/10/2020; ISSN: 2175–2052; link: https://medium.com/mundorama/19-10-2020-79603a3a81dc); 2) 2ª parte, “2. Os fracassos da primeira diplomacia republicana”, Mundorama (Brasília: Centro de Estudos Globais da Universidade de Brasília; vol. 14, 21/10/2020; ISSN: 2175–2052; link: https://link.medium.com/BA8X67qLLab); 3) . Relação de Publicados n. 1470, n. 1471. Revisão completa e pequena ampliação, em 22/10/2020; enviado novamente a Antonio Carlos Lessa.

 

3773. “Mini-reflexão sobre as eleições bolivianas e nossa circunstância diplomática”, Brasília, 19 outubro 2020, 2 p. Notas preliminares sobre os descaminhos da diplomacia em face da vitória da oposição na Bolívia. Disponível no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/sobre-as-eleicoes-bolivianas-e-nossa.html).

 

3774. “O ‘modernismo’ brasileiro aos 100 anos”, Brasília, 20 outubro , 5 p. Notas improvisadas para um futuro trabalho reflexivo. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/o-modernismo-brasileiro-aos-100-anos.html).

 

3775. “Desafios a um Brasil Global: reflexões de um Grupo de Pesquisas no Uniceub”, Brasília, 21 outubro 2020, 1 p. Roteiro de questões para palestra no quadro da 3ª edição do EnCUCA (III Simpósio Internacional de Pesquisa e XVIII Encontro de Iniciação Científica do UniCEUB.

 

3776. “À la recherche du globalisme perduBrasília, 21 outubro 2020, 2 p. Fazendo troça dos conspiratórios antiglobalistas. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/a-la-recherche-du-globalisme-perdu.html).

 

3777. “O antiglobalismo derrotado nos EUA sobreviverá no Brasil?”, Brasília, 22 outubro 2020, 1 p. Comentários sobre possíveis efeitos da derrota de Trump para a diplomacia brasileira. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/o-antiglobalismo-derrotado-nos-eua.html). 

 

3748. “Lista consolidada de trabalhos, 1968-1992 (formato abreviado)”, Brasília, 23 outubro 2020, 18 p. Lista sintética dos trabalhos originais desde 1968 (001) até o final de 1992 (308). Divulgada na plataforma Academia.edu (24/10/2020; link: https://www.academia.edu/44359441/Paulo_Roberto_de_Almeida_Lista_consolidada_de_trabalhos_1968_1992) e anunciada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/o-dilema-dos-grandes-numeros-minha.html).

 

3749. “O dilema dos grandes números: minha lista consolidada (mas abreviada) de trabalhos, de 1968 a 1992”, Brasília, 24 outubro 2020, 4 p. Apresentação da lista de trabalhos no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/o-dilema-dos-grandes-numeros-minha.html ), remetendo à Academia.edu (24/10/2020; link: https://www.academia.edu/44359441/Paulo_Roberto_de_Almeida_Lista_consolidada_de_trabalhos_1968_1992)

 

3750. “Mini-reflexão sobre o estado (pouco) civilizatório do Brasil”, Brasília, 26 outubro 2020, 3 p. Nota de reflexão sobre o estado presente do Brasil, com a finalidade de preparar um novo plano estratégico para o futuro do país. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/mini-reflexao-sobre-o-estado-pouco.html).

 

3751. “Perspectivas para as Relações Internacionais do Brasil: desafios de uma diplomacia ideológica”, Brasília, 27 outubro 2020, 1 p. Listagem de temas para exposição e debate com alunos de Relações Internacionais e outras disciplinas da USP, a convite do Instituto Brasileiro de Debates; palestra efetuada no dia 28/10/2020, com transmissão online por via do YouTube (link: https://youtu.be/xoOyjqahJRI). 


3752. “A República das Letras do Itamaraty”, Brasília, 28 outubro 2020, 2 p. Nota preliminar a lista sobre os diplomatas vivos que se ocupam de literatura (prosa e poesia) no Itamaraty. Postado no blog Diplomatizzando (link:  https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/a-republica-das-letras-do-itamaraty.html).

Justiça proíbe uso do termo "católicas" para ONG que defende direito de decidir (DW)

 

BRASIL

"Espanta-nos saber que agora existe um ‘dono' para o nome católicas, né?"

Justiça proíbe Católicas Pelo Direito de Decidir de usar temo "católicas" no nome. Em entrevista, representante da ONG que defende o aborto legal descreve espanto com decisão. "Somos católicas, sim."

DW, 28/10/2020

https://www.dw.com/pt-br/espanta-nos-saber-que-agora-existe-um-dono-para-o-nome-cat%C3%B3licas-n%C3%A9/a-55427101?maca=bra-GK_RSS_Chatbot_Brasil-31509-xml-media

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Candelaria Kirche Rio de Janeiro (picture alliance/Robert Harding)

Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Grupo que defende o aborto legal foi alvo de ação de organização católica ultraconservadora

Fundada em 1993, a organização não governamental Católicas Pelo Direito de Decidir não pode mais usar o termo "católicas" no nome. Pelo menos é o que determina o Tribunal de Justiça de São Paulo, em decisão da 2a. Câmara de Direito Privado, datada de 20 de outubro — segundo o entendimento, se a organização não alterar seu nome em quinze dias, inclusive reformando o estatuto social, a multa diária será de R$ 1 mil.

Até a tarde desta quarta-feira (28/10), a ONG ainda não havia sido notificada oficialmente. De acordo com a psicóloga Rosângela Talib, membro do Conselho Institucional da entidade, elas ficaram sabendo da decisão judicial pela imprensa e planejam recorrer.

Alinhada a outras 11 organizações semelhantes ao redor do mundo, a Católicas Pelo Direito de Decidir é feminista e pró-aborto nos casos previstos em lei — anencefalia, risco de morte da mãe e estupro. De acordo com a definição da própria instituição, o grupo é formado "por mulheres que são católicas" e "propõe um questionamento sobre determinadas leis eclesiásticas da instituição, em especial aquelas relacionadas ao aborto, direitos reprodutivos e à autonomia das mulheres sobre o próprio corpo”.

Na fundamentação da decisão judicial, o relator, desembargador José Carlos Ferreira Alves, argumentou que não pode ser "minimamente racional e lógico o uso da expressão ‘católicas' por entidade que combate o catolicismo concretamente com ideias e pautas claramente antagônicas a ele". A decisão atendeu ao pedido do Centro Dom Bosco, organização católica sediada no Rio de Janeiro conhecida por posturas ultraconservadoras — foram eles, por exemplo, que entraram com ação para tentar censurar o especial de Natal do grupo humorístico Porta dos Fundos, na plataforma Netflix no fim do ano passado, em que Jesus Cristo era retratado como homossexual.

No processo, o Centro Dom Bosco diz que a entidade tem direito a expressar sua posição desde que use um "nome coerente". E enfatiza que, "sob o pretexto de defender os 'direitos reprodutivos das mulheres'", o que a ONG faz é praticar a "autêntica promoção de conduta que nada mais é que o 'homicídio de bebês no útero materno'".

Rosângela Talib atendeu à reportagem da DW Brasil na tarde desta quarta-feira.

DW Brasil: Como a senhora soube da decisão judicial? Qual foi sua reação?

Rosângela Talib: Soubemos pela imprensa. Era uma ação que já corria fazia tempo. Eles tinham perdido em primeira instância, recorreram e agora, pelo que soubemos, ganharam. É uma instituição [o Centro Dom Bosco] religiosa bastante conservadora. [Fiquei] surpresa com a decisão. Surpresa com a decisão favorável a essa instituição. Mas, como cabe recurso, vamos recorrer.

A senhora sente que a ONG já vinha sendo perseguida nos últimos tempos por grupos conservadores?

Perseguidas sempre fomos. Sempre disseram que não somos católicas por defender os direitos sexuais e direitos reprodutivos como direitos humanos. Esse sempre foi um debate que travamos. Nunca a esse nível de interpelação judicial.

Em algum momento houve algum contato ou conversa com alguém da instituição Centro Dom Bosco, fora da esfera judicial?

Sobre o processo? Não.

Mas alguma vez eles tentaram dialogar, debater?

Não. Só em debates públicos sobre a temática dos direitos sexuais e direitos reprodutivos, a convite de outras organizações.

E há outros episódios de perseguição por determinados grupos?

Nada semelhante a isso. Já fomos denunciadas por defender o aborto, duas de nós tivemos de prestar conta na delegacia de polícia porque nos acusaram de estar promovendo o aborto, tivemos de prestar esclarecimentos. Mas nada em relação ao nome "católicas”, e sim à defesa da pauta do aborto. Outras organizações católicas que fazem parte da rede que a gente integra, no Peru e na Argentina, também sofreram processos. Na Argentina não conseguiram quitar a personalidade jurídica, que era o objetivo. E, no Peru, está em tramitação ainda.

Uma decisão judicial deste nível em um momento em que o próprio papa tem se posicionado de forma acolhedora frente a posicionamentos plurais, mesmo aqueles que de certa forma contrariam as regras do catolicismo, não parece um contrassenso? Afinal, a quem pertence o termo "católico"?

É o que nos perguntamos, né? Se alguém é dono do termo católico. Não fazemos parte da instituição [a Igreja Católica], não somos uma entidade orgânica da instituição católica. E somos católicas. Todas nós que integramos a organização somos católicas. E nos espanta saber que não podemos usar esse nome porque, na verdade, apesar de sermos católicas nós temos uma visão diferenciada em relação à sexualidade e à reprodução. [Uma posição] diferente do que a Igreja preconiza. E defendemos esse posicionamento, como católicas que somos. Então nos espanta saber que agora existe um dono do nome católicas, né? Porque ao que sabemos católicos é o povo de Deus, todos os que foram batizados, fizeram a primeira comunhão e comungam como nós são católicos. Nunca fomos alijadas da Igreja. Não fomos excomungadas. Portanto, somos católicas, sim.

Qual a relação de vocês com organismos da Igreja Católica no Brasil?

Algumas de nós vieram do trabalho mais orgânico da igreja, das pastorais de base. Então temos, claro, vínculos com as pessoas da Igreja dessa época, que trabalhavam nas pastorais sociais. Claro que também temos vínculos com pessoas de dentro da Igreja que têm uma visão mais progressista da realidade. Temos contatos e apoio.

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Já que a "fronda empresarial" não veio, talvez tenhamos uma "fronda" dos investidores - O Globo

 Alguns anos atrás, eu preparei um artigo e até dei palestras sobre a necessidade de uma fronda empresarial – os curiosos vejam na Wikipedia o que foi a fronda aristocrática –, ou seja, que os empresários, os grandes capitalistas brasileiros se revoltassem contra o Estado espoliador e conduzissem uma "revolução burguesa" economicamente liberal e aberta ao mundo. Vejam ao final essas referências.

Pena e tempo perdidos: nenhum dos covardes, pusilânimes, medíocres e introvertidos (protecionistas) dos grandes capitalistas se moveu um milímetro nessa direção: eles continuaram vindo a Brasília para pedir favores setoriais e parciais, e apoiando indistintamente todos os governos: socialdemocratas, esquerdistas, centristas, direitistas, como sempre fazem.

Agora, parece que são os investidores que vão se recusar a colocar dinheiro no Brasil até se colocar em ordem a balbúrdia que é o governo atual. Acho que vão ter de esperar certo tempo.

Paulo Roberto de Almeida


Brasil vive rebelião no mercado com crise fiscal, após gastos no combate a Covid

Nos círculos financeiros, dúvida é como o país vai arcar com os custos das medidas de estímulo, como o auxílio emergencial
O Globo, 28/10/2020

BRASÍLIA — Os estímulos à economia, especialmente o auxílio emergencial, do presidente Jair Bolsonaro, ganharam elogios em todos os lugares por salvar os brasileiros do pior da crise econômica causada pela pandemia. Mas, agora, enquanto o pior da crise da saúde começa a diminuir, a ansiedade aumenta nos círculos financeiros sobre como ele vai arcar com os custos disso.

Os investidores estão se desfazendo da moeda brasileira e das ações, desencadeando um movimento quase sem paralelo no mundo este ano. Na manhã desta quarta-feira, o dólar chegou a operar próximo dos R$ 5,80 e só perdeu fôlego após a atuação do Banco Central.

O cenário mostra que os investidores estão cada vez mais se recusando a comprar qualquer coisa, exceto os títulos do governo de curto prazo.

Com US$ 107 bilhões, o programa de socorro de Bolsonaro se parece mais com os pacotes de estímulo engendrados pelas nações mais ricas do mundo do que com aqueles apresentados por seus pares, com classificação de risco em mercados emergentes semelhante à brasileira.

O socorro equivale a 8,4% da produção econômica anual do país. É ainda proporcionalmente maior do que os planos anunciados pelo Reino Unido e pela Nova Zelândia.

Tudo isso transforma o Brasil em uma espécie de estudo de caso econômico da Covid-19: um país em desenvolvimento de nível médio pode igualar a resposta fiscal e monetária dos países mais dignos de crédito do mundo e sair impune? Ou afundará em uma crise financeira?

Arminio Fraga, talvez o ex-presidente do Banco Central mais respeitado do Brasil, diz que um desastre completo é uma possibilidade muito real agora.

— Vejo economias maduras fazendo todos os tipos de acrobacias com seus bancos centrais. Tudo bem, eles podem — diz Fraga, que ajudou a evitar o calote da dívida em 1999 e hoje dirige o Gávea Investimentos, no Rio de Janeiro. — Aqui no Brasil é diferente. Temos muitas dívidas.

É claro que a maioria dos países ricos também tem muitas dívidas. O Fundo Monetário Internacional prevê que os Estados Unidos e o Canadá terminarão este ano com uma relação dívida/Produto Interno Bruto acima de 100%. Afirma ainda que a do Japão subirá para 266%, muito acima da relação de 95% que o governo Bolsonaro prevê para o fim de ano.

Mas o Brasil, com sua longa história de inadimplência e inflação galopante, não tem a credibilidade arduamente conquistada nos mercados que esses países têm. Além disso, o ritmo no qual o percentual da dívida está subindo — aumentou 30 pontos percentuais apenas nos últimos cinco anos — alarma os investidores.

As expectativas para a inflação no Brasil, embora em nada pareça com os anos hiperinflacionários de meados da década de 1990, estão subindo rapidamente em meio à preocupação de que o governo não tenha vontade política para controlar os gastos.

Em meio à pandemia de Covid-19, outros países em desenvolvimento, como Peru e Chile, realmente produziram mais estímulos em relação ao tamanho de suas economias. Mas eles desfrutam de classificações de crédito de grau de investimento e começaram com dívidas muito menores.

Auxílio emergencial
No Brasil, a maior parte do estímulo — cerca de US$ 57 bilhões do total — foi dedicada ao auxílio emergencial,  benefícios mensais concedidos a trabalhadores informais, desempregados, pequeno empreendedores, e outros trabalhadores que perderam a renda durante o isolamento social, que se mantiveram alimentados e consumindo enquanto a economia estava encolhendo.

O benefício acabou diminuindo a pobreza e disparando a popularidade de Bolsonaro. O Fundo Monetário Internacional aplaudiu a iniciativa do governo para evitar uma desaceleração econômica mais profunda e estabilizar os mercados financeiros.

O que faz os economistas torcerem as mãos é como o presidente vai reconciliar um déficit primário recorde com um desejo repentino de tornar parte da ajuda permanente depois que o estímulo expirar em 31 de dezembro.

Relatório elogiando a ajuda inicial alertou que os níveis crescentes de dívida pública representam um risco para o Brasil.

Um déficit orçamentário primário estimado em 12,1% do PIB e dúvidas crescentes sobre a capacidade de Bolsonaro encontrar uma maneira de pagar por mais gastos sociais perturbaram os mercados.

A demanda dos traders premium para manter dívida de prazo mais longo disparou em meio ao aumento do risco, com as taxas de swap expirando em cerca de cinco anos a 6,82%, ante 5,39% em julho. O real  caiu quase 30% neste ano, puxando para baixo os retornos das ações baseados em dólares.

A moeda, já sob pressão com as baixas taxas históricas corroendo seu apelo ao carry trade, viu a volatilidade disparar com a reação dos comerciantes às manchetes sobre os gastos do governo.

Taxas de equilíbrio
As expectativas de inflação também dispararam, com os investidores agora avaliando aumentos anuais de preços de 4,4% na próxima década, frente aos 3,8% de um ano atrás.

Talvez o sinal mais nefasto seja a dificuldade de vender dívidas de longo prazo, mesmo que nações como os EUA flertem com a ideia de oferecer títulos com vencimentos de 50 a cem anos.

No Brasil, o prazo médio dos títulos do governo local vendidos em leilão era de 2,36 anos em agosto, ante 4,95 anos um ano antes. Desde então, o movimento em direção às notas de prazo mais curto só cresceu.

Nos leilões de títulos até agora neste mês, por exemplo, as notas de seis meses — o menor prazo disponível com uma taxa fixa —- responderam por 44% da dívida a taxa fixa vendida, em comparação com apenas 11% em outubro de 2019.

— Sem reformas, é possível que o país enfrente outra grave crise macroeconômica — disse Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs Group Inc., em Nova York. — Os altos gastos do governo têm sido um problema para o Brasil há décadas. A deterioração fiscal trouxe alta inflação, baixo crescimento e a necessidade da ajuda do FMI no passado. Hoje, a situação não é melhor.

Deficit orçamentário
A mudança para a venda de títulos de curto prazo nos últimos meses resultou na preocupação dos investidores sobre o valor dos gastos públicos, reconheceu José Franco de Morais, subsecretário da dívida pública do Departamento do Tesouro, em uma entrevista.

Ele espera que as coisas se normalizem nos próximos meses, à medida que os investidores ganham confiança de que os gastos serão reduzidos.

Mas o problema que os investidores têm com o Brasil é seu histórico de gastos excessivos e permitir que os aumentos dos preços ao consumidor inflacionem sua dívida.

O Brasil deixou de pagar sua dívida externa nove vezes desde 1800, de acordo com o livro “Desta vez é diferente: Oito séculos de loucura financeira”. O país declarou moratória em 1987 e não foi capaz de retomar os pagamentos até 1994, ano em que a inflação atingiu o pico de 4.923%.

Durante a crise financeira de 2008, o Brasil injetou dinheiro nos bancos públicos e reduziu os impostos para ajudar a sair da recessão. Mas o alívio temporário tornou-se permanente, levando a déficits orçamentários e eventuais rebaixamentos de sua dívida, o que acabou custando bilhões ao governo em custos de empréstimos mais altos.

— Nossa própria dinâmica interna é insustentável — disse Armínio Fraga. — A resposta tem que ser ampla e profunda e tem que cobrir questões fiscais, o que é difícil.

Quase uma década após a crise de 2008, o antecessor de Bolsonaro instituiu um teto de gastos obrigatório constitucionalmente para ajudar a recuperar a confiança dos investidores. Mas o Congresso deu a Bolsonaro um passe único para ultrapassá-lo neste ano, e os investidores estão ansiosos por sinais de que ele colocará o país de volta no caminho da estabilidade fiscal.

Gerações futuras
— O teto de gastos é um símbolo, uma bandeira que alguns de nós nas trincheiras usamos para defender as gerações futuras — disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento este mês. — Não podemos continuar com dívidas em forma de bola de neve, altas taxas de juros e altos impostos.

Mas até agora é difícil dizer o que o presidente Bolsonaro está planejando. Sua última tacada para pagar a ajuda pós-pandemia sacudiu os mercados no mês passado, deixando sua própria equipe econômica incumbida de controlar os danos sobre as crescentes preocupações de que o compromisso com limites de gastos não é sério.

Desde então, Bolsonaro arquivou futuras discussões até depois das eleições municipais do próximo mês, deixando-o com apenas uma pequena janela para chegar a um acordo entre o fechamento das urnas e o início do ano novo.

Morais disse que a regra fiscal será respeitada e que o próximo programa de estímulo será menor do que alguns investidores temiam. Ele acrescentou que há bastante liquidez no mercado de títulos local.

— O tempo estará trabalhando contra o governo — disse Roberto Secemski, economista com foco no Brasil do Barclays Plc.

Em última análise, acrescenta, os investidores querem um plano “que nos diga que o endividamento público vai se estabilizar”.

https://oglobo.globo.com/economia/brasil-vive-rebeliao-no-mercado-com-crise-fiscal-apos-gastos-no-combate-covid-24716488

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Textos PRA:

2433. “Brasil: o futuro do país está no passado (de outros países...): proposta para uma Fronda Empresarial”, Brasília, 13 outubro 2012, 24 p. Texto-base para palestras no ciclo Liberdade na Estrada: “Brasil, país do futuro: até quando?” (Porto Alegre, FCE/UFRGS, dia 17/10/2012, 19:00hs), no “Papo Amigo” da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (Porto Alegre, 18/10/2012, 12:00hs) e no Instituto de Formação de Líderes de Minas Gerais (Belo Horizonte, 24/10/2012, 19:30hs). Divulgado na plataforma Academia.edu (links: https://www.academia.edu/5962599/2433_Brasil_o_futuro_do_pa%C3%ADs_est%C3%A1_no_passado_de_outros_pa%C3%ADses..._proposta_para_uma_Fronda_Empresarial_2102_). Postado novamente no blog Diplomatizzando em 8/07/2015 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/07/brasil-o-futuro-do-pais-esta-no-passado.html). Canal pessoal no YouTube: https://youtu.be/RL6ZcpWyAWY.


2543. “Por uma Fronda Empresarial Brasileira”, Hartford, 8 Dezembro 2013, 2 p. Artigo em colaboração com o acadêmico e diplomata Paulo Fernando Pinheiro Machado, animador do blog No Bico da Chaleira (http://nobicodachaleira.wordpress.com). Publicado no jornal O Estado de S. Paulo (ISSN: 1516-2931; 18/12/2013; link: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,por-uma-fronda--empresarial-brasileira-,1109902,0.htm). Divulgado no blog Diplomatizzando (i18/12/2013; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/12/por-uma-fronda-empresarial-paulo-f-p.html).



Saudades dos tempos em que o perigo era só o “neoliberalismo” - Paulo Roberto de Almeida

 Alguém “desenterrou” um texto meu de 2009, depois reproduzido no Ordem Livre, em 2014, do qual eu havia esquecido completamente.

Mas era sobre essas coisas amenas do neoliberalismo, consenso de Washington, quando a Academia brigava contra os seus próprios conceitos falaciosos. 

Saudades desses tempos mais saudáveis. Atualmente temos de ficar ouvindo um besteirol inacreditável, feito de “globalismo”, “covidismo” e outras estupidezes ainda piores, vindas não só do chanceler acidental e suas “alucinações exteriores”, mas do próprio tresloucado que tenta dirigir o governo (hoje sob o controle cleptocrático do Centrão, e nisso repito um general boçal, que teve de engolir suas próprias palavras).

Acho que avançamos muito no grau de loucuras nacionais. Anteriormente, elas se colocavam num patamar mais ou menos racional, com o qual era possível dialogar.

Atualmente, as falácias não são apenas mentirosas: elas são simplesmente ALUCINANTES, como revelado no último (ou apenas o mais recente) discurso do patético chanceler em 22/10/2020. Outros virão, tenham certeza: estamos entregues a um bando de doidos.

Em todo caso, agradecendo a quem desenterrou meu texto de uma década atrás, reproduzo-o aqui abaixo.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 28/10/2020


O mito do neoliberalismo

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1. Da pouco nobre arte de ser falaz

Falácia, segundo os bons dicionários, é a qualidade ou o caráter do que é falaz, que, por sua vez, é um adjetivo sugerido como sendo o equivalente de enganador, ardiloso ou fraudulento, ou, ainda, quimérico, ilusório ou enganoso. Pois bem, ao longo de minhas “peregrinações” acadêmicas, tenho tido a oportunidade de deparar-me com exemplos de afirmações, argumentos, postulações, teses ou artigos inteiros que correspondem ao caráter enganador ou, até mesmo, fraudulento contido nesse adjetivo. Comecemos esta série por um dos mais recorrentes em nossos tempos.

Como sabem todos aqueles que convivem com a literatura acadêmica na área de ciências sociais, nenhum conceito tem sido tão equivocadamente mencionado no ambiente universitário, nas últimas duas décadas, quanto o epíteto “neoliberal”, junto com o seu correspondente coletivo e doutrinal, o “neoliberalismo”. A incidência estatística de seu (mau) uso é tão notória, que se poderia falar de uma verdadeira epitetomania anti-neoliberal, dirigida contra todas as políticas econômicas associadas, de perto ou de longe, ao chamado mainstream economics, este representado pelas correntes ortodoxas de pensamento e suas práticas econômicas correspondentes.

Junto com o substantivo usado e abusado de globalização, ou, ainda, o tão mais detestado quanto praticamente desconhecido programa econômico do “consenso de Washington”, o neoliberalismo converteu-se, simultaneamente, em um xingamento e em um slogan de uso praticamente obrigatório por todos aqueles que pretendem desqualificar e condenar as políticas e as práticas da escola econômica convencional. Eles o fazem, supostamente em nome de uma outra orientação, de uma doutrina ou de uma escola, que seriam, alegadamente, heterodoxas, alternativas e até mesmo opostas às primeiras. Os argumentos e teses utilizados para esse tipo de condenação são pouco compatíveis com um trabalho analítico sério, ou seja, capazes de passar pelos testes da coerência, relevância, compatibilidade com os dados da realidade e passíveis de aferição, independentemente dos próprios argumentos que sustentam a acusação.

Nesse sentido, o neoliberalismo já se converteu em um mito acadêmico, isto é, deixou de significar uma realidade empírica, aferível por dados extraídos de alguma situação concreta, para passar a representar uma entidade nebulosa, definida de modo muito pouco precisa, aplicada a diferentes conjunturas de países e políticas vagamente caracterizadas como pertencendo ao domínio dos “livres mercados”, em oposição ao que seria uma regulação estatal mais estrita. Não se é neoliberal por vontade própria, mas apenas por ter sido assim catalogado por aqueles que detêm o monopólio dessa classificação, que são, invariavelmente, os opositores de supostas idéias “neoliberais”.

Por certo, existem muitos outros abusos acadêmicos em relação a diversos conceitos que são usados indevidamente no panorama pouco rigoroso das nossas “humanidades”, entre eles o de classe, o de imperialismo, o de burguesia e vários do mesmo gênero. Contudo, o manancial de falácias que brota sem cessar a partir do uso inadequado do adjetivo “neoliberal” é provavelmente o mais abundante e o mais disseminado de que se tem registro desde os anos 1980. São tantas as variedades de uso e as manifestações qualitativas – ainda que superficiais – em torno desse termo, que fica difícil ignorá-lo como o campeão absoluto de referências numa série analítica que pretende, justamente, examinar alguns exemplos de falácias acadêmicas. Seu uso é tão corrente e banal que pode ser espinhoso selecionar uma “falácia” representativa de toda uma corrente de pensamento que se propõe aqui submeter ao crivo da crítica argumentada e sistemática.

Encontrei, porém, no contexto de minhas leituras, um texto suficientemente representativo de uma falácia acadêmica associada ao dito conceito e perfeitamente ilustrativo do mito mencionado no título deste ensaio. Vou proceder à citação do texto em questão, submetendo o trecho selecionado à crítica que pretendo fazer de toda uma orientação doutrinal muito comum nos meios ligados à comunidade universitária que se move em torno das chamadas humanidades. Os únicos critérios que me guiam na releitura crítica do texto em questão são aqueles que se espera encontrar em todo e qualquer trabalho acadêmico: clareza na descrição ou exposição dos fatos, coerência na apresentação dos argumentos, relevância do discurso para a realidade de que se pretende tratar e sua adequação aos dados dessa própria realidade.

2. As novas roupas do velho imperialismo, em sua fase neoliberal

Deparei-me, num típico volume que deve figurar entre as leituras obrigatórias ou recomendadas de vários cursos dentro dessa área, com a seguinte afirmação:

“...o produto social da globalização, o neoliberalismo tem sido o mais dramático possível. Em pouco tempo esse novo regime de acumulação desagregou sociedades, tornou os ricos mais ricos e ampliou a pobreza em praticamente todos os cantos do mundo, especialmente as nações da periferia, onde a barbárie social vem esgarçando o tecido social e incrementando a violência em todos os sentidos.” (autor: Edmilson Costa; artigo: “Para onde vai o capitalismo? Ensaio sobre a globalização neoliberal e a nova fase do imperialismo”; in Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari (coord.), Relações Internacionais: Múltiplas Dimensões; São Paulo: Aduaneiras, 2004, p. 201-233; cf. p. 206.)

Existe ainda outra frase extraída do mesmo artigo que me parece adequada ao propósito de avaliar criticamente o mito do neoliberalismo em certo pensamento acadêmico contemporâneo, embora esta acima me pareça uma perfeita síntese de tudo o que existe de equivocado e falacioso no “pensamento” universitário em torno desse conceito onipresente e polivalente. Vejamos em todo caso o complemento ideal a ela:

“O neoliberalismo é a síntese de todo esse processo de mudanças profundas que estão ocorrendo no sistema capitalista: funciona como uma espécie de gerenciador ideológico, político, econômico, social e cultural dessa nova fase do imperialismo. Trata-se de uma ideologia primitiva para os tempos atuais, com postulados do século XVIII e meados do XIX, época do capitalismo concorrencial, mas com um apelo espantoso ao senso comum. A ideologia neoliberal procura manipular os sentimentos mais atrasados das massas, revigorando os preconceitos, açulando o individualismo, distorcendo o significado das coisas, reduzindo os fenômenos à sua aparência, de forma a ganhar os corações e mentes para o jogo do livre mercado e da livre iniciativa.” (Idem, op. cit., p. 219)

Não vale a pena alertar para a incoerência de se destacar o caráter “primitivo” de uma ideologia que, sendo de meados do século XIX, tem mais ou menos o mesmo grau de “primitivismo” que o marxismo, nem para a inconsistência de se vincular a defesa do livre mercado e da livre iniciativa a “sentimentos atrasados das massas”, já que a mesma ideologia estaria, supostamente, “açulando o individualismo”. Pedir um mínimo de coerência analítica seria exigir demais de um autor que, manifestamente, distorce o “significado das coisas”, reduz o fenômeno do liberalismo à sua aparência, com o provável objetivo de ganhar os corações e mentes de alguns estudantes para o livre jogo dos seus argumentos ilusórios. Passemos, portanto, a examinar cada uma das partes dessas afirmações, elas mesmas espantosas, em relação ao neoliberalismo, com a atenção que nos requer este exemplo consumado de fraude intelectual (se é verdade que este último adjetivo se aplica ao caso em questão).

3. O neoliberalismo como produto de uma imaginação confusa

Em primeiro lugar, o neoliberalismo nunca foi um “produto social da globalização”. Esta é um processo tão velho quanto os empreendimentos marítimos dos mercadores fenícios da antiguidade e as aventuras em mares desconhecidos dos navegadores ibéricos do final do século XV. Em suas manifestações mais comuns, ela vem sendo aceita tranquilamente até pelos mais empedernidos opositores desse processo, aqueles que, sob inspiração francesa, acreditam que “um outro mundo é possível” e que pedem por “uma outra globalização”, que deveria ser não assimétrica e, preferencialmente, não capitalista. Quanto ao neoliberalismo, a rigor, ele não tem nada a ver com a globalização, podendo ser teoricamente encontrado em diversos sistemas econômicos, bastando com que as práticas econômicas se ajustem ao que se tem, via de regra, como os fundamentos do sistema liberal: liberdade de iniciativa, pleno respeito à propriedade privada e aos contratos, defesa do individualismo contra as intrusões do Estado e, de modo amplo, um conjunto de instituições e práticas que buscam garantir, tanto quanto possível, a liberdade dos mercados.

A rigor, o neoliberalismo não existe, sendo apenas e tão somente um revival, ou renascimento, de uma velha escola de pensamento econômico e de orientações em matéria de políticas econômicas que se filiam ao antigo liberalismo doutrinal que surge na Grã-Bretanha a partir dos séculos XVII e XVIII. Aliás, nenhum “neoliberal” consciente e conseqüente se classificaria dessa maneira: ele apenas diria que segue os princípios do liberalismo (econômico ou político, não vem ao caso diferenciar aqui os dois sistemas, que não são idênticos, mas tampouco estranhos um ao outro) e ponto final; todo o resto seria dispensável. Neoliberal é, como já referido, um epíteto criado pelos opositores do liberalismo ou, se quisermos, um conceito que busca evidenciar, justamente, o retorno do antigo liberalismo, depois de um longo intervalo marcado por práticas e orientações claramente intervencionistas e estatizantes.

Mas continuemos. Deixemos de lado a caracterização de “dramático” aplicada a esse “produto”, pois isto corresponde a uma apreciação inteiramente subjetiva do autor, carente de qualquer fundamentação empírica. Esclareça-se, de imediato, que o “produto” não conforma, absolutamente, um “novo regime de acumulação”, que seria, supostamente, uma forma de organização social da produção e da distribuição de bens e mercadorias historicamente inédita para os padrões conhecidos do capitalismo. Ora, o liberalismo – e seu sucedâneo contemporâneo, que seria “neo” – está longe de ser novo e menos ainda de conformar um regime de acumulação, posto que configurando uma filosofia ou orientação geral nos terrenos da política e da economia. Acumulação é um termo geralmente associado ao pensamento econômico marxista, que denota formas genéricas de apropriação dos resultados sociais do processo de produção, o que pode ocorrer em regime de livre concorrência, de monopólio, de propriedade estatal ou de modalidades mistas dessas configurações produtivas. Aparentemente este autor demonstra pouco rigor na sua utilização do ferramental conceitual marxista; em benefício próprio, deveria ser mais cuidadoso com sua terminologia estereotipada.

Pretender, agora, que esse “novo regime” desagregou sociedades equivaleria a afirmar que o neoliberalismo foi responsável pela desestruturação de várias nações que conheceram a aplicação de políticas neoliberais. Olhando-se, honestamente, um mapa dinâmico do planeta, o que poderíamos constatar é que as únicas sociedades verdadeiramente desestruturadas da atualidade são algumas nações africanas que conheceram processos traumáticos de instabilidade política e social, algumas até atravessando guerras civis abertas e conflitos étnicos ou religiosos intermitentes, ou surtos violentos de conflitos tribais que se arrastam na quase indiferença das nações mais ricas do planeta, estas efetivamente “neoliberais” ou simplesmente liberais.

Com efeito, se podemos caracterizar algumas sociedades como mais liberais do que outras, estas parecem ser as nações do chamado arco civilizacional anglo-saxão (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia), sendo elas seguidas como menor rigor doutrinal (e maior pragmatismo) pelos países nórdicos ou escandinavos (Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia). Quanto aos países da Europa ocidental, essencialmente capitalistas em seu “modo de produção”, eles têm alternado práticas e políticas liberais – ou politicamente “direitistas”, para sermos simplistas – com outras tantas práticas e políticas mais social-democráticas, geralmente conduzidas por partidos de esquerda ou progressistas. No fundo, não se vê bem como distinguir essas políticas entre elas, a não ser no plano da retórica eleitoral.

Em nenhum outro continente ou região podemos distinguir países e sociedades verdadeiramente “neoliberais”, se formos rigorosos na utilização desse conceito. De fato, pretender que países latino-americanos, que empreenderam programas de ajuste e de estabilização macroeconômica depois de longas e recorrentes crises econômicas trazidas por processos inflacionários e de desequilíbrio no balanço de pagamentos, sejam ou tenham sido “neoliberais” – qualquer que seja o entendimento que se dê a esse conceito – representaria abusar em demasia desse conceito, retirando-lhe qualquer precisão metodológica e adequação à realidade empírica que nos é dada observar ao longo das últimas décadas.

Olhando com lupa, talvez se pudesse dizer que o Chile se apresenta como um país mais “neoliberal” do que a média dos latino-americanos. Ora, não se pode dizer que a sociedade chilena esteja “desestruturada”, a qualquer título. Colocando a lupa em outras sociedades da região, o que se observa é que existem, sim, alguns países bem mais desestruturados: os primeiros que aparecem são a Bolívia, a Venezuela e o Equador, com a possível inclusão da Argentina nesse conjunto. Pois bem, dificilmente se poderia dizer que eles estão assim por causa do neoliberalismo. Ao contrário. Em cada um deles, o que se observou, ao longo dos últimos anos, por acaso coincidentes com seus respectivos processos de desestruturação, foi, justamente, a aplicação de políticas dirigistas, estatizantes, intervencionistas, heterodoxas e, até, socialistas; ou seja, tudo menos políticas liberais. O autor deve estar com suas lentes embaçadas por preconceitos ideológicos, o que o impede de constatar a simples realidade de políticas econômicas que são efetivamente aplicadas nos diversos países considerados.

4. O neoliberalismo produz miséria e é sinônimo de barbárie?

O que dizer, em seguida, da suposta ação do neoliberalismo, que teria ampliado “a pobreza em praticamente todos os cantos do mundo, especialmente as nações da periferia”? Trata-se, mais uma vez, de afirmação desprovida de qualquer fundamentação empírica, não se podendo apoiá-la em praticamente nenhum exemplo de sociedade reconhecidamente “neoliberal”, qualquer que seja. A África, como vimos, afundou de fato na pobreza e na desesperança – embora ela venha crescendo novamente nos últimos anos –, mas essa evolução dificilmente poderia ser creditada à ação do neoliberalismo. Desafio o autor do texto selecionado a provar o contrário.

Quanto às duas nações “periféricas” que mais progressos fizeram na elevação gradual de uma miséria abjeta para uma pobreza aceitável, a China e a Índia, o que se observou, nas últimas duas décadas, foi um conjunto de reformas, várias ainda em curso, conduzidas justamente na direção de mecanismos de mercado, não de orientações estatizantes ou de planejamento centralizado. A renda per capita tem se elevado, progressivamente, em ambos os países, especialmente na China, que deu saltos espetaculares na redução da pobreza e na abertura de setores inteiros de sua economia à livre iniciativa e ao capital estrangeiro (todo ele capitalista e, supostamente, neoliberal). Quanto à Cuba socialista, ela conseguiu realizar a proeza de passar da maior renda per capita da América Latina em 1960 – não escondendo o fato de que ela era bem mal distribuída – para um patamar abaixo da média, em 2006, confirmando o consenso de que o socialismo é bem mais eficiente em repartir de modo relativamente igualitário a pobreza existente do que em criar novas riquezas.

Pode-se, talvez, alegar que as mudanças econômicas ocorridas na China vêm sendo feitas sob a égide do planejamento estatal e sob a firme condução do Estado chinês, que mantém controle sobre setores ditos estratégicos da economia do país. Essa realidade não elimina o fato de que todas as reformas operadas apresentam um caráter essencialmente capitalista e, portanto, tendencialmente neoliberal, ainda que não na versão “quimicamente” pura do modelo original anglo-saxão. O estilo ou a forma não pode sobrepor-se à essência do sistema, caberia registrar. Neste caso, nosso autor ou é cego ou é intelectualmente desonesto, ao não querer reconhecer esses dois processos de “enriquecimento capitalista”, que se desenvolvem sob os olhos de todo o planeta há aproximadamente duas décadas. Suas lentes estão completamente fora de foco ou muito sujas, aparentemente. Um pouco de estatística não lhe faria mal.

O fato de que, em vários desses processos – tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento –, os ricos estejam se tornando mais ricos não impede o outro fato concomitante de que os pobres estejam se tornando menos miseráveis. Quem não quiser tomar minha afirmação como um argumento de fé, pode conferir os dados apresentados por estudiosos da distribuição mundial de renda, como Xavier Sala-i-Martin, cujas evidências e conclusões já resumi neste artigo: “Distribuição mundial de renda: as evidências desmentem as teses sobre concentração e divergência econômica”, Revista Brasileira de Comércio Exterior (Rio de Janeiro: Funcex, ano XXI, n. 91, abril-junho 2007, p. 64-75; disponível: https://www.academia.edu/5904200/1716_Distribuição_mundial_de_renda_as_evidências_desmentem_as_teses_sobre_concentração_e_divergência_econômica_2007_ ).  

Se existem sociedades nas quais a “barbárie social vem esgarçando o tecido social e incrementando a violência em todos os sentidos”, como pretende o autor, elas estão longe de representar um modelo de “acumulação” ou de organização social da produção que seja liberal ou neoliberal, sendo mais efetivamente caracterizadas pelo autoritarismo político e pelo extremo intervencionismo econômico do Estado, quando não entregues à violência política, religiosa ou tribal, pura e simples, como parece ser o caso de alguns países do continente africano ou do Oriente Médio.

A afirmação carece, assim, de qualquer embasamento na realidade, sendo uma construção puramente mental de um autor manifestamente enviesado contra o que ele crê ser “neoliberalismo”, quando nenhum exemplo concreto desse sistema é discutido ou sequer aventado. Para um autor como esse, ser contra o neoliberalismo significaria se posicionar contra o livre comércio, contra o ingresso do capital estrangeiro, contra a administração em bases de mercado de inúmeros serviços públicos, contra a fixação dos juros e da paridade cambial pelo livre jogo da oferta e demanda de crédito e de moeda, enfim, preservar o controle estatal de inúmeras atividades com impacto social.

Se formos examinar, contudo, os dados econômicos relativos à renda, riqueza e prosperidade de um conjunto significativo de países, estabelecendo duas colunas, nas quais se colocaria, de um lado, os mais “neoliberais” – abertura ao comércio e aos investimentos, menor regulação estatal de atividades de produção e distribuição, fluxo livre de capitais e fixação dos juros e câmbio pelo mercado – e, de outro, os países menos propensos à abertura e mais inclinados à regulação estatal, e certamente quanto ao movimento de capitais – como são em grande medida os da América Latina, do Oriente Médio e da quase totalidade da África – teríamos uma correspondência quase perfeita entre maiores coeficientes de abertura, isto é, maior grau de “neoliberalismo”, e maior renda e prosperidade. O “quase perfeita” vem por conta de países de grande mercado interno – como os EUA – que apresentam pequeno coeficiente de abertura externa (apenas no que tange ao peso do comércio exterior no PIB), sem no entanto deixar de serem abertos às importações e atrativos aos capitais estrangeiros. Ou seja, a liberalização em comércio e em investimentos e um ambiente de negócios favorável à iniciativa privada constituem, sim, poderosas alavancas para a formação de riqueza e a distribuição de prosperidade.

5. O neoliberalismo é um mito, mas alguns ingênuos não sabem disso

Em qualquer hipótese, porém, o neoliberalismo é um mito, tanto pelo lado das acusações infundadas dos anti-neoliberais, como pelo lado dos promotores da própria doutrina liberal, uma vez que todos os Estados modernos, sem exceção, apresentam graus variados de intervenção no sistema econômico e de regulação da vida social. Uma série estatística sobre níveis de tributação e gastos públicos, ao longo do século XX, revelaria um avanço regular e constante da intermediação estatal nos fluxos de valor agregado e de dispêndio total, confirmando o papel sempre relevante do Estado na repartição setorial da renda total e na correção das desigualdades mais gritantes introduzidas pelos regimes puros de mercado. Aliás, falar em “Estado liberal” é uma total contradição nos termos, tanto o substantivo desmente o seu suposto adjetivo.

O que estava, contudo, em causa na análise conduzida neste ensaio de simples avaliação crítica de um dos mitos mais difundidos na academia não era, propriamente, a evolução econômica das modernas sociedades de mercado, e sim a afirmação – que vimos totalmente desprovida de qualquer fundamentação empírica – de que existe algo chamado neoliberalismo sendo ativamente praticado pelos Estados modernos e de que essa doutrina e prática seriam responsáveis por todas as misérias da sociedade contemporânea. Trata-se de uma das fabulações mais inconsistentes de que se tem notícia na produção acadêmica tida por séria e responsável.

Os dados disponíveis, revelados por organismos internacionais e por uma variedade razoável de organizações independentes, confirmam a melhoria sustentada dos padrões de vida em diferentes regiões do planeta, tanto mais rápida e disseminada quanto mais integrados estão esse países e regiões aos fluxos mundiais de comércio, tecnologia e investimentos. Assim, considerar que a “acumulação” neoliberal ampliou a pobreza em todos os cantos do mundo, aprofundou as desigualdades e provocou o cortejo de misérias que são registradas em áreas jamais tocadas por políticas e práticas neoliberais – qualquer que seja o entendimento que se dê ao conceito em questão –configura um tipo de fraude que só consegue ser repetido impunemente em salas de aula universitárias porque a academia brasileira é pouco responsável no “controle de qualidade” dos cursos da área de humanas e nos métodos de avaliação de docentes manifestamente despreparados para cumprir o programa do qual são encarregados. Para sermos mais precisos, estamos em face de uma desonestidade intelectual que só encontra paralelo em apresentações de mágicos de circos mambembes.

Termino por aqui minha primeira análise de uma falácia acadêmica detectada em livros utilizados em universidades brasileiras. De fato, o mito do neoliberalismo – que não guarda a mínima correspondência com a realidade verificável – oferece um exemplo concreto desse tipo de prática, mais comum do que se pensa, aliás, em nosso ambiente universitário. A um simples trecho selecionado de um artigo do autor aqui examinado pode-se aplicar o conjunto de caracterizações dicionarizadas e conectadas ao termo “falácia”: enganador, ardiloso, fraudulento, quimérico e ilusório. Outros exemplos certamente existem: eles também serão trazidos a exame no momento oportuno. Concluo com um aviso à maneira dos franceses: à suivre...

 

* Publicado originalmente em 09/03/2009.