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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Economias abertas e fechadas: um debate esquizofrenico...

Parece que agora a Estonia já não conta mais, pelo menos não para efeitos de comparação entre o Brasil e esse pequeno país báltico, que caberia, aparentemente, dentro de Campinas, a pátria dos keynesianos de botequim...
Acabo de receber este comentário de um Anônimo reincidente, que insiste em se expressar telegraficamente, o que impede saber o que ele pensa, de verdade, sobre o tamanho das economias e suas políticas econômicas.



Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Coitada da Estonia: do tamanho de Campinas...": 
engraçadinho, tamanho faz diferença sim. Pegue qualquer livro-texto de economia, qualquer revista relevante de economia, você verá inúmeros exemplos de "pequena economia aberta"....mas nunca verá exemplo de "grande economia aberta". E a diferença não se restringe ao fato de que uma economia grande é capaz de afetar os preços dos produtos que exporta ou importa. Quem pensa como economista austríaco só pode mesmo pensar como economista de "pequena economia aberta". 



Ao que parece, como para Engels, quantidade numa certa quantidade (bem, vocês entendem) acaba virando qualidade, ou vice-versa, vocês escolhem...
Então ficamos assim: não existem exemplos de grandes economias abertas. Só pequenas.
Mas o que faço de certos casos: a Albania, por exemplo, dos tempos do Enver Hodja, era uma pequena economia totalmente fechada.
E a economia cubana, que diminui a olhos vistos? Era aberta e está ficando fechada? Ou se abre para os dólares e o petróleo de Hugo Chávez?


Mas será mesmo que não existem grandes economias abertas? Nenhum exemplo?
Puxa vida, essa é surpresa para mim.
Os Estados Unidos devem ser uma miragem, e no seu lugar, naquele pedaço do planeta, deve haver um grande buraco branco, como naquelas antigas cartas geográficas que diziam: "terrae incognitae", ou seja, terras desconhecidas.
Ou então, para o nosso campineiro não estoniano, se trata de uma grande economia FECHADA.
Tão fechada que tem o maior déficit comercial do mundo. Isso que é fechamento (inepto, ao que parece).
Mais ainda: essa economia desafia as leis da oferta e da procura. 
Os EUA, como grande economia fechada, conseguem determinar, por exemplo, os preços do petróleo.
Não sei como é que os americanos reclamam tanto da gasolina a 4 dólares o galão. Se eles determinam os preços, por que não colocam o preço a 1 dólar o galão?


Outra surpresa: eu era austríaco e não sabia.
Preciso ir correndo numa biblioteca ou numa livraria e comprar livros sobre os economistas austríacos. Vocês sabem: é chato ser uma coisa e não saber o que pensam os coisos dessa coisa que se chama economia austríaca. E confesso que não sei: não sou especialista em economia austríaca, não sou sequer economista. Só pertenço a essa tribo de irredutíveis ideólogos que são os sociólogos, esses que, em lugar de produzirem riqueza como maná dos céus, que são os economistas desenvolvimentistas da UniCamp, só produzem déficit público, junto com os advogados e os juízes do trabalho.
Puxa vida, como sou grato ao comentarista Anônimo.
Está resolvendo um grave conflito de minha personalidade esquizofrênica. Eu, que nem gosto de sachertorte, sou austríaco em segunda encarnação.
Vou pedir meu passaporte europeu, e comprar aquelas calças curtas ridículas dos austríacos...
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil-Argentina: de volta ao mercantilismo

A noção de que comércio bilateral precisa ser equilibrado é tão mercantilista, mas tão mercantilista, que parece que o Brasil e a Argentina voltaram ao século XVII, quando ainda nem existiam enquanto países. Deve ser isso: os países não existem, e os burocratas fazem o que bem entendem com os seus empresários, obrigando-os a se submeterem a suas ordens, que desprezam totalmente o desempenho, o mérito, a competitividade construídos pelas próprias empresas. No limite, isso se chama fascismo econômico: empresários privados tendo de seguir ordens e desejos de burocratas estatais.
As pessoas nem percebem que estão sendo perfeitamente fascistas...
Assim segue o mundo do fascismo introjetado...
Paulo Roberto de Almeida

11 DE JUNHO DE 2012 - 8H46 

Mercosul: Brasil quer equilibrar comércio com Argentina


As barreiras comerciais impostas pelo governo de Cristina Kirchner para proteger a indústria argentina, que provocaram fortes críticas de autoridades e empresários brasileiros, começam a gerar um novo rumo na relação comercial entre os vizinhos. Se até agora a resposta brasileira tem sido retaliar pontualmente produtos argentinos, que esperam semanas por autorização de ingresso na fronteira, negociações recentes indicam maior disposição em equilibrar o comércio com o país.


Nos últimos meses, o governo argentino tem buscado frear o ritmo das importações e conter a saída de moeda estrangeira do país, que ameaça a balança de pagamentos. Com isso, adotou medidas de controle de capital e mais barreiras comerciais que levaram o país novamente à mesa de negociação com os vizinhos.
 
Na última sexta-feira (08), em Buenos Aires, o governo argentino anunciou que o Brasil se comprometeu a importar, a partir de julho, camarões e cítricos argentinos, produtos que, segundo a secretária de comércio exterior do país, Beatriz Paglieri, tradicionalmente tiveram problemas para ingressar no Brasil. Outra pauta de negociação foi o acesso de medicamentos argentinos ao mercado brasileiro. Representantes das agências de vigilância sanitária de ambos os países devem se reunir nas próximas semanas.

“O que as duas instituições vão analisar é uma maior integração destes mercados para ver onde podemos ter maior cooperação. O Brasil tem lei de genéricos e a Argentina está começando a se organizar para entrar neste mercado”, explicou aos correspondentes brasileiros em Buenos Aires o secretário-executivo do ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira.

Em consonância com os esforços para aumentar o fluxo de importações provenientes da Argentina, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) defende o aumento do apoio ao país vizinho: “Equilibrar o comércio é difícil, mas não é uma missão impossível. Podemos comprar mais da Argentina, importando menos de outros países.”, afirmou ao Ópera Mundi o diretor-adjunto de Relações Internacionais da Fiesp, Thomaz Zanotto.

Segundo ele, “a posição da Fiesp é clara e baseada em fatos concretos”: “A Argentina é um dos maiores clientes de produtos brasileiros, comprou 20 bilhões de dólares de manufaturados no ano passado, mas se encontra em uma situação financeira muito parecida com a do Brasil da década de 1980, e é de interesse do Brasil ajudá-los a superar esta fase”, afirma ele, ponderando sobre a necessidade de apoiar o país na maximização do superávit de sua balança comercial e aumento da captação de dólares.

Em um estudo divulgado em maio, a Fiesp também constatou que 24% dos empresários brasileiros optam por importações oriundas de outros países por desconhecerem fornecedores argentinos nos setores de alimentos, bebidas, autopeças, farmacêuticos, químicos e máquinas. O levantamento foi realizado com 221 empresas importadoras de 38 produtos identificados pelo governo argentino como “prioritários” para o aumento do comércio com o Brasil.

Além da realização de rodadas de negócios já iniciadas entre potenciais fornecedores argentinos e empresários brasileiros, Zanotto diz que a Fiesp está levantando a potencialidade de maior comércio de itens argentinos de alto valor, como navios, produtos petroquímicos e combustíveis. Como possibilidade mais remota, menciona a ideia de que ambos os países passem a realizar a troca comercial em moedas locais em vez de dólares.

Queixas

Apesar dos sucessivos recordes anuais no fluxo de comércio entre os países, que somou 39,6 bilhões de dólares em 2011, o Brasil segue tendo superávits consecutivos sobre a Argentina, que aumentou em 1,7 bilhões seu déficit na balança bilateral em relação a 2010, quando registrou uma diferença de 4,1 bilhões de dólares. 

Apesar da queda no fluxo comercial provocada pelo aumento do controle argentino às importações no início do ano e a baixa do ritmo de crescimento de ambas as economias em um contexto global de crise, o Brasil obteve um novo recorde de exportações no primeiro quadrimestre, somando 74,6 bilhões de dólares. Entre os principais compradores no período, a Argentina aparece como terceiro, superada somente pela China e pelos Estados Unidos.

Dentre as queixas de exportadores brasileiros às medidas protecionistas argentinas, estão a demora na liberação de produtos na fronteira, que muitas vezes superam o prazo de 60 dias determinado pela OMC (Organização Mundial do Comércio) e a necessidade de uma autorização da Receita Federal do país para cada importação desejada por empresários argentinos.

O governo brasileiro, por sua vez, recorre a licenças não automáticas para produtos argentinos como vinhos, batatas congeladas e frutas para pressionar o governo de Cristina Kirchner a pôr um fim às barreiras comerciais. O problema já afeta produções de ambos os lados da fronteira, tanto no setor de alimentos, passando por sapatos, eletrodomésticos, automóveis e atingindo até máquinas e bens de capital.

Casamento

Ao anunciar o compromisso na melhora do fluxo comercial, após a reunião bilateral em Buenos Aires, Teixeira afirmou esperar reciprocidade argentina no cumprimento dos prazos de liberação dos produtos parados na fronteira. No entanto, definiu a relação com a Argentina como um “casamento” e afirmou que países com trocas comerciais intensas “sempre têm problemas”.

“Nossas exportações de valor agregado vêm para a Argentina, independente da época e do governo que aqui esteja. Isso é muito claro, independente de quem é o governo do Brasil e da Argentina, estas relações existem, existirão e serão fortes”, garantiu, enfatizando a importância da integração produtiva e concluindo que a melhora da economia argentina beneficiará os negócios brasileiros.

Segundo o secretário, apesar de questionamentos sobre a falta de “dureza” do governo, o foco de atenção e a postura nas relações com a Argentina vêm mudando, devido ao aumento de investimentos brasileiros no país. “No ano passado, a Argentina atraiu cerca de sete bilhões de dólares de investimento e pelo menos 35% a 40% disso são brasileiros. Do ponto de vista de relacionamento, já não somos um mero vendedor para a Argentina, somos um dos principais investidores”, afirma.

OMC

As declarações mútuas para solucionar os entraves entre os sócios estratégicos, no entanto, se restringe aos países membros do Mercosul. Diversos países de fora do bloco mostraram menos paciência com o protecionismo argentino e apresentaram, no fim de março, um documento à OMC no qual exigiam que a Argentina cumprisse as regras do comércio internacional.

Um dos pontos de repúdio dos países que assinaram a queixa, entre eles Estados Unidos e membros da União Européia, remetia a um controle não oficial segundo o qual os empresários devem exportar o mesmo valor importado. Com a lógica de que cada dólar que sai deve voltar para o país é a mesma que levou o governo argentino a controlar a compra da moeda norte-americana no país: evitar a fuga de divisas.

Diretor da consultora econômica Analytica, Ricardo Delgado, classifica seu país como um “fugitivo em série de capital”. Segundo ele, o dólar é um dos totens da política econômica argentina e a recomposição das reservas financeiras na moeda, geradas pelas medidas governamentais, pode ser o início de uma flexibilização das restrições sobre as importações.

“O governo sabe que neste mundo de semelhante inter-relação produtiva entre os países, não é possível manter permanentemente esta política de compensação de dólares importados e exportados”, afirmou ao Ópera Mundi, em relação ao recrudescimento das barreiras comerciais impostas pela Argentina, que se agravaram nos últimos meses. “A intensificação das medidas são claramente um sistema de transição. Não se pode pensar a política externa de um país a partir disso”, garante.

Segundo Delgado, no entanto, os problemas comerciais estruturais na relação bilateral se devem a assimetrias entre ambas as economias e escalas de produção diferentes, levando a um quadro de difícil solução. Outro fator apontado por ele são os diversos programas de subsídios que tornam a indústria brasileira mais competitiva. “Isso é uma coisa que o Mercosul não resolveu e não resolverá nunca”, diz.

Apesar disso, Delgado considera necessárias algumas precauções tomadas pelo governo argentino. “O país não podia continuar em um ritmo de crescimento anual de 40% das importações e de 20% de exportações, porque geraria uma crise de dólares. Então taticamente este cuidado está bom”, afirma, antes de esclarecer que o processo de restrições às importações poderia ser feito de maneira mais criteriosa com sócios estratégicos como o Brasil.

Fonte: Ópera Mundi

Coitada da Estonia: do tamanho de Campinas...

Um Anônimo, sábio o suficiente para permanecer anônimo, me manda o seguinte comentário a propósito deste post meu (que aliás, já tinha sido objeto de um exchange anterior sobre o mesmo assunto, pois o ilustre desconhecido achava que a Estonia tinha quebrado por que foi neoliberal demais, sem explicar como, por que, e em que condições o neoliberalismo estoniano conseguiu produzir tamanho estrago na economia daquele país, uma queda de 20% do PIB em 2009).
Agora ele escreve isto, em outro post meu, referenciado: 

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Coitada da Estonia: ultraliberal e crescendo...": 
A Estônia eh do tamanho de Campinas. 

Pois bem, comento novamente (PRA):

Como diriam os ingleses: so what?
E daí? Qual a diferença isso faz?


Faz alguma diferença para a inteligência do nosso anônimo que ele tenha 1,5 metro de altura, 1,90 ou 2,20 metros?
Faz alguma diferença para a consistência (ou falta de) de seus argumentos que ele calce 38, 41 ou 43?
Faz diferença que ele pese modestos 55 quilos, 85 ou 120 quilos?
So what?


Qual é o problema da Estonia ser do tamanho de Campinas?
Suponho que ele esteja dizendo isso pelo tamanho da população.
E se a população "campineira" da Estonia tiver uma renda per capita três vezes superior à da população "estoniana" de Campinas?
Será que isto faz alguma diferença para o nosso anônimo comentarista preocupado com o tamanho da Estônia?
Será que as pessoas e os dirigentes da Estônia pensam pequeno, de forma medíocre, apenas porque o país é pequeno? Será que as políticas macro e micro da Estonia são tão pequenas que precisamos de uma lupa para enxergá-las?
Mas, então isso vale também para Campinas, de onde talvez venha nosso anônimo comentarista, e será que é por isso que a cidade não vai para a frente, já que todo mundo ali pensa pequeno, do tamanho da Estônia, ou seja, sem importância nenhuma no plano mundial?
Será por isso que Campinas tem a maior concentração de keynesianos do Brasil, a maior densidade demográfica de "desenvolvimentistas" de todo o planeta?
Será que foi por isso que assassinaram um prefeito da cidade?
Não posso crer.


Acho que tamanho não é documento, como diz um velho ditado.
Tamanho, de qualquer coisa, não define a qualidade de nada, absolutamente e rigorosamente de nada.
Se fosse válido o argumento, então os EUA , a China e Índia seriam a maior maravilha do mundo, e o Lietchenstein, Mônaco, Dinamarca e Luxemburgo umas porcarias comparáveis à Somália, ou a Etiópia, que, aliás, não é lá tão pequena assim.
Se tamanho fosse documento em matéria de políticas econômicas, só países grandes teriam boas políticas econômicas, e os pequenos poderiam se contentar com meros improvisos, política feita "nas coxas", de respostas puramente setoriais (como aliás fazem alguns, por aqui).


Onde o nosso comentarista pretendeu chegar com esse desprezo pelo tamanho da Estonia?
Será que quis dizer: deixa prá lá, eles são tão pequenos que nunca poderão servir de referência econômica para um país tão grande como o Brasil?
Portanto, já estamos sabendo: não precisamos do neoliberalismo da pequena Estonia, que não nos serve para nada. Podemos viver muito melhor com o nosso keynesianismo tupiniquim, nosso desenvolvimentismo campineiro, nosso estatismo gigantesco, pois assim estamos muito melhor...


O nosso comentárista acha que tamanho define a qualidade das políticas econômicas.
Acho que ele precisa ler Keynes novamente.
O velho mestre de Cambridge não seria tão primário a esse ponto, tão indigente intelectualmente que se colocasse no papel, ele, o representante de uma ilha de meros 35 milhões de habitantes, dar conselhos a um gigante continental como os EUA, que na sua época já tinham 100 milhões de habitantes.
Como Keynes ousaria fazer isso? Aplicar políticas de uma mísera ilha, "que Deus na Mancha ancorou", num país das dimensões gigantescas, como os EUA?
Ora vejam, olhe o seu tamanho, diria Roosevelt.  Ponha-se no seu lugar, ô seu nânico...
Recolha-se à sua insignificância...
Paulo Roberto de Almeida 

O custo da diplomacia da generosidade: Haiti

Sem comentarios:
Rubens Valente
Folha de S.Paulo, 11/06/2012

O que começou como uma operação emergencial de seis meses, com um custo previsto de R$ 150 milhões, completou no início deste mês oito anos de duração, a um preço de quase R$ 2 bilhões. A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo Lula para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora mais de seis vezes o que foi gasto pelo governo federal com a Força Nacional brasileira entre 2006 e 2012. Além disso, equivale a cerca de dois anos de gastos do principal programa de segurança pública da União, o Pronasci.
O valor de R$ 1,97 bilhão, já descontada a inflação do período, foi obtido pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério da Defesa. A conta total é ainda maior, pois o ministério alegou não dispor de informações sobre auxílios, indenizações e outros benefícios previstos numa lei, criada após a entrada do Brasil no Haiti, que trata da remuneração de militares que atuam em missões internacionais de paz. Mais de 16 mil militares brasileiros estiveram no país desde 2004.
Segundo o levantamento, uma boa parte do dinheiro gasto pelo Brasil no Haiti foi dirigida à modernização de equipamentos. O Brasil adquiriu veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões). Uma parte dos gastos do Brasil no Haiti é reembolsada pela ONU, responsável pela missão de paz. Até outubro de 2010, foram R$ R$ 328 milhões, ou apenas 25% do total (o ministério não repassou números atualizados).
Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. “A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente.” Um dos generais que lideraram a missão no Haiti disse, sob garantia de não ser identificado, que o Brasil “já devia ter pensado em sair” do país caribenho. O oficial reconhece que o Brasil não vai retirar suas tropas “tão cedo” e por uma razão política: a missão é usada como cartão de visitas do Brasil no exterior, como um exemplo de sucesso.

Twilight of gay people in Sao Paulo?: numeros decepcionantes

Quando postei aqui a previsão de um grande jornal paulista conservador -- OK, todo mundo sabe que se trata do Estadão -- a manchete anunciando a previsão de que a parada gay em SP estimava contar com 3 milhões de gays, estava apenas admirado do número de gays e simpatizantes que se mobilizam para.... para o que mesmo?
Ah, sim: "orgulho gay"!
Bem, não sei bem o que é isso, pois eu tenho orgulho apenas de minhas leituras, de minhas produções intelectuais, enfim, daquilo que me faz um pouco melhor e que pode, eventualmente (via docência e publicações), fazer a humanidade ficar um pouco melhor do que ela é, atualmente, por exemplo, diminuindo o grau de estupidez humana e ajudando naquilo que eu chamo de elevação espiritual da humanidade.
Mas, confesso que não tenho nenhum orgulho de ser homem -- OK, branco da elite, já sei, infeliz por não pertencer a nenhuma minoria... -- ou de ser brasileiro, ou ser mais baixo do que poderia ser, ou de ter mais peso do que deveria ter... enfim, esses são dados da natureza, ou do meu mau (ou bom comportamento), nada mais do que isso.
Não entendo, assim, como alguém pode fazer passeata para exibir seu "orgulho gay". Mas se é um "dado da natureza", por que o orgulho?
Por que as pessoas não podem ser gays normalmente, sem incomodar ninguém, bloquear o trânsito, colocar aquelas roupas ridículas que alguns colocam, apenas para exibir seu "orgulho" com algo que não podem mudar?
Recebi um ou outro comentário, a favor e indiferente, mas não pretendia alimentar o debate.
Até que surge esta nova matéria, que me indica, talvez, que essa coisa de passeata por causas ridículas já está passando de moda, cansando as pessoas.
Eles fazem passeata porque estão massacrando gays por aí?
OK, mas isso é caso de polícia, e não acho que se tenha de ter orgulho ou despeito por qualquer coisa...

Evandro Spinelli e Cristina Moreno de Castro
Filha de S.Paulo, 11/06/2012

A 16ª edição da Parada Gay de São Paulo, um dos principais eventos turísticos da cidade, reuniu ontem 270 mil pessoas, de acordo com o Datafolha — 65 mil delas fizeram o percurso inteiro do evento. Pela primeira vez na história, a manifestação teve uma medição de público com caráter científico. O Datafolha inaugurou o método em maio na 28ª Caminhada da Ressurreição, procissão católica por ruas da zona leste da capital. Segundo o instituto, nenhum evento similar no mundo tem medição científica de público. Em alguns países, ele é estimado a partir do lixo produzido. Em outros, pela concentração de pessoas ao longo da parada — este método, no entanto, não leva em conta o público flutuante.
A organização e a Polícia Militar não divulgaram estimativas. Ao fim do evento, porém, o trio elétrico da diretoria da Associação da Parada do Orgulho GLBT anunciou que “com certeza” o ato atingiu público de 4 milhões. A parada saiu do Masp às 13h40, após a execução do hino nacional e discursos da senadora Marta Suplicy (PT) e Fernando Quaresma, presidente da associação. O último trio chegou à praça Roosevelt, no centro, às 18h13.

A universidade brasileira se tornando mais estupida? Provavelmente

O ato corajoso desse engenheiro é digno de elogios. Eu também não gostaria de fazer parte de um clube, de uma associação, de um grupo qualquer ao qual pertencessem pessoas com as quais eu não gostaria de me relacionar, e cujo caráter é amplamente questionável.
Paulo Roberto de Almeida 


Devolução de Diploma à UFF que concedeu honoris causa ao “Doutor” Lula

Roberto de Sousa Salles, Reitor da Universidade Federal Fluminense, comunico que enviei para você nesta data, 7 de maio de 2012, por Sedex (código para rastreamento SI375026628BR), o meu diploma de Engenheiro Industrial Metalúrgico outorgado por essa universidade, anexado a carta no seguinte teor:

Anexado à presente, devolvo a essa universidade, aos seus cuidados, o meu diploma de Engenheiro Industrial Metalúrgico outorgado por essa universidade. Esse diploma foi motivo de grande orgulho para mim, desde quando o conquistei e recebi, até o dia 4 de maio de 2012, quando essa universidade, sub sua regência, outorgou o título de Doutor Honoris Causa a Luiz Inácio “Lula” da Silva.
Não aceito ser bacharel por uma universidade que, por um lado, é tão rigorosa ao selecionar e diplomar seus alunos e, por outro lado, outorga alegremente o título de Doutor Honoris Causa a um indivíduo que ao longo de toda a sua vida pública tem demonstrado reiteradamente profundo desprezo pela educação formal.
Sem levar em conta aspectos éticos e políticos da história desse indivíduo, entendo que qualquer reitor de qualquer universidade que outorgar a ele qualquer título honorífico estará debochando de todos aqueles que concorreram a vagas, cursaram faculdades e se diplomaram nessa universidade. A Universidade Federal Fluminense praticou, sob a sua regência, um ato de vassalagem voluntária que denigre a história da universidade e diminui o mérito de todos que nela conquistaram algum título respeitando a educação formal e se dedicando ao estudo e à aquisição de conhecimento.
A História mostra que muitas pessoas e até mesmo povos inteiros já foram submetidos a vassalagem involuntária. A História mostra também que muitos resistiram e lutaram bravamente contra essa vassalagem involuntária e, independentemente do sucesso ou do fracasso dessa luta, o simples fato de terem resistido e lutado os honra. A grande maioria se acomodou e isso não constitui uma desonra – apenas faz parte da natureza humana. A verdadeira desonra é a vassalagem voluntária – que caracteriza uma minoria que ainda não entendeu e não representa a verdadeira natureza humana.
Preste vassalagem em seu próprio nome. Não envolva a universidade e o seus corpos docente e discente passados, presentes e futuros nos seus atos de vassalagem. Se quer se dar ao desfrute de espojar diante de quem quer que seja, tenha a coragem de fazê-lo em seu próprio nome, sem arrastar no chão a toga da Universidade Federal Fluminense.
Receba, senhor Reitor, o meu profundo pesar e a mais plena reprovação por esse ato.

República Federativa do Brasil, 7 de maio de 2012

Avelino Rui de Oliveira Taveiros, professor da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda, é Engenheiro Industrial Metalúrgico formado na  Décima Terceira Turma da UFF.

O mundo se tornando mais estupido? Certamente, os idiotas aparecem...

Não tenho nenhuma dúvida, agora, de que o mundo está se tornando mais estúpido, graças ao aumento do número de idiotas que conseguem se comunicar pelos modernos meios, e se tornam mais eloquentes, mais ofensivos na expressão de sua estupidez. Assim está plenamente respondida a pergunta que eu fazia alguns anos atrás:

  • Está aumentando o número de idiotas no mundo?

  • E isso se deve, fundamentalmente, ao fundamentalismo religioso, com perdão pela redundância. São os criacionistas, moderna encarnação da intolerância religiosa e da mais abstrusa crença nos livros religiosos, que estão levando o mundo ao retrocesso, talvez parcial, talvez temporário, mas ainda assim uma tragédia para os progressos da ciência no mundo.
    Observem, porém, que o criacionismo não está em contradição com a teoria da seleção natural -- este no nome correto para a evolução darwiniana -- e cabe perfeitamente no seu esquema explicativo.
    Com efeito, o darwinismo não postula uma evolução linear, progressiva e progressista, sempre numa única direção, para o melhor e o mais aperfeiçoado do ponto de vista qualitativo, ou supostamente mais racional.
    Longe disso. O que o darwinismo e a teoria da evolução postulam é que as espécies vão se adaptando aos desafios do meio, e às oportunidades criadas pelo meio -- e pelos acidentes naturais -- para sobreviver, se expandir, dar origem a novas espécies.
    O velho fundamentalismo bíblico, que postulava uma explicação ingênua, baseada inteiramente e literalmente na Gênese para explicar a origem do mundo e a criação das espécies, tinha sido eliminado, por inadequado, dos livros escolares. Agora surgiu uma nova variante, mais preparada tecnicamente, mais sofisticada, e que oferece aos ingênuos, e aos idiotas, uma "explicação" mais "convincente" sobre o mundo, o que os tranquiliza. Isso é darwinismo, e seleção natural.
    Algumas espécies "estúpidas" de dinossauros sobreviveram a outras, supostamente mais fortes ou preparadas, por simples acaso da natureza, antes que outros acidentes eliminassem gregos e goianos saurópodes do mapa da terra. Isso é darwinismo.
    Hoje temos espécies de estúpidos literais sobrevivendo e se expandindo, graças aos recursos da internet, o que permite aos idiotas alcançarem outros idiotas, e os convencerem de que estão "certos" numa escala antes inimaginável.
    O que é preocupante é que os idiotas influenciem os manuais escolares, o que vai inviabilizar os progressos científicos de outros idiotas que se deixarem convencer por eles.
    Isso não é irrecuperável ou fatal, pois a ciência e a racionalidade sempre vão prevalecer, mas que no curto prazo isso atrasa um país, isso atrasa.
    O Brasil é a prova viva disso, quando temos a idiotice do criacionismo também fazendo progressos por aqui. Mas, antes, muito antes, tivemos uma idiotice maior ainda, que continua fazendo progressos: a tal de pedagogia do oprimido, que Paulo Freire, um fundamentalista pouco pedagógico, criou e disseminou por milhares e milhares de pedagogas freireanas pelo Brasil e pelo mundo afora.
    Estamos totalmente na teoria darwiniana e na seleção natural. Para desgosto nosso, dos racionais e científicos, os idiotas estão dominando parcialmente o mundo.
    Um dia passa, mas o mal já está feito, como na Coréia do Sul, como evidenciado na matéria abaixo do Le Monde.
    Paulo Roberto de Almeida 


    Offensive anti-Darwin en Corée du Sud


    J'ai brièvement signalé, il y a quelques jours sur Twitter, un sondage sur l'implantation des idées créationnistes dans les cerveaux américains, en me disant que ce énième rappel d'un phénomène fort connu ne méritait pas plus que d'être signalé en passant. J'ai sans doute eu tort. J'aurais dû consacrer un billet entier à ce sondage car si les médias finissent par se lasser de parler des créationnistes (un peu comme il finissent par ne plus traiter les attentats meurtriers en Irak que dans des brèves routinières), cela constitue une victoire supplémentaire pour ces négationnistes de la science. Ce sondage Gallupdisait donc que 46 % des Américains pensaient que l'homme avait été créé, tel qu'il est aujourd'hui, par Dieu il y a moins de dix millénaires. Un résultat extrêmement stable car, depuis trente ans, ce chiffre évolue dans une fourchette comprise entre 40 et 47 % de la population. A ces 46 %, il faut ajouter sans barguigner la grosse frange (32 %) imprégnée de néo-créationnisme, qui croit dans la version de l'histoire plus subtile selon laquelle l'homme est bien le fruit d'une évolution mais que celle-ci a été guidée par Dieu, lequel a mené des formes de vie moins "avancées" à l'aboutissement magnifique qu'est Homo sapiens.
    Au final, il ne sont que 15 % à penser que la présence actuelle de l'homme sur Terre ne doit rien à Dieu. Il est vrai que le contexte religieux américain n'aide pas, quand on voit qu'un influent télévangéliste texan, John Hagee, se permet d'ordonner aux athées de quitter le pays. Autre exemple : en avril, le Tennessee est devenu, sous la pression du lobby créationniste, le deuxième Etat (après la Louisiane) autorisant les enseignants à proposer en classe des substituts à l'évolution darwinienne, sous le prétexte d'aider les élèves à juger "de manière objective des forces et des faiblesses des théories scientifiques existantes". En faisant mine d'oublier que l'évolution en biologie est un phénomène avéré et non une simple hypothèse...
    La croisade des créationnistes américains ne s'arrête pas aux frontières de leur propre pays. Je ne l'apprends que maintenant grâce à un article publié par Naturemais, en Corée du Sud, une offensive anti-Darwin a porté ses fruits au mois de mai. Une pétition lancée par la Society for Textbook Revise (STR, que l'on pourrait traduire par Société pour la révision des manuels) a demandé le retrait des références à l'évolution darwinienne dans les livres scolaires. Le mois dernier, le ministère sud-coréen de l'éducation, de la science et de la technologie a révélé que de nombreux éditeurs allaient suivre cette pétition qu'il leur avait transmise et publier des versions révisées de leurs manuels. Ne figurerait notamment plus le schéma ci-contre montrant l'évolution du cheval au cours des temps, alors qu'il s'agit d'un excellent exemple du processus évolutif. Comme l'explique le correspondant de Nature à Séoul, le STR a comme objectif affiché sur son site Internet de supprimer des manuels scolaires"l'erreur" que constitue à ses yeux l'évolution, ce afin de "corriger" la vision que les élèves ont du monde qui les entoure. Il fait aussi campagne pour que ne soient plus mentionnées l'idée de l'évolution de l'espèce humaine et les magnifiques observations des becs de pinsons des Galapagos par Darwin, qui l'aidèrent à formuler ses idées sur la spéciation et la sélection naturelle.
    Quel rapport avec les créationnistes américains ? Le STR est en fait une émanation de la Korea Association of Creation Research (KACR), une organisation chrétienne (le christianisme est une des deux principales religions en Corée du Sud) qui constitue elle-même la branche sud-coréenne de l'Institute for Creation Research(ICR). L'ICR a été créé en 1970 au Texas par une des figures les plus importantes du créationnisme américain de la deuxième moitié du XXe siècle, Henry Morris. Cet ingénieur spécialiste de l'hydraulique se fit remarquer en co-écrivant, avec John Whitcomb, ce qui devint un best-seller chez les chrétiens fondamentalistes américains : The Genesis Flood. Paru en 1961, ce livre voulait démontrer qu'il n'y avait pas de désaccord véritable entre la science et une lecture littérale de l'épisode biblique du Déluge : celui-ci pouvait parfaitement s'expliquer, à condition évidemment de remettre en cause les méthodes de datation des roches ainsi que les connaissances sur la géologie et les fossiles. Vendu à 300 000 exemplaires et traduit en plusieurs langues (dont le coréen), The Genesis Flood a été le point de départ du renouveau créationniste, en montrant que la science pouvait "s'adapter" à la religion.
    Le but officiel de l'ICR (et aussi de la KACR) est de s'appuyer sur des personnes au profil scientifique (chercheurs ou ingénieurs) afin de monter des soi-disant programmes de recherche, comme par exemple sur l'âge de la Terre : les 4,5 milliards d'années de notre planète sont en effet difficilement compatibles avec ce que dit la Bible... De la même manière, il est assez succulent de voir les contorsions réalisées pour prouver que l'Univers lui-même n'a que quelques milliers d'années. En réalité, l'objectif principal de ces "recherches" consiste à instiller le doute sur la validité des méthodes scientifiques et leur  meilleure cible, c'est bien entendu la jeunesse. D'où l'offensive menée en direction des établissements et des programmes scolaires par les créationnistes de tout poil, aux Etats-Unis mais aussi en Corée du Sud où ils n'ont, semble-t-il, rencontré aucune véritable résistance... Pour terminer, je vais reprendre, tellement elle est d'actualité, la citation de la journaliste américaine Katherine Stewart, que j'avais donnée dans un précédent billet : "Les nouveaux négationnistes de la science semblent dire que si vous ne pouvez pas faire taire la science, vous devriez faire taire les écoles."
    Pierre Barthélémy (@PasseurSciences sur Twitter)

    Este dia na Historia: Acordo de ajuda EUA a URSS em 1942

    De fato, a ajuda que os Estados Unidos deram à Grã-Bretanha, pelos land-lease agreements de agosto de 1941, junto com a declaração das "nações unidas", seguidas, pouco depois, pela ajuda que ambos os países começaram a dar à União Soviética, invadida pela Alemanha hitlerista em junho de 1941, foram essenciais, eu diria mesmo absolutamente indispensáveis para retornar o curso da guerra na Europa entre 1941 e 1942. Sem essa ajuda, a Grã-Bretanha talvez tivesse sucumbido ao poder nazista e a URSS também talvez tivesse deixado de existir, em face da mais formidável máquina de guerra criada pelo homem até aquele instante.
    A URSS deve sua sobrevivência, ou seja, o regime comunista, unicamente à ajuda ocidental, sem a qual ela teria sucumbido e desaparecido nas dobras da história. Teria sido um mundo diferente, mas talvez um mundo dominado durante muito mais tempo pelo III Reich, que se teria tornado assim mestre absoluto da Eurásia, o continente duplo que domina o mundo. Mesmo os EUA teriam dificuldade em vencer alemães e japoneses sozinhos, ou levariam muito mais tempo, e a um custo humano inimaginável.
    Falando em custos humanos, a única coisa, repito, a única coisa de que Stalin poderia dispor, à sua livre disposição, eram homens, que ele não hesitou em sacrificar terrivelmente. Basta ver, por exemplo, o diferencial de mortos DE GUERRA, entre a Alemanha e a URSS: 5,2 milhões, para a primeira, e 27 milhões para a segunda, de um total geral da guerra que chega a 62 milhões de mortos (dos quais "apenas" 273 mil para os EUA).
    Em todo caso, esses acordos de ajuda, abaixo comentados, significaram a derrota do nazismo, em 3 anos, e a sobrevivência do comunismo soviético por mais 50 anos, ou duas gerações que tiveram de suportar um regime de escravidão humana quase tão desumana quanto o nazismo...
    Paulo Roberto de Almeida 

    Soviet And Britain Sign War And Peace Pact; Molotoff And Roosevelt Plan For 2D Front; Army Fliers Blasted Two Fleets Off Midway



    U.S., Soviet Agree

    Russian, Here Secretly, Maps War Action in 1942 With President

    Lease Pact Signed

    Provides Reciprocal Aid and Plans for a 'Better World'

    U.S., Russia Agree On Actions In War

    By W.H. LAWRENCE
    Special to The New York Times, June 12, 1942

    RELATED HEADLINEA 20-Year Treaty:Mutual Aid Agreement Bars Separate Peace and Annexations: Japan Not Covered: Pact Based on Atlantic Charter Is Hailed by King and Kalinin
    Molotoff's London-U.S. Trip Was Best-Kept War Secret
    No Secret In Pact, British Are Told:Commons Cheers the News of Open Treaty--Agreement Is Hailed as Peace Safeguard
    Big Bombers Won:Routing Japanese Task Force June 4 Vital in Pacific Victory: Carriers Targets: Enemy's Invasion Ships Met and Pounded First Far West of Island
    OTHER HEADLINESStrong Nazi Drive Fought In Ukraine:Russians Report Fierce Battle at Kharkov--Sevastopol Siege Gains Little
    'Gas' Ration Unit Is Doubled To Tide Over 2 Weeks More:Emergency Period Is Extended From June 30 to July 15--OPA Says Time Is Needed to Train for Permanent Plan: Jones Beach Buses Not Curbed by ODT
    House Committee Raises Travel Tax:Doubles Transport Impost, Adds to Cigarette and Cigar Levies--125 Million Gained
    Young Deck Crew Destroys U-Boat:Freighter Gets 3d, Perhaps 5th, Raider Sunk in Caribbean--2 Allied Vessels Lost
    Bir Hacheim Falls to Axis in Libya; Free French Retire After 16 Days
    If in Doubt, Put It Out
    War News Summarized
    Washington, Friday, June 12--The United States and Russia have reached a full understanding on the "urgent tasks of creating a second front in Europe in 1942," and have signed a master lease-lend agreement providing reciprocal defense aid and designed to create "a new and better world" after victory is won, it was announced officially yesterday.
    A White House announcement at midday was the first public revelation that Vyacheslaff M. Molotoff, Soviet Foreign Commissar, had flown secretly to the United States and in several conferences with President Roosevelt and other political and military leaders of the United States Government between May 29 and June 4 had achieved unity on these three main propositions:
    1. The urgent tasks of creating a second front in Europe in 1942.
    2. Measures for increasing and speeding up the supplies of planes, tanks and other kinds of war materials from the United States to the Soviet Union.
    3. Fundamental problems of cooperation of the Soviet Union and the United States in safeguarding peace and security to the freedom-loving peoples after the war.
    "Link in Solidarity Chain"
    At midnight the State Department announced that Secretary of State Cordell Hull and Maxim Litvinoff, the Soviet Ambassador, had signed a master lease-lend pact, which was described as "an additional link in the chain of solidarity being forged by the United Nations in their twofold task of prosecuting the war against aggression to a successful conclusion and of creating a new and better world."
    "The agreement reaffirms this country's determination to continue to supply in ever- increasing amounts aid to the Soviet Union in the war against the common enemy," the State Department announcement said. "The agreement also provides for such reciprocal aid as the Soviet Union may be in a position to supply. But no matter how great this aid may prove to be, it will be small in comparison with the magnificent contribution of the Soviet Union's armed forces to the defeat of the common enemy."
    Washington's two agreements with the Soviet Union were disclosed shortly after similar pacts between the Russians and the British had been announced to the House of Commons by Anthony Eden, British Foreign Secretary, with whom Mr. Molotoff had negotiated secretly before visiting the United States. The Anglo-Soviet agreements included an identical reference to the establishment of a second front and a twenty-year mutual assistance pact against "Hitlerite Germany."
    Japan Not Mentioned
    Neither announcement in Washington mentioned discussions of Russian cooperation in the war of the United States and Great Britain against Japan, with whom Soviet Russia remains at peace, but it was pointed out that no announcement would have been likely under the circumstances even if discussions had taken place. But the master lease-lend agreement, making no mention of the fact that Russia was warring against the Germans and not the Japanese, provided that "the government of the Union of Soviet Socialist Republics will continue to contribute to the defense of the United States of America and the strengthening thereof and will provide such articles, services, facilities or information as it may be in a position to supply."
    Neither Washington nor London indicated just how soon an American-British expeditionary force could be expected to make a landing on the Nazi-held Continent of Europe to recapture lost territory from the Germans and provide a "diversion front" to which German troops, now pressing against Russia, would have to be sent.
    The White House also said that the President and Mr. Molotoff had agreed on measures "for increasing and speeding up the supplies of planes, tanks and other kinds of war materials from the United States to Soviet Russia." It was learned on good authority that Mr. Molotoff carried back to Moscow a new schedule of American lease-lend shipments, replacing the Moscow protocol, which expires June 30.
    It was understood that the new aid schedule placed greater emphasis on finished military mat & eacute;riel, especially tanks and bombers, than the agreement negotiated in October by the Harriman-Beaverbrook mission, which provided primarily for supplies of raw materials.
    Looking toward victory over the Axis, the President and Mr. Molotoff also found unity on "the fundamental problems of cooperation of the Soviet Union and the United States in safeguarding peace and security to the freedom-loving peoples after the war."
    An important feature of the master lease-lend pact was its acceptance of Secretary Hull's battle for the principle of free world trade as an important means of preventing future wars.
    Article VII of the Russian-American agreement, substantially like that signed earlier by Great Britain and China, was as follows:
    "In the final determination of the benefits to be provided to the United States of America by the Government of the Union of Soviet Socialist Republics in return for aid furnished under the Act of Congress of March 11, 1941, the terms and conditions thereof shall be such as not to burden commerce between the two countries, but to promote mutually advantageous economic relations between them and the betterment of world-wide economic relations.
    "To that end they shall include provision for agreed action by the United States of America and the Union of Soviet Socialist Republics, open to participation by all other countries of like mind, directed to the expansion, by appropriate international and domestic measures of production, employment and the exchange and consumption of goods, which are the material foundations of the liberty and welfare of all peoples; to the elimination of all forms of discriminatory treatment in international commerce and to the reduction of tariffs and other trade barriers; and, in general, to the attainment of all the economic objectives set forth in the Joint Declaration made on Aug. 14, 1941, by the President of the United States of America and the Prime Minister of the United Kingdom, the basic principles of which were adhered to by the government of the Union of Soviet Socialist Republics on Sept. 24, 1941.
    "At an early convenient date conversations shall be begun between the two governments with a view to determining, in the light of governing economic conditions, the best means of attaining the above-stated objectives by their own agreed action and of seeking the agreed action of other like-minded governments."
    Other Provisions of Pact
    Other provisions of the lease-lend pact were:
    1. The United States will continue to supply the Soviet Union with war articles, war services and war information authorized by the President.
    2. The Soviet Government will reciprocate with as much aid "as it may be in a position to supply."
    3. The Soviet Government will not transfer lease-lend aid to another country or permit its use by non-Soviet officials or employes without the permission of the President.
    4. The Soviet Government will pay American patent holders when asked to do so by the President.
    5. The Soviet Government will return to the United States lease-lend military equipment desired by this government after the war.
    6. The Soviet Government will receive credit for the war aid it has given this government in determining after the war the benefits it is to provide the United States for lease-lend held.
    7. The agreement supersedes all previous lease-lend agreements between the two countries.
    Nye Cool to Second Front
    Congressional reaction to the agreement between the United States Government and Russia generally was good, although the pre-war leaders in opposition to the President's foreign policy urged caution in opening a second front in Europe, and one of them, Senator Gerald P. Nye of North Dakota, chided "others of our allies" for not opening "a second front before this time." Senator Nye added that "we've got a front or two of our own that we are needing to devote ourselves to most energetically."
    Senator Burton K. Wheeler of Montana, another opponent of the President, said he hoped that "we don't attempt an invasion until we're prepared," but he was in favor of doing "everything we can to get war tools and tanks to Russia now that she's our ally in this war."
    Senator Tom Connally of Texas, chairman of the Senate Foreign Relations Committee, who was among the few officials invited to meet with Mr. Molotoff while he was here, spoke approvingly of the agreement, declaring that the United States must give Russia "every possible aid and assistance in defeating the enemy." He said that Mr. Molotoff's visit here "was very helpful in creating unity between our countries in the prosecution of the war." He said the closest contact and understanding in regard to military operations, "including the ultimate establishment of a western front," was of vast importance to both countries.
    Tydings for Project
    Other comment included:
    Senator Millard E. Tydings of Maryland: "If the military people deem it wise, it certainly looks sensible to me."
    Senator William H. Smathers of New Jersey: "I think a second front ought to be opened immediately--the quicker the better. I don't see any sense in having our troops and the British sitting on the British Isles. I'm in favor of opening a second front as soon as the military experts think it advisable."
    Representative Carl Vinson of Georgia, chairman of the House Naval Affairs Committee: "This is good news; it is to be earnestly hoped that the United Nations can at the earliest possible date open a second front in Europe. I have been of the opinion for some time that the combined resources of England and the United States should be hurled against the Axis by opening up a second front. It is imperative that this be done immediately, for I am of the opinion it will insure victory to the Allied nations."
    Senator Lister Hill of Alabama: "The most momentous and critical place in the whole world battle line is the war on the Russian front. The Molotoff agreement is extremely gratifying."
    Senator Carl A. Hatch of New Mexico: "I am in hearty agreement with supplying all the equipment we can to our Allies. I want a second front opened just as quickly as possible, consonant with military preparedness."
    Wheeler Asks About Peace
    Senator Wheeler: "I feel we should do everything we can to get war tools and tanks to Russia now that she's our ally in this war. I am glad to note that the President and Mr. Molotoff have come to an understanding in helping to maintain peace after the war. What the people would be interested to know is what steps, if any, have been taken to bring about peace. I hope the President and Mr. Molotoff come to an agreement similar to the one that Russia and England entered into--that Russia was not asking territorial aggrandizement and would not in the future interfere with the internal affairs of other nations, as Eden says. I hope that the United States will not attempt an unsound invasion of Europe. I hope we don't attempt an invasion until we're fully prepared. The people of the United States want no Dunkerques."
    Senator Richard B. Russell of Georgia: "A second front is going to have to come to win the war. We should open it as soon as it is possible from a military point of view--without the possibility of a second Dunkerque."

    domingo, 10 de junho de 2012

    Gastos com saude no Brasil, em comparacao internacional - Andre Medici


    No dia 6 de junho - o Estadão publicou o artigo "Quanto o Brasil deve Gastar em Saúde", onde o especialista André Medici utiliza alguns dados
    mostrando qual a situação do gasto em saúde no Brasil em relação ao mundo e à América Latina. 
    O artigo do Estadão pode ser visto neste link:

    Em seu blog Monitor de Saúde (http://www.monitordesaude.blogspot.com), o mesmo especialista complementa estas comparações com gráficos e tabelas que podem dão
    algumas evidências do que figura no artigo, além de outros temas.
    Vale a pena conferir. 
    É só clicar neste link:

    A tragedia educacional brasileira: piorando em todos os níveis, do pre ao pos - Simon Schwartzman

    Um artigo do conhecido especialista em educação, precedido de um comentário pessoal de meu amigo Mauricio Dias David: 



    Simon Schwartzman é um dos mais respeitados sociólogos brasileiros. E um grande especialista em educação. Esteve também um período à frente do IBGE, nos anos 90. Tudo o que o Simon escreve merece uma reflexão atenta. Faz alguns anos, em um almoço em uma tarde de sábado na casa da Ana Célia e do Antonio de Barros Castro, em Itaipava, êle me comentou a sua receita para o sucesso da sua administração à frente do IBGE : " agi como uma rainha da Inglaterra, constituí uma boa diretoria de técnicos e procurava interferir o mais mínimo possível na administração da instituição". Adequados preceitos, cuja sabedoria se ressalta ainda mais em uma época de administrações intervencionistas em que o "professor" tal ou qual ( fico indignado quando tal qualificativo é usado fora do seu contexto de homem dedicado à propagação do saber...) é glorificado por muitos por ficar apontando "campeões nacionais" aqui e acolá... Mas voltando ao texto do Simon, sua leitura é proveitosa e incita à reflexão. Mas as suas conclusões são assustadoras ( pelo menos para quem se preocupa com o futuro da educação pública no Brasil) : " o mais provável é que as universidades federais continuem a se esgarçar, com greves sucessivas e piora nas condições de trabalho dos professores e de estudo para os alunos, abrindo espaço para que o setor privado ocupe cada vez mais o segmento de educação superior de qualidade, como ocorreu no passado com o ensino médio.". Previsões assustadoras e ameaçadoras, justamente no momento em que o nosso País vive jornadas cruciais para a definição do papel da educação, da pesquisa e da inovação na definição do futuro que nos será permitido construir...
    Mauricio Dias David

    Posted: 09 Jun 2012 03:25 PM PDT
    A greve das universidades federais não é um evento isolado, mas parte de um processo que, infelizmente, tem tudo para acabar mal. Para entender, é importante lembrar que, diferentemente da maioria dos outros países da América Latina, o Brasil nunca teve grandes universidades nacionais abertas para todos que concluem o ensino médio, e optou, desde o início, por universidades seletivas, abrindo espaço para o crescimento cada vez maior do ensino superior privado, que, com seus cursos noturnos, de baixo custo e sem vestibulares difíceis, acabou atendendo à grande demanda por ensino superior de pessoas mais pobres e sem condições passar nos vestibulares e estudar de dia, que o setor público não atendia. Hoje, apesar do esforço do governo federal em aumentar a matrícula em suas universidades, 75% dos estudantes estão do setor privado.
    Com um setor público pequeno e seletivo, as universidades brasileiras conseguiram criar um corpo de professores de tempo integral e dedicação exclusiva, desenvolver a pós-graduação e criar muitos cursos de qualidade, coisas que quase nenhum outro país da região conseguiu. Mas, como parte do serviço público, elas possuem um sistema homogêneo de contratos de trabalho, regras e promoção de professores e programas de ensino que não tomam em conta o fato de que elas são, na verdade, muito diferentes entre si – algumas têm programas de qualidade de graduação e pós-graduação em áreas dispendiosas como engenharia e medicina e fazem pesquisas relevantes, enquanto outras simplesmente copiam os modelos organizacionais, as regras de funcionamento e os custos das primeiras, com muito pouco de sua cultura institucional e conteúdos. Com a generalização dos contratos de tempo integral e a estabilidade dos professores, os custos subiram, sem mecanismos para controlar a qualidade e o uso adequado de recursos, que variam imensamente de um lugar para outro, independentemente de resultados.
    Na década de 90, com Paulo Renato de Souza como Ministro da Educação, houve algumas tentativas de colocar esta situação sob controle, introduzindo um sistema de avaliação de resultados (o provão), vinculando parte do salario dos professores ao número de aulas dadas, e tentando introduzir legislação dando às universidades autonomia não somente para gastar, mas também para assumir a responsabilidade pelo uso eficiente dos recursos públicos através de orçamentos globais, e tentando fazer valer a prerrogativa do governo federal de escolher reitores a partir das listas tríplices selecionadas pelas universidades. Estas políticas encontraram grande resistência, os orçamentos globais nunca foram instituídos, o “provão” na prática só afetou alguns segmentos do setor privado, e o conflito entre as universidades e o governo no episódio da nomeação do reitor da UFRJ, em um tempo em que os salários não aumentavam, mobilizou grande parte dos professores, alunos e administradores das universidades federais contra o Ministério da Educação e o governo Fernando Henrique Cardoso.
    Nos primeiros anos do governo Lula as relações das universidades federais com o governo passaram por um período de lua de mel: tudo era concedido, e nada era cobrado. A gratificação de docência foi incorporada aos salários, que passaram a crescer graças à melhora da economia e do aumento geral dos gastos públicos; o “provão” foi substituído por um pretencioso sistema de avaliação, o SINAES, que demorou em se organizar e continuou sem afetar as instituições federais; e a nomeação dos reitores eleitos internamente pelas universidades se transformou em regra. Para atender à demanda crescente por educação superior, o governo comprou vagas no setor privado com o Prouni, em troca de isenção de impostos, aumentando cada vez mais a proporção de estudantes no setor privado. Ao mesmo tempo, o governo iniciava uma política de expansão do acesso às instituições federais, primeiro com a introdução de cotas raciais e sociais, depois com a criação de novas instituições e a abertura de novas sedes das universidades existentes, e finalmente com o programa Reuni que, em troca de mais recursos, exigiu que as universidades federais praticamente duplicassem o número de vagas abrindo novos cursos, sobretudo noturnos, e aumentassem o número de aulas dadas por professor. Ao mesmo tempo, os antigos centros federais de educação tecnológica, os CEFETs, foram transformados em Institutos Federais de Tecnologia e equiparados às universidades em termos de custos e prerrogativas. Segundo dados do INEP, o gasto por aluno do governo federal passou de 9 mil reais ao ano em 2001 para 18 mil em 2010, acompanhando a inflação. Como o número de alunos do sistema federal duplicou nestes dez anos, devendo estar hoje em cerca de um milhão, os custos do sistema aumentaram na mesma proporção em termos reais, embora o número de formados tenha aumentado pouco. Só o programa REUNI custou 4 bilhões de reais, metade para investimentos e outra metade que passou a se incorporar ao orçamento das universidades federais.
    Esta política de expansão acelerada não obedeceu a nenhum plano ou avaliação cuidadosa sobre prioridades, abrindo instituições aonde não havia demanda, admitindo alunos antes de existirem os edifícios e instalações adequadas, forçando as universidades a criar cursos noturnos e contratar mais professores mesmo quando não haviam candidatos qualificados, e sobretudo sem preparar as universidades para lidar com alunos que chegavam do ensino médio cada vez menos preparados. Ao mesmo tempo, a necessidade de contenção de gastos do governo Dilma tornou impossível atender às expectativas de aumento salarial dos professores, gerando um clima generalizado de insatisfação revelado pela greve.
    É possível que a greve leve a algumas concessões salariais por parte do governo federal, como costuma acontecer, mas o efeito mais visível deste tipo de movimento é o de prejudicar os estudantes e professores mais comprometidos com o estudo e pesquisa, levando à desmoralização das instituições, sem que as questões de fundo sejam tocadas. A principal questão de fundo é a impossibilidade de o setor público continuar se expandindo e aumentando seus custos sem modificar profundamente seus objetivos e formas de atuação, diferenciando as instituições dedicadas à pesquisa, à pós-graduação e ao ensino superior de alta qualidade, que são necessariamente mais caras e centradas em sistema de mérito, das instituições dedicadas ao ensino de massas em carreiras menos exigentes, que é onde o setor privado atua com custos muito menores e qualidade pelo menos equivalente. Esta é uma tese que provoca enorme reação nas instituições federais e os sindicatos docentes, que querem sempre continuar iguais e niveladas por cima em seus direitos, embora esta nivelação não exista em relação aos resultados. Mas a conta, simplesmente, não fecha.
    Uma diferenciação efetiva exigiria limitar os contratos de trabalho de tempo integral e dedicação exclusiva às instituições que consigam demonstrar excelência em pesquisa, pós-graduação e formação profissional; introduzir novas tecnologias de ensino de massas e à distancia, aumentando fortemente o número de alunos por professor; e criar mecanismos efetivos que estimulem as instituições a definir seus objetivos, trabalhar para eles, e receber recursos na proporção de seus resultados. Um exemplo do que poderia ser feito é o processo de Bologna que está ocorrendo na Europa, que cria um primeiro estágio de educação de superior de massas de três anos, com muitas opções, e depois as instituições se especializam em oferecer cursos avançados de tipo profissional e científico conforme sua vocação e competência. É necessário, também, criar condições e estimular as instituições federais a buscar recursos próprios, inclusive cobrando anuidades dos alunos que podem pagar. Esta diferenciação exigiria que as universidades federais fossem muito mais autônomas e responsaveis pelos seus resultados do que são hoje, sobretudo na gestão de seus recursos humanos e financeiros, o que se torna impraticável quando os salários dos professores são negociados diretamente entre os sindicatos e o Ministério da Educação e as tentativas de diferenciar benefícios e financiamento em função do desempenho são sistematicamente combatidas.
    Se nada disto for feito, o mais provável é que as universidades federais continuem a se esgarçar, com greves sucessivas e piora nas condições de trabalho dos professores e de estudo para os alunos, abrindo espaço para que o setor privado ocupe cada vez mais o segmento de educação superior de qualidade, como ocorreu no passado com o ensino médio.
    (Simon Schwartzman)