sábado, 9 de junho de 2012

Ecoteologia: ou manual para retornar as cavernas - Michael Schellenberger e Ted Nordhaus

Não tenho acesso a Veja no exterior, e não poderei, provavelmente ler a matéria inteira, por isso recorro a uma síntese efetuada por um jornalista que tem acesso a essa revista. Quem tiver e quiser me enviar o artigo por inteiro, agradeço.
Por enquanto fiquemos com estes excertos.



Reinaldo Azevedo, 09/06/2012

A edição de VEJA desta semana traz uma série de textos sobre a “Rio+20″. Entre eles, está um artigo de seis páginas, escrito especialmente para a revista, de autoria dos antropólogos americanos Michael Schellenberger e Ted Nordhaus. Eles são autores de um texto que se tornou um clássico dos debates sobre ecologia e meio ambiente: “A Morte do Ambientalismo”.
Não! Não se trata de um libelo de céticos contra as teses do aquecimento global ou das mudanças climáticas. Ainda que assim fosse, noto, o ceticismo não é um mal em si. O mal está nas hipóteses não testadas que se querem teoria. Schellenberger e Nordhaus nem perdem tempo especulando se o homem altera ou não o meio ambiente, o clima etc. Dão de barato que sim. O ponto é outro: qual seria a alternativa e em que resultaram essas mudanças?
Eles acham que os problemas que a cultura humana criou para si mesma têm uma resposta: avanço técnico, saber, civilização. Como lembram, com leve ironia, o risco do bug do milênio não nos devolveu às máquinas de escrever, certo? O texto é longo e tem de ser lido na íntegra, na edição impressa da revista. Destaco abaixo alguns trechos.
A NOSSA NATUREZA É MUDAR A NATUREZA
(…)
A transformação das mãos e dos pulsos permitiu aos nossos antepassados andar cada vez mais eretos, caçar, comer carne e, assim, evoluir. Com a mudança na postura, o homem conseguiu correr atrás de animais atingidos por suas armas. A corrida de longa distância foi facilitada por glândulas sudoríparas que substituíram os pelos. O uso do fogo para cozinhar a carne adicionou uma quantidade muito maior de proteína à dieta, o que resultou em crescimento significativo do cérebro - tanto que algumas de nossas ancestrais começaram a dar à luz prematuramente. Esses bebês prematuros sobreviveram graças à criação de ferramentas feitas com vesículas e peles de animais que amarravam os recém-nascidos ao peito da mãe. A tecnologia, resumindo, nos tornou humanos.
É claro que, conforme nosso corpo, nosso cérebro e nossas ferramentas evoluíram, também evoluiu nossa habilidade de modificar radicalmente o ambiente. Caçamos mamutes e outras espécies até a extinção. Queimamos florestas e savanas inteiras para encontrar mais facilmente a caça e limpar a terra para a agricultura. E, muito antes de as emissões de CO² pela ação humana começarem a afetar o clima, já tínhamos alterado o albedo da Terra, substituindo muitas das florestas do planeta por áreas de agricultura cultivada. Mesmo que a capacidade do homem de alterar o ambiente, ao longo do último século, tenha aumentado substancialmente, essa tendência é antiga. A Terra de 100, 200 ou 300 anos atrás já havia sido profundamente moldada pelos esforços humanos — os entretítulos são deste escriba.
(…)
ESQUERDISMO FÁCIL E HIPOCRISIA
(…)
Líderes mundiais - para a alegria de um eleitorado de tendência esquerdista que controla o equilíbrio do poder político em muitas economias desenvolvidas - fazem promessas atrás de promessas sobre a mudança climática, a extinção de espécies, o desmatamento e a pobreza no mundo. Tudo enquanto cuidadosamente evitam qualquer ação que possa impor custos ou sacrifícios reais a seus eleitores. Mesmo que tenha sido conveniente para muitos observadores simpatizantes relacionar o fracasso de tais esforços à ganância corporativa, à corrupção e à covardia política, a verdade é que todo o projeto que poderíamos definir como pós-materialista é, de maneira confusa, construído sobre uma base de abundância e consumo material que seria consideravelmente ameaçada por qualquer tentativa séria de resolver as crises ecológicas por meio de uma redução substancial da atividade econômica. Não é tão difícil entender como essa hipocrisia acabou por contaminar uma parcela da nossa cultura com intenções aparentemente tão boas.
(…)
A ECOTEOLOGIA COM iPAD
(…)
Esses valores pós-materialistas abriram espaço para a ascensão de uma ecoteologia secular em grande parte incipiente, com medos apocalípticos de um colapso ecológico, noções desencantadas de uma vida em um mundo arruinado e a convicção crescente de que algum tipo de sacrifício coletivo é necessário para evitar o fim do mundo. Ao lado dessa pregação sombria, brilham visões nostálgicas de um futuro transcendente, era que os humanos poderiam, mais uma vez, viver em harmonia com a natureza por meio do retomo da agricultura em pequena escala ou até do estilo de vida dos caçadores-coletores.
As contradições entre o mundo como ele é - cheio de consequências não intencionais das nossas ações - e o mundo como muitos de nós gostaríamos que ele fosse resultam em uma quase rejeição da modernidade. Gestos ocos são os sacramentos que definem essa ecoteologia. A crença de que devemos reduzir radicalmente nosso consumo para sobreviver enquanto civilização não é impedimento para as elites que pagam por universidades particulares, viagens frequentes de avião e iPads.
(…)
A ANTIMODERNIDADE DOS RICOS DE NY, SP E RIO
(…)
Embora a ecoteologia seja mais forte em nações desenvolvidas da Europa e em cidades costeiras como Nova York e Los Angeles, nos Estados Unidos, essa tendência também pode ser facilmente identificada nos bairros ricos e bem-educados do Rio de Janeiro, de Nova Délhi e da Cidade do Cabo.
(…)
Pregando a antimodernidade enquanto vivem como pessoas modernas, as elites ecológicas, seja em São Paulo, seja em São Francisco, confirmam seu status no topo da hierarquia pós-industrial do conhecimento. As elites abastadas dos países desenvolvidos oferecem tanto a seus compatriotas menos favorecidos quanto aos pobres do resto do mundo uma extensa lista de “não façam” - não se desenvolvam como nós nos desenvolvemos, não dirijam utilitários bregas, não consumam demais. Isso gera o ressentimento, e não a emulação, de seus companheiros cidadãos no próprio país e no exterior. Que essas elites ecológicas se mantenham em um padrão diferente e ao mesmo tempo insistam que todos são iguais é mais uma demonstração de seu status superior, pois, dessa forma, elas não têm de responder nem mesmo à realidade.
Apesar de propor uma solução, a atual ecoteologia que nega o mundo é, na verdade, um obstáculo importante no tratamento dos problemas ecológicos criados pela modernização - obstáculo que deve ser substituído por uma nova visão de mundo criativa e que celebre a vida. Afinal, o desenvolvimento humano, a riqueza e a tecnologia nos libertaram da fome, da privação e da insegurança. Agora, eles devem ser considerados essenciais para superar os riscos ecológicos.
POR UMA TEOLOGIA DA MODERNIZAÇÃO
(…)
Enquanto a ecoteologia imagina que nossos problemas ecológicos são consequência da violação humana da natureza, a teologia da modernização enxerga os problemas ambientais como uma parte inevitável da vida na Terra. Enquanto a última geração de ecologistas via uma harmonia natural na Criação, os novos ecologistas veem mudanças constantes. Enquanto os ecoteólogos sugerem que as consequências não intencionais do desenvolvimento humano podem ser evitadas, os patrocinadores da modernização enxergam essas consequências como inevitáveis, tanto de forma positiva como negativa. Enquanto as elites ecológicas veem os poderes da humanidade como inimigos da Criação, os modernistas os veem como ponto fulcral para sua salvação. A teologia da modernização deveria, portanto, louvar, e não profanar, as tecnologias que levaram nossos ancestrais a evoluir.
(…)

República bolivariana do Brasil?: ainda nao, mas parece...

Pois é, assim é, se lhe parece, como diria Pirandello...
O Brasil não é bolivariano, mas de vez em quando bolivarianiza-se, de livre e espontânea vontade. Ou melhor, pela influência de companheiros bolivarianos e cubanófilos que resolvem dar um pitaco na política externa, não é mesmo Associação dos Amigos do Foro de São Paulo?
Assim é, se lhe parece...


A recaída bolivariana da diplomacia brasileira
Editorial O Estado de S.Paulo, 9/06/2012

Na esvaziada Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), encerrada quarta-feira passada em Cochabamba, na Bolívia, o Brasil desprezou mais uma oportunidade de marcar posição em defesa dos direitos humanos no continente. Numa recaída bolivariana influenciada também pela intenção de retaliar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) - que no ano passado pediu a suspensão das obras da Hidrelétrica de Belo Monte até que se apurassem as denúncias de que estariam sendo infringidos direitos da população indígena -, o governo brasileiro preferiu, mais uma vez, alinhar-se com os regimes autoritários do Equador, Bolívia, Nicarágua e Venezuela, violadores contumazes dos direitos humanos, principalmente a liberdade de imprensa. Felizmente, porém, malogrou a tentativa de que o plenário da OEA votasse resolução que impõe restrições à ação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que os bolivarianos acusam de servir a “interesses imperialistas”.
A proposta de enquadramento da comissão - que por extensão acaba atingindo a Corte Interamericana de Direitos Humanos - teve como defensor principal o presidente equatoriano Rafael Correa, o único chefe de Estado presente ao encontro, além do anfitrião Evo Morales, que acusou aquele órgão da OEA de favorecer “a liberdade de extorsão do jornalismo”. Ele combate a “imprensa burguesa” ferozmente em seu país, com a imposição de medidas econômico-financeiras, legislativas e judiciais que têm sufocado os veículos de comunicação que lhe fazem oposição. Evo Morales e os representantes da Venezuela e da Nicarágua, integrantes da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), fizeram eco às diatribes de Correa. O embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, declarou à agência de notícias Reuters que a CIDH “é um instrumento do império composto por cúmplices e covardes” e reiterou as críticas de seu governo ao trabalho do argentino Santiago Cantón na Secretaria Executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A função dessa comissão é promover, fiscalizar e proteger os direitos humanos nas Américas, o que tem feito com o mesmo rigor com que, no passado, condenava as práticas antidemocráticas das ditaduras direitistas no continente.
O Brasil, ao lado de México e Argentina, não chegou a endossar os ataques diretos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas defendeu a necessidade de “modernizar” os mecanismos de atuação dos órgãos da OEA que atuam na área de direitos humanos, o que significa, na prática, diminuir sua autonomia, transferindo as principais decisões para o plenário da OEA e, como consequência, esvaziando o poder da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Exatamente por esse motivo, essa “modernização” é combatida por entidades como a Human Rights Watch e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
Ao final, o esvaziamento da Assembleia-Geral da OEA acabou impedindo o avanço de mais essa conspiração bolivariana contra o sistema interamericano de direitos humanos. Compareceram à reunião de cúpula apenas os 2 chefes de Estado, Morales e Correa, e 16 chanceleres, com os demais países, Brasil inclusive, representados por seus embaixadores na organização. O Conselho Permanente da OEA havia decidido submeter a proposta à Assembleia-Geral de Cochabamba. Mas o plenário da conferência esvaziada devolveu a questão ao Conselho Permanente, para que seja reestudada e encaminhada à próxima Assembleia-Geral, ainda sem data para se reunir.
Para justificar sua posição dúbia nessa questão vital para a preservação dos direitos humanos no continente, o governo brasileiro alega que as reformas preconizadas pelo radicalismo bolivariano de Correa, Morales, Chávez e companhia não afetarão o trabalho da CIDH e destinam-se apenas a aperfeiçoar os critérios para sua atuação. Mas a origem da proposta não deixa dúvidas quanto a suas reais intenções. É estranha, portanto, a posição brasileira, que está em contradição com o fato de que aqui a liberdade de expressão tem sido respeitada, malgrado as episódicas e lamentáveis exceções de interpretações judiciais equivocadas. 

Uma nova licao de economia: comercio e renda nacional...


Um economista anônimo, que prefere permanecer assim, me escreve para dar uma lição. Como foi feita em simples comentário em um post, resolvi promovê-la a tema de post, como segue ao comentário do anônimo comentarista: 

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Uma licao de economia: primeiro, vincular fatos a ...": 
A correlação linear entre "coeficiente de abertura externa" e "riqueza" não pode ser interpretado como causa e efeito por uma ou por outra variável, mas uma simples observação.
É como se você observasse que "quem anda com chapéu na cabeça" tem uma robusta correlação linear com "riqueza" sendo que andar com chapéu na cabeça não vai fazer de você mais rico... 
Essa análise de relação entre a riqueza de um pais e abertura econômica seria melhor analisado e justificado por uma analise qualitativa e não meramente quantitativa...
Da mesma forma, o conceito do "coeficiente de abertura econômica" pode ser questionado, pois um país que apresenta taxas de exportações elevadas pode ter um coeficiente tao elevado quanto um pais que apresenta taxas de importações elevadas, sendo que na realidade empírica, a política de exportação/importação dos dois países podem ser completamente diferentes...

Bem, acrescento agora meus comentários (PRA): 
EU nunca disse que correlação linear queria dizer relação de causa e efeito, pois isto seria incompatível com a própria natureza da economia.
O que eu disse, exatamente, foi isto:
os países mais abertos são os mais ricos (com uma ou outra exceção, que tem a ver com outros fatores, o que não impede que os países, mesmo com baixo coeficiente, sejam abertos ao comércio internacional).
Pois bem, países que apresentam alto coeficiente de comércio internacional COSTUMAM ser ricos, e vice-versa, o que não é uma lei universal.
Os coeficientes variam muito, indo de 250% do PIB para um entreposto como Cingapura, para pouco menos de 30% para os EUA e o Japão, sendo todos eles muito ricos. Os EUA têm um grande mercado interno, e ainda assim exibem um DOS MAIORES COMÉRCIOS do mundo, sendo este pequeno dando seu PIB de 16 trilhões; o Japão é um país relativamente protecionista, mas um GRANDE COMERCIANTE mundial.
A China tem um grande coeficiente de abertura, mas um PIB per capita ainda inferior ao do Brasil.  Mas ela pode nos ultrapassar rapidamente, e isso será dado também pelo comércio exterior, inquestionavelmente mais dinâmico no caso da China.
Mas a renda e riqueza criadas pelo comércio exterior não podem ser tomadas em absoluto, sobretudo pela sua simples expressão monetária. Muito mais importante do que o comércio de bens, é o comércio de ideias, pois elas vem embutidas nos produtos, e fazem os países avançarem no plano tecnologico. O que quer dizer que países que se fecham ao comércio, estão se condenando ao emburrecimento empobrecedor. Não é mesmo Brasil?
Existem correlações lineares? Claro que existem, mas elas não são absolutas. Basta saber ler a história... qualitativamente.
Uma coisa é certa: grandes nações comerciantes se tornam muito ricas, imensamente ricas, desde os fenícios, passando pela Liga Hanseática, os genoveses e venezianos, os holandeses, os britânicos, Hong Kong, e coloque dezenas de outros povos mais.
Não precisa fazer o jogo das Xs e Ms que comércio é comércio, sempre com diferentes variáveis. 
Suíça e EUA exibem déficits estruturais nas suas balanças comerciais respectivas e nem por isso tal condição representa um problema absoluto. A Suíça mais que compensa o déficit comercial por saldos superavitários em serviços financeiros, e os EUA tem uma renda extra pelos vários serviços que exportam ao mundo, os royalties e os dividendos dos seus investimentos.
Aliás, o déficit americano é puramente geográfico, jurisdicional. Se forem somadas todas as Xs das FILIAIS de EMPRESAS AMERICANAS ao redor do mundo, teríamos um imenso superávit.
Volto portanto ao meu ponto: o Brasil, ao praticar protecionismo está se empobrecendo, burramente, aliás. O mais estupidamente possível, se ouso dizer. Está se podando da influencia das ideias embutidas no comércio de bens e serviços. 
Vai ver que o governo brasileiro pensa que somos geniais, e não precisamos do resto do mundo (ou importar problemas alheios, como escreveu o economista anônimo).
Apenas stalinistas industriais pretendem fazer o que fazem os "economistas" do governo. Combina com a mentalidade deles, parada no tempo...
Ou melhor, em recuo de pelo menos meio século, talvez mais.
Esse pessoal viveria na autarquia nazista, no protecionismo a la Manoilescu, enfim, todas essas coisas atrasadas...
De nada...
Paulo Roberto de Almeida 

Livros sobre o nazismo: Five Best do Wall Street Journal


Toda semana, o Wall Street Journal publica uma seleção dos melhores livros sobre um determinado assunto. Nem todas me interessam, mas algumas são particularmente bem vindas.


Mr. Nagorski, a former Newsweek foreigncorrespondent, is the author of "Hitlerland: American Eyewitnesses to the Nazi Rise to Power" (Simon & Schuster).
The Wall Street Journal, June 8, 2012

Germany Puts the Clock Back
By Edgar Ansel Mowrer (1933)
Describing the new freedoms in Weimar Germany after World War I that triggered political chaos and an explosion of "sexual exuberance" of every variety, Edgar Ansel Mowrer noted: "It is hard to conceive a much more tolerant society." Because readers now know what came next, Mowrer's observation startles. But what is most striking about his book, written in late 1932 and rushed into print just as Hitler took power in January 1933, is that the Chicago Daily News correspondent foresaw the Nazi leader's success—and Germany's subsequent forced march to disaster—long before most of his colleagues and the world did. Mowrer, who reported from Berlin for a full decade, wasn't fooled by Hitler's bizarre appearance and mannerisms, which caused so many others to dismiss him. The Nazi leader was "the most effective orator in Germany, the hardest working politician in Europe," who had convinced his countrymen that his apocalyptic vision would be their salvation, he wrote. "A little man had taken the measure of still smaller men." As Mowrer was free to reveal in his memoirs only much later, he also spent this period warning Jews: "Get out, and fast"—even providing those who listened with a map of the border between Germany and Czechoslovakia. Little wonder that Mowrer, who received the Pulitzer Prize for his prescient reporting on Hitler's rise, was driven out of Germany in September 1933.
Hitler's Reich: The First Phase
By Hamilton Fish Armstrong (1933)
'A people has disappeared. Almost every German whose name the world knew as a master of government or business in the Republic of the past fourteen years is gone . . . one by one, these last specimens of another age, another folk, topple over into the Nazi sea." Those opening words convey the chilling message of this slim, powerful volume produced by the editor of Foreign Affairs after his visit to Germany and interview with Hitler in April 1933. Armstrong had maintained extensive contacts with a broad range of senior figures in Weimar Germany, but most were nowhere to be found. Hitler had been in power only since the end of January, but already the sole qualification for any serious position was whether the person was a Nazi. "If he was not, he was wiped out," Armstrong wrote. "Proud to be ignorant" young Nazis accepted the explanation that "the German super-man" only lost World War I because of "the Jew, the traitor within the gates."

Berlin Diary
By William Shirer (1941)
He is best known for his 1960 must-read epic, "The Rise and Fall of the Third Reich." But William Shirer, who reported from Berlin for Hearst's Universal News Service and CBS from 1934 to 1940, displayed far more of his raw emotions in these brilliantly crafted diary entries, published soon after his return to the United States. At first, he was perplexed by the adulation of Hitler shown by his followers, "their faces transformed into something positively inhuman." But soon Shirer came to grudgingly admire—and fear—Hitler's ability to whip up their mystical fervor. The journalist pondered the lack of "balance" in the German people, who swung from one extreme to the other, and he deplored the weak response in Europe and elsewhere. While many Americans still believed they could keep out of the next global conflagration, Shirer had no such illusions. The contest between tyranny and democracy, he concluded in one of his last entries from Berlin, "is as inevitable as that of two planets hurtling inexorably through the heavens towards each other."
Berlin Embassy
By William Russell (1941)
William Russell was a clerk in the consular section of the U.S. Embassy in Berlin when Hitler's armies invaded Poland, launching World War II. The Mississippi native, still in his early 20s, had studied German at the University of Berlin. With the other remaining Americans, he lived "isolated in our island" in the German capital, as he put it in this near-elegiac account, penned mostly before his departure in the spring of 1940. A highly social young man, he broke through that isolation to maintain contacts with an array of German friends—yet he hoped that Allied bombers would hit their country hard. He despaired for the Jews who beseeched the embassy for visas that would allow them to escape. Washington's strict quota system meant that most were turned away. His account, early in the book, of prying loose one visa for a desperate Jew makes for a dramatic opener but only underscores the tragedy of so many others.
Germany Will Try It Again
By Sigrid Schultz (1944)
The longest-serving American correspondent in Berlin, who witnessed all of the 1920s and 1930s there, Sigrid Schultz of the Chicago Tribune was as knowledgeable as she was feisty—even in the presence of Nazi bigwigs. Written after she returned to the United States, her book is full of tantalizing stories. When she discovered that the Gestapo had planted incriminating documents to frame her, she burned the papers and then confronted Hermann Goering at a lavish lunch, declaring that he had orchestrated the incident. This kind of behavior prompted officials at Goering's Air Ministry to refer to her as "that dragon from Chicago." Her anger was also directed against the German people for following Hitler, and she scorned those of her countrymen who refused to believe the early warnings that she and other correspondents had issued about Hitler's intentions: "Many of those who branded us killjoys or cranks have since seen their sons go off to battle."

Uma licao de economia: primeiro, vincular fatos a causas

Um Anônimo -- essa mania de se esconder é indicativo de fraqueza, vergonha, incerteza, dúvidas pessoais, ou o quê?; pensam que eu vou triturar o crítico? -- me escreve a propósito deste post: 

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "As duas vias da América Latina: protecionismo e in...": 
Não entendo essa tendência de ver o Brasil como fechado, em quanto é obvio que nem os Estados-Unidos nem a União Européia são mercados abertos.
Entendo o posicionamento liberal do senhor, mas Washington despreza Milton Friedman e Hayek mais ainda do que Brasilia.
O Brasil tem varios problemas internos, não precisa de problemas externos.
É so ver a situação da Estonia hoje, ultraliberal : quase perdeu 20% do PIB na crise. 

Meu único comentário -- pois não tenho tempo para dar um lição de economia em que se mostra ignaro de certos fatos elementares, mas nem é minha função, ou a missão deste blog, fornecer aulas de qualquer coisa para curiosos de passagem -- seria curto, apenas uma síntese:


A primeira tarefa de quem pretende aprender qualquer coisa seria a de se desembaraçar de crenças e opiniões e se ater a fatos, objetivos, mensuráveis, dados da realidade, e, seguidamente, de vincular certos fatos a determinadas causas. Como disse um filósofo pedestre, as consequências sempre vêm depois, ou seja, determinados fatos, que podem ser causa de determinados processos produzem consequências.
Em economia, certos fatos são estabelecidos a partir de dados objetivos da realidade, não de opiniões, muito menos de teorias de autores, mesmo economistas famosos. Portanto, deixemos esses personagens de lado.
Vejamos: 
1) "tendência de ver o Brasil fechado"? Tendência???!!!
O Anônimo desconhece estatísticas comparadas de coeficientes de abertura externa. Mas ele pode aprender o que é isso, e ver como o Brasil se situa em relação a outros países.
Se ele quiser estabelecer uma correlação linear, verá que os países mais abertos são os mais ricos (com uma ou outra exceção, que tem a ver com outros fatores, o que não impede que os países, mesmo com baixo coeficiente, sejam abertos ao comércio internacional).
2) Segundo o Anônimo, o Brasil tem suficiente problemas internos, assim pode escolher ficar afastado de problemas externos. 
Bem, aqui não se trata de uma questão de economia, mas de lógica elementar. Existem livros para isso também. Não preciso indicar.
3) "A Estônia perdeu 20% do PIB porque era neoliberal". (sic)
My God, o simplismo se juntou à ignorância dos fatos para estabelecer uma das correlações mais estúpidas que já escutei.


Contra argumentos de certos Anônimos, não existem fatos que os recusem.
A fé dos Anônimos na sua própria ignorância só perde para a pachorra que têm de me escrever para desmentir meus fatos, substituindo-os pelas suas próprias crenças e pelas que acham que supostamente eu mantenho.
Como sempre faço, minha única recomendação seria esta: mais estudo, mais livros, menos bobagens tupiniquins, mais leituras de boa qualidade com o que nos vem de fora (não da mesma tribo, claro).
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

As duas vias da América Latina: protecionismo e integracao global - Stratfor

Existem hoje, na América Latina, três grupos de países, simplificando um pouco: os globalizados (tipo Chile e México); os reticentes (tipo Brasil e Argentina), e os bolivarianos (enfim, não encontrei termo melhor para designar os malucos que estão querendo voltar meio século atrás, como Venezuela, Equador, Bolívia, e alguns outros). Peru e Colômbia estão entre os globalizadores e os reticentes, dependendo de quem governa e de quais são as políticas econômicas: atualmente estão mais próximas da integração global, mas sempre pode mudar.
Enquanto alguns se inserem no mundo, outros preferem a política do avestruz. Pior: procuram encontrar bodes expiatórios para os problemas que enfrentam. Nunca é culpa deles, apenas dos outros, do capitalismo perverso, do tsunami financeiro, da guerra cambial, enfim, qualquer coisa, menos as bobagens internas.
Assim vai a América Latina: alguns realistas, outros surrealistas...
Paulo Roberto de Almeida 



Stratfor, June 8, 2012 | 0554 GMT

Leaders from Colombia, Chile, Peru and Mexico gathered in the Chilean Atacama Desert this week to sign an agreement pledging unity under the newly minted Pacific Alliance. First envisioned a year ago during a meeting in Lima, the alliance's first move will be to remove all bilateral visa restrictions, and the countries hope that the bloc will evolve into a multilateral free trade area. The Pacific Alliance unites four of Latin America's most trade- and business-friendly countries. According to Chilean President Sebastian Pinera, the bloc intends to focus explicitly on developing a trade agenda with Asia. The agreement is also sure to impact trade with the United States, a major export destination for all three countries.
Perhaps the most striking aspect of the agreement is the way it contrasts with Latin America's other major trade grouping: Mercosur, or the Market of the South. Mercosur groups Brazil, Argentina, Paraguay and Uruguay, and its trade policies inevitably cater to the needs of the two biggest partners -- Brazil and Argentina. The group's reaction to global economic turmoil has been to withdraw behind trade barriers in an economic policy that closely mirrors the import substitution industrialization theory that heavily influenced Latin American policy during the middle of the 20th century.
The contrasts between the Pacific Alliance and Mercosur reveal historical divisions and political orientations. They also highlight the extreme geographic barriers to integration within the region.
Latin America can be loosely conceptualized as a string of habitable "islands" separated by the massive geographic barriers formed by the Caribbean Sea, the Andean mountain chain and the impenetrable Amazon rainforest. The most contiguous fertile territory with the potential for development exists in the Rio de la Plata river basin, which is divided among the Mercosur members. Mexico is a part of North America and is naturally more oriented toward the United States and Canada than it is toward Latin American states.
The Andean nations should be considered in two separate groupings. The Caribbean Andes comprise Colombia and Venezuela and fit squarely into the geopolitical and economic backyard of the United States. The South American Andes, on the other hand, find themselves isolated not only from the Rio de la Plata countries, but also from the direct attention of the United States -- being as they are squarely located in South America.
What all the Pacific Alliance members share is a shoreline on the Pacific Ocean and an abiding interest in trade with Asia and the United States. Certainly interbloc trade will create opportunities to generate wealth. The opportunities for multilateral trade are inherently limited, however, as the Andean members are primarily reliant on commodity exports, and Mexico is the only country in the grouping with a well-developed industrial base. These countries do not have the same kind of natural geographic linkages that characterize a grouping like Mercosur, and nothing like Mercosur's initial intentions for a customs union should be expected out of the Pacific.
The Pacific Alliance is in many ways simply a maritime trading pact that will attempt to present a united regional front in trans-Pacific trade issues. This is a political and economic arena that is inherently dominated by the agendas of the United States and China, a fact exacerbated by growing U.S. attention to East Asia. But even four countries that display so many similar characteristics will find it difficult to forge a united bargaining position. Like many Latin American trading blocs before it, the Pacific Alliance will face the challenge of attempting to smooth over divergent and competing domestic interests while remaining geographically isolated from one another.

Liderar significa atender as expectativas dos vizinhos: integracao global e protecionismo

Se o Brasil quiser liderar a América do Sul não poderia estar adotando o comportamento do avestruz, fechando-se no protecionismo.
Certas coisas são atávicas...
Paulo Roberto de Almeida 

Latin American Pacific Bloc Rejects Brazil-Led Protectionism

By Randall Woods
Bloomberg, 7/06/2012

Leaders from Latin America’s most open economies will sign a trade accord today to increase commerce along the Pacific rim of the region, distancing themselves from countries such as Argentina and Brazil that are raising import restrictions amid the global slowdown.

Chilean President Sebastian Pinera is hosting the meeting at Paranal, the site of a telescope in the northern desert, to ratify the Pacific Alliance trade bloc with his counterparts from Mexico, Peru and Colombia. Representatives from Costa Rica and Panama will attend as observers and eventually say they may join the bloc, which was created in April last year.

Those attending “are the most outwardly focused and open economies in the region,” Abraham Lowenthal, a Latin American expert at The Brookings Institution in Washington, said in a phone interview. “This is in keeping with where these countries are going in terms of diversifying their international economic relations.”

The alliance will remove barriers not covered under existing bilateral free trade agreements, such as the free movement of people, establishing a bloc that accounts for more than 35 percent of Latin America’s gross domestic product. The drive toward free trade contrasts with the slow pace of integration in the four-nation Mercosur trade bloc led by Brazil and Argentina, which hasn’t achieved its goal of a common market more than two decades after its creation.
Open Economies

Chile has the most open trade policies of any country in Latin America and ranks 14th in the world, followed in the region by Uruguay, Costa Rica, Peru, Panama and Mexico, which is in position 65, according to the World Economic Forum’s 2012 ranking of 132 countries for trade openness. Brazil, Latin America’s biggest economy, ranks 84 followed by Argentina at 96 and Venezuela at 130.

Pacific Alliance members are seeking ways to further link financial services after bourses from Lima, Bogota and Santiago last year formed the integrated exchange known as Mila. Mexico’s main stock exchange has expressed interest in joining the Andean exchange, said Rodrigo Contreras, acting director of Chile’s international economic relations office.

The bloc also will create ties with Asia as Latin America looks to that region for growth. Latin American exports to Asia Pacific grew three times faster than those to the entire world between 2006 and 2010, while China is on track to overtake the European Union as the second-biggest source of imports behind the U.S., according to United Nations data.
Opportunity for Trade

The alliance is an “opportunity to promote and consolidate new investments and greater trade between our countries, as well as a decisive step to consolidating our integration with the Asian Pacific,” Pinera said in a statement on the Foreign Ministry’s website.

The Pacific Alliance’s openness contrasts with the Mercosur, which also includes Uruguay and Paraguay.

After a surge in car imports from China, Brazilian President Dilma Rousseff this year raised taxes for automakers that don’t assemble in the country. Along with Argentina, Brazil also raised Mercosur’s common external tariff on 100 products to protect manufacturers from foreign competition.

Separately, Brazil raised taxes on foreign investment in a bid to weaken the real, whose 10 percent rally in the first two months of the year was the world’s largest.
Defending Industry

The loose monetary policy of the developed world had caused a “monetary tsunami,” pushing up currencies in emerging markets and making Latin America “easy prey for de- industrialization,” Rousseff said during a trip to Colombia last month.

Argentina has stepped up its barriers to imports of everything from glassware to kitty litter to protect its industry this year, prompting a World Trade Organization challenge from the European Union. The government says it won’t backtrack.

“We are determined to continue with import substitution despite the criticism from some parts that only live from imports,” Argentine President Cristina Fernandez de Kirchner said on June 4 in the northern province of Catamarca.

While Mercosur has signed only one free trade agreement since its creation in 1991, with Israel, Pacific Alliance members all have deals with the U.S. and all but Colombia has one with China. The four countries are rated investment grade by Standard & Poor’s.
Chile Trade

Chile, which has trade agreements with 58 countries, is considering legislation that would eliminate all import tariffs by 2015 in a bid to compete with Singapore and Hong Kong as one of the world’s most open economies.

Chile’s benchmark IPSA stock index is down 13 percent in the past year, while Mexico’s IPC index is up 7 percent. That compares with declines of 17 percent in Brazil’s Bovespa index and 30 percent for Argentina’s Merval.

“This alliance isn’t against Brazil or Argentina, but shows that we believe in a track of openness,” Mercedes Araoz, a former Peruvian finance and trade minister who helped pave the way to today’s accord, said in a phone interview from Mexico City. “If you want to be a member you have to believe in that openness, which we believe really helps us create more jobs.”

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