O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 14 de julho de 2013

Encontros Petrarca em Montpelier: terrorismo, seguranca, geopolitica (Le Monde)


Le programme des XXVIIIes Rencontres de Pétrarque

LE MONDE |  • Mis à jour le 
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Organisées par France Culture et Le Monde, sur le thème "Guerre ou paix ?", les XXVIIIes Rencontres de Pétrarque se tiendront du 15 au 19 juillet à Montpellier, au Rectorat Cour Soulages, rue de l'Université, de 17 h 30 à 19 h 30. Entrée libre.

Organisées par France Culture et Le Monde, sur le thème "Guerre ou paix ?", les XXVIIIes Rencontres de Pétrarque se tiendront du 15 au 19 juillet à Montpellier, au Rectorat Cour Soulages, rue de l'Université, de 17 h 30 à 19 h 30. Entrée libre. Rencontres animées par Emmanuel Laurentin (France Culture) et Jean Birnbaum (Le Monde).

Lundi 15 juillet
Après les révolutions arabes, guerre ou paix ?
Leçon inaugurale : Gilles Kepel.
Mardi 16 juilletPourra-t-on en finir avec les terroristes ?
Mario Bettati, juriste, spécialiste du droit international ; Olivier Christen, vice-procureur près le tribunal de grande instance de Paris, et Anne Nivat, grandreporter.
Mercredi 17 juillet
A quoi ressemblera la guerre du futur ?
Michèle Alliot-Marie, seule femme politique a avoir occupé les quatre ministères régaliens (défense, intérieur, justiceaffaires étrangères) ; Vincent Desportes, général de division, professeur associé à Science Po ; Béatrice Heuser, universitaire spécialiste des relations internationales.
Jeudi 18 juillet
La nouvelle géopolitique des conflits.
Ariel Colonomos, politologue, spécialiste de l'éthique des relations internationales ; Bernard Kouchner, ancien ministre des affaires étrangères ; Valérie Niquet, politologue, spécialiste de l'Asie.
Vendredi 19 juillet
Mémoire des guerres, paix des mémoires.
Daniel CordierAnnette Wieviorka et Joseph Zimet, historiens.

Diffusion de ces débats sur France Culture du lundi 22 juillet au vendredi 26 juillet de 19 heures à 20 heures.
Renseignements : franceculture.fr



Democracy in Egypt: is it possible? - Carol Giacomo (The New York Times)

EDITORIAL
Is Democracy Possible in Egypt?

Hussein Malla/Associated Press
Supporters of Mohamed Morsi, Egypt’s former president, protesting in Cairo on July 10, a week after his ouster by the military.


There is a poll on the Muslim Brotherhood’s English language Web site that asks whether the group should participate in any future election in Egypt. The right answer is yes. But the Brotherhood may not get the chance. After overthrowing President Mohamed Morsi on July 3, the army has tried to crush the Brotherhood, making it hard to see how its members could be enticed to rejoin the political fray or, even if they could be, whether other Egyptian factions would let them compete.
Egypt is the largest and most important country in the Arab world. How it evolves politically and economically will have an enormous impact on stability in the Middle East and will serve as a template for other countries in the region. Euphoria over the Arab Spring and its potential for constructive change subsided long ago, but the alarming events of the past 10 days have raised serious questions about what democracy means and, in Washington at least, questions about whether it can take root in Egypt — ever.
It has been especially surprising to watch many Egyptians and Americans try to cast a military coup — which is what the army executed when it deposed Mr. Morsi, detaining him and many of his Brotherhood allies — as a democratic tool. The Obama administration, hoping to avoid a legally mandated cutoff of United States aid to Egypt, thus further inflaming anti-Americanism there, has used tortuous rhetoric to avoid calling a coup a coup, or even condemning it. So have many lawmakers and analysts who say the surest way to protect American interests in the Egypt-Israel peace treaty, the Suez Canal and Egypt’s cooperation in countering terrorism is to work with the army, Egypt’s most powerful institution.
A different but equally pragmatic case is made by Egyptian liberals, secularists and non-Islamists who bravely took to the streets to force the overthrow of President Hosni Mubarak in 2011, voted (in many cases) for Mr. Morsi, then turned against him. As Mr. Morsi proved increasingly eager to impose Islamic authoritarianism on the country, the opposition said it collected more than 20 million signatures on a petition demanding his removal (surpassing the 13 million votes Mr. Morsi won in the 2012 election ) and rallied millions of protesters. In their analysis, the army was simply honoring the people’s will when it forced Mr. Morsi out. Some Egyptians say they will do that again if the next president also fails them.
The basic flaw in these arguments is that coups, forcible overthrows, whatever one calls them, do not provide a foundation for stability or sound representative government. And unlike Mr. Mubarak, Mr. Morsi was not an autocrat imposed by the army, but the country’s first freely elected president. True, he was a disastrous leader. But as The Times has reported, remnants of Mr. Mubarak’s old order worked hard to sabotage him. It would have been better if his opposition, including the protesters, had worked to defeat him at the ballot box.
Many Egyptians say they want a second chance to begin building a “real democracy,” with guaranteed equal rights for all and a separation of religion and politics. They deserve it. But it seems unlikely that the army, which has played a dominant role since 1952 and is now back in control, will help them reach that goal. In addition to appointing the leaders of a new interim government who may or may not have any real power, the generals have dictated a conservative, pro-military interim constitution and set a rushed timetable for elections.
Elections alone, of course, are not enough, as the Morsi debacle proved. Egypt is facing daunting economic and social problems, and it needs to find a consensus way forward to build the institutions — judiciary, electoral system, schools — that allow all citizens a say in civic life, protect against autocratic leaders, and adapt and endure over time. One American analyst, Walter Russell Mead, says the White House should “purge all short- or even medium-term thoughts of promoting Egypt’s transition to democracy.” But that would only ensure that the newly empowered old order retains the upper hand. It remains distressingly unclear whether President Obama believes that promoting Egyptian democracy is a priority of American foreign policy. It should be.


A version of this editorial appeared in print on July 14, 2013, on page SR10 of the New York edition with the headline: Is Democracy Possible in Egypt?.

Resultados do Mercosul: protestos sobre aviao e espionagem; e o comercio? - Celso Ming

Esqueceram do comércio?
Abandonaram de vez a economia?
Deixaram de lado as tarifas externas e a liberalização interna?
Nada sobre negociações comerciais relevantes?
Enfim, isso tudo é secundário e na verdade não tem a menor importância.
O principal, o urgente, o fundamental é reclamar dos europeus por causa do avião do Morales, e do Big Brother do norte que fica metendo o bedelho nas nossas comunicações.
É justamente isso aí que justifica, legitima, potencializa as reuniões presidenciais.
Afinal de contas, presidentes não precisam ficar tratando de assuntos menores, isso pode ficar para os burocratas.
Presidentes, e presidentas, tem mesmo é de se ocupar de questões importantes como essas...
Paulo Roberto de Almeida

Desfigurado

13 de julho de 2013 | 2h 09
CELSO MING - O Estado de S.Paulo
Desta vez, a pauta política caiu das nuvens sobre o colo dos dirigentes do Mercosul, no encontro de ontem em Montevidéu, capital do Uruguai.
As denúncias e os protestos contra a espionagem sistemática dos Estados Unidos e contra a inexplicável interdição do avião do presidente Evo Morales, da Bolívia, na Europa foram o ponto alto das intervenções da reunião.
E isso tem o lado ruim, na medida em que o Mercosul vai perdendo de vista seu principal objetivo, que é a integração econômica e comercial, para se tornar um organismo político de eficácia duvidosa.
Antes que alguém possa ter um entendimento equivocado sobre o que ficou dito, convém pontuar que a política de espionagem sistemática do Grande Irmão, exercida pelo Prêmio Nobel da Paz, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, merece o repúdio dos governantes e das instituições. Mas, decididamente, o Mercosul não é o fórum adequado para o que tem de ser feito.
Há questões econômicas e comerciais relevantes a discutir e colocar em ordem. A Argentina, por exemplo, vem impondo travas injustificáveis ao comércio intrabloco, que pelos tratados precisa ter livre fluxo.
A Tarifa Externa Comum (TEC), o conjunto de tarifas alfandegárias que incidem sobre mercadorias de fora do bloco e que teriam de ser uniformes para os países sócios, está hoje inteiramente desfigurada. O presidente do Uruguai, José Mujica, já observou que a TEC "virou um chiclete".
A integração comercial dentro do Mercosul não só deixou de evoluir; está em retração. Pior ainda, as negociações do bloco com o resto do mundo seguem bloqueadas. A condição de união aduaneira implica união comercial. Impede que cada um dos seus membros negocie acordos comerciais em separado com outras áreas e outros parceiros comerciais.
Com isso, o Brasil não consegue nem sequer abrir negociações. É um dos fatores que vêm fechando mercados para a indústria, num momento em que outros países seguem acertando acessos preferenciais entre si. Esta é a ocasião em que os dois maiores mercados do mundo, Estados Unidos e União Europeia, por exemplo, negociam o maior acordo de abertura comercial do Planeta. Também se forma agora outro bloco latino-americano, a Aliança para o Pacífico, que engloba México, Chile, Peru e Colômbia, com muito mais dinamismo que o Mercosul. E sempre que se abre preferência à indústria dos outros, a indústria nacional é que sai perdendo.
A solução imediata para o Mercosul, não custa repetir, é seu rebaixamento temporário à condição de área de livre-comércio, estágio de integração anterior ao da união aduaneira, que está longe de ter sido completado. Teria por objetivo liberar cada um dos seus membros para novas negociações, essenciais para garantir mercado e competitividade para a indústria.
Na falta de ações concretas, as cúpulas do Mercosul vêm-se limitando a ser encontros destinados à foto tradicional, à produção de espuma e a alguma performance política, quase sempre de impacto insignificante, porque destituída de densidade econômica.

Orcamento publico no Brasil: um livro sobre a reforma necessaria - Fernando Rezende, Armando Cunha

Do blog do economista Mansueto Almeida:

Livro FGVHá anos venho participando de debates na Escola de Administração Pública (EBAPE) e no Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), ambos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro. Dos meus debates na EBAPE junto com o meu colega e ex-presidente do IPEA, Fernando Rezende, e com o professor Armando Cunha surgiu o desafio para estudarmos com mais cuidado problemas do orçamento no Brasil e do gasto público.  Os dois organizaram vários debates e depois de várias reuniões cada participante escreveu um texto que está reunido aqui neste livro lançado agora pela editora da FGV.
Eu escrevi um texto longo – o capítulo 3  com quase 100 páginas – no qual tento explicar toda a dinâmica do gasto público federal de 1991 até 2011, para uma pessoa que nunca estudou finanças públicas, mas quer entender o debate sobre o crescimento do gasto público federal. Assim se você não sabe absolutamente nada desse debate o meu capítulo pode ajudá-lo a participar do debate. E se você já participa do debate você vai saber um pouco mais dos detalhes do debate fiscal.
Assim, espero que alguns de vocês tenham a chance de ler o livro. E para eu não fazer propaganda enganosa, se você quiser saber o que abordo no meu capítulo para ver se eventualmente lhe interessa segue anexa a introdução do capítulo que escrevi (clique aqui). Quem tiver fôlego para ler espero que goste do livro e do meu capítulo: Estrutura do gasto público no Brasil: evolução histórica e desafios.
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O texto citado acima encontra-se disponível neste link: 



A frase da semana: Roger Scruton e a verdade subversiva

Educação real sempre é, em certa medida, subversiva. A posição padrão da humanidade é a conformidade ideológica e a busca da verdade é sempre ameaçadora. Hoje nós vivemos em um mundo com valores socialistas moderados, aceitação acrítica da igualdade e uma suspeita institucionalizada para com o sucesso, a distinção e a alta cultura; este tipo de coisa tomou conta de nossas universidades. Hereges são perseguidos, como sempre foram, e os mesmos têm que trabalhar secretamente ou em algum grau de privacidade. Mas eles também se alegram com isso, pois esta é a prova de que estão certos.

Roger Scruton, entrevista à revista Vilanova, 10/07/2013
http://revistavilanova.com/entrevista-com-o-filosofo-roger-scruton/

Addendum: definição rápida de Scruton sobre o conservadorismo:
"O conservadorismo significa encontrar o que você ama e agir para proteger isso. A alternativa é encontrar o que você odeia e tentar destruir. Certamente a primeira alternativa é um modo melhor de viver do que a segunda."

E, para completar com Scruton: 
"...Brasília, aquele ícone internacional da alienação urbana..."

sábado, 13 de julho de 2013

Petrobras adere 'a "contabilidade criativa" do governo, a maquiagem dos numeros - Eduardo Tavares

Mercado deve reagir mal à “contabilidade criativa” da Petrobras, diz Itaú

 Eduardo Tavares | Arena do Pavini12/07/2013
Petrobras anunciou ontem mudanças em sua estrutura contábil para mitigar os efeitos da valorização do dólar frente ao real. Segundo a analista do Itaú Unibanco Paula Kovarsky, “apesar de essa contabilidade criativa aumentar dividendos para detentores de ações ordinárias (ON, com voto)”, o mercado deve reagir negativamente às mudanças.
Segundo comunicado enviado ao mercado ontem, a estatal passará a adotar um procedimento contábil conhecido como CPC38, que permite reduzir os efeitos da variação cambial sobre as dívidas em dólar no seu balanço. A medida ajudará a Petrobras a melhorar seu resultado no segundo trimestre, já que boa parte da dívida da estatal é em dólar.
A aplicação dessa regra contábil diminui a exposição líquida da Petrobras ao dólar em 70%, passando de R$ 100 bilhões para R$ 30 bilhões. Segundo Paula, com a nova regra, o impacto negativo da variação monetária no segundo trimestre deve diminuir de R$ 10 bilhões para R$ 3 bilhões. “Em outras palavras, o lucro líquido do segundo trimestre, que provavelmente ficaria próximo de zero antes da adoção da CPC38, agora deve ficar ao redor de R$ 4,5 bilhões”, diz, em relatório enviado a clientes.
Mesmo com esse efeito positivo no balanço da Petrobras, a analista do Itaú Unibanco acredita que osinvestidores reagirão de forma negativa. “Duvidamos que os investidores receberão bem mudanças na contabilidade que criam números”, afirma. “Isso limita a transparência, o que não é bom.”
A mão do governo federal
A analista lembra que a mudança pode ter sido motivada pela necessidade de aumentar os dividendos pagos pelas empresas estatais, a fim de elevar o saldo primário do orçamento público. O resultado fraco, esperado caso as mudanças não fossem feitas, diminuiria os dividendos a serem pagos ao governo, que detém principalmente ações ON (estas ações não são protegidas pelas mesmas regras de dividendo mínimo que se aplicam às da classe PN).
O banco mantém a recomendação de “market perform” (desempenho na média do mercado, ou “manter”) para as ações da Petrobras, e estima um preço justo de R$ 24,2 por ação preferencial (PN, sem voto). “Esperamos estreitamento na razão entre as duas classes de ação, uma vez que essa mudança contábil mitiga o efeito negativo da depreciação do real sobre os dividendos pagos aos detentores de ações ON”, observa Paula.
No pregão de hoje, por volta das 15h, as ações ON da Petrobras caíam 1,01%, negociadas a R$ 15,15, e os papéis PN caíam 1,46%, chegando a R$ 15,92. O Índice Bovespa caía 1,69%, chegando a 46.624 pontos.

Paulo Maffioletti ·  Quem mais comentou · Jaboatão
Para os grandes acionistas o que interessa é o fundamento econômico da empresa, que ao empregar recursos modernos de contabilidade para apresentar lucro virtual, demonstra cada vez mais sua fragilidade global diante de mandos & desmandos de um autoritário e despreparado governo.como o investidor se liga em tendência e credibilidade, que estão em baixa, o valor das ações baixará e flutuará, apresentando repiques e volatilidade. assim como o valor de uma empresa é dado pelo valor de suas ações x quantidade (governo+ particulares), podemos dizer que o valor de mercado da PETROBRAS hoje vale 1/3 do que valia há 5 anos, apesar de todos os investimentos. desprovida de fundamento econômico e sem poder pagar dividendos (sem lucro REAL não há dividendos e nem juros sobre capital próprio) as ações deixam de ser estratégicas para assumirem o papel de especulativas: tabaratim , comprei, subiu, vendi. com a bolsa em baixa e a SELIC em alta, a caderneta de poupança vai aumentar a captação.resumindo: LUCRO CONTÁBIL não funciona para investidores porque como não há lucro real , não há dividendos. VAMOS PARA A POUPANÇA. até o colchão é mais seguro.
Mário Moises Borges ·  Quem mais comentou · Gerente Geral na empresa Banco do estado da bahia s/a
O nome da empresa deve mudar para. PTXBRAS.
Antonio Souza · Stanford University
Com o tempo a tendência é acontecer o mesmo que com a Eletrobras; tomar dinheiro emprestado ao BNDES para pagar dividendos. Está tudo errado isso aí. Um mundo de fantasias.

Dezoito razoes para ser pessimista com o Brasil - Luís Stuhlberger

Eu até acho poucas essas 18 razões e seria capaz de acrescentar outras mais.
Sou bem mais pessimista do que o economista Stuhlberger, uma vez que ele foca em questões mais quantitativas, mensuráveis. No plano qualitativo, quando se constata o atraso mental dos políticos, o estado lamentável das nossas universidades, impossível não ficar ainda mais pessimista.
Paulo Roberto de Almeida 

Stuhlberger dá 18 motivos para continuar pessimista com o Brasil


 Angelo Pavini | Arena do Pavini
Luis Stuhlberger, gestor da Hedging Griffo - Germano Lüders/Exame.com
Gestor do Verde, maior fundo multimercado do Brasil e um dos maiores fundos hedge do mundo, com mais de R$ 10 bilhões de patrimônio, Luís Stuhlberger, do Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), está pessimista com o Brasil há três anos, e diz que vai continuar assim, como deixa claro no relatório de gestão de junho.
A aposta negativa vem dando resultado, já que o fundo tem conseguido se manter entre os mais rentáveis do mercado. Neste ano, acumula ganho de 5,90% até junho, bem acima dos 3,43% do CDI, referencial do juro de mercado. Isso apesar de investir uma parcela do patrimônio em bolsa em um ano em que o Índice Bovespa perdeu 22,14%. Em junho, o Verde teve perda de 0,51%, mês em que o Ibovespa recuou 11,30%. Em 12 meses, o Verde teve ganho de 15,36%, para 7,20% do CDI.
Boa parte do ganho do fundo veio da estratégia de evitar ações brasileiras e diversificar a carteira com investimentos no exterior, além de operações de proteção nos mercados locais de juros e decâmbio, explica o gestor. A aposta na alta do dólar e dos juros ajudaram o fundo a ganhar em maio e, mais ainda, em junho.
Dezoito pontos de pessimismo
Em seu relatório mensal, Stuhlberger listou 18 motivos para continuar pessimista, no que ele chama de “sinais evidentes do colapso do modelo econômico brasileiro”. São coisas que, segundo ele, aconteceram ou podem acontecer.
1) PIB do triênio 2011/2012/2013 estagnado na faixa de 2% ao ano ou menos e sem perspectiva de melhora.
2) Estímulos fiscais e creditícios em quantidades significativas, oferecidos pelo governo, surtem pouco efeito.
3) Inflação sem desonerações rodando entre 7% a.a. e 8% a.a.
4) Demanda de consumo moderada somada à oferta insuficiente geram inflação endemicamente alta.
5) Deterioração da conta-corrente, mesmo com os termos de troca ainda altos, piora continuamente nosso câmbio de equilíbrio.
6) “Good inflation” (inflação de serviços – inflação de duráveis) termina, o que diminui a popularidade presidencial.
7) Esqueletos em bancos públicos, subsídios a educação universitária, energia e transporte geram potencial aumento (“guestimating”) de 10 a 15 pontos na dívida líquida em relação ao PIB quando forem reconhecidos.
8) Sustentabilidade fiscal de longo prazo pode ser colocada em xeque, dado o risco de diminuição de arrecadação de impostos nos anos vindouros. Despesas com pouca margem de compressão continuam crescendo em termos reais.
9) Provável rebaixamento por agências de classificação de risco de crédito.
10) Pacto federativo entre União, Estados e municípios, com tensões crescentes, causadas pelas necessidades pós-manifestações de investimentos relevantes em educação, saúde e mobilidade urbana.
11) Investimento Estrangeiro Direto (IED) deve diminuir no próximo ano, dada a incerteza eleitoral.
12) Relações entre PT e base aliada deteriorando-se continuamente.
13) Surgimento de candidaturas “ético-sonhadoras-populistas” x “socialismo do século XXI”.
14) O PT fará todos os esforços para ganhar a eleição presidencial, e a conta que sobrará para 2015 será relevante.
15) Carga tributária de 36% do PIB, com impostos sobre produção e consumo beirando 15% do PIB.
16) A falta de competitividade e os 20 anos de investimento em um patamar de 4% do PIB a menos do que deveria deixam-nos em uma situação frágil perante outros países emergentes, como Coreia, México, Chile etc., além do renascimento industrial americano.
17) Ameaça de novos impostos, como: CPMF versão século XXI etc. para tentar manter o equilíbrio fiscal.
18) Ausência total de debate sobre reforma trabalhista e agenda “realmente” positiva.
“Por todos esses 18 pontos que citamos e mais alguns que devemos ter deixado passar”, afirma o relatório, “as opcionalidades continuam do lado negativo/defensivo”.

Nepotismo, patrimonialismo, fisiologismo: adivinhem de quem estamos falando?

Obviamente do sistema político-partidário brasileiro, que se manifesta num ministério de 39 ministros (e mais um só para propaganda) e mais de uma dezena de partidos...
Paulo Roberto de Almeida

Partidos políticos e nepotismo

Editorial O Estado de S.Paulo, 16 de junho de 2013
O que é um partido político? Numa definição geralmente aceita pelo senso comum, partido político é uma organização de direito privado constituída por cidadãos voluntariamente reunidos em torno de ideias que compartilham e, movidos pelo espírito público, empenhados em conquistar o poder político para implantar essas ideias. No Brasil, o artigo 17 da Constituição Federal estabelece que "é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana". Essa é a teoria. Mas a regra geral, com as exceções de praxe, no sistema partidário brasileiro, é a falta de espírito público e o predomínio do "aparelhamento", do fisiologismo, do interesse pessoal ou de grupos. E uma das mais acintosas e deploráveis manifestações dessa distorção é o nepotismo dominante na organização de grande parte dos pequenos partidos políticos.
Levantamento realizado pelo jornal O Globo (9/6), revela que nos 30 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram encontrados pelo menos 150 familiares dos "donos" da legenda em cargos de direção, geralmente remunerados. São cônjuges, pais, irmãos, tios e primos que ocupam os principais postos de comando. Funções remuneradas com recursos provenientes, quase exclusivamente, do Fundo Partidário. Ou seja, é dinheiro público que remunera a atividade privada - partido político, vale a pena repetir, é entidade privada - de membros dos clãs familiares que dominam boa parte dos partidos existentes no País.
O sistema partidário brasileiro é produto do paternalismo e do patrimonialismo que historicamente predominam na organização social e política do País. O paternalismo se manifesta na convicção generalizada, reforçada pelo viés ideológico, de que cabe exclusivamente ao governo resolver todos os problemas do País. Ou seja, a sociedade não precisa, ou melhor, não deve ser agente de sua própria história, ter participação ativa na promoção do bem comum. Basta que aceite passivamente a condição de beneficiária das dádivas dos poderosos.
Desse paternalismo decorre quase que naturalmente o patrimonialismo, entendido como a inexistência de distinção entre o público e o privado, que faz a alegria dos políticos inescrupulosos para quem a atividade pública é facilitadora, quando não apenas um meio eficiente para a acumulação de riqueza material.
Sendo essa a mentalidade predominante na chamada "classe" política - há muitas e notáveis exceções, claro -, é inevitável que ela se reflita na organização partidária, como o demonstram a feudalização e o domínio de muitas legendas por clãs familiares.
A mais nefasta manifestação do paternalismo e do patrimonialismo no sistema partidário brasileiro se explicita no fato de que, basicamente, as legendas sobrevivem à custa de recursos públicos, embora sejam, por definição, entidades de direito privado. O Tesouro patrocina fortemente as campanhas eleitorais, por meio da renúncia fiscal oferecida às emissoras de rádio e televisão para compensar a abertura do chamado horário "gratuito" de propaganda dos candidatos.
Como se essa verdadeira mamata não fosse suficiente, os atuais donos do poder - PT à frente - preconizam a exclusividade do financiamento público das campanhas eleitorais, sob o pretexto de eliminar a "influência do poder econômico" nas eleições.
De fato, é sintomático que sejam as grandes empreiteiras de obras públicas os principais financiadores das campanhas eleitorais. Não é difícil imaginar por quê. Mas a única maneira de eliminar qualquer tipo de influência indesejável nas campanhas é eliminar tanto o financiamento privado, de empresas, quanto o público, do governo.
Quem deve financiar os partidos políticos são seus militantes e apoiadores, por meio de contribuições pessoais. Não é o caminho mais fácil, mas é o mais democrático e o menos sujeito a distorções como o apetite nepotista por dinheiro fácil.

"Nao e' comigo! Se vire ai, negao" (ops, com perdao dos proprios, que nao tem nada a ver com a incompetencia do governo)

A arte autoritária de passar a responsabilidade

ROLF KUNTZ*
O Estado de S.Paulo, 13 de julho de 2013
Num país quase desgovernado, a notícia mais animadora do mês foi o novo aumento de juros anunciado pelo Banco Central (BC), um raro sintoma de responsabilidade no alegre mundo brasiliense. Pode-se aprovar o arrocho monetário ou abominá-lo. Mas pelo menos em uma área da administração federal, é preciso admitir, há uma resposta organizada e racional a um desafio do dia a dia. Essa resposta é formulada para um problema bem definido, uma inflação persistente e distante da meta oficial, 4,5% ao ano. Além do mais, essa estratégia contribui para a restauração da credibilidade do BC, condição essencial para uma das funções principais da autoridade monetária, a administração de expectativas. Qual deveria ser a decisão, se essa autoridade tivesse de seguir os padrões agora dominantes, por exemplo, na área da saúde?
Como primeiro passo para se ajustar a esses padrões, o Comitê de Política Monetária (Copom) deveria jogar o problema para outro organismo, talvez para empresários e consumidores - de toda forma, para alguma entidade, grupo ou pessoa sem responsabilidade direta pela solução. O governo seguiu esse critério para cuidar - mais precisamente, para se livrar - do problema da saúde, um dos temas das manifestações de rua em todo o País. O exemplo é instrutivo.
Prover assistência médica universal e outros serviços de saúde, como sabe qualquer pessoa medianamente informada, é responsabilidade do poder público. A presidente Dilma Rousseff decidiu, no entanto, jogar o encargo para os estudantes de Medicina. Repetiu a façanha de outro petista, ministro da Previdência no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o pretexto de combater fraudes, esse ministro obrigou milhões de pessoas a um trabalhoso recadastramento. Para cumprir a tarefa, muitos aposentados e pensionistas foram obrigados a buscar agências bancárias em outras cidades. Houve casos de velhinhos em cadeiras de roda forçados a enfrentar filas.
Houve protestos e demonstrações de indignação. Mesmo sem aquelas barbaridades, no entanto, a decisão ministerial ainda seria condenável. Nada poderia justificar a transferência de um problema gerencial, o controle de fraudes, para milhões de pessoas inocentes e sem a mínima obrigação de fazer o serviço do setor público. Mas essa foi a solução escolhida pelo ministro da Previdência, com a bênção do presidente da República. O nó da questão, a transferência arbitrária de responsabilidade, nunca foi suficientemente discutido.
Em relação às políticas de preços, hoje é preciso buscar fora do Brasil os grandes modelos de repasse de tarefas. A arte de empurrar problemas para os outros tem sido praticada com virtuosismo pelo governo da Argentina e com menor brilho pelo da Venezuela. A presidente Cristina Kirchner tem usado o conhecido poder de persuasão de seu secretário do Comércio, Guillermo Moreno, para jogar para produtores e comerciantes a tarefa e o custo de conter a inflação.
Com essa redivisão do trabalho, o governo pode continuar gastando e o BC fica livre da missão de usar a política monetária para conter a alta de preços. A estratégia é complementada pela publicação regular de indicadores ao gosto do governo e pelo veto à divulgação de índices calculados por economistas independentes.
Apesar da evidente admiração da presidente Dilma Rousseff por sua colega argentina, o governo brasileiro ainda se abstém de comandar os preços do comércio varejista e de intervir no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para controlar seus indicadores. Nessa áreas, o jogo de empurrar custos e responsabilidades permanece quase encerrado - atenção ao quase - nos limites do setor público. Envolve, por exemplo, a contenção de preços da Petrobrás e o uso de bancos e outras empresas do Estado para ajeitar as contas fiscais. As perdas impostas à Petrobrás por meio da intervenção nos preços de combustíveis são conhecidas. Parte do custo é transferida, naturalmente, aos acionistas minoritários, convocados, contra sua vontade, para a generosa missão de conter os preços.
A política recém-traçada para a saúde é um salto qualitativo em relação a esses padrões. Até agora os estudantes de Medicina só precisam, para conquistar o diploma, enfrentar com sucesso as tarefas e os testes acadêmicos. Terminada essa etapa, sua formação se completa com a residência - depois de mais um exame - e com a especialização. Os degraus seguintes, mestrado e doutorado, são opcionais. Mas o governo decidiu condicionar a formatura à prestação compulsória de um serviço público.
Além de ser mais uma tentativa escandalosa de transferir responsabilidade, essa pseudossolução é uma evidente demonstração de incompetência. Não se implanta uma política minimamente razoável de assistência à saúde sem investimentos em hospitais, postos de atendimento, transportes e serviços laboratoriais, por exemplo. É preciso pensar tanto nas condições de trabalho quanto na remuneração e na carreira dos profissionais. Se faltam médicos dispostos a entrar no serviço público, tanto nas capitais quanto no interior, o problema deve estar nas condições do próprio serviço, como apontaram nos últimos dias médicos experientes e altamente qualificados. Mesmo para um governo incompetente todos aqueles pontos deveriam ser óbvios.
Se a transferência de responsabilidades se tornar padrão em todo o setor público, a adoção do modelo Kirchner de política de preços poderá ser uma das próximas novidades. Não faltarão patriotas dispostos a fiscalizar os supermercados e - por que não? - a apoiar pela força qualquer tentativa de controle da informação. Afinal, modelos desse tipo são essencialmente autoritários. Autoritarismo é complemento frequente da incompetência.   
* Jornalista

O pre-sal companheiro a caminho do desastre - Editorial Estadao

No início do governo do "nunca antes", o chefe de Estado (mas antes disse chefe de partido) tinha aparentemente se convertido às boas virtudes do combustível renovável, impulsionando etanol e biodiesel (ainda que equivocadamente neste caso, juntando mamona e agricultura familiar, para um tema que deveria ter uma definição essencialmente técnica).
Depois da descoberta da imensa província petrolífera do pré-sal, esse chefe de Estado enlouqueceu, esqueceu seus antigos amores pelos renováveis, e passou a se comportar como um xeique do petróleo.
Quis porque quis mudar a lei do petróleo em vigor desde 1997, e que tinham garantido tremendo aumento da produção, muito investimento estrangeiro, capitalização da Petrobras, independência da ANP, enfim, alinhamento do Brasil com as regras vigentes nesse tipo de mercado, altamente oligopolizado.
Se o xeique de Carnaval tivesse preservado o regime anterior, o Brasil teria arrecado bilhões de dólares com leilões de concessão e licenciamento de blocos de exploração, preservando os royalties dos Estados produtores e deixando todo o risco da exploração para as empresas, como deve ser. Os estrangeiros se precipitariam para comprar blocos e mais blocos da nova miragem petrolífera e todo mundo ficaria contente.
Menos o tal chefe de partido, que achou que seu partido, seus companheiros, poderiam tirar grandes vantagens de um novo regime, estatal, monopolista, centralizador, baseado na partilha.
Pronto, foi criada a confusão, que só vai terminar, e acredito que nem vai terminar, no Supremo Tribunal Federal, pois, como sempre acontece nessas manifestas nefastas da maldição do petróleo, despertou os piores instintos rentistas de políticos e companheiros corruptos, e perturbou todo o processo de licenciamento da exploração do petróleo. A ganância dos corruptos, a estupidez dos incompetentes deixaram o Brasil sem nenhuma licitação durante mais de seis anos, e a Petrobras com uma imensa carga de responsabilidade, que está muito acima de suas capacidades. Também afundaram a companhia por outras formas, como o controle político dos preços dos derivados, e a obrigação de comprar no Brasil, a preços mais caros, a qualidade mais baixa e a prazos mais longos, equipamentos que poderiam ser importados mais em conta. A companhia, que tinha chegado a ser uma das mais importantes do mundo, com uma capitalização superior a 340 bilhões de dólares, foi literalmente afundada na irrelevância pelos companheiros -- que ainda a obrigaram a se aliar a um coronel maluco, que só tinha palavras, e mais nada -- e não vai conseguir assumir suas obrigações sob o novo regime criado pelos incompetentes do poder.
As regras descritas abaixo têm tudo para não dar certo. Primeiro porque prevêem um barril entre 100 e 120, quando ele pode ficar abaixo disse, em vista dos novos recursos nos EUA e alhures. Depois porque a própria exploração do pré-sal pode custar mais de 80 dólares por barril. Portanto, pouco sobraria para as empresas ganhar alguma coisa, pois ainda precisam dar o grosso para os vorazes companheiros incompetentes.
Não vai dar certo.
Não que eu queira rogar praga contra essas riquezas do Brasil (a bem da verdade, eu preferiria que o Brasil não tivesse descoberto o pré-sal, pois isso vai deformar a economia brasileira, sem falar da confusão política já criada entre os estados). Mas eu simplesmente observo a realidade, do Brasil e do mundo.
O Brasil está condenado a sofrer a loucura de seus dirigentes incompetentes.
Infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida

As regras para o pré-sal

Editorial O Estado de S.Paulo, 13 de julho de 2013
Só oito anos depois de encontrados os primeiros indícios de existência de petróleo na camada de pré-sal da Bacia de Santos e seis anos depois de concluídas as análises que indicaram volumes recuperáveis entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo e de gás natural, o governo está conseguindo apresentar à consulta pública as regras para a exploração do óleo dessa área. E agora cobra de todos a pressa que nunca teve. Pior: às regras leoninas - por causa da esmagadora participação do Estado - do regime de partilha que será aplicado à exploração do pré-sal, a minuta do edital do leilão da área de Libra, marcado para 21 de outubro, acrescenta outras que reduzem ainda mais o campo de atuação do capital privado. Ainda assim, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, acredita que o leilão atrairá muitas empresas. O País torce para que ela esteja certa.
Os interessados disporão apenas de dez dias corridos para analisar o pré-edital colocado em consulta pública pela ANP desde quarta-feira (10/7) e apresentar as sugestões de alterações. É muito pouco tempo para isso. De acordo com o cronograma da ANP, a versão final do edital deverá ser publicada em 23 de agosto. Dessa data até 9 de setembro, as empresas interessadas deverão apresentar a documentação que as habilitará a participar do leilão em outubro.
O prazo não é curto apenas na fase que antecede o leilão. Poderá ser também para as etapas seguintes, a serem cumpridas ao longo dos 35 anos do contrato. O edital prevê quatro anos para a fase de exploração e cinco para a de desenvolvimento do projeto. Restam, na melhor das hipóteses, 26 anos para a efetiva produção de petróleo. Se houver atrasos nas etapas anteriores, o que não é raro em projetos desse porte, menor será o tempo de produção, ou seja, menor será o prazo de que os investidores privados terão para recuperar seu investimento e auferir o lucro esperado e legítimo. Não haverá a possibilidade de prorrogação do contrato.
Além do prazo relativamente curto para o retorno do investimento, o que também deverá comprimir os resultados do projeto para os investidores é a participação mínima de 75% do governo nas receitas da produção de Libra, que tem reservas estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo. Essa fatia inclui os R$ 15 bilhões a título de bônus de assinatura a serem pagos pela empresa ou consórcio que vencer o leilão, os tributos decorrentes da atividade (Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e o excedente em óleo que será entregue à União, no porcentual mínimo de 41,65%.
A oferta de excedente em óleo para a União é o critério que definirá o vencedor do leilão. A fatia mínima foi fixada tendo como base o preço do barril de petróleo entre US$ 100,01 e US$ 120. O porcentual a ser entregue para a União variará de acordo com o preço do óleo e com a produtividade dos poços. Esta é uma das novidades do pré-edital.
O governo e a Petrobrás - com participação mínima de 30% no consórcio já assegurada na legislação do pré-sal - terão poder nas principais decisões do consórcio, como investimentos, locais a serem perfurados e número de plataformas. Por meio da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), o governo disporá de 50% dos votos do comitê técnico, com poder de veto. A Petrobrás terá no mínimo 15%.
Sobram 35% dos votos para os sócios privados. Estes "não poderão decidir nada", observou para o Estado o geólogo e consultor de petróleo John Forman. Que farão os investidores se, em determinado momento, o governo decidir contratar plataformas no Brasil, mesmo sendo mais caras e não atendendo inteiramente às especificações e exigências técnicas? Outro ponto apontado como problemático para os investidores é a limitação da retirada, pelo consórcio, a no máximo 50% das receitas nos primeiros dois anos de produção; depois, o limite baixará para 30%.
Há, entre os analistas, o temor de que as regras anunciadas não assegurem a remuneração do investimento no prazo de duração do contrato.

Triste Fim de Policarpo Pelego Quaresma: so' pagando mafias sindicais juntam o lumpesinato...

As mafias sindicais que arrancam dinheiro dos trabalhadores, para alimentar seu baronato corrupto e seus serviçais amestrados, bem que tentaram, mas não conseguiram. O povo mesmo ignorou; os trabalhadores, também.
Só uns poucos empregados conseguiram juntar a ralé social, mediante gordo pagamento, sanduíches e refrigerantes, para dar a impressão de que representam alguma coisa, quando não representam mais nada, a não ser seus próprios interesses.
Esse fracasso retumbante não elimina o fato de que ainda vivemos em República Sindical, tão corrupta quanto as antigas satrapias socialistas do sistema soviético, e que se afundam igualmente na irrelevância, ainda que consigam capturar uma boa parte do dinheiro suado dos trabalhadores.
Paulo Roberto de Almeida

A irrelevância das centrais

Editorial O Estado de S.Paulo, 13 de julho de 2013
As centrais sindicais brasileiras só reúnem multidões no Primeiro de Maio - atraídas não exatamente pela data histórica, mas pelos shows e sorteios que promovem, por exemplo, na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo. Já anteontem, na Avenida Paulista, as entidades que organizaram o Dia Nacional de Lutas, tentando pegar carona nas jornadas espontâneas de protesto que tomaram conta do País em junho, não conseguiram reunir nem 10 mil pessoas. Das nove associações que as arrebanharam, pelo menos duas, a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), contrataram "manifestantes" a R$ 50 e R$ 70 por cabeça.
Contrastando com a profusão de faixas, balões, bandeiras, camisetas, bonés e fitas, tudo confeccionado em escala industrial pelas centrais que devem a sua prosperidade exclusivamente à aberração do Imposto Sindical - o dia de salário por ano compulsoriamente recolhido de todos quantos tenham carteira assinada -, o clima era de apatia. "Uma representante da CUT desfilou durante algum tempo diante do carro de som com um rolo de bandeiras debaixo do braço, procurando militantes para empunhá-las", relatou um repórter deste jornal. "Não encontrou."
O que era para ser uma quinta-feira difícil na maior metrópole brasileira acabou sendo um domingo extra. Inumeráveis empresas, temendo o pior, dispensaram seus empregados. Ônibus e metrô circulavam com poucos passageiros. Na cidade conhecida mundo afora por seu trânsito engarrafado, o congestionamento mal passava dos 10 quilômetros. Realizados em 68 cidades, incluindo todas as capitais e o Distrito Federal, os protestos foram maiores ali onde o transporte público deixou de funcionar, a exemplo de Belo Horizonte e Vitória. Mas, tudo somado, apenas umas 100 mil pessoas participaram das passeatas.
O Brasil dos carros de som, da discurseira sem fim da caciquia das centrais - essas "entidades burocratas", como bem as qualificou Mayara Vivian, uma das ativistas do Movimento Passe Livre (MPL) que entrou para a história por ter dado a partida às recentes megamanifestações - é um Brasil em marcha batida para a irrelevância. A afiliação a sindicatos ainda é relativamente expressiva entre nós, mas a tendência é de declínio. Em 2011, último ano para o qual há dados disponíveis, a taxa de sindicalização era de 17,2% do total da população ocupada, ante 18,6% no ano de pico de 2006, a contar da década de 1990. E isso considerando o aumento do nível de emprego regular, a expansão do setor de serviços e da sindicalização do funcionalismo.
O sindicalismo no Brasil - em especial o que se pode chamar "sindicalismo de rua", por sua capacidade de arregimentar - é uma caricatura do que foi outrora o poder sindical em países como França, Espanha, Itália, Grã-Bretanha e mesmo nos Estados Unidos (onde, de um recorde de 35% de sindicalizados nos anos 1950, o índice atual é 1/5 disso). Na Europa, a CGT e seus similares, como o TUC britânico, mobilizavam legiões e influíam como nenhuma outra força nos partidos de esquerda. Aqui, ao revés, as centrais ou são criaturas de agremiações políticas, como a CUT em relação ao PT, ou trampolim para carreiras políticas, como a do notório Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, ex-PTB, hoje no PDT e com planos de ter um partido para chamar de seu, o Solidariedade.
Do pelegato da era Vargas ao sindicalismo de resultados, aplica-se às organizações que falam em nome dos assalariados, de resto compelidos por lei a sustentá-las, o que o antropólogo Claude Lévi-Strauss dizia, em outro contexto, sobre a "obsolescência do inacabado". Quando Lula, o metalúrgico, irrompeu na cena nacional, defendendo a formação de associações de classe que não fossem correias de transmissão dos governantes de turno, parecia que uma página verdadeiramente nova começava a ser escrita numa história pouco edificante. Lula, o presidente, alojou na máquina estatal os condutores da máquina sindical ligada ao PT. O aparelhamento era o que faltava para envelhecer o sindicalismo brasileiro sem que tivesse passado pela maturidade.
A um oceano de distância dos idos de junho, o Dia Nacional de Lutas foi o retrato acabado desse definhamento.

Venezuela: modo de producao militar socialista - "So' falta completar o plano..."

Pois é, no velho socialismo, aquele que fez chabu na maior parte do mundo, também a única coisa que não deu certo é que faltava completar o plano. Ficaram nisso mais ou menos setenta anos, na URSS, e mais de 50 anos, nos outros países dominados pelos soviéticos. Faltava só completar o plano...
Nunca conseguiram, os ingênuos, ou idiotas, ainda que estúpidos seja uma designação mais correta.
Na Venezuela também, o novo modo de produção é perfeito: só vai faltar completar o plano...
Até a falência final...
Adivinhem quem vai pagar a conta?
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela Defesa

Maduro cria “zona econômica militar socialista”

Infolatam/Efe
Caracas, 9 de julho de 2013
Las claves
  • Assegurou que o país conta com “os cérebros, os cientistas, os pesquisadores”, além de uma “concepção da doutrina militar”, um “conceito de guerra” e um “conceito para preservar a paz” e a soberania territorial da Venezuela “muito claro”.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou que ordenou a sua nova ministra da Defesa, Carmen Meléndez, que trabalhe na criação de uma “poderosa zona econômica militar socialista” das Forças Armadas venezuelanas e assegurou ter os recursos econômicos e intelectuais para fazê-la.
“Nós temos que iniciar desde já, e são ordens que dei à nova ministra Carmen Meléndez (…) de articular o que temos e começar a planejar os investimentos em função de uma poderosa zona econômica militar socialista das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB)”, disse Maduro.
Em um breve discurso em um ato de graduação de militares, o presidente indicou que “estão dadas as condições” para desenvolver este projeto, ainda que não precisasse detalhes.
Assegurou que o país conta com “os cérebros, os cientistas, os pesquisadores”, além de uma “concepção da doutrina militar”, um “conceito de guerra” e um “conceito para preservar a paz” e a soberania territorial da Venezuela “muito claro”.
Além disso, segundo Maduro, o país também tem “os recursos para investir nesta ideia” e só falta “completar o plano”.
O governante anunciou aos jovens militares presentes no ato que eles serão os encarregados de construir essa “poderosa zona econômica militar socialista” e especialmente “a construção de uma poderosa indústria militar bolivariana”.
“Chegou a hora para fazê-la, é o momento para fazê-la”, reiterou, sem explicar em que consistirá esse espaço.
Traduzido por Infolatam

A esperteza quando e' muita... (pois e'...) - Apenas constatando...

...o óbvio. Mas, os amadores, os aprendizes de feiticeiro, ou os expertos muito "ispertos" não aprendem. Como oportunistas rasteiros que são, sempre querem tirar vantagem das situações dúbias.
Como a confusão mental prevalece, tanto nas hostes dirigentes quanto nas massas ululantes, esses malandros políticos querem aproveitar os tempos turbulentos para impulsionar suas agendas nefastas.
Nem sempre conseguem enganar a todos o tempo, como os médicos estão comprovando agora, por exemplo...
Toda a fantasia em torno do programa de trazer médicos estrangeiros se destina, na verdade, a ajudar, por um lado,  os companheiros cubanos, e a salvar, por outro lado, os seus próprios companheiros que foram estudar "medicina" em Cuba, aquela ilha miserável que exporta escravos modernos, ilotas da medicina, servos compulsórios do sistema de exportação de mão-de-obra barata a serviço dos ditadores cubanos.
Paulo Roberto de Almeida

O fim do plebiscito

Editorial O Estado de S.Paulo, 11 de julho de 2013
Com o maciço apoio dos "aliados" do governo, as lideranças partidárias na Câmara dos Deputados jogaram uma pá de cal na demagógica pretensão de Dilma e do PT de realizar no ano que vem um plebiscito sobre a reforma política. É mais uma amostra de que o inferno astral da pupila de Lula perdura. Mas é também mais uma evidência de que, em matéria de esperteza, os políticos - cujos partidos, na opinião de 81% dos brasileiros, são "corruptos ou muito corruptos", segundo pesquisa da Transparência Internacional - estão ganhando de lavada a queda de braço que o voluntarismo autoritário da chefe do governo e a soberba do PT tiveram a ideia infeliz de lhes impor.
Com a decisão de descartar o plebiscito para 2014, os partidos políticos pretendem devolver para o Palácio do Planalto o mico que a teimosia desastrada de Dilma lhes havia jogado no colo. Depois de ter sido obrigada a recuar rapidamente da ideia inconstitucional de propor uma Constituinte específica para tratar da reforma política, a presidente se agarrou à proposta do plebiscito, para o qual propôs cinco questões específicas que seriam submetidas ao eleitorado. Era a maneira como Dilma e o PT imaginavam que atenderiam ao difuso clamor por mudanças. Afinal, a presidente garante que está "ouvindo" o povo nas ruas.
Ora, se estão realmente convencidos de que a reforma política é imprescindível, por que só agora Dilma e o PT "ouviram" a necessidade de realizá-la? Tiveram 10 anos para isso e não moveram sequer uma palha. Estavam surdos? Ou acham que o País só avança na base do tranco?
A verdade é que até agora não tinham a menor intenção de mudar uma situação que julgavam favorável. Com índices de aprovação popular na estratosfera e os políticos muito satisfeitos com a liberalidade da cúpula do governo com o trato da coisa pública, a reforma política podia ficar para as calendas.
O que muda agora?
Um "grupo de trabalho" de deputados vai se encarregar de, em 90 dias, preparar um projeto de reforma política que, se e quando aprovado pelo Congresso, poderá ser submetido a um referendo. Ou seja, será oferecida aos brasileiros a generosa oportunidade de se manifestar sobre o assunto. A extensão e profundidade da reforma que daí resultar, se resultar, dependerá muito do que acontecer no País nos próximos três meses. Os parlamentares já demonstraram que sabem agir com rapidez e eficiência quando a pressão popular morde seus calcanhares. Mas, quando entendem que ninguém está prestando atenção, fazem apenas o que lhes interessa.
Por outro lado, Dilma, Lula e o PT encontram-se numa verdadeira sinuca. Tanto que Lula isolou-se. Mas é claro que não pretendem permanecer de braços cruzados. Declarações feitas nas últimas horas por membros importantes do governo e do partido fornecem alguns indícios do que poderá ser a estratégia petista para o curto prazo.
O líder do partido na Câmara, deputado José Guimarães (CE), foi enfático: "O plebiscito é uma questão de honra para o PT". Já o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, foi, como de hábito, mais ardiloso: "Não consigo imaginar um combate adequado à corrupção sem uma reforma política. O povo quer uma mudança política de profundidade. A presidenta acertou em cheio quando lançou essa proposta porque ela corresponde exatamente ao anseio mais profundo das ruas, que é o anseio por uma renovação na política. E renovação na política sem reforma política nós não vamos fazer". Quem diria!
Mas tanto Guimarães quanto Carvalho sabem que o plebiscito é carta fora do baralho. Por que, então, a insistência? Porque querem lavar as mãos e ainda sair bem na foto. Não será surpresa, portanto, se em breve Lula e Dilma aparecerem na televisão para proclamar nova palavra de ordem, desta vez sobre o tema "o povo exige plebiscito". E Rui Falcão tentar colocar seu bloco, literalmente, na rua para denunciar, com indignação e fúria, que "os políticos é que são contra". Será que cola?