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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: o curral eleitoral vai ficando cada vez mais caro

50 reais para ser claque em comício dos mafiosos? Muito pouco...
Paulo Roberto de Almeida 

Eleições 2014

Comício com Lula tem drone, militantes pagos e Dilma 'esquecida'

Em Recife, presidente-candidata virou coadjuvante durante discurso de seu cabo eleitoral. Na plateia, beneficiários do Bolsa Família pagos para estar lá

Felipe Frazão, de Recife
04/09/2014 - A candidata do PT à reeleição, Dilma Roussef, o ex-presidente Lula e o candidato ao governo de Pernamabuco, Armando Monteiro, durante comício em Recife
04/09/2014 - A candidata do PT à reeleição, Dilma Roussef, o ex-presidente Lula e o candidato ao governo de Pernamabuco, Armando Monteiro, durante comício em Recife   (Alexandre Gondim/Folhapress)
O comício que o ex-presidente Lula e a presidente-candidata Dilma Rousseff promoveram na noite desta quinta-feira no Recife (PE) foi o maior evento da campanha petista até o momento. Com ares de superprodução, o ato político teve queima de fogos e foi gravado para a propaganda de Dilma no horário eleitoral gratuito com um drone, que captou imagens aéreas da multidão aglomerada à beira-mar na favela Brasília Teimosa. Apesar de ser reduto petista, o local vive sob influência do PSB de Marina Silva, candidata à Presidência, e Paulo Câmara, candidato ao governo do Estado escolhido pelo ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 13 de agosto. Bandeiras amarelas do partido flamulavam entre as do PT. Era só o primeiro sinal de que a mobilização em prol de Dilma não era tão espontânea.
À tarde, dezenas de ônibus vindos do Agreste, da Zona da Mata e da Região Metropolitana do Recife desembarcaram cabos eleitorais na orla de Brasília Teimosa. Parlamentares e prefeitos de PT e PTB organizaram as caravanas com a missão de levar 20.000 pessoas ao comício. O acesso foi tumultuado. Beneficiárias do Bolsa-Família, as donas de casa Edneuza Alcides, de 42 anos, e Santa Maria da Silva, de 44 anos, disseram ter recebido 50 reais para ir ao comício noturno. Elas relataram ter sido arregimentadas por correligionários de João da Costa (PT), ex-prefeito de Recife e candidato a deputado federal. As duas moram em bairros pobres na periferia da cidade: Casa Amarela, maior favela pernambucana, e Dois Irmãos, e pediram para não serem fotografadas com medo de perder o bico que lhes complementa a renda em época eleitoral. "Aqui veio gente de várias favelas. Pagam 50 [reais]. Dando um 'troquinho' fica mais fácil", disse Edneuza esfregando o indicador no polegar. "Eu quero mudança. Já são 12 anos de PT e nada. Quero ver aumentar o Bolsa-Família", cobrou Santa Maria.
Elas empunhavam bandeiras por João da Costa e contaram que equipes pediram que amarrassem nas costas a bandeira branca de Dilma, como se vestissem uma capa. Admiradoras de Lula, Miguel Arraes e Eduardo Campos, não demonstraram afinidade com a presidente-candidata, que foi a última a discursar para um público já esvaziado e disperso. Não havia mais tanta aglomeração nas janelas e nas lajes das casas, como os que pararam para ouvir o ex-presidente. Lula chegou a ofuscar Dilma no início do ato, que começou com duas horas de atraso. Ele foi aclamado e "convocado" pelo público a vestir um chapéu de sertanejo. Desceu do palco para abraçar eleitores e buscar o chapéu. Quando voltou ao palanque, onde Dilma "esquecida" batia palmas tímidas, deu um jeitinho de colocar a sucessora em evidência: pôs o chapéu nela, em vez de vesti-lo. Lula tentou aproximar Dilma do público. Chamou-a de "essa moça" ou "essa mulher". Apresentou Dilma como uma defensora dos pobres, dentro da retórica do "nós contra eles". "Essa mulher pode fazer o pobre subir mais alguns degraus na escada social desse país. Ela sabe que um quinhãozinho maior tem que ser dado aos mais pobres". O ex-presidente também lembrou de dizer que "pobre vale mais no dia da eleição" e que o "povo sem sabedoria é tangido como se fosse gado".

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