quinta-feira, 31 de outubro de 2019

PCdoB ainda não se livrou do trauma do Araguaia: autor do livro sobre a guerrilha, Hugo Studart, novamente atacado pelo partido

Borboletas e Lobisomens: a guerrilha do Araguaia, de Hugo Studart
Um comentário, por Paulo Roberto de Almeida

Dois anos atrás, o jornalista Hugo Studart procurou-me na direção do IPRI – onde eu me divertia intelectualmente, antes de ser defenestrado por um chanceler sem qualquer senso de humor – para mostrar-me sua tese de doutorado em História, na UnB, sobre a guerrilha do Araguaia.
Imediatamente constatei a qualidade da pesquisa, o rico conteúdo descritivo, objetivo, factualíssimo, embora recheada, a tese, de inúmeros academicismos supérfluos, que atrapalhavam a leitura de uma excelente história sobre uma das grandes tragédias da luta armada no Brasil, a insana aventura "maoísta" do PCdoB nas selvas do Araguaia, e a terrivelmente cruel operação (em três fases) das FFAA para extirpar completamente aquele "quisto" do território brasileiro, mesmo ao custo de execuções sumárias, assassinatos a frio, equivalentes a crimes contra a humanidade, pelos quais os verdadeiros chefes da contra-guerrilha, não apenas seus simples operadores, nunca foram punidos.
Recomendei a "limpeza" da tese de suas superfluidades acadêmicas e a publicação como um simples, mas poderoso livro de história. Já antecipava a contrariedade do PCdoB, o promotor daquela tragédia, junto com o Exército, que nunca fez autocrítica, nem sequer se explicou, por ter enviado à morte um punhado de jovens idealistas, além de alguns militantes e guerrilheiros profissionais. Expliquei isso ao autor, que caberia adicionar um texto sobre a responsabilidade política do PCdoB, que o partido sempre se recusou a fazer.
Ele então me convidou para escrever algo a respeito, o que fiz, de forma displicente, ou seja, um texto puramente opinativo, no estilo "falta alguém em Nuremberg", mas que ainda assim ele insistiu por colocar em posfácio ao livro já planejado.
Eis o meu registro de minha colaboração ao livro, sendo que o posfácio publicado apenas resumia meu texto original, razão pela qual eu disponibilizei a versão integral em meu blog: 

     1285. “Uma tragédia brasileira: a loucura amazônica do PCdoB”, Posfácio a Hugo Studart: Borboletas e Lobisomens: vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia (Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 2018, 660 p.; ISBN: 978-85-265-0490-5; pp. 503-507). Versão original publicada no blog Diplomatizzando (9/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/golpes-revolucoes-e-movimentos-armados.html). 

Agora, depois de muitos ataques do PCdoB ao livro e ao seu autor, e ainda querendo esconder a verdade, o "historiador oficial" – esse título parece um escárnio, mas combina com as mentalidades ainda stalinistas do partido – vem com mais pedras na mão protestar contra o fato de que o livro entrou na lista dos finalistas do prêmio Jabuti. É seu direito.
Como também é direito do autor expor claramente o que está acontecendo, depois de todas as campanhas que o PCdoB fez contra a obra (que eu julgo uma excelente ajuda involuntária em termos de marketing, o que vale um exemplar grátis para o partido sortear entre os seus aguerridos e stalinistas membros).
Transcrevo, pois, o texto que me foi enviado por Hugo Studart, e não recomendo a leitura da "resenha" do stalinista, ops, historiador oficial do PCdoB, mas cada um é livre para escolher suas melhores leituras.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 31 de outubro de 2019


Nota de Hugo Studart sobre mais um ataque do PCdoB ao seu livro:

O Partido Comunista do Brasil, PCdoB, publicou manifesto violento em seu site oficial, o Vermelho.com.br, protestando contra a indicação a finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2019 do livro "Borboletas e Lobisomens - Vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia", de minha autoria.

Trata-se do 25º artigo-manifesto do partido contra a obra, resultado de minha Tese de Doutorado em História pela Universidade de Brasília. Assinado pelo historiador oficial do partido, Osvaldo Bertolino, são usados mais de 20 xingamentos ou adjetivos desqualificativos contra a obra, o autor e jornalistas que porventura tenham escrito artigos elogiosos (ou neutros): "livro farsa", "caluniador", "mentiras cabeludas", "crápula", "poço de imundice", "vazio de inteligência" e "pastel de camarão".

Eis um trecho do manifesto:

O autor optou por mobilizar um séquito de figurões moralmente subqualificados da mídia para defendê-lo. As palavras mentirosas surgiram das bocas e mãos de gente como — entre tantos outros — Alexandre Garcia (ex-Globo e ditadura militar), José Nêumanne Pinto (O Estado de S. Paulo), José Roberto Guzzo (revista Veja) e Augusto Nunes (Rádio Jovem Pan). Eles se esforçaram para tentar salvar a obra farsesca de Studart, mas o que saiu foi a velha semântica anticomunista, esvaziada por frases retorcidas e intelectualmente indigentes.

O partido também já organizou quatro atos de escracho públicos; piquete contra o lançamento no Rio de Janeiro; além de publicar 5 horas de gravações no YouTube (quase uma minissérie). Um grupo de militantes procurou a reitora da UnB pedindo para que cassasse meu título de Doutor e, sobretudo, cancelasse o Prêmio UnB de Teses de Doutorado, do qual fui vencedor. Obviamente, ela jamais cometeria tamanha sandice, nem poderia.

Em outro trecho, o manifesto do PCdoB compara "Borboletas e Lobisomens" à obra "A Terra", de Emile Zola:

"Ele tentou escrever um livro que impressionasse pela brutalidade dos detalhes, pelas cenas de vulgaridades que beiram a lascívia e chegam à fronteira do mau gosto. Seu séquito teve uma reação contrária à dos cinco discípulos mais fiéis de Emile Zola, que lançaram um manifesto de repúdio ao seu livro La Terre (A Terra), no qual se diziam escandalizados. Supomo-nos, ao lê-lo, diante de um tratado de escatologia: o mestre desceu ao fundo do poço da imundície. Anatole France também se pronunciou: “Escrevendo A Terra, o senhor Emile Zola nos deu as geórgicas da crápula.” “Jamais um homem fez tamanho esforço para aviltar a humanidade”, completou.

"Na verdade, a obscenidade alegada na obra de Emile Zola pode ser vista na produção do séquito de Studart. Não pela lascívia, mas pela libertinagem política e ideológica. Eles são mestres na arte de burlar os fatos para roubar a cena".

O jornalista Alexandre Garcia foi especialmente atacado no manifesto -- aliás, tanto quanto este autor. Assim, peço desculpas públicas a Alexandre por ter sido o indutor (ainda que involuntário) de tamanha covardia.

Os amigos podem optar por ler o artigo na íntegra, no link abaixo) Contudo, prefiro que avaliem o conteúdo lendo "Borboletas e Lobisomens":

A obra pode ser adquirida pelo site guerrilhadoaraguaia.com.br (envio com dedicatória)

... ou nas principais redes de livrarias do país, tais como as Livrarias da Vila, Cultura, Martins Fontes, Leitura, Travessa e Argumento. Desde já, grato pela leitura.
Hugo Studart

https://www.vermelho.org.br/noticia/323929-1?fbclid=IwAR1Yq70VfeNU9vgtnEj7VkkYHVKOnhQowwa3KiUZDsbIW8d9otS5sbH08RY

Meu texto sobre a integração regional entre os Top Ten de SSRN

Acabo de receber, mas não vou receber nada por isso, apenas um pouco de afago no amor próprio:

Dear Paulo Roberto de Almeida:

Your paper, "REGIONAL INTEGRATION IN LATIN AMERICA: HISTORICAL DEVELOPMENTS, CURRENT CHALLENGES, ESPECIALLY IN MERCOSUR", was recently listed on SSRN's Top Ten download list for: PSN: Latin America/South America (Topic).

As of 31 October 2019, your paper has been downloaded 147 times. You may view the abstract and download statistics at: https://ssrn.com/abstract=3182150.

Top Ten Lists are updated on a daily basis. Click the following link(s) to view the Top Ten list for:

PSN: Latin America/South America (Topic) Top Ten.

Click the following link(s) to view all the papers in:

PSN: Latin America/South America (Topic) All Papers.

To view SSRN's Top Ten lists for any network, subnetwork, eJournal or topic on the Browse list (reachable through the following link: http://www.ssrn.com/Browse), click the "i" button to the right of the name, and then select the "Top Downloaded" link in the popup window.

Your paper may be included in future Top Ten lists for other networks or eJournals. If so, you will receive additional notices at that time.

If you have any questions regarding this notification or any other matter, please visit the SSRN Help Desk online at Support.SSRN.com or call 877-SSRNHelp (877 777 6435) in the United States or +1 212 448 2500 outside of the United States.

Thank you,
SSRN Management

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Regional Integration in Latin America: Historical Developments, Current Challenges, Especially in Mercosur

Abstract

Regional integration in Latin America has a long history dating back the wars for independence in the 19th century. Notwithstanding, there is no need, for our purposes, to go back to the autonomist struggles of Simon Bolivar and other political and military leaders at the beginning of the 19th century, and to their premature attempts to forge an alliance between the many former Spanish colonies being liberated, because those efforts were most of a political nature and did not result in any institutional innovation at that time. 
At the beginning of the Eighties, a new wave of democratization touched Latin America, with the return to civilian and elected regimes, particularly in Argentina (1983) and Brazil (1985), which signaled a new emphasis on economic integration. But the European model of a common market was too much ambitious for Latin American countries, which were in a de facto preferential trade area, with the signing, a few years earlier, of the second Montevideo Treaty (1980), performing a flexible bilateral trade network among the members of the Latin American Integration Association (ALADI). The change from ALALC to ALADI was permitted by a decision under the Tokyo Round of multilateral trade negotiations (1979), which enabled developing contracting parties of the GATT system to exchange more limited trade liberalization than previously disciplined by Article 24 of GATT, which settled the rules for exceptions to the most-favored-nation clause, under the free trade or custom union formats. Mercosur was created in 1991, and since 1999 it is undergoing a structural crisis. 

Almeida, Paulo Roberto de, Regional Integration in Latin America: Historical Developments, Current Challenges, Especially in Mercosur (April 13, 2018). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3182150 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3182150


O Brasil tem futuro? Uma releitura de Stefan Zweig

Procurando um texto antigo acabei caindo numa velha resenha de livros que, registro agora, praticamente não teve difusão adequada, não tanto pela minha resenha, mas mais exatamente pelo livro do grande autor austríaco, que mereceria, talvez, uma releitura atual.
Creio que vou incluí-lo na minha lista de "Clássicos Revisitados" – dos quais já fiz o Manifesto Comunista, de Marx-Engels, O Príncipe, de Maquiavel, e alguns outros autores, como Sun Tzu, Tocqueville, Benjamin Constant e alguns outros –, ainda que eu não considere que esse livro de Zweig seja um clássico, pois é uma de suas piores obras. Mas vale pela reflexão sobre o Brasil.
Eis a resenha: 
1714. “Futuro preterido? Zweig e um projeto para o Brasil”, Brasília, 26 janeiro 2007, 2 p. Resenha de João Paulo dos Reis Velloso e Roberto Cavalcanti de Albuquerque (coords.): Brasil, um país do futuro? (Rio de Janeiro: José Olympio, 2006, 154 p.; R$ 31,00) e Projeto de Brasil: opções de país, opções de desenvolvimento (idem, 222 p., R$ 38,00). Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 4, n. 31, fevereiro 2007, p. 62-63). Relação de Publicados n. 751bis.

Futuro preterido? Zweig e um projeto para o Brasil

João Paulo dos Reis Velloso e Roberto Cavalcanti de Albuquerque (coords.):
Brasil, um país do futuro? (Rio de Janeiro: José Olympio, 2006, 154 p.; R$ 31,00);
Projeto de Brasil: opções de país, opções de desenvolvimento (idem, 222 p., R$ 38,00).

O Fórum Nacional do ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso sempre organiza, ademais dos encontros anuais, foros especiais dedicados a temas específicos. Em 2006 foram organizados dois, conectados pelo tema comum de se lograr um “projeto de Brasil”, suas opções de país e de desenvolvimento. Estes dois livros resultam desse esforço de diagnóstico e de proposição. 
Stefan Zweig teria gostado de assistir ao seminário que lhe foi dedicado, em setembro de 2006, por ocasião do 125º aniversário de seu nascimento e dos 65 anos da publicação do seu livro tão famoso, quanto desconhecido (hoje), terminado poucos meses antes do suicídio do autor, no carnaval de 1942, em Petrópolis. Ele concordaria com o artigo indefinido e talvez até com o ponto de interrogação. A primeira edição brasileira modificou o título original, agora restabelecido – Brasilien, ein land der Zukunft, não der land – e o colóquio agregou a condicionalidade, refletindo o ceticismo dos examinadores quanto à utopia não realizada. No essencial, Zweig provavelmente se alinharia aos argumentos dos seus revisores contemporâneos.
Alberto Dines, autor de uma biografia que pode considerar-se completa do escritor austríaco – Morte no Paraíso: a tragédia de Stefan Zweig (3ª ed.; Rocco, 2004) –, considera que Zweig, depois de assinar mais de quarenta biografias de personalidades mundiais, fez a biografia de uma nação, no “inferno do Estado Novo”. Como ele diz, essa obra “tornou-se a crônica mais conhecida e a menos discutida, a mais celebrada e mais negligenciada” do Brasil. Ela foi um dos primeiros lançamentos simultâneos da história editorial mundial: oito edições em seis línguas diferentes. Em vista dos percalços recentes no processo de crescimento, parece difícil concordar com Zweig em que, “quem conhece o Brasil de hoje, lançou um olhar sobre o futuro”.
Bolívar Lamounier e Regis Bonelli examinam, respectivamente, os avanços políticos e econômicos obtidos pelo Brasil desde que Zweig traçou seu diagnóstico sobre o Brasil do início dos anos 1940. Para Lamounier, o Brasil é um país de “muitos futuros”, mas ele critica as utopias institucionais que frequentemente pretendem revolucionar a participação e as formas de se fazer política no país: a romântico-participativa da democracia direta,  a do parlamentarismo clássico que ressurge sempre em momentos de crise e a utopia barroca do presidencialismo plebiscitário. Já Bonelli opera uma “volta para o futuro” ao examinar os elementos de continuidade e de mudança na esfera econômica: o Brasil certamente mudou muito, nesse terreno, mas a propensão a esperar tudo do Estado permanece, assim como uma certa desconfiança dos mercados externos. Algumas mudanças foram na direção errada, como o aumento na tributação, outras permanências são irritantes, como a péssima distribuição de renda e as incertezas jurídicas. Finalmente, o “fantasma do estrangulamento externo” estaria, de fato, superado?
Boris e Sérgio Fausto acrescentam um ponto de interrogação ao título de Zweig, temperando o otimismo do autor com certa dose de pessimismo. Não se trata do niilismo da esquerda, que vê na “dominação imperialista” a razão do nosso atraso. O duplo nó gordio da carga tributária e do gasto público limita hoje as possibilidades de crescimento. João Luís Fragoso analisa a “equação” de Zweig para o Brasil: concentração de poder + tolerância. Três comentários finais tratam das promessas não cumpridas de um olhar estrangeiro, do futuro que já chegou sob a forma da votação eletrônica e das dificuldades para a retomada de taxas razoáveis e sustentáveis de crescimento. No conjunto, o livro oferece uma boa visita ao que se poderia chamar de “futuro do pretérito”. 
O segundo livro, Projeto de Brasil, é na verdade uma tripla obra. A segunda parte apresenta dois estudos de especialistas acadêmicos sobre emprego e inclusão digital. A terceira parte consiste, tão simplesmente, na transcrição (talvez dispensável, em retrospecto) da visão de Brasil defendida pelos quatro principais candidatos nas eleições presidenciais de 2006: Lula, Alckmin e Heloisa Helena, pelos respectivos coordenadores de campanha, e Cristovam Buarque, pelo próprio. Digo dispensável porque qualquer um deles, se eleito, dificilmente seguiria as pomposas recomendações dos respectivos programas, que a rigor não possuíam nenhuma importância substantiva. A primeira e mais importante parte constitui uma síntese, por João Paulo dos Reis Velloso, de propostas para uma agenda nacional, com base em todas as idéias de modernização do Brasil formuladas desde o surgimento do Fórum por ele presidido, em 1988. Ele consegue resumir claramente os principais obstáculos ao desenvolvimento do país, mostrando-o como um “Prometeu acorrentado”, que vive hoje uma crise de “auto-estima”, em uma “era de expectativas limitadas” (apud Paul Krugman). 
As opções de país que ele propõe são, nominalmente: o desenvolvimento como valor social, prioridade máxima à segurança, reforma política para construir um sistema político moderno, um Estado “inteligente” (com legislativo e judiciário modernos), a revolução do império da lei, da eqüidade, da tolerância e dos valores humanistas e a opção por uma sociedade moderna. Quanto às opções de desenvolvimento, elas consistem em três conjuntos de tarefas: a criação de bases para um crescimento sem dogmatismos, uma estratégia de desenvolvimento baseada na inovação e na sociedade do conhecimento e o progresso com inclusão social e portas de saída para os pobres. Ele conclui dizendo que subdesenvolvimento não é destino, é apenas o reflexo de opções equivocadas. Oxalá o Prometeu pudesse tomar consciência de quais são elas, exatamente. Aparentemente, além das correntes estatais, ele está com um pouco de cera nos ouvidos e ainda usa viseiras conceituais.

Paulo Roberto de Almeida (pralmeida@mac.comwww.pralmeida.org)

Identificado o "gabinete da raiva" do Palacio do Planalto: STF vai investigar

STF vai investigar assessor de Bolsonaro por declaração sobre vídeo das hienas

Filipe Martins será alvo de inquérito que apura fake news e ameaças contra ministros

O STF (Supremo Tribunal Federal) vai abrir uma investigação contra Filipe Martins, assessor internacional da Presidência da República, no inquérito criado para apurar fake news e ameaças contra integrantes da corte. O motivo é uma publicação em que ele defende a mensagem de um vídeo que comparou o tribunal a hienas.
Jair Bolsonaro compartilhou na segunda-feira (28) um material em que partidos políticos, a imprensa e o STF são retratados como animais atacam um leão, retratado como o próprio presidente. Ele apagou a publicação e pediu desculpas no dia seguinte, mas Martins reforçou seu conteúdo.
"O establishment não gosta de se ver retratado, mas ele é o que ele é: um punhado de hienas que ataca qualquer um que ameace o esquema de poder que lhe garante benefícios e privilégios às custas do povo brasileiro. Isso só mudará quando o Brasil se tornar uma nação de leões", escreveu o assessor no Twitter na terça (29).
O Supremo discutiu o envio de um pedido de explicações para Bolsonaro com base no episódio, mas desistiu depois que o presidente se desculpou. Como Martins não fez o mesmo, ele será investigado.
"Me desculpo publicamente ao STF, a quem porventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim, corrigimos e vamos publicar uma matéria que leva para esse lado das desculpas. Erramos e haverá retratação", disse Bolsonaro ao jornal O Estado de S. Paulo na terça (29).
O chamado inquérito das fake news é alvo de críticas pesadas de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, escreveu em março que medidas tomadas na investigação se assemelhavam às de uma ditadura.
O caso também produziu controvérsia por ter sido aberto no STF sem consulta e participação do Ministério Público. A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, buscou arquivar a investigação em diversas ocasiões.
O novo procurador-geral, entretanto, adotou comportamento diferente. Augusto Aras, indicado ao cargo em setembro por Bolsonaro, disse que não há inconstitucionalidade no inquérito.
A AGU (Advocacia-Geral da União), que representa o governo, também tem dado pareceres favoráveis à continuidade do inquérito, cuja constitucionalidade é questionada em ações no próprio Supremo e na Justiça Federal de primeiro grau em Brasília.
Martins também foi convocado para prestar esclarecimentos na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news em funcionamento no Congresso.
Além de Martins, também foram chamados o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten, e assessores que compõem um grupo batizado no Planalto de "gabinete da raiva" —Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz.

O Império se inquieta e indica seus atuais "inimigos" - Novo podcast do Belfer Center da Harvard University

Quando um império sente que entrou em decadência – que é o que ocorre atualmente com os Estados Unidos, processo acelerado pela gestão extraordinariamente desastrosa do governo Trump – suas elites começam a ficar paranoicas, e passam a ver inimigos mesmo onde eles não existem, ou mesmo que existem, quando eles não têm (por enquanto) nenhuma condição de enfrentar a supremacia estratégica do império até aqui dominante.
Parece ser o caso dos representantes do mais brilhante establishment de pensamento estratégico (junto com Yale e alguns think tanks de Washington, notadamente o CSIS), o Belfer Center da Universidade de Harvard.
Ele já identificaram os seus inimigos do momento: Rússia, China e Irã.
Não creio que qualquer um desses Estados, duas grandes potências e uma potência média, queira enfrentar o império americano, mas o problema é que o império PRECISA de inimigos, do contrário como viveriam os seus militares paranoicos do Pentágono e agora, também, os novos paranoicos da academia.
Em todo caso, vamos ouvi-los.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 31/10/2019

Dear Friends:
We are pleased to announce a new podcast by International Security, a quarterly journal edited and sponsored by the Belfer Center for Science and International Affairs at Harvard Kennedy School, and published by the MIT Press.
The podcast, IS: Off the Page,” will discuss recent research published in International Security, and more importantly, go beyond each article’s findings to engage in contemporary policy debate. To help move the conversation forward, each episode will feature the author of a recent IS article and 1-2 guests from the broader policy community.
This podcast, which I’m privileged to host, seeks to bridge the gap between policy-relevant academic research and the policy world itself.
We invite you to listen to our inaugural episode titled, “Weaponized Interdependence,” featuring guests Abraham Newman (Georgetown University) and Elizabeth Rosenberg (Center for a New American Security). How do sanctions work in a globalized world? When do private companies comply with state-imposed sanctions? Will American economic coercion against Russia, China, and Iran backfire? Listen to find out!
In the coming weeks, the podcast will explore issues related to Chinese policy in the South China Sea, the future of NATO, and the liberal international order. Future episodes will be released on a rolling basis and we encourage you to follow along.
Please join International Security in going “off the page”!
Sincerely,
Morgan L. Kaplan
Executive Editor, International Security
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IS: Off the Page

Current Episode

01. "Weaponized Interdependence – Economic Networks, Sanctions, and State Coercion"

Contrary to traditional arguments that globalization and economic interdependence will lead to increasing international cooperation, this episode discusses how states can weaponize their position in global economic networks to engage in coercion.
How do sanctions work in a globalized world? When do private companies comply with state-imposed sanctions? Will American economic coercion against Russia, China, and Iran backfire? Listen to find out!
Guests:
Abraham Newman is a professor in the Edmund A. Walsh School of Foreign Service and Government Department at Georgetown University. He currently serves as the Director of the Mortara Center for International Studies.
Elizabeth Rosenberg is a Senior Fellow and Director of the Energy, Economics, and Security Program at the Center for a New American Security.
International Security Article:
This episode is based on, Henry Farrell and Abraham L. Newman, “Weaponized Interdependence: How Global Economic Networks Shape State Coercion,” Vol. 44, No. 1 (Summer 2019), pp. 42-79.
Additional Related Readings:
Originally aired on October 30, 2019

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Argentina: a um passo da dolarização? - Mac Margolis (Bloomberg)

Economics

Could Dollarization Be Argentina’s Salvation?

After eight defaults, it needs a currency that it can’t print, game or otherwise defile.
In dollars they trust.
In dollars they trust. Photographer: Marcos Brindicci/Getty Images South America
Peronist leader Alberto Fernandez and his deputy, former president Cristina Fernandez de Kirchner, won a commanding victory over center-right incumbent Mauricio Macri in Sunday’s poll. But for a nation that has defaulted eight times on its debt and spent a third of the last seven decades in recession, the path forward is unclear.
Voters clearly said no to another mandate for Macri, who promised foundational reforms through managerial nous, and delivered sacrifice and half-measures instead. Nor will Argentinians or the financial markets, upon whose good graces this nation of 45 million depends, abide a return to the interventionism that marred Fernandez de Kirchner’s 2007-2015 government – one reason perhaps that she took second chair to her more conciliatory namesake. (They are unrelated.)
If there is any consensus, it’s that more of the same will not do. But here is where the conversation could get interesting. To a growing number of respected economists, the only path to a fresh start for Argentina involves embracing the U.S. dollar.
The details of dollarization are vexing: Who will be the lender of last resort? How to manage the vagaries of trade and the business cycle when you can’t set interest rates or calibrate the exchange rate? Yet the argument for the greenback is straightforward.  When a nation has lost its grip, its currency tumbles, credit risk spikes and bonds fall. If conventional monetary and fiscal policy fails to stabilize the economy, the crisis returns again and again. Better to ditch the iffy peso for the greenback, that reliable Latin American mattress-stuffer, which native authorities cannot print, game or otherwise defile.
Yes, dollarization is the monetary nuclear option. That may be why by 2002 only some 35 countries worldwide, most of them small, had officially given up their own currencies for the dollar. Ecuador is the largest of the three Latin American dollarizers (alongside El Salvador and Panama) and its gross domestic product is just one-fifth that of Argentina.
The reasons for reticence are understandable. Latin Americans still regard the national currency as a badge of sovereignty and independence. Giving up one’s coin is seen as bending the knee to a foreign power. So much the worse if that overlord is the United States. Increasingly, however, Argentinians seem willing to shed that inhibition. Even with its own currency, Argentina has been in and out of economic emergency for decades. Johns Hopkins University professor of applied economics Steve Hanke recently tallied 12 separate crises leading to the collapse of the Argentine peso since 1876. Tellingly, most of them dated since 1935, the year the Central Bank of the Republic of Argentina was founded.
Serial bouts of hyperinflation, overspending and foreign indebtedness have taken their toll. Each crisis has caused the peso (one of this year’s worst-performingcurrencies) to collapse, destroyed trust in policymakers (who’ve now returned the favor by tightening capital controls), and made the country a perennial pariah in the credit markets (Argentine bonds slumped again on Monday). Tellingly, lenders took heart in the narrower-than-expected Peronist victory, a sign perhaps that Argentinians want stability, not adventure.
Dollarization has its discontents. Not everyone agrees that the best way to restore economic integrity and trustworthiness is to take away policy command and control. Argentinians experimented with dollarization in the 1990s through a policy called convertibility: Each peso was legally backed by a dollar in reserves at a fixed one-to-one exchange. It worked for a while, but there was leakage. Provinces found loopholes to federally mandated austerity, fiscal profligacy continued and even with the dollar anchor, the central bank kept tinkering, therefore undermining convertibility and setting up the country for its seventh debt default since 1827.
Populist temptations can also wreak economic havoc, even under the dollar straitjacket.  Look no further than Ecuador. Squeezed by rising U.S. interest rates, spendthrift former President Rafael Correa found a workaround to the dollar by raiding hard currency reserves and leaning on the Central Bank to jack up government lending for wages and social programs. The result was a fiscal sinkhole that entrapped Correa’s successor Lenin Moreno in penury ever since and nearly unseated him last month when his austerity measures provoked a backlash.
And yet at some point, governments exhaust their quota of mistakes. Alberto Ramos of Goldman Sachs is no fan of dollarization, but he allows that dire circumstances call for extreme measures. “If you continue to go from crisis to crisis, you have to let go and dollarize,” he told me. By now, Argentina may well have erased the ifs.
Discarding dollarization because it ties a nation’s hands and deprives a government of instruments to manage exchange rates and business cycles sounds sensible, but ultimately rests on a conceit that ignores events on the ground in Argentina. Economist Nicolas Cachanosky, of the Metropolitan State University of Denver, calls this the nirvana fallacy.  “Argentine economists tend to confuse the possible with the probable. They imagine a well-functioning central bank that carefully considers and implements policy. But experience suggests something far less desirable will result,” Cachanosky recently wrote.
What’s not in dispute is that Argentina long ago breached the threshold of economic normalcy. “Argentina lacks credit in the broadest sense; it is a zero-trust country,” writes Johns Hopkins University economist Jorge C. Avila, who along with Cachanosky is one of the few Argentine enthusiasts of dollarization.
In a study earlier this year Avila argued that dollarizing could work as long as Argentina opens its air-gapped economy (exports and imports amount to only about 30% of gross domestic product). “Dollarizing with financial integration and free-trade agreements with superpowers will bring a degree of monetary and financial stability not seen by this country in a century,” he wrote.
That may sound overly optimistic. Indeed, going all the way and scuttling a national currency is a dire recourse, and likely unthinkable for the new Peronist management, whose standard bearers spent much of the campaign blaming Macri for turning Argentina into a vassal of the International Monetary Fund. “Dollarization is a one-way street, you don’t go back,” said Monica de Bolle, a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics.
As it happens, de Bolle added, Argentinians are way ahead of their political establishment. Each crisis has led them to dump pesos for the greenback, the only medium of exchange that counts for real estateand other big-ticket transactions. Argentinians have squirreled away up to $150 billion in cash and hold an estimated $500 billion in assets abroad. “Argentinians think in dollars, plan in dollars, dream in dollars and have nightmares in dollars,” said Ramos.
What the Peronists need to say is, if Argentina doesn’t dollarize, then what? The options are all but spent.
    This column does not necessarily reflect the opinion of the editorial board or Bloomberg LP and its owners.
    To contact the author of this story:
    Mac Margolis at mmargolis14@bloomberg.net
    To contact the editor responsible for this story:
    James Gibney at jgibney5@bloomberg.net
    Mac Margolis is a Bloomberg Opinion columnist covering Latin and South America. He was a reporter for Newsweek and is the author of “The Last New World: The Conquest of the Amazon Frontier.”

    Postagem em destaque

    Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

    Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...