segunda-feira, 30 de junho de 2014

Relacoes Brasil-Estados Unidos: FHC e Lula aplainaram diferencas - O Globo

Lula e FH cooperaram para mudar visão americana sobre PT 
Sigla, junto com PSDB, dialogou com EUA antes da posse, aponta livro
Alexandre Rodrigues
O Globo, 30/06/2014

Quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a primeira eleição para a Presidência da República, em 2002, deputados americanos do Partido Republicano alertaram o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Temiam a formação de um "eixo do mal" na América Latina, com a combinação de Lula com o venezuelano Hugo Chávez e o cubano Fidel Castro. Os argumentos alimentavam especulações de calote no mercado financeiro. Assim que as urnas foram apuradas no Brasil, a futura relação de Lula e Bush foi desenganada por políticos, analistas e a imprensa internacional diante de perfis políticos tão distintos: um ex-sindicalista e um conservador. Os anos seguintes mostraram o contrário: os dois conduziram o melhor momento das relações entre os dois países. Os Estados Unidos mudaram o status da sua relação com o Brasil, passando a reconhecê-lo como uma potência emergente.
Essa inversão de expectativas só foi possível por causa de 18 dias intensos de uma ofensiva diplomática comandada, sem alarde, por Lula e pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) nos bastidores da transição entre os dois governos. A inusitada cooperação entre tucanos e petistas, sob a liderança de dois presidentes, é contada no livro "18 Dias", de Matias Spektor, que será lançado nos próximos dias pela Objetiva.
Doutor em Relações Internacionais por Oxford (Inglaterra) e professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas, Spektor pesquisou arquivos como os do Itamaraty e do Departamento de Estado americano por quatro anos para reconstituir os passos da força-tarefa entre o telefonema que Lula recebeu de Bush no dia seguinte à sua eleição e o convite oficial para uma visita à Casa Branca, que aconteceu em 10 de dezembro de 2012.
Spektor também entrevistou diplomatas e altos funcionários dos dois países, além de Lula e FH. Ele ouviu ainda a ex-secretária de Estado americana Condoleezza Rice, que na época era assessora de segurança nacional de Bush.
Faltavam na Casa Branca especialistas sobre o Brasil para preparar Bush para lidar com Lula. A equipe de Condoleezza então aplicou para o país o mesmo modelo que havia acabado de montar para uma nova relação com a Índia, cujo diálogo com os Estados Unidos também era considerado problemático. A partir dessa analogia, conta Spektor, o Brasil passou a ser visto pelos americanos como um aliado preferencial, um país-chave do mundo emergente, ainda antes da institucionalização dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Lula foi considerado ousado pelos diplomatas dos dois países ao pedir diretamente a Bush, ao telefone, um encontro ainda antes da posse. Ele tinha pressa em convencer que não era o bicho-papão pintado pelos republicanos. O desafio era atrair a atenção de Bush, mais envolvido com o terrorismo e as ações militares no Oriente Médio, para reduzir as desconfianças do mercado, que apostava forte contra a moeda brasileira. A desvalorização do real ameaçava o legado que Fernando Henrique tinha a deixar para Lula e sua biografia. O tucano colocou seus ministros e embaixadores para abrir caminho para os petistas no governo americano. Foi o medo de uma crise econômica mais grave que uniu os dois rivais em torno de um objetivo comum: mudar radicalmente a visão dos Estados Unidos sobre Lula. Deu certo.

'Bush facilitou a ascensão brasileira'
Entrevista / Matias Spektor
O Globo, 30/06/2014

Para especialista da FGV, petista foi o presidente que mais se aproximou dos Estados Unidos; já Dilma acumula dificuldades com Barack Obama
Seu livro mostra Lula e FH trabalhando juntos para mudar a percepção dos EUA sobre o PT. No que essa união beneficiou a política externa brasileira?

Eles tiveram êxito ao mudar a percepção negativa dos EUA sobre Lula. Bush apostou no novo governo brasileiro, acalmou o mercado e espalhou a imagem de Lula como reformista moderado. Tucanos e petistas não gostam de ouvir isso, mas Lula se aproximou dos Estados Unidos mais do que qualquer outro presidente, inclusive FH. Bush queria interlocução na região e encontrou em Lula o melhor companheiro.

O governo Lula soube aproveitar essa situação?
No início, sim. Graças ao apoio americano, Lula conseguiu elevar o poder, o prestígio e a influência do Brasil no mundo. Bush facilitou a ascensão brasileira. Mas o esquema durou pouco, porque dependia das personalidades dos dois presidentes.

Hoje, o diálogo entre Dilma e Obama está abalado pelas denúncias de espionagem. Ela pode abrir mão dessa relação?
Uma diferença brutal é que, em 2002, Bush estava fortalecido pela vitória nas eleições parlamentares. O PT entendeu e se adaptou às condições com destreza. Hoje, a Casa Branca não tem tração porque Obama é um "pato manco". Quem tem coragem de patrocinar uma aproximação para valer (com ele)?

Como avalia a política externa de Dilma, que teve uma transição de continuidade em 2010?

Em política externa, Dilma não representa continuidade em relação a Lula. Seu governo marca o fim de um ciclo. Pela primeira vez em 20 anos, a trajetória diplomática não é ascendente. Isso não é culpa exclusiva do Planalto, apesar dos vários equívocos. O mundo ficou menos maleável, e o Brasil atravessou mudanças que nem o governo entendeu direito. A partir de 2015, precisaremos de um projeto de inserção internacional que leve em conta esta nova realidade, com uma vitória da oposição ou de Dilma. Ela tem dado todos os sinais de que pretende restaurar a relação com os EUA. O desafio agora é achar uma maneira de fazê-lo superando a crise da espionagem.

Politicas racialistas alimentam o racismo no Brasil - Editorial O Globo

Doutrina racialista: a grande vitoriosa nos 12 anos de lulopetismo.

via Blog do Orlando Tambosi, 30/06/2014

O escabroso racialismo - na verdade, uma versão pretensamente abrandada de racismo - passou para trás outros "movimentos sociais", consolidando-se em todas as instâncias. Estupidamente, divide o Brasil em "raças": a negra e as outras. Racismo se combate com leis, não com quotas e privilégios. Editorial do jornal o Globo:

O grupo político de pressão dos racialistas, um dos que chegaram a Brasília em 2003 na caravana vitoriosa do PT, deve ser o que mais obteve vitórias nestes 12 anos de poder, na constelação de agrupamentos aliados a esse partido. Mais, por exemplo, que os sem-terra, mesmo que o MST e satélites tenham podido aparelhar órgãos como o Incra e até o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Já os racialistas ganharam um ministério próprio, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Também com representantes no Congresso e tendo obtido a simpatia do Judiciário — o Supremo terminou por avalizar as cotas como constitucionais —, os racialistas tiveram, infelizmente, êxito na construção de um política de discriminação pela cor da pele no acesso ao ensino superior público e, agora, na obtenção de emprego na máquina burocrática. Nesta batida, um dos próximos passos será a imposição de cotas às empresas privadas.

Este modelo de política afirmativa foi importado dos Estados Unidos — sociedade que se constituiu em cima do conceito de “raças” — para um país, o Brasil, no qual o colonizador português, o negro e o índio se miscigenaram. A cor não tinha o mesmo caráter discriminador existente nos Estados Unidos, a ponto de haver registro de negros senhores de escravo. É indiscutível que, abolida a escravidão, faltaram políticas de integração do negro à cidadania, por meio da educação, a melhor rota para a ascensão social.

Hoje se vê que o neglicenciamento com o nível de qualificação da população é a causa básica da chamada dívida social —com os pobres de qualquer cor de pele. E como a obtenção de resultados neste tipo de investimento é lenta, grupos organizados buscam ganhar tempo por meio de políticas afirmativas, principalmente cotas. Por se constituir, por definição, uma ação discriminatória a favor de algum grupo, outros serão prejudicados. Caso dos brancos pobres.

É ilusório achar que não existe discriminação racial no Brasil. Há, mas não se equaciona o problema por meio de cotas. Ao contrário, pode agravá-lo. Discriminação e racismo se combatem com leis e sua aplicação. Como as já existentes no Brasil.

Em vez de se adotar a melhor das políticas afirmativas — elevar para valer a qualidade do ensino público, a fim de beneficiar alunos de qualquer cor —, o Estado, sob influência racialista, optou pelo populismo e imediatismo das cotas raciais. Teria sido melhor usar o critério social, do nível de renda.

Mesmo que o erro da importação do racialismo já tenha sido cometido, o debate precisa continuar. Até que a sociedade se convença de que há mais pretos pobres não por serem pretos, mas por terem nível de instrução mais baixa, por serem pobres. A cota apenas mascara a questão. É uma anestesia, e com vários efeitos colaterais maléficos. Mesmo nos Estados Unidos, com décadas de vigência de políticas afirmativas, a Supremas Corte acaba de permitir que estados decidam revogar programas de cotas. E alguns o fazem. Têm motivos para tal.

Salvando a Mona Lisa e outras obras de arte durante a Segunda Guerra - Delanceyplace

Today's selection -- from Saving Mona Lisa by Gerri Chanel.  After World War I, the staff of the Louvre became keenly aware of the vulnerability of its treasures. During the ten years before World War II, they developed a detailed plan on how to evacuate and store the art of the Louvre should the need arise. On August 25, 1939, after Great Britain and Poland had concluded a pact of mutual assistance, war became imminent. That evening, the packing began:

"From all corners of the museum, workers removed the top priority movable paintings, antiquities, and objets d'art -- from religious relics to furniture to the crown jewels -- from walls, pedestals and cases. As paintings were removed, first from the walls and then from their frames, workers marked the empty spaces with chalk to note their location to facilitate rehanging upon their return. 


"Workers took items along the carefully -- planned routes to designated triage areas where others wrapped and crated them, then nailed the crates shut, sealed them and applied more colored priority stickers. The tasks were all the more difficult after dark since workers had only the dim light of small portable lamps, a precaution in case of a bombing raid. 

"By 1 a.m., all fifty or so of the most prestigious paintings considered readily movable had been moved to the triage areas. Workers then rushed back to the galleries to begin the next round. The atmosphere was frenzied, but the packing went smoothly; every part of the endeavor had been analyzed again and again over multiple years and then rehearsed.

"With the military draft underway, it had been a mad scramble ... to assemble the small army of people needed for the massive operation. ... Among those helping out were dozens of men on loan from several of the big Parisian department stores, including the Samaritaine, whose owner, Gabriel Cognacq, was vice president of the National Museum Council. At one point, young staff member Magdeleine Hours walked into a gallery to find men from one of the department stores packing up fourteenth -- and fifteenth-century paintings. like the other workers, they were dressed in long work smocks, but they also wore mauve tights and striped caps. Hours was stupefied; they looked to her just like characters in the medieval works they were packing. 

"In the triage areas, antiquities were packed in protective material. Smaller paintings were wrapped first in fire-resistant paper, then in leatherette to resist humidity: fiber spacers separated multiple paintings packed in a single crate. Dust swirled in the air and hammers clattered as typists furiously tapped out quintuplicate lists of the contents of each crate. To disguise the contents of crates, they bore only three markings: the initials 'MN,' the department initials and a crate number; the anonymity was intended to discourage theft and to frustrate searches by Germans. Moreover, to keep unauthorized individuals from knowing where the items were going, all shipping labels said Chambord, even though many items had already been assigned to other final destinations in the Loire Valley.  ...

"[A]fter two days of around-the-clock packing ... empty trucks began rolling into the courtyard. ... At 6 a.m. on August 28, 1939, the first convoy of eight trucks, loaded with the Mona Lisa, the Seated Scribe, the crown jewels, and 225 other crates of some of the world's most precious art and antiquities rolled slowly away from Paris towards the French countryside. "

Saving Mona Lisa: The Battle to Protect the Louvre and its Treasures During World War II
Author: Gerri Chanel
Publisher: Heliopa Press
Copyright 2014 by Gerri Chanel
Pages: 43-46 


If you wish to read further: Buy Now

A desintegracao da Siria - Paulo Sergio Pinheiro (FSP)

De fato, como a diplomacia brasileira vem dizendo desde o início, não existe solução militar ao problema da Síria, e que a solução teria de ser política, ou diplomática. O problema é que nenhum dos lados pretende sentar-se à mesa para debater politicamente, nem os próprios contendores pretendem, podem, ou querem realmente uma resposta e uma solução política. De diplomacia, então, nem falar. A única "solução" em vista, portanto, é o esgotamento dos dois lados numa insana guerra, que não se sabe se é civil, étnica, tribal, religiosa, partidária, ou qualquer outra coisa. O país está destruído e a população destroçada sobretudo em suas esperanças de ter uma vida normal.
E tudo começou porque um ditador pretendeu manter-se no poder ante os protestos pacíficos de cidadãos por uma abertura política e por mais democracia. Massacrados estes, o caminho estava aberto para os fundamentalistas.
Ditadores, por mais que pretendam "unir" o país, sempre colocam seus interesses pessoais acima dos da nação, e por isso devem ser afastados pela pressão da comunidade internacional. Como isso não foi possível na Síria, temos essa situação de caos absoluto.
Paulo Roberto de Almeida

A DESINTEGRAÇÃO DA SÍRIA
Estratégias da ilusão
Paulo Sérgio Pinheiro
Presidente da comissão independente internacional de investigação da ONU sobre a República Árabe da Síria
Folha de SP, 29/06/2014

A ameaça de guerra no Oriente Médio está cada vez mais próxima. O conflito no Iraque terá repercussão devastadora na Síria e nos países vizinhos
No quarto ano do conflito armado, milhões de sírios ainda sofrem com a perda de familiares em bombardeios aéreos, com a violência em centros de detenção, com desaparecimentos e fome. Mais de 150 mil pessoas perderam a vida.
A incapacidade de proteger os civis dos bombardeios das forças governamentais sírias e dos ataques dos grupos não estatais armados levou a um sofrimento indizível.
Estima-se que 9,3 milhões de sírios têm necessidade de assistência humanitária urgente, com 4,25 milhões de deslocados internamente e 2,8 milhões de refugiados em países vizinhos. A expressiva maioria são mulheres e crianças.
A infraestrutura básica do país foi destroçada. Escolas foram reduzidas a escombros ou ocupadas pelas forças armadas. Hospitais foram invadidos. Bairros residenciais estão destruídos. Alimentos, água e eletricidade foram cortados para infligir sofrimento a populações civis. A guerra teve um impacto devastador sobre a economia do país.
Como meu colega Lakhdar Brahimi afirmou antes de renunciar a suas funções de enviado conjunto da ONU e da Liga Árabe, a Síria está a ponto de se tornar um "Estado falido, com senhores da guerra por toda parte", e o conflito não ficará restrito às fronteiras do país.
A guerra na Síria atingiu um ponto de inflexão que ameaça toda a região. O governo sírio e os grupos armados na oposição têm levado a violência ao paroxismo. Todos desrespeitam flagrantemente as regras dos direitos humanos. Uma impunidade generalizada campeia.
Combatentes e cidadãos são torturados até a morte dentro de centros de detenção, homens são decapitados e alguns crucificados em praça pública, mulheres vivem com o estigma do abuso sexual e as crianças são recrutadas pelas forças de combate.
Escolhas cotidianas como ir ou não à mesquita para as orações, ir ou não ao mercado para fazer compras de comida ou levar ou não as crianças à escola para que deem continuidade a seus estudos se tornaram decisões de vida ou morte.
Como as partes em conflito chafurdam na ilusão de que a vitória militar está a seu alcance, Estados com influência no conflito renunciaram a trilhar a via para uma solução política. Alguns continuam a fornecer armas, artilharia e aviação para o governo ou contribuem com assistência logística e estratégica. Outros países e indivíduos apoiam os grupos armados não estatais com doações financeiras, armas e treinamento. Alimentam, assim, uma guerra por delegação, uma "proxy war" de potências dentro da Síria.
A ameaça de uma guerra regional no Oriente Médio está cada vez mais próxima. O conflito armado que se alastra no Iraque terá repercussão devastadora na Síria e em outros países limítrofes.
O aspecto mais alarmante tem sido o aumento da ameaça sectária, consequência direta da dominação de grupos extremistas como o Estado Islâmico no Iraque e no Levante, o EIIL. Seus combatentes radicais atacam não somente as comunidades sunitas que não se submetem a seu controle, mas também minorias como os xiitas, alauítas, cristãos, armênios, drusos e curdos, todos considerados apóstatas ou infiéis que devem ser abatidos.
Diante das ilusões desse triunfalismo belicoso generalizado por todas as partes, deve-se continuar a insistir que não há solução militar para o conflito. Desde o início, a única via sempre foi e continua sendo uma negociação diplomática, política, que inclua todos os países com influência na região, desde o Irã até a Arábia Saudita.
Os povos da Síria têm o direito de exigir da comunidade internacional, pelas oportunidades perdidas de terminar o conflito e pelo sofrimento a eles imposto, que a paz não continue a lhes ser negada.

PAULO SÉRGIO PINHEIRO, 70, é presidente da comissão independente internacional de investigação da ONU sobre a República Árabe da Síria. Foi secretário de Estado de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso.

Eleicoes 2014: por um punhado de votos...

Quais outras categorias profissionais conseguirão ser classificadas dentro do conceito "atividades perigosas" ou "de risco", para aumentar o salário em 30%?
Os ciclistas, os skatistas, os pedestres?
Paulo Roberto de Almeida 

Adicional a motociclistas será regulamentado pelo MTE

Regulamentação será submetida a consulta pública a partir de 15 de julho. Adicional de periculosidade corresponde a 30% do salário do empregado.
Fonte: Assessoria de Imprensa/MTE

Brasília, 27/06/2014 – O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) vai regulamentar o adicional de periculosidade criado pela Lei 12.799, de 18 de junho de 2014. A Lei considera perigosas as atividades dos trabalhadores com motocicletas e o adicional representa 30% a mais no salário do empregado.

O Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria de Inspeção do Trabalho (DSST/SIT) vai coordenar a regulamentação, por meio da elaboração do Anexo V da Norma Regulamentadora Nº 16 (NR-16). O instrumento vai definir as situações que geram direito ao adicional de periculosidade, considerado o disposto na Lei.

O processo de elaboração se inicia pela redação de um texto técnico básico, submetido à consulta pública por 60 dias. Recebidas as contribuições da sociedade, o debate é feito por um Grupo de Trabalho Tripartite, com participação de trabalhadores, empregadores e governo. O texto estará disponível para sugestões a partir do dia 15 de julho.

O adicional de periculosidade corresponde a 30% do salário do empregado, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. O pagamento passa a ser obrigatório a partir da publicação da regulamentação.

Plano Real, 20 anos de bons servicos ao pais - O Globo

Real 20 anos: com 12 anos de PT, a volta da inflação
Na foto, a equipe do Plano: Malan, Arida, Franco e Bacha.
O jornal O Globo traz uma série de matérias sobre os 20 anos do Plano Real, que domou a inflação e assentou as bases do crescimento brasileiro. Inimigo do plano desde o primeiro momento, o lulopetismo não fez nenhum ajuste nos últimos 12 anos - e o que temos é a volta da inflação. Aliás, como diz o jornal, "temos crescimento baixo de nação rica e inflação de país pobre":

Passados 20 anos do Plano Real, os números da economia mostram o Brasil com inflação alta de Terceiro Mundo e crescimento baixo de país desenvolvido. Ao cruzar os dois indicadores com os de 32 países de América Latina, Brics (além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Tigres Asiáticos (Hong Kong, Coreia do Sul, Cingapura e Taiwan) e desenvolvidos, o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, encontrou a sétima maior inflação acumulada de 1995 a 2013, de 275,4%, mesmo com a estabilização — o que representou taxa média anual de 7,2%, pouco acima da expectativa de inflação do mercado para este ano, de 6,46%. Na América Latina, o Brasil só perde para Venezuela e Colômbia. No ranking de crescimento, o Brasil cai para o meio da lista. Está na 15ª posição, com média de expansão de 3%.

— O que essa tabela mostra é que, em termos de crescimento econômico, o Brasil tem característica de país desenvolvido (países maduros que crescem mais devagar). Já a inflação revela problema crônico de país de Terceiro Mundo. Podemos sintetizar o problema pelo custo Brasil, colocando no preço as nossas deficiências estruturais, como logística, mobilidade urbana caótica, burocracia, tributação complexa e excessivamente elevada.

‘CUSTO BRASIL AFUGENTA CRESCIMENTO’

O economista ainda cita problemas de ingerência política em decisões técnicas, o que provoca insegurança jurídica e baixo crescimento.

— Todo esse custo Brasil afugenta o crescimento. Os Tigres Asiáticos estão à frente do Brasil. Crescem quase o dobro, enfrentando adversidades externas maiores que o Brasil. Na comparação com os outros, é emblemática a nossa situação.

Essa situação não é à toa. O processo de estabilização do Brasil combateu 30 anos de indexação (repasse para os preços da inflação passada), afirma o decano da PUC e especialista em inflação Luiz Roberto Cunha:

— Ninguém teve 30 anos de indexação como nós tivemos. No crescimento, tivemos problemas sim, não evoluímos nas reformas como o Chile, a Colômbia e o Peru (todos tiveram expansão superior à do Brasil). Eles caminharam melhor do que nós. É claro que a complexidade da economia brasileira também é maior.

Para poder conviver com a inflação, foi criada a correção monetária no período militar, que embutia, na maioria dos preços, a inflação passada. A correção monetária foi extinta com o Plano Real.

Cunha afirma que a indexação ainda existe, atualmente causada por uma inflação renitente em 6%:

— A demanda por indexação cristalizada em 6% é muito grande, formal e informal. O aumento real do salário mínimo tem como contrapartida a inflação de serviços, que está comendo parte do ganho.

O professor da USP Heron de Carmo teme esse repasse da inflação passada aos preços de hoje. Para ele, o governo errou ao não reduzir para 3% a meta de inflação quando as taxas estavam perto de 4%, entre 2006 e 2007:

— A inflação começou a subir com os choques. Agora, vivemos administrando choques. Ainda temos o custo da taxa de juros entre as mais altas do mundo.

Há de se ter cuidado com as comparações, afirma Mônica de Bolle, da Galanto Consultoria, diante de estágios diferentes de desenvolvimento entre os países. Ela cita o exemplo da China, que deu um impulso no crescimento com a migração da população rural para as cidades, elevando a produtividade e o crescimento. O Brasil viveu este fenômeno com mais intensidade nas décadas de 1960 e 1970. A economista considera boa a média de 3% de crescimento anual, mas chama a atenção para o fato de esta performance ter piorado nos últimos anos. Para 2014, o Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado semana passada, já prevê expansão da economia de apenas 1,6%. Mas a avaliação da economista não se repete para as taxas de inflação:

— Ficamos mal na foto na inflação. É alta a média de 7,2%. Muito longe da meta de 4,5%. Tem havido um enfraquecimento institucional no Brasil. Isso fica claro com a inflação muito alta. Se alguns preços não estivessem represados, poderia estar até acima de 7,2%. Deveríamos estar hoje bem abaixo desta média de 20 anos.

Cunha lembra que mesmo países que sofreram com inflação alta não tinham a tradição de indexação do Brasil, citando a quantidade de índices de preços aqui, com os da FGV, da Fipe e do IBGE.

Mônica afirma que Colômbia, Chile e Peru não tiveram o problema inflacionário do Brasil, mas conseguiram adotar políticas de abertura comercial e fazer reformas como a tributária e trabalhista:

— Quando se faz reforma estrutural, ganha-se eficiência. O crescimento sobe, e a inflação cai.

REAL: FALTA DE SURPRESA EXPLICA SUCESSO

Para Lia Valls, especialista em América Latina da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Brasil se saiu bem, na medida do possível, principalmente baixando o patamar da inflação:

— Dentro do possível, a gente se saiu bem. Conseguimos, principalmente, sair da âncora cambial de uma forma que não causou muito trauma na economia. Conseguimos fazer isso de uma maneira que não a inflação não acelerou. Depois se criou um consenso de que a inflação é algo que a gente não deve aceitar.

Cunha afirma que o sucesso do real veio da falta de surpresas. Num artigo em dezembro de 1993, o professor da PUC explica cada passo do plano, com base na divulgação oficial, ao contrário de planos anteriores, que a população só sabia o que ia acontecer na hora.

Na avaliação do diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica do Instituto de Economia da Unicamp, Francisco Lopreato, foi a renegociação da dívida externa que viabilizou o sucesso do Plano Real. Segundo ele, a experiência brasileira seguiu a de outros países da América Latina, que conseguiram se livrar da hiperinflação após reestruturar a dívida dos países.

— Não é coincidência que o Plano Real só tenha ocorrido depois da renegociação. Sem querer tirar o mérito do real, que foi um plano inteligente, o acordo da dívida retomou o acesso ao crédito internacional, o que tornou viável o plano.

Os companheiros: aliados do maior ladrao do Brasil; ja vai tarde... - Nivaldo Cordeiro

Já vai tarde, não, ele continua ali, aliado dos piores atrasos do Brasil.
Só desistiu de concorrer porque iria perder, mas quer continuar mandando, como sempre mandou, apenas que hoje convertido em capataz do senhor de todos os capatazes.
E quem o chamou de maior ladrao do Brasil fou justamente aquele que é hoje seu maior aliado, o guia genial dos povos, e o chefe de todos os chefes, o atual dono do atraso da política brasileira.
Eles se merecem...
Paulo Roberto de Almeida 
O discurso do Sarney
Meus caros, este discurso do Nivaldo Cordeiro eu jamais esqueci, porque é a síntese sobre José Sarney mais perfeita que já li. Trata-se de um artigo de 2009 que continua atualíssimo hoje, depois que recentemente aquele político maranhanse declarou que não vai  concorrer a cargos públicos. 

Por Nivaldo Cordeiro
Junho de 2009

Eu sempre soube que José Sarney nunca foi um estadista, no sentido dicionarizado de ser uma pessoa que tem liderança política e sabedoria para se portar acima dos interesses gremiais menores e em prol dos interesses gerais. Sempre me pareceu que o senador pautou sua vida política pela mesquinharia, pelo compadrio, pelo usufruto do poder de Estado para fazer prevalecer seus instintos de clã naquilo que tem de mais retrógrado. Tem me parecido que a ética dos cupinhas é a que preside as relações dele com o poder, desde a origem. 

A crise que eclodiu nos últimos dias, em torno dos atos ditos secretos do Senado (uma vergonha inominável, mais do que uma afronta à Constituição), é a expressão mais degradante das práticas nepotistas que se tem notícia. Esses atos colocaram Sarney sob as luzes da ribalta e atraíram a ira de toda a Nação brasileira. Noticiou-se que irmão, neto, sobrinho - e sabe-se lá mais quantos familiares seus - foram objeto dessa forma suja de ocultação do ato administrativo ordinário. Houve uma locupletação espantosa da parentela com as verbas públicas. 

O que mais incomodou no discurso de Sarney foi o pseudo tom majestático que o senador lhe deu, como se o seu passado servisse de biombo para esconder as pequenas estripulias nepotistas que foram noticiadas, como se, associadas a elas, não estivesse a falta gravíssima de não se dar a devida publicidade legal aos atos de gestão. 

Nem o passado do senador Sarney é grandioso e nem as atuais denúncias são miudezas. Elas testemunham, sim, a mesquinharia de quem se julga dono do poder e acima das leis, como um faraó renascido no Maranhão. Nem ditadores conseguiram essa proeza de ficarem acima das leis, quanto mais nobres senadores, símbolos da República e das práticas republicanas, que têm que dar satisfação cotidiana dos seus atos. 

Graças a Deus ainda vivemos dentro de uma sociedade aberta e que tem uma imprensa livre, apesar de tudo. Nada pode ter ocultação permanente, esse é o testemunho que nos ficou dos grandes escândalos recentes do governo Lula, como o do mensalão, de triste memória. 

E numerar a longa carreira política do senador como álibi no seu discurso só demonstrou a má fé que lhe move. Qualquer ser, se somar seus atos bons e esconder seus atos indignos, poderá fazer crer aos interlocutores que é um portador de santidade, uma evidente falsificação. O fato é que sua vida política, para além dos cargos eletivos ocupados e das honrarias angariadas por força desses cargos, ao longo de sua vida pública, aí incluindo a eleição para a Academia Brasileira de Letras, está longe de ser virtuosa. 

Toda a gente sabe de sua responsabilidade maior sobre a origem da hiperinflação, que legou ao término de seu mandato na Presidência da República, testemunha indelével da má gestão administrativa oriunda de sua ética de cupinchas . Eu próprio pude testemunhar a febre de nomeações imorais de levas de levas de cabos eleitorais, para cargos públicos estáveis, durante o seu governo, sob a vigência da lei anterior à Constituição atual, legalidade que jamais serviu para esconder a imoralidade do que foi feito. 

Os últimos dias antes de viger a nova Constituição foram pavorosos em matéria dessas nomeações imorais, devidamente assinadas nos decretos pelo presidente em exercício. Basta consultar o Diário Oficial da época, pois então não se usava a prática de atos secretos. 

Nunca é demais recordar que o Estado do Maranhão continua a ser uma das unidades federativas mais pobres e subdesenvolvidas do Brasil, em grande parte por causa da incúria dos governantes que se sucederam no poder ao longo das últimas décadas, basicamente Sarney em pessoa, seus familiares e seus compadres políticos. 

Que retórica mais pobre essa de tentar colocar como escudo protetor o espírito corporativo do Senado, como podemos ler no trecho: "não é a primeira vez que digo isso aqui, vou repeti-la - a instituição é maior do que todos nós somados". Claro que a instituição é maior do que cada um dos seus membros isolados, claro que o Senado é uma das faces do povo brasileiro. Pura redundância, um truísmo. Mas não se pode dizer que as travessuras nepotistas secretas denunciadas tornem um dos pares diferenciados dos demais em sentido positivo, mas o torna certamente diferenciado em sentido negativo, motivo de execração pública. 

É possível que a gravidade do escândalo leve eventualmente à abertura de processo de cassação dos responsáveis, se o Senado reagir à altura do que esperam muitos dos brasileiros, entre os quais me incluo. 

"Não seria agora, na minha idade, que iria praticar qualquer ato menor que nunca pratiquei na minha vida", declarou Sarney. Precisamente o contrário! Em qualquer idade que ele tenha transitado no poder, mormente agora, o que se ouve é que a prática nepotista sempre foi usada, alargada para atender toda sorte de compadrio político. Os documentos vindos a públicos atestam isso à sobeja. 

Querer diluir a presente crise no contexto de uma suposta crise global da instituição dos parlamentos pelo mundo é recurso sofistico atroz. É como se não existisse fato causador do escândalo que tomou conta dos meios de comunicação, como se o escândalo não tivesse motivação concreta, sabida e reconhecida. Todos os nomeados têm o seu sobrenome ou lhe são aparentados. 

Mesmo assim o senador Sarney não teve pejo de dizer: "Então, é com essa responsabilidade que nunca tive meu nome associado a qualquer das coisas que são faladas aqui dentro do Congresso Nacional, ao longo do tempo, porque isso é uma crise mundial. O que se fala aqui no Brasil sobre o Congresso fala-se na Espanha, fala-se na Inglaterra, fala-se na Argentina, fala-se em todos os lugares". 

Ora, se o irmão de Sarney, seu neto, sua sobrinha e sabe-se lá mais quem são denunciados pela imprensa, então é o nome, sim de Sua Excelência, que está conspurcado pelo nepotismo. Eles, os seus parentes diretos, estão lá precisamente porque você é senador da República e no momento é o presidente do Senado Federal. Os parentes nunca estiveram lá por méritos pessoais. Seus parentes diretos não apenas adquiriram ricos proventos em cargos públicos sob a sua jurisdição, e até mesmo um garoto que pode se dizer ainda imberbe e não formado, netoseu, lá foi nomeado. 

Não há grandeza alguma no discurso de Sarney, mas uma majestade postiça e inconveniente que agrediu aos que lhe ouviram e agride àqueles que leem a peça. Pura retórica vazia. Uma palavra fantástica que nunca terá o poder de fantasiar o mal feito. O discurso bem poderia ter sido mais singelo e curto e substantivo, que dissesse o que a Nação quer ouvir, mas seria demais esperar tal grandeza. 

Eu nunca esperei!

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...