quarta-feira, 13 de junho de 2012

China "socialista" cobra ambiente para investimentos do Brasil capitalista

Esta é sem dúvida inédita nos anais da história do capitalismo. A China está cobrando do Brasil um melhor ambiente de negócios para poder fazer investimentos capitalistas no país.
Parece que os socialistas somos nós...
Paulo Roberto de Almeida 

China cobra do governo melhora do ambiente de negócios no país

Carga tributária elevada e complexa dificulta a entrada e a ampliação dos investimentos chineses no Brasil

Simone Cavalcanti, de Pequim

Brasil Econômico, 13/06/2012



A subdiretora do Departamento de Américas do Ministério do Comércio chinês, Xu Yingzhen, fez duras críticas ao ambiente de negócios no Brasil e às investidas antidumping do governo brasileiro contra seu país. Para ela, muito embora esteja havendoumaperspectiva positiva a respeito de futuros investimentos e da instalação de empresas chinesas no país, a complexidade do sistema tributário e a elevada carga de impostos são problemas muito reportados ao governo local pelas companhias que buscam o solo verdeamarelo como mais um lugar de sua estratégia de internacionalização. Além disso, afirmou, o processo de obtenção de vistos de trabalho para chineses têm demorado muito, o afeta o funcionamento de muitas empresas.

“Esperamos que o ambiente de investimentos do Brasil seja mais transparente, estável e mais aberto”, disse. “Há o problema do sistema tributário complexo, pois muitas de nossas empresas enfrentam a questão de que em todos os estados a lei para os tributos é diferente e isso geralmente afeta a operação”, disse, ressaltando que as autoridades chinesas estão em negociação com o governo federal brasileiro, além dos governos estaduais para tentar solucionar esse tipo de dificuldade.

No entanto, mostrou-se otimista afirmando que os investimentos chineses devem seguir a tendência de alta pelos próximos anos. Não apenas porque seus parceiros tradicionais, como Estados Unidos e países da União Europeia, estão em dificuldades para reanimar sua atividade, mas porque as companhias chinesas estão vendo a economia brasileira com muita vitalidade e tem acreditado nos esforços do governo de que manterá um nível de crescimento mais alto que a média mundial.

Porém, a subdiretora afirmou que não poderia quantificar o volume a ser investido porque essa decisão cabe somente às empresas. Para ter uma ideia, em 2011, o investimento chinês na América Latina foi em torno de US$ 10 bilhões, o que equivaleu a 16,8% do total da China no mundo. “Sempre incentivamos que as empresas chinesas invistam no Brasil gerando emprego. Ao mesmo tempo, temos interesse que venham empresas brasileiras para China.”

Comércio
Xu Yingzhen mostrou-se insatisfeita também com o crescimento de ações antidumping do Brasil contra a China. Afirmou que o país fica apenas atrás da Argentina no número de casos dentro da América Latina. Nos últimos dois anos, o governo brasileiro de fato intensificou a defesa comercial cercando, inclusive, triangulações de produtos chineses que entravam ilegalmente pelo Uruguai. A elevação pode ser explicada porque, cada vez mais, as relações comerciais têm se intensificado. No ano passado, segundo ela, o volume de trocas entre seu país e a região cresceu 31,5%, chegando a US$ 241,5 bilhões e, em sua maior parte justamente para o Brasil e a Argentina.

A subdiretora fez questão de ressaltar o incômodo do governo chinês com relação às medidas protecionistas argentinas para barrar as importações. Assim como reclama o Brasil, a China também tem visto suas mercadorias paradas nos portos sem permissão para ingressar naquele mercado. “Temos recebido muitas queixas de prejuízos às empresas. Essas medidas aumentarama instabilidade dos negócios e cremos que violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, afirmou.

A representante do governo chinês disse ainda que espera ver o compromisso assumido pelo então presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e pelo argentino Néstor Kirchner de reconhecer a China como economia de mercado, o que não ocorreu formalmente até hoje. 

Ninguem tem medo do ridiculo? - Rio+2.000? ($$$)

Confesso que eu tenho medo do ridículo, não por mim, mas pelo país, em face de tantos visitantes estrangeiros e de alguns (poucos) chefes de Estado, devidamente espoliados pela esperteza nacional.
Mais ridículo ainda seria pagar muito para obter muito pouco, uma simples declaração, que depois pode ser esquecida na gaveta...


Entendimento do Itamaraty é de que da Rio+20 deve sair apenas uma declaração conjunta (leia mais)

Redes Sofitel e Othon podem proibir check in até de chefes de Estado se o Itamaraty não confirmar os pagamentos das reservas pela Terramar Viagens e Turismo. Por Leandro Mazzini  (leia mais)

Historiadores exageram nas analogias - Niall Ferguson e Nouriel Roubini

Mesmo historiadores sensíveis, como Niall Ferguson, e economistas sensatos, como Nouriel Roubini (mas ele já cometeu algumas impropriedades, ao acreditar que Marx estava certo ao prever as crises capitalistas), podem se deixar fascinar por falsas analogias da história.
Todos, na verdade, são tentados a comparar a crise atual com a de 1929, que por sua vez deslanchou a crise bancária de 1931 e precipitou o mundo na grande depressão dos anos 1930.
Os dois autores deste artigo, aliás interessante, acreditam que a atual crise bancária europeia poderia levar para a ruptura da democracia na região, o que não só é totalmente falso, como francamente ridículo.
Enfim, eles têm direito de fazerem as analogias que desejam, mas existem regras para isso, e devemos comparar o que é comparável.
Ora, a Europa atual, e o capitalismo de nossos dias, assim como o papel dos Estados, e dos bancos centrais, são totalmente diferentes do que tínhamos nos anos 1920 e 30.
Em todo caso, vale a leitura, se deixarmos de lado esses alertas totalmente desprovidos de fundamento.
Paulo Roberto de Almeida 


 

The Perils of Ignoring HistoryThis Time, Europe Really Is on the Brink

FROM DER SPIEGEL
  • The article you are reading originally appeared in German in issue 24/2012 (June 11, 2012) of DER SPIEGEL.

People line up outside the Postscheckamt in Berlin to withdraw their deposits in July 1931. The 1931 European banking crisis contributed directly to the breakdown of democracy.Zoom
DPA
People line up outside the Postscheckamt in Berlin to withdraw their deposits in July 1931. The 1931 European banking crisis contributed directly to the breakdown of democracy.
The European Union was created to avoid repeating the disasters of the 1930s, but Germany, of all countries, has failed to learn from history. As the euro crisis escalates, Berlin should remember how the banking crisis of 1931 contributed to the breakdown of democracy across Europe. Action is urgently needed to stop history from repeating itself.
Is it one minute to midnight in Europe?
The failure of German public opinion to grasp the dire state of affairs in Europe today is inviting a repeat of precisely the crisis of the mid 20th century that European integration was designed to avoid.
With every increase in the probability of a disorderly Greek exit from the monetary union, the pressure on the Spanish banks increases and with it the danger of a Mediterranean-wide bank run so big that it would overwhelm the European Central Bank. Already there has been a substantial re-nationalization of the European financial system. This centrifugal process could easily continue to the point of complete disintegration.
We find it extraordinary that it should be Germany, of all countries, that is failing to learn from history. Fixated on the non-threat of inflation, today's Germans appear to attach more importance to the year 1923 (the year of hyperinflation) than to the year 1933 (the year democracy died). They would do well to remember how a European banking crisis two years before 1933 contributed directly to the breakdown of democracy not just in their own country but right across the European continent.
Astonishingly few Europeans (including bankers) seem to remember what happened in May 1931 when Creditanstalt, the biggest Austrian bank, had to be bailed out by a government that was itself on the brink of insolvency. The ensuing European bank crisis, which saw the failure of two of Germany's biggest banks, ushered in the second half of the Great Depression. If the first half had been dominated by the American stock market crash, the second was all about European banks going bust.
What happened next? The banking crisis was followed by President Hoover's one-year moratorium on payment of World War I war debts and reparations. Nearly all sovereign borrowers subsequently defaulted on all or part of their external debts, beginning with Germany. Unemployment in Europe reached an agonizing peak in 1932: In July of that year, 49 per cent of German trade union members were out of work.
The political consequences are well known. But the Nazis were only the worst of a large number of extremist movements to benefit politically from the crisis. "Anti-system" parties in Germany -- including Communists as well as fascists -- had won 13 percent of votes in 1928. By November 1932, they won nearly 60 percent. The far right also fared well in Austria, Belgium, Czechoslovakia, Hungary and Romania. Communists gained in Bulgaria, France and Greece.
The result was the death of democracy in much of Europe. While 24 European regimes had been democratic in 1920, the number was down to 11 in 1939. Even bankers know what happened that year.
Those of us who repeatedly warned in the 1990s that the experiment of monetary union would end badly would be gloating now -- if we were not so troubled by the prospect of history repeating itself.
Losing Faith
What is the situation today? Europe's periphery is in depression. According to the IMF, gross domestic product will contract this year by 4.7 percent in Greece and 3.3 percent in Portugal. Unemployment is 24 percent in Spain, 22 percent in Greece and 15 percent in Portugal. Public debt already exceeds 100 percent of GDP in Greece, Ireland, Italy and Portugal. These countries, along with Spain, are now effectively shut out of the bond market.
Now comes the banking crisis. We have warned for more than three years that continental Europe needed to clean up its banks' woeful balance sheets. Next to nothing was done. In the meanwhile, a silent run on the banks of the euro zone periphery has been underway for two years now: cross-border, interbank and wholesale funding has rolled off and been substituted with ECB financing; and "smart money" -- large uninsured deposits of high net worth individuals -- has quietly exited Greek and other "Club Med" banks.
But now the public is finally losing faith and the silent run may spread to smaller insured deposits. Indeed, if Greece were to exit, a deposit freeze would occur and euro deposits would be converted into new drachmas: so a euro in a Greek bank really is not equivalent to a euro in a German bank. Greeks have withdrawn more than €700 million ($875 million) from their banks in the past month.
More worryingly, there was also a surge of withdrawals from some Spanish banks last month. On a recent visit to Barcelona, one of us was repeatedly asked if it was safe to leave money in a Spanish bank. This kind of process is potentially explosive. What today is a leisurely "bank jog" could easily become a sprint for the exits. Indeed, a full run on other PIIGS banks would be impossible to avoid in the event of a Greek exit. Rational people would ask: Who is next?
In the meantime, the credit crunch in the euro-zone banks on the periphery remains severe as banks -- unable to achieve the new 9 percent capital targets by raising private capital -- are selling assets and contracting credit, thus making the euro-zone recession more severe. Fragmentation and balkanization of banking in the euro zone, together with domestication of public debt, is now well underway.
The process of political fragmentation is also speeding up. In the last Greek elections, seven in 10 voters cast their ballots for smaller parties opposed to the austerity program imposed on Greece in return for two EU-led bailouts. Established parties are also losing out to splinter parties in Italy, where the comedian Beppe Grillo's Five Star Movement has just won control of the city of Parma, and in Germany, where a maverick party called the Pirates is all the rage. Less frivolous populists now have substantial support in France, the Netherlands and Norway. This trend is ominous.
Reducing Moral Hazard
The way out of this crisis seems clear.
First, there needs to be a program of direct recapitalization -- via preferred non-voting shares -- of euro-zone banks both in the periphery and the core by the European Financial Stability Facility (EFSF) and its successor the European Stability Mechanism (ESM). The model should be the US's successful Troubled Asset Relief Program (TARP).
The current approach of recapping the banks by the sovereigns borrowing from domestic bond markets -- and/or the EFSF -- has been a disaster in Ireland and Greece. It has led to a surge of public debt and made the sovereign even more insolvent while making banks more risky as an increasing amount of the debt is in their hands.
Direct capital injections would bypass the sovereign and avoid the surge in public debt. In practice, the euro-zone taxpayer would become a shareholder in euro-zone banks and the current balkanization of banking would be partially reversed. This might also help overcome the political resistance to cross-border mergers and acquisitions in coddled domestic banking systems.
Of course, over time, sound banks that restore capital through earnings would be able to buy back the public preferred shares. So this partial nationalization would be temporary.
Second, to avoid a run on euro-zone banks -- a certainty in the case of a "Grexit" and likely in any case -- a EU-wide system of deposit insurance needs to be created.
To reduce moral hazard (and the equity and credit risk undertaken by euro-zone taxpayers through the recap and the deposit insurance scheme), several additional measures should also be implemented:
  • The deposit insurance scheme has to be funded by appropriate bank levies: This could be a financial transaction tax or, better, a levy on all bank liabilities -- both deposits and other debt claims.
  • To limit the potential losses for euro-zone taxpayers, there needs to be a bank resolution scheme in which unsecured creditors of banks -- both junior and senior -- would take a hit before taxpayer money is used to cover bank losses.
  • Measures to limit the size of banks to avoid the too-big-to-fail problem need to be undertaken. In the case of Bankia, the merger of seven smaller caixas merely created a bank that was too big to fail.
  • We also favor an EU-wide system of supervision and regulation. If the euro-zone taxpayer backstops the capital and deposits of euro-zone banks, then supervision and regulation cannot remain at the national level, where political distortions lead to less than optimal oversight of banks.
True, European-wide deposit insurance will not work if there is a continued risk of a country leaving the euro zone. Guaranteeing deposits in euros would be very expensive as the exiting country would need to convert all euro claims into a new national currency, which would swiftly depreciate against the euro. On the other side, if the deposit insurance holds only if a country doesn't exit, it will be incapable of stopping a bank run. So more needs to be done to reduce the probability of euro zone exits.
Part 2: No Alternative to Debt Mutualization
Specifically, three actions are needed:

  • Fiscal austerity policies should not be excessively front-loaded while structural reforms that accelerate productivity growth should be sped up.
  • Economic growth needs to be jump-started in the euro zone. Without growth, the social and political backlash against austerity will be overwhelming. Repaying debt cannot be sustainable without growth.
  • The policies to achieve this include further monetary easing by the ECB, a weaker euro, some fiscal stimulus in the core, more bottleneck-reducing and supply-stimulating infrastructure spending in the periphery (preferably with some kind of "golden rule" for public investment), and wage increases above productivity in the core to boost income and consumption.

Finally, given the unsustainably high public debts and borrowing costs of certain member states, we see no alternative to some kind of debt mutualization.
There are currently a number of different proposals for euro bonds. Among them, the German Council of Economic Experts' proposal for a European Redemption Fund (ERF) is to be preferred -- not because it is the optimal one but rather because it is the only one that can assuage German concerns about taking on too much credit risk.
The ERF is a temporary program that does not lead to permanent euro bonds. It is supported by appropriate collateral and seniority for the fund and has strong conditionality. The main risk is that any proposal that is acceptable to Germany would imply such a loss of national fiscal policy sovereignty that it would be unacceptable to the euro-zone periphery, particularly Italy and Spain.
Giving up some sovereignty is inevitable. However, becoming subject to a "neo-colonial" submission of one's fiscal policy to Germany -- as a senior periphery leader put it to us at a recent meeting of the Nicolas Berggruen Institute (NBI) in Rome -- is not acceptable.
Not Optional
Until recently, the German position has been relentlessly negative on all such proposals. German officials have repeatedly opposed the direct recapitalization of troubled banks. Chancellor Merkel has consistently ruled out euro bonds. Some German spokesmen have made it sound as if they actually want a Greek exit from the euro zone. Others have been over-eager to impose the same fiscal regime on Spain as has already been imposed on Portugal.
We understand German concerns about moral hazard. Putting German taxpayers' money on the line will be hard to justify if meaningful reforms do not materialize on the periphery. But such reforms are bound to take time. Structural reform of the German labor market was hardly an overnight success. By contrast, the European banking crisis is a financial hazard that could escalate in a matter of days.
We have tried to come up with proposals that address German anxieties. But we want to emphasize that action is urgently needed. Germans must understand that bank recapitalization, European deposit insurance and debt mutualization are not optional. They are essential steps to avoid an irreversible disintegration of Europe's monetary union. If Germans are still not convinced, they must understand that the costs of a breakup of the euro zone would be astronomically high -- for themselves as much as for anyone.
After all, Germany's current prosperity is in large measure a consequence of monetary union. The euro has given German exporters a far more competitive exchange rate than the old deutsche mark would have. And the rest of the euro zone remains the destination for 42 percent of German exports. Plunging half of that market into a new Depression can hardly be good for Germany.
Ultimately, as Chancellor Merkel herself acknowledged last week, monetary union always implied further integration into a fiscal and political union.
But before Europe gets anywhere near taking this historical step, it must first of all show that it has learned the lessons of the past. The EU was created to avoid repeating the disasters of the 1930s. It is time Europe's leaders -- and especially Germany's -- understood how perilously close they are to doing just that.


Um Stalin sem Gulag, no Brasil: ainda bem...

Falta o bigode, mas a atitude e o estilo são os mesmos, sem falar do treinamento de inteligência com uma das mais duráveis ditaduras do mundo contemporâneo (e da qual ele se orgulha). Mas que se esclareça: Stalin, não porque ele não quisesse, mas por que ele não pode, e não pôde (se ouso restabelecer o uso do circunflexo, que neste caso me parece necessário).
O homem, que via a si mesmo como um Richelieu do cerrado central, o grão-vizir do Planalto, o déspota do poder despótico que teriam implantado os companheiros, se pudessem, se tivessem podido (bem que eles queriam, não tenho dúvida disso), esse homem é o chefe da quadrilha, o tirano que teríamos tido -- e não tivemos, ainda bem, pois seria igualzinho a um Pinochet tupiniquim, um Fidel Castro de fancaria -- esse homem vai, finalmente, a julgamento.
Talvez queira convocar (já está fazendo) as "massas" para protestar, caso seja condenado; acredito que deveria ser, a menos que alguns juízes do STF se comportem como poltrões, ou subservientes. Em todo caso, seria o último grasnar de um ganso de opereta, um candidato a líder fascista com os atributos que ele próprio acredita ser de esquerda (mas que, na verdade, cada vez mais se parece com o fascismo ordinário).
Estamos próximos de uma conclusão do caso mais criminoso que a República já enfrentou, a ameaça mais grave que tivemos de uma máfia no poder (ainda não está excluída, pois já vivemos em repúbliqueta sindical, em sistema corporativo), um peronismo de botequim, daqueles bem desclassificados.
A sociedade brasileira, na sua parte sã, precisa ver se consegue resistir ao abraço de afogado de um candidato a Stalin tropical. Os vendidos, e os comprados, são muitos, mas a maior parte da sociedade rejeita esse estilo truculento e tendencialmente totalitário de fazer política.
Paulo Roberto de Almeida

Editorial do Estado de S.Paulo, 13/06/2012

A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa. Pelo primeiro delito, poderá ser condenado a até três anos de prisão. Pelo segundo, a até 12. O então procurador-geral da República que o denunciou ao Supremo em 2005, Antonio Fernando de Souza, apontou Dirceu como “chefe da quadrilha” ou da “sofisticada organização criminosa” que produziu o mensalão, a compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula. A denúncia ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador, Roberto Gurgel, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus (dos 40 citados da primeira vez, 1 faleceu e outro fez acordo para ser excluído do processo; para 2 outros, um dos quais, Luiz Gushiken, colega de Dirceu no Ministério, Gurgel pediu a absolvição.
Dirceu alega inocência e se diz alvo histórico do “monopólio da mídia”. A imprensa desejaria vê-lo destruído não pelos seus atos no governo Lula, mas pelo que decerto ele considera ser o conjunto da sua obra como o maior líder revolucionário socialista do Brasil contemporâneo, uma espécie atípica de Che Guevara que não fez guerrilha, escapou de ser eliminado e chegou ao poder graças à democracia burguesa. O julgamento que o aguarda, disse dias atrás aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, será a “batalha final”. Desde os tempos da militância estudantil, ele sempre se teve em alta conta. “Batalha final” é não só uma expressão encharcada de heroísmo, que pode ser usada da extrema direita à extrema esquerda, mas é consanguínea da “luta final” dos “famélicos da terra”, nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário francês de 1871.
Do alto de sua autoestima e na vestimenta de vítima que enverga, até que faria sentido ele propagar que o julgamento no STF representará o momento culminante do confronto de proporções épicas que nunca se furtou a travar em defesa de seus ideais. Mas a arena que ele tem em mente é outra - e outros também os combatentes. “Essa batalha deve ser travada nas ruas também”, conclamou, “se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação, mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação).” Em outras palavras, se a Justiça está sob pressão da mídia para condená-lo, que fique também sob pressão do que seria a vanguarda dos movimentos sociais para absolvê-lo. Se der certo, a voz do povo falou mais alto. Se não der, o veredicto da Corte está desde logo coberto de ilegitimidade, como se emanasse de um tribunal de exceção.
Em 2000, dois anos antes da primeira eleição de Lula, Dirceu conclamou o professorado paulista a “mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua”, porque eles - os tucanos como o governador Mário Covas - “têm de apanhar nas ruas e nas urnas”. Pouco depois, no dia 1.º de junho, o governador, já debilitado pelo câncer que o mataria no ano seguinte, foi covardemente agredido por manifestantes diante da Secretaria da Educação, no centro de São Paulo. Depois, Dirceu quis fazer crer que não incentivara o ataque: foi tudo “força de expressão”. Não há, portanto, motivo para surpresa quando ele torna a invocar “as ruas”. Na sua mentalidade ditatorial - em privado, desafetos petistas já o qualificaram de “stalinista irrecuperável” -, ele se esquece até do dito marxista de que a história se repete como farsa.
Como já se lembrou, o então presidente Collor conclamou a população a protestar contra a tentativa de destituí-lo. A população, especialmente os jovens, aproveitou para pedir o seu impeachment. Como também já se lembrou, hoje em dia os jovens nem sequer saem de casa em defesa de bandeiras mais nobres, a começar pelo repúdio à impunidade dos corruptos, que dirá para assediar o STF no caso do principal réu de um caso de corrupção comparável apenas, talvez, aos dos escândalos da República de Alagoas. Mas é óbvio que a tentativa rudimentar de intimidação repercutirá no tribunal. Se Dirceu não se deu conta disso é porque, como Lula já disse, ele está mesmo “desesperado”

terça-feira, 12 de junho de 2012

Argentina: na descida continua para a decadencia

Pode-se reconhecer que um país está em decadência quando os patrões não mandam mais em suas empresas, quando a República Sindical, que existe, de fato, decide sobre como devem ser conduzidos os negócios da empresa.
Assisti a esse filme na Inglaterra pré-Tatcher, onde os patrões do Times tampouco podiam decidir quantos gráficos iriam imprimir o jornal.
A Inglaterra se safou da decadência, mas foi difícil. A Argentina vai perseverar na decadência, e não se vê quem terá coragem de inverter o processo.
Ah sim: o Brasil vai pelo mesmo caminho...


Com greve de trabalhadores, jornal 'La Nación' não chega às bancas

Pela primeira vez em 142 anos, o jornal não circulou; os funcionários da gráfica pedem melhores salários e a readmissão de 30 colegas

O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 2012

O jornal argentino La Nación não foi impresso nesta terça-feira, 12, pela primeira vez em 142 anos de história. O motivo foi uma greve dos trabalhadores das gráficas do jornal que, de acordo com fontes sindicais, pedem melhores salários e a readmissão de 30 funcionários.
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira - Reprodução
Reprodução
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira
Os operários não trabalharam e bloquearam, durante toda a noite de ontem, a entrada dos setores de impressão do jornal em protesto pela suspensão dos 30 trabalhadores, que ocorreu em meio a um conflito salarial. Durante o último fim de semana, os operários reduziram o ritmo da produção para protestar contra os baixos salários.
Segundo representantes da Federação Gráfica Bonaerense (da província de Buenos Aires), o La Nación suspendeu os 30 funcionários no domingo e contratou outros 20 trabalhadores, o que originou a greve. O veículo de comunicação denunciou que a paralisação impediu a distribuição do jornal para as bancas "pela primeira vez em 142 anos" e considerou a medida "intempestiva e ilegal".
"Estes atos repudiáveis e injustificados ocorrem no âmbito de uma negociação conjunta na qual a empresa tem feito todos os esforços para atender as demandas sindicais", acrescentou o jornal em uma nota publicada em sua página na internet. A nota também ressalta a "vontade permanente de diálogo" por parte da empresa.
Com informações da Efe

Coreia do Norte = Somalia? Nao! Muito pior...

Na Somália, pelo menos existem microempresários da pirataria, que podem se lançar em atividades privadas de alto rendimento, evitando assim a miséria geral da população.
Na Coreia do Norte, esse tipo de atividade de alto risco, totalmente capitalista, não é sequer permitida. Acho que os habitantes desse imenso campo de concentração que é a Coreia do Norte estão pior do que os somalis...


It's official: Dingo did take that baby

Shanghai Daily, June 13, 2012

Millions of North Korean children are not getting the food, medicine or health care they need to develop physically or mentally, leaving many stunted and malnourished, the United Nations said yesterday.

Nearly a third of children under age five show signs of stunting, particularly in rural areas, and chronic diarrhea due to a lack of clean water, sanitation and electricity has become the leading cause of death among children. 

Hospitals are spotless but bare; few have running water or power, and drugs and medicine are in short supply, the UN said in a detailed update on the humanitarian situation in North Korea.

"I've seen babies ... who should have been sitting up who were not sitting up, and can hardly hold a baby bottle," said Jerome Sauvage, the UN's Pyongyang-based resident coordinator for North Korea.

The UN has called for US$198 million in donations this year - mostly to help feed the hungry. 

Last month, North Korea's premier, Choe Yong Rim, urged farmers to do their part to alleviate food shortages, according to a report from the state-run Korean Central News Agency.

Worries of another drought have been raised by a reported shortfall of rain this spring, which will likely lead to a reduced harvest. 

"I have been working at the farm for more than 30 years, but I have never experienced this kind of severe drought," An Song Min, a farmer at the Tokhae Cooperative Farm in the Nampho area, said as he stood in parched fields where the dirt crumbled through his fingers.

North Korea does not produce enough food to feed its 24 million people, and relies on limited purchases of food from other countries as well as outside donations to make up the shortfall. 

About 16 million North Koreans - two-thirds of the country - depend on government rations, the UN report said. There are no signs the government will undertake the long-term structural reforms needed to spur economic growth, it said.

The land in the mountainous north is largely unsuitable for farming, and deforestation and outmoded agricultural techniques - as well as limited fuel and electricity - mean farms are vulnerable to natural disasters, including flooding, drought and harsh, cold winters, the UN report said. Provinces in the southern "cereal bowl" produce most of the country's grains, but the food does not always reach the far northeast. 

A crop assessment last October indicated that 3 million people would need outside food help this year.

Sauvage noted that North Korea, proud of its free health care system, runs spotlessly clean hospitals but with limited facilities. "The proportion of doctors to households is very high," Sauvage said. "Unfortunately, there's not a lot in the doctor's toolkit."

Governo maquia suas contas (como sempre...)


Governo inclui subsídios como despesa de capital

Editorial, O Estado de S.Paulo, 12 de junho de 2012
O Tesouro, ao apresentar suas contas, insistiu em dois pontos: as despesas com pessoal e encargos sociais diminuíram e os gastos de capital cresceram muito. As duas afirmações merecem exame cuidadoso, pois contam apenas meia-verdade.
Os dispêndios com a folha salarial, no documento do Tesouro Nacional, que se refere ao primeiro quadrimestre, revelam um crescimento de 1,7%, caindo porém de 4,59% do PIB, em 2011, para 4,35%, neste ano. Como o Tesouro não fornece sua estimativa do PIB, é difícil saber se foram levados em conta os resultados do PIB do primeiro trimestre, que mostraram um crescimento muito fraco do conjunto da economia. Um aumento de 1,7% da folha, levando em conta a inflação, é aceitável, porém o que se verifica é que no Judiciário e no Legislativo houve redução de 10,2%, mas no Executivo o aumento foi de 5,4%, muito acima da inflação. A conclusão evidente é que aí não chegou a haver um grande exemplo de austeridade.
O exame das despesas de capital é mais complexo, pois, na sua apresentação, o governo mistura despesas de custeio e capital, numa parte, e, em outra, num item chamado "outras despesas de custeio e capital" explicita quais são as de capital propriamente ditas (leia-se investimentos) para as quais se dispõe de mais informações.
No primeiro grupo, as despesas aumentaram R$ 17,2 bilhões em relação ao mesmo período de 2011 e aí se misturam custeio, financiamentos, subsídios e subvenções - esses dois últimos itens somando R$ 6,4 bilhões. Constam também as despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que aumentaram R$ 3,8 bilhões (50%) e podem ser consideradas investimentos, mas que acusam um grande atraso, especialmente no que se refere aos gastos com a infraestrutura.
Nas "outras despesas de custeio e capital", que somam R$ 67,4 bilhões, entram R$ 27 bilhões como despesas de capital, com um aumento de 28,4%. Mas o maior aumento é o do Ministério das Cidades, de 99,6%, que gastou R$ 279,8 milhões. No entanto, grande parte dessa quantia se refere a subsídios do programa Minha Casa,Minha Vida, um programa que funciona melhor porque está nas mãos de empresas privadas.
Ora, os outros subsídios, que visam a diminuir a taxa de juros, como no caso do BNDES e nos créditos para a agricultura, ficaram na lista de subsídios mesmo, sem disfarces. Nesse caso, o governo procurou potencializar de fato seus investimentos por não ter outros exemplos para mencionar.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...