sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Estatuto da (Des)Igualdade Racial - editorial do Estadao

O Estadão acha que poderia ter sido pior. Eu não acho, pois essa história de bode na sala não resolve nada, pois as piores barbaridades continuam existindo, numa lei racista, divisionista, criadora do Apartheid, quando ela deveria ter sido simplesmente rejeitada.
Ainda vou escrever a respeito...
Paulo Roberto de Almeida

Poderia ter sido pior
EDITORIAL O Estado de S.Paulo
Sexta-feira, Junho 18, 2010

Em setembro do ano passado, quando uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Igualdade Racial, o relator da matéria, Antônio Roberto, do PV de Minas Gerais, argumentou que a proposta era "um ponto de partida, como o bico de um arado". Com isso ele respondia aos protestos dos defensores do texto original, de autoria do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, contra a eliminação de dois pontos que consideravam essenciais, na negociação para que o projeto fosse adiante, depois de mais de 6 anos de tramitação na Casa.
Os artigos afinal suprimidos previam a regularização de terras para remanescentes de quilombos e a criação de cotas de 20% de negros em filmes e programas de TV. Na quarta-feira, quando uma terceira versão do estatuto passou em votação simbólica no Senado, foi a vez de outro deputado, Edson Santos, do PT do Rio de Janeiro, acalmar os descontentes com as novas mudanças ? a começar da que excluiu a criação de cotas para negros nas universidades e cursos técnicos federais, substituída pela provisão genérica da adoção, pelo poder público, de "programas de ação afirmativa".
"Fazer um cavalo de batalha em cima das cotas, quando a ação afirmativa está assegurada, é pouco inteligente", rebateu Santos. Ele tem um ponto. Com base no texto que seguirá para a sanção do presidente Lula, o governo poderá instituir por decreto políticas de ação afirmativa em todo o espectro da administração federal. Além disso, depois que o princípio da ação afirmativa for lei, a ação impetrada no Supremo Tribunal Federal pela declaração de inconstitucionalidade das cotas poderá esbarrar no novo marco normativo. Pelo menos é o que espera o ministro da Igualdade Racial, Elói Araújo.
Para os que sustentam, como este jornal, que o estatuto dividirá em duas a sociedade brasileira, mediante a chamada "racialização" do País, o desfecho poderia ter sido pior. Os racialistas tiveram de abrir mão de diversas demandas na negociação entre o governo e o relator Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. O substitutivo final retirou a oferta de incentivos fiscais para que empresas tenham 20% de funcionários negros. Segundo Torres, isso provocaria a demissão de trabalhadores brancos. Também caíram a criação de políticas de saúde especiais para negros e a imposição de cotas raciais às chapas dos partidos políticos.
O relator tornou-se o alvo da hora para os ativistas favoráveis a um estatuto radical. O frei David Raimundo dos Santos, da ONG Educafro, por exemplo, acusa o senador de ter "uma visão equivocada" da sociedade brasileira, o que não deve surpreender vindo de quem acha "ingenuidade" acreditar que os brasileiros são iguais. É dessas simplificações que se nutre o pensamento cotista ? uma "ideia reacionária", no entender do coordenador do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda. Mais do que isso, embora invoque a correção dos efeitos de um crime histórico - o escravismo -, é uma forma de racismo reverso.
Já de si, o termo "igualdade racial" embute uma armadilha por se apoiar num adjetivo sem o menor sentido à luz da ciência. As descobertas genéticas pulverizaram o racismo dito científico do século 19 destinado a provar a inferioridade natural de certos grupos humanos.
Uma das virtudes do substitutivo de Torres foi expurgar do corpo do projeto a palavra "raça", substituída por "etnia". O senador se opôs ainda à expressão "identidade negra". "O que existe é uma identidade brasileira", asseverou. "O preconceito e a discriminação não impediram a formação de uma sociedade miscigenada com valores compartilhados por negros e brancos."
Transposta para o plano institucional, a mentalidade que transforma brasileiros negros em negros brasileiros configura "a criação de um Estado racializado", denuncia a antropóloga Yvonne Maggie, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma das primeiras vozes do meio acadêmico a se levantar contra o projeto, em 2006, ela considera uma aberração - e um precedente inconstitucional - "o Estado estabelecer uma lei que contém em seu título a palavra racial". Equivale, como diz, ao "ovo da serpente".

A Bolivia a caminho do retrocesso juridico

Não tenho palavras para comentar...

Ministro del Tribunal afirma que no es posible regular la justicia comunitaria
El Diario (Bolivia), 18 junio 2010

CASOS DE LINCHAMIENTO SIGUEN SIN RESOLVERSE EN LOS TRIBUNALES ORDINARIOS DE JUSTICIA.

El magistrado del Tribunal Constitucional, Ernesto Mur, señaló que la justicia comunitaria no está escrita por lo tanto no se puede regular esta práctica que es reconocida por la Constitución Política del Estado. Mientras tanto, el Defensor del Pueblo pide que se respeten los derechos vitales de las personas.

En oportunidad de la visita de tres magistrados del Tribunal Constitucional a la Comisión de Constitución de la Cámara de Diputados Mur, declaró que “la justicia comunitaria es una justicia que no está escrita, no podría entonces una justicia escrita como es la Ley del Tribunal Constitucional resolver algo que no está escrito”.

VIOLACIONES
“La justicia comunitaria no está escrita y la función del Tribunal Constitucional es resolver los problemas de constitucionalidad o no cuando hay una contradicción entre la norma que se va a aplicar y la Constitución Política del Estado, y cuando hay vulneración de garantías está la acción de libertad, de amparo, de cumplimiento a la que todos los bolivianos estamos regidos, pero a nombre de justicia comunitaria no puede existir violaciones de ninguna naturaleza”, dijo.

Explicó que en el país existe un tipo de justicia y reconocer o normar otra derivaría en una división de competencias. “No podemos positivizar o hacer norma legal a la justicia comunitaria, porque en ese momento dejarían de ser parámetros que rigen a la sociedad, por lo tanto el Tribunal no puede pronunciarse sobre aspectos que no hacen a nuestra función, la función del Tribunal Constitucional es eminentemente técnica”.

Consultado sobre los hechos de violencia y linchamiento ocurridos en los últimos meses a nombre de la justicia comunitaria, el magistrado remarcó que “no es nuestra función, solamente damos a conocer aquello que está vinculado esencialmente a la vulneración de derechos, pero en los parámetros establecidos”.

RIESGOS PARA LA CONVIVENCIA
Para el Defensor del Pueblo, Rolando Villena, dejar que la denominada justicia comunitaria sea establecida en el país trae serios riesgos para la paz y la convivencia entre bolivianos.
“La justicia comunitaria no puede seguir campeando en el país, es algo muy peligroso porque nos puede llevar a una escalada de violencia sin control y esos hechos de violencia son delitos que deben ser penados por la ley, es un atentado contra el derecho a la vida y nadie puede hacer justicia por mano propia”, expresó.

Explicó que esta práctica que se realiza en las comunidades rurales no es sinónimo de muerte y que se ha utilizado de una forma negativa estigmatizando a los pobladores, lo que puede generar reacciones que deriven en mayor violencia.
“La justicia comunitaria tiene que ver con el restablecimiento de las normas en la comunidad, con el equilibrio de restablecer la paz y la convivencia y sus sanciones se aplican de forma moral, es otra forma de proceder con al sabiduría de los pueblos”, dijo.

Villena concluyó que “como no hay información sobre este tema y la gente no conoce ni lee, entra al juego y lo único que hace es acogerse a la justicia comunitaria y ese es un flaco favor a la democracia y al estado de Derecho donde debe imperar la ley”.

La justicia comunitaria es reconocida por la Constitución Política del Estado en el capítulo cuarto referido a la jurisdicción indígena originaria campesina, artículos 190 al 192, donde se establece que “los pueblos ejercerán sus funciones jurisdiccionales y competencias a través de sus autoridades y aplicarán sus principios, valores culturales, normas y procedimientos propios”.

Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’

O CSNU certamente não é um cenáculo de juristas ou de sábios cultores do direito internacional. Tampouco seus membros são legisladores universais, nem mesmo com um imaginário mandato expresso na Carta da ONU. Suas decisões e resoluções são eminentemente políticas, não jurídicas. Mesmo assim, se trata do único órgão internacional dotado de legitimidade intrínseca para tomar decisões no campo da paz e da segurança internacionais.
Não se trata, portanto, de saber se o que se decidiu ali é legal, ou não, ou válido, do ponto de vista de um país, mas de saber que suas resoluções são normas obrigatórias que os países têm o dever de cumprir, mesmo os que votaram contra, como o Brasil.
O não cumprimento implica em mais sanções, eventualmente até o recurso à força, se tal se revelar necessário, como foi o caso da "expulsão" do Iraque do Kuwait, em 1991, ou do ataque ao Afeganistão, em 2001. São coisas desagradáveis, mas sempre se deve assumir responsabilidade pelos seus atos. O Irã vai tentar escapar ao controle sobre seu programa nuclear: se escapar, teremos mais um proliferador no planeta, o que certamente não tornará o mundo mais seguro ou pacífico. Esse fato a comunidade internacional precisa decidir o que pretende fazer en relação a ele. O Brasil já disse o que quer: mais diálogo, e não sanções. Só precisa ver se isso funciona com o Irã.
Paulo Roberto de Almeida

Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
Estado de S.Paulo, 18/06/2010

O Irã disse nesta sexta-feira, 18, que as sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra seu programa nuclear são ilegais e deveriam ser revogadas.

Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias IRNA, o Conselho de Segurança Nacional do Irã, que coordena a defesa nacional e a política de segurança, disse que “a entrada do Conselho de Segurança da ONU nas atividades nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã é ilegal e inválida.”

As sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 10 de junho, e seguidas logo depois por medidas mais rígidas por parte da União Europeia e dos EUA, violam um artigo da Carta da ONU assim como as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse o comunicado. “O Conselho (de Segurança da ONU) deveria tomar rapidamente medidas para corrigir os erros do passado”, dizia.

As sanções têm como objetivo frear o enriquecimento de urânio pelo Irã, que segundo o país é pacífico, mas o Ocidente suspeita poder levar à produção de armas nucleares.

As sanções da ONU são direcionadas aos bancos iranianos suspeitos de terem ligações com programas nucleares ou de mísseis. Elas também abrangem embargo de armas e um pedido para um regime de inspeção de carga.

O Brasil a caminho da estupidez - exagerada e rapidamente

Sinto ter de voltar a este assunto constrangedor -- para mim como cidadão brasileiro, sair por aí dizendo a sua pátria amada e mãe gentil está regredindo para uma estupidez ancestral -- mas tenho de fazê-lo pela lógica do ofício de blogueiro amador.
Um blog, por definição, é um espaço público de discussão, e não apenas um exercício narcisístico de exibição pública. Quem faz um, corre o risco de ouvir o que não quer, e aí pode ficar quieto e deixar passar ou entreter o diálogo e o debate. Faz parte do jogo.
Como sou um debatedor de ideias, me compraz responder aos meus comentaristas, geralmente no espaço próprio, que são como essas notas de final de livro que ninguém lê.
Quando é o caso, pela importância do assunto, tomo a iniciativa de "promover" o comentário a post en bonne et due forme, para continuar a discussão em campo aberto, como se diz.
É precisamente o caso deste meu post:

O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho certeza disso

Um dos meus leitores habituais escreveu o que segue, que transcrevo em itálico, dando a ele a chance de ser bem lido, ouvido, refletido.
Como discordo em 150% do que ele escreveu, retomo mais abaixo para comentar, e agravar o caso, não o dele, pois não ataco pessoas, mas das ideias subjacentes aos seus argumentos, que procuro desmantelar metodicamente, sem qualquer animosidade para com seu autor, pois entendo que ele apenas reflete o estado das "ideias" (!!??), passavelmente estúpidas, que tem curso neste país a caminho da estupidez coletiva (sinto muito ter de ofender as almas sensíveis, mas não tenho por hábito ser tolerante com o que considero serem ideias erradas, e prejudiciais ao nosso desenvolvimento cultural e intelectual.
Segue o que disse o meu interlocutor, cujo nome preferi ocultar neste post, pois não vem ao caso. Ele poderia ser o José Saramago, aliás referido no texto, que eu responderia igual ao que faço.

[Comentarista] deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho ...":

EXAGERADO

É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro. Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo. O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo. Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão.

PS. A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago.

Postado por [Comentarista] no blog Diplomatizzando... em Sexta-feira, Junho 18, 2010 11:58:00 AM


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Bem, agora é comigo, e procedo como Jack o Estripador, como se diz frequentemente.

1) "É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro."
PRA: Não, não é. Basta você olhar em volta. Vive numa taba, sai todo dia para pescar e caçar, tem uma metalurgia primitiva e vive numa sociedade sem escrita? Vivemos, não numa sociedade portuguesa, ainda que eles tenham sido o PRINCIPAL aporte para a nossa formação cultural, mas numa sociedade europeia, com grande contribuição étnica de africanos de diversas origens (que por isso mesmo não constituem uma cultura unificada) e levíssimas tinturas indígenas, tão leves que são imperceptíveis, a não ser na toponímia geográfica e para por aí.
Eu não sei porque certos brasileiros -- mas isso acontece com outros latino-americanos, também, aliás todos perfeitamente europeus -- têm dificuldade em admitir essa realidade tão evidente que nem é preciso reafirmar. VIVEMOS NUMA SOCIEDADE EUROPEIA, e é dela que vem, QUANTITATIVAMENTE, as principais contribuições para o nosso modo de vida, para a nossa cultura, para o que somos como povo e civilização. Não há nada que o contestador possa fazer para negar isso, a menos que ele queira voltar a suas origens indígenas (que ele certamente não tem) ou supostas raízes africanas (que seria impossível ele ter, pois África existe apenas como referência geográfica, e não se encontra presente em NENHUM dos indivíduos que foram para aqui arrastados como escravos).

2) "Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo."
PRA: Não, não é. Racismo é querer negar a presença MAJORITÁRIA da cultura branca em nossa formação e realizações culturais. Me constrange ter de pedir ao meu comentarista que olhe em volta de si e conclua, em plena sanidade, que, de fato, o índio e o africano em pouco ou nada contribuíram para o que somos atualmente. Não há exagero nisso, trata-se de um statement of fact, uma mera constatação, que só não enxerga quem tem enorme preconceito contra a cultura europeia e ocidental de forma geral. Achar que isso é eurocentrismo é o mesmo que achar que o uso do sistema métrico nos torna todos "galocêntricos", já que foi na Revolução Francesa que se aprovou o novo padrão, hoje quase universal (com exceção de alguns "bárbaros" americanos, que ainda não se renderam ao sistema métrico, para seu prejuizo, aliás, mas não se pode pedir aos americanos que sejam racionais o tempo todo). A bobagem anti-eurocêntrica é tão grande que paro este comentário por aqui.

3) "O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo."
PRA: Bem, convido o meu comentarista a dizer isso ao Janer Cristaldo e esperar a resposta desaforada que ele certamente vai receber. Gilberto Freire foi sem dúvida um grande sociólogo e antropólogo, mas transformar a sua obra de interpretação do BRASIL COLONIAL em padrão obrigatório de compreensão do BRASIL ATUAL é de uma cegueira metodológica digna de quem acha que a Bíblia ainda tem a explicação certa para as origens da Terra e da vida na Terra. A sociedade colonial brasileira, mais a nordestina do que as do sul, tinha sim grande influência dos povos indígenas e africanos que estavam sendo incorporados na leve camada de ocupação portuguesa dos séculos 16 a 18. Agora considerar que isso se mantém no Brasil urbanizado, maciçamente penetrado por levas e levas de imigrantes europeus nos últimos 150 anos, é digno daqueles Amish people dos EUA, que pretendem ainda viver como se estivessem no século 18, antes da invenção do mundo moderno, com seus carros e eletricidade. Sinto muito mas isso ofende minha imperfeita condição de cidadão atento para a cronologia do mundo.

4) "Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão."
PRA: "Ele" é ainda o Janer Cristaldo, a quem sugiro que meu interlocutor envie seus comentários para mim incompreensíveis. Ele acha que se pode falar que os índios viviam em harmonia com a natureza, que eles eram ecologicamente corretos avant la lettre, mas que não se pode dizer que eles comiam os inimigos vencidos em batalhas, que eles praticavam o infantícidio e o abandono dos mais velhos na floresta, que os africanos praticavam, sim, a escravidão, muitos séculos antes da chegada dos europeus naquele continente, que os traficantes muçulmanos foram responsáveis por números incomensuravelmente mais elevados de escravização de africanos (e isso até uma data recente, pois a escravidão só foi extinta na Arábia Saudita em 1961, e na Mauritânia em 1975, e isso ainda não se concretizou), enfim que todo mundo era bonzinho na natureza pré-colombiana e africana, e que só os europeus foram malvados e impediram os dois povos de exercerem a sua "verdadeira natureza".
Esse tipo de bobagem é tão grande que eu só posso recomendar ao meu interlocutor que leia mais história e aprenda um pouco sobre a realidade das coisas.
Finalmente: se as crianças podem ouvir que o lobo mau comeu a vovózinha, qual é o problema de dizer que os potiguares comeram o bispo Sardinha?

5) "A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago."
PRA: Pode até ser. Reconheço que ele escreveu algumas obras interessantes, mas seu estilo divergente dos padrões formais a que estamos acostumados tornava sua leitura um exercício um pouco mais complicado do que outras obras mais "normais". Enfim, literatura é uma questão de gosto.
Mas se a literatura portuguesa está de luto, a política contemporânea se libertou de um grande idiota, e a economia mais ainda. Sua adesão às mais abjetas ditaduras comunistas no mundo atual -- como o fez em relação a Cuba até uma data ainda recente, só divergindo, parcialmente, quando Fidel mandou fuzilar alguns balseros que tentavam simplesmente fugir do inferno cubano -- e sua postura anticapitalista e antiglobalizadora, só provam uma coisa: que grandes escritores podem ser também péssimos avaliadores das realidades políticas e econômicas do mundo atual. O apoio que Saramago deu a Cuba durante anos e anos seguidos não era apenas indecente e imoral, mas era também criminoso, pois um grande escritor como ele poderia contribuir para minimizar, que fosse um pouquinho, o sofrimento de todo um povo sob uma das mais abjetas ditaduras que se conhecem. Coloco-o, junto com Garcia Marquez, na categoria de assassinos intelectuais, de cúmplices morais de ditaduras comunistas, de inocentes inúteis na grande causa dos direitos humanos, das liberdades democráticas e da dignidade humana. Pessoas como ele, que poderiam ter se pronunciado sobre esses crimes e não o fizeram, são anões morais e não merecem nenhum respeito da parte dos que se batem pela afirmação desses direitos.

Bem, creio que era o que tinha a comentar sobre o que disse meu interlocutor.
E sinto ter de confirmar, mais uma vez, que vejo o Brasil caminhando rapidamente para a estupidez. Infelizmente, corrigir tudo isso vai levar tempo, pois o tipo de argumento exposto acima pertence à categoria das verdades reveladas que se ouvem todos os dias em nossas escolas e universidades.
A caminho da decadência, Brasil...
(mas sem a minha conivência ou complacência).
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 19.06.2010)

Chavez: montando um pre-exilio na Argentina?

A pergunta pode parecer absurda, mas me veio a mente ao ler sobre todos esses negócios escusos entre os K e Mister Chávez. Quem sabe?

Argentina: New roads for Chávez
Carolina Barros
Buenos Aires Herald (Argentina), June 14, 2010

All roads ultimately lead to the Venezuela of Chávez. But the uproar over the 15 percent commissions, the dollar-laden suitcases and an elastic Argentine-Venezuelan trust holding (which from the original 231 million dollars agreed in 2004 has mushroomed to over two billion with the welter of deals and agreements, leading Government House to now deny its existence) has obliged the latest projects between Caracas and Buenos Aires to seek new short cuts by other financial routes.

Like the Bolivarian plan for the commercial control of the Hidrovía (the waterway connection via the Paraná and Paraguay Rivers between the River Plate estuary, the Argentine Northwest, Uruguay, Paraguay, Bolivia and southern Brazil). How? By creating a huge Argentine-Venezuelan fleet which was originally christened Fluvialba, a combination of the Argentine-Paraguayan Fluviomar and the Venezuelan Albanave, one of the countless divisions or sub-holdings of the Venezuelan state oil company PDVSA. Its funding was initially designed to fall under the vast umbrella of the bilateral trust holding established in 2004 but the uproar over irregularities has prompted the contractual parties to go looking for less shady means since last December.

The original plans for a Bolivarian fleet date from early 2009 but only took on life last December after Hugo Chávez visited the Tandanor shipyards and signed with his local colleague Cristina Fernández de Kirchner a letter of intent for the construction of 50 barges, 10 tugs and six unloading vessels with Tandanor (which depends on the Defence Ministry) acting as the “co-ordinator” of the construction contracts with various shipyards. These vessels serve only one purpose: to monopolize the upstream transport of fossil fuels (Venezuelan, obviously), returning with a freight which could include iron ore and lithium, as well as grain.

Tender. During the last trip of President Kirchner to Caracas on April 20, the two governments signed 25 agreements. Of these, the 14th and the 25th refer to “receipt of the tender to build barges and freighters for river transport between Tandanor and Fluvialba” and the “creation of a mixed capital company between PDVSA Argentina and Fluviomar with the legal denomination of Fluvialba,” respectively.

At the end of April, the Herald was assured by both Tandanor and Caracas sources that the “meeting point” (Chávez jargon for having the strongman’s signature and the corresponding funding already arranged) already existed but the contract (with an estimated value of 100 million dollars) could only be signed at the end of May because a legal framework similar to the 2004 trust holding was being sought.

Nobody talks about that today, as Tandanor director Omar Riveiro confirmed when consulted by the Herald: “We rule out a trust holding and we’re ready to sign but the problem is that we have no shipper or consignee since Fluvialba has yet to be established.”

He might well say so since in shipping circles they say that Fluviomar is virtually broke but was chosen by Chávez because of its CEO Andrés Guzmán’s excellent relationship with both Paraguayan President Fernando Lugo and Chávez himself.

Banco Nación. As for financing the Bolivarian fleet (yet to be designated), this will probably proceed via letters of credit from Banco Nación “always provided that it is legally domiciled in Caracas or Buenos Aires,” according to Tandanor, not without pointing out that first they ruled out tax havens such as the Virgin Islands, Panama and even Uruguay in order to set up the firm.

In the market they assure that the Bolivarian fleet will sail under three flags (Argentina, Paraguay and Venezuela) and that it will flood Mercosur with Venezuelan fuel. They also say that Petropar, the Paraguayan oil company, is trapped by its debts to PDVSA (over 500 million dollars)and that the Argentine-Paraguayan-Venezuelan venture seeks to displace Horamar, the navigation company of the López brothers, which currently dominates fuel oil transport in the Hidrovía.

There is also some hard data: between December and now, the fleet plans have been scaled down to the construction of only 50 barges, to be delivered in three stages over five years. The 30 smaller vessels (2,500 tons, for grain and minerals) will be outsourced among Argentine shipyards (Torresint of Puerto Deseado and Astilleros Corrientes). As for the 20 larger vessels (6,500 tons and double-decker for fuel transport), Tandanor itself could take charge.

“That is, if everything goes according to plan and in 10 days we sign the contract,” says Riveiro.

Chavez segue a lideranca cubana...

Ou talvez seja outra coisa. Em todo caso, em qualquer outro país, normal quero dizer, essa presença maciça de agentes estrangeiros militares e de segurança, seria considerada uma traição à pátria, e o chefe de Estado processado, destituído, talvez até condenado.
Parece que a Venezuela não é um país normal...

Venezuela: Chávez refuerza la presencia de cubanos en su Ejército en plena caída de popularidad
ABC (España), 15 de Junio de 2010

«Somos la misma cosa», dijo el presidente cubano Raúl Castro cuando pasaba revista a los oficiales venezolanos en su última visita a Caracas tras la reunión de la Alianza Bolivariana (ALBA), hace un mes. Sin embargo, su anfitrión, Hugo Chávez, le corrigió: «Somos la misma patria», haciendo valer su afinidad con el lema inmortalizado por Fidel Castro: «Patria o muerte, venceremos».

La frase de identidad y similitud compartida por los dos aliados viene a confirmar la fuerte y sistemática presencia militar cubana y su influencia en el alto mando de la Fuerza Armada de Venezuela, denunciada recientemente por el general Antonio Rivero González, ex director de Protección Nacional de Defensa Civil. Una alianza que se ha acelerado en los últimos meses: hasta 20 altos oficiales -coroneles y generales- son ya cubanos en el Ejército venezolano, ocupando puestos clave.

El matrimonio de conveniencia entre los regímenes es denominado como «el milagro de la Viagra» por la analista venezolana Elizabeth Burgos -ex esposa del escritor y filósofo francés Regis Debrais, amigo íntimo de Fidel Castro-. Burgos señala que los hermanos Castro han encontrado en Chávez «el sostén financiero después del derrumbe de la URSS», no es solo un aliado más.

Ésta no es la primera vez que el régimen castrista intenta acaparar los recursos económicos y energéticos de Venezuela y convertir la patria de Simón Bolívar en su punta de lanza para su proyecto continental. «En los años 60, Fidel Castro intentó tres veces invadir las costas venezolanas», recuerda el vicealmirante Iván Carratú, ex director del Instituto de Altos Estudios de Defensa Nacional.

Lo que Cuba no logró en los años sesenta en Venezuela, ahora lo está consiguiendo sin pegar un solo tiro. Esta vez «el Ejército cubano no nos ha invadido, en el sentido literal de la palabra. La sumisión del chavismo no es consecuencia de una derrota militar, tampoco existen condiciones en el mundo que justifiquen una alianza de esta naturaleza», explica el analista Manuel Felipe Sierra.

La penetración cubana se intensificó en 2007 con la reforma de la Ley Orgánica de las Fuerzas Armadas Nacionales, que politiza el sector militar venezolano e incorpora el concepto de «las milicias populares» con el fin de defender la revolución y a su máximo líder.

Chávez sostiene que la presencia cubana no pasa de 30.000 agentes.
Oficialmente Chávez sostiene que la presencia cubana no pasa de 30.000 agentes. Sin embargo, otras cifras oficiales hablan de 60.000 cubanos distribuidos en áreas claves como seguridad, inteligencia, asesoramiento policial y militar, control de los sistemas de registro de identidad, pasaportes y notarías.

También la importación de alimentos está en manos de los cubanos, incluidas las 70.000 toneladas de comida que ha llegado a los puertos venezolanos. Y el aeropuerto caraqueño de Maiquetía recibe dos vuelos diarios de cubanos como si fueran «fantasmas» por la falta de registro oficial.

Como la KGB o Stasi
Más que ideológica, la relación entre Chávez y los Castro es simbiótica. Nace de las necesidades de ambos regímenes. «El plan de perpetuarse en el poder de Chávez necesita de una estructura de seguridad y espionaje cultivada durante 50 años por la KGB soviética y la Stasi alemana y con sobrada experiencia en actividades contra la CIA. Eso lo tiene Cuba», señala Sierra.

Con el suministro gratuito de 95.000 barriles diarios de petróleo, Chávez le garantiza la prolongación al agónico fidelismo. Además, a medida que baja en los sondeos la popularidad de Chávez -como sucede ahora por la crisis económica: el 66% de los venezolanos afirma estar totalmente insatisfecho con su gestión-, el mandatario venezolano «necesitará cada vez más ayuda de los cubanos para consolidar su proyecto totalitario». Una simbiosis en torno al «Patria o muerte». Y es que Castro y Chávez quieren que Cuba y Venezuela sean la misma «cosa».

A frase do dia: como podemos progredir com professores estáveis?

Bem, não foi bem uma pergunta, mas uma afirmação, e ela está no Wall Street Journal de hoje, num artigo do professor Timothy Knowles, que escreveu o artigo:

The Trouble With Teacher Tenure
(ou seja, o problema com a estabilidade dos professores) e sua frase é exatamente esta:

We can't make progress if bad teachers have jobs for life.

Ele se refere a uma lei estadual (escolas e universidades são um assunto puramente local, provincial ou no máximo estadual nos EUA, e o governo federal só intervem em programas de formação e de pesquisa específicos) do Colorado, onde o governador assinou uma lei revisando completamente o sistema de avaliação de professores do estado, prevendo inclusive demissão por performance insuficiente. De fato, não existe progresso com maus professores se mantendo nos mesmos cargos durante anos e anos.

No que se refere ao Brasil, e no que concerne minha posição, se eu tivesse esse poder, terminaria com toda e qualquer estabilidade em qualquer nível, em qualquer função, para qualquer tipo de funcionário público a qualquer momento (OK, manteria para juízes no exercício exclusivo de funções de magistrado durante períodos de 4 anos, renováveis apenas mediante avaliação de desempenho).
Professor universitário do sistema público, voltado para a pesquisa, poderia adquirir a chamada tenure, depois de 12 anos de exercício contínuo da profissão (aulas combinadas com pesquisas) e avaliação por banca externa.
Não existe outra maneira de buscar a excelência senão por meio da avaliação contínua, e sem que se constituam esses quistos de funcionários interessados apenas em suas próprias carreiras e não no serviço público.
O sistema de mandarinato, outrora um excelente mecanismo de recrutamento dos melhores para servir ao Estado, converteu-se, pouco a pouco, num sistema corrupto e sobredimensionado, contribuindo para a decadência da China.
Acredito que com a sanha irresponsável dos nossos mandarins, com as gangues sindicais de professores do sistema público, o Brasil caminha rapidamente para a decadência.
Na educação isso é uma tragédia...
Paulo Roberto de Almeida

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...