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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

1651) Ainda os caças da FAB: quadratura do circulo


Arte/Folha
Aeronáutica entrega relatório final sobre caças a Jobim
MÁRCIO FALCÃO
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
08/01/2010 - 12h17

Pressionado pela alta cúpula do governo, o Comando da Aeronáutica entregou ao ministro Nelson Jobim (Defesa) o relatório final com a avaliação técnica das três aeronaves de combate que participam da licitação para a compra de 36 caças para a renovação da frota da FAB (Força Aérea Brasileira). A Aeronáutica mantém o material ainda sob sigilo. O parecer tem 390 páginas.

O governo brasileiro tem preferência pelo caça francês Rafale, da empresa Dassault. A colunista Eliane Cantanhêde, da Folha, antecipou nesta semana que o relatório da Aeronáutica apontaria o Gripen NG, da sueca Saab, como o mais bem avaliado, seguido do F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, e do Rafale, em terceiro lugar.

Segundo reportagem da Folha publicada hoje, Jobim levará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um relatório próprio sobre o assunto e poderá rever o critério de pontuação que pôs em primeiro o caça sueco Gripen NG.

A Aeronáutica manteve ranking antecipado pela Folha na última terça-feira que traz em último lugar o caça francês Rafale, preferido do Planalto. "É importante ver se a pontuação bate com a posição da gente, que é baseada na Estratégia Nacional de Defesa e prioriza a transferência de tecnologia", disse Jobim.

De acordo com a reportagem, o ministro e Lula defendem negócio com a França porque o país é "parceiro estratégico", com o qual há acordo militar. Jobim, porém, disse que analisará o relatório da Aeronáutica antes de levar ao presidente sua conclusão. Os 36 caças custarão até R$ 10 bilhões.

A Folha mostrou ainda que, em Paris, em evento com a presença do chanceler Celso Amorim, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu reforma no Conselho de Segurança da ONU e elogiou o Brasil.

Amorim voltou a falar sobre os caças e disse que "o barato, às vezes, sai caro".

8 comentários:

C@rlos Andr£ disse...

Amorim voltou a falar sobre os caças e disse que "o barato, às vezes, sai caro".

Acho que já não resta dúvida que o Brasil fechará negócio com a França. Há vários motivos para que isso ocorra, principalmente porque existe um acordo militar com o mesmo e parece que existe, atualmente, um clima mais auspicioso com a França.

Pedro Vitor Coelho disse...

Prezado Paulo,
Ainda em relação a compra dos caças, gostaria que o Sr. comentasse um texto postado no meu blog: http://pedro-ripucsp.blogspot.com/
Lá há outra visão acerca dessas negociações. O título: Gastar mais é melhor...
Obrigado!

Anônimo disse...

As forças armadas são e sempre serão um dos braços políticos de qualquer Estado. Então a lógica mais segura resulta sempre em escolhas políticas. Melhor isto do que ter de testar os valores técnicos em campo de batalha.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Carlos André,
"Clima auspicioso" -- o que quer que isso queira dizer -- não me parece fundamentação técnica para nada, nem para casamento.
Muitos casais que se prometem amor eterno no casamento, e desfrutam de um clima extremamente auspicioso, acabam se separando.
Quando se trata de ferramentas militares, o critério básico seria este: dados os meios de que dispomos, com qual ferramenta cumpriremos idealmente a nossa missão?
Até agora não vi nenhuma fundamentação técnica vinda do Planalto, apenas o coro de idiotices habituais: "a decisão não é técnica, ela é política" (sic); "se trata de estabelecer uma relação estratégica com a França" (sic três vezes).
Ora, apenas idiotas compram qualquer coisa apenas com base em frases vazias.
Com o meu dinheiro, eu gostaria de comprar algo que corresponda ao que eu desejo. Suponho que os militares da FAB também.

Anônimo,
Sinto dizer, mas o que você afirma não faz nenhum sentido.
Forças Armadas NÃO SÃO braços politicos, e sim armados, de qualquer Estado, e isso é tão óbvio que eu nem precisaria repetir. Braços políticos somos nós, burocratas e tecnocratas. Soldados é para dissuadir, combater, enfrentar, ponto.
As ferramentas existem para seu eventual emprego, do contrário melhor deixar na caixa de ferramentas, ou melhor, na casa do vendedor...
Sinto muito, mas o que você diz não tem a menor lógica...
Paulo Roberto de Almeida
8.01.2010

Daniel Gomes Moscoso disse...

Caro Dr. Paulo Roberto de Almeida,

Tendo-se em vista o noticiado nos meios de comunicação nestes anos ou década de projeto Fx e Fx2, nota-se dois lados conflitantes no campo técnico-político:
1 - O Grippen NG, fabricado pela sueca Saab é consideravelmente mais barato, a manutenção menos dispendiosa quando comparado aos modelos americano e sueco. Por outro lado, há componentes de fabricação israelense e americana, incluindo o único motor dessa aeronave. Além disso, parece lógico optar por um caça mais barato, mas não temos como saber as regras da transferência de tecnologia, visto que um ponto de suma importância é o de fabricar no Brasil mais 120 caças. No entanto, O Grippen NG é um projeto novo, está sendo negociado também com outros países, mas a própria Suécia não o utiliza e não tem um histórico de combate.
2- Os caças franceses, Rafalle, fabricados pela Dassault, são mais caros, mas parece ter autonomia considerável em se tratando de um país de dimensões continentais. No mais, já foi utilizado no Afeganistão em 2001 e é o caça correntemente usado pela França. Diz o governo francês que a transferência de tecnologia é irrestrita e que além do Brasil fabricar as 120 unidades via Embraer, ainda poderá comercializar a aeronave, tendo também incluso aí, cooperação técnica com a França neste e no desenvolvimento de um próximo modelo.
O caça F-18 superhornet, fabricado pela americana Boeing, tem largo histórico de combate, mas paira no ar o velho embargo americano na transferência de tecnologia militar. Seria uma opção pouco confiável.
O que está claro, é a extrema necessidade de reaparelhamento de nossas forças armadas, ainda considerando a corrida armamentista que nosso colega bolivariano megalomaniacamente tenta deflagrar na região.
Gostaria de deixar claro, que parto de informações publicadas na imprensa para confeccionar minha opinião, visto que não tenho nem formação técnica, tampouco política para tal.
Aguardemos o desenrolar dos fatos!

Daniel G. Moscoso.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Daniel,
Somos todos leigos e incompetentes nessa materia, e dispomos apenas de informacoes parciais, e de toda forma nao podemos fazer um julgamento tecnico sobre o assunto.
Podemos apenas deduzir que a FAB, que mobilizou muita gente em volta disso, passou meses e meses estudando o assunto, deve saber o que faz.
Confio no julgamento tecnico, economico e militar da FAB, e acho que sua avaliacao deveria ser respeitada.
Decisoes monocraticas nao combinam com a democracia...

Daniel G. Moscoso disse...

Caro Dr. Paulo Roberto de Almeida,
Ontem ao assistir à uma entrevista com o cientista político Gunther Rudzit, tomei conhecimento de duas informações "intrigantes". O mesmo afirmou que a Dassault está prestes a quebrar, investiu 39 bilhões de dólares no projeto Rafale e que seria suspeito haver transferência de tecnologia de forma irrestrita. Disse ainda, que o negócio com o Brasil seria uma "salvação da lavoura" para a Dassault...
A segunda informação remonta à guerra das Malvinas, na qual após os argentinos terem afundado dois navios ingleses, a Inglaterra pediu à França o código dos mísseis que teria vendido à Argentina, sendo atendida. O referido Gunther afirmou que para a França mais valia bom relacionamento com o vizinho europeu do que o contrato com a Argentina.
O senhor poderia comentar tais informações, acredita que tenham fundamento?

Grato mais uma vez,
Daniel G. Moscoso

Paulo Roberto de Almeida disse...

Daniel,
Sim, eu assisti ao programa e ouvi esse comentario do Gunther.
Não tenho conhecimento específico ou competência técnica para comentar, mas aceito integralmente as informações do Gunther, tão simplesmente por conhecê-lo, saber de sua seriedade como pesquisador, e confiar em seus conhecimentos, que ele deve poder fundamentar com base em relatórios e outros dados de que dispõe.
Totalmente fiável esses comentários dele, e isso é apenas a parte que se sabe desse mundo estranho que é a produção e o comércio de armas, muito próximo do mundo das drogas pela promiscuidade, golpes baixos e corrupção.
Pode aceitar como informação válida...
Paulo Roberto de Almeida