segunda-feira, 20 de junho de 2022

Grupos traçam reação a golpe eleitoral de Bolsonaro e cobram adesões - Joelmir Tavares (FSP) e Paulo Roberto de Almeida

 Chega a ser inacreditável que movimentos da sociedade civil tenham de se mobilizar para impedir que o chefe do Executivo sabote o processo eleitoral que o conduziu ao cargo, fazendo todo o possível para tumultuar as eleições, chegando até mesmo a ameaçar a interrupção do mais importante rito do sistema republicano presidencialista sob o qual vive o Brasil desde 130 anos — com interrupções apenas sob golpes e ditaduras justamente— e que os mesmos movimentos sejam levados a se contrapor às falsidades continuamente difundidas pelo próprio chefe de Estado e de governo. Chega a ser surrealista que o supremo detentor do cargo maior da República queira implodir a legitimidade da função e interromper a via da escolha democrática de um detentor temporário do mandato presidencial.

Loucura semelhante, na supostamente maior democracia do mundo, levou à tentativa de deslegitimação das eleições e a uma invasão violenta do Legislativo que redundou em mortes. Seria essa a pretensão do chefe do Executivo brasileiro?

Teremos, provavelmente, o acirramento das tensões até outubro. Os dois outros poderes, Legislativo e Judiciário, vão se coordenar para criar desde já os anteparos necessários a uma condução normal do processo eleitoral, em face das promessas de tumulto do chefe do Executivo? Seria o minimo a esperar, na situação atual.

Paulo Roberto de Almeida 


Grupos traçam reação a golpe eleitoral de Bolsonaro e cobram adesões

Organizações da sociedade dizem que só mobilização ampla e conjunta fará frente a investida autoritária do presidente.


Joelmir Tavares
Folha de S. Paulo, 20/06/2022

SÃO PAULO


Organizações e ativistas que já trabalham com a previsão de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) executará um plano golpista nas eleições tentam articular uma reação orquestrada à ameaça de ruptura democrática e convencer mais setores sobre a urgência de mobilização.

Centenas de entidades da sociedade civil, movimentos sociais e políticos, profissionais do direito, militantes e acadêmicos atuam, em público e nos bastidores, para traçarem o roteiro de uma resposta imediata a ataques efetivos contra a ordem eleitoral.

A maior parte das ações se dá em conjunto com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que ampliou o contato com vários segmentos para barrar a investida autoritária. O esforço conta também com iniciativas que querem se manter discretas para driblar perseguições do bolsonarismo.

Associações que participam de comissões montadas pelo TSE estão na linha de frente dos trabalhos, mas outros grupos igualmente alarmados estão por conta própria se somando à guerra.

A bandeira de todos é única e cristalina: respeito às urnas eletrônicas e ao resultado que sair delas. Falta agora descobrir como, exatamente, evitar que uma tentativa de golpe prospere no Brasil em 2022.

"Para nós está claro que essa tarefa não caberá somente a uma instituição ou classe, mas a todos os setores do Estado e da sociedade", diz Flávia Pellegrino, porta-voz do Pacto pela Democracia, uma rede que agrega mais de 200 organizações inseridas no debate.

Os caminhos adotados até aqui incluem ações de prevenção e alerta. São conversas dos movimentos com representantes do TSE, do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional, além de diálogos em fóruns que reúnem plataformas de redes sociais e partidos.

Reduzir o alcance das campanhas de desinformação e das alegações infundadas de fraudes no pleito é visto como prioridade geral.

Um grupo de 15 pesquisadores que tem feito estudos sobre a máquina de fake news optou por não figurar publicamente como comunidade organizada, sob o argumento de que temem ataques da base do presidente.

Os especialistas, ligados a universidades e reconhecidos em suas áreas, aparecem para divulgar as conclusões de suas pesquisas, mas sem se colocarem como parte de um movimento. A pedido dos próprios, esta reportagem omite os nomes dos membros e do coletivo.

Líderes da articulação antigolpe enxergam semelhanças com a narrativa promovida por Donald Trump nos Estados Unidos em 2021, que culminou com a invasão do Capitólio e a morte de cinco pessoas.

A versão brasileira passa pela tentativa de desmoralização do Judiciário —Bolsonaro ameaça deixar de cumprir ordem judicial— e a incitação de apoiadores, inclusive policiais e atiradores esportivos.

"Com a deslegitimação dos tribunais, o direito sozinho não vai dar conta de funcionar como anteparo", diz Estefânia Barboza, docente da Universidade Federal do Paraná que pertence à Demos, uma frente com professores de direito de vários estados que advertem sobre o risco à democracia.

"No momento crítico, vamos precisar da política e de todas as instituições, empresas, igrejas, sindicatos. E vai ter que ter povo na rua", segue ela. "Muita gente subdimensiona a gravidade. Nós estamos apavorados. Eu não sou militante, sou professora, mas a situação me obriga a fazer algo."

Rogério Sottili, que dirige o Instituto Vladimir Herzog e está engajado em discussões na Comissão Arns e em outros ambientes, afirma que Bolsonaro semeia elementos de ruptura desde 2018. "Mas esse jogo não vai dar em nada se antes gritarmos que ele quer fraudar o processo."

"Não acredito que os militares vão botar tanque na rua para defender isso. Não é mais 1964 [ano do golpe militar]. O cenário é diferente", segue Sottili, que serviu a governos do PT, partido do líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, com 48% de intenções no Datafolha, ante 27% de Bolsonaro.

Embora parte dos envolvidos nas coalizões faça oposição aberta ao atual mandatário ou declare apoio ao ex-presidente petista, muitos deles afirmam que as atividades são desconectadas de preferências.

"Nosso olhar não é partidarizado, não é contra nem a favor de um ou outro candidato", diz Flávia, do Pacto pela Democracia, que se define como plural e apartidário. "O que sair das urnas terá que ser reconhecido. Queremos, inclusive, atrair apoiadores de Bolsonaro [para a causa]."

Na esfera partidária, o temor de golpe é mais robusto entre siglas de oposição ou independentes, como mostrou levantamento da Folha no mês passado. Legendas aliadas do presidente se calam. Órgãos como a Procuradoria-Geral da República e entidades setoriais também demonstram apatia.

O Direitos Já! Fórum pela Democracia reuniu dirigentes de 11 partidos (como PC do B, PSDB, Podemos, Novo, PSD, PDT e PSB) para alinhar a resistência. "Queremos uma resposta firme e uníssona", diz Fernando Guimarães, coordenador do movimento.

No ecossistema que tenta desenhar reações, são repetidas as cobranças de um posicionamento enfático do empresariado e da elite. Um argumento lógico é mencionado como justificativa para a adesão: um golpe, ainda que malsucedido, prejudicará automaticamente finanças e negócios.

Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), por exemplo, não informa se avalia um posicionamento institucional sobre a violação às eleições.

Tampouco é discutida uma reedição do manifesto "Eleições serão respeitadas", publicado em agosto de 2021 por mais de 250 representantes de peso do PIB, economistas, intelectuais, políticos, banqueiros, artistas e personalidades. A mobilização paralisou mesmo com a piora no cenário.

Parte da explicação está no fato de que parcela do empresariado se identifica ideologicamente com Bolsonaro e apoia a reeleição. Há poucos dias, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, convidados aplaudiram discurso do presidente com ameaças ao STF e riram de piadas ofensivas a Lula.

Dois empresários paulistas com trânsito entre os pares e o meio político disseram à Folha, sob anonimato, que a inércia também pode estar ligada à vontade de parte do setor de fabricar uma terceira via. Segundo um deles, isso é visto como mais urgente do que interceder por eleições limpas.

"Quer motivo mais suficiente do que a elevação do risco Brasil para que a elite financeira se sinta pressionada e se contraponha a esse absurdo?", reivindica Estefânia, do Demos.

O grupo da professora expressou suas preocupações em documentos enviados à ONU (Organização das Nações Unidas) e à CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos). E pretende ainda acionar Mercosul e outros organismos multilaterais.

A avaliação é que a pressão estrangeira, embora limitada do ponto de vista prático, será fundamental. Os grupos entendem que o reconhecimento imediato de outros países ao nome do eleito será importante para sinalizar confiança externa no sistema brasileiro.

Em julho, uma comitiva viajará a Washington para reiterar esse pedido a autoridades e influenciadores do debate público global, de acordo com Paulo Abrão, diretor do WBO (Washington Brazil Office), centro que atua no tema em parceria com outras 32 entidades.

Abrão, que foi secretário da CIDH e integrou o governo Dilma Rousseff (PT), é da opinião de que ignorar ou minimizar o golpismo de Bolsonaro não é uma alternativa, ainda mais com tantas evidências. O mandatário já insufla apoiadores para irem às ruas no 7 de Setembro.

"A capacidade real de evitar o pior vai depender do que fizermos agora, em termos de mobilização e formação de consciência social. A tática da letargia ou da invisibilidade das ameaças não ajuda em nada", diz ele.

COMO SE ORGANIZA A RESISTÊNCIA AO GOLPE NA SOCIEDADE CIVIL

Roteiro da oposição
Líderes das organizações dizem que é preciso planejar ações em várias frentes (jurídica, política, social, internacional), mobilizar setores e pedir observadores estrangeiros. Lembram que nos EUA a tentativa de Trump ruiu porque forças (diplomacia, mídia, população) reagiram

O que é esperado
Ativistas dizem ser difícil prever datas ou armas a serem adotadas por Bolsonaro. Cenários podem ir de descumprimento de decisões judiciais até convocação de levantes. Há receio de decretação de estado de sítio em caso de conflitos ou convocação das Forças Armadas

Ações práticas
Grupos vêm abordando cortes (STF, TSE), Congresso e outras instituições para alertar sobre evidências e cobrar respostas. Também acionam organismos multilaterais (ONU, CIDH) em busca de acompanhamento das eleições, repúdio a ações autoritárias e eventuais sanções

Condições e riscos
O principal temor é o de que as Forças Armadas embarquem, mas a opinião mais frequente é a de que Bolsonaro não tem apoio majoritário para um golpe nem respaldo maciço da sociedade. Também há tensão sobre adesão de policiais e de bolsonaristas armados.

Organizações envolvidas
Algumas das entidades mais atuantes integram o Observatório de Transparência Eleitoral, criado pelo TSE, como: Pacto pela Democracia, Artigo 19, Instituto Igarapé, Comitê Gestor da Internet, Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, RenovaBR, Instituto Ethos, Educafro

Outras trincheiras
Também estão empenhados na causa: Direitos Já!, Comissão Arns, Coalizão para a Defesa do Sistema Eleitoral, Demos (Observatório para Monitoramento dos Riscos Eleitorais), Observatório da Democracia, Washington Brazil Office, Movimento Derrubando Muros

Em silêncio
Há pouca ou nenhuma mobilização em entidades do empresariado, como Fiesp, e em movimentos como MBL (Movimento Brasil Livre) e Vem Pra Rua. Levantamento da Folha em maio já havia mostrado letargia de instituições como Firjan, OAB, CNBB, CNA, CNI e Febraban.


domingo, 19 de junho de 2022

As voltas que o mundo dá - Paulo Roberto de Almeida

 As voltas que o mundo dá 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Comentários sobre as inversões e ciclos das políticas nacionais e das relações internacionais. 

 

As relações internacionais guardam uma íntima relação com a política interna daquelas grandes potências que têm a capacidade de influenciar decisivamente a agenda dos assuntos globais, incluindo aqui relações normais de intercâmbio, fluxos de pessoas e capitais ou até, em casos extremos, guerras civis ou guerras entre esses Estados. O mundo vinha numa onda de globalização inédita nos anais da economia mundial nas últimas três décadas do século XIX e na primeira do século XX, quando o acirramento de tensões entre as coalizões de grandes potências e seus aliados menores, assim como o erro de cálculo das autocracias da Europa central e oriental – Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia – quanto a uma rápida resolução dos problemas precipitou o mundo na guerra global mais devastadora até então conhecida. Foi uma guerra mecânica, industrial, não mais feita de cavalaria e de artilharia entre exércitos se enfrentando em campo aberto – como ainda nas guerras da era napoleônica e no seu imediato seguimento –, mas de metralhadoras, canhões de longo alcance, carros blindados e até aviões, sem falar das armas químicas. 

As negociações de paz de Paris, em 1919, foram tão desequilibradas, ao consagrar as imposições dos vencedores, que os resultados provocaram repercussões de tal magnitude, sobretudo no terreno econômico, que se arrastariam para uma repetição dos enfrentamentos em um novo enfrentamento vinte anos depois. O entre guerras foi marcado por uma rejeição tão disseminada dos horrores registrados naqueles quatro anos de conflito, 1914-18, que o pacifismo se estendeu na maior parte das democracias ocidentais, que foram as que se saíram vencedoras. Enquanto as potências que saíram insatisfeitas do conflito continuaram a manter expectativas de revanche, os vencedores foram dominados pelos isolacionistas (nos EUA, por exemplo) ou pelos appeasers, os pacifistas, sobretudo na França e Grã-Bretanha. Enquanto a democracia se firmava nos segundos, os primeiros foram levados a regimes reacionários, conservadores ou claramente fascistas, ao lado de experimentos expansionistas que levaram a novas fontes de conflitos. A Rússia praticamente se isolou na construção do socialismo em um só país, ao passo que os demais cediam aos apelos do protecionismo, do nacionalismo e da autossuficiência. Foi um período de retraimento desastroso das democracias.

A devastação do segundo conflito global foi muitas vezes superior ao da Grande Guerra, inclusive porque se somou aos impulsos genocidas que já vinham se manifestando a partir dos totalitarismos, por vezes contra o próprio povo ou visando minorias étnicas. Uma nova ordem internacional foi sendo criada a partir do aprendizado feito pelas democracias avançadas: Bretton Woods, ONU, Gatt, Otan, integração europeia, voto das mulheres, direitos sociais e trabalhistas, tratados multilaterais e declarações sobre direitos humanos. A democracia floresceu em muitas partes, a despeito mesmo dos totalitarismos comunistas e dos golpes de Estado e regimes militares na América Latina, África e Ásia. O otimismo cresceu ao longo dos anos, mesmo atravessando a crise do keynesianismo e do Estado de bem-estar social, logo reforçado pelo fim do socialismo um pouco em todas as partes. Com o fim da União Soviética e a conversão da China à economia de mercado, o mundo parecia caminhar para o reforço da ordem criada no imediato pós-guerra, quando a própria Rússia era integrada ao G-7 e começava um programa de cooperação com a Otan, ao passo que a China era aceita no Gatt-OMC. 

Ventos contrários começaram a agitar esse novo cenário de convergência, dada a “ascensão do Resto”, e a perda de empregos (não só industriais) nos países do capitalismo avançado. Um novo nacionalismo e o velho protecionismo ascenderam à superfície, a partir da crise dos anos 2008-2010, ao passo que agitação e guerras civis na periferia lançaram levas de imigrantes econômicos e de refugiados de guerra em direção de grandes democracias de mercado: os partidos de direita, xenófobos e contrários à globalização, deram um inédito vigor às tendências antiglobalistas de demagogos políticos. A União Europeia e seus órgãos executivos, sobretudo os eurocratas de Bruxelas, começaram a ser atacados, e a própria Otan foi acusada de ter sido afetada por “morte cerebral”. A globalização e conformação de uma agenda comum entre as grandes potências do G-20 sofreram recuos não apenas temporários, mas sobretudo uma nova escalada de tensões entre estas. Uma nova onda de desigualdades crescentes reforçou o apelo dos demagogos e dos seus sistemas políticos ditos iliberais. 

Foi nesse contexto que o neoczar da Rússia se lançou à reconquista do antigo império soviético. Mas algo surpreendente ocorreu então: a UE, mesmo amputada da Grã-Bretanha, recuperou uma unidade raramente vista, e até a Otan foi procurada por aqueles que temiam o abraço do urso russo. A ordem mundial alternativa concebida pelas duas grandes autocracias contemporâneas não parece mais estar na ordem do dia, em vista da disposição das velhas e novas democracias em defender o patrimônio já adquirido de valores e princípios situados no arco civilizatório do Direito Internacional. Mas, o mundo vai mudar, embora sua direção ainda não esteja plenamente conformada, dado que grande parte dos países em desenvolvimento – que são maioria nos organismos multilaterais – ainda não tomou partido na atual contenda entre o G-7-UE-Otan, de um lado, e a Rússia-China de outro. Os circuitos multilaterais ainda padecem da descoordenação criada primeiro pela pandemia, em seguida pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, e não se tem certeza se e quando um diálogo entre os dois contendores será novamente possível. O mundo se encaminha para uma possível recessão, como já ocorrida sob os choques do petróleo, das dívidas externas dos países em desenvolvimento, das crises financeiras dos anos 1990 e 2000, cujo contornos não estão ainda definidos, como tampouco a guerra na Ucrânia. 

Muitos cenários estão abertos aos analistas de relações internacionais, jornalistas e aos próprios estadistas dos grandes atores (quando existem). Prognósticos estão sendo feitos, mas cabe evitar analogias com processos ou fenômenos anteriores, do passado recente ou de fazes mais longínquas. O processo histórico é sempre único e original e nenhuma grande potência atual, ou mesmo alguma coalizão entre elas, é capaz de determinar a natureza e o ritmo do rumo das relações internacionais a partir de agora. Em qualquer hipótese, países como o Brasil, e com ele o restante da América Latina, terão pouco peso na direção dos processos e eventos do futuro de curto e médio prazo. Estamos ocupando a segunda classe de um barco em meio às turbulências do momento. Oxalá prevaleça o bom-senso.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4177: 19 junho 2022, 3 p.

 

 

Origem dos acessos a trabalhos de Paulo Roberto de Almeida em Academia.edu

 Origem dos Acessos, por entidade ou localidade, a trabalhos de Paulo Roberto de Almeida na plataforma Academia.edu 

Levantamento efetuado em 19 de junho de 2022

 

1)    Universidade de Lisboa

2)    Brasília, Brazil

3)    Ji Parana, Brazil

4)    Zheleznodorozhnyy, Russia

5)    UNIPAM, Patrocinio, Brazil

6)    Campo Grande, Brazil

7)    Freie Universität Berlin

8)    São Paulo, Brazil

9)    Macapa, Brazil

10) Porto, Portugal

11) Porto Alegre, Brazil

12) São Bernardo do Campo, Br

13) Belém, Brazil

14) Salvador, Brazil

15) São Luís, Brazil

16) Vicosa, Brazil

17) UERJ - Universidade do Estad

18) Porto Alegre, Brazil

19) Maceió, Brazil

20) Encantado, Brazil

21) São Paulo, Brazil

22) Recife, Brazil

23) Brasília, Brazil

24) Curitiba, Brazil

25) Universidade Nova de Lisboa

26) Barakaldo, Spain

27) Bogotá, Colombia

28) Universidade Salgado de Oliv...

29) UFLA - Federal University of La…, Montes Claros, Brazil

30) São Paulo, Brazil

31) Fortaleza, Brazil

32) Seixal, Portugal

33) São Paulo, Brazil

34) PUCRS, Porto Alegre

35) Pessac-sur-Dordogne, France

36) Recife, Brazil

37) São Paulo, Brazil

38) Serra, Brazil

39) Rio de Janeiro, Brazil

40) Niterói, Brazil

41) Universidade de Fortaleza

42) São Paulo, Brazil

43) Rio de Janeiro, Brazil

44) Paços de Ferreira, Portugal

45) Santiago, Chile

46) Arles, France

47) Rio Grande, Brazil

48) Dourados, Brazil

49) Praia do Forte, Brazil

50) Gothenburg, Sweden

51) Brasília, Brazil

52) UFABC - Federal University of 

53) Universidade Estadual Paulista "J

54) University of Salamanca

55) Sciences Po, Paris

56) Berlin, Germany

57) UERJ - Universidade do Estado

58) Universidade Federal do Rio de Janeiro

59) Universidade Federal do Pará

60) São Paulo, Brazil

61) Università degli Studi di Padova

62) Santo André, Brazil

63) Fundação Santo André

64) Porto Alegre, Brazil

65) Curitiba, Brazil

66) Fiam-Faam - Centro Universitário, SP

67) São Paulo, Brazil

68) São Paulo, Brazil

69) Massape, Brazil

70) Carlsbad, United States

71) Universidad de Sevilla

72) Universidade Federal de Pernambuco

73) Universidade Cruzeiro do Sul

74) Montevideo, Uruguay

75) UFSCar - Federal University of São Carlos

76) Universidade Federal da Integração, Foz do Iguaçu

77) Avelino Lopes, Brazil

78) Brasília, Brazil

79) Jaraguá do Sul, Brazil

80) Queen Mary, University of London

81) Natal, Brazil

82) Ananindeua, Brazil

83) Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre

84) Universidade Estadual Paulista

85) Volta Redonda, Brazil

86) Getulio Vargas Foundation, RJ

87) Teutonia, Brazil

88) Luxembourg

89) Jeddah, Saudi Arabia

90) Itaquara, Brazil

91) Belo Horizonte, Brazil

92) Prata di Pordenone, Italy

93) León, Spain

94) Universidade Positivo

95) Universidade de São Paulo, História

96) Uberlândia, Brazil

97) Universidade Eduardo Mondlane, Maputo

98) São Paulo, Brazil

99) Universidad Rey Juan Carlos

100)                Universidade Estadual Paulista

101)                Belém, Brazil

102)                Pontificia Universidade Catolica, RJ

103)                Universidade Federal de Goiás

104)                Brooklyn, United States

105)                Teresina, Brazil

106)                Belo Horizonte, Brazil

107)                Getulio Vargas Foundation, SP

108)                Goiânia, Brazil

109)                Scuola Normale Superiore, Roma

110)                São Paulo, Brazil

111)                Rio de Janeiro, Brazil

112)                Campinas, Brazil

113)                Universidade Federal do Ceará

114)                Fortaleza, Brazil

115)                Unisinos

116)                Montes Claros, Brazil

117)                UFLA - Federal University of Lavras, MG

118)                Uberlândia, Brazil

119)                Universidade Estadual de Campinas

120)                João Pessoa, Brazil

121)                São José dos Campos, Brazil

122)                Ribeirao Pires, Brazil

123)                Universidade Federal Rural do RJ

124)                Kingston, Jamaica

125)                PUC-RIO

126)                Paris, France

127)                Nampula, Mozambique

128)                Vanderbilt University

 

Eleições 2022: programa de João Doria (PSDB) - dezembro de 2021

 Para fins de registro e comparação: 

“O projeto do PSDB para consertar o Brasil”, por João Doria

Folha de S. Paulo, 

As prévias do PSDB confirmaram a vocação democrática do partido e a necessidade de mudarmos o Brasil. Precisamos da ajuda de todos, da união do PSDB e da convergência com outros líderes e agremiações para elaborar, a partir de agora, um projeto nacional inovador e realista. Um projeto que vai consertar o Brasil, sem imposições, nem personalismos. Queremos conquistar corações e mentes para superar a polarização que tem servido para empobrecer o país.

De tudo o que debatemos nas prévias e das experiências que o PSDB semeou ao longo de sua história, podemos listar sete pontos iniciais, que iremos detalhar com especialistas:

1 – Acabar com a fome: o país que é celeiro do mundo não pode ter quase 30 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 9 por dia. Nosso primeiro olhar será para milhões de brasileiros que hoje se encontram na miséria. Defendemos programas de transferência de renda, sem furar o teto de gastos, com ensino integral para as crianças, programas de geração de renda e emprego. Com contas sustentáveis, fazer reformas não para gerar superávit primário, mas para garantir a inclusão dos mais pobres;

2 – Gerar empregos: emprego é consequência direta do investimento. A melhoria do rendimento médio do trabalhador está ligada à formação educacional e técnica e à competitividade do país. O mercado de trabalho mundial está em transformação, e nós temos que vencer o déficit de produtividade. Novos empregos significam também mais autonomia às famílias;

3 – Atrair investimentos: não haverá crescimento sem investimento. Temos de recuperar a credibilidade internacional para voltar a receber recursos externos. Um dos caminhos mais rápidos para acelerar a atração de investimentos é promover desestatização, PPPs, concessões e privatizações. Seremos o país da infraestrutura, com investimentos privados em aeroportos, portos, ferrovias, rodovias e comunicação 5G;

4 – Responsabilidade fiscal: o Estado precisa caber no Orçamento. Para isso, é preciso reduzir desperdícios, aprovar a reforma administrativa e definir prioridades do investimento público. Estabilidade econômica, combate à inflação e responsabilidade fiscal são marcas das gestões do PSDB e princípios pétreos do Plano Real;

5 – Competitividade: o Brasil precisa estar pronto para as novas batalhas do comércio internacional. Temos de recuperar nossa indústria. Para isso, precisamos aprovar a reforma tributária e promover uma transformação pela educação, especialmente a ampliação do ensino de tempo integral e das escolas técnicas. É pela competitividade que vamos transformar investimentos em receitas consistentes;

6 – Agenda ambiental: esse ponto vai além do que é urgente, como combater o desmatamento, as queimadas e o garimpo ilegais na Amazônia. Nos próximos anos, a agenda ambiental será a mola propulsora dos países. Precisamos despontar na produção da ciência e da pesquisa. O Brasil tem de liderar a transição para a economia de baixo carbono, com matriz energética sustentável, indústria 4.0, comunicação ​5G e um agro aliado ao meio ambiente. Pagamento por serviços ambientais, remuneração pelo sequestro de carbono e cumprimento dos acordos internacionais. Tudo isso faz parte da nossa agenda ambiental;

7 – Resgatar a autoestima: o Brasil tem de recuperar o prestígio internacional. Portanto, precisa de um governo que apresente ao mundo as oportunidades, que saiba dialogar e estabelecer novas formas de cooperação, como fizemos ao testar e produzir vacinas. Um Brasil de paz social e de diálogo, com respeito às instituições, ao equilíbrio dos Poderes e, acima de tudo, com transparência e democracia.

O Brasil precisa sair do círculo vicioso da recessão. O governo Dilma Rousseff (PT) não soube consertar os equívocos da gestão Lula (PT). E o atual governo piorou os problemas herdados. Vendeu sonho e entregou um pesadelo.

Por isso, o debate de 2022 não deve ser entre Jair Bolsonaro e Lula. Ele deve ser entre passado e futuro. Entre recessão e desenvolvimento. Entre desilusão e esperança. É para isso que o PSDB começará a construir, com todos os aliados possíveis, o Projeto Brasil, para garantir um futuro de desenvolvimento e esperança para o país.

(*) Governador de São Paulo, é pré-candidato do PSDB à Presidência da República

Artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, em 07/12/2021

Indicadores econômicos e sociais regridem até três décadas e comprometem desenvolvimento - Cassia Almeida (O GLOBO)

Indicadores econômicos e sociais regridem até três décadas e comprometem desenvolvimento

CÁSSIA ALMEIDA (cassia@oglobo.com.br)
O Globo, 18/06/2022

Brasil voltou ao passado na economia, no bem-estar da população, na educação e no meio ambiente, exibindo indicadores que remontam a até 30 anos. Recessão, pandemia e desmonte de políticas públicas acentuaram nos últimos dois anos um processo de retrocesso social. Trouxeram de volta a fome, a pobreza, a evasão escolar, o desmatamento, a inflação, ameaçando o desenvolvimento do país, alertam especialistas. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, surpreendeu-se com o recuo de tantos índices. "É uma volta muito grande no tempo", diz, referindose ao Produto Interno Bruto (PIB) de hoje, equivalente ao de 2013, e à produção de automóveis, a mesma de 2006, há 16 anos:

-- A produção de bens de consumo duráveis (carros e eletrodomésticos) está igual à de 18 anos atrás. Parece uma situação de guerra, voltando tragicamente no tempo.

A economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro do Ibre/FG V, calculou que somente em 2029 vamos voltar ao maior valor real do PIB per capita, de R$ 44 mil, atingido em 2013, considerando a média de crescimento dos últimos anos do país, em torno de 1,5%.

-- Vamos conviver com menos crescimento, inflação difícil de ser combatida, mais juros e equilíbrio ruim no mundo- prevê.

Retrocessos sociais se acumulam. A fome agora atinge 33 milhões de brasileiros, mesmo número de 1992. Quando o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU, em 2014, eram 9,5 milhões nessa situação.

-- O país desabou -- resume Francisco Menezes, consultor da ActionAid, uma das organizações da Rede Penssan, que divulgou os números da fome semana passada. Três fatores explicam essa situação. O primeiro é o forte empobrecimento de grande parte da população. O segundo foi o comportamento do mercado de trabalho, com desalento e queda da renda média (que é a mesma de 2011). O terceiro é o desmonte dos programas de segurança alimentar e proteção social.

Na educação, as crianças perderam mais. A evasão escolar na faixa de 5 a 9 anos está igual à de 2012, de acordo com estudo do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social:

-- Chamou a atenção a piora entre as crianças mais novas, especialmente entre 5 e 6 anos, depois de grandes progressos nos últimos 40 anos.

'DESAFIOS SÃO ENORMES'

Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco, diz, com base em avaliação feita no estado de São Paulo, que houve atraso escolar em todas as etapas, porém com mais intensidade entre as crianças, ameaçando uma etapa da educação que ele considera ser a que mais precisa da socialização proporcionada pela escola. O nível de aprendizado de matemática voltou a 2007, e o de português, a 2011.

--Na educação, o retrocesso é categórico. Os desafios são enormes. São alguns anos a serem recompostos -- diz.

No meio ambiente, voltouse ao passado de desmatamento crescente. Na Amazônia, onde há duas semanas foram assassinados o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, o corte de árvores nunca foi tão grande. Saímos de uma área desmatada de 4.571 quilômetros quadrados em 2012 para 13.235 quilômetros quadrados em 2021.

-- Nunca imaginávamos voltar a 10 mil quilômetros de área desmatada. É um método de desfazer a governança sobre o tema ambiental que vem sendo feito sistematicamente em todas as áreas. Tira o orçamento, tira o pessoal competente, cria níveis de burocracia adicionais para penalizar pelo ilícito, legaliza coisas ilegais, não cria unidades de conservação e tenta eliminar as que existem - afirma Tasso Azevedo, coordenador do Mapeamento Anual da Cobertura do Solo no Brasil (Mapbiomas).

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