quarta-feira, 15 de junho de 2022

Portal da revista Interesse Nacional passa a atuar em colaboração com a Folha de S. Paulo

 Uma excelente notícia:




IAB: lançamento de livros de Paulo Roberto de Almeida: resumo das palestras (14/06/2022)

Recebi, do IAB nacional, nota resumindo o evento organizado pela Biblioteca Daniel Aarão Reis, em torno de dois livros meus, com a participação do embaixador Sergio Florêncio (autor de um outro livro que será lançado em agosto, pelo mesmo IAB), do professor Arnaldo Godoy e do jurista e diplomata Paulo Fernando Pinheiro Machado.

O vídeo do evento está disponível neste link:

 https://www.youtube.com/watch?v=V-FaQKa2dzE 

 


Tuesday, 14 June 2022 22:00 

Embaixador afirma na TVIAB que desaparecimento de Dom e Bruno irá isolar ainda mais o Brasil

“O desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira não foi apenas um gesto de criminosos localizados, mas faz parte de um projeto de desmantelamento da política ambiental, de ausência de fiscalização em todas as esferas, de ataque institucional que fez muito mal ao Brasil e irá nos isolar ainda mais no plano internacional.” A afirmação foi feita pelo embaixador Paulo Roberto de Almeida nesta terça-feira (14/6), no canal TVIAB no YouTube, ao participar do lançamento virtual de dois de seus livros sobre o Itamaraty e a política externa brasileira. 

As obras Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileiraO Itamaraty sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021 foram lançadas no projeto Saindo do Prelo, do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), coordenado pela diretora de Biblioteca do IAB, Marcia Dinis. Participaram do evento, aberto pela 2ª vice-presidente do IAB, Adriana Brasil Guimarães, o embaixador Sergio Florêncio, o procurador da Fazenda Nacional Arnaldo Godoy e o diplomata Paulo Fernando Pinheiro Machado, 2º vice-presidente da Comissão de Direito Aduaneiro, Marítimo e Portuário do IAB.

Em sentido horário, Sergio Florêncio, Marcia Dinis, Paulo Fernando Pinheiro Machado, Arnaldo Godoy, Adriana Brasil Guimarães e Paulo Roberto de Almeida

Ao abrir o webinar, Adriana Guimarães lembrou a intensa atividade acadêmica que o IAB conseguiu manter durante a pandemia: “Batemos um recorde de lançamentos de 30 livros nesses dois anos pandêmicos, e mantivemos, assim, acesa a chama do debate acadêmico”. Marcia Dinis definiu os livros de Paulo Roberto de Almeida como “corajosos e revolucionários”. Ao final do webinar, exemplares dos livros Apogeu e demolição da política externa e Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização, do mesmo autor, foram sorteados entre as pessoas que estavam assistindo.

Segundo Marcia Dinis, O Itamaraty sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021 “denuncia o sequestro da política externa brasileira durante o governo Bolsonaro, por meio de ações do chanceler apoiado pelo presidente”. Ela lembrou que foi adotada pelo chanceler Ernesto Araújo “uma política fundamentada nas concepções de Olavo de Carvalho”, baseada em ataques ao Itamaraty e na destruição das tradições diplomáticas.

Já no livro Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira, o autor relata três décadas de relações internacionais do Brasil, a fim de demonstrar como a história do Itamaraty se desenvolveu, desde a redemocratização, e atingiu o seu apogeu, até a eleição do atual presidente. “Além de constatar o desmantelamento da política externa brasileira, o autor apresenta um planejamento de reconstrução – leitura obrigatória para qualquer pessoa que pretenda entender a política externa brasileira”, afirmou Marcia Dinis.

Anarco-diplomata – Doutor em Ciências Sociais, com vocação acadêmica voltada para os temas de relações internacionais, de história diplomática do Brasil e para questões do desenvolvimento econômico, o embaixador Paulo Roberto de Almeida, que é diretor de publicações do Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHG-DF), se define como “um anarco-diplomata”. Com dezenas de livros publicados, ele disse: “Tive que interromper meus estudos, digamos, mais sérios, quando comecei a ver os horrores acontecendo no Itamaraty e na política externa brasileira”. Entre 2019 e 2021, ele escreveu cinco livros sobre o tema, que ele chama de “ciclo do bolsolavismo diplomático”. 

O Itamaraty sequestrado foi concluído logo após a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos. Paulo Roberto de Almeida acreditava que o chanceler Ernesto Araújo – que ele chama de “ornitorrinco, um animal estranho na fauna do Itamaraty” – seria demitido, porque havia apostado no Trump, mas isso só aconteceu em março de 2021. “A partir daí, tivemos um outro chanceler, profissional, ainda que a política externa não tenha mudado muito, mas o Itamaraty respirou aliviado”, comentou o embaixador.

Crítico severo também da diplomacia no governo petista, porque acha que "ele deformou a diplomacia brasileira ao trazer um componente partidário e fazer alianças com ditaduras”, Paulo Roberto de Almeida reconheceu que o Itamaraty teve grande projeção no período do governo Lula, assim como atingiu o seu apogeu no período de Fernando Henrique Cardoso. “A partir de 2018, houve uma demolição em regra”, afirmou.

O embaixador Sergio Florêncio, atualmente pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), fez um rápido resumo dos capítulos do livro Apogeu e demolição da política externa e observou: “Paulo Roberto de Almeida tem uma formação intelectual muito sólida e diversificada, mas ao mesmo tempo tem uma natureza contestatária muito forte”. Arnaldo Godoy, que também é advogado, disse que o autor “não pode ser acusado de ser um homem de esquerda, porque foi um dos maiores críticos da diplomacia do lulopetismo; ao mesmo tempo, não pode ser acusado de ser de direita, porque é um dos maiores críticos da diplomacia contemporânea”.

Advogado e diplomata, Paulo Fernando Pinheiro Machado ressaltou a capacidade que Paulo Roberto de Almeida tem de transitar do particular para o geral: “Só um ator que viveu e conhece aqueles assuntos pode dar detalhes de fatos presenciados por quem estava lá, e ele tem a capacidade de colocar esses detalhes num contexto maior de uma grande onda, que atinge o seu apogeu e começa a se desintegrar – isso é obra de gênio”. 


Deterioração da situação fiscal aponta para aumento de juros e mais inflação em 2023

 O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle (Paulo Francis)

Prezados Senhores

Com uma previsão orçamentária da ordem de R$ 320,1 bilhões em renúncias fiscais para 2022, Bolsonaro abre mais um buraco da ordem de R$ 110,0 bilhões em renúncias fiscais, sem fontes de recursos definidos que, como sempre, serão cortadas das pastas da Tecnologia, Saúde e Educação.

Rogo a Deus que Bolsonaro seja reeleito para que, em seis meses do seu novo governo seja expulso do poder, juntamente com o seu bando refece de demônios, da mesma forma como ocorreu com Dilma. Por isso, e somente por isso, o Centrão sabendo que não haverá mais o que sugar de Bolsonaro já prepara a vice de Bolsonaro (Tereza Cristina).  

Ricardo Bergamini


 

 

Governo abre mão de R$110 bi de arrecadação em 2022 e analistas veem risco a próximo governo 

 

Por Bernardo Caram

ISTOÉ DINHEIRO, 15/06/22 

 

BRASÍLIA (Reuters) – A implementação de uma série de medidas que envolvem cortes de tributação significará uma perda de receita de ao menos 110 bilhões de reais aos cofres federais em 2022, com a maior parte das iniciativas adotadas neste ano eleitoral sob justificativa de que ações emergenciais são necessárias para reduzir a inflação.

 

Especialistas alertam, no entanto, que o movimento do governo embute riscos fiscais que geram pressões inflacionárias a médio prazo. A reversão de medidas temporárias a partir de janeiro de 2023 também empurra parte da inflação para o próximo governo. É esperado ainda que mesmo este ano os cortes de tributos não sejam repassados integralmente ao consumidor.

 

O levantamento das perdas reúne as medidas implementadas nos últimos meses e listadas pelo Tesouro Nacional por gerarem renúncia de receita. Inclui também o pacote anunciado e articulado pelo governo para baixar preços de combustíveis, que ainda depende de aprovação do Congresso e representa o maior custo estimado, num total de 64,8 bilhões de reais apenas para a União este ano –a maior parte das ações vale apenas até dezembro. 

 

O ex-secretário do Tesouro Nacional Jeferson Bittencourt, que deixou o cargo no ano passado após o governo sinalizar que driblaria o teto de gastos para reforçar programas sociais, afirma que a maior preocupação é com o efeito que será produzido pelas medidas em 2023, quando mais da metade dessas renúncias terá perdido a validade.

 

“Vamos ter o seguinte dilema no ano que vem: ou teremos uma inflação maior do que o projetado para 2023 (com a reversão dos cortes de tributo) ou teremos um fiscal pior do que o projetado para manter desonerações”, disse Bittencourt, que é economista da ASA Investments. 

 

Ele estima que 0,9 ponto percentual de inflação será empurrado deste ano para 2023 por conta das medidas.

 

O governo federal já havia zerado alíquotas de PIS/Cofins sobre diesel e gás de cozinha até dezembro, a um custo de 14,9 bilhões de reais. Agora, por mais 17 bilhões de reais, decidiu zerar também tributos sobre a gasolina, medida que era criticada pela equipe econômica por beneficiar famílias de classes média e alta.

 

O relator da proposta do Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), ainda incluiu no texto uma isenção sobre etanol e álcool anidro (usado na mistura da gasolina) até 2027, ao custo de 3,3 bilhões de reais neste ano.

 

O pacote, que está em análise pelos parlamentares e ainda pode ser alterado, vai além ao definir, em outra medida, um repasse de até 29,6 bilhões de reais da União aos governos regionais que aceitarem zerar cobranças de ICMS sobre diesel e gás de cozinha até dezembro deste ano. O pagamento será feito por fora da regra do teto de gastos, que opera no limite.

 

Com o novo cenário, Bittencourt acredita que cresce a pressão para que o Banco Central, que está agora inteiramente focado na inflação de 2023,mantenha a taxa básica de juros elevada por mais tempo, considerando os efeitos inflacionários a médio prazo.

 

“Claro que se a gente joga uma inflação imprevista de 2022 para 2023, com todos os custos de inércia, o Banco Central vai ter que começar a se preocupar e colocar isso na mesa para tomar suas decisões”, afirmou.

 

O BC vem implementando um agressivo ciclo de aperto monetário na tentativa de domar a inflação, que está acima de dois dígitos. Nesta quarta-feira, a diretoria da autarquia se reúne para definir o patamar da Selic e sinalizar passos futuros.

 

Na lista de medidas com maior perda de arrecadação para a União está ainda o corte permanente, já em vigor, de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 35%, com renúncia de 23,4 bilhões neste ano.

 

Outra iniciativa tratada como emergencial pelo governo para segurar a inflação foi o corte linear das tarifas de importação, reduzidas em 20% de maneira unilateral pelo Brasil, sem o aval dos membros do Mercosul. Com ela, o Tesouro estima que deixará de arrecadar 6 bilhões de reais em Imposto de Importação neste ano.

 

A economista da XP Tatiana Nogueira afirma que o governo deve conseguir um efeito de baixa da inflação neste ano, mas que o movimento pode se inverter em 2023 após a retomada da cobrança de tributos reduzidos temporariamente.

 

“Você resolve um problema em 2022, mas encomenda um problema maior em 2023“, disse. ”Além disso, em um segundo momento, aumenta o risco fiscal”, acrescentou, ressaltando que grande parte da recente alta da arrecadação foi motivada por questões conjunturais como a inflação e a disparada de preços de commodities.

 

Na última semana, avaliação feita pela agência de classificação de risco Moody’s após os anúncios do governo sobre combustíveis apontou que a aprovação do pacote dos combustíveis com pagamentos fora do teto seria negativa para o crédito do Brasil.

 

“Controlar os gastos para cumprir o teto ajudou o governo a desenvolver força fiscal: exceções diminuem sua capacidade de controlar os gastos e preservar a credibilidade fiscal, especialmente antes das eleições de outubro”, disse.

 

Segundo Nogueira, da XP, a expectativa é que mesmo neste ano, o corte de tributos chegue ao consumidor final apenas parcialmente, com uma fatia das reduções sendo internalizada pelas cadeias do mercado. No caso de combustíveis, a XP estima que o repasse ficará entre 60% e 80%.

 

Em um exemplo dessa dificuldade, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mencionou na semana passada que o corte de Imposto de Importação de alimentos pelo governo com o objetivo de baixar preços não será sentido de imediato pelo consumidor.

 

Nogueira ressalta que no caso dos combustíveis há ainda o fator adicional da defasagem nos preços em relação ao mercado internacional. Dados de segunda-feira da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) apontam defasagem de 17% na gasolina e 16% no diesel. Eventual reajuste de preços pela Petrobras poderia anular efeitos do corte de tributos.

 

DISTORÇÕES

 

Relatório publicado pelo Santander na quinta-feira afirma que as medidas de desoneração para conter preços de bens e serviços podem distorcer tendências inflacionárias. O banco espera que as iniciativas reduzam a inflação deste ano em 1,4 ponto a 3,1 pontos percentuais, mas já vê uma pressão de alta do IPCA em 0,6 ponto em 2023.

 

Procurado, o Ministério da Economia não respondeu. A equipe econômica tem argumentado que o governo está registrando recordes de arrecadação e que os excessos de receita são em parte estruturais, podendo ser convertidos em corte de tributação, justificando também que o cenário atípico com resquícios da pandemia e a guerra na Ucrânia exige medidas emergenciais.

 

Para este ano o governo também contabiliza renúncias não relacionadas a situações emergenciais e que têm cifras menores de impacto. Entre elas, estão a renovação da desoneração da folha salarial para setores da economia (9 bilhões de reais), o regime especial de tributação para clubes de futebol (2,3 bilhões de reais) e a prorrogação de benefício tributário para a compra de veículos por pessoa com deficiência (1,3 bilhão de reais).

 

O número do levantamento não considera o custo que será arcado por Estados e municípios com o projeto que estabelece um teto permanente de 17% para a cobrança de ICMS sobre combustíveis, energia, comunicação e transporte coletivo. A Consultoria de Orçamentos do Senado estimou que esse impacto deve ficar em até 26,8 bilhões de reais para os entes apenas em 2022.

 

(Por Bernardo Caram; edição de Isabel Versiani)

 

“O Futuro do Grupo BRICS”; Webinar IRICE, 30/06/2022, 17hs - Embaixador Rubens Barbosa

 Webinar30 de junho (sexta feira) às 17 hs

 

O Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior-IRICE

e a Revista Interesse Nacional convidam para encontro sobre  política externa, dia 30 de junho às 17 hs,  com foco no tema central:

 “O Futuro do Grupo BRICS 

Expositores:                                               


   
Embaixador Sarquis José Buainain SarquisSecretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos  -  Ministério das Relações Exteriores

 


 

Marcos Prado Troyjo, Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)- Banco do BRICS 


 


  Embaixador Paulo Roberto de Almeida,  D
iplomata e Professor.  Atualmente é Diretor de Publicações do Instituto Histórico e Geográfico do DF

 





  Moderador:  Rubens Barbosa, Presidente do IRICE e Editor da Revista Interesse Nacional  



terça-feira, 14 de junho de 2022

O Labirinto Visto de Cima: Saídas para o Desenvolvimento do Brasil, por Fabio Giambiagi, Ricardo Barboza

 Fabio Giambiagi vem nos premiando, há  40 anos, com os melhores livros, obras, estudos, pesquisas, sobre os problemas do Brasil e, sobretudo, sobre como resolvê-los.

Paulo Roberto de Almeida

O Labirinto Visto de Cima: Saídas para o Desenvolvimento do Brasil 

Fabio Giambiagi, Ricardo Barboza 

Editora LUX (6/2022).

“Somos soldados do desenvolvimento”. Foi com essa afirmativa – praticamente, uma conclamação – que fui recebido ao ingressar no BNDES em 1984. Também se afirmava o papel do BNDES como “agente de mudanças”. E, desde então, o Brasil mudou. Em muitos aspectos, o país de fato se desenvolveu. Temos uma democracia consolidada. O processo inflacionário crônico deu lugar ao Real. Os instrumentos de política macroeconômica convergiram para padrões internacionais. A onipresença estatal no setor produtivo e na infraestrutura cedeu espaço ao setor privado, que adquiriu resiliência ao longo das crises. A economia extremamente fechada transformou-se numa economia mais integrada ao mundo. Houve mudanças positivas nos indicadores sociais. É grande a lista dos temas em que o país avançou. Porém, é consenso que o baixo crescimento ao longo dessas décadas foi frustrante. E a precária condição de vida de milhões de brasileiros é inaceitável. O Brasil esteve longe de aproveitar todo o seu potencial de desenvolvimento. Oportunidades foram perdidas. É disso que trata este livro: identificar caminhos para o país sair desta espécie de “labirinto” em que se encontra. Quais são os desafios para destravar o desenvolvimento brasileiro? Qual arcabouço macroeconômico parece melhor? Como melhorar a infraestrutura? Quais são as mudanças necessárias para galvanizar energias para o crescimento sustentável? Quais políticas o país deve adotar na saúde, na educação ou na segurança pública? São as respostas a essas questões que motivaram os autores – todos eles profissionais voltados ao desenvolvimento – a se engajar no projeto cujo resultado o leitor tem em mãos. Este livro expressa a voz de uma nova geração do BNDES, iluminando alternativas para o Brasil. Em momentos em que o país discute que rumos deve seguir, é uma contribuição muito bem-vinda. Guilherme Dias (ex-ministro de Planejamento, Orçamento e Gestão).

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Renda é a menor em 10 anos - Marcelo Reis Garcia

Em 2015-16, quando da Grande Destruição lulopetista da economia, sob a inepta da Dilma, eu já dizia a meus alunos que a recessão provocada era maior do que a da crise de 1929 e da Grande Depressão dos anos 1930, para o Brasil, e que a renda recuaria dez anos. Acho que acertei, mas com muito pesar.

Também previ que a recuperação fiscal, a partir de Temer, se estenderia até 2022-23, mas não contava com a pandemia, nem com a guerra, nem com a grande destruição bolsonarista (e do Paulo Guedes e do Centrão) da economia. Agora prevejo a extensão da recuperação até o final da década, e o grau de investimento só voltando na década de 2030 em diante.

Desculpem ser pessimista.

Paulo Roberto de Almeida

 

 

RENDA É A MENOR EM 10 ANOS!

Marcelo Reis Garcia
(via Cesar Maia) 

Entre os 5% mais pobres a queda foi de 48% desde 2012. Entre o 1% mais rico, de 6,9%.

A desigualdade no Brasil explodiu e nenhum governo (federal, estadual ou municipal) está sabendo enfrentar essa questão.

O 1% mais rico do Brasil ganha o equivalente a 38,4% do rendimento de 50% dos mais pobres.

Todas as famílias perderam desde 2012, mas entre os 5% mais pobres o rendimento despencou 48%, passando de RS 75 per capita em 2012 para RS 39 per capita.

Já o 1% mais rico saiu de RS 17 mil per capita para RS 15,9 mil per capita.

Em 2022 o Cenário é bem difícil.

O Nordeste segue com menor rendimento médio familiar, RS 843,00 enquanto a média nacional é de RS 1.353,00

Importante destacar que é a renda da família e não renda per capita.

A Desigualdade aumentou em todas as regiões, sobretudo nas norte e nordeste.

Analistas indicam escalada da desigualdade.

Constatações da PNAD a partir de minha avaliação.

1- Pressão sobre os Serviços Públicos;

2- Urgência de uma Reorganização Social para segurar a reconstrução de bases de Desenvolvimento Familiar;

3- Incapacidade total dos governos atuarem sobre desigualdade;

4- Entre 2023 e 2025 será necessário fortalecer Transferência de Renda. O esforço deveria ser por um cartão único e não pela dispersão atual;

5- Garantir condições mínimas para as equipes sociais nos municípios. Sem essas condições o trabalho não gera nenhum resultado.

 


Cúpula das Américas - Rubens Barbosa (OESP)

 CÚPULA DAS AMÉRICAS

 Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 14/06/2022


A 9ª. Cúpula das Américas, reunindo Chefes de Estado dos países da região, ocorreu na semana passada em Los Angeles, nos EUA, em circunstâncias muito diferentes da primeira reunião, organizada em Miami em 1994, quando os EUA apresentaram a proposta de uma área de livre comércio nas Américas (ALCA). O encontro foi realizado em um momento difícil para o anfitrião, `as voltas com o apoio `a Ucrânia na guerra contra a Rússia e a disputa pela hegemonia global com a China. A divisão interna nos EUA impediu que propostas dos dois partidos pudessem ser formuladas e apresentadas por Biden. A América Latina está bem abaixo nas prioridades da política externa dos EUA. Em pronunciamento recente sobre as prioridades da política externa, o Secretário de Estado, Anthony Blinken, nem mencionou a América Latina. O diálogo entre os EUA e a América Latina e Caribe encontra-se hoje em um dos piores momentos desde o fim da guerra fria.

Os EUA formularam sugestões consistentes e coerentes com seus próprios interesses na defesa da democracia e do meio ambiente, na imigração e na expansão do comércio e investimento, mas ignoraram questões sociais relacionadas com a desigualdade social e as dificuldades econômicas em praticamente todos os países da região. Mal preparada pelo atraso na organização dos documentos e na escolha dos temas para discussão, os EUA não convidaram Cuba, Venezuela, Nicarágua. Essa decisão equivocada de Washington acarretou o esvaziamento parcial da reunião pelo boicote dos presidentes do Mexico, Guatemala, Honduras, El Salvador e Bolívia, que junto com outros países, reconhecem que as sanções e o isolamento impostos por Washington não trouxeram de volta a democracia. O Brasil, apesar de o Itamaraty recomendar a presença presidencial, só decidiu participar depois do oferecimento de encontro com Biden, a margem da reunião, cujo único intuito foi atender `a prioridade de política eleitoral interna de Bolsonaro, ou seja, a chance de uma foto. 

Nesse contexto, os EUA perderam uma oportunidade para tentar recuperar a liderança junto aos países hemisféricos, quando estão enfrentando crescente desafio econômico e comercial na região em virtude da cada vez maior presença da China, da Rússia e do Irã, além da ameaça do envio de tropas da Rússia para a Venezuela e Cuba a depender da evolução da guerra na Ucrânia. A Cúpula, que poderia ser uma oportunidade para Washington mostrar a força de sua liderança ameaçada, expos a queda da influência dos EUA no hemisfério. O diálogo com os EUA tornou-se mais difícil também pela fragmentação econômica e ideológica dos países e pelo populismo de esquerda e de direita emergente, o que impede o aparecimento de uma liderança regional efetiva. A liderança tem um preço. O Brasil, nos últimos anos, renunciou à liderança sul-americana. Será que os EUA seguirão os passos do Brasil na América Latina e Caribe?

A ideia central dos EUA foi a proposta de uma “Parceria para a Prosperidade Econômica” no hemisfério para se contrapor `a crescente influência da China na região, com investimentos, o fortalecimento das cadeias de suprimento e uma evolução dos acordos comerciais existentes. Ainda vaga e sem detalhes, a proposta focará “parceiros com posições políticas parecidas que já tenham acordos comerciais com os EUA.” O pacote inclui ainda uma declaração sobre imigração e a promessa de US$ 300 milhões em ajuda. Foi anunciada também a criação de um Corpo de Saúde das Américas, talvez para se contrapor aos “médicos cubanos” e a doação de US$ 12 milhões ao Brasil e Colômbia para a preservação da Amazonia. Foi também assinado, por apenas 14 países, documento sobre boas práticas regulatórias no comércio. 

Além da retorica (“a América Latina não é o nosso quintal, mas nosso jardim”), os documentos divulgados ao final da Cúpula focalizaram, entre outros temas, o fortalecimento da democracia, direitos humanos, novas tecnologia, desenvolvimento sustentável e futuro verde, não significam uma mudança de política e pouco acrescentaram. Não por acaso, o documento com maior divulgação foi a Declaração sobre imigração, assinada por 20 chefes de Estado, entre os quais o presidente Bolsonaro. Esse foi o tema de maior interesse do governo americano, mas 11 países não assinaram e os quatro países de maior imigração para os EUA, México, Guatemala, Honduras e El Salvador não compareceram com seus chefes do Estado. A Declaração, que não é obrigatória, propõe a busca de financiamento de bancos internacionais para as questões migratórias, o reforço de modelos de migração temporária para trabalho e a retomada de programas de reagrupamento familiar de imigrantes. Os objetivos declarados são melhorar o acesso aos serviços públicos, como saúde, e promover a inclusão social e econômica desse grupo.

Como expressão clara da reduzida importância da Cúpula das Américas para os EUA, nem o New York Times, nem o Washington Post, nas edições de sábado, publicaram qualquer informação sobre os resultados do encontro, limitando-se a noticiar que o presidente Biden, em campanha para aumentar o isolamento da Rússia, está encontrando resistência dos países latino-americanos que mantem relações econômicas e comerciais com Moscou.

 

 

Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE)

 

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...